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Dinilson Salatiel Muhai

Uso de Escutas Telefónicas para o Esclarecimento do Crime de Tráfico de Drogas: Área


de Jurisdição da Direcção do Serviço Nacional de Investigação Criminal Província de
Maputo de 2019 à 2021

ACADEMIA DE CIÊNCIAS POLICIAIS

(ACIPOL)

Michafutene, Dezembro de 2022


Uso de Escutas Telefónicas para o Esclarecimento do Crime de Tráfico de Drogas: Área
de Jurisdição da Direcção do Serviço Nacional de Investigação Criminal Província de
Maputo de 2019 à 2021

Autor: Dinilson Salatiel Muhai

Monografia apresentada à ACIPOL como parte


dos requisitos para obtenção do grau académico
de licenciatura.

Júri Data
O Presidente A Arguente O Supervisor

________________ ________________ ________________ _____/_____/______

Michafutene, Fevereiro de 2023


Dedicatória

Dedico este trabalho de fim de curso à Deus, pois, tudo é graças a ele.

Dedico ainda à toda minha família especialmente:

Aos meus pais, Dionísio Muhai e Alcídia Savanguane, pelo dom da vida e pela educação, à
minha amada avó, Luzídia Massingue por ter-me criado como filho e educado com bons valores
morais e sociais, ao meu tio, Tomás Muhai, por sempre me apoiar e motivar, à minha madrasta
Dalila Mussagy por sempre me apoiar.

i
Agradecimentos

Chegado a este passo da vida académica, quero mostrar a minha humilde gratidão e apreço à
todos aqueles que tornaram este trabalho possível, especialmente:

À ACIPOL, local que possibilitou que realizasse o objectivo de me tornar licenciado e Oficial
da Polícia, ao Corpo de Docentes da mesma instituição, e todos os funcionários da mesma.

Ao meu tutor, Msc. Samussone Abrahamo, por atender ao convite para a materialização do
mesmo, mostrou o seu leal comprometimento em guiar-me e para que este momento fosse
possível.

Aos meus amigos que conheci graças a ACIPOL, António Mangole (melhor amigo), Ivânia
Chiloveque (melhor amiga), Tânia Mahumana, Lefónio Sumbane e Edmilson de Jesus por
razões inefáveis e espero levar para vida toda.

À minha parceira Ana Arménia Langa por fazer parte deste processo.

Aos amigos que colhi durante o percurso da vida Mándio Moniz Macuiane, Dénicio Anisio
Ngulele, José Fernando Nhacuongue, Dércio Alberto Comé, Mirando Artur Uthui, Ailton dos
Santos Langa e Mila Aristides Salomão Chicolo.

À todos os profissionais da Direção Provincial do SERNIC- Maputo, em especial os da brigada


anti droga pela recepção e disponibilização de informações que permitiram a sustentação do
tema abordado.

ii
Índice de Tabelas

Tabela 1: Ilustração dos casos de tráfico de drogas SERNIC- Direcção Provincial de


Maputo (2019-2021): ................................................................................................................ 4

Tabela 2: Descrição da amostra ............................................................................................ 22

iii
Lista de Siglas e Acrónimos

PRM- Polícia da República de Moçambique

SERNIC- Serviço Nacional de Investigação Criminal.

CPP- Código Processual Penal

PSP- Polícia de Segurança Pública (Portuguesa)

PJ- Polícia Judicial (Portuguesa)

Art.º- artigo

MP- Ministério Público

PP- Polícia de Protecção

OAJ- Órgãos da Administração da Justiça

Nº- Número

OPC- Órgão de Polícia Criminal

iv
Índice

Dedicatória .................................................................................................................................. i

Agradecimentos .......................................................................................................................... ii

Índice de Tabelas ....................................................................................................................... iii

Lista de Siglas e Acrónimos ...................................................................................................... iv

Resumo ....................................................................................................................................... v

Capítulo I. Introdução ................................................................................................................. 1

1.1 Problema ............................................................................................................................... 2

1.2. Justificativa .......................................................................................................................... 4

1.3. Objetivos.............................................................................................................................. 5

1.3.1. Objectivo Geral ................................................................................................................ 5

1.3.2. Objectivos Específicos ..................................................................................................... 5

1.4. Questões de pesquisa ........................................................................................................... 6

1.5. Delimitação da pesquisa ...................................................................................................... 6

1.5.1. Temática ........................................................................................................................... 6

1.5.2. Espacial............................................................................................................................. 6

1.5.3. Temporal........................................................................................................................... 6

Capítulo II Revisão bibliográfica ............................................................................................... 8

2.1. Definição e Operacionalização de Conceitos ...................................................................... 8


2.1.1. Escuta telefónica ............................................................................................................... 8

2.1.2. Técnica ............................................................................................................................. 9

2.1.3. Droga ................................................................................................................................ 9

2.1.4. Tráfico de drogas ............................................................................................................ 10

2.2. Procedimentos para investigação do Crime de tráfico de drogas. ..................................... 11

2.3. Aplicação da escuta telefónico para investigação criminal ............................................... 12

2.3.1. Aspectos a considerar no âmbito da aplicação da escuta telefónica .............................. 12

2.3.2. Formas de aplicação da escuta telefónica ....................................................................... 14

2.4. Outras técnicas de investigação criminal .......................................................................... 15

2.4.1. Química Forense ............................................................................................................. 15

2.4.2 Docomentoscopia ............................................................................................................ 16

2.4.3. Balística Forense ............................................................................................................ 16

2.4.4. Medicina e Odontologia forense .................................................................................... 17

2.5. Fundamentação Teórica..................................................................................................... 17

2.5.1. Teoria do Padrão Criminal ............................................................................................. 17

2.5.2. Teoria da identificação Criminalística............................................................................ 18

CAPÍTULO III: METODOLOGIA .......................................................................................... 20

3.1. Abordagem ........................................................................................................................ 20

3.2. População Alvo e Amostra ................................................................................................ 20


3.2.1. Definição da População Alvo ......................................................................................... 21

3.2.2. Definição da Amostra ..................................................................................................... 21

3.2.3. Descrição da Amostra..................................................................................................... 21

3.2.4. Técnicas e Instrumentos de Recolha de Dados .............................................................. 22

IV CAPÍTULO: TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS ................................................. 25

4.1. Tratamento de Dados ......................................................................................................... 25

4.1.1. Procedimentos adoptados pelo SERNIC no esclarecimento do Crime de tráfico de


drogas na Direcção Provincial de Maputo................................................................................ 25

4.1.3. Uso de escuta telefónica na Direcção Provincial do SERNIC-Maputo ......................... 30

4.1.4. Desafios do Serviço Nacional de Investigação Criminal Direcção Provincial de Maputo


no uso da escuta telefónico ....................................................................................................... 31

CAPÍTULO V: Conclusões e Sugestões .................................................................................. 32

5.1.Conclusões .......................................................................................................................... 32

5.2. Sugestões ........................................................................................................................... 32

Referências bibliográficas ........................................................................................................ 34


Resumo

Este trabalho de pesquisa tem como tema “Uso de escutas telefónicas no esclarecimento do
crime de tráfico de drogas na Província de Maputo”, o mesmo insere-se no perfil de saída de
Investigação Criminal e Criminalística. A pesquisa foi desenvolvida na Direcção Provincial de
Maputo do Serviço Nacional de Investigação Criminal, cujo objectivo geral é analisar os
procedimentos da aplicabilidade da técnica das escutas telefónicas na investigação e
esclarecimento do crime de tráfico de drogas no período compreendido de 2019 à 2021. Para
satisfazer este objectivo, adoptamos o método de abordagem qualitativa, por mostrar-se
adequada à pesquisa, pois, permite que o pesquisador crie conclusões com base nos sujeitos da
pesquisa. Para a recolha de dados usamos as técnicas bibliográfica, pesquisa documental e a
entrevista e para orientar a pesquisa usamos um guião de entrevista. Chegamos a apurar que no
local deste estudo, para investigação do crime de tráfico de drogas, o SERNIC procede da
seguinte forma: revista, peritagem da substância, audição do suspeito e audição de testemunhas.
Concluíu-se que a escuta telefónica não é utilizada para o esclarecimento deste tipo legal de
crime e nem possui técnicos com competência para aplicar tal técnica no respectivo local em
estudo.
Palavras-chave: escuta telefónica, técnica, droga e tráfico de drogas.

v
Capítulo I. Introdução

Nesta pesquisa abordaremos questões sobre uso da escuta telefónica para o esclarecimento do
crime de tráfico de drogas, na província de Maputo no período de 2019 à 2021. Iremos mostrar
de que modo o uso de escuta telefónico pode contribuir para o esclarecimento do tipo legal de
crime mencionado, apresentaremos aspectos gerais introdutórios da pesquisa feita, tais como:
o problema ou problematização, justificativa, objectivo geral e específicos, questões de
pesquisa, bem como a delimitação temática, espacial e temporal da pesquisa.

A venda de drogas só constitui um crime quando a lei assim definir nestes termos, ela pode ser
legal ou ilegal, vejamos, segundo Francis & ONG (2015), na medicina moderna é droga a
substância que possui a propriedade de actuar sobre pelo menos um sistema do organismo,
produzindo, com isto, alterações em seu funcionamento. As alterações que as drogas usadas em
medicina visam criar um bem-estar dos indivíduos e as mesmas são feitas de forma controlada,
sendo desta forma reduzida a possibilidade de vício ou complicações advindas do seu uso.

De acordo com American Psychiatric Association (2000), o uso de drogas de forma esporádica,
ou seja, sem que seja por recomendação médica é que é o maior mal, pois, o indivíduo adquire
o vício sendo que na maioria das vezes não possui capacidade de controlar a quantidade de
drogas que é consumida, o que é nocivo, apresentando deste modo maior propensão de danos à
saúde e/ou à integridade física.

Para Prata (1996), o tráfico e consumo de drogas é um crime que tem consequências graves,
pois provoca, ruína do regime de produção dos países produtores, desestabilização da economia
dos países produtores, aumento da criminalidade económica (branqueamento de capitais),
corrupção dos agentes policiais e alfandegários, promoção da violência e apoio a actividades
contra a humanidade. E para quem consome, provoca deterioração do estado da saúde, perda
da autonomia individual (dependência), aumento de mortes, SIDA, aumento dos custos com a
saúde ruína da estabilidade familiar, decréscimo da produtividade, ameaça do sistema de
valores morais, diminuição da segurança pública e do bem-estar social.

Davin (2007), diz que a globalização crescente da economia mundial alicerçada em trocas
comerciais mais fáceis, na interdependência económica, numa circulação de capitais ágil e
simplificada, baseada em comunicações rápidas bem como o recurso à tecnologia traz
1
numerosos e sensíveis benefícios para o crescimento desta também veio acarretar efeitos
perversos. A globalização está tão expandida de tal maneira que quase todo indivíduo possui
um telemóvel, o qual permite estabelecer uma comunicação instantânea não importando o ponto
do país ou do mundo em que se encontre, permitindo conversas a longa e curta distâncias.

1.1 Problema

O dever de investigar actos de natureza criminal é da competência do Serviço Nacional de


Investigação Criminal, conforme prevê, a alínea b), do artigo 6º, da Lei nº 2/2017, de 09 de
Janeiro, cujo objectivo é de repelir todas acções e condutas contrárias à lei penal moçambicana
garantindo assim um dos fins do Estado, que é a segurança, o que possibilita o bem-estar da
sociedade moçambicana.

O tráfico de drogas geralmente faz parte da criminalidade organizada, pois, possui vários
integrantes, uns plantam e/ou produzem, outros transportam e por fim outros vendem. E Gomes
(cit. In Davin 2007), sugere que seja definido como crime organizado toda associação que una
pelo menos 3 das seguintes características: ter objectivo de acumulação de riquezas indevida,
hierarquia estrutural, planeamento empresarial, uso de meios tecnológicos sofisticados,
recrutamento de pessoas, divisão funcional das actividades, conexão estrutural ou funcional
com o poder público, ampla oferta de prestações sociais, divisão territorial das actividades
ilícitas, alto poder de intimidação, real capacidade para fraude difusa, conexão local, regional,
nacional ou internacional com outra organização criminosa. Portanto o tráfico de drogas é um
crime organizado.

Entretanto, constata-se que quando se apreende uma substância ilegal (droga ou relacionada as
mesmas) muitas vezes, não são encontrados os membros da organização criminosa ou somente
é encontrada uma parte da mesma e por isso, há necessidade de se realizar outras diligências
com vista a esclarecer o caso criminal, assim sendo, existem casos em que há arguidos detidos
e por essa razão faz-se uma separação de processos, de modo que os mesmos não sejam
prejudicados, ou seja, para que não fiquem com a sua liberdade privada por muito tempo e sem
julgamento, de acordo com o estabelecido na alínea c) do artigo 34 do CPP.

2
No entanto, para o sucesso da investigação criminal, ou seja, para o esclarecimento efectivo de
um caso de tráfico de drogas é importante que se use técnicas modernas ou actuais pelo
SERNIC, como a aplicação das TIC´s, escutas, entre outras.

Kneller (cit. In Jofrisse 2014), diz que a tecnologia é essencialmente uma actividade prática, a qual
consiste mais em alterar do que compreender o mundo apresentando como seu principal objectivo,
aumentar a eficiência da actividade humana. Em quase todo o mundo a tecnologia é utilizada para
a investigação criminal, pois, esta contribui para que resultados sejam alcançados de forma
eficiente, eficaz e rápida, sendo dentre elas a escuta telefónico, é das mais notáveis, pois, permite
colher/obter informações e provas que podem flexibilizar o esclarecimento de crimes.

Na Província de Maputo, local onde foi realizado este estudo, a investigação criminal no caso
específico do crime de tráfico de drogas, é moroso e muitas vezes não é devidamente
esclarecido, verificando-se uma inaproveitabilidade do uso das escutas telefónicos pelo
SERNIC apesar dos elevados números de casos registados e não esclarecidos.

De acordo com os dados recolhidos na brigada anti drogas no SERNIC- Direcção Provincial de
Maputo, no período de 2019 à 2021, registou-se um total de 118 casos não esclarecidos na
totalidade, em 2019 registou-se 40 casos, deste número, 12 foram esclarecidos e 28 não foram
esclarecidos. No ano de 2020 foram registados 67 casos, dos quais 7 foram esclarecidos e 60
não tiveram esclarecimento. E no ano de 2021 registou-se um total de 38 de casos, dos quais 8
foram esclarecidos e 30 não foram esclarecidos, como ilustra a tabela abaixo:

3
Tabela 1: Ilustração dos casos de tráfico de drogas SERNIC- Direcção Provincial de
Maputo (2019-2021):

Nº de casos
Nº de casos Uso de escutas
Ano Nº de casos registados não
esclarecidos telefónicas
esclarecidos
2019 40 12 28 0%
2020 67 7 60 0%
2021 38 8 30 0%
Total 145 27 118 0%
Fonte: Elaborado pelo autor com base no livro de ocorrências da brigada do anti droga da
Província de Maputo

Nos termos do artº 2 da lei 2/2017 de 09 de Janeiro, a investigação criminal deve executar
diligências objectivando a averiguação da existência de um crime, determinar os seus agentes,
sua responsabilidade, descobrir e recolher provas e analisando os dados da tabela acima, é
notável a divergência existente com o pressuposto legal, relativo a prevenção e combate a
criminalidade na sociedade moçambicana, pois, verifica-se haver registo elevado de prática do
crime de tráfico de drogas no período em estudo.

Segundo Bambo (2016), O tráfico e consumo de drogas em Moçambique constitui actualmente


um sério desafio à capacidade de intervenção dos órgãos da Administração da justiça, forças de
defesa e segurança e entidades que têm por missão a sua prevenção e repressão, no quadro do
sistema judicial penal, e a reafirmação do Estado no plano de segurança e ordem públicas.

Diante dos factos arrolados, levanta-se a seguinte pergunta de pesquisa: De que modo o uso de
escutas telefónicas pode contribuir para o esclarecimento do crime de tráfico drogas na
província de Maputo?

1.2. Justificativa

Ramos (2015), refere que o maior narcotraficante ao nível mundial, o colombiano Pablo Emílio
Escobar Gaviria, foi localizado fazendo-se o uso da escuta telefónica. Mostrando-se assim ser
uma técnica eficiente, posto isso, surge a curiosidade em saber até que ponto estamos ou

4
podemos aproveitá-la para investigação e esclarecimento do tráfico de drogas na Província de
Maputo, espera-se que esta contribua para melhoria dos procedimentos de investigação criminal
aplicados pelo SERNIC, visto que através desta foi possível capturar o maior narcotraficante
da história.

No âmbito social a pesquisa poderá contribuir para desenvolver confiança nos órgãos de
administração da justiça, para o esclarecimento de crimes, assim como na garantia do bem-estar
social, visto que o uso da escuta telefónico pode permitir que “o mal seja, cortado pela raiz”, a
mesma poderá ser usada para descobrir a proveniência das drogas, onde é produzida, como é
transportada e distribuída e quem são os vendedores.

Na perspectiva académica esperamos que a mesma dê um contributo como um acervo


bibliográfico, estimulando novas pesquisas nesta área do saber com conhecimento científico
sistematizado.

No âmbito profissional a pesquisa poderá trazer um contributo notável para a investigação


criminal na medida em que o uso das escutas telefónicos associada à outras técnicas vai levar à
melhoria da eficiência das investigações deste tipo de crime e outros.

1.3. Objetivos

1.3.1. Objectivo Geral

 Analisar os procedimentos da aplicabilidade da técnica das escutas telefónicos na investigação


e esclarecimento do crime de tráfico de drogas na Direcção Provincial de Maputo.

1.3.2. Objectivos Específicos

 Identificar os procedimentos adoptados pelo SERNIC para o esclarecimento do crime de tráfico


de drogas na Direcção Provincial de Maputo;
 Analisar os procedimentos para aplicação das escutas telefónicos para o esclarecimento do
crime de tráfico de drogas na Direcção Provincial do SERNIC de Maputo;
 Demostrar as vantagens do uso da escuta telefónica na investigação criminal na Direcção
Provincial do SERNIC de Maputo.

5
1.4. Questões de pesquisa

 Quais são os procedimentos adoptados pelo SERNIC para o esclarecimento do crime de tráfico
de drogas na Direcção Provincial do SERNIC de Maputo?
 Quais são os procedimentos a seguir para aplicação das escutas telefónicos para o
esclarecimento do crime de tráfico de drogas na Direcção Provincial do SERNIC de Maputo?
 Que vantagens as escutas telefónicas podem trazer à investigação criminal na Direcção
Provincial do SERNIC de Maputo?

1.5. Delimitação da pesquisa

1.5.1. Temática

Com o tema Uso de Escutas Telefónicas para o Esclarecimento do Crime de Tráfico de Drogas:
Área de Jurisdição da Direcção do Serviço Nacional de Investigação Criminal Província de
Maputo, pretendemos analisar as condições e os procedimentos necessários para a
aplicação/uso desta técnica pelo SERNIC, especificamente no respeitante a investigação do
crime de tráfico de drogas. Constitui uma pretensão analisar e trazer as vantagens que a mesma
pode oferecer ao SERNIC no esclarecimento deste tipo legal de crime.

1.5.2. Espacial

O presente estudo foi realizado na Direcção Provincial do SERNIC-Maputo, localizada na


Avenida União Africana (Estrada Velha da Matola), próximo a Parmalat. A província tem os
seguintes limites geográficas:

 Norte: faz limite com a Província de Gaza;


 Sul: faz limite com a República Sul-africana;
 Este: faz limite com Maputo cidade;
 Oeste: faz limite com República Sul-africana e Essuatíni.

1.5.3. Temporal

O estudo compreende o período de 2019 até o ano 2021, garantindo assim maior actualidade
possível, pois, os crimes e as técnicas de investigação de crimes são dinâmicas, e nesses
6
períodos foram registados números elevados de casos de tráfico de drogas pelo SERNIC-
Direcção Provincial de Maputo.

7
Capítulo II Revisão bibliográfica

Neste capítulo, apresenta-se e discute-se os conceitos-chave relacionado com o tema bem como
as teorias de base que sustentam a pesquisa, na perspectiva de diversos autores que na tentativa
de melhor aprofundar e situar o leitor. Silva & Meneses (2001), vêm a literatura como uma
actividade que resulta do processo de levantamento e análise do que já foi publicado sobre o
tema e o problema de pesquisa escolhidos, o que facilitará o entendimento mais aclarado do
tema abordado. Permitirá um mapeamento de quem já escreveu e o que já foi escrito sobre o
tema ou problema da pesquisa

2.1. Definição e Operacionalização de Conceitos

Nesta secção será apresentada a definição e operacionalização dos conceitos-chave de forma a


adequar à realidade desta pesquisa, justifica-se esta pertinência pelo facto de tratar-se dos
conceitos relacionados com a abordagem temática. Para possibilitar melhor entendimento do
estudo serão definidos os conceitos seguintes: escuta telefónica, técnica, droga, tráfico de
drogas.

2.1.1. Escuta telefónica

A escuta telefónica nos termos do art.º 222 do CPP, é um meio de obtenção de prova, sendo
uma técnica exclusivamente de investigação criminal através da qual procede-se “a intercepção
e a gravação de conversações ou comunicações”.

Segundo Carvalho (2012), o conceito de escuta telefónica exige uma comunicação por telefone,
entre pelo menos duas pessoas, onde uma terceira pessoa (neste âmbito o investigador) que
geralmente não faça parte desta comunicação (conversa), o qual intercepta a comunicação
apoderando-se do conteúdo através da gravação da conversa.

As definições trazidas pelo CPP e Carvalho (2012), são convergentes uma vez que ambos
conceituam a escuta telefónica como sendo a intercepção e a gravação de uma comunicação.
Assim, qualquer destes é aplicável para a pesquisa, contudo, vamos adoptar a do CPP, pois é,
o instrumento em vigor e de observância obrigatória para o uso da mesma.

8
2.1.2. Técnica

Técnica refere-se ao conjunto de métodos e processos próprios de uma arte, ciência ou


profissão, como por exemplo método particular de fazer uma coisa, técnica de ensino, cirúrgica.
(Grande Dicionário da Língua Portuguesa, 2004).

Lakatos e Marconi (1992), Consideram técnica um conjunto de preceitos ou processos de que


se serve uma ciência, são também, a habilidade para usar esses preceitos ou normas, na obtenção
de seus propósitos.

Considerando o âmbito desta pesquisa, técnica é referente aos procedimentos ou actividades


desenvolvidas no processo de investigação criminal para esclarecer o crime de tráfico de drogas
tendo como base a escuta telefónico e para o uso desta é preciso ter alguma habilidade. Assim
sendo, o conceito mais adequado à esta pesquisa é Lakatos e Marconi (1992).

2.1.3. Droga

De acordo com o art.º 3 da Lei 3/97 de 13 de Março1, drogas são definidas como as plantas, as
substâncias e os seus preparados, e os produtos definidos como tal nos diversos diplomas legais
em vigor ou que constem das listas anexas às convenções sobre estupefacientes e substâncias
psicotrópicas já ratificadas por Moçambique ou que venham a ser ratificadas e as respectivas
alterações, bem como ainda as listas que vierem a ser adoptadas pelo Governo em cumprimento
das recomendações emanadas da Organização Mundial de Saúde.

Segundo Prata (1996) existem vários sentidos em que pode-se conceituar as drogas:

 Em sentido popular, droga é a substância a que se atribuem propriedades curativas, mas cujo
efeito é incerto e por vezes nocivo;
 Em sentido clássico é a substância que absorvida por um ser vivo, fumada, inalada, engolida ou
injectada, pode modificar uma ou várias das suas funções;

1
que define e estabelece o regime jurídico das drogas

9
 Em sentido farmacológico é a substância utilizada ou não pela medicina e cuja administração
abusiva pode criar uma dependência:
 Física;
 Psíquica ou ambas;
 Ou transtornos graves da actividade mental, da percepção do comportamento e da consciência.

Segundo o Escritório das Nações Unidas sobre drogas e crime, [UNODC], [s.d], p. 3, “as drogas
são substâncias químicas que afectam o funcionamento normal do corpo em geral ou do
cérebro”.

Os conceitos trazidos por Prata (1996) e UNODC, são convergentes na medida em que
apresentam o conceito da droga como uma substância que provoca alterações tanto mentais,
assim como físicas, divergindo assim, com o artigo 3 da Lei 3/97 de 13 de Março, que estabelece
que droga é tudo que é definido por Lei como tal. Contudo, para esta pesquisa o conceito mais
adequado é do artigo 3, da Lei 3/97 de 13 de Março, pois, à esta pesquisa interessa apenas as
drogas que a Lei define como tal e as proíba.

2.1.4. Tráfico de drogas

De acordo com (Grande dicionário de língua portuguesa 2004, p.1516), “tráfico de drogas é o
transporte e comércio ilegal de estupefacientes”.

Lima (cit. In. Bambo 2019) Considera existir um negócio de tráfico de drogas quando uma ou
mais pessoas controlam as actividades de outras pessoas numa relação muito semelhante à
relação empregador-trabalhador.

O conceito que melhor se adequa à esta pesquisa é do Lima citado em Bambo (2019), por ter
maior abrangência da definição do tráfico de drogas não considerando como tráfico de drogas
apenas a venda delas, adicionando à sua definição as pessoas que façam parte desse crime, pois,
existe a relação dita como empregador-trabalhador.

A Lei 3/97 de 13 de Março que regula as drogas em Moçambique estabelece que existem
condicionalismos para o cultivo, produção, fabrico, emprego, comércio, distribuição,
importação, exportação, transporte, trânsito, exposição à venda, compra, oferta, detenção por

10
qualquer título, o consumo, ainda que gratuito, e o uso de plantas, substâncias preparadas que
sejam consideradas drogas, os quais se não forem obedecidos pode incorrer à penalização. O
que nos elucida que a simples venda de drogas não é um crime quando obedeça os
condicionalismos definidos pela mesma Lei.

2.2. Procedimentos para investigação do Crime de tráfico de drogas.

Prata (1996), defende que a investigação do tráfico de drogas no contexto legal, são da
competência da instituição responsável pela investigação criminal, com o subsídio das outras
instituições.

Para Prata (1996), perante um caso de suspeita da prática dos delitos aludidos em flagrante ou
reputação do flagrante, o procedimento deverá ser cauteloso, tomando-se por base a seguinte
sequência:

a) Revista

De modo a garantir melhor entendimento deste procedimento importa defini-lo, de acordo com
Porto (2009, p. 442):

É uma diligência policial realizada sobre uma pessoa, destinada a verificar se esta oculta objetos proibidos
ou suscetíveis de gerar perigo social, objetos relacionados com um crime ou outros objectos que possam
servir de prova. No entanto, há que ter cautela quanto a interpretações demasiado estritas ou demasiado
latas.

Prata (1996), fundamenta ainda que deve ser feita de forma previdente aos suspeitos tomando
as precauções devidas. Aconselha-se, a que a retirada de objectos (por exemplo seringas,
canivetes) de bolsos ou outros locais cujo interior não se aviste, seja feita pelos próprios
suspeitos, dada a perigosidade de contracções de doenças infecto-contagiosas no caso de
picadelas ou cortes no corpo. O nº 1, do artigo 294 do CPP, preceitua que os órgãos de polícia
criminal actuam sem previa autorização da autoridade judiciária à suspeitos sempre que tiverem
fundada razão;

b) Condução dos suspeitos à Esquadra;

11
c) Teste da droga na técnica criminalística/ Peritagem;

Nunes (2019), o conceitua o teste da droga como a deteção e apreensão de substâncias através
de um exame químico-legal porquanto requer conhecimentos técnicos específicos. A mesma
tem como finalidade a descoberta de factos probatórios ou a sua simples apreciação (Silva, F.,
Casto, H., Saúde, M. et al., 2019). De acordo com artigo 185 do CPP a peritagem tem lugar
quando a percepção ou a apreciação dos factos exigirem especiais conhecimentos técnicos,
científicos ou artísticos. Prata (1996), argumenta ainda que deve ser feita o mais breve possível
para que os períodos legais das diligências policiais e obrigações processuais não sejam
ultrapassados, por negligência;

d) Caso o teste seja positivo dar voz de detenção aos arguidos e proceder para com eles o que a lei
processual determina; e

e) Elaborar o expediente seguinte:


 Auto de Notícia por detenção- tráfico de drogas;
 Auto de apreensão da droga e de todos objectos relacionados com o ilícito criminal;
 Junção aos autos referidos de Guia de Entrega da droga à PJ.
 Os artigos apreendidos sendo possível acompanham o expediente com destino ao tribunal, caso
contrário ficarão à guarda da entidade apreensora ou fiel depositário nomeado para o efeito até
a decisão sobre o assunto da autoridade judiciária competente;
 Apreensão dos detidos à autoridade judiciária competente cumpridas as formalidades legais.

2.3. Aplicação da escuta telefónico para investigação criminal

2.3.1. Aspectos a considerar no âmbito da aplicação da escuta telefónica

Segundo Astorga (2014), o legislador processual penal ao admitir a aplicação da escuta


telefónico, como meio de obtenção de prova deve fazê-lo com um cariz excepcional, devido à
necessidade de protecção e salvaguarda dos direitos fundamentais da pessoa humana, pois, o
uso da escuta telefónico fere o direito de privacidade, devendo existir uma proporcionalidade
para sua utilização. Como fundamenta Valente (2004), sugerindo que a justiça está submetida

12
à normas e a sua realização não pode ser obtida a qualquer custo, não podendo deste modo
fazer-se o atropelo desnorteado dos direitos, liberdades e garantias fundamentais.

Segundo a Data Venia (2015), deve-se observar os seguintes aspectos no âmbito da aplicação
da escuta:

 Autorização do juiz de instrução criminal, comunga com o aludido no nº1 do art.º 222 do CPP,
que estabelece que a interseção e a gravação de conversações ou comunicações telefónicos só
podem ser ordenadas ou autorizadas, por despacho do juiz competente, se houver razões para
crer que a diligência se revelará de grande interesse para a descoberta da verdade ou para a
prova;
 Apenas pode ser realizada durante a fase de inquérito, não podendo ser usada como forma de
prevenção.
 Está sujeita a um período temporal limitado. Silva (2013), diz que exarado o despacho do juiz,
a intercepção telefónica deve iniciar-se o mais rapidamente possível, de forma a produzir efeitos
naquelas circunstâncias de tempo, não podendo o OPC guardar o ofício e só lhe dar destino
quando lhe parecer mais conveniente, devendo a data constante dos ofícios lavrados na
sequência daquele despacho ter-se como a data de determinação do início das intercepções;
 Tem de se mostrar indispensável para a descoberta da verdade ou para a prova. Silva (2013),
menciona que o recurso às intercepções telefónicas apenas deve ocorrer depois de se terem
esgotado outros meios disponíveis à investigação ou quando nenhum outro se preveja, em juízo
de prognose, vir a ser eficaz;
 Tem de fundamentar-se num delito catalogado. O dispositivo regulador da investigação
criminal, ou seja, o CPP já menciona para quais crimes as escutas telefónicos podem ser
aplicadas, não podendo ser aplicada em outros casos;
 Uso de forma fortuita, no acto da sua aplicação os implicados não devem ter conhecimento da
sua existência.

Com a globalização e consequente modernização, vivemos em uma era em que a tecnologia


(internet e telefone) está acessível à todos nós, sendo possível manipular (falsificar) quase
qualquer informação. Por esta razão que casos de investigação criminal devem ser efectuados
por profissionais qualificados e para que tenham esta qualificação é importante que sejam
formados. Segundo Guedes (2019), são necessários peritos para realizarem exames que visam
13
identificar a “autenticidade” de imagens estáticas, gravações em áudio e vídeo. O objectivo é
apurar se não há montagens, trucagens, supressões e outras alterações de caráter fraudulento.
Eles também realizam exames para a verificação do locutor e reconhecimento facial.

Para desenvolver essas perícias é necessário que haja uma formação específica para que o
investigador seja dotado de conhecimentos tecnocientíficos para que seja capaz de aplicar a
escuta telefónico, bem como proceder a perícia da prova obtida, visto que, esta é um meio de
obtenção de prova.

2.3.2. Formas de aplicação da escuta telefónica

Existem diversificadas formas de aplicação da escuta telefónica e vários tipos, o que influência
é o tipo e maneira de proceder a gravação ou intercepção. O CPP moçambicano não indica
nenhum tipo ou modelo de escuta a ser usada.
Entretanto, de acordo com Canal Ms Import [s.d], em Brasíl foi aprovado em 2017 para
proceder com a intercepção e a gravação de escutas o modelo SX21 o qual possui um microfone,
uma ranhura para introduzir um cartão de rede (SIM) e uma ranhura para introduzir um cartão
micro SD (de gravação)

De acordo com Canal Ms Import [s.d], para o uso deste dispositivo é simples, bastando apenas
introduzir um cartão de rede e um cartão de gravação micro SD, de seguida instalar o dispositivo
em compartimentos da residência ou do local (fechado) onde se pretenda instalar o mesmo,
ressalvar que este procedimento deve ser feito de forma sorrateira de modo que os implicados
não tenham conhecimento da sua existência.
Posto isso, basta efectuar uma chamada para número introduzido no dispositivo para ouvir as
conversas em tempo real ou ainda existe a possibilidade de enviar um código por mensagem
para o mesmo número para que o dispositivo proceda com a gravação das conversações no
ambiente em que foi instalado.
Ilustração da escuta telefónica usada em Brasíl

14
2.4. Outras técnicas de investigação criminal

As técnicas de investigação criminal são complementares e insuficientes se estiverem de forma


isolada, por isso, para o esclarecimento de um crime são aplicadas várias técnicas de variadas
áreas do conhecimento para qualquer que seja o crime. E segundo Espínola (2014), a
Criminalística é uma ciência que se utiliza do conhecimento de outras ciências para poder
realizar o seu mister, qual seja, o de extrair informações de qualquer vestígio encontrado em
um local de infração penal, que propiciem a obtenção de conclusões acerca do fato ocorrido,
reconstituindo os gestos do agente da infração e, se possível, identificando-o.

2.4.1. Química Forense

Segundo o Departamento da Polícia Federal (2012, p. 50), a química forense:

Envolve os vestígios em exames periciais de drogas, fármacos, medicamentos, explosivos, combustíveis,


produtos saneantes, cosméticos, agrotóxicos e outros produtos químicos em geral. Os exames periciais
em substâncias diversas, armas químicas, materiais colhidos em locais de incêndio e de pós-explosão,
exames toxicológicos, exames microscópicos em materiais diversos, entre outros que necessitem de
análise química qualitativa e quantitativa, inorgânica, orgânica, instrumental, físico-química e
biológica.

Esta técnica é muito útil, visto que, no caso de investigação criminal de um tipo legal de crime,
tomando como exemplo concreto do tráfico de droga, é possível identificar se uma substância
é correspondente à uma droga seja ela ilícita ou não, bem como, pode descrever como esta foi
produzida e a partir de quais elementos.

15
2.4.2 Docomentoscopia

Segundo o Departamento da Polícia Federal (2012, p. 108), a documentoscopia:

É um exame em suporte de documento a fim de verificar suas características intrínsecas, como


composição/constituição e espessura, e sua relação com outros suportes em exame. Entende-se como
suporte documental qualquer objeto ou superfície sobre a qual é registrada uma mensagem, ideia ou
palavra.

Esta técnica permite que seja feita perícia em papéis, polímero (plástico), dinheiro (cédula ou
moeda metálica), podendo a partir desta verificar-se a autenticidades dos referidos objectos,
tratando-se de uma falsificação, pode indicar-se o material utilizado e modo empregado para a
sua falsificação.

Enquadrando com o crime de tráfico de droga, sabe-se que os traficantes são indivíduos
procurados e que não costumam ficar em lugares fixos tendo necessidade de viajar
constantemente e para isso recorrem frequentemente à falsificação de documentos
(principalmente de identificação e passaportes) e a partir desta técnica é possível identificar a
autenticidade de um documento.

2.4.3. Balística Forense

Para o Departamento da Polícia Federal (2012,) nessa técnica, são executados exames em
vestígios gerados a partir da utilização de armas de fogo, armas brancas, munições, bem como
determina-se as características físicas de vestígios que materializam os delitos investigados
quando se questiona a natureza do material, parâmetros físicos, função, funcionamento e
eficiência.

Nessa técnica são executados exames em vestígios gerados a partir da utilização de armas de
fogo, armas brancas, munições, bem como determinar as características físicas de vestígios que
materializam os delitos investigados quando se questiona a natureza do material, parâmetros
físicos, função, funcionamento e eficiência.

16
2.4.4. Medicina e Odontologia forense

O Departamento da Polícia Federal (2012), conceitua esta técnica como a análise pericial
médica ou odontológica de inúmeros vestígios vinculados a esses campos do conhecimento,
muitos deles intimamente ligados ao corpo humano, vivo ou morto, e outros representados por
documentos técnicos, materiais de uso profissional como fotografias e imagens.

Adequando ao consumo de drogas, esta técnica permite proceder com a perícia para verificar
se um indivíduo consumiu drogas, se trata-se de drogas que podem provocar dependência, bem
como a quantidade consumida.

2.5. Fundamentação Teórica

Nesta secção apresentaremos a fundamentação teórica que sustenta a pesquisa, também


conhecido como teorias de base. As teorias aqui abordadas são as que consideram-se
necessárias para a sustentação desta pesquisa, mormente a Teoria do Padrão Criminal e a Teoria
de Identificação Criminalística.

2.5.1. Teoria do Padrão Criminal

A teoria do padrão criminal sugere que todos os indivíduos criam rotinas ou se aliciam por
actividades diárias repetitivas. Incluem-se os criminosos, que em grande parte da sua rotina
estão associados a actividades não criminais. De forma figurada e segundo o autor Brantingham
(1993), o desenho urbano tem uma influência acrescida e forte na definição das trajectórias que
mais atraem os indivíduos para a realização das suas actividades diárias. Divide por isso, três
zonas geográficas que se diferenciam e podem qualificar a actuação de determinada pessoa.
São elas: os nós, os caminhos e as bordas.

(Brantingham, 1993), Os nós referem-se basicamente aos espaços onde é praticada toda a
actividade pelo indivíduo, desde a sua casa, ao seu trabalho, residência de amigos, espaços de
lazer que procura. Os caminhos, e como o próprio nome indica, refere-se à ligação entre um nó
e outro, como as ruas por exemplo. Finalmente, as bordas aparecem como o ponto fulcral deste
desenho, já que são as barreiras ambientais que acabam por limitar a capacidade de alcance ou

17
penetração de um ofensor durante a sua rotina funcionando, por isso, como forma preventiva e
inibidora.

Olhando para o lado oposto, e caso a existência destas barreiras seja menor, os caminhos
aparecem como determinantes para o planeamento de potenciais crimes por parte de um
possível criminoso, já que este detecta locais oportunos e onde os riscos associados à prática de
um crime sejam nulos. É por isso, importantíssimo que haja uma equidade de recursos em
termos de prevenção, que se consiga espalhar pelos mais diversos caminhos para que existam
o mínimo de barreiras possíveis que possam colocar em causa uma possibilidade criminal.

Com base nos ditames da teoria do padrão criminal, é concluído que a mesma enquadra-se na
problemática em estudo por esta apresentar pressupostos para a identificação dos infractores
através do entendimento do padrão comportamental dos mesmo, pois assim, tentaremos evitar
invadir a privacidade de indivíduos que não tenham relação e nem comportamentos deliquentes,
visto que o uso de escuta telefónica implica quebra da privacidade dos cidadãos suspeitos de
tráfico de drogas para a obtenção de um meio de prova.

Aplicando-se esta teoria o direito de ir e vir dos cidadãos será menos afectado, visto que, há
necessidade de proceder-se com a revista aos indivíduos que se encontrem na via pública
quando se suspeite que estes ocultam na sua pessoa instrumentos ou substâncias relacionadas
com um crime, ou seja, não será feita de forma aleatória, pois, se conhece o padrão criminal
dos delinquentes.

2.5.2. Teoria da identificação Criminalística

Segundo Maia (2012) O primeiro método científico de identificação amplamente aceite foi
desenvolvido pelo francês Alphonse Bertillon em 1879, foi o primeiro a utilizar em finais do
século XIX, os princípios da identificação criminalística e a estabelecer alguns dos seus
fundamentos teóricos. A antropometria, também chamada de Bertillonage em homenagem a
seu criador, tratava-se de uma combinação de medidas físicas coletadas por procedimentos
cuidadosamente prescritos. É um sistema complexo e completo de identificação humana, além
dos assinalamentos antropométrico, descritivo e dos sinais particulares, apresenta a fotografia
do identificado de frente e de perfil, reproduzida a um sétimo e as impressões digitais que foram
introduzidas por Bertillon em 1894, obedecendo uma classificação original. Estabeleceu a
18
reincidência dos delinquentes com base na Antropometria, no retrato falado e na fotografia
sinalética, posteriormente a teoria foi desenvolvida pelo soviético S. M. Potapov. A teoria de
identificação criminalística tem como pressupostos:

 O objectivo básico de todos os métodos da criminalística é a obtenção da identidade dos meios


probatórios como resultado da investigação.
 A base do método da identificação consiste na possibilidade de separar mentalmente as
características dos objectos e estudá-los como independentes desta forma resultados da
identificação criminalística constituem elementos probatórios para o processo judicial a que
pressupõe exigências particulares para a metodologia da investigação identificativa. A
finalidade dos métodos de identificação criminalística é obter a identidade dos meios
probatórios como corolário de investigação;
 O método de identificação é um meio conveniente para conhecer os objectos e fenómenos
relativos ao crime.

Com base nos ditames da teoria da identificação criminalística, é concluído que a mesma
enquadra-se na problemática em estudo por esta apresentar pressupostos para a identificação
dos infractores versa que cada coisa é somente igual a si mesma e que apesar das semelhanças
toda coisa é única, através desta teoria será possível identificar a quem pertence a voz adquirida
através das escutas telefónicas, pois, apesar de que esta, pode ser semelhantes à de uma outra
pessoa se poderá identificar a quem realmente pertence, podendo através da voz, identificar o
género, estimar a idade, identificar a origem étnica o que vai permitir a identificação do
infractor. Esta inclui ainda a peritagem que é feita sobre substâncias ou objectos, pois,
permitindo identificar os mesmos e fazer a associação ao grupo ao qual pertencem.

19
CAPÍTULO III: METODOLOGIA

Neste capítulo será indicada a abordagem que utilizaremos para esta pesquisa, a população alvo
e amostragem, será definida a população alvo, a definição da amostra, descrição da amostra,
serão indicadas as técnicas e instrumentos de recolha de dados.

Segundo Fonseca (2007, p. 18). “a metodologia é a explanação cuidadosa, esmiuçada, rigorosa


e exacta de toda acção desenvolvida no método (caminho) do trabalho de pesquisa”.

3.1. Abordagem

Para a concretização desta pesquisa recorreu-se ao método qualitativo que permitirá o


aprofundamento e compreensão do uso das escutas telefónicas para o esclarecimento do crime
de tráfico de drogas, o mesmo permite aferir junto dos membros do SERNIC- Direcção
Provincial de Maputo, percepções, sensibilidades e interpretação fazendo juízo de valores em
torno do tema apresentado.

Segundo os autores Silva & Menezes (2005, p.20)

Há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo
objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos
fenômenos e a atribuição de significados são aspectos básicos no processo de pesquisa qualitativa. Não
requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte directa para coleta de dados
e o pesquisador é o instrumento-chave e descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados
indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem

Portanto, o trabalho vai consistir na descrição de todos os aspectos inerentes ao uso da escuta
telefónico, concretamente as percepções, sensibilidades e interpretações dos intervenientes
neste processo.

3.2. População Alvo e Amostra

Lakatos & Marconi (1992), conceituam população como o conjunto de seres animados ou
inanimados que apresentam pelo menos uma característica em comum e amostra como
correspondente a uma parte da mesma, que são da forma mais representativa possível, isto é,
uma porção ou parcela, convenientemente selecionada da população.
20
Apresentaremos os indivíduos que constituem o grupo alvo do estudo e a sua respectiva amostra
representativa que contribuíram para que esta pesquisa fosse possível, nos permitindo também
aferir o grau de credibilidade da informação e conhecimentos transmitidos relativamente ao uso
das escutas telefónicos no esclarecimento do crime de tráfico de drogas na Província de Maputo.

3.2.1. Definição da População Alvo

A nossa população alvo é constituída pelos membros do SERNIC afectos na Direcção


Provincial de Maputo que são cerca de 400 indivíduos.

3.2.2. Definição da Amostra

A pesquisa teve uma amostragem não probabilística intencional, que consiste em seleccionar
dentro da população alvo, um subgrupo de indivíduos que são de fácil disponibilidade e
prováveis possuidores de informações desejadas pelo pesquisador. Baseando-nos no postulado
por Lakatos & Marconi (1992), a amostragem, só ocorre quando a pesquisa não abrange a
totalidade dos componentes do universo, surgindo a necessidade de investigar apenas uma parte
dessa população.

Esta amostra consistiu na selecção de indivíduos detentores de informação técnica útil na área
de investigação de crimes de tráfico de drogas fazendo uso de escutas telefónicas, privilegiou-
se quem sabe mais sobre o problema de pesquisa, com uma visão mais crítica dos
procedimentos empregues no esclarecimento do crime de tráfico de drogas por terem melhores
experiências nesta matéria e que representam o bom julgamento da população em estudo.

A nossa amostra é composta por 6 (seis) membros do SERNIC, afectos na Direcção Provincial
de Maputo. Apoiamo-nos pela perspectiva apresentada por Richardson (1999, p.161), “esta
técnica apresenta-se como parte representativa da população ou do universo”.

3.2.3. Descrição da Amostra

Categoria (A): constituído por 02 intervenientes da chefia da brigada anti drogas;

Categoria (B): constituído por 02 técnicos criminalísticos;

21
Categoria (C): constituído por 01 agente actuando na área da investigação operativa;

Categoria (D): constituído por 1 agente de investigação e instrução criminal.

Estes indivíduos possuem características específicas como ilustra a tabela abaixo:

Tabela 2: Descrição da amostra

Nº de
Área/ Categoria Grau Académico Tempo de Serviço
Entrevistados
Chefia da brigada 01 Licenciado 9 Anos
anti droga (A) 01 Médio 6 Anos
Técnica 01 Licenciado 5 Anos
Criminalística (B) 01 Licenciado 7 Anos
Investigação
01 Médio 5 Anos
Operativa (C)
Investigação e
Instrução criminal 01 Médio 3 Anos
(D)
Nº Total da amostra 0
Fonte: Elaborado pelo autor com base da recolha de informações cedidas pelos sujeitos da
pesquisa.

3.2.4. Técnicas e Instrumentos de Recolha de Dados

Nesta secção apresentaremos as técnicas e instrumentos de recolha de dados que constituíram


o embasamento desta pesquisa. Segundo Gonçalves (2004, p. 43), as técnicas e instrumentos
em investigação científica são “conjuntos de procedimentos bem definidos e transmissíveis,
destinados a produzir resultados na recolha e tratamento da informação requerida pela
actividade de pesquisa”.

22
3.2.4.1. Técnicas de Recolha de Dados

Para a realização deste trabalho recorreu-se as técnicas de pesquisa bibliográfica, a pesquisa


documental e a entrevista.

a) Pesquisa Bibliográfica

Para Vergara (2000), a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado,


assim, a mesma consiste na leitura dos trabalhos já realizados ligados a temática em estudo:
livros, artigos científicos, monografias, dissertações e teses. As informações trazidas por meio
desta técnica foram fundamentais para a sustentação teórica deste trabalho bem como na
delimitação dos contornos do problema levantado.

b) Pesquisa Documental

Para Fonseca (2002, p.32), a “pesquisa documental trilha os mesmos caminhos da pesquisa
bibliográfica não sendo fácil por vezes fazer a sua distinção. A pesquisa bibliográfica usa os
materiais já elaborados, isto é, livros e artigos científicos que estão localizados na biblioteca”.
A pesquisa documental é feita a partir de material primário, que carece ainda de interpretação.
Esta pesquisa incidiu na análise dos livros das ocorrências criminais, estatísticas sobre a
criminalidade e o índice de esclarecimento de crimes de tráfico na área em estudo, para o efeito
foram consultadas para o estudo diversos documentos primários, como: livro de ocorrência da
brigada antidrogas da Província de Maputo, livro de separação de processos na secretária da
Direcção Provincial de Maputo, legislação nacional (Lei 25/2019 de 31 de Dezembro, Lei nº
2/2017 de 09 de Janeiro, Lei 3/97 de 13 de Março).

As fontes supracitadas permitiram fazer a fundamentação legal da actividade do Serviço


Nacional de Investigação Criminal e outros dados primários sobre o fenómeno de tráfico de
drogas.

c) Entrevista

Foi utilizada a entrevista semi-estruturada, que possibilitou contacto directo com os


entrevistados, para a recolha de informações. Segundo Gerhardt & Souza (2009), a entrevista
semi-estruturada é aquela em que o pesquisador organiza um conjunto de questões (roteiro)
23
sobre o tema que está sendo estudado, mas permite, e às vezes até incentiva, que o entrevistado
fale livremente sobre assuntos que vão surgindo como desdobramentos do tema principal
.

Esta técnica permitiu obter respostas das perguntas levantadas pela pesquisa de forma aberta
para permitir que os entrevistados falassem livremente sobre as questões que foram colocadas.
Ainda esta técnica permitiu colher informação com mais detalhes sobre os procedimentos
usados pelo SERNIC na investigação do crime de tráfico de drogas.

3.2.4.2. Instrumento orientador na recolha de dados

Nesta secção apresentamos o instrumento orientador que permitiu colher os dados através dos
sujeitos de pesquisa para a sustentação da mesma.

Foi usado como um orientador um guião de entrevista, conforme Richardson (1999), guião de
entrevista é um conjunto de perguntas pré-elaboradas que servem de orientação para o
pesquisador com vista evitar desvios dos seus objetivos, podendo ou não acrescentar outras
perguntas que podem surgir durante a interação com os entrevistados.

As questões das entrevistas foram estruturadas e categorizadas de acordo com os objetivos da


pesquisa.

24
IV CAPÍTULO: TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS

Com a finalidade de responder à pergunta de partida que orienta o presente estudo relativo ao
uso de escutas telefónicas para o esclarecimento do crime de tráfico de drogas: Área de
jurisdição do Serviço Nacional de Investigação Criminal- Província de Maputo, neste
capítulo serão apresentados e discutidos os dados recolhidos no terreno, fazendo um
cruzamento com o quadro teórico que sustenta esta pesquisa. Este capítulo compreende os
subtítulos organizados em função dos objectivos específicos e das questões de pesquisa.

4.1. Tratamento de Dados

No que concerne ao tratamento e interpretação de dados desta pesquisa, houve necessidade de


organizar as questões para melhor alcance dos sujeitos da pesquisa (os membros do SERNIC),
posto isso, preparou-se as respostas obtidas por meio do instrumento orientador, neste caso, o
guião de entrevista, este que permitiu-nos colher informações as quais serão analisadas e
posteriormente será feita dedução.

Para Kripprndorff (cit. In. Eduardo 2020), os dados e a informação desejada deve-se colher a
partir do seu ambiente natural, desejando a genuína qualidade, ao invés da quantidade das
mesmas por parte das variáveis. Primou-se pela técnica de análise de conteúdo permitindo fazer
deduções e inferências, válidas replicáveis dos dados, construindo um raciocínio lógico para o
contexto em alusão.

4.1.1. Procedimentos adoptados pelo SERNIC no esclarecimento do Crime de tráfico de


drogas na Direcção Provincial de Maputo

Os procedimentos adoptados pelo SERNIC para o esclarecimento do crime de tráfico de drogas


na Direcção Provincial de Maputo, os membros afectos na brigada anti drogas, questionados
sobre os mesmos responderam que aplicam os seguintes procedimentos:

 Revista;
 Peritagem da substância;
 Audição do suspeito;
 Audição de testemunhas;

25
4.1.2.1. Revista

O SERNIC tem competência para efectuar a revista quando houver fortes indícios de que
alguém que se encontra em lugar aberto ao público ou sujeito a vigilância policial, oculta na
sua pessoa quaisquer objectos relacionados com o crime ou possam servir de prova, de acordo
com a alínea d) do artigo 21, da Lei 2/2017, de 9 de janeiro2. Através da revista é possível
eliminar a suspeita de um determinado indivíduo ou encontrar com o mesmo substâncias ou
objectos que confirmem a suspeita, de acordo com o postulado por Porto (2009, p. 442).

Os membros afectos na brigada antidrogas do SERNIC da categoria (A) foram unânimes ao


afirmar que a revista é uma diligência que contribui para identificar alguns traficantes de drogas,
como referiu o agente operativo da brigada antidrogas:

A revista não é arbitrária, pois existe o direito de ir e vir dos cidadãos por isso somente é feita quando
existam comportamentos e aparências suspeitas ou ainda quando tomam conhecimento através de fontes
humanas de que um indivíduo porta substâncias suspeitas e que devem ser dissipadas pelos membros da
polícia da República de Moçambique ou por agentes do SERNIC que têm a missão de verificar se o
suspeito porta consigo drogas ou quaisquer objectos proibidos por lei, caso tenha deve ser conduzido à
esquadra ou à uma brigada do SERNIC e caso não tenha consigo nenhuma substância ou objecto
proibido por lei o individuo deve por força da lei ser deixado continuar com sua actividade anterior à
revista. A revista também é feita em locais de residência, locais de entreternimento, restauração, ou seja,
qualquer propriedade pública ou privada, carecendo de autorização tratando-se de local privado.

O depoimento do agente operativo vai de acordo com o que está previsto no ordenamento
jurídico moçambicano, onde apesar de existir o direito constitucional de livre circulação no
território moçambicano, em algumas circunstâncias já previstas na lei em que sob a necessidade
de garantir um bem maior, a segurança, alguns cidadãos são interpelados e revistados, assim
como nas propriedade privadas, esta não podendo ser feita de forma aleatória para que não fira
os direitos dos cidadãos nem instaure medo de circulação aos cidadãos.

Portanto, a lei de drogas (lei 3/97, de 13 de Março), no seu número 1, do artigo 67, prevê que
quando houver indícios sérios de que alguém oculta ou transporta no seu corpo estupefacientes

2
Que aprova a lei do SERNIC

26
e substâncias psicotrópicas, preparados ou outros de efeitos similares é ordenada revista e se
necessário procede-se à perícia.

4.1.2.2. Peritagem da substância

Nunes (2019, p. 12), defende que na peritagem é feita “a deteção e apreensão de substâncias
através de um exame químico-legal porquanto requer conhecimentos técnicos específicos de
foro químico-legal”. A mesma tem como finalidade a descoberta de factos probatórios ou a sua
simples apreciação (Silva, F., Casto, H., Saúde, M. et al., 2019).

À luz do art.º 185 do CPP, a peritagem tem lugar quando a percepção ou a apreciação dos factos
exigirem especiais conhecimentos técnicos, científicos ou artísticos.

A peritagem inclui a pesagem da substância onde a mesma será quantificada, seja ela ilegal ou
não.

A peritagem da substância é um procedimento efectuado pelo SERNIC, especificamente na


área da Técnica Criminalística, que tem como objectivo identificar e quantificar a substância
que se suspeite que seja ilegal, para que exista fundamento da apreensão da mesma e da
detenção ou soltura do indivíduo que se encontre em sua posse. O agente afecto na área da
Técnica Criminalística quanto a peritagem da substância referiu que:

Quando é encontrada uma substância duvidosa, que suspeite-se que seja droga com um indivíduo ou em
um local público assim como privado, é feita uma solicitação de peritagem a partir da qual a substância
é levada ao laboratório e posteriormente produz-se um relatório químico-legal onde é feita a verificação
e caracterização, informando a cor, tipo (liquido ou pó) e se existe correspondência com drogas, também
é efectuada a sua pesagem, pois, o tipo e quantidade de droga influência na prossecução da investigação
do crime.

Segundo Oliveira (2013), a perícia criminal é de grande relevância, como o segmento


responsável pela produção da prova material e promoção da justiça por meio de seu trabalho,
do conhecimento científico e de inovações tecnológicas aplicadas à investigação dos crimes. A
perícia mostra-se ser de grande contributo para a justiça, visto que, a prova resultante dela
permite que o indivíduo seja condenado ou ilibado.

27
4.1.2.3. Audição dos suspeitos

A pessoa quando é encontrada na posse de substâncias ilegais é detida ou em caso de mera


suspeita uma das diligências feitas posteriormente pelo SERNIC é a audição do mesmo, que
decorre no âmbito da instrução criminal sob delegação do Ministério Público, a audição do
suspeito é importante para o controlo da legalidade da detenção do suspeito de acordo com o
artigo 177 do CPP, tendo obrigatoriedade de assistência do defensor no termos do art.º 72 do
CPP, através da qual são realizadas várias diligências em sede do processo-crime.

A audição pode ser realizada de duas formas distintas: em declarações ou perguntas


(interrogatório), dependendo dos casos e grau de envolvimento do indivíduo no crime. Portanto,
a audição em declarações está reservada à pessoas não envolvidas no crime, mas que são
consideradas possuidoras de certas informações sobre o caso. Por sua vez, o interrogatório é
reservado estritamente a pessoas suspeitas de envolvimento num crime.

O interrogatório é feito na fase da instrução como forma de buscar informação quando se entenda
necessário para descobrir a verdade.

Os agentes de investigação e instrução criminal de processo-crime na brigada anti drogas


entrevistados de forma unânime expuseram:

O suspeito é ouvido, usando-se um auto de perguntas onde o agente de investigação e instrução criminal
procura obter respostas relativas ao ocorrido com a finalidade de descobrir a verdade material, apesar
da dificuldade pelo facto de que o suspeito não ser obrigado a responder nem a dizer a verdade, sendo
apenas obrigado a responder perguntas relativas à sua identidade e ao histórico criminal, podendo
mentir nas demais perguntas, esta diligência depende principalmente do intelecto do agente, podendo
ser uma peça chave para a resolução do caso decorrente.

A audição em perguntas pode ser um meio de defesa a favor do suspeito, assim como pode
constituir um meio de prova do seu envolvimento ou cometimento do crime, pois, há espaço
para admissão da culpa, quer seja como simples envolvido, quer seja como praticante principal.
Importa salientar que em caso de confissão do suspeito, as investigações não param em função

28
da mesma, pois, importa conhecer a verdade material que deve ser fundamentada com todos
elementos de provas possíveis em função de cada caso.

Segundo Andrade (2007, p. 93), Interrogatório Policial torna-se relevante, uma vez que, é a
partir das informações colectadas através dele que a polícia tem a chance de fazer cumprir um
dos seus deveres institucionais perante a sociedade, isto é, mandar para o banco de réus todo e
qualquer tipo de criminoso que ameace o bem-estar social.

O interrogatório é uma diligência onde são feitas perguntas aos arguidos, as quais devem ser
relevantes e relacionadas ao cometimento de um crime, pois, o interesse é obtenção de
informações que permitiram o esclarecimento do crime em questão.

4.1.2.4. Audição das testemunhas

A audição das testemunhas é uma diligência feita pelo SERNIC e decorre em sede da
investigação e instrução criminal sob delegação do Ministério Público, a prova testemunhal é
um meio de prova, ao abrigo do art.º 159, do CPP, apesar de a testemunha não ser obrigada a
responder as questões que lhe forem colocadas, quando alegar que das respostas poderá resultar
a sua responsabilização penal, acordando com a alínea a), do número 1 do artigo 164 do CPP.
Os indivíduos são ouvidos na qualidade de testemunha quando, o Ministério Público, o
participante, o ofendido ou parte acusadora os mencionar como tal, podendo ainda ser indicados
pelo juiz.

Sobre esta diligência os agentes de investigação e instrução criminal aludiram:

As testemunhas têm um contributo significativo para a descoberta da verdade material do caso que
estiver a ser investigado e instruído através das declarações por eles prestadas, estas que podem
responder aos vários quesitos que surgirem no âmbito da investigação de um crime determinado, as
testemunhas detêm informações que podem dar uma luz para o esclarecimento do crime de tráfico de
drogas, podendo ser fornecidas informações como locais em que recebem, vendem ou produzem as
drogas bem como as características físicas dos traficantes, pois, esses crimes podem acontecer perto da
sua residência ou em algum lugar de passagem habitual.

29
Para José (2014, p. 29)

Pela sua natureza, o ser humano fora daquilo que é a matéria atinente à vida íntima, se encontra
permanentemente exposto ao exame do público, logo, as suas condutas, em regra, ocorrem em meios
públicos, pelo que estas acções são apreciadas, interpretadas, interiorizadas e memorizadas. É nesta busca
da acção interpretada e memorizada por terceiros que se bate à porta de uma pessoa alheia ao interesse
em litígio, surgindo assim um dos meios de provas em juízo: a prova testemunhal

Nos termos do artigo 101, do CPP, as testemunhas prestam um juramento perante uma
autoridade judiciária ou dos serviços de investigação criminal jurando dizer somente a verdade,
sendo advertido previamente à quem deve prestar testemunho que pode ser sancionado de
recusar ou faltar o juramento.

Entretanto, a audição das testemunhas é uma diligência que visa ouvir e avaliar as informações
que a testemunha possui, o facto de esta ser obrigada a jurar confere um grau de confiabilidade
ao seu depoimento em relação aos outros apesar desta não estar impedida de confundir ou
mentir sobre a informação que se possui, são de grande relevância para o esclarecimento de um
crime.

4.1.3. Uso de escuta telefónica na Direcção Provincial do SERNIC-Maputo

Relactivamente ao uso de escuta telefónico para o esclarecimento do crime de tráfico de drogas,


de forma unânime os entrevistados mostraram 5que não sabem como funcionam e quais são os
procedimentos para a sua aplicação, como é possível perceber a partir do depoimento do
membro da categoria (A):

A escuta telefónico é uma técnica que não é aplicada para o esclarecimento do crime de tráfico de drogas,
mas há conhecimento de que é aplicada em outros países, havendo dúvida se é aplicada em Moçambique
para outros tipos legais de crime, mas afirmando categoricamente que o Serviço Nacional de Investigação
Criminal, especialmente a brigada anti drogas da Província de Maputo não faz o uso desta técnica e nem
possui agentes formados para o uso da mesma.

A informação transmitida pelo entrevistado acima é condizente com Jofrisse (2014), que
menciona o seguinte, um aspecto que mostra-se preocupante é referente aos recursos humanos,
a instituição tem recebido como efectivo pessoal que não teve formação para a área. Não possuir
efectivo capaz de usar a escuta telefónico é um dos impedimentos para a sua aplicabilidade.
30
4.1.4. Desafios do Serviço Nacional de Investigação Criminal Direcção Provincial de
Maputo no uso da escuta telefónico

No que concerne aos desafios que o Serviço Nacional de Investigação Criminal Direcção
Provincial de Maputo para o uso da escuta, os profissionais afirmaram serem vários, destacando
a formação de agentes que possam proceder com a sua aplicação e equipar a instituição com
material que permitam o seu uso.

Como mencionou o profissional da categoria (A)

A brigada possui várias dificuldades, até mesmo para a aplicação de técnicas conhecidas como o caso,
da técnica canina, pois, não possui cães farejadores que são de grande importância para a investigação
do crime de drogas, sendo dependentes dos cães da unidade canina da PRM. Agora, para o uso da escuta
telefónico é ainda mais complicado, pois, não se sabe como elas funcionam, quais são os procedimentos
para a sua aplicação, não sabendo sequer se seriam eficazes para a investigação criminal, para caso
concreto do esclarecimento do crime de tráfico de drogas.

Afirmações que coadunam com o postulado por Cabral cit. In. (Eduardo 2020) dizendo o
seguinte:

Os instrumentos até hoje utilizados para enfrentar as novas dimensões da criminalidade perderam, em
muitos aspectos a eficácia operativa e exigem a procura e exploração de novos meios, aptos aos novos
cenários criminológicos e estratégicos. (…) Utilizada pela investigação criminal, a mesma realidade
traduz se numa dupla perspectiva ou função: Por um lado, obtém se a informação para a perseguição penal
e para a repreensão dos delitos, ou seja, constitui uma forma de coadjuvar na obtenção de provas

A escuta telefónico é um meio de obtenção de prova admissível por lei mas não foram criadas
ainda condições para que este meio seja usado para o esclarecimento do crime de tráfico de
drogas na Província de Maputo, tornando fraca a robustez do SERNIC face a este tipo legal de
crime, pois, pressupomos que com o uso dessa técnica haverá celeridade no esclarecimento
deste crime.

31
CAPÍTULO V: Conclusões e Sugestões

5.1.Conclusões

A pesquisa que tem como tema: Uso de escuta telefónico para esclarecimento do crime de
tráfico de drogas: Área de jurisdição do Serviço Nacional de Investigação Criminal- Direção
Provincial de Maputo (2019-2021), concretizada sobre o prisma de analisar os procedimentos
da aplicabilidade da técnica das escutas telefónicos na investigação e esclarecimento do crime
de tráfico de drogas na Direcção Provincial de Maputo, com a pergunta de partida: De que modo
o uso de escutas telefónicas pode contribuir para o esclarecimento do crime de tráfico drogas?

De acordo com as informações e conhecimentos obtidos através da abordagem qualitativa na


aplicação dos instrumentos de recolha dos dados, concluímos o seguinte:

 Para o esclarecimento do crime de tráfico de drogas a Direcção Provincial do SERNIC- Maputo,


adopta os seguintes procedimentos: Revista, peritagem da substância, audição do suspeitos e de
testemunhas;
 Para a aplicação das escutas telefónicos no esclarecimento do crime de tráfico de drogas, a
Direcção Provincial do SERNIC- Maputo não apresenta qualquer procedimento, uma vez que,
a mesma não usa a escuta telefónico na investigação deste tipo legal de crime. Contudo, a Data
Venia (2015), menciona os seguintes procedimentos a serem observados no âmbito da sua
aplicação: Autorização do juiz de instrução criminal; apenas pode ser realizada durante a fase
de inquérito; está sujeita a um período temporal limitado; tem de se mostrar indispensável para
a descoberta da verdade; tem de fundamentar-se num delito catalogado; uso de forma fortuita;
 Na brigada anti drogas nenhum membro do SERNIC tem formação ou habilidade para o uso da
escuta telefónico e nem existem condições técnico materiais para o mesmo.

5.2. Sugestões

Feitas as conclusões, respondida a questão de partida e questões de pesquisa deste estudo


Apresentamos as seguintes sugestões:
 Para além dos procedimentos técnicos aplicados pela Direcção Provincial do SERNIC- Maputo
na investigação do crime de tráfico de drogas, poderia também adoptar as escutas telefónicos
por se mostrar vantajosa e actualizado, assim como acompanha o desenvolvimento das TIC´s.
32
 O Serviço Nacional de Investigação Criminal, pode capacitar os recursos humanos para que
estejam aptos a proceder com o uso da escuta telefónico;
 O O Serviço Nacional de Investigação Criminal, pode procurar equipar-se de laboratórios
móveis, de modo a responder pontualmente no local de facto sobre questões de suspeita de
drogas ilegais.
 O Serviço Nacional de Investigação Criminal, pode obter kits de teste rápido que permitam
fazer o teste de uma substância se corresponde a uma droga no local em que a encontrem;

33
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37
APÊNDICES

38
Guião de Entrevistas

Guião de entrevista administrado aos indivíduos afectos na Direcção Provincial do SERNIC,


especificamente na brigada de anti droga.

Dinilson Salatiel Muhai, cadete do 4o ano do curso de Licenciatura em Ciências Policiais, na


ACIPOL, com o perfil de saída Investigação Criminal e Criminalística, encontra-se a fazer o trabalho
do fim do curso, subordinado ao tema: Uso de escutas telefônicas no esclarecimento do crime de
tráfico de drogas: Área de jurisdição da Direção Provincial do SERNIC de Maputo de 2019 à 2021.
E gostaríamos de contar com a sua colaboração respondendo as nossas questões. Garantimos a
confidencialidade da informação que nos irá fornecer. Agradecemos desde já a sua disponibilidade
em participar da nossa pesquisa.

I. Dados do entrevistado

Sexo:___________ Idade: _____ Posição/Cargo que ocupa _______________________

Tempo de serviço: _______ Nível académico:_________________

II. Sobre os procedimentos/técnicas usadas pelo SERNIC no esclarecimento de crime de tráfico de


drogas.

1. Quando é considerado que o crime de tráfico de drogas está esclarecido?


2. É preciso alguma formação/perícia para trabalhar na brigada anti drogas?
3. Que avaliação faz em relação a esses procedimentos usados pelo SERNIC para o esclarecimento
do crime de tráfico de droga?
4. Na sua opinião quais são os condicionalismos que influenciam o esclarecimento do crime de
tráfico?
5. Qual é o melhor procedimento/técnica para esclarecer o crime de tráfico de drogas?

39
6. O que deveria ser feito para que o crime de tráfico de drogas seja reduzido?
7. Qual é o efetivo total da brigada provincial de anti droga?
8. Quantos casos de tráfico de drogas foram registrado nos anos de 2019, 2020 e 2021?

III. Sobre as escutas telefônicas


1. Sabe da existência das escutas telefônicas?
2. Em quais casos são usadas?
3. Alguma vez já usou as escutas? Se sim de que forma contribuíram para o esclarecimento do
caso?
4. É preciso alguma formação/perícia para trabalhar com as escutas ou qualquer agente pode
operá-las?
5. Como as escutas funcionam? Procedimentos, técnicas, medidas e/ou passos.

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