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I – CONSIDERAÇÕES PROPEDÊUTICAS
1) DEFINIÇÃO DE CRIME MILITAR – A CF/88, nos arts. 124 e 125 adotou o critério
ratione legis para a definição do crime militar. A Nova Ordem Constitucional, ao adotar o
CRITÉRIO OBJETIVO da definição legal, rompeu com a orientação que seguia o CRITÉRIO
SUBJETIVO, ligado à condição do sujeito ativo da conduta (ser militar) para a definição
de crime militar, que se mantinha desde a Constituição de 1934. Dessa forma crime
militar é somente o que a Lei diz como tal.
Destarte, a CF/88 no art. 124, caput, menciona que a Justiça Federal
Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em Lei, e à Justiça Militar
Estadual, conforme o art. 125, §§ 4º e 5º da CF/88, compete processar e julgar os
militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as Ações Judiciais contra
Atos Disciplinares Militares, ressalvadas a competência do JURI, quando a vítima for civil,
cabendo ao tribunal competente decidir a perda do POSTO e da PATENTE dos OFICIAIS e
da GRADUAÇÃO das PRAÇAS.
A doutrina tradicional sustentou que o crime militar é a infração
penal prevista no CPM que lesiona bens ou interesses vinculados à missão
constitucional das Instituições Militares.
Com a ampliação do conceito de crime militar promovido pela
Lei 13.491 de 13.10.2017, o entendimento de CRIME MILITAR deve ser revisto. A
referida Lei alterou o Inciso II do art. 9º do CPM, para atribuir a natureza militar aos
crimes previstos em toda legislação penal brasileira, desde que praticados nas
circunstâncias que expressamente enumera e que identificam o contexto de
realização de atividades estritamente militares. Fica claro o interesse de preservar o
padrão de qualidade dos serviços prestados pelas Instituições Militares à sociedade.
Então para FERNANDO GALVÃO, crime militar é “a infração penal
prevista no CPM ou na legislação penal que lhe seja extravagante e que lesiona
bens jurídicos por meio da inadequada realização das atividades inerentes às
Instituições Militares no cumprimento de sua missão constitucional, neles incluídos os que
interessam à existência e ao regular funcionamento das Instituições Militares, como os
seus princípios organizacionais da disciplina e hierarquia.” (Direito Penal Militar, 5ª ed,
Ed. D’ Plácido, 2022, S.Paulo/B. Horizonte)
Para JORGE DE ASSIS, crime militar é: “toda violação acentuada ao
dever militar e aos valores das Instituições Militares. Distingue-se da transgressão
disciplinar porque esta é a mesma violação, porém na sua manifestação elementar e
simples. A relação entre crime militar e transgressão disciplinar é a mesma que existe
entre crime e contravenção”. (Comentários ao Código Penal Militar, 8ª ed, Ed. Juruá,
Curitiba, 2014).