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PROPORCIONALIDADE
-ISBN: 978-85-362-2729-0
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ARGUMENTAÇAO . -
- Av. Munhoz da.Rocha, 143 - Juvevé - Fone: (41) 4009-3900
'lJ, fl t/ff Fax: (41) 3252-1311 -CEP: 80.030-475 -Curitiba-Paraná-Brasil
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Loja: Rua General Torres, 1.220 -Lojas 15 e 16 - Centro Comercial
D'Ouro -4400-096 -Vila Nova de Gaia/Porto-Portugal
A Teoria de Robert AJexy
Editór: José' Emani de Carvalho Pacheco
e seus pressupostos filosóficos
Cardoso, Henrique Ribeiro. 1ª Edição (Ano 2009) I:
a
C268 Proporcionalidade e argumentação: a teoria de Robert� i Reimpresão (Ano 2013)
Alexy e -seus pressupostos filosóficos./ Henrique Ribeiro
Cardoso./ l ã ed. (ano 2009), 2ª reimpr. Curitiba: Juruá, 2013.
260p.
OS PRINCÍPIOS E SUA
APLICAÇÃO NA TEORIA
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
773 DWORKIN, Ronald. Los derechos en serio. Tradução de Marta Guastavino. 1. ed.,
2. imp. Barcelona: Editorial Ariel, 1995. p. 99. DWORKIN apresenta nesta obra a fi
gura do Juiz Hércules, um juiz dotado de habilidade, erudição. paciência e perspicácia
sobre-humanas. que aceita que as leis tenham o poder geral de criar e de extinguir di
reitos. e que os juízes têm o dever geral de se ajustarem a elas. bem ainda de se ajusta-
194 Henrique Ribeiro Cai:_c!cJ�_c>_
Proporcionalidade e Argmnentação
19 5
regras quanto os princípios pautam
rem aos precedentes jU1isprudenciais dos tribunais superiores - Hércules é ll1Il hipoté
argumentação774. -se pela noção de direito como
tico juiz norte-americano. Idem, 177. Na solução dos hard cases - casos dificeis -
Hércules deverá construir um esquema de princípios abstratos e concretos que ofereça
Neste capítulo se aprofundará a que
uma justificação coerente para todos os precedentes, os princípios, as leis a Constitui
ção. Em razão da magnitude desta tarefa, Dworkin denomina seu juiz de Hércules - o princípios775, com a demonstração stão da aplicação dos
das premissas necessárias à com
maior de todos os heróis da mitologia grega, realizador de tarefas cansativas ou im preensão da concepção dos princíp
possíveis. Como não existem Hércules no mundo real. devem-se buscar técnicas de ios como mandamentos de otimi
zação. Os direitos fundamentais
julgamento (métodos jurídico) que reduzam o número de erros judiciais, baseados na serão abordados apenas indireta
capacidade relativa que possuem os homens e as mulheres que participam do processo mente 776, sendo relevantes, para
a correta compreensão da atual ex
de decisão. Dworkin propõe sua metodologia de aplicação do direito, na obra referida,
tensão conferida à Teoria de Alexy,
normas, assemelhadas às normas a estrutura e a densidade destas
utilizando-se do conceito de direitos institucionais ( ou institucionalmente postos),
como constituições, leis, e precedentes que veiculam normas e princípios (Idem, p.
171-208). O argumento da falibilidade judicial não impede a construção e a aceitação (policies), correntemente utilizadas definidoras de políticas públicas
de uma metodologia juridica que pretenda alcançar a correção normativa de uma deci pela Administração Pública.
Esclarece Alexy, numa postura
são. tampouco abre espaço ao ceticismo ético e jurídico, mas, certamente, serve
"como oportuno recordatorio, para cualquier jue:, de que bien puede equivocarse en Dworkin, para quem somente são diferente da adotada por
sus }llicios políticos y de que, por ende, ha de decidir con humildad los caos
princípios as normas que se relaci
onem a direitos individuais777, que
d(fíciles "'.Idem, p. 208. DWORKIN constrói sua teoria jmidica com lastro no conceito
de integridade: '"O direito como integridade, portanto, começa no presente e só se
ligar e! concepto de principio ai con"no es ni necesario ni fimcional
sendo preferível, em razão da com cepto de derecho individuaI"77 ,
8
voha para o passado na medida em que selt enfoque contemporâneo assim o determi
ne. Não pretende rec11perar, mesmo para o direito atual, os ideais 011 objetivos práti unhão das propriedades lógicas
cos dos políticos que primeiro o criaram. Pretende, sim, justificar o que eles fi:eram
(às ve:es incluindo, como veremos, o que disseram) em lima história geral digna de 2. ed. Tradução de Flávio Beno Sieb
ser contada aqui, uma história que tra: co11Sigo uma afirmação complexa: a de que a L p. 277-278. DWORKIN adota emenei chler. Rio de Janeiro: Tempo Brasilei
ro, 2003. v.
prática atual pode ser organi:ada e justificada por princípios siificientemente atra (em sua acepção deontológica). com seu conceito de integridade. a noção de adequação
partiUiada por HABERMAS e GÜNTH
entes para oferecer um f11turo honrado. O direito como integridade deplora o meca 774 Na linha da ética do
discurso. ER.
nismo do antigo ponto de vista de que 'lei é lei·, bem como o cinismo do novo 'rea 775 O tema é tratado por ALEXY
lismo'. Considera esses dois pontos de vista como enrai:ados na mesma falsa dicoto derechos fundamentales. Tradução ítulo ili de: ALEXY, Robe1t. Teoría de los
no Cap
mia entre encontrar e inventar a lei. Q11ando um }ui: declara que um determinado Estudios Constitucionales, 1997, p.
de Ernesto Garzón Valdés. Madrid:
Centro de
princípio está imbuído no direito, sua opinião não reflete 11ma afirmação ingênua so de los derechos fundamenta!es, em
81-170. De grande valia a obra Epíl
ogo à la teoría
bre os motivos dos estadistas do passado, uma afirmação que um bom cínico poderia que
refiaar facilmente, mas sim uma proposta interpretativa: o princípio se ajusta a al cepção original. Mantém-se, entretan o autor promove alglll1s ajustes em sua con
to. atrelado à tese central de sua obra
guma parte complexa da prárica jurídica e a justifica; oferece uma maneira atraente pios são espécies de norn1as que
cont êm mandamentos de otimização. os
: princí
de ver, na estr11t11ra dessa prática, a coerência do princípio que a integridade requer. Robert. Epílogo à la teoría de los ALE XY,
O otimismo do direito é, nesse sentido, conceituai; as declarações do direito são per Berna Pulido. Madrid: Centro de Estu derecbos fundamentales. Tradução de Carlos
6 dios Con stitucionales, 2004.
manentemente construtivas, em virtude de sua própria nature:d'. DWORKIN, Ronald. O 77 Ressalte-se que a visão de direitos
império do direito. Tradução de Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes, gendo os clássicos direitos de libe fündamentais de ALEXY é bastaute ampla. abra
2003. p. 274. Para HABERMAS: "O modelo de Dworkin tem precisamente este senti protección, organi:acióny procedimrdade e de igualdade, e também ''los derechos a
iento, _v a prestaciones en semido estri
do: trata-se de um direito positivo, composto de regras e princípios, que assegura, p. 81. cto... Idem.
171 "A
através de umajurisprudência discursiva, a integridade de condições de reconhecimento unque ningzín punto de mi pres
que garantem a cada parceiro do direito igual respeito e consideração''. quiero enunciar cómo la estable: ente argume,uación dependerá de tal disti11ción,
co. Liamo 'directri:' o 'directri= polí
HABERMAS, Jürgen. Direito e democracia: entre facticidade e validade. 2. ed. original: policies] ai tipo de está tica' [no inglês
ndar que propone 1111 objetivo
Tradução de Flávio Beno SiebeneicWer. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003. v. I, a!can:ado; genera/mente, una mejo que ha de ser
ra
p. 260. Observa HABERMAS, entretanto, que por DWORKIN adotar U1Il núcleo pro la comu.nidad (aunque algunos obje en algún rasgo económico, político o social de
tivos son negativos, en cuanto estip
cedimental no princípio da integridade - "igual direito às liberdades subjetivas de rasgo actual ha de ser protegid ulan que algún
o
ação fundadas no direito às mesmas liberdades comunicativas" - sua teoria se sus estándar que ha de ser observad de cambos adversos). llamo 'pri11cipio' .a un
o,
tentaria se abandonasse o pdncípio monológico carregado na figura do virtuoso Juiz Hér económica, política o social que se 110 porque favore:ca o asegure 1111a situación
co11s
cules - "ideal da pel'sona/idade de um jui:, que se distingue pela virtude e pelo acesso de lajush"cia, la equidad o olguna otra idera deseable, sino porque es una e:cigencia
Los derecbos en serio. Tradução dimensión de la moralidaá'. DWORKIN
privilegiado à verdade" - e ancorasse, em moldes semelhantes a HÃBERLE, "as exigên de Maita Guastavino. 1. ed.. 2. imp , Ronald.
cias ideais à teoria do direito no ideal político de uma sociedade aberta dos intérpretes da 8
1995. p. 72. . Barc
elona: Ariel.
Constituição". HABERMAS. Jürgen. Direito e democracia: entre facticidade e validade. 77 ALEXY, Robert. Teoría de los dere
cbos
Valdés. Madrid: Centro de Estudios Con fundamentales. Tradução de Ernesto Garzón
stituciouales, 1997. p. 111.
Proporcionalidade e Argumentação 197
Henrique Ribeiro Cardoso
196
aç ão am
a bens c oletivos a utilize/ amplio 4.2 REGRAS E PRINCÍPIOS
779
a dir eit os ind ivi du ais e
comuns rte o referido autor que
"en
pla do conceito • Ads,vehay lugar para muchas cosas. Puede ser
780
A distinção estrutural entre princípios e regras é a mais
mundo de lo s pr incipio ber ser idea/" 781. A questão que se põe é
llamado un mund
o dei de al ao estreito importante na teo ria dos direito s fundamentais de Alexy, "uno de
mo pa ssa r de ste am plo mundo do dever ser idee tensões entre los pilares fundamentales dei edificio de la teoría de los derechos
co zem colisões
mundo d. o de ver ser real, onde se pro du 782 fundamentales ", p onto de partida para responder à pergunta acerca
' . , e que devem ser dec1'd'1das
estes pnnc1p10s de sua p o ssibilidade e de sua racionalidade786 . Regras e princípios
a do is tip os fundame
ntais de princíp10s: são espécies de no rmas "porque ambos dicen lo que debe ser", po
Al ex y ide nti fic ce
co nte úd o u ma ter iai s; e princípio s formais o u pro e dendo se r formulados utilizando-se das expressões deônticas bási
princípio s de o
que dice qu
rmal o procedimental es el cas de mandado ( ordem, obrigação), permissão, e proibição. A dis
dimentais: "Un principio fodebe to mar dec isiones importantes para tinção entre regras e princípios é, portanto, uma distinção e ntre dois
e/ legislad or de783 mo crático ental) pode ser
Es te pri nc ípi o formal (p rocedim tipos de no rmas787 . A teoria do s princípios, leciona Alexy, "se
la co munida cf' nsecu
pri ncípio relacionada à coividual.
.
c nju nta me nt co m um vincula con la distinción de Esser entre principio y norma y con la
sopesado, o e
co m um princípio de direit
o ind
ç ão de bens co letivos, ou mocrático - "es la razón por la cual el dicotomía de regias y principias de Dworkin"788. Reconhece, en-
Este princípio formal - de ral concede numerosos márgenes de
Tribunal Constituciona l Fede de metodol ogía jurídica (Laren:, Canaris, Engisch, Esser, Kriel e...): o sea, aclarar
784
acción ai legisla do r" • los procesos de interpretación y aplicación dei Derecho y o.frecer una guía y una
- das
do o campo de sua análise
fundamentación ai trabajo de l os juristas'". ATIENZA. Manuel. El derecho como
Embora Alexy tenha muda as regras e princípios de direitos argumeotación. Cátedra Ernesto Garzón Valdés, 2003. Cidade do México:
eito para
regras da teoria geral do dir , a preocupação central do autor conti
Distribuciones Fontanamara. 2005. p. 69-70. Em Epilogo à la teoría de los derechos
fundamentales ALEXY trata da relação entre a legislação e a Co nstituição ao enfren
ci na is-
fundamentais co nstitu o
r um procedime nto
metódico de aplic ação tar a questão da concepção da Constituiçã o como o rdem marco ou como ordem fun
nu a sen do a m sm a: pro po iciais
785 damental. O tema será retomado.
as de direito em decisões jud
e . 786
e de fundamentação de nom1
ALEXY. R o bert. Teoría de los derechos fuodamentales. Tradução de Emesto Garzón
Valdés. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 1997. p. 81-82.
o como políticas públicas
787
Idem, p. 83. ALEXY refere-se à corrente classificação que opõe norma a princípio.
779 AL EX Y denom ina de bens coletivos é conceituad
AS. Neste sentido a lição de como se vê em ESSER (ESSER. J. Grundsat: und norm. 3. ed. Tubinga: n/d. 1974
O que , ou objetivos, para HABERM ser
(pol icies) por DWORKIN ção tão discutida entre p rincípios e regras não p ode o apud ALEXY, Robert. Teoría de los derechos fundamentales. Tradução de Ernesto
m
Marina VELASCO: ·'A dist o entre normas e objet ivos. Para Habermas, do mes ios
in
Garzón Valdés. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales. 1997. p. 83) e Dwo rkin
om a di tinçã [Re gel n}, p íp
confundida compõe de r e gras
s rinc
c (DWORKIN. R o nald. Los derecbos eo serio. Tradução de Marta Guastavino. l . ed..
s istema jurídico se Dworkin chama de
modo que para Dworkin, o 11]. cor resp ondentes ao que ica. Habermas en 2. imp. Barcelo na: 1995) - explicitada mais adiante. Aponta Alexy a existência de di
i11z ipie11] bj et ivos [Zielsetzi11ge nt lóg
[Pr e o
têm ambos uma estrutura
d eo o
os di
versos critérios - nenhum deles satisfatório - para a distinção entre regras (ou no rmas) e
pol ic ies. Regras e princípioosncepção dos dire itos como trunfos, de Divorkin, que SCO, princípios: generalidade (maior em princípios que em nonnas): detemúnabilidade de
l gia com a c o.fim c l tivo ". VE LA
tende, em ana o
que pode ser perseguido com
o e
ICHLER,
aplicação (maior. em normas que em p1incípios); a gênese (as nomrns são ctiadas e os
reitos estabelecem limites aoEXY e a razão prática kantiana. ln: SIEBENE ralistas: princípios desenvolvidos): conteúdo valorativo (princípios): referência à ideia do dueito
Marina. HABERMAS eito, moral, política e religião nas sociedades plu
, AL
(princípios); à uma Lei Suprema (princípios); importância para o ordenamento jtuiclico (prin
vio Ben o (Or g.). Dir iro, 200 6. p. 31- 32.
Flá Janeiro: Tempo Bra sile cípios). ALEXY, Robert. Teoría de los derechos fuodameotales. Tradução de Emesto Gar
entre Apel e Habennas. Rio de Tradução de Ernesto Garzón
Teo ría de los derechos fundamentales. 7. p. 111. Como bens cole zón Valdés. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 1 997. p. 83-84.
780
ALEXY Robert.
, udios Constitucionales, 199 788
ALEXY, Robert. EI concepto y validez dei derecho. Tradução de Carlos Berna! Pulido.
Valdés. Madrid: Centro de Est de pública, o abaste
etos de prin cípi os são apo ntado s como exemplos: aosaú
des emprego, a seguran Madrid: Centro de Estudios Constitucio nales. 2004. p. 185. Em Los derechos en serio
tivos obj ia de alim ent ação, a luta contra (no original: Taking rights seriously. com primeira edição em 1977), Dworkin dedi
cimento energé tico, a gar ant
em democrática.
ça nacio nal, e a proteção da ord ca-se a distinguir os princípios das normas. DWORKIN. Ronald. Los derechos en
781 Idem, p. 133. serio. Tradução de Marta Guastavino. l. ed.. 2. imp. Barcelo na: 1 995. p. 73. Embora
782 Idem. ibidem. se refira a nonnas. e não a regras. é destas que trata ao expor suas características e
distingui-las dos princípios. Como p1in1eira diferença. realçando que a distinção entre
783
Idem, ibidem. princípio e norma (regra) é de natureza lógica. aponta que "difieren e11 e/ carácter de
m Ide m, ibidem. tende é ..abordar, centraeslmente, /os
o que AL EX Y pre 11ye11t tratados orientación que dan. Las normas son ap/icables a la manera de disyuntivas ". Anali-
785 Manoel ATlENZA queocu
Lecion·a .... pado a los autores de los más injl
i.11: -i..,n ... ne m,P habían
198 Henrique Ribeiro Cardoso Proporcionalidade e Argumentação 199
tretanto, que embora os referidos autores tenham identifi cado cor Esta consiste en que los principias son mandatos de
retamente algumas propriedades das regras e dos princípios, não ción. Esta significa que son normas que ordenan que optimi=a
chegaram ao núc leo da distin ção. A diferença entre regras e princí realizado en una medida lo mayor posible dentro de! algo sea
pios n ão é gradual, mas sim "cual itativa"789 · las posibilidades fácticas e jurídicas. En cambio, las marco de
mandatos definitivos. De esta distinción se siguen regias son
otras distinciones, por ejemp!o, que los princ todas las
ipias,
mandatos de optimi:::ación, son rea!i:::ados en difere en tanto
sados os fatos postos, acerca dos qu ais deverá ser tom ada alguma decisão, ··o bien la mientras que las regias, en tanto mandatos defin nte grado
norma es válida, en c1010 ca so la res pues ta q u e da debe se r aceptada, o bien no lo es , pueden ser real..z:::adas o no 790 itivos , siempre
y entonces no aporta nada a la decisión ". Os princípi os, diferentemente, não estabe
lecem consequências jurídic as que se sigam automaticam ente da satisfação das condi
ções fátic as previstas: e nun ciam --u na ra=ón que discurre en una sola dirección, pero
no exige una de cis ión en particular'·. Complementa: ··Cuand o decimos que ,111 Como principal consequência da distinção entre regras e
determinado principio es zm principio de m,esfl·o derecho, lo que eso quiere decir es princípios, aponta Alexy as divergentes soluções aplicadas em caso
que el principio e/ tal que los fu11cionarios deben tenerlo en cuenta. si vie ne ai caso,
como criterio que les determine a inclinar- s e en uno u otro s entido". Idem, p. 75-77. de conflito de regras e em hipótese de colisão de princípios. No
Outra diferença apontada por Dworkin: ·'Los principias tienen una dimensión que primeiro caso, de conflito de regras, "lo fimdamental es que la
falta en las normas: la dimens ión dei peso o importancia ". Quando os princípios se decisión es una decisión acerca de la validez "791. Para tanto, o
contrapõem (''interfieren"'), deve-se resolver o conflito levando em couta "e/ pes o
relativo de ca da uno", reconhecendo não haver. entretanto, uma medição exata da
apli cador se valerá das clássicas regras de solução do conflito apa
preponderância de um princípio sobre outro. o que, com frequência. será motivo de rente de normas - critérios hierárquico, cronológico e de especiali
controvérsia . As normas (regras), diferentemente. não possuem esta dimensão, não dade792 . Na segunda hipótese, de colisão de princ ípios, Alexy
sendo ce1to tr atar uma regra como m ais importante que outra no ordenamento, com a
pre valência de uma regra sobre outra: ·'Si se da un conjlicto entre dos normas , una de
ellas no puede ser válida··. I dem, p. 77-78. Aponta DWOR.KIN que nem se mpre é fá 11i menos. Por lo tanto, l as regias contienen detenninaciones e n el ámbito de lo
cil. na prátic a - num hard case - distinguir princípios e nonnas (regras): --Tal ve:; no fáctica y jurídicamente posible. Esta sign((zca que la diferencia entre regi as e
se haya esta ble ci do cómo ope,·ar e/ estánd ar, y este problema puede ser en sí mismo principias es cualitativa y no de grado. Tod a norma es o bien una regia o un
motivo de controversia". Esclarece o autor que a atribuição de uma ceita margem de principio". ALEXY, Robert. Teoría de los derechos fundamentales. Tradução de
ação ao aplic ador fi.mciona como uru identificador da natureza principiológica de um Ernesto Garzón Valdés. Mad rid: Centro de Estudios Constitucionales, 1997. p.-86-87.
dispositivo. Desta fomrn, ..paiabras como 'ra::onable ', 'negligente·, injusto·, y 790 ALEXY, Robert. El concepto y validez dei derecho. Tradução de Carlos Bemal
'significativo' cumplen pre cisamente es ta fu nción. Cada uno de es os términos hace Pulido. Madrid: Centro de Estudios Constitucíonales. 2004. p. 185.
que la aplicación de la norma que lo contiene dependa, hasta cierto p u nto, de NI ALEXY, Robert. Teoría de los ·derechos fundamentales. Tradução de Ernesto Garzón
principias o directrices que trascienden la norma, y de tal mane ra hace que ésta se Valdés. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales. 1997. p. 88.
asemeje más a u n principio". Sustenta o autor que antes da decisão de wna questão posta 702 Idem, ibidem. São os seguintes critérios. com suas regras: hierárquico - /ex superior
em juízo. com base em princípios, não existiria 1U11a norma de direito (regra): "El tribunal derogat /ex inferiori; cronológico - /ex posterior derogat legi priori; especialidade -
cita principias quejustifican la adopción de una norma 1-weva". Idem, p. 78-80 ALEXY
parte destas considerações de DWOR.KIN, e esclarece que princípios e regras são es /ex specialis derogat legi generali. Na literatura nacional estes critérios são difundidos
pécies de nomrns jurídicas, apontando a caracteristica central dos princípios - man em diversos manuais e cursos de Direito Civil ou de Introdução ao Direito - p. ex.
damentos· de otimização -, propondo como método de aplicação destes a regra da DINIZ. Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: l º Vol. -Teoria g e ral do di
pr oporcionalidade, com suas subregras, num a vertente argumentativa. reito civil. 18. ed. São Paulo: Sara iva. 2002. p. 87-88. Estão previstos. adernais. na Lei
78" ALEXY, Robert. Teoría de los derechos fundamentales. Tradução de Ernesto Garzón de Introdução ao Código Civil - Dec .lei 4.657/42 -. a11s. 1-3°. São interessantes as
colocações de Ana Paula de BARCELLOS acerca do tema conflito d e regras. Embor a
V aldés. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales. 1997. p. 86. De forma mais reconheça que as regras de direito não estejam logicamente sujeitas à regra de ponde
completa. é assim que Alexy diferencia regras e princípios em sua obra Teoría de los ração, c om isso p rotegendo princípios como a segurança jurídica e a previsibilidade,
dere chos fimdamentales: ·'E/ punto decis ivo para la dis tinción entre regias y reconhece a autora, que na prática jurídi ca - de fonna semelhante ao que ocorre na fi
principias es que los princípios son normas que ordenan qu e algo sea reali::ado en la sica, onde esquemas intelectuais não conseguem abarcar com exatidão a realidade -
mayor medida posible, de ntro de las pos ibilidadesj urídicas y reales existente. Por lo exceções e situações excepcionais a a utorizam. M11is especificamente, as ponderações
tanto, los principias son mandatos de optimización, que están cara cteri::ados por e/ não são entre os enunciados nonuativos das regras. "mas sim entre o conjunto de ra
hecho de que pueden ser cu111plidos en diferente grado y que la medida debida de su =ões e valores que se acomodam atrás dess es enu nciados". BARCELLOS. Ana Paula.
c11111pli111iento 110 só/o depende de las posibilidades reales sino también de las Ponderação, racionalidade e atividade jurisdicional. Rio de Janeiro: R enovar.
j u rídicas. E/ ámbiro de las posibilidadesjurídicas es determinado por los principias y
regia s opuestos. En cambio, las regias son normas que só/o pueden ser cumplidas o 2005. p. 218. Nos exemplos citados pela autora não há. entretanto. a utilização da re
no. Si una regia es válida, entonces de hacerse exactamente lo q ue e/la exige, ni más gra da proporcionalidade. mas uma ponderação em seu sentido usual. léxico. de com
paração entre benefí cios e malefí cios com a decisão. A autora apresenta três modelos
200 Henrique RibeirnC:a!c:loso
Proporcionalidade e Argumentação
201
aponta a regra da pro}§orcionalidade, mais especificamente, a
subregra da ponderação 3 (proporcionalidade em sentido estrito) Alexy prossegue em sua
xando claro, em diversas passagenslinha discursiva do direito, dei
,
como meio mais adequado à sua solução. Apresenta, para tanto, um com sua almejada correção norma que a teoria da argumentação,
método de aplicação da proporcionalidade, sistematizando, inclusi • , • 795 tiva, subjaz em sua teoria dos
prmc1p10s
ve, como adiante se verá, uma regra de colisão e duas regras de
-
ponderaçao794 As regras e os princípios são pos
juízos - emissão de normas em tos como razões para os
casos concretos796. Alexy não
abandona, em sua Teoría de los der
ech
Caso Especial, delineada em sua Teo os fimdamentales, a Tese do
de decisão que podem superar uma '"situação de grave injustiça no caso concreto",
a pretensão de correção, diferentem ria da Argumentação Jurídica:
prático geral, não se refere à necess ente do que ocorre no discurso
quando se teria uma aplicação de regra válida, mas sua incidência provocaria grave
injustiça: "(i) em qualquer caso, a regra deverá ser interpretada de acordo com a ida
eqüidade; que (ii) a regra poderá deixar de ser aplicada na hipótese de ser possível dos enunciados normativos em que de absoluta de racionalidade
stão, mas à sua fundamentabili
caracteri=ar a imprevisão legislativa; e que (iii) uma determinada norma, prodzcida pela dade racional no âmbito do ordena
incidência da regra, poderá ser declarada inconstitucional, ainda que o enunciado da mento jurídico vigente - com
regra permaneça válido em tese. Fora dessas hipóteses, isto é, caso (afora o uso da prioridade para as regras e princípios
do ordenamento jurídico.
equidade) não seja ra:;oável demonstrar a imprevisão legislativa e não se possa sus
As regras são postas como razões
tentar de maneira consistente a inconstitucionalidade ela norma particular, não será
legítimo pretender afastar um regra a pretexto de ponderá-la". Idem, p. 211-212. A zo concreto de dever ser - uma sen definitivas para um juí
tença judicial ou um ato admi
autora explica cada uma das três hipóteses às p. 220-234, para onde se remete o leitor. nistrativo individual, por exemplo
ceção. A forma de aplicação será -, aplicáveis, em regra, sem ex
Em caso de conflito de regras, estas não são ponderáveis. Cabe. entretanto, o seguinte
esclarecimento. Nada obsta - como expressamente reconhece ALEXY - que haja
princípios são razões prima facie 797a subsunção. Diferentemente, os
ponderação na interpretação das regras. especialmente em se tratando de conceitos ju
rídicos indetenninados, diretrizes, objetivos e demais nonnas de bai.'<a densidade e! principio, es decir, de! der . Esclarece que: "La vía desde
normativa. Por vezes, a ponderação estará presente na interpretação; outras vezes, por echo prima facie, al derecho
definitivo, transcurre, pues, a tra
vés
relación de preferencia " 798. Os prin de la determinación de una
não serem regras em seu sentido tradicional. equiparados por sua generalidade a prin
cípios, a ponderação surgirá em sua aplicação. O que é essencial à Teoria da Argu cíp
mentação (Teoria Discursiva do Direito) é que a ponderação (proporcionalidade em razões definitivas da regra individual ios mesmos não são nunca
- da dec1s : são a razão, o critério, a jus-
sentido estrito) deverá se pautar por critérios de racionalidade, seja quando ocorre na ti.ti1caçao . ao
- 799.
margem de ação epistêmica nonnativa (preponderantemente interpretação), seja
quando ocorre na margem de ação estrutural (preponderantemente aplicação no espa As razões de adotar a regra 800 da
ço de discrícionariedade). De todo modo. tanto as regras quanto os princípios, antes
linha da Teoria Discursiva do Dir proporcionalidade - na
de serem aplicadas, deverão ser corretan1ente interpretados. Na prática, nem sempre é eito, definindo e delimitando o
fácil separar o momento exato da interpretação e da aplicação. já que o fato jurídico
repercute na interpretação da norma. num ir e vir só tenninado com a prolação da de 7QS Um claro exemplo desta filiação
de sua teoria dos princípios à ética
ser encontrado nas normas adscritas do disc
cisão. O tema será retomado. de direito fundamental. Estas nonnas. urso pode
tas mas aditada às que estão escritas,
dependem para seu reconhecimen não escri
793
Ponderar, no vernáculo: ··pon.de.rar vtd (/at ponderare) l Pesar no espírito; apreciar
maduramente, examinar com atenção: Anres de tomar uma decisão ponderava bem os '1undamentación iusfundamental to. de uma
correcta. Se para la norma que
prós e os contras. vti e vint 2 Meditar. pensar. refletir: Ponderar nas palavras. Ponde presentar es posible zma fundamentac se aca ba de
ión iusfundamental correcta - algo
rar sobre um tema. '·A razão jubilada em discernir e ponderar" (Latino COELHO, ap presupondrá - entonces es una non que aqu í se
na
Laud. FREIRE). vtd 3 Alegar, expor, apresentando razões de peso: Argumentou, pon Teoría de los derechos fundamental de derecho fundamental". ALEXY, Robert.
Centro de Estudios Constitucionales
es. Tradução de Ernesto Garzón Vald
dernndo os riscos e desvantagens do negócio. Ponderou à menina os inconvenientes és. Madrid:
. 1997. p. 97-98. O autor aprofund
do namoro premawro. vtd 4 Ter em atenção: considerar: Queira ponderar a nossa p. 66-73. a o tema às
796
reclamação. Dispo1úvel em: <http://v,ww2.uol.corn.br/michae1is/>. Acesso em: 25 Idem. p. 101-103.
fev. 2007. 797
Idem, ibidem.
70
� A .. Lei de Colisão'· em: ALEXY, Robert. Teoría de los derechos fundamental es. 708
Idem. p. 103.
Tradução de Ernesto Garzón Valdés. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, ?QQ Idem, ibidem.
1997. p. 94; e as "Leis de ponderação" em: Idem, p. 161; e ALEXY, Robert. Epílogo 800
O autor apresenta a proporcionalidade
à la teoria de los derechos fundamentales. Tradução de Carlos Berna Pulido. derechos fundamentales como send
no Capítulo III. tópico 8. de sua Teor
ía de los
o uma máxima. Em diversas pass
1
Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 2004. p. 93. obra. denomina a proporcionalidade agen
- além de máxima - de princípio (p. s de sua
539. p. ex.)
202 Henrique Ribeiro Cardoso
Proporcionalidade e Argumentação
campo e a carga de argumentação - para a aplicação dos princípios 203
parte da constatação da vagueza801 e do dissenso acerca dos objetos conceitos estruturais da democr
regrados por formulações do catálogo de direitos fundamentais tado Social - disciplinam "de acia, do Estado de Direito e do Es
previstos nas constituições. As normas de direito fundamental8º2 - cuestiones en parte sumamente una manera extremadamente vaga
como as demais normas que versam sobre finalidades do Estado, tiva básica de! Estado y la soc discut idas de la estructura norma
iedacl"803.
Esta vagueza das disposições de
ser maior ou menor804. Reconhec direito fundamentais po
ou de regra (p. 112, p. ex.). Esclarece, entretanto, que a adequação, a necessidade e a e Alexy, inclusive, a existênci de
proporcionalidade em sentido estrito, não são máximas nem princípios, por não serem princípios não escritos, "derivado a de
ponderadas frente a algo diferente. São satisfeitas ou não, e sua não satisfação tem detalladas y de decisiones ju s de una tradición de normaciones
como consequência a ilegalidade. "Por lo tanto, las tres máximas parciales tienen que diciales que, por lo genera
expresión de concepciones dif l,
ser catalogadas como regias". ALEXY, Robert. Teoría de los derechos undidas acerca de como debe son
fundamentales. Tradução de Ernesto Garzón Valdés. Madrid: Centro de Estudios derecho"805. ser el
Constitucionales, 1997. p. 112. Cabe neste ponto o seguinte complemento: ilegalidade
Es clarece o autor, em
dos princípios não diz que o catestudo mais recente, que "a teoria
em se tratado de atos judiciais e administrativos, e inconstitucionalidade, em se trata
do de leis (regras) que não atendam a princípios constitucionais.
801 Fala-se em fórmulas lapidares e disposições que carecem de unívocidade de conteúdo, contém regras; isto é, que ela álogo de direitos fundamentais não
de frases programáticas, de aglomerações de cláusulas gerais e de conceitos plásticos, da A teoria afirma que os direitos não contém definições precisas"8 º6•
falta da independência conceituai, de fónnulas vazias sob as quais podem ser subsumi fundamentais "enquanto baliza
de deJ vas, tem estrutura d. e regras 807 dores
,r,1m'çoe
- •
dos a qualquer estado de coisa. Idem, p. 22. Neste sentido a lição de Karl ENGISCH s precisas deJz
,r, mtz
' ' A
para quem "infelizmente a terminologia não é uniforme". ENGISCH, Karl. Introdu também acentua que o nível de , como
regras precede primafacie ao
ção ao pensamento jurídico. 8. ed. Tradução de J. Baptista Machado. Lisboa: Fun dos princípios. O seu ponto dec nível
isivo é o de que atrás e ao lado
dação Calouste Gulbenkian, 2001. p. 208.
802 Os emmciados normativos expressam normas de direito fundamental. ALEXY os regras exz•stem prz·ncz,pzo
, ,,808
s· da s
denomina, para uma maior clareza. de disposições de direito fundamental. Identifica o A teoria de Alexy ao agr
autor, na Constituição alemã. quais as disposições de direito fundamental que expres dignidade, liberdade e igualdade egar os direitos fundamentais da
sam normas de direito fundamental. Propõe - superando a definição de critérios mate
Estado, de democracia, do Est aos conceitos de finalidade do
obtém um sistema de conceitos ado de Direito e do Estado Social
riais e estruturais para a classificação de normas de direito fundamental - a utilização
de critérios formais, apontando para sua forma de positivação. Assim, são fundamen
tais as normas constantes no capítulo da Constituição (Lei Fundamental) intitulado de! derecho racional moderno, que abarca "las fórmulas centrales
com
''Direitos fundamentais", bem ainda as demais disposições satélites que conferem di Estado social qu e expresa las exi plementado con e! principio de!
gen
d e los szglos dzecznueve e vez.nte "809cias de los movimientos sociales
. ' .
reitos individuais. Os direitos fundamentais são nonnas tão importantes que o seu re
conhecimento não pode ser deixado à livre disposição das maiorias parlamentares.
ALEXY, Robert. Teoría de los derechos fundamentales. Tradução de Ernesto tituições dirigentes. . Encampa, portanto, as Cons-
Garzón Valdés. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 1997. p. 63-65. A
questão não é de fácil solução. A dogmática nacional se esforça em identificar quais 803 AL
as matéiias que podem ser compreendidas como direitos fundamentais. As limitações EXY , Robert. Teoría de los
constitucionais ao poder de tributar. dentre elas. o princípio da anterioridade, foram Garzón Valdés. Machid: Centro de derechos fundamentales. Tradução de Ernesto
804 Idem Estudios Coustitucionales, 1997.
tomadas pelo Supremo Tribunal Constitucional. em Ação Direta de Inconstitucionali . p. 22. p. 22-23.
dade. como direitos ftmdamentais. Estabelece a Constituição Federal da República do 805 Id
em, p. 104.
Brasil, no § 2º do art. 5°. que: ··Os direitos e garantias expressos nesta Constituição 806 ALE
XY, Robert. Colisão e pon
não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela dotados, 011 dos ca dos direitos fundamentais, deração como problema fundamental da dogmáti
tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte". Na prá mimeo, p. 12. Palestra proferid
Rui Barbosa, Rio de Janeiro, em a na Fw1dação Casa de
tica não é fácil delimitar o que pode ser identificado como direito fundamental, reper 807 10.12.1998.
Regras que ensejam a possibilida
cutindo tal categorização na limitação imposta pelo art. 60, §4°, IV, da Constituição Robert. Teoría de los derechos de de wna fundamentação ded
fundamentales. Tradução de Ern utiva. ALEXY,
Federal, que estabelec_e a impossibilidade de emenda à Constituição, por se tratarem Madrid: Centro de Estudios Constitu esto Garzón Valdés.
de cláusulas pétreas. E o Supremo Tiibunal Federal, julgando ações declaratórias de 808 A cion ales . 1997. p. 82.
constitucionalidade ou ações diretas de inconstitucionalidade. que estabelece, em cada LEXY, Robert. Colisão e ponder
caso. quais são as disposições constitucionais compreendidas como cláusulas pétreas ca dos direitos fundamentais, mimação como problema fundamental da dogmáti
da espécie ''direitos e garantias individuais". ao julgar inconstitucionais as emendas Rui Barbosa. Rio de Janeiro, em 10.1 eo, p. 12. Palestra proferida na Fundação Casa d e
2.1998.
por violação ao a11. 60, §4°. rv. SOQ ALEXY. Robert. Teoría de los
derechos fundamentales. Tradução
Valdés. Madrid: Centro de Estudios
Constitucionales. 1997. p. 23. de Ernesto Garzón
204 Heruique Ribeiro Cardoso
Proporcionalidade e Argumentação
205
A Teoria dos Direitos Fundamentais é "una teoríajurídica sentada em Teoria da argumentação
general sobre los derechosfundamentales de la Le[ Fundamental", jurídica. Busca demonstrar que
a positivação dos direitos fundament
81
atrelada ao direito positivo - a uma Constituição -, caracterizada ais, que regem todos os pode
res do Estado, constitui uma abertur
a
pelo autor como "la parte general de la dogmática dos derechos sistema da moral, abertura ue é raz do sistema jurídico frente ao
fimdamentales"811• Propõe-se Alexy a dar respostas racionalmente cabo com meios racionais81 • Na linhoável e que pode ser levada a
�
fundamentadas a questões vinculadas aos direitos fundamentais, jurídica, reafirma Alexy que "la cie a da Teoria da argumentação
nci
buscando, para tanto, uma reabilitação da axiologia dos direitos cultivada en la actualidad, es, ant a dei derecho, tal como es
fundamentais812 . O autor não rompe com sua teoria discursiva apre- e todo, un disciplina práctica
porque su pregunta central reza:;,
que
reales o imaginados? Esta pregun es lo debido en los casos
ta es planteada desde una
perspectiva que coz.ncz"de con la def1ue
. z"814
810
A teoria de ALEXY é atrelada à Constituição Federal alemã - Lei Fundamental da
República Federal Alemã - usualmente denominada de Constituição de Bonn, pro .
mulgada em 1949.
811
ALEXY, Robert. Teoría de los derechos fundamentales. Tradução de Ernesto Garzón
Valdés. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales. 1997. p. 24. Sobre os direitos 4.3 CONSTITUCIONALISMO MODERADO E
REGRA
fundamentais podem ser formuladas teorias de tipo muito diferentes, como teorias:
históricas, que explicam seu surgimento: filosóficas, que se ocupam de sua funda
DA PROPORCIONALIDADE
mentação- teoria da justiça de RAWLS. p. ex.; sociológicas, acerca da função dos di
reitos fundamentais no contexto social. A teoria de ALEXY é jurídica, dogmática. Em Alexy não é o criador da regra da pro
linhas semelhantes ao disposto em sua Teoria da argumentação jurídica, já explicita
Tribunal Constitucional alemão 815 porcionalidade. Foi o
da linhas acima, propõe que a dogmática. por seu uma disciplina pluridiniensional,
vincule suas três dimensões - analítica. empírica e normativa - sendo tal vinculação
que a desenvolveu a partir do
condição necessária da racionalidade da ciência do direito como disciplína prática.
Idem, p. 33. como o tratamento igual 011 a dign
idade
812
Isto se torna claro na questão do sopesamento dos príncípios, especialmente na tercei ção e a proporção) são mais adequado humana) e metódicos (tais como a adequa
s
ra subregra da proporcionalidade: a proporcionalidade em sentido estrito. Nesta fase, a presas. agilidade das forças armadas que certos imperativos formais (pa: nas em
des). Quando direitos individuais e ou da assim chamada reserva de pos
ponderação opera com os princípios como se operasse com valores, reconhecendo, bens coletivos são agregados e tran sibilida
valores equivalentes, as idéias teleo sformados em
entretanto, que os direitos fundamentais não são valores, mas sim direitos expressos
de modo ambíguo. E cresce a suspeita lógic as, deon tológ icas , e sistémicas se entrelaçam
rativas, não racionali:áveis, privilegiade que o choque entre essas preferências valo
por princípios. Neste ponto especüico - e central de sua teoria-, enfrenta forte oposi
ção de HABERMAS, para quem: ··Princípios ou normas mais elevadas, em cuja lu:
esclarece também porque é relativam os illferesses mais fortes. Essa circunstância
outras normas podem ser justificadas, possuem um selllido deontológico, ao passo ente fácil prever o final de processo
que os valo,·es têm um sentido teleológico. Normas válidas obrigam seus destinatá quando nos apoiamos em princípios s judiciais
da
rios, sem exceção e em igual medida, a um comportamento que preenche expectativas MAS, Jürgen. Direito e democracia: teoria do poder e dos interesses". HABER
Flávio Beno Siebeneichler. Rio de Jane entre facticidade e validade. 2. ed. Tradução de
generali:adas, ao passo que valores devem ser entendidos como preferências com
partilhadas intersubjetivamente". Mais adiante, em síntese, aponta: "Portanto, nor passagem citada está no complemento iro: Tempo Brasileiro, 2003. v. U. p. 213. A
"Direi.to e moral'". que integra a obra
mas e valores distinguem-se, em primeiro lugar, através de suas respectivas referên p. 193-247. Esta é a divergência fundame referida -
cias ao agir obrigatório ou teleológico; em segundo lugar, através da codificação bi pios como mandamentos de otimizaçã ntal entre ALEXY e HABERMAS - princí
como expressão de obrigação com estr o com estru tura teleológica versus prin
nária ou gradual de sua validade; em terceiro lugar, através de sua obrigatoriedade utura deontológica-, que repercute na cípios
aplicação dos piincípios - proporcionalid
absoluta ou relativa e, em quarto lugar, através dos critérios aos quais o conjunto de forma de
ade, com utilização da subregra da pond
sistemas de normas ou de valores deve satisfa:er. Por se distinguirem segundo essas ção versus adequação prima facie. era
813 L
qualidades lógicas, eles não podem ser aplicados da mesma maneira". HABERMAS. A EXY, Robert. Teoría de los dere
Jürgen. Direito e democracia: entre facticidade e validade. 2. ed. Tradução de Flávio Garzón Valdés. Madrid: Centro de Estu chos fundameotales.. Tradução de Ernesto
dios Constitucionales. 1997. p. 25.
Beuo Siebeneichler. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003. v. 1, p. 316-317. Para
814
Idem, p. 33. Como já explicitado, a
teoria de ALEXY é dirigida à aplicação
HABERMAS, não há que se falar em otimização de princípios, tan1pouco em sua re pelo juiz num determinado caso concreto. do direito
gra de proporcionalidade. mas sim em coerência do sistema de regras. em adequação 815
Friedrich MÜLLE R refere-se à sentença
ou não adequação: ..Ora, adequação significa a validade de um juí=o dedu:ido de tendência "de tratar os direitos fund
exarada no caso LÜTH como apogeu
de uma
uma norma válida, através do qual a norma subjacente é satisfeita". Idem, p. 323. Em amentais como 'valores', sua tota
'sistema' ou 'sistema de valores'; à tend lidade como
crítica à falta de critérios das decisões do Tribunal Federal alemão - com reflexos na ência de querer solucionar de form
a metódica
sua concreti:ação, limitação e mediaçã
Teoria dos Princípios de ALEXY: "O Tribunal Constitucional Federal também não o com
de procedimentos de 'ponderação de 'bens outras normas (constitucionais) por meio
dispõe de critérios que lhe permitam concluir que certos princípios normativos (tais todos de trabalho do direito constituc ' ou 'inter esses". MüLLER. Friedrich. Mé
1 ional. J. ed. Rio de Janeiro : Renovar. 2005. p.
206 Henrique Ribeiro �ardoso Proporcionalidade e Argumentação 207
julgamento de processos paradigmáticos - como o sempre mencio seus elementos - adequação818 , necessidade e proporcionalidade
nado caso Lüth816, um clássico de ponderação817 - estabelecendo em sentido estrito (ponderação) - aplicados em uma ordem má
definida, funcionando como indicadores de medida e de controle da
17. Em crítica a tal postura do Tribunal Constitucional alemão, aponta que "o teor
material normativo de prescrições de direitos fundamentais e de outras prescrições
de constitucionais é cumprido muito mais e de forma mais condi:ente com o Estado grande precedente na matéria foi o caso Liith, j. em 15.01.1958". Neoconstituciona
de Direito com a aj u da dos pontos de vista da hermenêutica e metodicamente diferen lismo e constitucionalização do Direito. BARROSO, Ltús Robe1to. '·O triunfo tardio
ciados e estruturantes da análise do âmbito da norma e com uma formulação subs do Direito Constitucioual no Brasil'·. Dispotúvel em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/
tancialmente mais precisa dos elementos de concreti:ação do processo prático de ge texto.asp?id= 754 7>. Acesso em: 25 out. 2006. Como ·'ensinamentos que já vinham
ração do direito, a ser efetuada, do que com representações necessariamente formais mais longe", referidos por Luís Roberto BARROSO. pode-se apontar. na lição de
AlEXY: '·Ya en la época de la Constitución de Weimar [Weimar. 1919) fueron de
de ponderação, que consequente111ente insinuam no fundo uma reserva de juí.::o em
todas as normas constitucionais, do que com categorias de valores, sistemas de valo soste11idas teorías axiológicas de los derechos fundamentales. Uno de los autores más
res e valomção, necessariamente vagas e conducentes a insinuações ideológicas". inj/uyentes fue Rudolf Smend. De acuerdo con una famosa fornwlación de S111end,
e!
Idem, p. 18-19. MÜLLER considera que a jurisprudência do Tribunal Constitucional 'sentido concreto de un catálogo de derechos fundamentales' reside en que pretende
"fornece um quadro sem direção, que professa de modo tão globalizantemente indis 'normar una serie concreta, de una cierta unidad cerrada, es decir, 1111 sistema
de
tinto quão acrítico 'métodos' exegéticos transmitidos pela tradição - e caudatários do valores o bienes, un sistema cultural. ' AlEXY. Robert. Teoría de los derechos
positivismo legalista na sua alegada exclusividade-, mas rompe essas regras em cada fundamentales. Tradução de Ernesto Garzón Valdés. Madrid: Centro de Estudios
caso de seu fracasso prático sem fundamentar esse desvio". idem, p. 20. A proporcio Constitucionales, 1997. p. 148.
817
nalidade, para o autor, não seria mu novo método de concreção do direito, mas um Idem, p. 120.
818
desvio pontual da exegese tradicional do positivismo legalista. Cabe desde já a advertência que a adequação. sub-regra da regra da proporcionalida
siõ BverfGE 7, 198,j. em 15.01.1958. Neste feito, o Tribunal Constitucional alemão ma de. não se confunde com o critério de adequação - proposto por Klaus Giinther
túfestou o entendimento de que os direitos constitucionais constituíam uma ordem adotado por HABERMAS - como método de aplicação dos princípios - referidoe
objetiva de valores, a serem ponderados no caso concreto. Transcrevendo parcial acima. Com já explicitado, a diferença entre elas é maior do que parece à primeira
tpente a decisão do Tribunal, esclarece ALEXY que 'bajo la Ley Fundamental [de vista. Tampouco a regra da proporcionalidade engloba o c1itério de adequação
de
Bonn, 1949], las suposiciones y formas de hablar axiológicas han ingresado en un GÜNTHERIHABER.l\.1AS. A regra da proporcionalidade (incluída a subregra da ade
amplio frente en la jurisprudencia constitucional. Un ponto culminante lo constituye quação) toma os princípios com9 mandamentos otimizáveis com estrutura teleológica
e! fallo Liith. Por cierto, también en este /alio, el Tribunal Constitucional Federal - relacionada à eficiência e ao Otimo de Pareto -. ao passo que o critério da adequa
parte de{ hecho de que lo 'derechos funda111entales están en primera línea destinados ção defende uma concepção deontológica de princípios. que expressam deveres.
O
a asegurar la esfera de la libertad de{ individuo frente a las intervenciones de{ poder critério de adequação é satisfeito pela validade de um juízo (uma decisão judicial) de
público· y que, por lo tanto, son 'derechos de defensa del ciudadano frente ai Estado. duzido de uma nonna válida (um princípio). que satisfaz a uonna subjacente (um
Pero, luego agrega: 'Igualmente correcro es q ue la Ley Fundamental, que no quiere princípio). A nonua adequada seria a úrúca nonna correta a ser aplica ao caso. Outro
ser un ordenamiento valorativame1Zte ne utro [. . .]. ha establecido en si sección de ponto que merece um esclarecimento é a questão da eficiência da circulação da rique
derechos fundamentales también un ordenamiento valorativo objetivo [. . .] este za em razão da adoção do Otimo de Pareto como indicador no alcance das finalidades
sistema valorativo, centrado en la persona/idad humana que se desarrolla libremente estabelecidas por nonnas na Teoria de ALEXY. O Ótimo de Pareto. leciona Paulo
dentro de la comunidad social, y en su dignidad, tiene que valer en tanto decisión SANDRONL é uma ·'situação em que os recursos de uma economia são alocados de
iusconstitucional básica, para todos los âmbitos dei derecho. 'En e! transcurso de la tal maneira que nenhuma reordenação diferente possa melhorar a situação de qual
fundamentación de la decisión, el ordenamiento valorativo es calificado de jerarquía quer pessoa (ou agente econômico) sem piorar a situação de qualquer outra. O
con
valorativa' dentro de la cual sería necesario llevar a cabo una 'ponderación '. ceito foi introdu:ido por Vilfrido Pareio (l 848-l 923F SANDRONI, Paulo. Novíssi
ALEXY, Robert. Teoría de los derechos fundamentales. Tradução de Ernesto mo dicionário de economia. 13.ed. São Paulo: Best Seller. 2004. p. 437. Não se
con
Garzón Valdés. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 1997. p. 148. Acerca da funde com o utilitari�mo, outro critério que busca a eficiência na circulação de rique
importância do caso Lürn na questão dos direitos fundamentais, leciona Luís Roberto zas: pelo critério do Otimo de Pareto, a transferência de b�ns de quem os valoriza me
BARROSO: '"Há ra:oável consenso de que o marco inicial do processo de constitu nos para quem os valoriza mais é "eficiente, numa sociedade, quando alguém fica
ciona/i:ação do Direito foi estabelecido na Alemanha. Ali, sob o regime da Lei Fun melhor do que anteriormente com a mudança de alguma atribuição de bens anterior,
damental de 19./9 e consagrando desenvolvimentos doutrinários que já vinham de sem que ninguém fique pior·'. Outro c1itério. o modelo de utilidade preconizado
BENTHAM e MILL (combatido por RA WLS. como se demonstrou no Capitulo II) por
mais longe, o Tribunal Constitucional Federal assentou que os direitos fundamentais,
além de sua dimensão subjetiva de proteção de situações individuais, desempenham sugere ..que as normas devem ser desenhadas de maneira a gerarem o máximo .
uma outra função: a de instituir uma ordem objetiva de valores. O sistema jurídico bem estar para o maior número de pessoas". A racionalidade dos agentes, 11111 de
dos
postulados econômicos. leva à procura da maximização das utilidades e à eficiência
deve proteger determinados direitos e valores, não apenas pelo eventual proveito que
possam tra:er a uma ou a algumas pessoas, mas pelo interesse geral da sociedade na na alocação de bens. SZTAJN, Rachel. Law and economics. ln: ZYLBERSZTAJN,
Decio; SZTAJN, Rachel. Direito e economia: análise econômica do direito e das or
1
sua satisfação. Tais normas constitucionais condicionam a interpretação de todos os
·'- n,.M,,A n,;h/irn nu orivado, e vinculam os Poderes estatais. O primeiro ganizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. p. 76.
208 Henrique Ribeiro Car_doso
Proporcionalidade e Arg umentação
209
decisão judicial e de atos legislativos e administrati,vos • Neste 819
sentido, como bem identifica Humberto Bergmann Avila, a regra pios825 - inserida na Teoría de los derechos fundamentales - com
da proporcionalidade820 cresce em importância, inclusive do direito a regra da proporcionalidade, sendo mais nítida - e mais explorada
brasileiro - previsto expressamente no art. 2° da Lei Geral de Pro - no campo da sub-regra da proporcionalidade em sentido estrito.
cesso Administrativo Federal, Lei 9. 784/99 -, servindo como ins Para a correta compreensão da regra da proporcionalidade
trumento de controle dos atos estatais821 na Teoria dos Princípios de Alexy, necessário compreender sua
A teoria dos direitos fundamentais busca demonstrar a concepção de Constituição826, esclarecida em seu Epílogo a la teo-
estrutura das normas de direito fundamental - posteriormente am
pliada :Eªra toda a teoria geral do direito em obra mais recente do 825
Princípios como mandamentos de otimização. Reconhece ALEXY que a maioria das
autor. 8 A inovação apresentada por Alexy consiste na concepção críticas à sua teoria questiona se a tese dos princípios como mandamentos de otimiza
dos princípios como mandamentos de otimização e na vinculação ção conduzem a um modelo adequado de direitos fundamentais. Aponta duas linhas
de opositores: uma que aponta a pouca garantia - "demasiado poco'" - que a teoria
da proporcionalidade à teoria da argumentação. Para o autor: "El oferece à proteção dos direitos fundamentais: "Los derechos .f111uiamentales primero
modelo de la ponderación, basado en la teoría de los principias se debilitan ai transformarse en mandatos de opti111i=ación y luego amena=an con
puede dar una respuesta tal a! vincular la estructura formal de la desaparecer en la vorágine de la ponderación irracional". ALEXY,Robert. E pílogo
à la teoría de los derechos fundaruentales. Tradução de Carlos Berna Pulido. Ma
ponderación con una teoría de la argumentación jurídica, que drid: Centro de Estudios Coustitucionales. 2004. p. 16. Habennas é um dos criticos
incluye una teoria de la argumentación práctica genera/"823• q ue segue esta linha por entender que a possibilidade de sacrificar direitos fundamen
tais em razão de fms coletivos afetaria a fim1eza dos direitos fundamentais, que so
Sustenta que a jurisprudência pennanente do Tribunal mente pode ser garantida mediante tuna estrutura deôntica estiita,expressa em regras.
Constitucional alemão - que exige que para toda restrição de di exercendo o papel de uma barreira corta-fogo. O utra linha de crítica à Teoria dos
º
reitos fundamentais se respeitem as subregras de adequação, neces Princípios de ALEXY aponta o perigo do excesso - o "'demasiado '. O perigo estaria
na extensão demasiada do âmbito dos direitos fundamentais - abrangendo prestações
sidade e proporcionalidade em sentido estrito - corresponde aos negativas e positivas do Estado, como de proteção, assistência,organização e proces
resultados teóricos acerca da natureza das normas de direitos fi.m so - que ocupariam um lugar de maior hierarquia no ordenamento jurídico. estando
damentais e de sua teoria dos princípios - estes como mandamentos todos já contemplados na Constituição, restando apenas concretizá-los por meio da
ponderação. A Teoria dos Princípios. ao abraçar o constitucionalismo (embora
de otimização824• Há uma compatibilização da Teoria dos Princí- ALEXY esclareça que seu constitucionalismo é moderado). aceitaria a concepção da
Constituição como ''um ovo j urídico originário" donde tudo surgiria (expressão de
FORSTHOFF), promovendo. desta fonna. uma limitação da autonomia do legislador,
81 g
AFONSO DA SILVA, Luís Virgílio. O proporcional e o razoável. Revista dos Tri com perda considerável do significado do processo político democrático e a transfor
bunais, a. 91, v. 798, p. 30, abr. 2002. mação do Estado de direito de legislação parlamentar num um Estado jurisdicional -
820
O autor caracteriza a proporcionalidade como mn postulado, e não como regra. O assunto de jurisdição constitucional -, num processo irrefreável. BÓCKENFÕRDE
será retomado. ÁVILA, Humberto Bergmann. Teoria dos princípios: da definição à (BÕCKENFÕRDE,E.-W. Grundrecht ais gnmsatznoru1en: zur gegenwãrtigen !age
aplicação dos princípiosjuridicos. 4. ed. São Paulo: Malheiros. 2004, p. 112-125. der gnmdrechtdogmatik. ln: Staat, Verfassung, Demokratie. Frankfurt. 1991 apud
821 Á ALEXY, Robert. Epílogo à la teoria de los derechos ftmdamentales. Tradução de
VILA, Hmube1to Bergmrum. Teoria dos princípios: da definição à aplicação dos
Carlos Berna Pulido. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 2004+ p. 17-20) e
princípios jurídicos. 4. ed. São Paulo: Malheiros. 2004. p. 112. No Brasil,como bem FORSTHOFF (Forsthoff, E. El Estado de la sociedad industrial. Madtid: Instituto de
observado por Luís Virgílio AFONSO DA SILVA, a proporcionalidade, invocada Estudios Políticos,1975 apud ALEXY. Robe1t. Epílogo à la teoría de los derechos
como fwidamento para decisões. é constantemente confwidida com critérios de razoa fundamentales. Tradução de Carlos Berna Pulido. Madrid: Centro de Estudios
bilidade. AFONSO DA SILVA. Luís Virgílio. O proporcional e o razoável. Revista Constitucionales, 2004. p. 19) adotam esta linha crítica. Estes autores enquadram-se, noutra
dos Tribunais. a. 91, v. 798, p. 45, abr. 2002. O tema será retomado. classificação proposta por ALEXY, como defensores do legalismo. em contraposição ao
822
ALEXY, Robe1t. El concepto y validez dei derecho. Tradução de Carlos Berna! constitucionalismo. ALEXY, Robert. EI concepto y validez dei derecho. Tradução de
Pulido. Madrid: Centro de Estudios Coustitucionales, 2004. Carlos Berna! Pulido. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales. 2004+ p. 160. Este tema
823
ALEXY, Robert. Teoría de los derechos fundamentales. Tradução de Ernesto especifico - constitucionalismo versus legalismo - será retomado ainda neste Capítulo.
Garzón Valdés. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 1997. p. 169. 826
Nas palavras de Maria Margarida Lacombe CAMARGO: "Robert Alexy é um dos
rn Idem, p. 126. Alexy enumera uma série de decisões do Tribunal Constitucional Ale pensadores da atualidade que mais tem se ocupado do problema da fundamentação
mão com este teor: BVerfGE 19,330 (337): 21, 150 (155): 26,215 (228): 27,211 das decisões judiciais, sob a perspectiva da.filosofiaprática, em que a idéia de corre
(219): 30. 292 (316). Idem. p. 126. ção assume proporções consideráveis. No posfácio que escreve em 2003 defende 11111a
espécie de constitucionalismo moderado, quando apresenta alternatfra às posições
Henrique Ribeiro Cardoso I'roporcionalidade e Argumentação 211
210
obra El concepto e validez ção, sem que esta redução coincida, entretanto, com uma delimita
ría de los derechos fundamentales e na
podem ser delineadas: uma ção de direitos fundamentais negativos na visão clássica. Um ter
dei derecho. Duas posturas antagônicas
co; outra que a tem como ceiro critério, mais radical, defende que só deve pertencer à Cons
que toma a Constitu82i�ão como ordem mar tituição, como direitos fundamentais, aquilo que puder ser definido
ordem fundamental como a vontade histórica do constituinte831•
ser considerados: o
Dois aspectos da ordem marco podem Sob a perspectiva formal832 - de maior relevo para a com
o determinantes do conteú
aspecto material e o aspecto formal. Com preensão da teoria de Alexy -, buscando identificar o conceito de
marco , três critérios são
828
do mat eria l de uma ord em jurí dica
"reducción liberal de la ordem marco enquanto tal, especialmente na relação entre a Cons
a,pontados: o 8 ;/§rimeiro, denominado de novas concepções de di tituição e a legislação, aponta Alexy a existência de três modelos de
constitución" , propõe a eliminação
das
pres taçõ es positivas a cargo do Es ordem marco. O primeiro modelo é o puramente procedimental de
reitos fundamentais - como as
fundamentais aos clássicos Constituição, em que as competências do legislador são ilimitadas
tado - propondo o regresso dos direitos 830
. O segundo busca redu do ponto de vista material, embora se sujeitem a limitações quanto
direitos de defesa frente ao poder estatal
entais a um conjunto de à competência, procedimento e forma. Neste modelo, a margem de
zir todas as dimensões dos direitos fundam material da Constitui- ação do legislador é ilimitada materialmente, sendo incompatível
standards mínimo, como uma redução
geral
com a vinculação do legislador aos direitos fundamentais em razão
de negar qualquer tipo de vinculação material833. O segundo mo
FÔRDE e HABERMAS. Ao modelo pura delo, puramente material de Constituição, supõe existir uma ordem
radicais de alguns críticos. como BÔCKEN qual a Constituição serve como simples
o
mente procedimental de HABER!vlAS, paraem princípio, e ao modelo apresentado por ou uma proibição para cada decisão imaginável do legislador. Esta
,
marco ao não proibir e nem obrigar nada excessiva de princípios e valores a conte
BÔCKENFÔRDE, contra a predominânciainfraconstitucional (tomando como base a
rem embrio11ariamente toda a normativa STHOFF: Constituição como ordem fun ALEXY. Robe1t. Epílogo à la teoría de los derecbos fundamentales. Tradução de
idéia do "ovo jurídico originário" de FOR
831
de modelo material-procedimental. De acor
damental), ALEXY propõe o que chama
Carlos Berna Pulido. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 2004. p. 23.
o para se sabe r se há alg um direito
eraçã
do com esse modelo, que demanda a pond "Es preciso diferenciar este tipo de criterios para la determinación dei contenido de
832
concepção de Constituição - ovo jurídico originário834 - não deixa modelo, a margem de ação do legislador838 , seu espaço de discricio
ria qualquer espaço livre à legislação835 . Eliminaria toda a margem nariedade, encontra-se delimitado pelo marco. Esta metáfora - do
de ação legislativa, o que contradiz o princípio da autonomia do marco - pode ser assim explicitada: "Eí marco es lo que está
legislador democraticamente legitimado 836. O terceiro modelo, ordenado y prohibido. Lo que se confia a la discrecionalidad dei
adotado pela Teoria dos Princípios de Alexy, "consiste en que se Legislador, o sea, lo que no está ordenado ni prohibido, es aquello
confian algunas cosas a su discrecionalidad [do legislador] y otras que se encuentra en e/ interior dei marco" 839• Desta forma, o marco
no, es decir, hay ciertas cosas que están ordenadas o prohibidas. e a discricionariedade definem a margem de a�ão do legislador -
Esta corresponde al modelo material-procedimenta/"837. Neste margem estrutural, e não apenas cognitiva 40: "Lo que está
834 Ex.pressão jocosa de FORSTHOFF. mir todas as margens de ação legislativa? Responde o autor: ··Esto sería posible si la
835 Em E/ concepto y valide= dei derecho ALEXY refere-se a esta posição extremada teoría de los princípios estuviera en condiciones de ordenar y prohibir algunas cosas
o "constituci o ai Legislador, y de no ordenar/e ni prohibirle otras. Si algo 110 está ordenado ni
como "constituci onalismo", contrapondo-a a o "legalismo". Segundo
nalismo'', apontando o caso Luth com o origem desta concepção, a Constituiçã
o é uma prohibido, está permitido hacerlo li omitirlo. Si está permitido hacerlo u omitir/o, es
ordem objetiva de valores que, enq u anto decisã o jurídica fundad or a do dire ito, vale discrecional". ALEXY. Robert. Epílogo à la teoría de l os derech os fundamentales.
tração e
para todos os seus âmbitos. dirigindo e impulsionando a legislação, oa dadminis Tradução de Carlos B erna Pulido. Madrid: Centro de Estudi os Constituci onales. 2004.
o judiciário. A '"máxima·· da pr o porcionalidade
direciona a aplicaçã o direito cons p. 27.
titucional. relegando a clássica subsunção, substituindo-a po r uma poto nderação segun 838
Na tradução para o português: ·'O tribunal constitucional federal fala muito de espa
nstituci na is. ALEXY , R obert. El concep y validez dei ços. A terminologia é rica. Ao lado da simples palavra 'espaço' encontram-se as ex
do valores e princípios co o
de Estudios
derecb o. Tradução de Carlos B erna! Pulido. Madrid: Centro pressões 'espaço de estimativa, de valoração e de co11Jiguração ', 'espaço de aprecia
i nal es, 2004. p. 159. Difer entem ente , o "legalismo'· propõe que o sistema ção·. 'espaço de atuação', 'espaço de decisão', 'espaço de prognose', 'espaço de ex
Constitu c o
o o sé
juridic o não deve ser redu zido uma mera concreção da Constituição, apontand periência e de adaptação', espaço de inte,pretação ', 'espaço de avaliação·. espaço
o d uma tirania d o s valo res. ALEXY refere-se à seguinte passagem de ponderação·. [. . .} Se se olha mais rigorosamente, então se encontra a dicotomia
rio risco da instituiç ã e
sostiene
de F orsthoff - positivista e lib eral: "La j11risprudencia se autodestniye si no decisiva. É a diferença entre espaços estmturais e espaços epistêmicos ou de conhe
la subsunción
incondicionalmente que la inte,pretación de la ley es la obtención de cimento". ALEXY, Robert. Constitucionalismo discursivo . Tradução de Luís Afonso
silogística". umbildun g des
correcta en e/ sentido de la inferencia FORSTH OFF, E. D ie Heck. P orto Alegre: Livraria do Advogado, 2007. p. 79.
: Berlin, 83Q ALEXY, Robert. Epílogo à la teoría de los derech os fundamentales. Tradução de
Verfassungsgesetzes. ln: Festschrit fiir C. Schmitt. Barion/F orstboff/W. eTbrer
1959. p. 41, ap11d ALEXY, Robert. El concepto y validez dei derecho
adução de Carlos Berna Pulido. Madrid: Centro de Estudi os C onstituci onales, 2004. p. 28.
2004.
Carlos Berna! Pulido. Madrid: Centro de Estudios Constitu cionales, off se 840 A margem de ação cognitiva - denominada também de epistêmi ca - "nasce dos limi
p. 160. Refere-se também à seguinte frase sarcástica de FORSTHOFF: "Forsth tes de reconhecer do que a constituição, por u111 lado, ordena e proíbe, e, por outro,
o debe de ser
es
mofa de la concepción según la cual todo e/ sistemajurídico tan só/o nem ordena nem proíbe, portanto. libera. [. . .} Nasce dos limites da capacidade de re
una concreción de la Constitu ción. En este contexto habla de la 'Constitu ción como
la ley sobre conhecer dos limites da constituição". ALEXY. Robe1t. Constituci onalismo discur
protoorige11j11rídico dei que"'todo surgiría, desde e/ Código Perna/ hasta sivo. Tradução de Luís Afonso Heck. Porto Alegre: Livra1ia do Advogado. 2007.
constitucio
fabricación de termómetros . Idem, p. 160. Sinteticam ente, legalismo e p. 79-80. Noutra obra, esclarece o auto r que a margem (d e ação cognitiva) aparece
Norma en ve= de valor; (2) subsunción
nalismo opõem-se nos seguintes p ontos: ·'(!) ve= de ia
quando "son inciertos los conocimientos acerca de lo que está 01·denado, prohibido o
de pondera ción; (3) indepen dencia dei derecho ordinari o en
en ve= confiado a la discrecionalidad dei Legislador por derechos fundamentales "_ A incer
(4) autonom ía dei legislado r democrá tico dentro
omnipresencia de la Constitución; teza pode recair sobre premissas empíricas ou sobre premissas normativas. ALEXY,
judicial apoyada en la
dei marco de la constitución en lugar de la omnipotencia Robert. Epílo go à la teoría de los derecb os fundamentales. Traduçã o de Carlos
Constitución, sobre todo dei Tribuna l Constitu cional Federal". Idem, p. 160. A con
ns s co Berna Pulido. Madrid: Centro de Estudios Constituci onales, 2004. p. 82. C om o regra
frontação das teorias demonstra o ponto de tensão entre os princípios materiai ao le de limitação à margem epistêmica empírica do legislador, propõe ALEXY: ..Cuanto
tantes da Constituição e o princípi o democ rático - que é fonnal - queqatribui más intensa sea una intervención en un derechofimdamental, tanto mayor debe ser la
de realizar esc ollias po líticas. ALEXY pr opõ e o ue denomina
gislador eleito poderes cene=a de las premisas que sustentan la intervención ··. Idem. p. 93. A margem de
das concep
de ·'constituci onalismo m oderado"', enfrentando a questão com o auxílio ação c ognitiva nom1ativa atribui ao legislador a competência de deternunar '"dentro de
ções de ordem marco e de ordem fundamental, como adiante se verá.
un cierto contorno (exactamente e/ contorno dei margen de acción cognitivo) lo que
836 ALEXY, Robert. Epílogo à la teoría de los derecbo s fundamentales. Tradução de está ordenado y prohibido y lo que es discrecional, de acuerdo con los derechos
p. 26-27.
Carlos Berna Pulido. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 2004. fundamentales". Idem, p. 98. Tal margem. esclarece ALEXY, deve ser limitada para
Esta concepção também não é acolhida pela t eo ria d os princ ípi os de ALEXY. não por em risco a margem de ação estmtural - e a vinculação do legislador aos di
837 Idem, p. 28. O modelo adotado por ALEXY pretende dar respostas a duas questões: reitos fundamentais. A margem de ação cognitiva normativa é relevante u ni camente
dor,
está a Teoria dos Princípios capacitada a estabelecer certas proibições ao legisla quando as premissas carecem de certeza. sendo aceita somente em caso de
- ---- --=nt;.-l n rl P li m it:ir a atuação deste? Outra: é possível fazê-lo sem supri-
0 "inseguridad normativa". Idem, p. 99. O perigo. identificado por ALEXY, é qu e sob o
214 Henrique Ribeiro Cardoso Proporcionalidade e Argumentação 215
rio; lo
es constitucionalmente necesa ente "definen o que se debe entenderse por 'optimización ', de acuerdo
ordenado por la Constitución lm con la teoría de los principios"846• Anote-se que a discricionarieda
Constitución es constituciona del
que está prohibido por la ad de atribuída ao legislador, nu ma ordem marco, possui seu correlat o
ción confia a la discre841cionaplid
imposible y lo que la Constitu itu cio nalm ente posib le" • O rob lema nas atividades jurisdicionais e administrativas.
es tan sol o co nst itucionalmente
a existência do const
Legislador l ma d A Constituição como ordem fundamental pode ser con ce
c é p e
da ordem sua teoria dos princí
ma r o o rob
842
Pr põ Al exy co m patibilidade de bida em dois sentidos: quantitativo e qualitativo. A Con stituição é
possível . o e a
a de pro orciona
imização - e da regr 84p
pios como mandamentos de ot n" • A ado u ma ordem fun damental em sentido quantitativo "si no confia nada
lidade843 - com "el carácter
marco de la Constitució i va é
a la discrecionalidad dei Legislador. Es decir, si para todo tiene un
argum e tat
ade numa vertente
n
ç'ão da regra da propor cionalid al de argumentos no espaço re mandato o una prohibición"847. Todos os prin cípios jurídicos e
cion
u ma proposta de utilização r a tro da marge m de ação estrut
ural possibilidades de e�uilíbrio para a configuração da ordem jurídi ca
à dis cr o ari ed ade - den estão nela contidos
8 8
. O legislador, n este modelo, vê seu papel re
servad 45. A proporcion alidade, com suas três subregras,
o ici n
n / a s d e c id e n asuntos jundam
m e dia te e l e
con el autor que, em hipótese de colisão entre princípios que se contra
fundam e ntal sí es compatible
dad. Esto conce pto de ord85e n
concepto de orde n marco" º. põem na decisão de um caso concreto p osto em juízo, a argumenta
ção fundada na proporcionalidade daria uma resposta fundamenta
cípios,
o sua teoria dos p rin
Esclar ece Alexy que, segund te
da racionalmente. Na mesma linha de sua Teoria da argumenta
b a C nst itui çã o dev e dec idir assuntos fundamentais - e nes ção jurídica, Alexy vale-se de fónnulas lógicas e matemáticas para
uma o o
tempo, dei
sentido ser uma ordem
fundamental - mas, ao mesmo ordem mar sustentar a racionalidade de seu processo de decisão.
e neste sentido ser um a
xar _muitos pontos em aberto -omina de "constitucionalismo mode - Por possuir na tese em apresentação um papel central a re
co8) 1. Alexy propõe o que den gra da p roporcionalidade, bem como p or serem precedentes lógicos
rado"852. I sto será possível: da ponderação (proporcionalidade em sentido estrito) as subregras
da adequação e da necessidade, far-se-á um pequeno excurso da
ión ordena y p rohíbe algunas
Si, en primer lugar, la Constituc regra da proporcionalidade, em cotejo com a Teoria dos Princípios
marco; si, en segundo lugar,
cosas, es de cir, establece un podere s de Alexy, exposta em sua Teoría de los derechos fundamentales
e cionalidad de lo s
confia otras co sas a Ia discr y, n tercer e em seu Epílogo, pontos de contato da proporcif)nalidade com a
rgene s de acción; e
pú blicos, o sea deja abierto s máprohibicione s decide aquellas Teoria da Argumentação Jurídica - e des ta com a Etica do Discurso
lugar, si mediante mandatos yla sociedad q ue p ueden y de ben e com a Teoria do Agir Comunicativo.
cuestiones fundamentales paruación853
se r de cid idas por u na Constit A origem remota da regra da proporcionalidade857 - usual
mente denominada de princípio , máxima ou postulado da propor-
oria dos Princípios -
di
O que Alexy busca, com sua Te t m záve is - é a
ra de princípios o i i
reitos fundamentais com estrutu há, em Teoría de los derechos Nesta obra. são denominadas de subpri.ncípios. ALEXY. Robe1t. Epílogo à la teoría
855
Madrid: Centro de Estudios Con es. Tradução de va 84) refere-se. por diversas vezes à proporcionalidade como máxima ou mesmo
853 ALEXY, Robert. Epílogo à la teor ía de los derechos fundamental
de Estu dios Con stitu ciou ales . 2004. p. 31. como princípio, o que gera uma certa confusão. Em sentido semelhante do aqui ex
tro
Carlos Bema Pulido. Madrid: Cen 111-115. ALEXY, posto, adotando a proporcionalidade como regra: AFONSO DA SILVA. Luís Virgílio. O
auto r trat a das subr egra s da necessidade e da adequação às p. Garzón Valdés. proporcional e o razoável. Revista dos Tribunais, a. 91. v. 798, p. 25. abr. 2002. Em
� O ução de Ern esto
85
fund ame ntales. Trad
Robert. Teoría de los derecbos 7. p. 112 . Nes ta obra são referidas sentido semelhante. excluindo a natureza de princípio em relação à proporcionalidade.
stitucionales. 199
Madrid: Centro de Estudios Con Humberto Bergmann ÁVILA. que classifica a proporcionalidade como um postulado
como máximas.
218 Henrique Ribeiro Cardoso
Proporcionalidade e Argumentação 219
cionalidade - é identificada, na pena de Suzana de Toledo Barros,
Antes adentrar no tema específico
como uma decorrência da passagem do Estado de Polícia para o nalidade - com suas subregras - cabe escl da regra da proporcio
Estado de Direito, formulada com o intuito de controlar o poder de arecer, com o auxílio de
Luís Virgílio Afonso da Silva, a frequente
con
coação do monarca - poder de polícia - ilimitado quanto aos fins e tre a proporcionalidade, a proibição do exce fusão que se faz en
quanto aos meios que poderia empre�ar, estando inicialmente liga sso, a proibição da in
suficiência e o princípio da razoabilidade860
do à questão da proporção das penas8 8 .
quada quando sua "utilização não contribuir em na da para fomen elemento de orden marco, su función consiste en excluir lo no
tar a realização do objeto pretendido"879• idóneo, sin que de este modo !legue afijarlo todo"886.
Em Alexy, não é demais ressaltar, a adequação - como A necessidade, segunda das subregras da proporcionalidade,
também a necessidade e a proporcionalidade em sentido estrito - exige para seu atendimento, na precisa lição de Alexy, que "de dos
estão dentro do campo de ação estrutural do legislador880. O foco medios igualmente idóneos sea escogido e! más benigno con e!
de sua Teoria, entretanto, é a atuação do julgador, ainda que no jul derecho fundamental afectado"887. Nesta linha, traz Luís Virgílio
gamento pelo Tribunal Constitucional acerca da constitucionalida Afonso da Silva que: "Um ato estatal que limita um direito funda
d,e ou não ·de uma lei881 . Desta forma, a adequação (idoneidade) mental é somente necessário caso a realização do objeto persegui
funciona como um critério negativo mediante o qual se pode verifi do não possa ser promovida, com mesma intensidade, por meio de
car quais meios são idôneos ou não à otimização882. Há sempre outro ato que limite, em menor medida, o direito fundamental atin
uma pergunta implícita para sua satisfação: o meio escolhido é gido"888. O exame da necessidade difere do exame da adequação:
adequado (idôneo) ao atendimento - ou ao menos ao fomento883 - este é um exame absoluto889, ao passo que aquele é "imprescindi-
do objetivo visado?884. Sua resposta não busca atingir um ponto
máximo, tampouco uma única resposta correta: há, entretanto, a 886
ALEXY, Robert. Epílogo à la teoría d.e los derechos fundamentales. Tradução de
pretensão de alcançar a maior realização possível de acordo com as Carlos Berna Pulido. Madrid: Centro de Esn1dios Constitucionales, 2004. p. 41.
possibilidades fáticas885 • A subregra da adequação (idoneidade), Idem, ibidem.
887
é es
O conceito de "relação de precedência condicionada" suposto fático de uma norma que estabelecerá a solução da contro
princípios e da
sencial à compreensão da solução da colisão de vérsia acerca da colisão de princípios.
soluc ionad a através de
Teoria dos Princípios. Uma colisão pode ser 906 Para tanto, Alexy apresenta uma regra de colisão, que de
iva, conc reta • A
uma relação de precedência condicionada - relat nomina de "Lei de Colisão": K: se o princípio P 1, sob as circuns
tem prece
questão decisiva é sob quais condições qual princípio tâncias C, precede o princípio P2- (P 1 P P2) C- e se de P 1 sob as
ta Alexy que o
dência e qual deve ceder. Nestas situações, apon circunstâncias C resulta a consequência R, então vale uma regra
Tribunal Constituci9 onal Alemão "se sirve de la muy difundida que contenha C como pressuposto fático e R como consequência
P 1 tiene, en
metáfora de! peso" º • Prossegue Alexy: "El principio opuesto P2
7
ipio jurídica: C - R911 . Esta regra de colisão é assim formulada por
un caso concreto, un peso mayo r que el princ Alexy: "Las condiciones bajo las cuales un principio precede a
a a P2, bajo
cuàndo existen razones suficientes para que P91.preced
las condiciones C dadas en el caso concreto" . P 1 eº P2 são prin
otro constituyen e! supuesto de hecho de una re{la que expresa la
consecuencia jurídica dei prindpio precedente"9 2. Dos enunciados
s concretas, e
cípios contraditórios, C representa as condições fática cond.1c10na
· � � · seguem-se regras913
dos de preierencia
inte formu
P a relação de precedência. Desta forma, tem-se a segu . A questão de que a Teoria dos Princípios de Alexy se ocu-
sas: (P2 P
lação: (P 1 P P2) C. Ou ainda, sob condições fáticas diver pa é de propor uma racionalidade discursiva da ponderação aplica
pelo Tribu nal Constitu
P 1) C'. A ponderação, na fórmula adotada prece dência da à fundamentação do enunciado de preferência914: "Una ponde
cional alemão, consiste em mencionar as cond ições de
estas cond ições , P 1 pre ración es racional si e! enunciado de prefserencia ai que conduce
(C) e a fundamentação da tese de que, sob mbra puede ser .fundamentado racionalmente"9 5. Desta maneira, o pro
ment ação vislu
cede a P2 - ou, P2 precede a P 1. Nesta funda - boas blema da racionalidade da ponderação conduz à questão da possi
discu rso
Alexy espaço à argumentação na linha da ética do a bilidade de fundamentação racional dos enunciados que estabele-
ter prim
razões para que um princípio preceda a outro: "E/ carác
una carga
facie de los principias puede reforzarse introduciendo
nado s princ ipias o de determi-
de argumentación en favo9r 9de termi
nados tipos de principios" • º 911 ALEXY, Robert. Teoría de los derechos fundamentales. Tradução de Ernesto
Garzón Valdés. Madrid: Centro de Estudios Constituciouales. 1997. p. 94. ALEXY,
e
Adverte Alexy que C possui uma função dúplice: estabde tal qual em sua Teoria da arg11mentaçãoj11rúlica. utiliza-se de fónnulas lógicas como
de outro em
lece a preferência de um princípio em detrimento
meio de demonstrar a racionalidade dos métodos propostos.
sob as giz Idem, ibidem.
terminadas condições, mas também estabelece condições send o esta,
013 Idem. p. 159.
quais se produz uma lesão a um direito fundamen tal, gi� Ressalta ALEXY que o modelo de detemtinação da precedência condicionada segue
os ftm
portanto, proibida do ponto de vista da otimização dos direit um procedimento racional de ftmdamentação, e não um modelo subjetivo de decisão.
damentais: "Si una acción satisface las condicion es C, entonces Por este último modelo. a ponderação derivaria exclusivamente das concepções sub
910
enta/ " • C é um pres- jetivas de quem pondera. não se podendo.falar em ponderações corretas ou falsas - o
pesa sobre ella una prohibición iu�fundam resultado seria racionalmente incontrolável. O modelo de ftmdamentação, diferente
mente. postula que o julgador se pauta. na fommlação de sua regra individual (deriva
da da regra de colisão) por critérios racionais, sendo possível, portanto, tratar estas
normas como corretas ou falsas. Idem. p. 158. Esta posnrra de ALEXY deriva da ado
906 Info1ma ALEXY que o Tribunal Constitucional alemão exclui qualquer relação de
te frase: ·'ninguno de ção da Ética do Discurso no �rnbito do direito - teoria discursiva do direito. Como já
precedência incondicionada (absoluta. abstrata), com seguin
al otro ". ALEXY, Robert. explicitado no Capítulo Il. a Etica do Discurso é uma teoria cognitivista da moral que
frente
estas intereses merece s� más la precedencia Ernest o Garzóu Valdés. sustenta que os juízos morais s�o passíveis de verdade - ou mais precisamente. de va
Teoría de los derech os funda menta les. Traduç ão de
ales. 1997. p. 92. lidade. Em HABERMAS: ··A Etica do Discurso refuta o cepticismo ético, explicando
Madrid: Centro de Estudios Coustitucion como os juí:;os morais podem ser fundamentados·•. HABERMAS. Jürgen. Consciên
907 Idem, p. 93. cia moral e agir comunicativo. 2. ed. Tradução de Guido A. de Ahueida. Rio d e Ja·
908 Idem, ibidem. neiro: Tempo Brasileiro. 2003. p. 12 l.
909 Idem. p. 101. 915 ALEXY, Robert. Teoría de los derecbos fundamentales. Tradução de Ernesto
910 TAnw, n Q1_ Garzón Valdés. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales. 1997. p. 159.
232 Henrique Ribeiro Cardoso Proporcionalidade e Argumentação 233
cem as preferências condicionadas.entre os princípios colidentes916. Além das regras gerais da argumentação jurídica, expostas
Alexy não adota uma tese radical acerca da racionalidade de seu no Capítulo anterior, Alexy se refere à existência de argumentos
método. Ao contrário, defende que a ponderação não é procedi específicos de ponderação - regras constitutivas para as pondera
mento iue em cada caso conduza necessariamente a um único re ções. Formula duas regras de ponderação, construídas tomando por
sultado 7• Sua tese é moderada. Sustenta, em seu Epílogo que, com base a jurisprudência do Tribunal Constitucional alemão.
a ajuda da ponderação, "ciertamente no en todos, pero sí en
algunos casos, puede establecerse un resultado de manera racional y A primeira regra de Ronderação, também denominada de
que la clase de estas casos es suficientemente interesante como para "lei da ponderação material" 22, exposta pelo autor já em Teoría
la existencia de la ponderación como método esté justificada"918• de los derechos fundamentales, é assim enunciada: "Cuanto mayor
es el grado de la no satisfacción o de afectaciôn de un principio,
É precisamente neste ponto que a regra da proporcionali tanto mayor tiene que ser la importanda de la satisfacción dei
dade se socorre da teoria da argumentação jurídica - Tese do Caso otro"923• Por esta regra, a medida de não satisfação ou de afetação
Especial - como forma de obter ganhos no que se refere à sua racio de um princípio depende do grau de importância da satisfação do
nalidade. Para a fundamentação dos enunciados condicionados de outro princípio colidente. Expressa claramente que oJeso dos prin
preferência (P 1 P P2) C, que possuem o caráter de fundamentação cípios não é tomado absolutamente, mas em regra9 relativamen-
de uma regra concreta (C-+R: sob certas condições, C ordena a
consequência jurídica R), pode-se utilizar de todos os argumentos diferencia desaparece aún más si se !iene en cuenta que, también dentro del marco de
possíveis na argumentação de direito fundamental: "cánones de
la interpretación habitual, se llevan a cabo regularmente po11deraciones ". Idem,
ibidem. Estas ponderações em interpretações de regras, entretanto, nã_o seguem o pro
interpretación, argumentos dogmáticos, prejudiciales, prácticos y cedimento descrito por ALEXY, com o estabelecimento de uma regra de precedência
empíricos en general, como así también las formas de argumentos condicionada numa hipótese de colisão. A ponderação referida por ALEXY. como se
depreende das razões presentes comumente em decisões jurídicas (vontade do legisla
específicamente jurídicos" • Esta fundamentação do enunciado de
919
dor constitucional. consequências negativas de mna detemtlnação d� preferência dife
preferência condicionado e de sua regra correspondente (C-+R) pode rente da sustentada. consensos dogmáticos e decisões anteriores), é a ponderação no
fazer referência, portanto, à vontade do legislador constitucional, às sentido usual, de estudo dos beneficios e maleficios que o resultado que utna deteruú
consequências negativas de uma determinação de preferência dife
nada interpretação causará.
qzz ALEXY, Robert. Epílogo à la teoría de los derecbos fundamentales. Tradução de
rente da sustentada, a consensos dogmáticos e a decisões anterio Carlos Berna Pulido. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales. 2004. p. 93.
res920. E, na medida em que isto ocone, "la fundamentación de un 923 ALEXY, Robert. Teoría de los derechos fundamentales. Tradução de Ernesto
enunciado de preferencia condicionado no se diferencia de la Garzón Valdés. Madrid: Centro de Eshidios Constitucionales. 1997. p. 161. A regra,
fundame semánticas establecidas para mayor
ntación de regias ,,92 q ue vigora preponderantemente no âmbito da margem de ação estruhrral - está trans
· ,, crita também em: ALEXY. Robert. Epílogo · à Ia teoría de los derechos
preczszon a conceptos vagos 1 fundamentales. Tradução de Carlos Berna Pulido. Mad!id: Centro de Estudios
Constitucionales. 2004. p. 48: e em ALEXY. Robe1t. Constitucionalismo discursivo.
Tradução de Luís Afonso Heck. Porto Alegre: Livraria do Advogado. 2007. p. 133.
916 ALEXY, Robert. Teoría de los derechos fundamentales. Tradução de Ernesto Nesta obra mais recente. foi desta fo1ma traduzida para o português: ''Quanto mais
Garzón Valdés. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 1997. p. 159. • alto é o grau do não cumprimento ou prejutzo de um principio. tanto maior deve ser a
Q\ 7 Na mesma linha de sua Teoria da argumentação jurídica. importânci� do cumprimento do outro··.
924 A expressão "em regra" deve-se à constatação de ALEXY que. por vezes. como adiante
Q\S ALEXY, Robert. Epílogo à la teoría de los derechos fundamentales. Tradução de se demonstrará, o peso abstrato dos princípios poderá influenciar no resultado da pon
Carlos Berna Pulido. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 2004. p. 50. As deração. Em seu Epílogo à la teoría de los derechosfundamentales e em Constitucio
certezas esmaeceram com o surgimento da Segunda Modernidade, onde impera o ris nalismo discursivo o autor complementa sua ·'fórmula peso". admitindo a influência
co e a ambivalência.
919 ALEXY, Robert. Teoría de los derechos fundamentales. Tradução de Ernesto do peso abstrato dos princípios. Em regra. entretanto. os princípios possuem pesos
abstratos idênticos. o que faz com que se desconsidere esta variável. ALEXY, Robert.
Garzón Valdés. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 1997. p. 159. Epílogo à la teoría de los derecbos fundamentales. Tradução de Carlos Bema
920 Idem, ibidem.
Pulido. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 2004. p. 68: ALEXY� Robert.
'l2\ Idem, ibidem. Reafimrn ALEXY, neste ponto, a semelhança estrutural entre os con Constitucionalismo discursivo. Tradução de Luís Afonso Heck. Porto Alegre: Livra
ceitos jurídicos indeterminados ("vagos") e os princípios. Prossegue o autor: "La ria do Advogado, 2007. p. 15 l.
- .
te925. E, mais importante: "Dice qué es lo que hay que fundamentar principio contrario justifica la afectación o la no satisfacción
para justificar el enunciado de preferencia condicionado que dei otro930.
representa el resultado de la ponderación"926: a fundamentação /
terá por base enunciados acerca dos graus de afetação e de impor Sustenta Alexy que é possível emitir juízos racionais sobre
tância927, acerca do peso das razões que justificam ou não a inter os graus de intensidade e de importância em que se veem afetados
venção. Assim, "la razón para la intervención, que tiene un peso os princípios, e que estes juízos podem ser relacionados entre si 'para
intenso, justifica la intención leve"928• a fundamentação de um resultado9 31. A ponderação não se realiza de
forma arbitrária ou irreflexiva932 . Trata de identificar o que é cor
Esclarece Alexy, em seu Epílogo à la teoria de los reto para a Constituição, servindo-se de um discurso - mais preci
derechos fundamentales, que a regra de f onderação mostra que a samente, de um procedimento-- racional que possibilite um ponto
ponderação pode se dividir em três passos 29: de vista uniforme - o ponto de vista da Constituição933.
Exemplifica com a decisão do Tribunal Constitucional
En el primer paso es · preciso definir e/ grado de la no
satisfacción o de afectación de uno de los principias. Luego, en alemão num processo em que uma revista de humor - Titanic -
un segundo paso, se define la importancia de satisfacción dei chamou um soldado portador de necessidade especiais (paraplégi
principio que juega en sentido contrario. Finalmente, en tercer co) de aleijado ("tullido"). O Tribunal reconheceu que tal conduta
paso, debe definir-se si la importancia de la satisfacción dei
930 ALEXY. Robert. Epílogo à Ia teoría de los derechos fundamentales. Tradução de
925 Carlos Berna Pulido. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 2004. p. 49. Ao
ALEXY, Robert. Teoría de los derechos fundamentales. Tradução de Ernesto rebater críticas de HABERMAS, acerca da racionalidade do método de ponderação,
Garzón Valdés. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales. 1997. p. 161. ALEXY, se assevera ALEXY: "La objeción de Habermas en contra de la teoría de principias
guindo seu objetivo de demonstrar a racionalidade de seu método, faz uso de curvas de estaría esencialmente justificada, si no fi.1era posible emitir juicios racionales, en
indiferença. comumente utilizadas nas ciências econômicas, para demonstrar a relação de primer lugar, sobre las intensidades de · tas intervenciones en los derechos
substituição de direitos ftmdamenta.is. As curvas de indiferença aclaram as ideias que es fundamentales; en segzín lugar, sobre los gradas importancia de la satisfacción de los
tão por trás da Lei de Ponderação, mas não oferecem um procedimento definitivo de deci pr{ncipios; e__n tercer lugar, sobre la relación que existe entre 11110 e otro ··. Rebatendo
são: "Sin embargo, la ley de ponderación no es inútil". Idem, p. 161-164. BOCKENFORDE: '·La objeción de Bockenforde estaría esencialmente justificada, si
926
Idem, p. 164. la ponderación exigiera siempre una decisión exacta dei Legislador, es decir, si no
927
Apenas em _Epílogo à la teoría de los derechos fundamentales a questão dos graus é existieran márgeiws estructurales para la ponderación". (Idem, ibidem.) Assevera o
devidamente explorada por ALEXY. ALEXY, Robert. Epílogo à la teoría de los autor que "julgamentos sobre a proporcionalidade erguem, como todo julgamento,
uma pretensão de con-eção. e essa pretensão se apóia em julgamentos a resp_eito·do
derechos fundamentales. Tradução de Carlos Berna Pulido. Madrid: Centro de
grau de intensidade como ra:::ões. Isto basta para o argumento de que a ponderação
Estudios Constitucionales, 2004. p. 59-81. Os graus - leve, médio e grave - são pro
postos à p. 60. Observa ALEXY que dentre as razões apresentadas em decisões de não nos tira do âmbito da justificação e correção''. ALEXY, Robert. ··constitutional
ponderação do Tribunal Federal alemão, encontram-se diferentes juízos valorativos: rights, balancing, and rationality". ln: Ratio Juris. n. 2, v. 16, p. 139, jun. 2003, apud
referências a fatos, a resultados danosos hipotéticos, e a juízos normativos. Tais espé VELASCO, Marina. Habermas, Alexy e a razão prática kantiana. ln: SIEBENEI
cies de juízos são necessárias na detenninação do campo de ação dos conceitos juridi CHLER, Flávio Beno (Org.). Direito, moral, política e religião nas sociedades plu
ralistas: entre Apel e Habermas. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro. 2006. p. 33-34.
cos indeterminados, "en e! ámbito de la interpretación clásica ". ALEXY, Robert. 931
Teoría de los derechos fundamentales. Tradução de Ernesto Garzón \raldés. ALEXY, Robert. Epílogo à la teoría de los derechos fundamentales. Tradução de
Carlos Berna Pulido. Madrid: Centro de Estudios Constituciohales, 2004. p. 58.
Madrid: Centro de Estudios Constitucíonales. 1997. p. 165. Os conceitos juridicos ín 932 Esta é a critica de HABERMAS. HABERMAS. Jürgen. Direito e democracia: en
detenninados (conceitos vagos) devem ser interpretados. As valorações exercem rele tre facticidade e validade. 2. ed. Tradução de Flávto Beno Siebeneichler. Rio de Janei
vante papel na detetminação do campo de ação destes conceitos. Esta interpretação ro: Tempo Brasileiro, 2003. v. I, p. 322-323. HABERMAS adota. na linha de
não deixa de ser racional por se reconhecer a importância da ponderação. Idem, p. GÜNTHER, o critério de adequação - ·'validade de um juí:::o dedu:::ido de uma norma
166. válida, através do qual a norma subjacente é satisfeita".
928
ALEXY, Robert. Epílogo à la teoría de los derechos fundamentales. Tradução de QJJ ALEXY, Robert. Constitucionalismo discursivo. Tradução de Luís Afonso Heck.
Carlos Berna Pulido. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 2004. p. 52. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007. p. 142. Não é demais lembrar que a Teoria
929
Estes três passos são também referidos em ALEXY, Robert. Constitucionalismo de Alexy deriva de uma ética cognitivista e procedimental, que estabelece que uma
��s c�rsi".�· Tradução de Luís Afonso Heck. Porto Alegre: Livraria do Advogado, no1ma correta possa resultar de um procedimento. A correição moral (e juridica) é
_ - análoga à verdade empírica.
236 Henrique Ribeiro Cardoso
Proporcionalidade e Argtunentação 237
implicava uma humilhação pública e uma falta de respeito que por exemplo, a proibição de venda de cigarros e assemelhados por
afetavam sua dignidade: "No se trata entonces, simplemente, de meio de máquinas somada à restrição de sua comeroialização a de
una afectación grave, sino de una afectación muy grave o terminados estabelecimentos - tabacarias. De outro lado, como o
extraordinariamente grave"934. Conclui, da decisão do Tribunal, conhecimento da medicina atual assegura que fumar causa câncer,
que uma afetação grave quase nunca pode ser justificada pela con doenças cardíacas e vasculares, o peso dos fundamentos que justifi
tundência das razões que jogam a favor da intervenção. Esta cir cam uma intervenção é alto, pesando gravemente. Desta fonna, fi
cunstância funciona como uma "barrera cortafuego" de proteção xada "a intensidade da intervenção como leve e o grau de impor
dos direitos fundamentais. O estudo do denominado "caso Titanic", tância do fundamento da intervenção como alto, então o resultado
além desta ban-eira de proteção aos direitos fundamentais, permite é fácil de reconhecer. O fundamento de intervenção grave justifica
entrever a possibilidade de uma gradação de intensidades na estru a intervenção leve"937. Sendo mais claro: o peso elevado (grave) do
tura da ponderação935 . direito que fundamenta uma intervenção, justifica a afetação (pre
Para aplicar seu método de sopesamento, propõe Alexy juízo, não realização, não cumprimento) leve de um direito funda
uma escala triádica de graus: leve, médio e grave. Estes graus mental que com ele colide no caso concreto938.
"formam uma escala que tenta sistematizar classificações que se Aponta Alexy que:· "De esta manera, se forma una escala
encontram tanto na prática cotidiana como na argumentação jurí triádica con los gradas 'leve', 'media' e 'grave'. Nuestro ejemplo
dica"936. Exemplifica a possibilidade de seu reconhecimento da se muestra iue es posible concebir una ordenación válida de dichos
guinte forma: numa colisão entre a proteção à saúde da população e grados"9 . A gradação das intensidades de não satisfação ou de
à liberdade de oficio de profissão, três medidas podem ser tomadas: afetação de um princípio e o grau de importância da satisfação do
a primeira, de intensidade leve, consiste em colocar advertências princípio colidente são objetos de valoração como leve (reduzido,
sobre os perigos que implica em fumar; a segunda, de intensidade débil), médio, e grave (elevado, forte)940 . Razões plausíveis - justi-
grave, consiste em proibir todo que qualquer produto que contenha
o tabaco; a terceira medida, intermediária no caso exposto, seria, 937
ALEXY, Robert. Constitucionalismo discursivo. Tradução de Luís Afonso Heck.
Porto Alegre: Livraria do Advogado. 2007. p. 134.
934 QJS O exemplo dado por ALEXY é mn caso manifesto de proporcionalidade da medida
ALEXY, Robert. Epílogo à la teoría de los derechos fundamentales. Tradução de adotada pela administração alemã - semelhante à postura brasileira: a colocação de
Carlos Berna Pulido. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 2004. p. 57. advertências em embalagens de produtos de tabaco acerca· do risco de seu consumo.
935
Idem, ibidem. Refere-se ALEXY à lei de taxa marginal de substituição, explicitada em 930
ALEXY., Robert. Epílogo à la teoría de los derechos fundamentales. Tradução de
sua Teoría de los derechos fundamentales, decorrente de curva de indiferença em que Carlos Berna Pulido. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales. 2004. p. 51. Re
x = segurança externa, e y = liberdade de imprensa. Desta curva extrai a seguinte re bate criticas afirmando que é possível conceber uma ordenação válida de graus:
gra: ''Si disminuye la libertad de prensa, se requieren aumentos cada ve::- mayores de "Basta imaginar que alguien catalogara la prohibición de todos los productos
la seguridad externa, a fin de compensar una disminución aún mayor de la libertad ' derivados dei tabaco como una inten•ención leve en la libertad de profesión y oficio
de prensa, y vice versa". ALEXY, Robert. Teoría de los derechos fundamentales. y, por el contrario, el deber de colocar pdvertencias el los paquetes como una
Tradução de Ernesto Garzón Valdés. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, intervención intensa. Sería dificil tomarse en serio estas apreciaciones ". (Idem,
1997. p. 162. Os desenhos das curvas de indiferença que não tocam, sequer se apro ibidem.) Assevera ALEXY que as intensidades de intervenção e os graus de impor
ximam do ponto O (origem), demonstram que na ponderação de princípios de direitos tância não podem ser medidos c.om a ajuda de tuna escala cardinal - O, 1, 2 ...
fundamentais. por maior que seja a importância de um deles (P2 - segurança externa, ALEXY, Robert. Epílogo à la teoría de los derechos fundamentales. Tradução de
por exemplo). o princípio que com ele colide (Pl - liberdade de imprensa, por exem
plo) jamais poderá ser restringido ou gravemente afetado. Há, aplicando-se a Teoria Carlos Berna Pulido. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 2004. p. 66. Em
dos Princípios ê!e ALEXY, uma proteção - uma barreira corta-fogo - aos direitos fun Constitucionalismo discursivo, na tradução de Luís Afonso HECK. leve. médio e gra
damentais. E esta proteção foi posta por ALEXY já em sua Teoria de los derechos ve são abreviados como I, m e s. Em nome da clareza. optar-se-á pela abreviação
constante de Epílogo à la teoría de los derechos fundamentales.
fimdamentales. Em seu Epílogo ALEXY exemplifica e traduz em palavras aquilo que 9�0 No exemplo citado: "A gradação das imensidades de não satfsfação ou de afetação
as curvas de indiferença já expressavam - embora de forma não tão óbvia. Este ponto de 11111 princípio" dizem respeito às medidas altemativas que afetam o princípio da li
é essencial à Teoria dos Princípios de ALEXY: além de propor uma fundamentação berdade de comércio e ae oficio (proibição total do comércio. proibição parcial soma
racional, é asseguradora dos direitos flllldamentais. A Lei de Ponderação continua da à advertência; e advertências nos maços de cigarros); ..o grau de in1portância da
finne frente às objeções de HABERMAS. satisfação do outro princípio (colidente)"' que justifica a intervenção no direito funda
936
ALEXY, Robe11. Constitucionalismo discursivo. Tradução de Luís Afonso Heck. mental de liberdade de oficio e de profissão diz respeito à proteção do consumidor,
l>nrtn Alegre: Livraria do Advogado, 2007. p. 143. especíalmente de sua saúde. Observa ALEXY que as intensidades de intervenção e os
'
238 Henrique Ribeiro Cardoso
Proporcionalidade e t\.rgumentação 239
941
ficadas ou justificáveis - respaldam a gradação da intensidade de
intervenção e a importância do princípio contrário942 à vida possui, em abstrato, um peso maior que a liberdade geral de
fazer ou de não fazer o que se quer - autonomia privada. Numa si
Seguindo sua proposta de apresentação lógica de sua teo tuação dada, a importância da proteção à vida pode ser determinada
ria procedimental, Alexy estabelece as seguintes formulações. Pri por seu peso considerado abstratamente e segundo seu risco no
meiramente, substitui, por simplicidade, "intensidades de não satis caso concreto. Em regra, entretanto, o peso abstrato dos princípios
fação ou de afetação de um princípio" pela expressão "intensidade (e dos direitos por ele protegidos) é igual, o que faz com que a de
da intervenção". Utilizando-se "Pi" coµio variável para o prirtcípio cisão dependa unicamente da importância no caso concreto. Esta
cuja vulneração se examina (princípio atingido por uma determina 'importância pode ser assim enunciada:· "I" representa a importân
àa medida), tem-se que a intensidade da intervenção pode ser re cia, "Pj" o princípio colidente que fundamenta a medida; e "C" o
presentada por "!Pi". Ressaltando o caráter concreto de sua ponde fato de se tratar da importância no caso concreto. Daí resulta que a
ração, sempre condicionada e frente a princípio colidente, agrega a importância concreta de "Pj" pode ser demonstrada por: "IPjC' -
especificação "C'. Tomando explícita esta relação: "!PiC' - inten grau de importância do princíP,io j colidente no caso concreto946 •
sidade de intervenção no princípio i em um caso concreto943 a ser Expressa de forma concisa: "Jj"947•
decidido944. Expressando de forma mais concisa: "Ji"945•
Os objetos da avaliação como!, m ou gestão fixados: [{ e
Acerca do grau de importância da satisfação do outro Jj. Dois passos já foram da,dos: li e Jj podem ser avaliados como !,
princípio (colidente), aponta que esta não deve ser \Pedida exclusi m ou g. Estes dois Brimeiros passos resolvem grande parte das coli
vamente no caso concreto, sendo possível construir um conceito de sões de princípios9 8
importância abstrato integrado a uma situação concreta: a proteção
O terceiro passo decorre logicamente dos dois primeiros
passos, apresentando três resultados possíveis em nove hipóteses.
graus de importância não podem ser medidos com a ajuda de uma escala cardinal - O, l, Quando a intervenção em Pi é mais intensa que a importância do
2 ... ALEXY, Robert. Epílogo à la teoría de los derechos fundamentales. Tradução de
Carlos Berna Pulido. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 2004. p. 66. 46 Neste ponto. especialmente, há tuna reformulação por ALEXY da ponderação pro
941 Q
..
Na linha da Ética do Discurso.
942 ALEXY, Robert. Epílogo à la teoría de los derecbos fundamentales. Tradução de posta em seu Epílogo à la teoría de los derechos fimdamentales. Nesta obra, ALEXY
·I
Carlos Berna Pulido. Madrid: Centro de Estudios Constituciooales, 2004. p. 57-58. se utiliza de um conceito de importância concreta do princípio atingido pela medida
'143 As intensidades de intervenção em Pi necessariamente são concretas. Pode-se atribuir, em exame a que denomina de W. Mais recentemente, entretanto. em artigo publicado
entretanto, \llll peso abstrato a Pi: ··o peso abstrato de um princípio Pi é o peso que originalmente em 2003 na Alemanha, traduzido para o português coro o título ·'A
cabe a Pi relativamente a outros princípios, independente das circunstâncias de al fórmula do peso", publicado no Brasil em 2007, o autor expressamente adota outra
1 solução: "O conceito de importância concreta de PJ é, como exposto, idêntico com o
1
guns casos". A consideração abstrata de Pi pode ser assim expressa: ·'GPC'. Esclarece
Alexy. entretanto, que o peso abstrato (A em oposição à C) de Pi ·'GPiA" somente de
li conceito da intensidade da intervenção em PJ por omissão da intervenção em Pi. [... ]
sempenha um papel na ponderação '·quando ele se distingue do peso abstrato do prin O equívalente para '!PiC' é. portanto. 'IPJC"'. ALEXY, Robert. Constitucionalismo
cípio contrário. Se os pesos abstratos de ambos os lados são iguais, então eles neu discursivo. Tradução de Luís Afonso Heck. Porto Alegre: Livraria do Advogado,
trali=am-se reciprocamente". ALEXY. Robert. Constitucionalismo discursivo. Tra 2007. p. 141. A formulação com o "W'' pode ser encontrada em ALEXY. Robert.
dução de Luís Afonso Heck. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007. p. 138-140. Epílogo à la teoría de los derecbos fundamentales. Tradução de Carlos Berna
QH ALEXY, Robe1t. Epílogo à la teoría de los derecbos fundamentales. Tradução de Pulido. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales. 2004. p. 61-62. Os elementos do
Carlos Berna Pulido. Madrid: Centro de Estudios Constituciouales, 2004. p. 60-61; caso concreto que são essenciais para decisão acerca da constitucionalidade ou não da
ALEXY. Robert. Constitucionalismo discursivo. Tradução de Luís Afonso Heck. medida são os efeitos que sua execução ou sua não execúção produzem nos princípios
Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007. p. 138-139. colidentes implicados na ponderação.
45 Esta fonuulação aparece apenas em ALEXY, Robert. Constitucionalismo discursi 947 ALEXY, Robert. Constitucionalismo discursivo. Tradução de Luís Afonso Heck.
Q
vo. Tradução de Luís Afonso Heck. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007. p. 139 Porto Alegre: Livraria do Advogado. 2007. p. 141.
948 Reconhece ALEXY que. em aigumas ocasiões. a classificação da intensidade de in
e seguintes. Neste novo artigo de Alexy - ·'A fónnula peso", publicado originalmente
em 2003 e compilado em edição brasileira de 2007, o autor se serve de argumentos e tervenção em leve, médio e grave pode gerar problemas, não sendo fácil, na prática
exemplos já expostos em seu Epílogo à la , JrÍa de los derechos fimdamentales - realizar algumas distinções. ALEXY. Robert. Epílogo à la teoria de los derechos
com publicação original em 2002. Há. entretanto, sensíveis alterações nas fórmulas que fundamentales. Tradução de Carlos Bema Pulido. Madrid: Centro de Estudios
apresenta. Por serem mais recentes. e por certo, influenciadas por críticas, num caminho Constituciot1ales. 2004. p. 67. Nestas hipóteses, a ponderação não poderá se apoiar ua
�- ____.,._,, ____,__,_ •o,õn ºº."º últi"'"" fónnulas as utilizadas oeste CapínLio. diferença das intensidades de intervenção. ALEXY, Robe1t. Constitucionalismo disétu-si
"n Trnrl11dio rle T .nís Afonso Heck. Po1to Alegre: Livraria do Advogado. 2007. p. 143.
240 Henrique RibeirnCardoso Proporcionalidade e A.rgwnentação 241
cumprimento de Pj, prevalece Pi949 : 1) Ji:g, Ij:l; 2) li:g, lj:m; 3) Aponta o autor a possibilidade de construção de um mo
li:m, lj:l. Diferentemente, prevalecerá Pj nos seguintes casos950: 4) delo triádico duplo como meio de solução de alguns casos de em
li:/, Ij:g; 5) Ji:m, Ij:g; 6) li:/, Ij:m. Além destas seis hipóteses, re pate. Desta forma ter-se-ia: }1) ll, (2) lm, (3) lg, (4) mi, (5) mm, (6)
solvidas pela escala triádica, outras três hipótese de empate podem mg, (7) g/, (8) gm, e (9) gg9 4. Reconhecendo a utilidade e a plausi
ocorrer: 7) li:/, lj:l; 8) li:m, Jj:m; 9) Ji:g, lj:g. bilidade deste recurso, mas enfocando a estrutura dos direitos fim
Alexy apresenta duas fórmulas que expressam a relação damentais, esclarece que estes não são "una materia que pueda ser
entre li (intensidade de intervenção de Pi) e Ij (grau de importância dividida en segmentos tan finos, de tal modo que se suprima la
de Pj) e demonstram a estrutura por trás do modelo triádico utili posibilidad de que existan empates estructura!es - es decir, de
zando-se para t�mto de números. A ''fórmula diferença"95 1 e a verdaderos empates � en la ponderación,_ o de tal modo que éstos
''fórmula peso"9)2 demonstram, uma com o auxílio da aritmética, se hagan prácticamente insignijicantes"9)5. Estes casos de empate
outra com auxílio de progressões geométricas, medições calculá
veis do peso dos princípios, Servem, na linha geral da obra do au 2/2=1: e li:g, lj:g; onde 4/4=1. Nestas hipóteses. com resultado igual a 1, o caso é de
tor, para demonstrar a racionalidade de seu método (procedimento), empate, com espaço à ponderação estrutural discricionária. Aponta ALEXY a vanta
gem desta formulação geométrica em relação à formulação aritmética na hipótese ·de
sem acrescentar novos argumentos à discussão953 • ampliação para um modelo triádico duplo: (1) li, (2) lm. (3) lg, (4) 111!, (5) mm. (6) mg.
(7) g/, (8) gm, e (9) gg. Enquanto a intensidade na escala aritmética estaria compreen
949 Expressa na Lei de Colisão: (Pi P Pj)C. dida entre os números 1 a 9, na escala geométrica a intensidade de wna intervenção .
950 Expressa na Lei de Colisão: (PJ P Pi)C. estaria compreendida entre 1/2 5 6 (0.0039062 5 ) a 256. Na fónnula quociente, em situa
ções extremas, os valores tendem ao zero e ao máximo -''infinito'·. Observa ainda. o
QSJ Apresentada somente em ALEXY, Robert. Constitucionalismo discursivo. Tradução autor, que em ponderações. não só as intensidades concretas. mas também os pesos
de Luís Afonso Heck. P01to Alegre: Livraria do Advogado, 2007. p. 144-145. abstratos podem desempenhar um importante papel. Relaciona, desta forma. as i.nten
952 Apresentada em ALEXY. Robert. Epílogo à la teoría de los derechos fundamentales. sidades de intervenção e de importância (li e Jj) aos pesos abstratos GPiA (resumida
Tradução de Carlos Berna Pulido. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 2004. mente. Gi) e GPJA (resumidamente. GJ). Desta relação, três hipóteses surgem: a pri
p. 67-71; e constante de ALEXY, Robe1t. Constitucionalismo discursivo. Tradução meira, em que os pesos abstratos são d_iferentes (Gi e GJ), mas as intervenções são (li
- de Luís Afonso Heck. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007, p. 146-150. e lj) são iguais. quando a intensidade dos pesos abstratos de Pi e PJ dará a solução da
953 Este fato não desincumbe a demonstração de suas principais formulações. A "fórmula ponderação: a segunda - essencialmente mais frequente e com isso muito mais im
diferença" é assim representada: GiJ=li-lj. GiJ representa o peso concreto de Pi rela portante - em que os pesos abstratos são iguais (Gi e Gj) e as intensidades de inter
tivamente a PJ. Ao se empregar os números 1, 2 e 3 para /, m, e g, respectivamente, venção diferentes (li e lj), hipótese em que a ponderação se resolverá pela gradação da
surgem resultados positivos, negativos e neutros. Serão positivos nos seguintes casos: intensidade de intervenção (li e lj); e a terceira. quando são diferentes tanto os pesos
li:g, lj:I; onde 3-1=2; li:g, lj:m; onde 3-2=1; e li:m, Jj:l; onde 2-1=1. Nestas hipóte abstratos de Pi e Pj (Gi e Gj) como as intensidades. de intervenção (li e lj}, hipó�se
ses, Pi prevalece sobre PJ. Serão negativos nos seguintes casos: li:/, Ij:g; onde 1-3= - em que a ponderação se resolverá pela gradação das quatro grandezas. Estas variantes
2; li:m, lj:g; onde 2-3=-l; e li:/, lj:m; onde 1-2=-l . Nestas hipóteses, PJ prevalece so são expressas na seguinte fórmula: GiJ=Ji.Gi/Jj.Gj. Nesta fómrnla, não custa lembrar,
bre Pi. Os resultados serão neutros nas seguintes hipóteses: li:!, lj:l; onde 1-1=0; li:m, GiJ representa o peso concreto de Pi relativamente a PJ. Gi e GJ representam o peso
lj:m; onde 2-2=0; e li:g, lj:g; onde 3-3=0. O auxílio de números ''tem a vantagem da abstrato dos princípios colidentes Pi e PJ: e li e lj representam as intensidades de in
simplicidade da plausibilidade intuitiva alta'·. A "fórmula peso" toma como escala a tervenção no caso concreto - mais precisamente. o grau de intensidade de inter.venção
progressão geométrica de 2: 2º, 2', e 2', portanto, 1, 2 e 4. Esta formulação tem a de determinada medida em Pi, e o grau de importância de PJ que fw1damenta a medi
vantagem de demonstrar que os intervalos entre os graus não são iguais, mas sim da. Na aplicação da fóm1ula, a escala triádica deverá ser também aplicada a Gi e a GJ
crescentes em intensidade de intervenção ascendente, correspondendo à curva de indi de modo semelhante ao estabelecido para li e Jj. Desta aplicação surge uma nova
ferença da taxa marginal de substituição decrescente demonstrada em Teoría de los grandeza: o "peso concreto não-relativo" resultante de li.Gh e de Ij.GJ. Assim. tem-se
derechos fimdamentales (ALEXY, Robert. Teoría de los derechos fundamentales. Wi=li.Gi: e Wj=lj.Gj. Da equação. com a utilização da escala progressiva geométrica
Tradução de Ernesto Garzón Valdés. Madrid: Centro de Estudios Constituciona!es, (2°, 2 1 , 2 2) e mais precisamente do quociente de Wi por Wj resulta GiJ. ALEXY.
1997. p. 162). A "fónnula peso" se utiliza de uma fórmula de quociente: GiJ= li/lj. Robert. Constitucionalismo discursivo. Tradução de Luís Afonso Heck. Porto Ale
GiJ representa o peso concreto de Pi relativamente a PJ. Atribuindo-se os valores de gre: Livraria do Advogado, 2007. p. 144-150.
954 ALEXY, Robert. Epílogo à la teoría de los derechos fundamentales. Tradução de
correntes da progressão geométrica de 2 - l, 2 e 4 - apresentam-se os seguintes re
sultados: li:g, lj:l; onde 4/1=4; li:g, lj:111: onde 4/2=2; e li:m, Ij:l; onde 2/1=2. Nestas Carlos Berna Pulido. Madrid: Centro de ·Estudios Constitucionales. 2004. p. 77:
hipóteses, em que o resultado quociente é superior a 1, Pi prevalece sobre PJ. O re ALEXY, Robert. Constitucionalismo discursivo. Traaução de Luís Afonso Heck.
sultado será inferior a 1 nos seguintes caos: li:/, Jj:g: onde 1/4= 0,25; li:m, Jj:g; onde Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007. p. 147.
955
2/4=0.5; e li:!, lj:m; onde 1/2=0,5. Nestas hipóteses, PJ prevalece sobre Pi. Os resul- ALEXY. Robert. Epílogo à la teoría de los derechos fundamentales. Tradução de
. - --··'-•-- i.:-Mococ• f;./ f;./. nnn" 1/1 = 1: fi:m. fi:m; onde Carlos Berna Pulido. Madrid: Centró de Estudios Constitucionales. 2004. p. 80.
242 Henrique Ribeiro Cardoso Proporcionalidade e Argumentação 243
fazem surgir uma margem para a ponderação956 entendida como más intensa sea una intervención en un derecho fundamental, tanto
uma margem qe ação estrutural para a legislação, a �urisdição e a mayor debe ser la certeza de las premisas que sustentan la
administração9)7. O espaço é de discricionariedade95 . Mesmo nes intervención "962. Dirige-se à qualidade epistêmica das premissas,
tes casos não se pode perder de vista que um direito fundamental especialmente, as empíricas963 • Relaciona-se ao grau de certeza das
jamais poderá ser restringido ou gravemente afetado. Uma afetação apreciações empíricas que dizem respeito à medida examinada, e
· grave quase nunca pode ser justificada pela contundência das ra que implicam na não realização de Pi em razão da realização de
zões que jogam a favor da intervenção. Esta é a barreira corta-fogo P/64. Para a aplicação desta segunda regra de ponderação, é reco
de proteção dos direitos fundamentais na Teoria dos Direitos Fun mendada a utílização de uma escala triádica refer�nte à "segurança
damentais de Alexy959. da suposição empírica" relativamente a Pi e a P/6). Alexy propõe a
A segunda regra de ponderação, também denominada de utilização dos seguintes graus. epistêmicos: "certo ou se@uro (g),
"lei de ponderação epistêmica"960, inferida de decisões do Tribunal sustentável ou plausível (p) e não evidentemente falso (e)" 66 • Estas
Constitucional alemão96 1, e apresentada em Epílogo à la teoría de variáveis também integram a "fórmula peso" refletindo na decisão
los derechos fundamentales, tem a seguinte formulação: "Cuanto acerca a proporcionalidade ou não da medida 967•
056 "Aqui, a constituição não decide a colisão. O que, porém, a constituição não decide é, 962
ALEXY, Robert. Epílogo à la teoría de los derechos fundamentales. Tradução de
por ela, liberada. No caso de empate de ponderação existe, com isso, um espaço de Carlos Berna Pulido. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 2004. p. 93. Esta
ponderação estrutural". ALEXY, Robert. Constitucionalismo discursivo. Tradução regra vigora no âmbito da margem de ação cognitiva (ou epistêmica) empírica: "En
de Luís Afodnso Heck. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007. p. 85. cuanto princípios, los derechos fimdamentales exigen que la certe=ei de las premisas
q51 ALEXY refere-se somente à legislação e à jurisdição. empíricas que sustentan la intervención sea mayor cuamo más intensa sea la
958 Não é o único espaço de discricionariedade do legislador, conforme já explicitado. A
intervención en el derecho". Idem, p. 92-93. Na tradução brasileira, é assim enuncia
margem de ação estrntural que confere discricionariedade ao legislador pode referir-se à da: .. Quanto mais grave uma intervenção em um direito fundan1ental pesa, tanto maior
escolha de fins, escolha de meios e, na ponderação, em lúpótese de ·'empate" - quando a deve ser a certeza das premissas apoiadoras da intervenção". ALEXY. Robert. Cons
regra da proporcionalidade não oferecer mna decisão ao conflito de princípios. titucionalismo discursivo. Tradução de Luís Afonso Heck. Porto Alegre: Livraria do
959 Isto decorre da formulação de ALEXY das curyas de indiferença, explicadas linhas acima. Advogado, 2007. p. 150.
960 ALEXY. Robert. Epílogo à la teoría de los derechos fundamentales. Tradução de 963 Reconhece o autor que em contextos complexos quase nunca se dispõe de conlieci
Carlos Berna Pulido. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 2004. p. 93; mentos empíricos que expressem uma verdade absoluta. ALEXY, Robert. Epílogo à
ALEXY. Robert. Constitucionalismo discursivo. Tradução de Luís Afonso Heck. la teoría de los derechos fundamentales. Tradução de Carlos Berna Pulido. Madrid:
Po1to Alegre: Livra1ia do Advogado, 2007. p. 150. Centro de Estudios Constitucionales, 2004. p. 90.
Qól Especificamente em BverfGE 50. 290 (332): "La incertidumbre sobre los efectos de -
96 4 Idem. p. 96.
una ley en un futuro incierto no puede eliminar la competencia dei Legislador para 965
ALEXY, Robert. Constitucionalismo discursivo. Tradução de Luís Afonso Heck.
proferir una ley, aun cuando ésta sea de gran trascendencia. [...] La/alta de certe=a Porto Alegre: Livraria do Advogado. 2007. p. 150.
por sí misma no puede ser suficiente para fundamentar la existencia de un margen 966
Idem, ibidem.
legislativo para hacer pronósticos, margen que escape ai contrai de %
7 Se a suposição empírica for evidentemente falsa. a intervenção está de pronto desauto
constitucionalidad". ALEXY. Robert. Epílogo à la teoría de los derechos rizada. Esta consequência decorre da segunda regra de ponderação. Idem. ibidem; A
fundamentales. Tradução de Carlos Berna Pulido. Madrid: Centro de Estudios formulação consta também em: ALEXY, Robert. Epílogo à la teoría de los derechos
Constitucionales. 2004. p. 91-92. O autor refere-se ainda, exemplificando a aplicação fundamentales. Tradução de Carlos Berna Pulido. Madrid: Centro de Estudios
desta segunda lei de ponderação. à sentença do Tribunal Constitucional alemão no de Constitucionales, 2004, p. 96. ALEXY introduz os conceitos Si (expressão resumi.da
nonúnado de Caso Crumabis (BverfGE 90. 145 (p. 181 e ss.) em que julgou constitu de SPiC) e Sj (expressão resunúda de SPJC) para representarem. respectivamente. ··a
cional a proibição de produção e comercialização de produtos derivados de maconha. segurança da suposição empírica acerca [... ] da não realização de Pi[...] no caso con
Neste processo, o Tribunal ao não estabelecer a verdade das premissas empíricas do creto", e a "a segurança da suposição empírica acerca [...] da realização de PJ no caso
legislador, reconhecendo, ao contrário, a falta de certeza destas, decidiu: "No se concreto''. Si e Sj passam a integrar a "fórmula peso", nwna escala progressiva de in
dispone de conocimientos científicos fundados que hablen necesariamente a favor de certeza, en1 progressão geométrica negativa. com valores atribuídos de 2°, Z-', 2-:z. Os re
la corrección una o de otra alternativa'". Admitindo a intervenção no direito funda sultados desta gradação geométrica,são: 1. 1/2, 1/4. A ·fórmula peso" completa, com as
mental de liberdade de comércio e de oficio, reconheceu que o legisládor dispõe de variáveis intensidade, peso abstrato e segurança empírica é assim representada:
uma margem de ação epistêmica do tipo empírica (relacionada ao conhecimento de Gij=Ii.Gi.Sillj.Gj.Sj. Apresenta Alexy. ainda, uma fómrnla peso ampliada que contempla
fatos relevantes no caso concreto). ALEXY, Robert. Epílogo à la teoría de los colisões entre mais de dois princípios. assim representada: Gij-11=li.Gi.S1llj.Gj.Sj+... ln:
derechos fundamentaleS-. Tradução de Carlos Bema Pulido. Madrid: Centro de Gn.Sn. ALEXY. Robert. Constitucionalismo discursivo. Tradução de Ltús Afonso
-.::eh,rl;n. rnn.,titi1r.innales. 2004. o. 82-84. Heck. Porto Alegre: Livraria do Advogado. 2007. p. 151-152.
244 Henrique Ribeiro Cardoso Proporcionalidade e Argumentação 245
Estas re�·as, embora não ofereçam um procedimento defi atendimento às subregras da proporcionalidade, sob pena de invali
nitivo de decisão 68, sem a pretensão de apresentarem uma única dação, implica em reconhecer, como condição de constitucionali
resposta correta à solução do caso, estabelecem o que há de ser dade - da atividade do legislador - e de legalidade - das atividades
justificado para fundamentar o enunciado de preferência condicio do julgador e do administrador - o atendimento destas subregras.
nado à situação fática de ponderação969• Estabelecem, portanto, o Não há na teoria de Alexy - que é de um constitucionalismo mode
campo e a carga da argumentação - os enunciados acerca dos graus rado970 - um amplo espaço para o ativismo judicial em razão do
de importância, afetação, peso e segurança empírica.
A Teoria da Argumentação Jurídica e dos Direitos Fun-
970
ALEXY, com seu constitucionalismo moderado, reage à jurisprudência do Tribunal
. Constitucional alemão. que adota o que se denomina de neoconstitucionalismo. Iden
damentais de Alexy são teorias procedimentais da correção jurídi tifica Luís Roberto BARROSO as origens do neoconstitucionalismo: "O primeiro
ca. Por lastrarem-se numa teoria. ética cognitivista, propõem que as grande precedente na matéria foi o caso Lüth.julgado em 15.01.1958''. Para o referido
decisões jurídicas são passíveis de uma correção normativa análoga autor, defensor do neoconstitucionalismo. "o sistema jurídico deve proteger determi
nados direitos e valores, não apenas pelo eventual proveito que possam tra:;er a uma
à verdade empírica - resultam de seu procedimento argumentativo. ou a algumas pessoas, mas pelo interesse geral da sociedade na sua satisfação. Tais
Este procedimento argumentativo é pautado por regras do discurso normas constitucionais condicionam a interpretação de todos os ramos do Direito,
jurídico, aplicáveis tanto no campo de fundamentação de decisões público ou privado, e vinculam os Poderes estatais''. Neoconstitucionalismo e cons
titucionalização do Direito. BARROSO, Luís Roberto. O triunfo tardio do Direito
lastradas em regras, quanto em decisões lastradas em princípios, Constitucional no Brasil. Dispo1úvel em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/ tex
ainda que colidentes. to.asp?id=7547>. Acesso em: 25 out. 2006. Neste campo, de ''hiperconstitucionaliza
ção da lei ordinária", é lapidar a lição de Luís S. Cabral MONCADA: "Constitucio
As regras da argumentação e da ponderação, embora não nali:ação, sim, mas não hiperconstitucionali:ação da lei ordinária. A não ser assim,
consubstanciem passos concatenados de um processo, pautam a teremos de tratar a figura da discricionariedade legislativa à semelhança da admi
conduta dos que integram qualquer procedimento que dependa de nistrativa, censurando judicialmente o legislador pela viDlação de toda uma série de
limites externos e internos à respectiva liberdade discricionária de aplicar ao proce
uma decisão jurídica. Delimitam, inclusive, os espaços de atuação dimento legislativo todo o formalisnfo próprio do administrativo (obrigação de fim
do legislador, ao estabelecerem suas margens estruturais e cogniti damentação, princípio do contraditório, etc.}, bem como de pensar a responsabilida
vas. Com fórmulas lógicas e matemáticas relacionadas ao método de do Estado por actos legislativos à imagem e semelhança da respo11sabi/idade por
actos administrativos e de admitir a plena jurisdição dos tribunais competentes para
de aplicação da subsunção (regras) e da proporcionalidade (princí o conhecimento dos actos legislativos, o que levaria a desculpar que os tribunais
pios), além de indicarem o caminho para a formação de uma norma constitucionais pudessem adaptar deliberações que se não ficavam pelos tradicionais
correta, oferecem subsídios para a crítica e a revisão judicial de de efeitos negativos das suas sentenças, avançando para outra tipologia de efeitos, ago
ra positivos, através de sentenças interpretativas 'conformes à Constituição' e mesmo
cisões de outros poderes - e do próprio judiciário. A segurança e a mais, sentenças aditivas, que completam a lei e substitutivas, que a transformam".
previsibilidade jurídicas, tão caras à sociedade moderna do forma MONCADA, Luís Cabral S. Ensaio sobre a lei. Coimbra: Coimbra. 2002.
lismo jurídico, passam a contar, no atual estágio da sociedade re p. 145-146. Nesta linha de raciocínio. Gilbe1to BERCOVlCI sustenta que o neocons
titucionalismo atenta contra a democracia. fazendo pender a balança para o constitu
flexiva, impregnada pelo conceito de risco, com a busca da corre cionalismo. em detrimento da democracia: ·'Esse tal 'neoconstitucionalismo' que, ao
ção de decisões jurídicas como instrumento para sua consecução defender a superação 011 negação do poder co11stit1dnte do povo, a redução da demo
aproximada. cracia às decisões judiciais e a defesa da o,•dem de mercado, 011 seja, de 'neo' 11ão
tem nada em relação ao velho.constitucionalismo, nada mais é que a nova roupagem
A proporcionalidade na aplicação de princípios e de dire da infe/i: 'doutrina brasileira da efetividade', cuja luta para a não reali:ação do
programa constitucional nos deu tantas contribuições, como as 'normas progl'Gmáti
trizes de políticas públicas deve pautar a atuação do·Poder Legisla cas ', a discussão bi:antina de regras e princípios e agora esta do neoconstituciona
tivo, como expressamente expresso por Alexy, e também dos Pode-. lismo. Repare, sempre contra o aprofundamento e ampliação da democracia, em de
res Executivo e Judiciário. O fato de emjudicial review se exigir o fesa de uma visão cada ve: mais judicialista (e, portanto, oligárquica e controlada)
de lidar com o texto constitucional excluindo as questões politicas'·. BERCOVlCI.
Gilberto. José Ribas Vieira em diálogo com Gilberto Bercovici. O entendimento
%s ALEXY é expresso ao reconhecer tal fato. ALEXY, Robert. Teoría de los derechos
expresso pelo autor consta dos anais do Grupo de Pesquisa "Laboratório de Análise
fundamentales. Tradução de Ernesto Garzón Valdés. Madrid: Centro de Estudios Jurisprudencial''. inscrito e certificado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento
Coustituciouales. 1997. p. 164. Científico e Tecnológico (CNPQ) em 2006. liderado por José Ribas VIEIRA e Margarida
96ij ALEXY. Robert. Teoría de los derechos fundamentales. Tradução de Ernesto Maria Lacombe CAMARGO, do qual o autor desta obra é integrante. Acerca da ado
Garzón Valdés. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 1997. p. 164. ção do neoconstitucionalismo pelo Supremo Tribunal Federal. apresentam-se as cou-
246 Henrique Ribeiro Cardoso Proporcion�lidade !!_Argumentação 247
papel confiado ao Tribunal Constitucional. Este agirá, ainda que fixação de políticas públicas ou -soluções alternativas às escolhas
pautado por argumentos práticos gerais como fundamento último democráticas do legislador pelo Tribunal Constitucional. O enfoque
de suas decisões, como legislador negativo971 . Alexy não propõe a de Alexy é no controle de legalidade e de constitucionalidade dos
atos legislativos, sem que proponha, entretanto, uma linha de deci
clusões da obra Os direitos à honra e à imagem pelo Supremo Tribunal Federal: la
boratório de análise jurisprudencial, decorrentes de pesquisas realizadas em 2005 e são fora destes argumentos. Estabelece um procedimento que per
2006 pelo Grupo de Pesquisa "Constituição, Democracia e Direitos Fundamentais", mite o controle de qu�lidade dos atos judiciais numa linha pós
inscrito e certificado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológi -positivista calcada na Etica do Discurso.
co (CNPQ), liderado por José Ribas VIEIRA e Margarida Maria Lacombe Camargo, des
envolvido pelo Programa de Pós-Graduação da Universidade Gama Filho: "Ao mesmo. A teoria de Alexy é uma teoria jurídica democrática ade
tempo em que se propala doutrinariamente a consagração principiológica, nos pro quada ao modelo de Estado liberal - com especial enfoque à ativi
nunciamentos de nossa Corte maior, constatamos estar presente em nosso debate in dade do legislador em razão da adoção de seu constitucionalismo
terpretativo uma denominada perspectiva de neoconstitucionalismo, 'decorrente de
uma constitucionafi=ação do direito e da adoção de novas categorias interpretativas moderado. Não propõe, como faz Habermas, com seu conceito de
pela jurisdição constitucional. Porém, a despeito das afirmações teóricas que têm Estado Procedimental, um modelo de Estado e de direito que aco
circulado em nosso meio jurídico, entendemos que a adoção de uma postura neo
constitucionalista pelo STF teria outras implicações, mais profundas e diversas do lha as contribuições da teoria política republicana ..
que a simples incorporação de certas categorias interpretativas. Significaria que, Uma questão essencial à Ética do Discurso não é obJeto de
após a Constituição Federal de 1988, o STF teria, na verdade, queimado etapas no
seu quadro metodológico de interpretação. Assim, se estamos condenados a seguir a preocupação por Alexy: a questão da pa1ticipação popular97 . A li-
trajetória do Tribunal Constitucional alemão, teríamos de ter passado por uma expe
riência desse modelo 'constitucionalista' radical e valorativo, como ocorreu na juris ainda a primazia da representação eletiva em relação à representação não eletiva,
dição disciplinada pela Lei Fundamental de 1949. O que de fato, entre nós, não ocor existirá se o tribunal promover '·a pretensão de que seus argumentos são os argu
reu. Aliás, 110 particular, Robert Alexy observa, inclusive, que essa fase dos primeiros mentos do povo ou do cidadão" e se "11111 número suficiente de cidadão", aceitar de
anos de e.vistência do "Bundesverfassugsgeric!}t" foi sucedida por uma visão de le maneira prolongada "esses argumentos como corretos''. ALEXY, Robert. Constitu
galismo (como se vê nos votos sobre o aborto, proferidos pelo )ui= Ernst-Wolfgang cionalismo discursivo. Tradução de Luís Afonso Heck. Porto Alegre: Livraria do
Bockenforde)". Na análise das decisões que envolviam direitos à honra e à imagem, Advogado, 2007+ p. 162-165. Ainda assim, note-se, a na proposta· de ALEXY, dife
verificou-se que "o STF prende-se a um emaranhado de precedentes (muitos deles rentemente da de HABERMAS, não existem discursos efetivos. Há. por parte de
frágeis, como os que fundamentam o dano moral como desconforto, referindo-se à ALEXY, uma aproximação à proposta de Peter HÂBERLE de sociedade aberta dos
pe,·da de malas de viagem) ou de 'súmulas impeditivas' [de recursos], a critérios intérpretes da Constituição: "O jui= constitucional Já não inte,preta, no processo
obscuros de proporciona/idade, como ocorreu no exame de determinados recursos constitucional, de forma isolada: muitos são os participantes do processo; as formas
extraordinários, que vedam a análise da questão fálica". DUARTE, Fernanda; VIEIRA, de participação ampliam-se acentuadamente; [. ..] A esfera pública pluralista desen
José Ribas; CAMARGO, Margarida Maria Lacombe; GOMES, Maria Paulina. Os di volve força normati=ado,·a. Posteriormente, a Corte Constit11cio11al haverá d�. inter
reitos à honra e à imagem pelo Supremo Tribunal Federal: laboratório de análise pretar a Constituição em correspondência com a sua atuali:ação pública'·: HABER
jurisprndencial. Rio de Janeiro: Renovar. 2006. p. 356-358. LE, Peter. Hermenêutica constitucional. A sociedade aberta dos intérpretes da
Q
71 Para superar eventual déficit democrático em sua teoria, ao tratar especificamente do Constituição: contribuição para a interpretação pluralista e "procedimental" da Cons
processo de argumentação, propõe, sem esclarecer suficientemente como esta se daria, tituição. Tradução de Gilmar FetTeira Mendes. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris
a ..institucionali=ación de una justicia constitucional cuyas decisiones pueden y Editor, 2002. p. 41.
requieren ser justificadas y criticadas en un discurso iusfundamental racionar'. m ALEXY refere-se à Teoria do Status de Georg JELLINEK, utilizada ainda na atuali
(ALEXY, Robert. Teoría de los derechos fundamentales. Tradução de Ernesto dade como base para a classificação dos direitos fundamentais. JELLINEK sustenta
Garzón Valdés. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 1997. p. 554) Nesta que o status - em sua teoria - é uma relação do indivíduo com o Estado: "debe ser
mesma linha a proposta de HABER1v1AS, mais elaborada, ao tratar do ·'fardo da legi una situación y, en tanto tal, distinguirse de un derecho ". Para estabelecer essa atua
timação suplementar" de mn direito vago tomado concreto pelo poder judiciário, que ção relacional do indivíduo com o Estado. JELLINEK fai distinção entre o "ser .. ju
poderia ser assumido pela apresentação de justificações ..perante um fórum ju'diciário rídico e o "ter" juódico: "Así, ai dotar una persona dei derecho de sufragio y dei
crítico. Isso seria possível através da instihtcionali=ação de uma esfera pública jurídi derecho a adqui,·ir libremente la propiedad, se modifica su status y, con ello, su ser,
ca capa= de ultrapassa a atual cultura de especialistas e·suficientemente sensiveis para mientras que la adquisición de un determinado innmeble só/o afecta su tener". Na
transformar as decisões problemáticas em foco de controvérsias públicas". HABERMAS, sua descrição sobre a relação entre direito fundamental e status Jellinek tipifica quatro
Jürgen. Direito e democracia: entre facticidade e validade. 2. ed. Tradução de Flávio categorias ou relações de status: o status passivo, o status negativo, o status positivo e
Beno Siebeneicltler. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003. v. II, p. 183-184. Mais o status ativo. O status passivo revela a condição de submissão do indivíduo ao Esta
recentemente. ALEXY sugere o que denomina de representação argumentativa: ·'A do, pois se situa dentro da esfera do dever individual evidenciando que existem cir
única possibilidade de reconciliar a jurisdição constitucional com a democracia con ctmstâncias em que o Estado tem competência para estabelecer um ordenamento jurí
siste nisso, compreendê-la também como representação do povo". Esta representação
- - -·-·=-·- -.. - -··-
0·� � "h;Priin ,1,. necessidade de eleicão para a representação, e dico que contenha nonnas proibitivas que afetam todos os indivíduos indistintamente.
O conceito status negativo faz referência a "derechos de defensa,_es decir, a derechos
248 Henrique Ribeiro Cardoso
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254 Henrique Ribeiro Cardoso
F p
• Fazer com palavras. Guinada pragmático-linguística: atos de fala e fazer • Palavras. Guinada pragmático-linguística: atos de fala e fazer com pala-
com palavras. vras.........�.......................................................................................................... 31
258 Henrique Ribeiro Cardoso Proporcionalidade e Argumentação 259
•Princípio daUniversalização e correção normativa. .........................................95 • Teoria dos direitos fundamentais. Princípios e sua aplicação na teoria dos
direitos fundamentais..........................................................................._........... 193
•Princípio do Discurso. Ética do Discurso comoPrincípio do Discurso ..........125
• Tese doCaso Especial. ................................................................................... 154
•Princípios e sua aplicação na teoria dos direitos fundamentais.......................193
•Proporcionalidade. Constitucionalismo moderado e regra da proporciona-
lidade..................................... l.........................................................................205 u
•Proporcionalidade em sentido estrito: regras de colisão e de ponderação. .....227
•Universalização.Princípio daUniversalização e correção normativa. ............. 95
•Uso comunicativo da linguagem e espécies de agir comunicativo. 55
Q
V
• Quadros de modalidades de atos de fala. ..........................................................78
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