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Avaliação e diagnóstico do

Transtorno do Espectro
Autista em Adultos.
Leandro Nogueira
Médico CRMMG 57378
Psiquiatra RQE 51507
O que é o autismo?
O autismo, ou Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), é uma condição
neuropsiquiátrica caracterizada por padrões persistentes de déficits na
comunicação social e interações sociais, bem como por comportamentos
repetitivos e restritivos. O TEA é considerado um espectro porque os sintomas e
a gravidade da condição podem variar significativamente entre os indivíduos.
Sinais e sintomas em adultos
Os sinais do autismo em adultos podem incluir dificuldades na
comunicação verbal, dificuldades nas interações sociais, interesses
restritos e comportamento repetitivo. Nem todos os adultos com autismo
apresentam os mesmos sintomas.
Causas do autismo em adultos
adultos
A causa exata do autismo não é conhecida, mas acredita-se que fatores
genéticos e ambientais desempenham um papel. Além disso, pesquisas
sugerem que o autismo pode ser resultado de alterações no
desenvolvimento do cérebro durante a gravidez.
Qual a importância de
fazer o diagnóstico de
TEA no adulto?
1- Acesso a Serviços e Apoios Adequados.
2 - Autoconhecimento e Aceitação.
3 - Melhoria nas Relações Interpessoais.
4 - Planejamento para o Futuro.
5 - Acesso a Apoio emocional.
6 -Intervenção em Questões de Saúde Mental.
7- Inclusão e Sensibilização.

Em resumo, o diagnóstico do autismo em adultos é


fundamental para proporcionar suporte adequado,
melhorar a qualidade de vida e promover uma
compreensão mais profunda da neurodiversidade.
Diagnóstico do autismo no adulto
1 Avaliação Clínica

Um diagnóstico de autismo em adultos geralmente envolve uma avaliação


clínica detalhada, incluindo entrevistas e observações do comportamento.

2 Histórico de Desenvolvimento

É importante considerar o histórico de desenvolvimento e comportamento


desde a infância para diagnosticar o autismo em adultos.

3 Apoio Multidisciplinar

Profissionais de saúde, como psicólogos, psiquiatras e neurologistas, podem


ser envolvidos no diagnóstico do autismo em adultos, fornecendo uma
perspectiva abrangente.
Transtorno do Espectro
Autista
Este transtorno é caracterizado por alterações na comunicação social,
comportamento restrito e interesses repetitivos. Os critérios diagnósticos
para o transtorno são baseados em observações clínicas, principalmente
comportamentais.
Transtorno do Espectro
Autista
Critérios Diagnósticos do DSM V- TR: O diagnóstico do Transtorno do
Espectro Autista (TEA) em adultos demanda uma apreciação
meticulosa dos critérios estabelecidos pelo Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5 TR). Neste contexto, é
imperativo destacar que os padrões de interação social, comunicação e
comportamentos repetitivos podem manifestar-se de maneira única em
adultos. A observação clínica, juntamente com entrevistas detalhadas e
um histórico abrangente, são essenciais para a interpretação adequada
dos sintomas, considerando a influência do desenvolvimento ao longo
da vida.
A- Padrões Restritos e Repetitivos de
Comportamento Critérios Diagnósticos 299.00 (F84.0)

1 Movimentos Motores 2 Adesão Inflexível a Rotinas


Estereotipados
Exemplos: sofrimento extremo em
Exemplos: estereotipias motoras relação a pequenas mudanças,
simples, alinhar brinquedos ou girar dificuldades com transições
objetos

3 Interesses Fixos e Altamente 4 Hiper ou Hiporreatividade a


Restritos Estímulos Sensoriais

Exemplos: forte apego a ou Exemplos: indiferença aparente a


preocupação com objetos incomuns dor/temperatura, reação contrária a
sons ou texturas específicas
Gravidade Atual
Grau 1

Prejuízos leves na comunicação social e padrões restritos ou repetitivos de


comportamento

Grau 2

Prejuízos moderados na comunicação social e padrões restritos ou repetitivos de


comportamento

Grau 3

Prejuízos severos na comunicação social e padrões restritos ou repetitivos de


comportamento
Especificar a Gravidade
Grau 1 Prejuízos leves na comunicação social e
padrões restritos ou repetitivos de
comportamento

Grau 2 Prejuízos moderados na comunicação


social e padrões restritos ou repetitivos de
comportamento

Grau 3 Prejuízos severos na comunicação social e


padrões restritos ou repetitivos de
comportamento
Hiper ou Hiporreatividade Sensorial
1 Hiperreactividade

Exemplos: reação contrária a sons ou texturas específicas, fascinação visual por


luzes ou movimento

2 Hiporreatividade

Exemplos: indiferença aparente a dor/temperatura


Insistência em Rotinas e Padrões
Adesão Inflexível Padrões Rígidos de Pensamento
Pensamento
• Sofrimento extremo em relação a
pequenas mudanças • Rituais de saudação
• Dificuldades com transições • Necessidade de fazer o mesmo
caminho ou ingerir os mesmos
alimentos diariamente
Interesses Fixos e Restritos
1 Fortes Apegos a Objetos

Apego ou preocupação com objetos incomuns

2 Interesses Excessivamente Circunscritos

Interesses fixos e altamente restritos em intensidade ou foco


Movimentos Estereotipados

Estereotipias Motoras Alinhar Brinquedos ou Ecolalia


Simples Girar Objetos
Repetição de palavras ou
Movimentos estereotipados Comportamentos repetitivos frases
simples envolvendo alinhar
brinquedos ou girar objetos
Critérios Diagnósticos 299.00 (F84.0)

Critério B
Déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos,
conforme manifestado pelo que segue, atualmente ou por história prévia (os exemplos são
apenas ilustrativos, e não exaustivos; ver o texto):

1. Déficits na reciprocidade socioemocional, variando, por exemplo, de abordagem social


anormal e dificuldade para estabelecer uma conversa normal a compartilhamento reduzido de
interesses, emoções ou afeto, a dificuldade para iniciar ou responder a interações sociais.

2. Déficits nos comportamentos comunicativos não verbais usados para interação social,
variando, por exemplo, de comunicação verbal e não verbal pouco integrada a anormalidade
no contato visual e linguagem corporal ou déficits na compreensão e uso gestos, a ausência
total de expressões faciais e comunicação não verbal.

3. Déficits para desenvolver, manter e compreender relacionamentos, variando, por exemplo,


de dificuldade em ajustar o comportamento para se adequar a contextos sociais diversos a
dificuldade em compartilhar brincadeiras imaginativas ou em fazer amigos, a ausência de
interesse por pares.
Transtorno do Espectro Autista
Especificar a gravidade atual:

A gravidade baseia-se em prejuízos na comunicação social e em padrões de comportamento


restritos e repetitivos segundo a tabela 2
TABELA 2 - Níveis de gravidade para
transtorno do espectro autista
Nível de gravidade Comunicação social Comportamentos
restritos e repetitivos

Grau 1 - autismo leve Neste grau, as maiores dificuldades estão


relacionadas aos déficits de comunicação, sem
muitas comorbidades associadas. Por conta disso, o
pequeno com autismo leve muitas vezes é rotulado
como desinteressado.

Grau 2 - autismo moderado O autismo moderado possui aspectos mais


complicados em relação ao anterior. Nesse caso,
a falta da verbalização pode ser um dos
problemas do indivíduo acometido e, geralmente,
mais comorbidades estão associadas ao
diagnóstico.

O grau 3, ou autismo severo, se caracteriza pelos


Grau 3 - autismo severo
prejuízos no neurodesenvolvimento serem mais
elevados. Nesse contexto, os problemas estão
Grau 1 - Autismo Leve
1 Comunicação

Maiores dificuldades estão relacionadas aos déficits de comunicação, sem muitas


comorbidades associadas.

2 Rotulagem

Muitas vezes o indivíduo com autismo leve é rotulado como desinteressado.


Grau 2 - Autismo Moderado
1 Comunicação 2 Comorbidades

A falta de verbalização é um dos Geralmente, mais comorbidades estão


problemas associados ao autismo associadas ao diagnóstico.
moderado.
Grau 3 - Autismo Severo
1 Prejuízos no Neurodesenvolvimento

Os prejuízos no neurodesenvolvimento são mais elevados.

2 Socialização

Os problemas estão presentes desde o processo de socialização até o


funcionamento geral de corpo e mente.

3 Independência

A independência da criança com autismo é mais difícil de ser conquistada no grau 3.


Critérios Diagnósticos 299.00 (F84.0)

Critérios Diagnósticos
Critério C
Os sintomas devem estar presentes precocemente no período do desenvolvimento (mas
podem não se tornar plenamente manifestos até que as demandas sociais excedam as
capacidades limitadas ou podem ser mascarados por estratégias aprendidas mais tarde na
vida).

Critério D

Os sintomas causam prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social,


profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo no presente.

Critério E

Essas perturbações não são mais bem explicadas por deficiência intelectual (transtorno do
desenvolvimento intelectual) ou por atraso global do desenvolvimento. Deficiência intelectual
ou transtorno do espectro autista costumam ser comórbidos; para fazer o diagnóstico da
comorbidadesdade de transtorno do espectro autista e deficiência intelectual, a
comunicação social deve estar abaixo do esperado para o nível geral do desenvolvimento.
Critério DSM-IV
Indivíduos com um diagnóstico do DSM-IV bem estabelecido de
transtorno autista, transtorno de Asperger ou transtorno global do
desenvolvimento sem outra especificação devem receber o diagnóstico
de transtorno do espectro autista. Indivíduos com déficits acentuados na
comunicação social, cujos sintomas, porém, não atendam, de outra
forma, critérios de transtorno do espectro autista, devem ser avaliados
em relação a transtorno da comunicação social (pragmática).
Especificar

1 Com ou sem 2 Com ou sem 3 Associado a alguma


comprometimento comprometimento condição médica
to intelectual to da linguagem ou genética
concomitante concomitante conhecida ou a
fator ambiental
O transtorno do O transtorno do
espectro autista pode espectro autista pode
ou não estar apresentar atrasos ou Algumas condições
associado a déficits dificuldades na médicas e fatores
intelectuais. linguagem e ambientais podem
comunicação. estar associados ao
transtorno do
espectro autista.

4 Associado a outro transtorno do 5 Com catatonia


do neurodesenvolvimento, mental
O transtorno do espectro autista pode
mental ou comportamental
apresentar catatonia, que é definida
O transtorno do espectro autista pode pela presença de sintomas motores.
estar associado a outros transtornos
do neurodesenvolvimento, mental ou
Comorbidades

Transtornos do espectro Transtornos do espectro Transtornos do espectro


espectro autista e TDAH autista e ansiedade autista e depressão
TDAH
Transtornos do Espectro Ansiedade é comum em Depressão pode ocorrer em
Autista (TEA) podem ocorrer pessoas com transtorno do pessoas com transtorno do
em conjunto com Transtorno espectro autista. espectro autista.
do Déficit de
Atenção/Hiperatividade
(TDAH) em crianças.
Comportamentos restritos e repetitivos
Exemplos de comportamentos restritos e Exemplos de interesses restritos
repetitivos

Rotinas rígidas Interesses limitados em tópicos


específicos (exemplo: veículos de
transporte)
Preocupações excessivas com partes de Interesses focados em padrões
objetos específicos, ao invés do contexto geral

Movimentação repetitiva do corpo Interesses restritos em números ou


sequências

Adesão excessiva a rotinas ou rituais Interesses focados em experiências


específicos sensoriais específicas como o tato ou
cheiro
Diagnóstico
1 Fase 1

Observação e triagem em consultório médico ou escola quando há sinais de


atrasos ou precoce dificuldade na comunicação ou interação social; referência a
profissionais especializados.

2 Fase 2

Avaliação multidisciplinar com profissionais das áreas de psicologia,


fonoaudiologia, terapia ocupacional e psiquiatria para definir os critérios
diagnósticos para o Transtorno do Espectro Autista.

3 Fase 3

Intervenção e tratamento focados em fonoaudiologia, terapia ocupacional, análise


comportamental e psicoterapia para ensinar habilidades linguísticas e sociais.
Avaliações
Neuropsicológicas Para o
Diagnóstico do TEA em
Adultos
As avaliações neuropsicológicas, como a ADOS, SRS 2 e a ADI-R,
fornecem uma base estruturada para a análise profunda das habilidades
sociais, de comunicação e dos comportamentos característicos do TEA
em adultos.
SRS - 2
A SRS-2 (Social Responsiveness Scale) é uma escala destinada a
mensurar sintomas associados ao Transtorno do Espectro Autista
(TEA), bem como a classificá-los em níveis leves, moderados ou
severos. Sua avaliação se faz de forma global e espefícica, já que
agrupa os sintomas em subcategorias (Escalas Compatíveis ao DSM-5
e Subescalas de Intervenção).
Quociente do Espectro do Autismo – Adultos (QA) 16+ anos

O quociente do espetro do Autismo (AQ) foi desenhado para pessoas com mais de 16 anos
sem deficiência intelectual.
Pontuação
Faixa de pontuação: 0-50
Pontuações de 26 ou mais indicam que pode ser autista
Pontuações mais baixas significam que provavelmente não está no espetro
79,3% das pessoas autistas pontuam 32 ou mais.
ADOS-2
O ADOS-2 (Schedule for Autism in Adults) é um teste padrão-ouro para a
avaliação do TEA em adultos. Ele envolve observações diretas do
comportamento social, comunicação e padrões de comportamento
restritivos e repetitivos.
Módulo 4 – Destina-se a adolescentes e adultos, com uma linguagem
expressiva fluente.
ADI-R
A ADI-R (Autism Diagnostic Interview-Revised) é uma entrevista estruturada aplicada aos pais ou
cuidadores. Ela abrange a história do desenvolvimento, comportamentos sociais e comunicação,
fornecendo informações detalhadas para auxiliar no diagnóstico.
ADI-2
A ADI-2 é uma entrevista estruturada que aborda áreas específicas de comportamento social,
comunicação e padrões de comportamento restritivos e repetitivos, similar à ADI-R.
RAADS-R
RAADS-R (Autism Spectrum Quotient (ASQ) - Ritvo Autism Asperger Diagnostic
Scale-Revised ) é um questionário de autoavaliação que fornece uma
pontuação que sugere a presença de características do espectro autista.
Pode ser usado como um instrumento adicional na avaliação.
Entrevistas Clínicas e
Observação Comportamental

Além dos instrumentos padronizados, a avaliação do TEA em adultos


frequentemente inclui entrevistas clínicas e observação comportamental
direta para obter uma compreensão mais abrangente das habilidades e
desafios do indivíduo.
Desafios enfrentados pelos adultos com
autismo
Emprego e Carreira Vida Social Independência
Fazer amizades e se Alcançar a independência
Adultos com autismo
encaixar em grupos em atividades do dia a dia,
podem enfrentar
sociais podem ser como moradia, transporte
desafios na obtenção e
desafiadores para e cuidados pessoais, pode
manutenção do emprego
adultos com autismo, ser mais difícil para adultos
devido a dificuldades de
devido a diferenças nas com autismo devido a
comunicação e interação
habilidades sociais e na desafios cognitivos e de
social.
interpretação de pistas planejamento.
sociais.
Qualidade de vida e suporte para adultos
adultos com autismo

Grupos de Apoio Terapia e Intervenção Atividades de Lazer

Participar de grupos de apoio Terapias comportamentais, Proporcionar oportunidades


pode fornecer um senso de terapia ocupacional e outras de atividades de lazer
comunidade e oferecer intervenções podem ajudar adaptadas às necessidades
suporte emocional para os adultos com autismo a individuais pode melhorar a
adultos com autismo. desenvolver habilidades qualidade de vida dos
sociais e de autocuidado. adultos com autismo.
Tratamento
Terapia Tratamento Apoio familiar e escolar
comportamental farmacológico
• Sensibilização e
• Técnicas de análise • Medicamentos para capacitação de pais
comportamental comorbidades e familiares
• Treinamento de frequentemente • Adaptações e
respostas sociais associadas apoios em sala de
(exemplo: ansiedade aula
• Terapia de
ou depressão)
Integração Sensorial
• Medicamentos para • Intervenções
• Terapia do educacionais
melhorar a atenção
desenvolvimento especializadas
e reduzir
relacional
impulsividade
• Apoio à transição
(exemplo: em casos
para a vida adulta
de comorbidade
com TDAH)

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