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Relatório da Avaliação de Bases Psicológicas

1ª) Exercícios Piagetianos


Os exercícios Piagetianos, são propostas psicológicas que testam o
grau de raciocínio e inteligência presentes no estágio pré-operatório da criança.
O intuito é entender o andamento dessa fase nas crianças, relacionando suas
reações aos objetos apresentados nos exercícios, e como elas fazem essa
organização das ideias e dos pensamentos atribuindo as respostas lógicas. Em
suma trata-se de identificar os estágios do desenvolvimento da criança e do
desenvolvimento cognitivo.
Na pesquisa foram utilizados três exercícios propostos por Piaget.
Dentre eles o teste dos líquidos, o teste das fichas e o teste do biscoito.

Primeiro caso: Emanuela, aluna de escola pública, possui 7 anos de idade.

Exercício dos Líquidos


O primeiro teste foi realizado em uma garota de 7 anos, de uma escola
de ensino público. A garota se chama Emanuela e realizou os três testes
propostos. O primeiro teste foi o dos líquidos, ao qual se transferiria a água
para um recipiente de formato diferente, porem transparente, após ter já
apresentado em 2 recipientes iguais e transparentes. A garota mesmo vendo
todo o processo da transferência do líquido para outro recipiente, não
conseguiu assimilar a real situação do exercício. Na primeira fase da
experiência a Emanuela respondeu que os copos iguais possuíam a mesma
quantidade de água após minha pergunta. Porem na segunda fase, ao trocar
um dos recipientes por outro diferente, a pergunta foi repetida, “Qual recipiente
possui mais água?”, a mesma relatou que a do recipiente diferente possuía
mais água, mesmo tendo visto a primeira fase do teste. Quando perguntei o
porquê de eles terem quantidades diferentes de líquidos, ela respondeu:
“porque esse copo está com a água maior que o outro”.
Nota: Analisando o teste de acordo com o pensamento de Piaget no estágio
pré-operacional do desenvolvimento da criança, a Emanuela ainda se encontra
com o desenvolvimento cognitivo precário em relação a idade dela com o
estágio em que se encontra. Ela apresenta características como o que Piaget
chama de Centração, na qual a criança baseia o mundo com o pensamento na
perspectiva de apenas uma variável, que é o que ela vê se modificar. Ela acaba
confundindo os líquidos pelo “Maior” com “Mais”, apenas se atentando a sua
forma e não a suas relações com os recipientes.
Exercício das Fichas
Seguindo os testes com a Emanuela, o segundo foi o teste das Fichas,
no qual foi utilizado dez moedas de dez centavos. Na primeira fase, fiz duas
fileiras paralelas com as moedas, uma fileira alinhada com a outra
verticalmente, em seguida perguntei a ela, se as duas fileiras possuíam a
mesma quantidade de moedas. A mesma respondeu que sim, e que haviam
cinco moedas em cada fileira. Após essa resposta, comecei a segunda fase do
teste. Em uma das fileiras, dei um espaçamento entre as moedas, exatamente
como há no teste de Piaget de maneira em que as moedas não mais ficassem
verticalmente alinhadas. Voltei a pergunta, se ainda haviam a mesma
quantidade de moedas nas fileiras, porem ela respondeu que não. Perguntei o
porquê de não mais terem a mesma quantidade e ela respondeu que na fileira
espaçada, haviam apenas três moedas, diferente da fileira agrupada que
haviam cinco. É perceptível a confusão da Emanuele com as moedas na
segunda fase, onde as mesmas da ponta ficaram fora do alinhamento da fileira
agrupada, fazendo com que ela excluísse as duas moedas das extremidades
da fileira espaçada.
Nota: Nesse teste, foi um pouco diferente, porem com a mesma finalidade que
o primeiro teste, apesar de ela saber que as fileiras tinham a mesma
quantidade de moedas, ela confundiu quantidade com alinhamento, o que a fez
se precipitar em relação a pergunta.

Exercício do Biscoito
No terceiro exercício, ainda com a Emanuela, foi realizado o teste do
biscoito, que consiste em comparar a quantidade de biscoito ofertados para
cada pessoa. Na primeira fase do teste, peguei três biscoitos e dei dois para a
Emanuela e fiquei com um. Em seguida perguntei a ela se estávamos com a
mesma quantidade de biscoitos, e ela respondeu que não. Inverti a situação,
dei a ela dois biscoitos e fiquei com um dos três biscoitos que eu havia pegado
e voltei a perguntar novamente. “Estamos com a mesma quantidade de
biscoitos” e novamente ela respondeu que não. Na segunda fase do teste,
continuei com os dois biscoitos, porem quebrei ao meio o biscoito que estava
com ela, resultando em duas partes iguais. Retornei a perguntar “E agora,
estamos com a mesma quantidade de biscoitos?”. Dessa vez ela respondeu
que sim, tratando apenas a metade de um biscoito, como uma quantidade
inteira. Em seguida perguntei o porquê de termos a mesma quantidade de
biscoitos. Sua resposta foi “porque agora eu e você temos dois biscoitos”.
Nota: No já nesse terceiro teste, a Emanuela confunde a quantidade em partes
do biscoito partido com o real biscoito inteiro. Então para ela o importante é o
numero de biscoitos e não sua totalidade. Sendo assim o caso ainda possui
características da Centração de Piaget.
2ª) Proposta teórica de Vygotsky

Durante os anos 70 Vygotsky foi responsável por fundar uma teoria


psicológica com novas estruturas para o desenvolvimento do Homem. Essa
teoria tinha como objetivo a superação das ideias positivistas e passou a ver o
homem e o estudo de suas faculdades psíquicas como uma construção
Histórico/Social, portanto, essa teoria foi nomeada de A Psicologia Sócio-
histórica.
Essa concepção da psicologia trouxe vários pensamentos que
auxiliaram mais tarde em diversos avanços na ciência do desenvolvimento.
Vygotsky estabeleceu conceitos de sua teoria, afirmando que o homem é um
ser ativo, social e histórico, ou seja, o homem se torna aquilo que partilha com
o mundo e com outros homens, sendo moldado a partir da interferência do
mundo para com ele e do meio cultural. De acordo com Vygotsky, o homem
não se desenvolve independente, ele precisa de um meio para se habituar e
absorver com o que interage. Toda relação que o homem cria e possui é
advinda de um meio social, o próprio trabalho é uma ação social em que só
existe por conta da existência de uma sociedade. A linguagem também está
dentro da teoria de Vygotsky desde que ela assume a importância de
comunicação do homem com o mundo, assim como a comunicação do homem
com ele mesmo, por conseguinte a linguagem possui o trabalho de ajudar na
representação da realidade e na construção do pensamento, objetivando-se
nas interpretações das significações do mundo e do seu desenvolvimento.

Subjetividade Social e Subjetividade Individual

Vygotsky fala sobre conceitos da subjetividade que possui propriedades


internas e externas, que moldam a realidade do indivíduo tanto na perspectiva
interna, do que sai de dentro do seu pensamento, como das concepções
externas do que o individuo absorve. Assim o individuo sempre faz essa
relação de troca de informações construtivas, para si e para o mundo. Portanto,
subjetividade Individual trata-se do que o indivíduo constrói como ideias e
valores próprio, baseados nas vivencias e experiencias ao meio em que vive.
Enquanto Subjetividade Social, refere-se ao pensamento agrupado ou
individual que moldam uma sociedade em determinados níveis sociais, através
de um pensamento coletivo centralizado.
A visão do Desenvolvimento Infantil
Na visão de Vygotsky, ele traz três aspectos que influenciam o
desenvolvimento da criança durante seu crescimento. Esses aspectos são o
instrumental, cultural e histórico, que traçam uma importância na definição das
fases e causas que levam a criança rumo ao seu desenvolvimento intelectual.
O aspecto instrumental, advém da mediação que usamos para atribuir
significado a um objeto, alterando os estímulos de comportamentos. O aspecto
cultural refere-se ao acervo de informações que a criança possui do meio em
que ela vive, construindo uma identidade a partir dessas experiencias utilizando
o principal instrumento advindo da sociedade que é a fala. Já o aspecto
historio, está relacionado aos diversos instrumentos que os Homens criaram
para a construção da sociedade, incluindo a linguagem, a escrita e a aritmética.

Fala e Ação
De acordo com o pensamento de Vygotsky a fala começa quando a
criança interage com o meio, em que precisa fazer representações para suprir
suas necessidades. Na criança esses estímulos, motores e verbais estão
misturados, logo ele precisa organizar esses estímulos, para se conseguir o
que deseja. Através da observação, principalmente quando em interação com
outras pessoas, a criança consegue assimilar mais rapidamente os estímulos e
as representações. A criança começa a interagir com o meio primeiramente
através das demonstrações, apontando ou fazendo movimentos significativos
em busca de objetos para atrair a atenção do adulto para o que ela deseja, e
conseguinte pela fala, onde utiliza da palavra de um objeto para representar
uma necessidade, como por exemplo, falar a única palavra “água”,
representando que está com sede. Por fim as ações sociais são constructos
para o intelecto da criança e do indivíduo, adotando um caráter interacionista.

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