Você está na página 1de 83

VENTILAÇÃO MECÂNICA

MÉTODOS VENTILATÓRIOS
PARTE I

Pedro Paulo Guerra


Aparelho respiratório

2-Entrada e saída
de gases

3 -Troca
gasosa
1-Movimentos
Respiratórios

RESPIRADORES MECÂNICOS
VENTILAÇÃO MECÂNICA
CONTEÚDO
• Respiradores mecânicos
– Histórico / Classificação /Componentes essenciais
• Revisão de conceitos importantes:
– Volume corrente / Volume minuto
– Tempo inspiratório / expiratório
– Pressão nas vias aéreas / PEEP
– Ciclos ventilatórios
– Complacência
HISTÓRICO DA VENTILAÇÃO MECÂNICA (I)

• 1920 a 1930 - Desenvolvimento do pulmão de aço


por Philip Drinker e Louis Agassiz Shaw .
• 1939 a 1945 - Segunda guerra mundial: desenvol-
vimento de válvulas capazes controlar um fluxo de
oxigênio e facilitar a respiração dos pilotos de caça
voando a grandes altitudes.
• 1940 a 1950 - Epidemia de poliomielite na Dinamar-
ca.
• Início da década de 50 - Desenvolvimento dos pri-
meiros respiradores a pressão positiva intra-traqueal
• 1955 - Lançamento do “Bird Universal Medical Respi-
rator”.
RESPIRADOR BIRD
HISTÓRICO DA VENTILAÇÃO MECÂNICA (II)

• Década de 60: Surge o respirador volumétrico


Emerson
• 1967- Desenvolvimento da PEEP pelo grupo de
Thomas L. Petty .
• Década de 70 - Desenvolvimento de novas modali-
dades de ventilação mecânica com destaque espe-
cial para a VMI/SIMV.
• Década de 80 - Surgem os respiradores mecânicos
controlados por microprocessadores .
• Década de 90 até os dias atuais. Caracterizada
pelos esforços no desenvolvimento de respiradores
inteligentes.
HISTÓRICO DA VENTILAÇÃO MECÂNICA
CONTRIBUIÇÃO BRASILEIRA

• Professor Cabral de Almeida, de origem Portugue-


sa, que no Brasil em 1951 (Hospital da Beneficiência
Portuguesa, RJ) desenvolveu estudos que culmina-
ram na criação (juntamente com Carlos Cerqueira)
de um respirador brasileiro, o Pulmoventilador Cabral
de Almeida.
• Dr Kentaro Takaoka, paulista, filho de japoneses,
criou em 1952 um respirador mecânico de pequenas
dimensões (“que coubesse no bolso do paletó”) de-
nominado “Aparelho de Takaoka”. Foi utilizado du-
rante décadas na ventilação mecânica dos procedi-
mentos cirúrgicos.
CLASSIFICAÇÃO DOS
RESPIRADORES

• Quanto a forma de gerar a ventilação


pulmonar:
– Respiradores de pressão negativa
extratorácica
– Respiradores de pressão positiva
intratraqueal
Respiradores de pressão negativa
extratorácica

2-Entrada e saída
de gases

3 -Troca
Compressão gasosa
do tórax
PULMÃO DE AÇO
PULMÃO DE AÇO 1930
PULMÃO DE AÇO

UTI 1945
PULMÃO DE AÇO
PULMÃO DE AÇO “ATUAL”
Respiradores de pressão positiva intra
traqueal

Respiradores de pressão positiva intra traqueal

Bombeamento de
gases na traquéia

3 -Troca
gasosa
1-Movimentos
Respiratórios
RESPIRADOR DE BIRD 8400
PRESSÃO POSITIVA
INTRA TRAQUEAL
CLASSIFICAÇÃO DOS
RESPIRADORES

• Quanto a forma de funcionamento:


– Respiradores mecânicos
– Respiradores eletro-mecânicos
– Respiradores microprocessados
RESPIRADOR MECÂNICO

BIRD MARK 7
RESPIRADOR BENETT MA-1
RESPIRADOR ELETRO-MECÂNICO
RESPIRADOR
MICROPROCESSADO
RESPIRADOR MICROPROCESSADO
RESPIRADOR TAKAOKA

SERVOVENTILADOR
COLOR
CLASSIFICAÇÃO DOS
RESPIRADORES

Respiradores de pressão positiva intratraqueal:


Sua finalidade é a de substituir a função da
musculatura torácica, que é a responsável
pela força que movimenta os gases para
dentro e fora dos pulmões.
APARELHO RESPIRATÓRIO

RESPIRAÇÃO NORMAL

Movimento dos gases é o resultado da atividade da musculatura


respiratória
VENTILAÇÃO MECÂNICA

O RESPIRADOR
MECÂNICO
PROMOVE A
MOVIMENTAÇÃO DE
GASES PARA
DENTRO E FORA
DOS PULMÕES
CONCEITOS IMPORTANTES
REVISÃO DE CONCEITOS
• Ciclo respiratório
• Freqüência respiratória
• Tempo inspiratório / Tempo expiratório
• Volume corrente (VC) Volume minuto
• Fluxo inspiratório
• Relação ins-expiratória (I/E)
• Complacência pulmonar
• Ciclos respiratórios (em relação ao respirador)
CONCEITOS IMPORTANTES
CICLO RESPIRATÓRIO
• É o conjunto de um movimento inspiratório e
o movimento expiratório que a ele se segue.
• É constituído da inspiração e expiração.
• Compreende a entrada de gases para o
interior dos pulmões e a sua saída dos
pulmões.
• Inspiração = Ativa
• Expiração = Passiva
CICLO RESPIRATÓRIO

INSPIRAÇÃO
E
EXPIRAÇÃO
CONCEITOS IMPORTANTES

FREQÜÊNCIA RESPIRATÓRIA
• É o número de ciclos respiratórios completos
(inspiração e expiração) realizados durante 1
minuto.
• Anotado em respiração por minuto.
• Valor normal 8 - 12 rpm.
• Como medir.
CONCEITOS IMPORTANTES
TEMPO INSPIRATÓRIO
• É o tempo decorrido entre início e o término
da fase inspiratória.
• É durante a fase inspiratória que há entrada
de gases nos pulmões.
• O término da tempo inspiratório coincide com
o início do tempo expiratório.
• É medido em segundos ( Ex: 1 segundo)
CONCEITOS IMPORTANTES
TEMPO EXPIRATÓRIO
• É o tempo decorrido entre início da expiração
e o início da fase inspiratória do próximo
ciclo.
• É durante a fase expiratória que há saída de
gases nos pulmões.
• A sua duração é maior que a inspiração.
• É medido em segundos ( Ex: 2 segundos)
CONCEITOS IMPORTANTES
TEMPO INS E EXPIRATÓRIO
GRÁFICO
CONCEITOS IMPORTANTES
VOLUME CORRENTE (VC, VT)
• É o volume de gás que é inspirado em cada
ciclo respiratório.
• Corresponde ao volume de ar que entra nos
pulmões durante a fase inspiratória.
• O volume corrente inspirado é igual ao
volume corrente expirado.
CONCEITOS IMPORTANTES
VOLUME CORRENTE (VC, VT)

600 ml
CONCEITOS IMPORTANTES
FLUXO INSPIRATÓRIO
FLUXO: É a velocidade que um líquido ou gás atravessa
um local. Sinônimo: Correnteza.
Fluxo baixo

Fluxo alto
CONCEITOS IMPORTANTES
FLUXO INSPIRATÓRIO
• É a velocidade com que os gases entram nos
pulmões
• É medido em litros/ minuto ( l/m).
• Quanto maior o fluxo inspiratório, menor será
o tempo inspiratório : quanto maior o fluxo
mais rapidamente o volume corrente chega
aos pulmões.
CONCEITOS IMPORTANTES
Fluxo baixo
Aquário enche em
tempo longo

Fluxo alto
Aquário enche em
tempo curto
CONCEITOS IMPORTANTES
FLUXO INSPIRATÓRIO

60 l
CONCEITOS IMPORTANTES
RELAÇÃO INS-EXPIRATÓRIA
• É valor que expressa a duração da fase
inspiratória (medida em segundos), quando
relacionada com a duração da fase expira-
tória (também em segundos).
• Exemplo: fase inspiratória = 1 segundo
fase expiratória = 3 segundos
Relação I/E = 1/3
CONCEITOS IMPORTANTES
RELAÇÃO INS E EXPIRATÓRIQA
RELAÇÃO 1:3
CONCEITOS IMPORTANTES
COMPLACÊNCIA PULMONAR
• Refere-se à facilidade com que os pulmões se dis-
tendem para acomodar o volume de ar que lhe é
administrado.
• COMPLACÊNCIA ELEVADA: O pulmão TEM grande
facilidade de se distender para acomodar o volume
corrente que lhe foi fornecido. É um pulmão “macio”,
“mole”.
• COMPLACÊNCIA BAIXA: O pulmão NÃO TEM faci-
lidade de se distender para acomodar o volume
corrente que lhe foi fornecido. É um pulmão “duro”
CONCEITOS IMPORTANTES
COMPLACÊNCIA

• Quanto maior for a


complacência mais fácil
será encher o balão.

• Complacência baixa
significa grande
dificuldade de encher o
balão.
CONCEITOS IMPORTANTES
COMPLACÊNCIA
• TIPOS:
– Pulmonar
– Toráxica
– Tóraco-pulmanar (Sistema respiratório)
• CÁLCULO: VOLUME (ml)
C =
PRESÃO (cm H2O)
CONCEITOS IMPORTANTES
CICLOS RESPIRATÓRIOS
• Os ciclos respiratórios, no que se refere à
interação entre o paciente e o respirador,
podem ser classificados em:
CICLOS ESPONTÂNEOS
CICLOS CONTROLADOS
CICLOS ASSISTIDOS
CONCEITOS IMPORTANTES
RESPIRAÇÃO (CICLO) ESPONTÂNEA
• Refere-se ao ciclo respiratório que é iniciado
e terminado pelo paciente, sem qualquer
ajuda do respirador.
• É eqüivalente à respiração do paciente como
se tivesse desligado, desconectado do respi-
rador.
• É a respiração normal.
CONCEITOS IMPORTANTES
RESPIRAÇÃO (CICLO) CONTROLADA
• Refere-se ao ciclo respiratório que é TOTAL-
MENTE COMANDADO PELO RESPIRA-
DOR.
• O respirador controla o início, a duração e o
término do ciclo respiratório, ignorando qual-
quer esforço do paciente.
CONCEITOS IMPORTANTES
RESPIRAÇÃO (CICLO) ASSISTIDA
• Refere-se ao ciclo respiratório que é PAR-
CIALMENTE COMANDADO PELO RESPI-
RADOR E PARCIALMENTE COMANDADO
PELO PACIENTE.
• O PACIENTE provoca o início do ciclo respi-
ratório, o restante do ciclo terá sempre a par-
ticipação do respirador.
CONCEITOS IMPORTANTES
CICLAGEM
• Refere-se à mudança da fase inspiratória
para a fase expiratória.
• Refere-se ao parâmetro que o respirador
respeita para que mude da fase inspiratória
para a fase expiratória.
– Ex: Ciclagem a volume: O aparelho termina a fase
inspiratória (cicla) quando é atingido um volume
inspiratório.
CONCEITOS IMPORTANTES
MODOS DE CICLAGEM
• CICLAGEM A VOLUME: O respirador termina a fase
inspiratória quando é atingido o volume estipulado.
• CICLAGEM A PRESSÃO: O respirador termina a fase
inspiratória quando é atingida a pressão que foi
estipulada.
• CICLAGEM A FLUXO: O respirador termina a fase
inspiratória quando é atingido o valor do fluxo que foi
estabelecido.
• CICLAGEM A TEMPO: O respirador termina a fase
inspiratória ao término do tempo estabelecido.
COMPONENTES DO RESPIRADOR
• Fonte de gases
• Blender ( Misturador de gases)
• Circuito respiratório (circuito do respirador)
• Sistemas de controle
• Sistemas de Monitorização e de Alarme
• Sistema de umidificação
• SENSIBILIDADE
COMPONENTES DO RESPIRADOR
FONTE DE GASES
• Refere-se aos gases que serão administra-
dos ao paciente.
• Os respiradores sempre necessitam de O2.
• A maioria dos respiradores modernos neces-
sita de fonte de oxigênio e de fonte de ar
comprimido medicinal.
• Pressão das fontes de gases: 3,5 kg/cm2
COMPONENTES DO RESPIRADOR
BLENDER (MISTURADOR)
• É o dispositivo que promove a mistura do
oxigênio ao ar comprimido medicinal, na
proporção desejada, para fornecimento ao
paciente.
• O seu funcionamento é mecânico ou
eletrônico.
• Possuem alarme sonoro que é acionado
quando há queda de pressão de um gás.
BLENDER
BLENDER ELETRÔNICO

FiO2
COMPONENTES DO RESPIRADOR
CIRCUITO RESPIRATÓRIO
• É o conjunto de tubos que conduz a mistura
gasosa do respirador ao paciente.
• São tubos de grosso calibre para não causar
aumento na resistência ao fluxo dos gases.
• É composto de um ramo inspiratório e de um
ramo expiratório.
• A união dos dois ramos se faz por uma peça
em “Y“, que fica próximo ao tubo traqueal.
CIRCUITO DO RESPIRADOR
CIRCUITO DO RESPIRADOR
CIRCUITO DO RESPIRADOR
COMPONENTES DO RESPIRADOR
SISTEMA DE CONTROLE
• É o sistema destinado a acionar as diversas
variáveis necessárias para a seleção do
modo ventilatório desejado, como também
dos parâmetros de cada ciclo respiratório.
• Geralmente são ajustados:
– Volume corrente, fluxo inspiratório, freqüência,
sensibilidade, PEEP e pressão nas vias aéreas
VOL CORRENTE FLUXO INSP. FREQ. PEEP SENS. PSV

BIRD 8400 - CONTROLES


VOL CORRENTE FLUXO INSP. FREQ. PEEP SENS. PSV

BIRD 6400 - CONTROLES


RESPIRADOR
INTER PLUS

VOL CORRENTE FLUXO INSP. FREQ. PEEP SENS. PSV


COMPONENTES DO RESPIRADOR
SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO
• É o sistema destinado a monitorar as variá-
veis do paciente de modo a trazer informa-
ções sobre o desenrolar da assistência
ventilatória.
• Os parâmetros acompanhados são:
– Volume corrente expirado, freqüência do paciente,
pressão de vias aéreas, PEEP etc
SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO
SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO
SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO
COMPONENTES DO RESPIRADOR
SISTEMA DE ALARMES
• É o sistema destinado a produzir alarmes
quando alguma variável, acompanhada pelo
aparelho, atinge valores considerados
perigosos.
– Ex: freq respiratória elevada
• Os valores, máximos e mínimos, das
variáveis que desencadeiam os alarmes
podem ser modificados
ALARMES: PRESSÃO ALTA E BAIXA, FREQ RESP ALTA E BAIXA

BIRD 8400- ALARMES


COMPONENTES DO RESPIRADOR
SISTEMA DE UMIDIFICAÇÃO
• É o sistema destinado a manter os gases
inspirados com a umidade adequada ao
aparelho respiratório.
• Os sistemas utilizados são semelhantes ao
utilizados para as vias aéreas artificiais:
– Umidificadores com reservatório de água.
– Filtros trocadores de calor e umidade.
UMIDIFICADOR
AQUECIDO
UMIDIFICADOR
AQUECIDO
UMIDIFICADOR
AQUECIDO
FILTRO UMIDIFICADOR
FILTRO PARA UMIDIFICAÇÃO
Estudo da incidência de PAVM em pacientes
usando umidificador aquecido e filtro umidificador.
Lacherade, J.C. Paris-França: Am j Respir Crit Care Med – 2005

Filtro Umidificador
• Pacientes: 185 • Pacientes: 184
• PAVM: 47 ( 25,4%) • PAVM: 53 ( 28,8%)
• Tempo VM: 13,5 dias • Tempo VM: 14,9 dias

Mortalidade geral no CTI : 33%

CONCLUSÃO: Sem diferença significativa na incidê-


ncia de PAVM nos grupos em que se usou filtro ou
umidificador aquecido.
Eficiência e segurança da VM com troca
do filtro umidificador de 7/7 dias
• Avaliado o filtro durante 7 dias quanto:
– Número de aspirações traqueais necessárias
– Pressão de pico nas vias aéreas
– Estudos higrométricos nas secreções
– Resistência através do filtro
– Culturas do circuito do respirador
• Resultados: Sem modificações nos parâmetros
estudados.
• Conclusões: A VM pode ser realizada com seguran-
ça trocando-se o filtro umidificador a cada 7 dias.
Am J Resp Crit Care Med 2000: vol 161
COMPONENTES DO RESPIRADOR

SENSIBILIDADE
• É o parâmetro que determina a intensidade
do esforço que o paciente precisa fazer para
que o aparelho inicie uma inspiração.
• Sensibilidade:
– Por pressão
– Por fluxo
COMPONENTES DO RESPIRADOR
SENSIBILIDADE
• Valor elevado: significa que o paciente
necessita realizar um esforço elevado para
disparar o aparelho.

• Valor baixo: significa que o paciente neces-


sita realizar um esforço baixo para disparar o
aparelho
SENSIBILIDADE
RESUMO
1. CICLO RESPIRATÓRIO
2. TIPOS DE CICLOS RESPIRATÓRIOS
3. VOLUME CORRENTE
4. TEMPO INSPIRATÓRIO E EXPIRATÓRIO
5. FLUXO INSPIRATÓRIO
6. SENSIBILIDADE
7. SISTEMAS DE ALARME
8. SISTEMAS DE CONTROLE
CLASSIFICAÇÃO DOS
RESPIRADORES

• Quanto a forma de ciclagem:


– Respiradores ciclados à pressão
– Respiradores ciclados a volume
– Respiradores ciclados a fluxo
– Respiradores ciclados a tempo
– Respiradores ciclados a múltiplos
parâmetros
VENTILAÇÃO MECÂNICA

• OS RESPIRADORES MECÂNICOS MICRO-


PROCESSADOS SÃO OS MAIS
UTILIZADOS.
• O MODO VENTILATÓRIO CICLADO A VO-
LUME É O MAIS USADO.
• APENAS OS RESPIRADORES DE TRANS-
PORTE SÃO CICLADOS À PRESSÃO
VENTILAÇÃO MECÃNICA

A SEGUIR

RESPIRADORES MECÂNICOS II

Você também pode gostar