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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

ESCOLA DE DIREITO, NEGOCIOS E COMUNICAÇÃO - EDNC


PRO- REITORIA DE GRADUAÇÃO
NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA

AO JUÍZO DA 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL DA COMARCA DE


GOIÂNIA/GO.

Processo n.º xxxxxxxxx

ESTADO DE GOIÁS, pessoa jurídica de direito público,


CNPJ 01.409.580/0001-38, com sede no Palácio das Esmeraldas, Praça Cívica, Centro de
Goiânia, neste ato por meio de suas procuradoras do estado, (madato ex legi em anexo), com
endereco profissional nesta cidade, Procuradoria Geral do Estado, Praça Dr. Pedro Ludovico
Teixeira - St. Central, CEP 74083-010, Estado de Goiás, nos autos da AÇÃO DE
CONHECIMENTO COM PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS,
que lhe promove EVANDRO IMPRUDENTE já qualificado nos autos, vem respeitosamente
perante Vossa Excelência oferecer

CONTESTAÇÃO

pelos motivos a seguir expostos:

1. BREVE SÍNTESE DA PETIÇÃO INICIAL

Evandro Imprudente propôs em 03 de janeiro de 2022,


perante a 1ª Vara da Fazenda Pública Estadual da Comarca de Goiânia, uma ação de
conhecimento com pedido de indenização por danos materiais, no valor de 60 salários-
mínimos, em face da
Secretaria da Educação do Estado de Goiás, sob o
argumento de que fora atropelado, em 02 de janeiro de 2015, pelo carro conduzido por um
funcionário do referido órgão, Sr.

Avenida Fued José Sebba, nº. 1.184, Jardim Goiás, CEP 74.805-100 – Goiânia – Goiás.
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João das Dores, quando atravessava, fora da faixa de


pedestres, a Av. 85, Setor Marista.

Ocorre que, de acordo com o boletim de ocorrência de


acidente de trânsito, lavrado na ocasião, o veículo trafegada dentro da velocidade permitida na
via e em observancia as demais regras de transito.

Recebida a inicial, o juiz designou a audiência de


conciliação, da qual foi intimado o autor e citado o réu na pessoa do Procurador Geral do
Estado.

Todavia esta foi cancelada em razão do acolhimento do


pedido do réu, que, a exemplo do autor, manifestou formalmente o desinteresse na
composição consensual no último dia 10/02/23 (dia do protocolo do pedido de cancelamento
da audiência).

II. DAS PRELIMINARES DE MÉRITO

1. Da legitmidade Passiva

E importante pontuar, de início, que o autor Evandro


Imprudente propos a ação em lace da Secretaria da Educacão do Estado de Goiás.

Nesse sentido, sabe-se que o referido órgão citado na


inicial não é dotado de personalidade jurídica, é apenas um centro de atribuições, isto é, só
representa a vontade da pessoa a quem ele pertence.

A respeito do tema, o doutrinador Carvalho Filho ensina


que para ser reconhecida a personalidade judiciária de um órgão público, são necessários
alguns requisitos.

a) é preciso que o órgão seja integrante da estrutura

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superior da pessoa federativa;


b) que tenha competências outorgadas pela Constituição; e
c) que esteja defendendo seus direitos institucionais
entendidos esses como sendo os relacionados ao
funcionamento, autonomia e independência do órgão.
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito
administrativo. 25ª ed. rev. ampl. e atual. até a Lei n°
12.587, de 3-1-2012. - São Paulo: Atlas, 2012.

Desse modo, têm-se que quem não possui personalidade


jurídica não tem capacidade para ser parte em processo, sendo, portanto, parte ilegítima,
conforme o artigo 339 do CPC elucida. Vejamos:

Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o


sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver
conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e de
indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação.
§ 1° O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15
(quinze) dias, à alteração da petição inicial para a substituição do réu,
observando-se, ainda, o parágrafo único do art 338.
§ 2° No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a
petição inicial para incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito
indicado pelo réu.

Assim, fora indicado corretamente o sujeito passivo da


relação jurídica discutida (ESTADO DE GOIAS no início da presente contestação.

2. Da Incompetência Absoluta do Juízo

Deve-se salientar também que se verifica da análise dos


autos que este juizo é absolutamente incompetente para apreciar a ação uma vez que o Juizado
da Fazenda Pública que é competente, devido ao valor não exceder a 60 salários- mínimos.

Ademais, nota-se no caso em tela que o Juizado possui


competência absoluta, conforme dispõe o artigo art 2°, § 4 da lei 12.153. Vejamos:

Art. 2° É de competência dos Juizados Especiais da

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Fazenda Pública processar, conciliar e julgar causas cíveis


de interesse dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos
Municípios, até o valor de 60 (sessenta) salários minimos.
§ 4° No foro onde estiver instalado Juizado Especial da
Fazenda Pública, a sua competência é absoluta.

Portanto, a referida preliminar deve ser acolhida para


extinção do processo, tendo em vista que a ação foi ajuizada por Evandro Imprudente na 1ª
Vara da Fazenda Pública Estadual da Comarca de Goiânia, enquanto deveria ter sido ajuizada
no Juizado da Fazenda Pública. Abaixo demonstra-se o entendimento do Tribunal de Justiça
do Estado de Goiás:

APELAÇÃO CÍVEL N° 5151776-16.2019.8.09.0051 APELANTE:


AGENCIA GOIANA DE INFRAESTRUTURA E TRANSPORTES –
GOINFRA APFLADDO; ZACARIAS COSTA SANTANA
RELATOR: DESEMBARGADOR CARLOS ESCHER CAMARA: 4'
CÍVEL EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ANULATÓRIA
C/C PEDIDO DE INDENIZAÇÃO. COMPETÊNCIA JUIZADOS
ESPECIAIS DA FAZENDA PÚBLICA. JULGAMENTO PELA
VARA DA FAZENDA PÚBLICA COMUM. NULIDADE DE AI
GIBEIRA. PRINCIPIO POSITIVO DA INAFASTABILIDADE DA
JURISDIÇÃO RECONHECIMENTO E ARBITRAMENTO DE
DANOS MORAIS. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. VALOR DA
INESTIMAVEL OU IRRISÓRIO PROVEITO ECONOMICO
PREQUESTIONAMENTO. Tem competência Juizados Especiais da
Fazenda Pública, para processar, conciliar e julgar causas civeis de
interesses dos Estados. Distrito Federal e Municípios. com valor até
60 salários-minimos(Lei n° 12.153/2005 2. A declinação de
competencia pelo JEC da Fazenda Pública. com a remessa do
processo a Vara Comum da Fazenda Pública e o julgamento deste por
esta, pode afastar a alegação de incompetência absoluta deste, pois
esta alegação não foi feita em outras oportunidades processuais, só
vindo a fazê-la, após a prolação da sentenca que lhe foi desprovida, e
no momento que achou mais conveniente decorrendo assim na
chamada nulidade de algibeira, ainda, o julgamento da ação não
causou prejuízos às partes. 3. Mesmo ocorrendo O useaso ato do
recurso administrativo o Poder Judiciario
poderá fazer a apreciação de lesão ou ameaça a direito (art. 5° XXXV.
da CF/88). adros morais quanco na afetacão dos direitos da
personalidade a ponto de causar grave desequilibrio psicológico ou
profunda angústia à pessoa atingida e, o seu quantum devera observar
os principios da proporcionalidade e razoabilidade 5. Nas causas em
que for inestimavel ou irrisório O proveito econômico, o juiz arbitrará
os honorários advocatícios por apreciação equitativa. (art. 85, § 8°, do
CPC). 6. Desorovido o apelo devem ser majorados os honorários
advocaticios, na forma do art. 85, § 11, do CPC. 7. O
prequestionamento da matéria, se ainda esta pendente o julgamento do
recurso de apelação, não devera se reconhecido. APELO
DESPROVIDO (TJGO. PROCESSO CIVEL E DO TRABALHO
Recursos -> Apelacão Civel 515177016.2019.8.09.0051, Rel. Des(a).
DESEMBARGADOR CARLOS HIPOLITO ESCHER, 4- Camara

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Civel, julgado em 23/01/2025, DJe

II – DO DIREITO

1. Da Prescrição da Pretensão Indenizatória

Ademais da tese antecedente, sabe-se que prescreve em


cinco anos todo e qualquer direito ou ação movida contra a fazenda pública, seja ela federal,
estadual ou municipal, inclusive para pedir indenização por reparação civil.

A prescrição, segundo Bevilaqua (2007, p. 401-402), tem


como finalidade a necessidade de estabilidade das relações jurídicas, considerando-se uma
pena ao titular do direito que permanecer inerte:

A prescrição é uma regra de ordem, de harmonia e de paz, imposta


pela necessidade de certeza nas relações jurídicas: finis solicitudinis
ac periculi litium, exclamou Cícero. Tolhe o impulso intempestivo do
direito negligente, para permitir que se expandam as forças sociais,
que lhe vieram a ocupar o lugar vago. E nem se pode alegar que há
nisso uma injustiça contra o titular do direito, porque, em primeiro
lugar, ele teve tempo de fazer efetivo o seu direito, e, por outro, é
natural que o seu interesse, que ele foi o primeiro a desprezar,
sucumba diante do interesse mais forte da paz social. BEVILAQUA,
Clóvis. Teoria Geral do Direito Civil. Campinas: Servanda, 2007.
[Grifo nosso]

Assim nota-se que o autor se manteve inerte quanto a


pretensão indenizatória por 07(sete) anos, resultando, portanto, na perda de sua pretensão
indenizatória. A respeito do tema, conceituando com extrema qualidade o instituto da
prescrição, colacionamos as lições de Flávio Tartuce (2011, p. 244-245):

Desse modo, se o titular permanecer inerte, tem como pena a perda da


pretensão que teria por via judicial. Repise-se que a prescrição
constitui um benefício a favor do devedor, pela aplicação da regra de
que o direito não socorre aqueles que dormem, diante da necessidade
do mínimo de segurança jurídica nas relações negociais. TARTUCE,
Flávio. Manual de Direito Civil. São Paulo: Método, 2011.

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Nessa trilha, o artigo 1° do Decreto n. 20.910, de 06 de


janeiro de 1932, delibera que as dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios,
bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda Pública, seja qual for a sua
natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originaram:

Art. 1° As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios,


bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal,
estadual ou municipal, seja qual lor a sua natureza, prescrevem em
cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem.

Nesse sentido, percebe-se que o decreto estabelece o prazo


de 5 (cinco) anos para qualquer ação contra a Fazenda Pública, federal, estadual ou municipal,
qualquer que seja a sua natureza, dentre elas a ação condenatória em face do Estado. Em meio
às ações condenatórias, despontam aquelas em que se pleiteia a condenação da Administração
ao pagamento de indenização em decorrência de sua responsabilidade pelo fato danoso.

Desse modo, têm-se que a pretensão indenizatória contra o


estado prescreve em 5 anos. No entanto, sabe-se que no caso em questão se passaram 07
(sete) anos. Nessa trilha, relevante é o entendimento do STJ:

ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO.


PRESCRICÃO. PRAZO. ARTIGO 206, § 3°, V, DO CÓDIGO
CIVIL. INAPLICABILIDADE. ARTIGO 1° DO DECRETO N°
20.910/32. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. 1. O prazo prescricional
da pretensão reparatória contra o Estado, seja federal, estadual ou
municipal é de cinco anos, nos termos do artigo 1° do Decreto n°
20.910/32. Precedentes, entre eles: EREsp 1081885/RR, Rel. Min.
Hamilton Carvalhido. Primeira Seção, julgado em 13/12/2010, DJe
01/02/2011. 2. Recurso especial provido. (STJ, REsp 1.236.599/RR,
Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira, j. 08/05/2012, p. Dje
21/05/2012). [destacado]

Além disso, nos termos do art. 1°-C, da Lei n° 9.494, de


1997, com a redação dada pela MP n° 2.180, de 2001, o prazo prescricional para a propositura
das ações de indenização por danos causados "por agentes de pessoas jurídicas de direito
público e de pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos" é de cinco
anos. A redacão do dispositivo acima reitera a regra da prescrição quinquenal fixada pelo
Decreto n° 20.910, de 1932.

Avenida Fued José Sebba, nº. 1.184, Jardim Goiás, CEP 74.805-100 – Goiânia – Goiás.
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Nos termos deste decreto, as ações judiciais propostas


contra o poder público prescrevem em cinco anos. Por força do Decreto n° 4.597, de 1942,
esse prazo de cinco anos é aplicável a todas as ações propostas contra as pessoas jurídicas de
Direito Público.
Portanto, conclui-se que a pretensão indenizatória do autor
prescreveu, visto que o fato ocorreu há 07 (sete) anos.

2. Excludente da Culpa Exclusiva da Vítima

Em que pese a preliminar apresentada ser intransponível,


no mérito, melhor sorte não assiste ao autor. Deve-se destacar tambem que contorme exposto,
o Autor promove a presente acão contra o Reu com pretensão indenizatória.

No entanto, sua pretensão não encontra respaldo vez que é


de conhecimento de todos que o autor atravessou uma avenida muito movimentada, em
horario de grande fluxo de veículos e como se não bastasse, fora da laixa de pedestre.

Ademais. tem-se que o veículo dirigido pelo agente estava


dentro da velocidade da via. conforme Boletim de Ocorrência de Trânsito que atesta
velocidade.

Portanto, nota-se que no caso em tela há a excludente da


culpa exclusiva da vítima. Desse modo, evidente é que o acidente foi causado devido a
imprudência do autor.
Assim, não resta dúvidas de que o suposto evento danoso
ocorreu por culpa exclusiva do demandante. A respeito do tema, relevantes são os
ensinamentos do notório doutrinador Carlos Roberto Goncalves:

Quando o evento danoso acontece, por culpa exclusiva da vítima,


desaparece a responsabilidade do agente. Nesse caso, deixa de existir
a relação de causa e efeito entre o seu ato e o prejuizo experimentado
pela vítima. Pode-se afirmar que, no caso de culpa exclusiva da
vítima, o causador do dano, é mero instrumento do acidente. Não há
liame de causalidade entre o seu ato e o prejuízo da vítima.

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Responsabilidade Civil. Saraiva, 2008, p. 505.)

Para que haja o dever de indenizar é necessário o nexo de


causalidade entre o fato e a conduta do ofensor, porquanto, diante da culpa exclusiva do Autor
e de forca maior ou caso fortuito, não há que se falar em relação de causalidade entre o dano e
a conduta do requerido, como se denota da Jurisprudência:

APELAÇÃO CÍVEL N. 0326504-55.2010.8.09.0175 COMARCA


GOIÂNIA APELANTE RÁPIDO ARAGUAIA LTDA. - EM
RECUPERAÇÃO JUDICIAL APELADOS LUCIRENE PEREIRA
DA SILVA E OUTROS RELATOR Desembargador José Carlos de
Oliveira APELACÃO CÍVEL. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE
DANOS MATERIAIS E MORAIS. ACIDENTE DE TRÂNSITO
COM RESULTADO MORTE. CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO
PÚBLICO DE TRANSPORTE COLETIVO. RESPONSABILIDADE
OBJETIVA. CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA EVIDENCIADA.
EXCLUDENTE DA RESPONSABILIDADE CIVIL.
INDEPENDÊNCIA DAS INSTANCIAS CÍVEL E PENAL.
VALORAÇÃO DA PROVA PRODUZIDA NO CURSO DO
INQUÉRITO POLICIAL. POSSIBILIDADE. PEDIDO INICIAL
JULGADO IMPROCEDENTE. INVERSÃO DA SUCUMBÊNCIA.
SENTENÇA REFORMADA. 1. As pessoas jurídicas de direito
privado que exploram o serviço público de transporte coletivo
respondem objetivamente pelos danos causados a terceiros, usuários
ou não do serviço (teoria do risco administrativo), só podendo ser
afastada a responsabilidade por alguma excludente, como a culpa
exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior. Precedentes STF,
STJ e TJGO. 2. Não há como impor os deveres de indenizar e de
pensionar à concessionária de serviço público, eis que a prova dos
autos evidencia ter sido a própria vítima quem deu causa ao acidente
de trânsito, quando, ao realizar uma derivação à esquerda com a
finalidade de ultrapassar veículo de grande porte que tramitava a sua
frente, lançou-se sem a devida cautela na faixa em que tramitava o
ônibus e obstruiu seu livre tráfego do ônibus, sendo por ele colhida. 3.
O fato de o preposto da concessionária de serviço público de
transporte coletivo ter deixado o local do acidente, provavelmente por
medo de sofrer precipitado julgamento popular por parte dos
passageiros do ônibus que
onduzia, sem direito a defesa prévia e às garantias constitucionais a
todos asseguradas no âmbito do processo penal, por si só, não é o
bastante para afastar a conclusão alcançada pela prova técnica (perícia
do local do abalroamento) e, também, não pode servir de lastro para a
condenação da insurgente. 4. Ainda que, em regra, vigore a
independência das instâncias cível e penal, comprovada no âmbito
criminal a culpa exclusiva da vítima pelo fatídico acidente que ceifou-
lhe a vida, nada impede que tal prova, outrora submetida ao
contraditório nestes autos, seja valorada no julgamento da demanda
cível que versa sobre o mesmo abalroamento (art. 372, do CPC). 5.
Como consequência da reforma da sentença, remanescendo julgados
improcedentes os pedidos iniciais, imperativa a inversão dos ônus
sucumbenciais, ficando a cargo dos autores, ora apelados, o
pagamento das despesas processuais e de honorários advocátícios,
observada a suspensão da exigibilidade correlata (art. 98, § 3°, do

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CPC). APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E PROVIDA.(TIGO,


PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Recursos -> Apelacão
Cível 0326504-55.2010.8.09.0175, Rel. Des(a). DESEMBARGADOR
JOSÉ CARLOS DE OLIVEIRA, 2a Câmara Cível, julgado em
30/01/2023, DJe de 30/01/2023)

Dos fatos, depreende-se claramente que não se pode


atribuir ao Estado, a culpa nas modalidades apontadas pelo autor.

O fato ocorreu por culpa exclusiva do autor que foi


desatento, não obedeceu às normas de trânsito em uma Avenida com grande fluxo de
veículos. A atitude do autor enquadra-se perfeitamente nO conceito de culpa de Cretella Jr:
"Culpa é a inexecução de dever que o agente deveria prever e observar."

Extrai-se claramente que o Autor agiu sem a diligência


necessária à execução do ato, comportando-se de forma insensata, desprezando as cautelas
necessárias.
Dessa forma, este e não o Estado, agiu de maneira
imprudente e negligente. Deve-se salientar também que a responsabilidade do Estado é
objetiva, sob a ótica da teoria do risco administrativo que comporta as excludentes, cabendo
destacar que o Estado está isento de danos causados por atos de terceiros, força maior, culpa
exclusiva da vítima ou caso fortuito, sendo este o entendimento predominante pelos
Tribunais, veja-se:

Em face dessa fundamentação, não há que se pretender que, por haver


o acórdão recorrido se referido à teoria do risco integral, tenha
ofendido o disposto no artigo 37, $ 6°, da Constituição que, pela
doutrina dominante, acolheu a teoria do risco administrativo, que
afasta a responsabilidade obietiva do Estado quando não há nexo de
causalidade entre a ação ou a omissão deste e o dano, em virtude da
culpa exclusiva da vítima ou da ocorrência de caso fortuito ou de forca
maior."
(RE 238.453, voto do Min. Moreira Alves. DJ 19/12/02

Desse modo, evidente é que o acidente foi causado devido


a imprudência do autor. Assim, não resta dúvidas de que o suposto evento danosoocorreu por
culpa exclusiva do demandante. A respeito do tema, leciona o notório doutrinador Carlos

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Roberto Goncalves:
Quando o evento danoso acontece, por culpa exclusiva da vítima,
desaparece a responsabilidade do agente. Nesse caso, deixa de existir
a relação de causa e efeito entre o seu ato e o prejuízo experimentado
pela vítima. Pode-se afirmar que, no caso de culpa exclusiva da
vítima, o causador do dano, é mero instrumento do acidente. Não há
liame de causalidade entre o seu ato e o prejuizo da vítima.
Responsabilidade Civil. Saraiva, 2008, p. 505.

Desta forma, não há como ser acolhido o pedido


formulado pelo Autor.

III. DOS REQUERIMENTOS

Diante do exposto, requer a Vossa Excelência:

a)que seja acolhida a preliminar de ilegitimidade passiva


alegadas, nos termos do art. 339 do CPC bem como a
preliminar de incompetência absoluta do juízo, a fim de
que o processo seja extinto sem análise do mérito;
b) caso ultrapassadas as preliminares. requer a Vossa
Excelência que julgue improcedente o pedido do autor,
reconhecendo a prescrição, ou salvo o melhor juízo,
afastando a responsabilidade civil do réu em razão da
culpa exclusiva da vítima;
c) que o Autor seja condenado em ônus sucumbenciais;
d) a citação do Ministério Público para intervir no presente
feito;
Provará o alegado pelos meios de prova em Direito
admitidas, especialmente documental, testemunhal.

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Nestes termos,
Pede e espera deferimento.

Goiânia/Go, 13 de setembro de 2023.

OAB/GO N.º 00.000

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