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BALANCEAMENTO DE UM ROTOR
Carlos A. de A. Mota - carlosmota03@gmail.com
Duemita Dorrelly Carlos de Freitas - dorrellycarlos@yahoo.com.br
1 INTRODUÇÃO
O estudo de defeitos de máquinas rotativas ocupa uma posição de destaque no
contexto de máquinas e estruturas, tendo em vista a grande quantidade de fenômenos
típicos na operação desses equipamentos. A existência de um componente rotativo
apoiado em mancais e transmitindo potência cria uma família de problemas que são
encontrados nas mais diversas máquinas, sejam compressores, turbinas, bombas
centrifugas, motores, máquinas de grande porte como uma usina hidroelétrica e vários
outros exemplos. Um desses problemas é o desbalanceamento rotativo em função de erros
de distribuição de massa ao longo do eixo.
O desbalanceamento é causado por uma assimetria na distribuição de massas de
um corpo rotativo referida a seu eixo de rotação, isto significa que o desbalanceamento
ocorre quando o eixo principal de inércia não coincide com o eixo de rotação. É um
fenômeno é frequente em ambientes industriais e normalmente, devido à imposição de
esforços cíclicos, podem causar níveis excessivos de vibrações, avarias precoces em
máquinas, reduzindo a vida útil das máquinas e equipamentos industriais.
Havendo um excesso de massa de um lado do rotor, a força centrifuga atuante
sobre este lado mais pesado superam as a força centrifuga atuante sobre o lado oposto,
forçando então o lado mais leve na direção do lado mais pesado, sendo a força resultante
a causa de vibração.
Segundo Rao (2009), a força centrifuga causadora da vibração é, em suma, gerada
pela excentricidade do centro de gravidade do rotor e pela sua rotação. Tal força é dada
pela equação E.1:
𝐹𝑐𝑒𝑛𝑡 = 𝑚. 𝑒. 𝜔2 (E.1)
Sendo que:
𝑚 → Massa desbalanceada;
𝑒 → Excentricidade;
Esta força é contrabalanceada pela soma das reações que surgem nos
mancais do rotor. A magnitude das mesmas depende da posição relativa entre o centro de
gravidade e mancais. O efeito da força centrifuga pode ser visualizado melhor conforme
a Figura 1.1.
O balanceamento estático pode ser justificado apenas para certas peças de baixa
rotação. A vibração causada pelo desbalanceamento aumenta a carga dinâmica nos
mancais de suas máquinas, aumentando seu desgaste e resultando numa menor vida útil.
Causa ainda diminuição da eficiência de uma máquina, redução do atrito de fixação por
parafusos e chavetas devido ao atrito, fraturas por fadiga, podendo quebrar peças girantes,
especialmente se sua máquina passa por frequências ressonantes. Iremos perceber que o
processo de balanceamento é de grande importância, e que deve ser levado a sério, pois
este pode vir a gerar grandes prejuízos quando não são tratados com seriedade.
O objetivo deste trabalho é aplicar o conhecimento adquirido na disciplina de
Vibrações Mecânicas, analisando o comportamento dinâmico de rotores, para tal foi
construída uma bancada didática e a partir da mesma realizar medições e a coletas de
dados para análise e estudo.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Desbalanceamento estático;
Desbalanceamento de momento;
Desbalanceamento dinâmico.
Se o rotor se apoia sobre mancais sem atrito, ou uma base lisa e nivelada, agirá
sobre a massa M desequilibrante um momento estático Mr, que fará com que o rotor gire
até que esta venha para a vertical, para balancearmos tal rotor, basta que façamos com
que o CG volte a coincidir com o eixo de rotação. Para tal, colocaremos uma massa
corretiva M’ a uma distância r’ do centro e a 180° do desbalanceamento original tal que:
M’r’ = Mr (E.2)
(a) (b)
Figura 2.5 – (a) Rotor desbalanceado; (b) Balanceamento Estático feito na empresa Laboremos
2.6.2 - Balanceamento Dinâmico
⃗⃗𝐴 = 𝐴⃗𝐴𝐿 𝑈
𝑉 ⃗⃗𝐿 + 𝐴⃗𝐴𝑅 𝑈
⃗⃗𝑅 (E.5)
⃗⃗𝐵 = 𝐴⃗𝐵𝐿 𝑈
𝑉 ⃗⃗𝐿 + 𝐴⃗𝐵𝑅 𝑈
⃗⃗𝑅 (E.6)
⃗⃗𝐵′ = 𝐴⃗𝐵𝐿 (𝑈
𝑉 ⃗⃗𝐿 + 𝑊
⃗⃗⃗⃗𝐿 ) + 𝐴⃗𝐵𝑅 𝑈
⃗⃗𝑅 (E.8)
⃗⃗𝐴′ − 𝑉
𝑉 ⃗⃗𝐴
𝐴⃗𝐴𝐿 = (E. 9)
⃗⃗⃗⃗𝐿
𝑊
⃗⃗𝐵′ − 𝑉
𝑉 ⃗⃗𝐵
𝐴⃗𝐵𝐿 = (E. 10)
𝑊⃗⃗⃗⃗𝐿
⃗⃗𝐴′′ = 𝐴⃗𝐴𝐿 𝑈
𝑉 ⃗⃗⃗⃗⃗𝑅 + 𝑊
⃗⃗𝐿 + 𝐴⃗𝐴𝑅 (𝑈 ⃗⃗⃗⃗𝑅 ) (E.11)
⃗⃗𝐴′′ − 𝑉
𝑉 ⃗⃗𝐴
𝐴⃗𝐴𝑅 = (E. 13)
𝑊⃗⃗⃗⃗𝑅
⃗⃗𝐵′′ − 𝑉
𝑉 ⃗⃗𝐵
𝐴⃗𝐵𝑅 = (E. 14)
⃗⃗⃗⃗𝑅
𝑊
𝐴⃗𝐵𝑅 𝑉
⃗⃗𝐴 − 𝐴⃗𝐴𝑅 𝑉
⃗⃗𝐵
⃗⃗𝐿 =
𝑈 (E. 15)
𝐴⃗𝐵𝑅 𝐴⃗𝐴𝑅 − 𝐴⃗𝐴𝑅 𝐴⃗𝐵𝐿
𝐴⃗𝐵𝐿 𝑉
⃗⃗𝐴 − 𝐴⃗𝐴𝐿 𝑉
⃗⃗𝐵
⃗⃗𝑅 =
𝑈 (E. 16)
𝐴⃗𝐵𝐿 𝐴⃗𝐴𝑅 − 𝐴⃗𝐴𝐿 𝐴⃗𝐵𝑅
O rotor pode ser balanceado com a adição de pesos balanceadores iguais e opostos
em cada plano. Os pesos balanceadores nos planos esquerdo e direito podem ser
denotados em forma vetorial por 𝐵⃗⃗𝐿 = −𝑈
⃗⃗𝐿 e 𝐵
⃗⃗𝑅 = −𝑈
⃗⃗𝑅 .
3 Materiais e Métodos
(a) (b)
Figura 3.1 – Acelerômetro (a) e Analisador de vibrações VIBTRON VIB-49 FFT (b)
(a) (b)
- Caracterização do motor
Fabricante: WEG
Motor Monofásico
Tensão: 220 v
Frequência: 60 Hz
Rotação Máxima: 1740 RPM
Potência: 1/2 cv = 0,37 Kw
- Caracterização dos discos
Ambos os discos são de liga de alumínio de
Disco A: 1,147 Kg
Disco B: 1,141 Kg
- Massas (parafuso + porca)
Parafuso 1 – 8,96g
Parafuso 2 – 6,48g
Parafuso 3 – 13,86g
Porca – 3,13g
Arruela – 1,99g.
A Figura 3.4 ilustra o sistema montado, indicando a posição de cada elemento e o
resultado da montagem final.
𝑣𝑖 = 18,23 𝑚𝑚/𝑠
𝜃 = 91°
Foi então colocada uma massa de teste em um ponto aleatório do disco como
sendo o ponto zero. Para obtermos os ângulos de correção, fazemos a contagem a partir
do ângulo zero, no sentido informado pelo aparelho, não se esquecendo de tirar a massa
de teste e realizado os refinamentos até chegar a níveis aceitáveis de acordo com a classe
do equipamento. Depois de colocada uma massa de teste 𝑊 = 12,09 g em uma posição
que foi tomada como base (𝜃 = 0°), o motor foi novamente acionado e o Vibtron colheu
novamente o dado de velocidade média de vibração na direção horizontal e informou qual
porcentagem da massa de teste deveria ser colocada e o ângulo com indicação de sentido
(mesmo da rotação e contrário da rotação) onde seria ela colocada. Após prosseguirmos
de forma aproximada as ordens do Vibtron, realizamos o mesmo processo anterior e
obtemos novos dados dos anteriormente mencionados, concluindo assim o primeiro
refinamento. Após três refinamentos obtemos esses dados que estão na tabela abaixo:
Tabela 1 – Dados experimentais
VH 𝜽 %MT α MA α'
Com a massa de teste 14,2 110° 272 -43° 32,91 -40°
1ª correção 7,1 94° 104 +35° 12,09 30°
1° refinamento 2,78 0° 68 +15° 8,47 10°
2° refinamento 1,22 -117°
Onde:
4 Resultados e Discussões
Tendo o experimento sendo feito na bancada experimental com um motor WEG
de 1740 rpm, observou-se a perda de potência devida ao peso da estrutura a ser
balanceada, tendo uma redução para aproximadamente 1530 rpm (25 Hz). Os espectros
de frequência correspondente a vibração axial, horizontal e vertical, gerado pelo
VIBTRON, são apresentados na Figura 4.1.
(a)
(b)
(c)
Figura 4.1 - Espectro de frequência do sistema desbalanceado nas posições axial (a), horizontal (b) e
vertical (c).
As linhas verde e vermelho, representam os limites de amplitude de vibração
classificados de acordo com a norma VDI-2056 sendo estabelecidas no laboratório de
vibrações mecânicas (LVI) classificadas em normal e tolerável respectivamente. Pelo
espectro de frequência pode-se deduzir que o sistema se encontra acima dos limites
toleráveis nas posições axial e horizontal, tendo uma amplitude de velocidade máxima de
aproximadamente 2,5 mm/s e 16 mm/s respectivamente. A vibração na posição vertical
se apresentou bem abaixo do parâmetro estabelecido com “BOM” pela VDI-2056
segundo o manual do VIBTRON. Portanto, as maiores vibrações pode ser observadas nas
posições axial e horizontal, sendo a horizontal predominante, como esperado.
Após o balanceamento, observou-se uma redução considerável da vibração do
sistema como representado na Figura 4.2, atingindo os parâmetros estabelecidos pela
normal, confirmando o balanceamento.
(a)
(b)
(c)
Figura 4.2 – Espectro de frequência do sistema balanceado nas posições axial (a), horizontal (b) e vertical
(c).
(a)
(b)
(c)
Figura 4.3 – Gráfico de cascata dos espectros de frequência do sistema balanceado e desbalanceado nas
posições axial (a), horizontal (b) e vertical (c).
(a) (b)
(a) (b)
Figura 4.6 – Balanceamento dinâmico do sistema (a), velocidade obtida pelo VIBTRON (b).
Figura 4.7 – Verificação do desbalanceamento do sistema com as duas massas na mesma posição na
direção horizontal.
5 CONCLUSÕES
Através dos estudos realizados na bancada experimental montada para o
procedimento de balanceamento dinâmico, simulando o balanceamento real de um rotor,
onde foi-se inserida uma massa aleatória procurando tratar o problema como uma
condição real enfrentada na indústria. A bancada apresentou resultados coerentes com
aqueles esperados e padronizados pela norma VDI – 2056. Através dos espectros de
frequência gerados pelo VIBTRON, foi possível identificar funções com diferentes
amplitudes em função da frequência, onde, é possível identificar possíveis erros de
montagem, problemas nos equipamentos utilizados na montagem da bancada além de se
perceber o desbalanceamento do sistema verificado a aproximadamente 25 Hz.
Todos os níveis de vibração, após o balanceamento dinâmico em um plano de
correção mostraram-se adequados segundo a norma, permanecendo em um nível de
“BOM”, isto é, garantindo a utilização do rotor na sua aplicação, logicamente, quando
mais precisas forem estas, mais refinamentos serão necessários para a perfeita execução
do serviço a ser prestado.
Por fim, pode-se concluir que:
AGRADECIMETOS
A Deus, em primeiro lugar, por ter nos capacitados para realização deste trabalho,
ao professor Dr. Antonio A. Silva pela oportunidade de aplicar os conhecimentos
adquiridos nesta disciplina, ao Dr. Fabiano, por abrir as portas de sua empresa,
LABOREMUS, para uma visita técnica, aos técnicos da oficina mecânica da Unidade
Acadêmica de Engenharia Mecânica, pela paciência e a realização do trabalho prático na
montagem da bancada experimental, a Richard, aluno de mestrado, pelo apoio técnico e
teórico no procedimento experimental e aos amigos pelo apoio.
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, NBR 8008, Balanceamento
de corpos rígidos rotativos/Qualidade, 1983.
MANUAL TÉCNICO DO ANALISADOR DE VIBRAÇÕES, VIB 49G FFT.