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CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE
PRODUTOS HORTÍCOLAS (GCA-124)
LAVRAS - MG
2022
1
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..............................................................................................................2
2 QUALIDADE.................................................................................................................3
3 DEFINIÇÃO E QUALIDADE.....................................................................................19
4 ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO.................................................................................21
9 PERDAS PÓS-COLHEITA.........................................................................................31
1 INTRODUÇÃO
2 QUALIDADE
2.1.1 Aparência
consumidor, geralmente, não passa por qualquer outro tipo de avaliação, sendo, de
imediato, rejeitado.
2.1.1.1 Tamanho
2.1.1.2 Forma
2.1.1.3 Coloração
verde. À medida que a hortaliça perde o frescor, ela senesce, tendendo a amarelecer. O
escurecimento da alguns vegetais, normalmente catalisado por enzimas dos grupos das
polifenoloxidases e peroxidases, ocorre em resposta ao armazenamento inadequado ou a
um processamento impróprio. Os tecidos vegetais armazenam quantidades apreciáveis de
substâncias oxidáveis, como os fenólicos e enzimas oxidativas, em compartimentos
separados, que podem ser colocados em contato em função da descompartimentação
promovida pelo processamento ou pelo armazenamento inadequado.
2.1.1.4 Brilho
2.1.1.5 Defeitos
2.1.2 Sabor
O aumento na doçura dos vegetais tende a ser proporcional ao aumento nos teores de seus
açúcares.
químicos, dentre as quais destacam-se ésteres, aldeídos, alcoóis, cetonas, lactonas, éteres,
ácidos orgânicos e hidrocarbonetos de baixa massa molecular. Centenas desses
compostos são emanados pelos vegetais em diferentes concentrações, dependendo da
espécie, variedade, estádio de desenvolvimento, condições ambientais e processamento.
2.1.3 Textura
• Dureza – também conhecida como firmeza, diz respeito à força requerida para
compressão do alimento entre os dentes, ou seja, a força necessária para se obter
uma dada deformação, ou ruptura do material;
• Mastigabilidade - energia requerida para triturar um alimento sólido até um estado
pronto para ser engolido;
• Elasticidade - taxa na qual um material deformado é capaz de retornar à sua
condição não deformada após a remoção da força de deformação;
• Coesividade - medida em que um material pode ser deformado antes de se romper.
• Adesividade – força que o alimento exerce sobre os dentes, impedindo que ele
retorne.
• Gomosidade – grandeza que se aplica apenas a produtos semi sólidos, sendo,
portanto, mutuamente exclusiva com mastigabilidade, visto que um alimento não
pode ser, ao mesmo tempo, semi sólido e sólido. A gomosidade é obtida a partir
da multiplicação da Dureza com a Coesividade. Por outro lado, a multiplicação
da gomosidade com a elasticidade permite a determinação da mastigabilidade;
• Resiliência - capacidade de um produto recuperar sua forma e tamanho originais,
após sofrer uma única compressão. Na medição da resiliência, a velocidade de
retração do mecanismo utilizado na compressão deve ser o mesmo da velocidade
de compressão. Apresenta alguma similaridade com elasticidade. Entretanto, a
medição da elasticidade exige mais que uma compressão, enquanto a resiliência,
apenas uma.
A textura dos vegetais se associa diretamente com seu teor de fibras, amido e água.
As fibras são constituídas basicamente por compostos da parede celular. A parede celular
é um intricado amálgama entre carboidratos (celulose, hemicelulose e substâncias
pécticas), lignina, proteínas, minerais e substâncias incrustantes, como cutina e suberina.
Os polissacarídeos da parede celular, principalmente as substâncias pécticas, têm sido os
compostos mais associados com as modificações texturais de vegetais.
2.3 Segurança
Por exemplo, com a ciência de que tomate verde imaturo é veículo de glicoalcalóides,
deve-se evitar seu consumo, optando-se por tomates maturos, preferentemente maduros.
• Para que um defensivo agrícola seja utilizado ele precisa estar registrado
para a cultura alvo;
• O defensivo agrícola deve ser utilizado no momento adequado, o que leva
em consideração o monitoramento das populações alvo do defensivo
(patógenos, insetos, plantas daninhas). A utilização antes ou após o
momento ideal, pode reduzir a eficiência do método, ou exigir a aplicação
de mais defensivos. Tratamentos curativos jamais devem ser utilizados
como preventivos.
• O defensivo agrícola deve ser utilizado em quantidades adequadas,
recomendadas pelo profissional habilitado. O utilização do defensivo em
quantidades inferiores ou superiores às recomendadas pode levar à
resistência de insetos e patógenos.
• O período de carência do defensivo aplicado deve ser respeitado, antes da
distribuição do alimento ao mercado consumidor.
Desde o início dos anos 70, um significante aumento no consumo de produtos frescos tem
sido observado presumivelmente devido, em parte, a ativa promoção de frutos e hortaliças
como uma importante parte de uma dieta saudável. Durante esse mesmo tempo observou-
se um aumento no consumo de alimentos fora de casa e uma popularização dos buffets.
Maiores volumes de produtos vegetais estão sendo embarcados de regiões centrais e
distribuídos em áreas geográficas muito maiores para muito mais pessoas. Isto, acoplado
ao mercado global, potencialmente aumenta a exposição humana a uma grande variedade
de patógenos e o risco de toxinfecções alimentares.
Enquanto parte da qualidade do produto pode ser julgada pela aparência externa,
textura, sabor e aroma, a segurança não. Inspeções casuais do produto não podem
determinar se ele é, ou não, seguro e adequado ao consumo. Água clorada, ozônio, ácidos
orgânicos, luz ultra violeta, embalagens antibacterianas e irradiação podem ter seu devido
lugar na sanitização de vegetais. Entretanto, uma vez o vegetal esteja contaminado com
vírus, bactérias, fungos ou parasitas, nenhum desses métodos irá garantir a segurança do
produto. Com efeito, a sanitização reduz o número de patógenos de vegetais frescos, mas
não os esteriliza. Logo, métodos de preservação, como a refrigeração, são importantes na
manutenção da população microbiana de alimentos sanitizados, em baixa. O único
tratamento atualmente disponível que completamente elimina patógenos vegetativos é o
cozimento. Consequentemente, o manejo das condições de crescimento e manuseio é
fundamental na prevenção da contaminação do produto fresco com patógenos humanos.
Logo, a prevenção da contaminação do produto fresco com patógenos humanos, níveis
perigosos de resíduos químicos ou contaminantes físicos é a melhor maneira de se garantir
que esses alimentos sejam seguros para o consumo humano.
2.4 Conveniência
consumidor na forma de vegetais prontos para comer ou prontos para levar ao fogo, tais
como os “fresh-cut” ou vegetais minimamente processados.
3 DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO
• Uso de diferentes órgãos vegetais: raízes, folhosas, flores, frutos imaturos e maturos.
• Sensibilidade ao frio durante o período pós-colheita: produtos sensíveis ao "chilling"
e não sensíveis ao "chilling" ("chilling" é um termo genérico utilizado para
caracterizar desordens fisiológicas ocasionadas pelo frio que comprometem a
qualidade de frutos e hortaliças).
• Vida de armazenamento do produto: baixa resistência ao armazenamento, menor que
duas semanas: aspargos, feijão, pepino, alface, ervilha, pimenta, espinafre, morango,
tomate; resistência moderada ao armazenamento, entre duas e oito semanas (couve
flor, repolho chinês, ruibarbo, laranja); alta resistência ao armazenamento, de dois a
seis meses (repolho, cenoura, cebola, maçã).
• Intensidade do metabolismo, possivelmente em relação a substratos respiratórios
disponíveis. Ambos parâmetros se relacionam muito bem com a resistência ao
armazenamento. A intensidade do metabolismo pode também ser definida como
produção de etileno.
• Sensibilidade a certas pressões parciais de gases na atmosfera de armazenamento,
principalmente dióxido de carbono, oxigênio e etileno.
• Padrão respiratório durante o amadurecimento. Esta classificação é significativa
principalmente para os frutos: frutos climatéricos (banana, melão e tomate) e não
climatéricos (laranja, limão e pepino).
21
4 ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO
formação de novas células. Quando partes vegetais são cortadas na colheita, existe
geralmente baixa atividade nos tecidos meristemáticos. Alguns tecidos, contudo, podem
reciclar nutrientes e água nestas células, resultando no crescimento. Após longo
armazenamento a frio, a porção apical do caule de repolho irá crescer. Durante o
armazenamento de vegetais intactos, as condições são geralmente selecionadas para
minimizar o crescimento e como uma consequência, a atividade meristemática também é
reprimida. A manutenção do tecido meristemático numa condição saudável em vegetais
intactos, contudo é essencial. Com o armazenamento inadequado, os meristemas apicais
podem morrer, reduzindo a qualidade do produto e a taxa na qual ele se recupera no
plantio.
As frutas e hortaliças são diferentes órgãos vegetais (raízes, caules, folhas, flores
e frutos) formados a partir do lançamento dos primórdios de cada órgão. Uma vez
formado, o órgão cresce e envelhece, devendo ser colhido no momento adequado, de
forma a agradar o consumidor. O desenvolvimento de raízes, caules, folhas e flores pode
ser resumido em formação, crescimento e senescência, enquanto o desenvolvimento de
frutos inclui, ainda, a maturação, fase que procede o crescimento e antecede a
senescência. O desenvolvimento das frutas e hortaliças pode se dar completamente com
os órgãos ligados à planta mãe ou parcialmente com eles ligados à planta mãe e
parcialmente na pós-colheita.
ovários isolados. Outros, como os morangos, são formados por diversos ovários,
pertencentes a uma única flor e espalhados sobre a superfície de um único receptáculo;
as estruturas semelhantes às sementes, que aparecem na periferia do morango, são, na
realidade, frutos, sendo o receptáculo, a principal porção comestível. Alguns frutos
consistem em ovários alongados justapostos, incluindo as partes florais secundárias,
fundidas para formar um único fruto, ou infrutescência como o abacaxi. Considerando-se
as diferenças existentes entre as espécies, pode-se afirmar que, praticamente, todas as
partes da estrutura da flor ou inflorescência se desenvolvem em polpa.
A sacarose que é translocada para os frutos pode ser mantida como tal, mas é,
normalmente, quebrada, já nos frutos, em glicose e frutose, seguindo, principalmente, a
via glicolítica e ciclo de Krebs, gerando a energia necessária para a manutenção do estado
vital. Além disso, toda e qualquer molécula orgânica encontrada nos frutos (carboidratos,
lipídeos, proteínas, vitaminas, pigmentos, ácidos orgânicos, voláteis, fenólicos, etc) tem
sua origem nesses açúcares. Logo, a fotossíntese foliar é fundamental para o crescimento
dos frutos e a construção de sua qualidade sensorial e nutricional. Enfatiza-se que o
crescimento é caracterizado pelo anabolismo (reações de síntese).
Sínteses Degradações
pelo etileno
Existem dois sistemas de produção de etileno nos frutos: sistema I e sistema II. O
sistema I de produção de etileno é observado tanto em frutos climatéricos, com em não
climatéricos. O sistema I é caracterizado por uma taxa basal de produção de etileno. Nesse
sistema, a produção de etileno é baixa e estável. Já o sistema II, observado nos frutos
climatéricos, é caracterizado pela produção autocatalítica de etileno. Nesse sistema, a
produção de etileno é estimulada pelo próprio etileno. Nos frutos climatéricos, a mudança
do sistema I para o sistema II se dá no climatério. A idade do vegetal é o principal fator
que predispõe o fruto climatérico à mudança de sistema. A exposição de frutos
climatéricos verde-maturos ao etileno exógeno também promove a mudança de sistema.
Por isso devemos evitar o acúmulo de etileno em câmaras de armazenamento. Por outro
lado, o etileno exógeno é utilizado para acelerar, de forma uniforme, o amadurecimento
de frutos, como a banana, às vésperas de serem colocados no mercado. Se o fruto
climatérico for colhido imaturo fisiologicamente, ele não entra no sistema II de produção
de etileno, e tem o amadurecimento fracassado.
Para que o etileno cumpra seu papel, é necessário que ele se acople a um sítio
receptor. Embora os receptores de etileno tenham sido alvo de inúmeros estudos nos
últimos anos, ainda pairam dúvidas quanto a sua estrutura, função e regulação. Na
verdade, respostas ao etileno são mediadas por várias isoformas de proteínas receptoras,
pertencentes, provavelmente, a uma única família multigênica, sendo que o número de
isoformas varia de espécie para espécie. ETR, ERS e EIN são exemplos de proteínas
receptoras de etileno. Em um modelo hipotético bem aceito, na ausência de etileno, genes
ETR1, ETR2, ERS1 ou ERS2 ativariam o gene CTR1. Proteínas CTR1 se associariam a
proteínas receptoras EIN3, bloqueando-as e, consequentemente, inibindo a ação do
etileno em frutos imaturos e verde-maturos. No início do amadurecimento, quando o
fruto atinge idade suficiente para aumentar a produção de etileno endógeno, ou em função
do etileno exógeno, ETR1 seria bloqueado pelo etileno, numa interação envolvendo o
metal cobre, e, logo, CTR1 seria inativado, dissociando-se e desbloqueando o receptor
EIN3, que passaria a estar disponível para a ligação do etileno. Uma vez ligado ao EIN3,
o etileno dispararia o gatilho do amadurecimento, que envolve a transcrição de genes e
respectiva tradução em uma gama de enzimas associadas a mudanças na aparência, sabor
e textura, enfim, ao amadurecimento.
Os frutos são colhidos quando maturos ou quando maduros, embora alguns frutos
que são consumidos como hortaliças, possam ser colhidos mesmo antes da maturação ter
iniciado, por exemplo abobrinha. As hortaliças são colhidas numa larga faixa de idades
fisiológicas, isto é, de um tempo bem antes do início da maturação até o início da
senescência (Tabela 3).
9 PERDAS PÓS-COLHEITA
Os produtos perecíveis são muito mais suscetíveis a injúrias que duráveis face a
sua forma e estrutura, sua textura relativamente macia associada com seu alto teor de
umidade e a necessidade por manuseio mais especializado. As injúrias podem ocorrer em
qualquer ponto no sistema pós-colheita como resultado do manuseio, embalagem,
transporte, armazenamento e comercialização inadequados.
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Desordem Sintomas
Escaldadura por queima de sol Cor marrom ou preta em áreas danificadas por luz do sol
durante o crescimento
Degradação senescente Polpa farinácea, marrom; ocorre com fruto supra maduro,
super armazenado
"Chilling"
A injúria por "chilling" é uma desordem fisiológica que pode ser observada em
frutos, especialmente aqueles de origem tropical ou subtropical, após sua exposição a
baixas temperaturas, o que resulta na redução da sua qualidade, podendo chegar a sua
perda total. O "chilling" ocorre a temperaturas abaixo de 150C, embora a temperatura
crítica na qual os sintomas de injúria por "chilling" são produzidos variem entre diferentes
produtos. A injúria por "chilling" é um fenômeno separado da injúria por “freezing”, que
resulta do congelamento do tecido e formação de cristais de gelo a temperaturas abaixo
do ponto de congelamento. Uma clara distinção pode, portanto, ser feita entre as causas
de injúria por "chilling" e "freezing". A suscetibilidade à injúria por "chilling" e suas
manifestações variam largamente entre diferentes produtos. A suscetibilidade à desordem
significa que a mais baixa temperatura de segurança para estes produtos estará bem acima
das mais baixas temperaturas de não congelamento. Para se desenhar estratégias mais
efetivas de controle e maximizar a vida-de-prateleira de frutos e hortaliças é necessário
se desenvolver um entendimento dos mecanismos bioquímicos responsáveis pela
iniciação da injúria. A despeito dos consideráveis esforços, ainda não existe concordância
geral sobre a causa ou natureza do "chilling".
Os eventos que levam à injúria por "chilling" podem ser separados em primário
pelos quais as células vegetais se sensibilizam às baixas temperaturas e as respostas de
longo termo ou eventos secundários que levam à morte das células. Os eventos primários
são mais ou menos instantâneos e são reversíveis, no mínimo por um período de tempo.
Os eventos secundários são, eventualmente, irreversíveis e são manifestados como as
várias áreas necróticas e outros sintomas de injúria por "chilling".
A primeira teoria utilizada para explicar a injúria por "chilling" prega que as
baixas temperaturas induzem a uma mudança de fase na camada lipídica das membranas
celulares, levando a uma perda de integridade celular e disfunção fisiológica. A camada
fosfolipídica das membranas dos frutos sensíveis ao frio seriam ricas em ácidos graxos
saturados de alto ponto de fusão, responsáveis por uma mudança de fase da membrana de
líquido cristalino para gel sólido, muitas vezes irreversível, dependendo da temperatura e
tempo de exposição ao frio. Tal mudança de fase promoveria uma perda de
permeabilidade das membranas, descompartimentação celular, contato de substratos e
enzimas, a princípio compartimentalizados separadamente, com consequente formação
de compostos indesejáveis que culminam com a modificação da cor (normalmente
escurecimento), sabor, aroma e textura do produto.
O cálcio tem sido associado com a maioria das desordens por deficiência, antes
que outros minerais. Algumas destas desordens tais como podridão apical de tomates,
podem ser prontamente eliminadas pela aplicação de sais de cálcio como uma
pulverização pré-colheita, enquanto outras, tais como o “bitter pit” de maçãs, apenas o
controle parcial é obtido.
a infecção inicial por um ou alguns patógenos específicos seguido por um amplo espectro
de patógenos não específicos tais como espécies de Fusarium, Botrytis, Rhizopus,
Botryodiplodia e Erwinia que são normalmente fracamente patogênicos ou são
saprofíticos no tecido morto ou moribundo que remanesce a partir da infecção primária.
Esses invasores secundários podem ser muito agressivos e podem desempenhar um papel
importante na patologia pós-colheita, frequentemente servindo para multiplicar e
exacerbar o dano começado por patógenos primários. Perdas patogênicas qualitativas são
tipicamente o resultado de doenças superficiais. Tais doenças são relativamente
importantes na indústria de frutos para exportação onde grande ênfase é dada para a
qualidade visual e mesmo pequenos danos podem determinar a saída do produto do
mercado.
Frutas
Phomopsis spp.
Dothiorella spp.
Colletotrichum musae
Fusarium semitectum
Verticilium theobromae
Botryodiplodia theobromae
Alternaria citri
R. nigricans
Hortaliças
Rhizopus sp
Penicillium sp
Rhizopus sp
Botrytis sp
Antracnose Colletotrichum sp
Antracnose Colletotrichum sp
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11.2 Temperatura
maneira mais comum de se reduzir perdas no ambiente pós-colheita. Uma câmara fria
adequadamente projetada e manipulada retarda a atividade respiratória e outras atividades
metabólicas, o envelhecimento devido ao amadurecimento, mudanças na qualidade, perda
de umidade e consequente murchamento, crescimento indesejável, como o brotamento de
raízes e tubérculos e deterioração devida a microrganismos.
As facilidades para manutenção da temperatura adequada durante toda a cadeia de
comercialização são geralmente referidas como cadeia de frio. Nos Estados Unidos e
muitos outros países industrializados a cadeia de frio é bem desenvolvida, embora nem
sempre utilizada da melhor forma. Em alguns países, poucas e até mesmo nenhuma das
ligações da cadeia de frio existem. Essa carência de capacidade de refrigeração é uma das
principais responsáveis pelas elevadas perdas pós-colheita nesses países.
Vários trabalhos listam as temperaturas ótimas para a manutenção da qualidade e
prevenção de perdas durante o armazenamento e transporte e revisam o efeito da
temperatura sobre as taxas de respiração e sobre a deterioração fisiológica de frutas e
hortaliças durante o armazenamento. Um estudo do efeito da temperatura sobre a
qualidade e vida de armazenamento de alface e aspargos ilustra a relação entre perdas
pós-colheita e temperatura. A alface torna-se não comercializável em apenas 12 dias a
150C, mas não até 35 dias a 00C; o aspargos mostrou-se mais perecível tornando-se não
comercializável em apenas 5 dias a 150C, mas não até 35 dias a 20C. O aspargos não se
conserva bem a 00C por longos períodos de armazenamento por desenvolver injúria
fisiológica ("chilling") a essa temperatura.
A taxa de respiração em produtos frescos aumenta de 2 a 3 vezes a cada aumento
de 100C na temperatura; logo maçãs mantidas a 100C, respiram e amadurecem 3 vezes
mais rápido que maçãs mantidas a 00C, com um correspondente aumento na produção de
calor.
Muitas frutas e hortaliças conservam-se melhor a temperaturas levemente acima
do congelamento, outras são sensíveis ao "chilling" e sofrem desordens fisiológicas se
não são mantidas a temperaturas moderadas. Muitos frutos tropicais, por exemplo
bananas, são danificados se armazenados abaixo de 120C. Hortaliças, por exemplo,
feijões verdes, abóboras, berinjelas, certos melões e pepinos, pimentões doces e tomates
também são sensíveis ao frio e devem ser armazenados, geralmente, acima de 7.50C.
Com poucas exceções, o metabolismo de microrganismos é reduzido a baixas
temperaturas de forma que a deterioração é retardada. O armazenamento a baixas
temperaturas, entretanto, raramente destrói os patógenos e quando o produto retorna às
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Pré-resfriamento com ar
Os métodos que utilizam o ar como meio de resfriamento são os mais versáteis e
largamente aplicados. Dentre os meios, o ar é o que determina o mais longo período de
resfriamento, o que pode ser entendido como principal desvantagem. A taxa de
resfriamento e consequentemente o período necessário para que o vegetal atinja a
temperatura final desejada é variável, dependendo da exposição do produto ao fluxo de
ar. Logo a eficiência do método depende do volume de ar circulado e da exposição do
produto ao ar frio. A utilização de contêineres bem ventilados (embalagens com orifícios
de ventilação bem distribuídos) e ventiladores para distribuição uniforme do ar frio
maximiza a eficiência do método. Quanto mais rapidamente o ar frio passa pelo produto,
mais rapidamente ele resfria. Entretanto, fluxos de ar muito altos podem levar a
indesejável desidratação e murchamento do produto.
Pré-resfriamento a vácuo
Consiste no resfriamento evaporativo do vegetal. A cada 10°C resfriado o produto
perde em torno de 1,8% de massa, por evaporação da água. Entretanto, esta perda se dá
uniformemente através do produto, o que minimiza problemas associados ao
murchamento. A possibilidade do resfriamento do produto na própria embalagem, a
uniformidade do processo de resfriamento com relação a carga, a redução do risco de
murchamento devido a desidratação uniforme do produto e não apenas superficial e sua
agilidade (20-30 minutos) constituem-se nas principais vantagens. Entretanto o alto custo
de instalação é encarado como a principal desvantagem do método.
Teoricamente, o gelo deveria ser o meio mais eficiente de resfriamento, por sua
alta capacidade de remoção de calor. Entretanto, sua eficiência é limitada por causa da
dificuldade de se assegurar o contato íntimo entre o gelo e o produto a ser resfriado e pelo
peso do gelo. Os métodos de resfriamento abordados anteriormente são mais efetivos que
o resfriamento com gelo. Em produtos como o brócolis, o gelo misturado a água a 0°C é
pulverizado em contêineres impermeáveis, o que pode proporcionar um excelente
resfriamento.
Armazenamento definitivo
Após o pré-resfriamento, o produto é transferido para câmaras de armazenamento
definitivo, onde é conservado por dias, semanas e até mesmo meses. O ar é o meio
utilizado para manter a temperatura ideal de armazenamento do produto. Com o pré-
resfriamento do produto, não há a necessidade do superdimensionamento do equipamento
de refrigeração da câmara de armazenamento, para retirada do calor de campo e
resfriamento até a temperatura desejada.
Carga térmica
O cálculo da carga térmica para a projeção do sistema frigorífico de uma câmara
de pré-resfriamento ou armazenamento definitivo deve levar em consideração o calor
transferido através das paredes, piso e teto (isolamento); a infiltração de ar na câmara
(abertura da porta); a carga térmica do produto (calor vital e diferença entre temperatura
de campo e desejada x massa do produto) e a carga proveniente de outras fontes de calor
(homens, máquinas, etc).
11.4 Atmosfera
maiores que 10%) podem promover injúrias fisiológicas no tecido. Níveis de 1-3% de O2
e 3-15% de CO2 são normalmente utilizados na conservação de vegetais, sendo variável
o nível ideal ou a melhor combinação desses gases.
Frutos que amadurecem após a colheita - os chamados frutos climatéricos - como
por exemplo a maçã, a banana, o abacate e o tomate, respondem mais à manipulação
atmosférica que os frutos não climatéricos, a exemplo frutos cítricos e uva. O
prolongamento da vida pós-colheita de maçãs obtida pela refrigeração e controle
atmosférico permite a comercialização desses frutos em praticamente todos os meses do
ano. Sem essa tecnologia o excesso de produção durante o período de safra seria perdido
durante um curto período de comercialização.
O controle atmosférico é especialmente efetivo na redução de perdas e
manutenção da qualidade de produtos que não podem ser armazenados ou mantidos sob
a temperatura ótima para redução da taxa respiratória. Maçãs McIntosh e Yellow
Newtown, por exemplo, desenvolvem desordens fisiológicas quando armazenadas a 00C.
O armazenamento dessas variedades a cerca de 40C previne as desordens, mas encurta o
tempo de armazenamento. A suplementação da refrigeração com uma atmosfera de 3%
de O2 e 2 a 5% de CO2 pode dobrar o período de armazenamento de maçãs McIntosh,
comparado com o armazenamento a frio sem o controle atmosférico. Maçãs Yellow
Newtown se conservam melhor numa atmosfera com 2 a 3% de O2 e 7 a 8% de CO2. A
combinação ótima de O2, CO2 e nitrogênio deve ser determinada em função de cada
espécie e cultivar, por causa das diferentes respostas ao controle atmosférico.
Para muitos produtos, a temperatura ótima para prevenção de perdas não pode ser
mantida durante o transporte. Essa deficiência pode ser suplementada pela modificação
atmosférica no compartimento de carga do veículo de transporte, dentro de páletes
cobertos com plástico ou dentro de embalagens individuais de filmes poliméricos.
A alface se conserva melhor a 00C, embora seja usualmente transportada a
temperaturas de 40C a 50C. A redução dos níveis de O2 na modificação atmosférica abaixa
a taxa respiratória e reduz a incidência do "russet spoting", uma desordem fisiológica. O
acúmulo de CO2 acima de 2% durante o transporte pode resultar numa injúria chamada
"brown stain".
Morangos transportados via aérea são mantidos a uma temperatura muito acima
da temperatura ótima (00C) durante a maior parte do período de trânsito. A manutenção
de uma atmosfera que contenha 20% de CO2 dentro das cargas dos páletes reduz as perdas
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por Botrytis cinerea pela metade quando a temperatura média de trânsito está acima de
100C.
A alteração da atmosfera de armazenamento pode ser obtida de uma maneira bem
simples e relativamente barata pelo envolvimento do produto com filmes poliméricos
semipermeáveis ao O2, CO2 e vapor d'água, sendo a concentração de gases no interior da
embalagem uma função do metabolismo do produto e permeabilidade do filme
(“atmosfera modificada passiva”), nas condições de armazenamento (temperatura e
umidade relativa). Quando se injeta dentro da embalagem uma concentração pré-
estabelecida de gases (O2, CO2 e N2), o sistema é chamado de “atmosfera modificada
ativa”, sendo a concentração de gases uma função da injeção inicial, metabolismo do
produto e permeabilidade do filme. Os gases podem ainda ser monitorados rigidamente
em câmaras herméticas, o que envolve um maior custo. Esse processo, determinado de
“atmosfera controlada”, é utilizado para produtos de maior valor comercial. A atmosfera
controlada convencional é utilizada a décadas, principalmente no armazenamento de
maçãs, e se baseia no controle de O2 e CO2. Na última década, vários sistemas de
atmosfera controlada dita dinâmica, objetivando o armazenamento em níveis de O2 pouco
acima do limiar da fermentação (<1%), foram desenvolvidos. O controle dinâmico é
baseado na resposta dos frutos ao estresse, definida como a produção de etanol. Quando
o processo fermentativo se inicia, baseado na produção de etanol, automaticamente os
níveis de O2 são aumentados na câmara, em torno de 0,1%. Analisadores eletrônicos de
etanol podem ser utilizados, bem como analisadores de sinal de fluorescência, dado pela
clorofila contida nos frutos. Um claro aumento no sinal de fluorescência é notado abaixo
de níveis específicos de O2.
Logo, a técnica de manipulação atmosférica, aplicada durante o transporte e
armazenamento de vegetais, pode ser separada como descrito a seguir:
• Atmosfera modifica (AM)
• Ativa
• Passiva
• Atmosfera controlada (AC)
• Tradicional
• Dinâmica
A câmara frigorífica de AC deve apresentar uma boa vedação, para evitar
oscilações indesejáveis na concentração de gases. Chapas metálicas com poliuretano ou
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poliestireno são utilizadas com esse propósito. Após o enchimento da câmara com
frutas/hortaliças, a atmosfera deve ser instalada. O abaixamento da pressão de O2 é
realizada com a injeção de N2, enquanto o incremento da pressão de CO2 se dá pela
injeção deste gás. Analisadores de gases monitoram suas concentrações diariamente
sendo que o controle da atmosfera pode ser realizado manualmente ou automaticamente.
O excesso de CO2 e a deficiência de O2 na câmara, devido à respiração do produto, podem
ser controlados pelo uso de adsorvedores de CO2 e pela injeção de ar, respectivamente. O
controle inadequado dos gases pode levar a problemas fisiológicos nos vegetais.
Extintores de etileno, como o permanganato de potássio, também podem ser utilizados
nas câmaras de AC.
As embalagens de AM podem conter acessórios como sachês com extintores de
O2 e etileno e geradores de CO2, agentes antimicrobianos e eliminadores de umidade.
Filmes poliméricos, como o polietileno, poli cloreto de vinila (PVC) e co-extrudados, de
diferentes espessuras e densidades, são muito utilizados na fabricação de embalagens para
AM. Não obstante, o uso de filmes poliméricos comestíveis, a base de amido, pectina e
proteínas, bem como o uso de filmes biodegradáveis em embalagens vem crescendo nos
últimos anos.
Baixos níveis de O2 e altos níveis de CO2 retardam a respiração, mudanças na
coloração, firmeza e sabor, degradação do tecido e desenvolvimento de algumas injúrias
fisiológicas, preservando a qualidade do produto. A quantidade de CO2 requerida para
reduzir a deterioração por patógenos é usualmente extremamente alta e raramente irá
controlar a deterioração após a infeção ter ocorrido. Nem sempre torna-se evidente se o
principal papel é desempenhado pelos níveis de O2 ou CO2. Excesso de CO2 pode causar
injúrias na casca e desordens internas, enquanto níveis muito baixos de O2 podem
produzir sabor estranho e injúria alcoólica devido à fermentação.
O armazenamento hipobárico (pressões sub-atmosféricas) de produtos agrícolas
também pode ser realizado comercialmente. O abaixamento da pressão proporciona uma
redução nos níveis de O2, que podem ser acuradamente controlados. O vapor d'água deve
ser adicionado ao sistema para se evitar perdas de água a partir do produto. O alto custo
do equipamento requerido para o armazenamento hipobárico limita o seu uso atualmente
a culturas de alto valor e posteriores pesquisas são necessárias para se determinar como
uma larga faixa de produtos pode ser transportada ou armazenada dessa forma.
59
grande vantagem sobre suspensões ou dispersões por não requererem contínua agitação
para manter a uniformidade e serem mais prontamente aplicáveis como pulverizações,
que são mais econômicas. A aplicação por meio de imersões tem a vantagem de submergir
totalmente o produto de forma que a probabilidade do químico penetrar nos sítios de
infecção é aumentada. A principal desvantagem do tratamento por imersão é que ele
requer um volume relativamente grande de banho que deve ser usado por um período para
reduzir o custo unitário do tratamento; este método é mais adequado a químicos que sejam
baratos e estáveis.
A manipulação química da condição fisiológica do produto na tentativa de se
reduzir as perdas pós-colheita é, com poucas exceções, um campo largamente
inexplorado. O uso de reguladores de crescimento no ajuste da maturidade fisiológica,
amadurecimento pós-colheita e senescência é pobremente entendido. Químicos,
incluindo o metiléster do ácido naftalenoacético, são usados em escala comercial para o
controle de brotamento em batatas. Entretanto, vários deles, também inibem a cura de
ferimentos. Logo, embora o brotamento e a perda d'água associada com o brotamento
possam ser prevenidas pela aplicação de supressores, a perda de peso pode ser alta por
causa dos ferimentos não curados, a menos que o uso de inibidores do brotamento seja
retardado até a cura ser completada. O gás etileno é usado comercialmente no
amadurecimento artificial de bananas. O amadurecimento natural é variável e irregular.
Bananas e outros frutos tropicais são, normalmente, colhidos antes do amadurecimento,
no estádio pré-climatérico, de forma que possam ser manuseados e transportados a longas
distâncias com segurança. Na chegada ao seu destino o fruto verde é amadurecido sob
condições controladas em salas especiais de amadurecimento, usando-se o etileno para
estimular e uniformizar o amadurecimento. Técnicas para o retardo do amadurecimento
pela remoção química de etileno endógeno, combinado com a modificação atmosférica
por embalagens plásticas, têm sido desenvolvidas para o transporte do fruto a temperatura
ambiente.
Existe uma tendência mundial de redução do uso de químicos pelos riscos que
potencialmente trazem ao meio ambiente e saúde do consumidor. Face a essa
preocupação, o mercado de produtos orgânicos tem crescido consideravelmente nos
últimos anos. Não obstante, é pouco provável o abastecimento mundial exclusivamente
com produtos orgânicos. Logo, a agricultura continua sendo dependente do uso de
agrotóxicos. Alguns cuidados devem ser assumidos na minimização dos riscos desses
produtos:
63
Cerca 30% de frutos e hortaliças podem ser perdidos anualmente no mundo inteiro
por doenças pós-colheita. Uma estratégia para se reduzir perdas pós-colheita de frutas e
hortaliças por patógenos é a introdução de organismos com capacidade de controle
biológico, os antagonistas microbianos. O controle biológico de patógenos na pós-
colheita pode evitar, ou pelo menos reduzir, a utilização de químicos, incluindo aqueles
com resíduos potencialmente perniciosos sobre alimentos e a emergência de raças
resistentes de patógenos. Muitos antagonistas microbianos, incluindo fungos e bactérias,
têm sido estudados e comprovada sua eficácia na redução da incidência ou severidade de
lesões fúngicas em diferentes produtos.
65
Agente Doenças
Produto Cultura Fabricante/distribuidor
biológico alvo
Ampelomyces Maçãs, uvas,
AQ-10
quisqualis morangos,
bio- Oídio Ecogen, Inc., USA
Cesati ex tomates e
fungicide
Schlechtendahl cucurbitáceas
Candida Mofos
Maçã, pera e
Aspire oleophila azul, verde Ecogen, Inc., USA
citros
strain 1–182 e cinzento
Mofos azul
Pseudomonas
Biosave Maçã, pera, e cinzento,
syringae Eco Science
10LP, citros, cerejas mucor e
(strain 10 LP, Corporation, USA
110 e batatas podridão
110
ácida
Fogo
Pseudomonas Maçã, pera, bacteriano
Blight Ban
fluorescence A morango e e Nu Farm, Inc., USA
A 506
506 batatas podridões
mole
Contans
Coniothyrium
WG, Podridões Prohyta Biologischer,
minitans Cebola
Intercept alta e baixa Germany
Campbell
WG
Erwinia
amylovora Fogo EDEN Bioscience
Messenger Hortaliças
(Burrill) bacteriano Corporation, USA
Winslow et al.
Bacillus Batatas e Oídio e
KFZB Biotechnick,
Rhio-plus subtilis FZB outras podridões
Germany
24 hortaliças radiculares
Oídio,
requeima,
Maçã, pera,
Bacillus podridão
Serenade uva e Agro Quess Inc., USA
subtilis parda e
hortaliças
fogo
bacteriano
Fonte: Sharma et al. (2009)
67
11.7 Radiação
Em polímeros, bem como em alguns compostos de baixa massa molecular, a cisão pela
radiação ionizante também é possível.
A irradiação de alimentos envolve, principalmente, a exposição do produto a uma
câmara de raios , normalmente a partir de uma fonte de 60Co ou 137Cs.
A irradiação não promove nenhum efeito toxicológico em nenhum produto
alimentício até uma dose média de 10 kGy (nível máximo permitido para uso comercial).
Tal dose é suficiente para produzir um alto índice de destruição microbiana, sendo que
doses significativamente menores são suficientes para o controle do amadurecimento de
frutos (0.2-0.5 kGy).
A radiação a baixas doses tem sido apresentada como incrementadora da vida
pós-colheita de frutos, pelo retardo dos processos de amadurecimento e senescência. A
dose ótima para a inibição do amadurecimento e a máxima que os frutos podem tolerar
diferem entre espécies, cultivares e mesmo pelas mesmas cultivares cultivadas em
diferentes áreas geográficas e maturidade no momento da colheita.
Avanços têm sido obtidos no uso da irradiação para preservação de alimentos,
particularmente na desinfestação de trigo, inibição do brotamento de batatas e cebolas e
retardo no amadurecimento de mangas e bananas. Sob certas condições, a radiação pode
matar insetos, reduzir populações ou eliminar microrganismos e retardar os processos
fisiológicos como o amadurecimento e brotamento. A radiação pode, contudo, afetar
adversamente a qualidade. As fontes de radiação que têm sido usadas incluem,
principalmente, os raios gama (Cobalto 60 ou césio 137). Consideravelmente mais
desenvolvimento e redução de custos são requeridos antes que práticas de radiação
possam ser adotadas comercialmente, embora uma vantagem do sistema seja que ele
possa ser facilmente integrado com outros métodos de manuseio e armazenamento.
deve à perda de registro de uma gama de tratamentos químicos que a princípio eram
usados com sucesso. Além disso, existe um aumento na demanda por produtos livres de
químicos ou pelo menos que tenham sofrido o menor número possível de tratamentos. O
calor apresenta ação fungicida, bem como inseticida, mas as condições ideais para o
controle de insetos podem não o ser para o controle de patógenos e em alguns casos
podem ser até mesmo detrimentais. Ainda, se um tratamento térmico é desenvolvido para
o controle de fungos e insetos, não deve danificar o produto sendo tratado.
deteriorações dos frutos. O tratamento de pêssegos por 3.5 minutos em água a 490C ou
1.5 minuto em água a 540C controla a podridão parda (Monilinia fructicola) e podridão
por Rhizopus (Rhizopus stolonifer). A exposição por 3 minutos em água a 540C causa
injúrias ao fruto e aumenta sua suscetibilidade à infecção caso posteriormente
contaminado com esporos de fungos. Imersões em água quente a 520C por 2 a 3 minutos
é mais efetivo no controle de deteriorações sem causar injúrias ao fruto. A utilização de
água clorada durante o pré-resfriamento é essencial na prevenção a recontaminação dos
frutos tratados.
Imersões em água quente têm geralmente sido utilizadas para o controle de fungos
patogênicos, visto que os esporos fúngicos e infecções latentes estão na superfície ou na
primeira camada de células sob a casca dos frutos e hortaliças. As imersões pós-colheita
para o controle de deteriorações são geralmente aplicadas por apenas alguns minutos e as
temperaturas usadas são maiores que aquelas paro ar quente ou vapor quente, uma vez
que apenas a superfície do produto é aquecida. Muitos frutos e hortaliças toleram água
quente à temperatura de 50 a 600C por até 10 minutos, embora exposições mais curtas a
essas temperaturas possam controlar muitos patógenos pós-colheita.
O ar quente pode ser aplicado pela colocação do fruto ou hortaliça em uma câmara
aquecida com circulação forçada de ar. Este método aquece mais lentamente que a água
quente ou vapor quente. Tem sido utilizado, principalmente, para o estudo de mudanças
fisiológicas em frutos e hortaliças em resposta ao calor. Também tem sido utilizado como
tratamento de quarentena. Uma razão para a opção por esse método é que a alta umidade
no vapor quente pode algumas vezes danificar o fruto tratado, e o menor tempo de
aquecimento e menor umidade com ar quente forçado causa menos danos.
Algumas hortaliças devem passar pela operação de toalete. Este tratamento tem
por objetivo eliminar folhas, caules e raízes indesejáveis. Algumas frutas podem receber
uma camada de cera para substituir a cera natural retirada do produto durante a lavagem,
ou mesmo para melhorar sua aparência e prolongar sua vida útil.
As frutas e hortaliças devem ser classificadas corretamente, de acordo com as
exigências do mercado. Grau de maturação, coloração, tamanho (comprimento e/ou
diâmetro) e presença de defeitos são fatores a serem observados na classificação. O lote
deve ser o mais homogêneo possível. Produtos misturados desvalorizam a mercadoria e
induzem o consumidor ao manuseio excessivo, acelerando e aumentando as perdas.
A extensão das perdas pós-colheita devida a injúrias mecânicas atesta a necessidade de
embalagens protetoras e sistemas melhorados para o manuseio de frutas e hortaliças.
Muitas das perdas em qualidade de produtos refrigerados, congelados, enlatados e
desidratados podem ser minimizadas pela seleção de técnicas e material adequados de
embalagem. A embalagem correta controla efetivamente as perdas de frutas e hortaliças
de efeitos adversos da luz, oxigênio, umidade, temperatura e microrganismos. Entretanto,
a escolha adequada da embalagem é importante considerando-se possíveis interações
entre o alimento e o material de embalagem, que podem causar severas perdas de
nutrientes. A luz pode degradar algumas vitaminas fotossensíveis, incluindo a riboflavina,
vitamina A, tiamina e aminoácidos em alimentos embalados em contêineres
transparentes.
A embalagem apropriada de um produto pode reduzir não apenas abrasões e
machucaduras, mas também a perda de umidade, prevenir recontaminação do produto
com microrganismos, reduzir furtos, manter um ambiente sadio durante a
comercialização, proporcionar modificações atmosféricas desejáveis e facilitar o
resfriamento e manutenção de baixas temperaturas durante o armazenamento, transporte
e distribuição.
A embalagem de frutas e hortaliças pode reduzir suas perdas em até 50% durante
o transporte e manuseio. O índice de abrasões na casca de maçãs aumentou
progressivamente à medida que a embalagem dos frutos passou do pomar (26%) para a
casa de embalagem (30%), para armazéns de varejo (36%) e para bancas de exposição no
varejo (50%). Após exposição de dois a três dias, a percentagem de frutos com injúrias
físicas aumentou para 55% por causa do excesso de manuseio por parte dos
consumidores. O índice de abrasões aumentou similarmente à medida que os frutos
progrediram na cadeia de comercialização. Embora abrasões na casca não resultem,
73
Citros
Tomate
maduro
8-10 85-90 A B 1-3 semanas 3-5%O2+3-5%CO2
verde
10-13 90-95 MB A 2-5 semanas 3-5%O2+2-3%CO2
B = baixa sensibilidade
M = moderada sensibilidade
A = alta sensibilidade
79
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