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Profª Jacqueline Colaço

TEORIA DO TEXTO
AULA 1

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Aluno: Milena da Silva Martins Coimbra
Email: milarai58@gmail.com
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Aluno: Milena da Silva Martins Coimbra

CONVERSA INICIAL

Nesta etapa aprenderemos como se constrói um texto e os elementos que


lhe conferem um caráter textual, a fim de facilitar o ato da comunicação. Se
observamos a noção de perpassa o âmbito escolar e se manifesta na sociedade
por meio dos famosos concursos públicos em que é solicitada a redação.
Bons estudos!

TEMA 1 – CONCEITO DE TEXTO

Vamos começar falando sobre o conceito de texto, há alguns anos


entendia-se que era uma atividade escrita em que se expunham ideias. Esse
conceito se firmou ao longo dos tempos, principalmente nas aulas de redação.
Hoje em dia a noção de texto sai do âmbito escolar e se manifesta na
sociedade pelos concursos públicos, que solicitam ao candidato a redação de
um texto.
Quando nos manifestamos por meio da oralidade o que produzimos é
então chamado de entrevista.
Conceituar texto atualmente é muito complexo, pois para isso devemos
ter clara a linha teórica que vamos assumir, visto que a teoria na área da
linguística textual, a partir da década de 60, evoluiu muito, seguindo diversas
vertentes.
Essas linhas teóricas sempre têm como preocupação primeira o conceito
de língua e o conceito adquirido de sujeito. Sobre essa posição podemos citar
Ingedore Kock (2008) debatendo o conceito de língua e de sujeito:

Na concepção de língua como representação do pensamento e de


sujeito como senhor absoluto de suas ações e de seu dizer, o texto é
visto como um produto – lógico – do pensamento (Representação
mental) do autor nada mais cabendo ao leitor/ouvinte senão captar
essa representação mental com as intenções psicológicas do produtor
exercendo, pois, um papel essencialmente passivo. (Kock, 2008)

Como podemos ver, a autora define a concepção de língua e de sujeito.


Nesta visão, vemos que a língua é consequência do pensamento, quer dizer,
daquilo que desejamos mentalmente expressar em nossas comunicações.

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TEMA 2 – O SUJEITO

O sujeito é autor livre para dizer o que pensa, e não está condicionado a
pressões sociais e nem a valores, ele é senhor absoluto da situação
comunicativa.
Ressaltamos ainda que, para Kock (2008), texto não é apenas produção
escrita, mas também o que se diz. Em seu conceito, para a autora, receptor pode
ser leitor como ouvinte.
Uma vez determinados os conceitos de língua e de sujeito, Kock (2008)
nos dá o conceito de texto que, em suas palavras, fica clara como “noção de
produto lógico do pensamento de quem o produz”, são ideias coesas e coerentes
que podem ser expressas de forma escrita ou falada.
Ainda convém assinalar nesse conceito o papel do receptor, sujeito
totalmente passivo na ação como destinatário, não lhe cabendo a possibilidade
de interferir ou modificar o fluxo das ideias do autor.
O texto é instrumento de decodificação, elimina-se a inclusão de
argumentos provenientes do leitor. Essa visão de texto apresentada por Kock é
característica do século 17. Nesse momento pensamos em texto como um
conjunto de frases ordenadas e carregadas de expressões mentais.
Vejamos alguns exemplos de texto em que o sujeito é dono de seu dizer,
o leitor é passivo e apenas decodifica e em nenhum momento o autor se dirige
para o leitor:

À mesma dona Ângela


Anjo no nome, Angélica na cara!
Isso é ser flor, e Anjo juntamente:
Ser Angélica flor, e Anjo florente,
Em quem, senão em vós, se uniformara:
Quem vira uma tal flor, que a não cortara,
De verde pé, da rama fluorescente;
E quem um Anjo vira tão luzente,
Que por seu Deus o não idolatrara? [...]?
Gregório de Matos

Posteriormente surgem os princípios reguladores da corrente linguística


chamada de interacionismo. Para os interacionistas, tanto o sujeito produtor
como sujeito receptor são interativos na construção do texto, dialogam e
constroem a interação. Além das ideias explícitas contidas na atividade verbal,
ainda há que se entender as entrelinhas, isto é, ideias que estão implícitas no
texto e que são cifradas se tomarmos como referência o contexto em que elas,
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como mensagens, são produzidas. O texto é uma atividade de interação entre


os sujeitos. Retomemos Kock (2008) e vejamos o que ela nos diz sobre os ideais
linguísticos dos interacionistas:

Já na concepção internacional dialógica da língua, na qual sujeito são


vistos como autores ou construtores sociais, o texto passa a ser
considerado o próprio lugar da interação e os interlocutores como
sujeitos ativos, que dialogicamente nele se constroem e são
construídos. Dessa forma há lugar no texto para uma gama de
implícitos dos mais variados tipos somente detectáveis quando se tem
como pano de fundo o contexto sócio cognitivo dos participantes da
interação. (Kock, 2008)

Levando em consideração a visão interacionista, devemos pensar em


textos a partir do contexto em que se realiza a comunicação, pois é dele que se
abstraem os sentidos do texto e é dele que o receptor poderá identificar e
interpretar o que há de implícito no texto. Texto e sujeito, juntamente, constroem
o sentido do texto porque sempre existiram mensagens que precisam ser
identificadas a partir do processo comunicativo.
Não podemos pensar que as diferentes concepções de texto se
contrapõem, pelo contrário, elas se complementam.
Frases ou parágrafos soltos não fazem sentido, precisam estar atreladas
ao processo comunicativo ou ao contexto em que ocorre.

TEMA 3 – TEXTUALIDADE

O que garante a textualidade é a coesão entre as partes de um texto e a


coerência estabelecidas entre elas.
A coesão se dá por meio do uso de articuladores, os nexos textuais ou
conectores, que vão garantir com que o texto tenha movimento. Também a
coesão se estabelece pelas anáforas, que garantirão a meta-regra da repetição.
Levada em conta a coesão textual, já garantimos a coerência textual, que
se estende ao conhecimento de mundo, ao conhecimento prévio de que o aluno
dispõe, a intertextualidade e outros aspectos de não menor importância.
Vejamos alguns exemplos em que as frases não estão ligadas por
articuladores. Observe como o texto fica fracionado e não tem seguimento. Há
interrupção cada vez que é pronunciada uma sentença e essas sentenças não
ficam interligadas entre si. Normalmente o recurso utilizado nesta situação são
os sinais de pontuação.

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• As crianças brincavam com o gato. Elas gostavam do que estavam


fazendo. O gato não gostou. Ele arranhou o nariz de uma delas.

Você percebeu que o texto tem sentido? Ele consegue passar uma ideia
e não há registro de incoerência.
Agora vamos ver o mesmo texto com exceção dos articuladores
adequados ao contexto.

• As crianças brincavam com gato e elas gostaram do que estava fazendo.


Porém, o gato não gostou e, por isso, arranhou o nariz de uma delas.

Com o uso dos conectores, ficaram mais claras as circunstâncias de


junção pelo articulador e, de oposição pelo articulador porém e de causa ou
conclusão pelo nexo por isso.
Após a leitura dos dois textos, o primeiro em que as frases estão
colocadas em sequência, um após o outro e sinalizadas as pausas por meio dos
sinais de pontuação, percebemos que a leitura vai sendo aos poucos
interrompida, numa sequência mais harmônica.
No segundo o texto, quando usamos os articuladores, essa musicalidade
da leitura, ou fluência da leitura, se dá de mais tranquila. A essa sequência lógica
que chamamos de coesão textual. A coesão textual é então o que vai garantir
harmonia e equilíbrio ao texto.

TEMA 4 – ELEMENTOS DA TEXTUALIDADE

Na maioria das vezes, a textualidade se torna mais evidente com o uso


desses elementos. A mesma situação ocorre com o uso de anáforas que evitam
repetições de elementos ou ideias já expressas no texto. Vejamos alguns
exemplos:

O que é religião?
Houve tempo em que os descrentes, sem amor a Deus e sem religião
eram raros. Tão raros que eles mesmos se espantavam com a sua
descrença e a escondiam, como se ela fosse uma peste contagiosa. E
de fato era. Tanto assim que não foram poucos os que foram
queimados na fogueira, para que sua desgraça não contaminasse os
inocentes. Todos eram educados para ver e ouvir as coisas do mundo
religioso, e a conversa cotidiana, este tênue fio que sustenta visões de
mundo, confirmava por meio de relatos de milagres, aparições, visões
e experiências místicas, divinas e demoníacas, que este é um universo
encantado e maravilhoso, no qual por detrás e através de cada coisa e
evento, se esconde e se revela um poder espiritual. (Alves, 2009)

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No texto lido, o núcleo referente descrentes foi substituído pelas anáforas


eles e sua, que nos remetem ao referente antecedente possuidor descrentes.
Ainda referenciamos o núcleo destacado pela anáfora os, aqueles, os
descrentes.
Como vimos, a não repetição dos termos citados no texto que foram
substituídos por outros de igual valor semântico dão equilíbrio e musicalidade,
além de reforçar o princípio da textualidade.

TEMA 5 – TIPOLOGIA TEXTUAL

Para melhor entendermos o que é considerado modernamente como


texto, elencamos alguns exemplos no nível da oralidade.
• Textos orais, relatos de experiência: são próprios das nossas
atividades diárias, das situações em que vivemos em sociedade e com a
família.
• Relatos de histórias: somos potencialmente contadores de histórias,
contamos histórias quando chegamos em casa, quando chegamos no
trabalho, quando encontramos amigos.
• Canções de roda: muito próprio da nossa primeira fase na sociedade,
quando somos crianças.
• Cantigas de ninar: muito ouvidas quando éramos pequenos e cantadas
por nossas mães.
• Parlendas: hoje não tão usadas, não tão comuns.
• Adivinhas: também não tão usadas atualmente. Muito pouco se usa hoje
como recurso na oralidade.
• Poemas: em que há uma preocupação de ritma, encaminhamento e de
rima, muito próprio e exposições e frequentemente usado em
apresentações escolares.
• Contos folclóricos: muito divulgado em sociedades que cultuam a
tradição.
• Contos de fada: relatos orais partindo do imaginário.
• Recados: existem tanto na oralidade quanto na escrita, sem muita
preocupação formal.
• Instruções: série de itens elencados que queremos que sejam
observados.

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• Solicitações orais: não ocorrem somente no ambiente de trabalho,


ocorrem na nossa vida familiar, reuniões de amigos etc., como acontece
também com as saudações, diálogos e discussões, que são muito
comuns, uma vez que dois ou mais participantes estejam interagindo.
Normalmente essa tipologia ocorrerá na fala, principalmente na interação
emissor e receptor. São textos frequentemente usados em apresentações
ou quando se fala em público.
• Textos de imprensa: entrevista. São normalmente divulgadas em jornais,
revistas, televisão ou qualquer outro recurso de divulgação. A entrevista
também poderá ser realizada em situações de emprego, quando se busca
uma vaga para o trabalho.
• Debate: recurso didático muito utilizado em sala de aula, em que o
debatedor assume uma posição, define e argumenta em cima de uma
tese, depois dá a posição para o interlocutor fazer o rebate ou réplica.
• Depoimento: o depoimento pode ser um texto em prosa, sem maior
preocupação de diálogo.
• Comentário: são encontrados em jornais e revistas especializadas.

5.1 Textos de divulgação científica

• Exposição: uma vez feita a pesquisa, é necessário que se faça a


exposição da análise que se realizou e dos resultados obtidos.
• Palestra: normalmente feita por um orador e tem um público receptor.
Não ocorre necessariamente um diálogo, não haverá um debate.
• Seminário: há a participação de locutor e interlocutor. No seminário são
apresentadas ideias, e as ideias são discutidas entre todos os
componentes, um seminário é comparado a um debate. Para que possam
existir, precisa-se de duas pessoas, um emissor e um receptor que
assumem posição em relação a determinado assunto.

5.2 Textos literários

• Poesia: podemos classificar como poesia lúdica, poesia lírica e a poesia


narrativa.
• Narrativa: na narrativa tem-se a história curta, a fábula, a lenda e os
contos de fada. Todas elas são voltadas para o imaginário popular.
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• Ainda existe o conto, a crônica, a novela e o romance. Estes têm


diálogo, personagens, ambientes, preocupação com o tempo e
consequência dos acontecimentos. Todos esses textos podem ocorrer
por meio da expressão oral ou escrita, em reuniões formais ou informais.
• Drama: dentro desta tipologia estão as peças de teatro, roteiros para
teatro e televisão, livros de imagens e livros-jogo, todos com
características próprias, pois são textos elaborados para determinado
público e sua circulação possui local específico para um público especial.
• Textos não-literários: estão dentro dessa tipologia a crônica, a notícia, o
artigo e o editorial, a reportagem, a carta ao leitor, a entrevista, charge e
a tira.
• Textos de divulgação científica: dentro dessa tipologia encontramos o
verbete de dicionário, verbete de enciclopédia, relatório de experiências,
o texto didático e o artigo.
• Textos de publicidade: propaganda, anúncio, outdoor. São textos
próprios dos meios de comunicação de massa.

FINALIZANDO

Como vimos, a tipologia textual é variada. Estudamos os elementos que


constituem a textualidade e como dar melhor qualidade ao que produzimos. Ao
produzir seus textos, não esqueça que coesão e coerência são fatores
importantíssimos, associados ao contexto em que são realizados.

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REFERÊNCIAS

KLEIMAN, A. Texto e leitor: Aspectos cognitivos da leitura. Campinas: Pontes,


2008.

KOCH, I. Ler e compreender os sentidos do texto. São Paulo: Editora


Contexto, 2008.

MARCUSCHI, L. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São


Paulo: Parábola Editorial, 2008.

RUBEM, A. O que é religião? São Paulo: Loyola, 2009.

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