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Brazilian Journal of Health Review 16926

ISSN: 2595-6825

Estratégias alimentares utilizadas pelos atletas de fisiculturismo


durante a fase de preparação – artigo de revisão

Nutritional strategies used by bodybuilders during the preparation


period - review article
DOI:10.34119/bjhrv4n4-200

Recebimento dos originais: 04/07/2021


Aceitação para publicação: 01/08/2021

Stefanny Fernandes dos Santos


Bacharelanda em Nutrição pelo Centro Universitário Claretiano de Batatais
Claretiano Centro Universitário de Batatais-Rua dom Bosco, 466
Batatais-SP CEP: 14300-000
E-mail: fanyfernandes22@gmail.com

Fábio Martins Inácio Tavares


Bacharel em Nutrição pelo Centro Universitário Claretiano de Batatais
Claretiano Centro Universitário de Batatais-Rua dom Bosco, 466
Batatais-SP CEP: 14300-000
E-mail: fabiotavares.77@gmail.com

Naiara Furini de Souza


Especialista em Microbiologia pela Universidade de Uberaba-UNIUBE
Claretiano Centro Universitário de Batatais-Rua dom Bosco, 466
Batatais-SP CEP: 14300-000
E-mail: nafurini@gmail.com

Fabíola Rainato Gabriel de Melo


Doutora em Investigação Biomédica pela Universidade de São Paulo (USP)
Claretiano Centro Universitário de Batatais-Rua dom Bosco, 466
Batatais-SP CEP: 14300-000
E-mail: nutricao@claretiano.edu.br

Saulo Fabrin
Doutor em Ciência pela Universidade de São Paulo (USP)
Claretiano Centro Universitário de Batatais-Rua dom Bosco, 466
Batatais-SP CEP: 14300-000
E-mail: saulo.fabrin@gmail.com

Edson Donizetti Verri


Doutor em Ciência pela Universidade de São Paulo (USP)
Claretiano Centro Universitário de Batatais-Rua dom Bosco, 466
Batatais-SP CEP: 14300-000
E-mail: edsonverri@claretiano.edu.br

Evandro Marianetti Fioco


Doutor em Ciência pela Universidade de São Paulo (USP)
Claretiano Centro Universitário de Batatais-Rua dom Bosco, 466

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ISSN: 2595-6825

Batatais-SP CEP: 14300-000


E-mail: evandroacm@claretiano.edu.br

RESUMO
Os atletas de fisiculturismo participam de inúmeras competições durante o ano e os
critérios de julgamento são o volume muscular, a simetria e a ausência de gordura
corporal. Para alcançar o físico desejado, os atletas empregam inúmeras estratégias no
período que antecede às competições como métodos de treinamento resistido, exercício
aeróbico, aumento ou restrição calórica e suplementação. Para que se tenha um alto
desempenho durante a fase de treinamento é necessária uma alta ingestão de carboidrato
e proteínas, já que uma quantidade inadequada poderia prejudicar o treinamento e
aumentar a depleção de glicogênio. O presente estudo consistiu em uma revisão
bibliográfica cujo intuito foi verificar na literatura existente quais as principais estratégias
alimentares utilizadas por competidores de fisiculturismo nos diferentes períodos da
preparação. Os autores, citados nessa revisão, avaliaram atletas de ambos os sexos e de
diferentes níveis e relataram que no período de não competição a estratégia mais utilizada
consiste numa alta ingestão de macronutrientes para a obtenção de energia para os
treinamentos de ganho de massa muscular/força. Já nos períodos de competição ocorre à
redução progressiva da ingestão de carboidratos e gorduras e se mantém as quantidades
de proteínas. Nessa fase acontece a semana de pico, que é composta de várias estratégias
específicas como o carregamento clássico que envolve uma depleção de glicogênio
seguido de uma supercompensação e a manipulação da quantidade de macronutrientes,
ambas com objetivo de reduzir a gordura corporal para evidenciar o tônus muscular.
Diante dos dados obtidos pode-se averiguar que as práticas alimentares da maioria dos
atletas de fisiculturismo são de baixa qualidade, pois prioriza a alta ingestão de proteínas
e na maioria das vezes uma baixa ingestão de carboidratos e lipídios, e as estratégias
utilizadas na semana que antecede a competição podem apresentar sério risco à saúde do
atleta.

Palavras-chave: Atleta. Estratégias alimentares. Fisiculturismo. Preparação.

ABSTRACT
Bodybuilding athletes participate many competitions during the year and the standard for
judgment are muscle volume, symmetry and the absence of body fat. To achieve the
desired physique, athletes use numerous strategies in the period before competitions, such
as resistance training methods, aerobic exercise, caloric increase or restriction and
supplementation. In order to have a high performance during the training phase, a high
intake of carbohydrates and proteins is necessary, since an inadequate amount could
impair training and increase glycogen depletion. The present study consisted of a
bibliographic review whose purpose was to verify in the existing literature which are the
main dietary strategies used by bodybuilding competitors in the different periods of
preparation. The authors, mentioned in this review, evaluated athletes of both sexes and
of different levels and reported that in the non-competition period the most used strategy
consists of a high intake of macronutrients for obtaining energy for muscle mass gain /
strength training. . In competition periods, there is a progressive reduction in the intake
of carbohydrates and fats and the amounts of proteins are maintained. In this phase, the
peak week takes place, which is composed of several specific strategies such as the classic
loading that involves a depletion of glycogen followed by overcompensation and the
manipulation of the amount of macronutrients, both with the objective of reducing body

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fat to show muscle tone. . In view of the data obtained, it can be ascertained that the
dietary practices of most bodybuilding athletes are of low quality, as it prioritizes the high
intake of proteins and most often a low intake of carbohydrates and lipids, and the
strategies used in the week that before the competition can present a serious risk to the
athlete's health.

Keywords: Athlete. Nutritional strategies. Bodybuilding. Preparation.

1 INTRODUÇÃO
No fisiculturismo os atletas participam de inúmeras competições durante o ano e
são julgados pelo volume muscular, simetria (proporções musculares) e ausência de
gordura corporal (ROBINSON et al., 2015; CHAPPELL; SIMPER; HELMS, 2019). Para
alcançar o físico desejado e melhorar a definição e volume muscular, esses atletas
empregam inúmeras estratégias no período que antecede às competições como métodos
de treinamento resistido, exercício cardiovascular, aumento ou restrição calórica,
suplementação. Um detalhe que merece destaque em relação a essas estratégias de
preparação é a alta ingestão de carboidratos (ROBINSON et al., 2015; MITCHELL et al.,
2017; CHAPPELL; SIMPER; HELMS, 2019).
Para que o atleta tenha um alto desempenho em seu treinamento é necessária uma
alta ingestão de carboidrato e proteínas. A quantidade inadequada pode prejudicar o
treinamento de força e aumentar a depleção de glicogênio, portanto dietas ricas em
carboidratos melhoram o desempenho (HELMS; ARAGON; FITSCHEN, 2014).
O autores supracitados, recomendam a ingestão de carboidratos para esporte de
força, incluindo musculação seja de 4-7g/kg, dependendo da fase e intensidade do
treinamento. Entretanto, no caso de um atleta de fisiculturismo em preparação é provável
que ao atingir o déficit calórico adequado ao consumir a quantidade de proteína e gordura
adequada possivelmente não consiga consumir essa recomendação. A grande maioria dos
atletas de fisiculturismo faz de 3 a 6 refeições por dia, com uma refeição rica em proteína
antes e após o treino para favorecer a frequência dos nutrientes.
Durante a preparação para competição os fisiculturistas normalmente seguem
dietas prescritas por si ou por seus treinadores, que na maioria são compostas por
alimentos limitados e repetitivos, com poucas variedades, com o intuito de perder gordura
corporal e manter massa muscular, conhecida como cutting. Para esse objetivo, deve-se
seguir a ingestão necessária de calorias e combinações de carboidratos, proteínas,

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gorduras que atenda as necessidades de mudanças que ocorrem durante essa fase da
preparação (HELMS; ARAGON; FITSCHEN, 2014).
Como mencionado anteriormente, uma semana antes da competição é realizado
um pico ou semana de pico de ingestão de carboidrato, onde também são feitas a
manipulação de outros macronutrientes (proteína e gordura), eletrólitos, água e
exercícios. O protocolo de carregamento “clássico” de carboidrato consiste em três dias
de depleção com uma ingestão inferior de 2 g/kg/dia e 3 dias subsequentes de alta
ingestão 8-12g/kg/dia ou 3 dias de ingestão moderada 5g/kg/dia finalizando com um
período de 24 a 48 horas de alta ingestão 8-12g/Kg/dia com um protocolo adaptado
(MORAES et al., 2019).
Estratégias de manipulação de água e eletrólitos estão ligadas à carga e restrição
e são realizadas na tentativa de remover a água superficial, causando o efeito diurético,
eliminação da água através da urina (CHAPPELL; SIMPER; BARKER, 2018). Sem água
subcutânea e inchaço abdominal antes da competição é feita a exclusão de vegetais
fibrosos e fibras da dieta (MITCHELL et al., 2017).
No dia da competição é pode ser feita a ingestão de álcool e sódio, os competidores
optam por bebidas espumantes ou vinhos e lanche salgados ou adição de sal às refeições.
O consumo de carboidratos de alto índice glicêmico, como frutas, produtos de confeitaria
e conservas, bolos de arroz, batata branca e doce, aveia e arroz, são ingerido cerca de 30
a 60 minutos antes dos atletas se apresentarem a banca julgadora, essa estratégia é
conhecida como carb-up (MITCHELL et al., 2017; CHAPPELL; SIMPER, 2018). A
principal finalidade dessa estratégia é elevar as reservas de glicogênio muscular e
consequentemente aumentar o tamanho do músculo, para se apresentar para os árbitros
na competição (MITCHELL et al., 2017; CHAPPELL; SIMPER, 2018; MORAES et al.,
2019).
Diante do exporto, o presente estudo tem como intuito verificar na literatura
existente quais as principais estratégias alimentares utilizadas por competidores de
fisiculturismo nos diferentes períodos da preparação.

2 METODOLOGIA
O presente estudo se trata de uma revisão bibliográfica, realizada por meio do
levantamento de publicações existentes sobre o tema. Os artigos utilizados foram
selecionados considerando as publicações com o período temporal dos últimos 5 anos
(2014 a 2019) e indexados com os seguintes descritores na língua portuguesa: atleta,

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fisiculturista, fluidoterapia, carb up, desempenho, treinamento de resistência, e na língua


inglesa: athletic, bodybuilder, fluid therapy, carb up, performance, resistance training.
Em um total de 21 artigos pesquisados nas bases de dados do Google Scholar, Pubmed e
SciELO® (Scientific Electronic Library Online), foram incluídos 7 artigos que
contemplavam estratégias alimentares e finalização da preparação dos atletas para
competição.
A figura 1 (fluxograma), demonstra a metodologia utilizada na síntese dos artigos
que foram selecionados para compor o artigo acerca da temática estuda neste artigo.

Figura 1 – Síntese do resultado obtido após a coleta metodológica de material que contemplou a construção
do artigo.

3 RESULTADOS
Os resultados encontrados na pesquisa estão demonstrados na tabela 1:

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Autor Objetivo Protocolo Amostra Resultado


A pesquisa
descreveu que
ingestão de
carboidratos estava
abaixo e a de
proteínas (nos
homens) foi maior
que as
Pesquisa sistemática
recomendações. A
Avaliar as práticas em banco de dados
ingestão de
alimentares dos de 18 estudos que
calorias variou em
fisiculturistas relatavam sobre a N=385
diferentes fases da
competitivos e ingestão de participantes
Spea ndlove et preparação, sendo
identificar as alimentos e o Mulheres = 62
al. (2015). mais alta na fase de
possíveis falhas treinamento de Homens = 323
não competição ou
alimentares para fisiculturistas, desde
pós-competição
direcionar estudos o registro mais
imediata e menor
futuros. antigo até março de
durante a
2014.
preparação. E
quanto aos
suplementos, a
ingestão de alguns
micronutrientes era
excessiva e acima
do limite superior
tolerável.
Intervenção
nutricional durante
14 semanas
organizada para
melhorar a
composição É possível se
Verificar a corporal, perda de preparar
preparação de um gordura e aumento adequadamente
atleta de de força muscular. para uma
fisiculturismo sem Aliado a um competição de
Robinson et o uso de restrição treinamento aeróbico musculação através
N = 1 homem
al. (2015). calórica severa e e resistido. de um bom
desidratação, de Os testes realizados planejamento
esteróides foram: avaliação da alimentar e
anabolizantes e de taxa metabólica, treinamento
diuréticos. testes para adequado.
determinar oxidação
de gorduras e
VO2máx, avaliação
antropométrica e
escala de humor de
Brunel.
Entrevistas No geral, na fase de
realizadas por não competição
N= 7 atletas
telefone ou Skype, todos os atletas
Verificar as homens
(78 a 124 min), onde tiveram uma alta
diferentes 4 atletas de
os atletas, ingestão de
Mitchell et al. estratégias competições
responderam proteínas e
(2017). alimentares nacionais
perguntas sobre carboidratos
utilizadas pelos 3 atletas de
treinamento, dieta, direcionada para o
fisiculturistas. competições
suplementação e treinamento de
internacionais
preparação para as ganho de massa
competições. muscular. Já na

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fase de competição
a ingestão de
proteínas continua
alta, porém há a
redução da
ingestão de
carboidratos e
lipídeos com
objetivo de reduzir
o percentual de
gordura corporal. E
na semana de pico,
6 dos 7 atletas
fizeram o
carregamento
clássico de
carboidratos.
Os atletas tiveram
na sua preparação
uma dieta rica em
Estudo transversal proteínas,
onde os voluntários carboidratos e
Avaliar as práticas preencheram um baixo teor de
Chappell, alimentares de questionário de 34 N= 51 atletas gordura, e ao longo
Simper e atletas itens avaliando o tipo Homens= 35 do tempo a
Barker (2018). fisiculturismo de de dieta, o alimento e Mulheres= 16 ingestão desses
alto nível. a quantidade, macronutrientes
durante 24 horas. foi sendo
diminuída tanto
para os atletas
masculinos e
femininos.
Dos 81 atletas, 5
Atletas responderam
(6,2%) não
um questionário com
empregam
34 itens sobre as
estratégias de pico
estratégias utilizadas
na semana que
em dias de pico. Foi
Analisar as antecede a
avaliado o tempo de
Chappell; estratégias de pico N= 81 atletas competição. Para a
treino e de
Simper utilizadas pelos Homens= 59 maioria a
competição, altura
(2018). atletas em pré- Mulheres= 22 manipulação de
dos atletas, peso no
competição. carboidratos foi a
início e final da
estratégia de pico
dieta, perda total de
mais utilizada,
peso e índice de
seguida da
massa corporal
manipulação de
(IMC).
água.
Os atletas foram Após a carga de
separados em 2 carboidratos houve
Avaliar a espessura grupos aqueles que um aumento nas
muscular e usavam carga de circunferências e
alteração na carboidratos e nas pontuações da
silhueta e alterações aqueles que não silhueta,
Moraes et al. N= 24 atletas
no humor ou usavam carga de apresentando uma
(2019). homens
sintomas carboidratos. Para aparência física
gastrointestinais distinguir as com um volume
após a carga de estratégias utilizadas maior.
carboidratos. antes e depois da
pesagem, os dados
foram divididos em

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M1 (dia da pesagem
e 2 dias antes da
pesagem) e M2
(período entre a
pesagem e o
campeonato, 24 h).
Foi realizada
avaliação
antropométrica e
medidas de
espessura muscular
através de aparelho
Ultrasson. Avaliação
de Humor através da
Escala de Brunel. E
questionários para
verificar sintomas
gastrointestinais.
Com relação a
ingestão total de
macronutrientes e
Os atletas calorias para a
responderam um preparação do
questionário com 34 início, meio e fim
itens sobre hábitos da competição,
alimentares houve uma redução
(quantidade total de significativa dos
Comparar as macronutrientes, mesmos à medida
estratégias fibras e o uso de N = 47 atletas que a preparação
alimentares de suplementos) e Homens = 8 progredia, para
Chappell, fisiculturistas mudança de peso profissionais e 5 ambos os sexos. O
Simper e amadores (AMAs) corporal em todas as amadores consumo total de
Helms (2019). e profissionais fases da dieta. Os Mulheres = 5 carboidratos e
(PRO) na fase de dados analisados profissionais e 9 calorias e a
preparação para foram: idade, altura, amadores ingestão de fibras
competição. tempo de foi maior nos
musculação, tempo homens PRO em
competindo, duração comparação aos
da dieta, peso e AMAs. Não foram
percentual no início encontradas
e no final da dieta, diferenças
IMC inicial e final. significativas entre
as mulheres PRO e
AMAs.

Fonte: Elaborado pelos autores (2020).

4 DISCUSSÃO
A pesquisa realizada por Spendlove et al., (2015) apresentou-se bastante
abrangente pois realizou uma revisão sistemática desde o registro mais antigo sobre o
tema até 2014. Os resultados encontrados nesses registros apontaram que a ingestão de
carboidratos dos atletas avaliados de ambos os sexos foi baixa, por outro lado a ingestão
de proteínas, nos atletas masculinos, estava acima da quantidade recomendada na época.
A ingestão de calorias variou nos diferentes períodos de preparação, sendo uma ingestão

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mais alta no período de não competição e menor durante o período de competição e/ou
semana de competição. Houve também o relato da ingestação de alguns suplementos
alimentares como proteínas em pó e aminoácidos. Um ponto negativo relatado por
Spendlove et al. sobre os registros usados em sua revisão foi a baixa qualidade
metodológica, que falhou em fornecer detalhes sobre os diferentes consumos alimentares.
O estudo de caso realizado por Robinson et al., (2015) por sua vez teve como
intuito realizar uma intervenção nutricional durante a preparação de um atleta, sem
utilizar restrição calórica severa e desidratação, e sem o uso de qualquer tipo de esteróides
anabolizantes e de diuréticos, e verificar a eficácia desse método por meio de comparação
da avaliação antropométrica realizada, testes para determinar oxidação de gorduras,
avaliação da taxa metabólica e a classificação desse atletas na competição. O resultado
obtido mostrou que apesar do atleta ter apresentado uma redução na massa corporal, o
mesmo obteve uma boa colocação na competição que participou, sugerindo assim que é
possível se preparar para uma competição sem o uso de métodos que possam ser
prejudiciais à saúde do atleta, através de um planejamento alimentar e treinamento
adequado.
Estudos mais recentes mostram que as estratégias alimentares utilizadas pelos
atletas, em geral, são divididas em períodos de não competição e de competição. Como
relatado por Mitchell et al. (2017), Chappell, Simper e Barker (2018) e Moraes et al.,
(2019), no período de não competição os atletas fazem uma alta ingestão de
macronutrientes cujo intuito é obtenção de energia para os treinamentos de ganho de
massa muscular/força. Já nos períodos de competição os atletas reduzem
progressivamente a ingestão de carboidratos e gorduras e mantém as quantidades de
proteínas. Chappell e Simper (2018) descrevem em seu estudo que nessa fase acontece a
semana de pico, semana que antecede o dia da competição e é composta de várias
estratégias específicas como, por exemplo, o carregamento clássico que envolve uma
depleção de glicogênio por três dias seguido de uma supercompensação, e a manipulação
da quantidade de macronutrientes, ambas com objetivo de reduzir a gordura corporal para
evidenciar o tônus muscular.
No estudo realizado por Moraes et al. (2019), essa manipulação de
macronutrientes ou carga de carboidratos forneceu evidências de que a essa estratégia
aumenta a circunferência muscular fazendo com que os atletas apresentem uma melhora
na aparência da silhueta. De acordo com o autor esse tipo de avaliação de silhueta não foi
relatado em nenhum estudo anterior.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos dados mencionados pode-se averiguar que as práticas alimentares da
maioria dos atletas de fisiculturismo são de baixa qualidade, pois prioriza a alta ingestão
de proteínas e na maioria das vezes uma baixa ingestão de carboidratos e lipídios. E as
estratégias utilizadas na semana que antecede a competição podem apresentar sério risco
à saúde do atleta.
Por isso sugerimos com base nos resultados da pesquisa, que os atletas de
fisiculturismo realizem um melhor planejamento alimentar e de treinos, para que possam
se preparar com antecedência para o dia da competição, sem ter que utilizar estratégias
que possam prejudicar a saúde.

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REFERÊNCIAS

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CHAPPELL, A. J.; SIMPER, T.; HELMS, E. Nutritional strategies of British professional


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