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08/07/13 História do Rio Grande do Norte n@ Web

História do Rio Grande do Norte n@ Web

Tapuias

Por Ednilda da Silva Oliveira; Maria Auricéia de Morais; Eliete Dantas de


Medeiros e Maria de Lourdes Pereira de Medeiros – Alunas do período
99.2 )

Aspectos histórico-geográfico dos Tapuias

Os Tapuias também conhecidos por "Bárbaros", habitavam, dentre outras


regiões, os sertões da Capitania do Rio Grande. Dividiam-se em vários
grupos nomeados de acordo com a região onde moravam – Cariris (Serra
da Borborema), Tarairiou (Rio Grande e Cunhaú), Canindés (no sertão do
Acauã ou Seridó). Eram chefiados por vários reis e falavam línguas
diversas. Merecendo destaque os reis Janduí e Caracará.

Caracteísticas Físicas dos Tapuias

Os homens apresentavam-se corpulentos, possuidores de grande força


física. A pele queimada, em tons de marrom. Usavam cabelo longo ao
sabor do vento. Não costumavam usar roupas. Eram desprovidos de pêlos
por todo o corpo. Apesar de andarem nus, cobriam as partes íntimas com
peças feitas de materiais rudimentares, extraídos da natureza. Em contra
partida, as mulheres apresentavam estrutura física pequena, mas a cor
era a mesma da dos homens. Costumavam manter os cabelos curtos ou
longos, de corpos rechonchudos. Também escondiam suas partes íntimas.
Adornavam seu corpo com o que encontravam na natureza – Penas de
aves, folhas de plantas nativas, raízes, utilizavam-se de pedaços de paus
para fazerem brincos, colares e outros. Utilizavam-se de tais enfeites tanto
para a prática das danças, como na preparação para a guerra.

Rituais de Vida e Morte

Os Tapuias por vezes atingiam aproximadamente dois séculos de vida.


Quando isso acontecia eram homenageados por sua tribo. Isto quando do
sexo masculino - se do sexo feminino ao darem a luz a mais de um filho,
tornavam-se cativas. Estando doentes são visitados pelos amigos e se o
caso de morte, matavam-nos para que não houvesse sofrimento. A causa
mais freqüente de óbito entre os Tapuias era o veneno de cobra. Eram
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endocanibalistas, devoravam até mesmo os de sua tribo, quando da sua


morte.

A Vida Amorosa dos Tapuias

A puberdade era o período em que a donzela estaria pronta para casar-


se. A virgindade era bastante valorizada. O namoro, acontecia entre
danças, onde era escolhido os pretendentes. No noivado o pretendente
oferecia presente ao sogro. Quando a donzela não arrumava pretendente
era levada ao rei e este a possuía.

Os jovens tinham que demonstrar valor pessoal exibindo força física. O rei
aprovava a cerimônia e quando esta se realizava, furava-se as faces dos
noivos e colocavam pauzinhos. A festa durava cinco dias. Os matrimônios
eram severos apesar da poligamia, mas as cerimônias era reservado as
primeiras esposas. Possuir várias mulheres era sinal de prestígio. O
adultério era raro, e o marido expulsava a ré depois de açoitá-la, no caso
do flagrante e poderia matá-los. Sobre os tapuias cariris, eram praticantes
do adultério, e era recíproco.

Da Gravidez, do Parto e das Crianças

A Índia quando grávida não tinha relações com o marido, também


enquanto amamentava. A tapuia dava a luz nas matas, cozia o umbigo e a
placenta e comia. Quando voltava ao acampamento, o filho era cuidado
por outra mulher. Os maridos tinham o mesmo resguardo da parturiente.
Esta se alimentavam de farinha de mandioca, milho, feijão, até o
nascimento dos dentes dos lactentes. Os nascidos mortos eram
devorados pelos tarairiús. As crianças começavam a andar com nove
semanas e aprendiam a nadar nesta mesma época. Entre sete e oito anos
eram furados o lábio inferior e as orelhas e colocados ossos e paus,
depois eram batizados, ficando apto para as lutas.

Ferocidades, Armas e Lutas dos Tapuias

Os Tapuias possuíam semblante ameaçador, corriam igual as feras, por


isso eram muito temidos. Eram inconstantes, fáceis de ser levados a fazer
o mal. Eram fortes, carregavam nos ombros grandes pesos. Ao irem para
guerra marchavam em silêncio, mas no embate faziam bastante alarido,
jogando setas envenenadas que os feridos jamais escapavam.

Foram úteis, como aliados dos holandeses, conduzindo aos lugares mais
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difíceis. Os tapuias que se destacavam nas lutas eram considerados


heróis.

O poder real não era hereditário, este era substituído quando morto. O rei
distinguia-se dos outros pelos cabelos e pelas unhas. Os tapuias eram
muito obedientes ao rei.

Os tapuias se enfeitavam da cabeça aos pés para as lutas. Suas armas


eram as flechas, as pranchetas, arcos e dardos, que usavam com grande
habilidade. Usavam também as clavas e machados de mão; as armas
eram enfeitadas com bonitas plumas. Eles não se utilizavam das armas de
fogo, passaram a usar em razão da Guerra dos Bárbaros.

Das Habitações dos Tapuias

Eram nômades, paravam onde houvesse abundância de alimentos.


Gostavam de viver ao ar livre. Por isso não construíam casa, levantavam
alguns ramos para servir de abrigo. Eram gulosos, as reservas
alimentares dentro da área duravam somente dois ou três dias. Quando
partem para outros sítios tocam fogo no acampamento.

O rei era quem programava as atividades do dia e da noite. Antes de


partirem banhavam-se no rio, para espantar a moleza. Quando mudavam
de acampamento, os mais fortes carregavam dois troncos de árvores. As
mulheres e os meninos conduziam as armas, as bagagens e os trastes.
Chegados ao local do novo acampamento, iam cortar árvores, e usavam
os galhos e ramagens para fazerem sombra. As habitações dos tapuias
eram toscas e feias.

Caça, Pesca e Agricultura dos Tapuias

Os tapuias levavam uma vida descuidosa. Não semeavam, não plantavam


nem se esforçavam por coisa alguma. Alimentavam-se com mel de
abelhas e maribondos e com todas as imundícies da terra, como cobras e
lagartos. Os tapuias armavam ciladas aos peixes e animais utilizando seu
admirável olfato e sua habilidade para comer. Alimentavam-se ainda de
frutos agrestes, caça fresca, peixes, tudo sem temperos ou condimentos.
Não semeavam outra coisa além da mandioca.

Para assar a carne, eles cavavam um buraco na terra e colocavam a


carne, depois enterravam pondo folhas de árvores por cima e faziam uma
fogueira por cima de tudo.
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Sobre a caça dos tapuias cariris, que para atraírem felicidade na caça e
pesca queimavam ossos de animais ou espinhas de peixes.

Os Jovens caçadores presenteavam os velhos da tribo com caças e


pescarias, sem sequer comer um único pedaço. Durante o período de
caça e pesca, comiam uma sopa muito rala feita com farinha de milho ou
mandioca. Depois dessa temporada estavam magros, por razão do
intenso trabalho e da alimentação inadequada.

A Língua dos Tapuias

A linguagem era um tanto mal entendida, pois era trêmula, e cantada, não
se entendia nada.

Dezenas de palavras foram usadas na linguagem dos tapuias como por


exemplo; carfa, caruatá, cayú, comatyn, corpamba, corraveara, cucuraí,
ditre, entre outros.

As Aldeias Indígenas

Foram aldeias, que em pouco tempo foram transformadas em vilas, onde


existia um chefe para governar esse vilarejo indígena, onde estabeleceu-
se a forma de vida um tanto democrático entre os demais. Podemos citar
alguns nomes de aldeias existentes, como: a aldeia Jacoca, Utinga, Baía
da traíção, Monte Mor da preguiça, Boa Vista, Cariris, Campina Grande,
Brejo, Panatis, Coremas, Aldeia dos Pegas, dos Icos pequenos, etc.

Religião dos Tapuias

A religião dos Tapuias era basicamente animista, eles adoravam as forças


da natureza com o trovão, a lua, o sol, além disto, acreditavam que certos
animais como serpentes, aves e alguns mamíferos como morcegos,
praticaram sacrifícios de animais, até humanos. Os europeus aqui
chegados trataram de demonizar os deuses dos Tapuias, como podemos
ver na frase do cronista Morisot, "Os brasilianos só adoram o diabo, não
que daí esperem um bem, mas porque o temem, e por esse motivo
oferecem sacrifícios e o invocam". (30, 125).

Os Tapuias também tinham como Deus principal a Constelação da Ursa


Maior, para eles um inimigo dos Tapuias o intrigou com o seu Deus, este
era a raposa, a causadora de sua expulsão do paraíso. Os tapuias
acreditavam na imortalidade da alma desde que a pessoa não tivesse
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morrido de morte matada ou de picada de serpente.

Os Tapuias não faziam nada sem antes consultar os feiticeiros e


adivinhos, de um modo geral a religião dos tapuias lembra um pouco as
religiões da África no tocante a influência forte dos feiticeiros na vida
indígena, os europeus viam nos rituais dos tapuias um comércio direto
com os poderes do inferno, além disto os tapuias possuíam deuses
também que regiam a agricultura, a pesca e a caça, os invocaram e
sacrificaram a eles para obter boas colheitas, pesca e caça fartas. Os
tapuias tinham uma lenda que falava no Deus da criação, que tinham dois
filhos, o mais novo foi embora para a terra o Deus pai enviou seu filho
mais velho para buscar seu filho mais novo, mas este e seus filhos
acabaram maltratando e matando o irmão mais velho, que depois de
morto ficou na terra entre seus parentes por vários dias e somente depois
ascendem ao céu, retornando para o seu pai.

Os europeus acreditavam que o Deus que os tapuias falavam era o Deus


de Israel, o filho mais velho Jesus Cristo e o filho mais novo seria o próprio
Lúcifer ou Caim.

Favor citar da seguinte forma:

OLIVEIRA, E. da S.; MORAIS, M. A de; MEDEIROS, E. D. de &


MEDEIROS, M. de L. P. de. Tapuias. História do RN n@ WEB [On-line].
Available from World Wide Web: <URL: www.seol.com.br/rnnaweb/>

Referências Bibliográficas

MEDEIROS FILHO, Olavo. Índios do Açu e Seridó. Brasília: Centro


Gráfico do Senado Federal, 1984.

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