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FACULDADE DE PINHAIS - FAPI

INSTITUTO MINEIRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - IMES


Convênio Interinstitucional
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

CELINA ANGELINA RIBEIRO

FAMÍLIA E ESCOLAS JUNTAS NA INCLUSÃO

GOVERNADOR VALADARES-MG
2016
CELINA ANGELINA RIBEIRO

FAMÍLIA E ESCOLAS JUNTAS NA INCLUSÃO

Pesquisa apresentada ao
Programa de Pós-Graduação do Convênio
Interinstitucional que reúne o Instituto
Mineiro de Educação Superior - IMES e a
Faculdade de Pinhais - FAPI como requisito
parcial para obtenção do Título de
Especialista em Gestão Educacional, com
habilitação para Administração Escolar,
Inspeção de Ensino, Orientação Educacional
e Supervisão Escolar.
Orientação de Sandra Locatellli

GOVERNADOR VALADARES-MG
2016
FAMÍLIA E ESCOLAS JUNTAS NA INCLUSÃO
Celina Angelina Ribeiro1

RESUMO

A inclusão de crianças portadoras de necessidades especiais no ensino regular é realidade em


muitas escolas públicas e privadas e a família é a principal responsável pelas ações do seu
filho com necessidades especiais. É ela que lhe oferece a primeira formação. Na
integração/inclusão escolar, o aluno, com a orientação dos profissionais e da família, poderá
adquirir competência profissional e pessoal. Este trabalho é resultado de pesquisa realizado
para identificar o envolvimento da família no processo de integração/inclusão escolar da
pessoa com necessidades especiais. Torna-se necessário um melhor preparo para exercer um
trabalho de qualidade com essas crianças, tanto por parte dos professores como das próprias
escolas. Somente com capacitação e um esforço conjunto da escola e família, será possível
propiciar um ótimo desenvolvimento psíquico e motor para a criança especial.

Palavras-Chave: inclusão; necessidades especiais; família; professores.

INTRODUÇÃO
O tema abordado “Família e escolas juntas na inclusão” vem falar da
importância da participação da família no desenvolvimento escolar da criança e
do adolescente com alguma deficiência. Pela visão dos professores, mostrando
a percepção dos educadores sobre as famílias desses mesmos alunos. O
processo de inclusão nas escolas não é simples, pois é preciso a
reestruturação física nas mesmas, por exemplo, com instalação de rampas e
banheiros adequados, mas principalmente, faz-se necessária a preparação de
professores, que apresentam funções essenciais na estrutura e no
funcionamento do sistema educacional. Diante dessa situação, são de extrema
importância que os professores tenham a sua disposição, instrumentos para
atender as necessidades apresentadas pelos alunos. Além disso, as famílias
das crianças portadoras de necessidades especiais estão reivindicando os
direitos dessas crianças de acesso à educação e a uma socialização plena no
ensino regular. Historicamente, estas crianças ficavam resguardadas da
sociedade em ambientes privados, com instituições próprias voltadas para eles
e o ambiente familiar. Nessas ações, havia a crença de que estas crianças
estariam protegidas da sociedade, contudo, deixavam de desenvolver-se em
ambiente social compartilhado com outras crianças, aumentando o estigma
associado a essas crianças. O conceito de Necessidade Especial existe vários
tipos de deficiências ou necessidades especiais, com suas características e

1
Celina Angelina celina.angelina.ribeiro@gmail.com, Normal Superior, Centro Universitário do
Leste de Minas – Unileste, Professora de 1º a 4ª serie na Escola Ione Ambrosina
dificuldades particulares, por isso nenhuma pessoa que possui a mesma
necessidade será igual à outra ou terá a mesma forma de desenvolvimento e
aprendizado. Assim, há a deficiência congênita que é aquela onde a pessoa
nasce com ela, e a deficiência adquirida que se desenvolve por razão de
alguma patologia, acidente ou alguma coisa semelhante. Sendo assim, as
patologias são consideradas específicas e diagnosticadas na maioria das
vezes por médicos. Ainda há outro tipo de necessidade especial que se
denomina como de origem psicológica, estas são mais difíceis de serem
diagnosticadas, pelo fato de muitas vezes os sintomas serem atribuídos a
outras instâncias, não sendo então, levadas a sério. Porém, como as
dificuldades têm um caráter interativo e é próprio de cada um, o conceito de
necessidade especial não pode ser estabelecido de forma definitiva. Segundo
MANTOAN (1997), tanto a valorização, quanto o conhecimento das
características étnicas e culturais dos diferentes grupos sociais que compõem a
sociedade e a crítica às relações sociais discriminatórias e excludentes,
também têm indicado que novos caminhos devam ser traçados nas instituições
e nas famílias. A partir dessas breves considerações, o objetivo desse estudo é
compreender a inclusão de alunos especiais e suas famílias na escola regular
na perspectiva dos professores e em suas realidades.
DESENVOLVIMENTO

Procedimento
Para apresentação deste trabalho foi realizado como pesquisa
entrevista semi-estruturada. Entende-se por uma pesquisa semiestruturada
aquela que possui uma forma mais flexível. Além disso, é um instrumento que
não exige uma ordem rígida nas questões, possibilitando a fala dos sujeitos
entrevistados e permitindo selecionar temáticas para aprofundamento.

Resultado e discussão
Os resultados encontrados são o que se deduziu acerca do papel dos
pais no processo de inclusão escolar de crianças especiais. Para melhor
compreensão dos resultados, será abordado como este trabalho pode inferir
sobre o papel dos pais neste processo, depois constituirá uma abordagem
geral, resumindo as principais práticas inclusivas que a família pode fazer para
contribuir com a inclusão escolar de crianças especiais.
Praticando a exclusão social, atendimento segregado dentro de instituições,
passou para a prática da integração social e recentemente adotou a filosofia da inclusão
social para modificar os sistemas sociais gerais (SASSAKI, 1997, p.160). Com isso o
objetivo de apresentar os principais resultados voltados à família, abordou as
expectativas dos pais de alunos especiais na escolha de um colégio privado e
de boa qualidade localizado em Inhapim MG. Os dados da pesquisa foram
tirados de entrevistas com os pais, alunos e professores da instituição e de
análises de documentos da secretaria da escola. As informações colhidas
apontam que as famílias participantes da pesquisa eram de classes superiores
e colocavam seus filhos em um colégio de alto padrão porque o mesmo
oferecia ensino tradicional que permitia a inserção social com crianças de
mesma origem. Os desejos dessas famílias iam além do aprendizado dos filhos
e a busca por estas escolas também partia do interesse por parte delas em
diminuir ou maquiar a deficiência de seus filhos. Colocar seus filhos em
convívio com crianças tidas como normais acalentava os pais diante da luta
que travavam interiormente com a deficiência dos mesmos. As famílias
também colocam seus filhos neste colégio como uma forma de diminuir a
deficiência dos mesmos, pois as crianças estariam em convívio com outras
tidas como “normais”, fazendo com que elas se sintam melhor por terem filhos
especiais. Esta escolha é uma maneira de “apagar” as deficiências de seus
filhos especiais, para que sejam vistos como normais. Ao escolherem um
colégio de elevado padrão, os pais possuem interesses que vão além da
educação dos mesmos. É necessário atentar que: As motivações e as
expectativas das famílias nesta escolha deveram-se mais pela busca de um
colégio de tradição que oferecesse a oportunidade de convívio com pessoas da
mesma origem social, do que na expectativa com relação às possibilidades de
escolarização dos filhos. Compreende-se que os pais devem ver a escola como
uma oportunidade de crescimento educativo de seus filhos especiais. Um lugar
onde estas crianças estarão em convívio com outras crianças, uma forma de
inserção social. De acordo com a "Declaração de Salamanca", no que se refere
ao papel da família nesse processo de inclusão, demanda que se: Assim, com
certeza, as famílias ditas como "funcionais"- que se mobilizam pelo sucesso de
seus filhos- estarão cada vez mais envolvidas, participativas e incluídas no
processo de "tomadas de decisões": sobre o ensino de seus filhos, sobre os
procedimentos que serão utilizados, bem como sobre as condutas a serem
adotadas. Com novas alternativas de envolvimento da família, maior
preocupação com a qualidade dos serviços oferecidos e com mais diálogo
aberto e franco, essa situação de descomprometimento e descompromisso
com o sucesso dos alunos, só tende a mudar! Precisam ter consciência de que
a escola escolhida para isso deve ser conhecida pelos mesmos e possuir
condições de receber estas crianças. A experiência escolar tem mostrado que
a participação dos pais é de fundamental importância para o bom desempenho
escolar e social das crianças. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA),
no seu artigo 4º discorre:
É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do
Poder Público assegurar com absoluta prioridade, a efetivação dos
direitos referentes à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao
lazer, à profissionalização, à cultura, à liberdade e a convivência familiar
e comunitária. (BRASIL, 1990)
Para que ocorra um processo colaborativo entre profissionais da escola
e familiares é preciso, de acordo com os resultados da pesquisa, existir um
conjunto de atitudes. São esperados dos familiares os seguintes
comportamentos: Comunicar-se com os profissionais; ser responsável pela
educação do filho; manter expectativas adequadas; aceitar a deficiência do
filho; respeitar os profissionais; reconhecer o trabalho dos profissionais; confiar
no trabalho desenvolvido; acreditar no trabalho desenvolvido; questionar os
profissionais de modo adequado; garantir a frequência do aluno; visitar a
escola; participar das atividades. Os participantes da pesquisa concordaram
que a educação dos filhos é responsabilidade dos pais e que os mesmos
devem dar continuidade ao trabalho desenvolvido na escola pelos profissionais.
Uma ação colaborativa deve ser feita em conjunto: cada parte entende sua
função e age de forma que o papel do outro seja efetuado. Dessa maneira,
podem colaborar para o processo de aprendizagem da criança especial, pois
assim o respeito deve ser recíproco. Foi apontado no estudo também que os
familiares esperam que os profissionais sejam sinceros quanto ao
desenvolvimento de seus filhos, pois é melhor para eles saberem a verdade do
que criarem expectativas falsas. Porém, os profissionais não devem fazer
julgamentos precipitados sobre a capacidade dos alunos realizarem certas
atividades, sem eles terem a chance de tentar. Ainda não existe uma relação
de igualdade entre os familiares e os profissionais da escola. Este dado
representa um fator negativo, já que esta relação seria de extrema importância
numa parceria colaborativa. Foi feito um levantamento sobre os pais das
crianças, o ambiente em que elas viviam e como estava seu desenvolvimento
escolar. As mães não esperam que seus filhos sejam inclusos apenas
socialmente; elas desejam que eles aprendam a ler e a escrever. Já os
professores encontram dificuldades para alfabetizar estas crianças, pois os
mesmos não possuem recursos e capacitação correta para realizar a função.
Porém, fazem o que podem com o pouco que lhes é oferecido. Com relação à
participação das mães no processo de inclusão escolar, pode-se constatar que
a comunicação dos professores com as mães é feita por meio de caderno de
recados e reuniões de pais, o que as mães acham insuficiente, já que elas
necessitam de mais tempo e oportunidade para trocar informações com os
professores sobre seus filhos.
[...] se toda pessoa tem direito à educação, é evidente
que os pais também possuem o direito de serem, senão educados,
ao menos, informados no tocante à melhor educação a ser
proporcionada a seus filhos. (PIAGET, 2007, p. 50)
Os professores precisam contar com a participação dos pais para que
haja uma parceria colaborativa e a escola deve incentivar este processo,
promovendo momentos em que a comunicação entre ambos os lados seja
viável. Outro ponto de relevância a ser discutido é a necessidade de se
dialogar com os familiares dos outros alunos da escola, como também com
demais professores e alunos sobre a inclusão de crianças especiais, pois, o
esclarecimento é o melhor caminho para a quebra de preconceitos. Esta
interferência por meio da escola deixaria os pais mais confiantes em deixar
seus filhos neste espaço. Procurei conhecer como se deu a escolarização de
alunos surdos e como as mães viam o processo de inclusão escolar dos
mesmos. Foram entrevistadas 2 mães de deficientes auditivos. Elas
responderam a um roteiro de entrevista semiestruturado. As autoras enfatizam
a importância da participação familiar, “não só como promotora do
desenvolvimento, mas como agente mediador entre a escola e a sociedade.
Foi avaliado que as mães colocam seus filhos na escola para que os mesmos
sejam introduzidos socialmente e os retiram, muitas vezes, porque se
preocupam se seus filhos sofrerão agressão, além de perceberem a escola
como inadequada e os profissionais despreparados para receberem estas
crianças. Com relação à inclusão escolar, as mães não acreditam neste
processo. Para elas, os professores não estão preparados e as crianças não se
adaptam à escolarização. Sugerem programas de intervenção para esclarecer
as dúvidas das mães e salientar a importância da comunicação entre elas e a
escola. Muitas vezes as atitudes dos pais, com relação ao aprendizado das
crianças com necessidades especiais, influenciam muito no desenvolvimento
delas, podendo ajudar ou prejudicar.
[...] a deficiência intelectual não implica
necessariamente problema de aprendizagem, ainda que possa ser
um condicionante, dependendo de como a família signifique o
dano intelectual. Aceitando e querendo ao deficiente, permitir-se-
á que alcance o máximo de suas possibilidades (FERNÁNDEZ,
1991, p. 38).
Os pais são os que mais compreendem seus filhos especiais e, por
isso, é importante que haja a troca de informações com os professores para
que estes descubram formas melhores de ajudar no desenvolvimento da
criança. É necessário que os pais visitem a escola em horários agendados de
forma que não atrapalhe a rotina escolar dos alunos. Os pais devem mostrar
preocupação e interesse acerca da vida escolar de seus filhos, questionando
sobre o que a escola precisa por parte deles, se podem fazer alguma coisa
para ajudar, e quando possível eles devem participar das festas escolares,
reuniões e eventos. É fundamental que os pais respondam ao caderno de
comunicação, método de diálogo utilizado por alguns professores, pois assim
estarão colaborando com eles. Tudo que envolve a vida escolar das crianças
especiais deve ser decidido em conjunto, pais e escola. E sempre que tiverem
dúvidas sobre a educação das crianças devem buscar orientação. Os pais
podem ajudar seus filhos participando na execução das atividades escolares,
conversando sobre o dia-a-dia da criança na escola, falando com os
professores sobre o aprendizado e o comportamento de seus filhos na escola.
Pequenos gestos fazem toda diferença e mostram a importância da
participação familiar na vida escolar destas crianças. A escola poderia
contribuir promovendo eventos, palestras e reuniões em que houvesse
discussões voltadas à inclusão, pois o conhecimento é libertador e
esclarecedor e pode, em muito, promover melhoras na família, na sociedade e
na escola. As mães podem contribuir para a vida escolar da criança especial
dando dicas para as professoras sobre o comportamento destas crianças,
sobre o que chama a atenção delas. Podem também ajudar nas atividades de
casa. Os pais precisam de um tempo com os professores para passar dicas
sobre os filhos especiais, falar deles, como são, etc. A motivação pela inclusão
escolar de crianças com especiais deve partir dos dois lados, família e escola,
para que haja uma parceria colaborativa e de qualidade que, no fim, resulte em
um avanço educacional para estas crianças. O papel da família é fundamental,
devido a isso, os pais não podem abrir mão deste direito de todas as crianças:
a educação.
CONCLUSÃO
Diante destes fatos é possível compreender que há uma grande
necessidade de participação familiar na vida escolar de crianças com
necessidades especiais. Essas crianças, como quaisquer outras, precisam do
apoio da família em todos os aspectos de suas vidas. A busca pela inclusão é
uma luta de todos e os pais, junto com os profissionais da escola, devem
trabalhar para que este ideal seja alcançado. Compreendemos que é
indispensável uma família e um corpo docente preparado para a inclusão de
crianças com necessidades especiais nas escolas regulares. Porém, é
perceptível que há uma falta de preparo e de conhecimento por parte dos
professores, os quais na época de sua formação não tiveram a necessidade de
aprender, e por isso nunca foram estudar sobre o assunto. Tal atitude
evidencia um grande erro, pois nos dias de hoje um aluno especial pode
ingressar em uma escola regular a qualquer momento, e assim exigir um
atendimento especializado. Diante dessa situação, é de extrema importância
que os professores obtenham instrumentos para atender as necessidades
apresentadas pelos seus alunos, isto é, existe a necessidade crescente de
mudança e de inclusão. Também se pode abranger que a família de alunos
especiais inclusos também possui um papel fundamental na adequação do
mesmo no ensino regular. Assim, é necessária a participação e integração
entre pais e professores, a fim de facilitar a vivência do aluno no âmbito
escolar. Assim, é de suma importância um acompanhamento dos pais, pois são
eles os responsáveis por dar todo o suporte para que a
criança consiga superar essa nova fase de adaptação, e também um suporte
para a criança especial, pois infelizmente, a sociedade moderna ainda tem
muitos preconceitos referentes às deficiências.
BIBLIOGRÁFIA
BEYER, H. O. Inclusão e avaliação na escola de alunos com necessidades
educacionais especiais. Editora Mediação, 2006.
BRASIL. Ministério da Educação. Educação especial: tendências atuais.
Brasília, 1999.
ROLFSEN, A. B. e MARTINEZ, C. M. S. (2008). Programa de intervenção
para pais de crianças com dificuldades de aprendizagem: um estudo
preliminar. Paidéia (Ribeirão Preto), vol.18, n.39, p.175

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