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Glicídios
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Monossacarídios
Monossacarídios são os glicídios mais simples, que apresentam entre 3 e 7 átomos de car-
bono na molécula e fórmula geral Cn(H2O)n. Isso significa que a molécula de um monossacarídio
com 6 átomos de carbono tem quase sempre 12 átomos de hidrogênio e 6 átomos de oxigênio.
O nome genérico desses açúcares compõe-se de um prefixo indicativo do número de carbonos
da molécula, acompanhado do sufixo -ose. Glicídios de três carbonos e fórmula geral (C3H6O3)
são denominados trioses; os de quatro carbonos e fórmula geral C4H8O4 são tetroses; e assim
por diante: pentoses (C5H10O5), hexoses (C6H12O6) e heptoses (C7H14O7).
Além dos nomes genéricos, os monossacarídios têm nomes específicos, de acordo com suas
características químicas. Com certeza você já ouviu falar em glicose, frutose e galactose; eles são
hexoses, isto é, monossacarídios com 6 carbonos na molécula. Por outro lado, a ribose presente
no RNA é um monossacarídio do tipo pentose. (Fig. 3.13)
CH2OH
O O
H H HOCH2 OH
H
OH H H H
HO OH H H
H OH CH2OH OH OH
Ribose
Dissacarídios
Dissacarídios são glicídios constituídos por dois monossacarídios quimicamente unidos.
A reação de formação de um dissacarídio é uma síntese por desidratação: um dos monos-
sacarídios perde um hidrogênio (KH), o outro perde uma hidroxila (KOH) e eles se unem
por meio de uma ligação covalente, que neste caso denomina-se especificamente ligação
glicosídica; ao mesmo tempo, o hidrogênio e a hidroxila também se unem, produzindo uma
molécula de água.
A sacarose, o principal açúcar presente na cana-de-açúcar, é um dissacarídio formado pela
união de uma glicose e uma frutose. Outro exemplo de dissacarídio é a lactose, o açúcar do leite,
constituído pela união de uma glicose e uma galactose. (Fig. 3.14)
Unidade A • A natureza da vida
CH2OH CH2OH H OH
O O O
H H HOCH2 H HO H
H H HH OH H
OH H O H HO OH H H
HO CH2OH O
H OH
O
H OH OH H H OH CH2OH
Sacarose (açúcar da cana) Lactose (açúcar do leite)
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Polissacarídios
Polissacarídios são glicídios constituídos por centenas ou mesmo milhares de monossaca-
rídios quimicamente ligados. Moléculas de polissacarídios são relativamente grandes quando
comparadas à maioria das outras moléculas, e por isso são consideradas macromoléculas (do
grego makros, grande).
Polissacarídios são polímeros, denominação que se dá a moléculas constituídas pela repetição
de centenas ou milhares de unidades idênticas (ou semelhantes), os monômeros. Exemplos de
polissacarídios são o amido (cujo monômero é a a glicose), o glicogênio (o monômero também
é a a glicose), a celulose (o monômero é a b glicose) e a quitina (o monômero é a N-acetilgluco-
samina). A a glicose e a b glicose são formas de glicose interconversíveis, isto é, que podem se
transformar uma na outra, diferindo quanto à posição do hidrogênio (KH) e da hidroxila (KOH)
ligados ao chamado carbono 1. (Fig. 3.15)
Amido
O amido é uma substância produzida por plantas e algas, constituída pela condensação
química de milhares de moléculas de a glicose. O que se denomina amido são, na realidade, dois
tipos de polímeros de a glicose: amilose, cujas moléculas são lineares, e amilopectina, cujas
moléculas são ramificadas.
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Glicogênio
A maioria dos animais, inclusive a espécie humana, produz em suas células o polissacarídio
glicogênio, cujas moléculas têm estrutura similar à da amilopectina, diferindo desta por serem
maiores, mais ramificadas e mais compactas.
A função do glicogênio para os animais é equivalente à do amido para as plantas. Após
uma refeição rica em glicídios, as células de nosso fígado absorvem ativamente moléculas de
glicose do sangue, unindo-as quimicamente para produzir moléculas de glicogênio. Quando a
taxa de glicose no sangue diminui, como ocorre nos períodos entre as refeições, as células
do fígado quebram (hidrolisam) o glicogênio, reconvertendo-o em moléculas de glicose; estas
são devolvidas ao sangue, que as leva a todas as células do corpo. A glicose é utilizada pelas
células como fonte de energia e de matéria-prima para o metabolismo. Células musculares
também armazenam grande quantidade de glicogênio, fonte de energia para a contração mus-
cular. O glicogênio estocado no fígado e nos músculos representa uma forma de os animais
armazenarem energia.
Celulose
Outro polissacarídio fundamental ao mundo vivo é a celulose. As moléculas filamentosas e
altamente resistentes da celulose são o principal componente da parede celular, o esqueleto
básico das células vegetais. A celulose compõe-se de milhares de moléculas de b glicose quimi-
camente ligadas. (Fig. 3.15B, na página seguinte.)
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6 CH2OH
CH2OH CH2OH CH2OH CH2OH CH2OH
O
H 5 H O O O O O
H 1 4
4 1
OH H
HO OH O O O O O O
3 2
OH OH OH OH OH
H OH
A1. Configuração � da A2. Cadeia de unidades de glicoses unidas por ligações 1-4 � glicosídicas,
glicose e enumeração presente na amilose, na amilopectina e no glicogênio.
dos átomos de
carbono.
CH2OH
CH2OH OH CH2OH OH CH2OH
O O O O
H OH O O O
H
4 1
OH H 1 4
HO H O O O
O O
OH CH2OH OH CH2OH OH
H OH
B1. Configuração � B2. Cadeia de unidades de glicoses unidas por ligações 1-4 � glicosídicas, presente na celulose.
da glicose.
CH3 CH3
C O C O
CH2OH
H NH NH CH2OH NH CH2OH NH
C O C O C O C O
C1. Configuração da C2. Cadeia de N-acetilglucosaminas unidas por ligações 1-4 � glicosídicas, presente na quitina.
N-acetilglucosamina.
Figura 3.15 Estrutura de alguns polissacarídios. A. A glicose é a unidade dos polissacarídios amilose e amilopectina
constituintes do amido, e do glicogênio; a diferença entre esses polissacarídios é a presença ou não de ramificações e
sua quantidade. B. A celulose apresenta cadeias de glicose unidas pelos carbonos 1 e 4 (ligação 1-4 glicosídica).
C. A quitina apresenta cadeias de N-acetilglucosamina unidas pelos carbonos 1 e 4 (ligação 1-4 glicosídica).
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A celulose é uma importante fonte de alimento para muitos animais herbívoros, principalmente
os ruminantes (vacas, cabras etc.). Paradoxalmente, esses animais não são capazes de digerir,
eles mesmos, as moléculas de celulose que ingerem. Essa tarefa é realizada por microrganismos
(bactérias e protozoários) que vivem no estômago do ruminante como comensais. Periodicamente,
o ruminante digere e aproveita grandes quantidades de microrganismos como alimento, além de
se utilizar de produtos da celulose que eles liberam no meio. (Fig. 3.16)
Moléculas de celulose também são indigestas para nossa espécie, mas, ao contrário dos
ruminantes, não possuímos em nosso tubo digestório microrganismos que nos ajudem a digeri-
-las. Apesar disso, ingerir alimentos ricos em celulose é importante para a saúde, pois as fibras
celulósicas são higroscópicas (isto é, absorvem água) e dão volume e consistência à massa
alimentar, ativando os movimentos intestinais.
As folhas do livro que você está lendo e, talvez, sua mesa e sua cadeira são constituídas por
moléculas de celulose, o principal componente do papel e da madeira. Pense na importância
dessa substância para a humanidade.
cessária para sintetizar toda essa matéria orgânica vem do Sol. A energia solar é captada pelas
algas e plantas, que a utilizam para produzir moléculas de glicídios por meio da fotossíntese. Os
glicídios armazenam, na forma de energia potencial química, boa parte da energia empregada
em sua produção.
A fotossíntese consiste em um conjunto de reações químicas em que moléculas de gás car-
bônico e de água são convertidas em moléculas de glicídio e gás oxigênio. O resumo de todas as
reações da fotossíntese pode ser descrito pela equação geral a seguir:
6 CO2 1 12 H2O # C6H12O6 1 6 02 1 6 H2O
Gás Água LUZ Glicídio Gás Água
carbônico oxigênio
Uma vez que plantas, algas e algumas bactérias são os únicos seres que conseguem captar
energia luminosa do Sol, a sobrevivência de praticamente todos os outros organismos depende,
direta ou indiretamente, desses seres fotossintetizantes. Os animais herbívoros obtêm a energia
necessária à sua vida comendo plantas ou algas. Os animais carnívoros, ao se alimentarem de
herbívoros ou mesmo de outros carnívoros, estão usando indiretamente a energia originária dos
glicídios produzidos na fotossíntese.
A dependência que os animais têm das plantas nos dá uma medida da importância dos seres
fotossintetizantes e dos glicídios para a existência e a manutenção da vida na Terra.