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RELAÇÃO FAMÍLIA – ESCOLA:

DESAFIOS E CONQUISTAS DIANTE DA EDUCAÇÃO E O


PAPEL DO PROFESSOR.

MURTA, Romênia Carolina Amaral,


Faculdade de Educação Paulistana – FAEP –
São Paulo - SP

Eixo: Educação.

São Paulo, outubro de 2023


Resumo
A preocupação primaz deste estudo é refletir sobre o papel da família na vida
escolar e da dedicação do professor diante da relação professor-aluno, relação esta
que se faz muito importante e necessária para que o processo educativo se
concretize de maneira eficaz. Sabemos que nos tempos atuais surge a necessidade
da aplicação da política de inclusão escolar, buscando observar como este processo
é realizado nos diferentes níveis da educação básica, especialmente em sua
primeira etapa que é a educação infantil. Este artigo tem como objetivo principal
analisar a importância de um bom relacionamento entre professores e alunos no
processo de construção dos saberes. Realizou-se uma pesquisa bibliográfica
considerando as contribuições de autores como FERNANDÉZ (1991), FREIRE
(1997) E ZIMERMAM (2000). Entre outros. Buscando enfatizar a importância do
bom entendimento entre educando e educadores, bem como a necessidade de o
pedagogo cuidar para que a dimensão interpessoal entre quem ensina e quem
aprende não interfira de uma maneira negativa no processo ensino-aprendizagem.
Concluiu-se a importância de ter um membro da família e da escola atuando como
mediador dos afetos que ocorrem tanto no interior da escola como em casa, de
modo a garantir que haja uma troca de informações concernentes ao processo
educativo formal, para que essa educação aconteça com mais qualidade e afeto.

Palavras – chaves: Família, Escola, Desafios, Especial, Conquistas e professor.

Abstract
The primary concern of this study is to reflect on the role of the family in school life
and the teacher's dedication to the teacher-student relationship, a relationship that is
very important and necessary for the educational process to be carried out
effectively. We know that in current times there is a need to apply the school
inclusion policy, seeking to observe how this process is carried out at different levels
of basic education, especially in its first stage, which is early childhood education.
This article's main objective is to analyze the importance of a good relationship
between teachers and students in the process of knowledge construction. A
bibliographical research was carried out considering the contributions of authors such
as FERNANDÉZ (1991), FREIRE (1997) AND ZIMERMAM (2000). Between others.
Seeking to emphasize the importance of good understanding between student and
educators, as well as the need for the pedagogue to ensure that the interpersonal
dimension between those who teach and those who learn does not interfere in a
negative way in the teaching-learning process. The importance of having a member
of the family and school acting as a mediator of the affections that occur both within
the school and at home was concluded, in order to ensure that there is an exchange
of information regarding the formal educational process, so that this education
happen with more quality and affection.
Keywords Family, School, Challenges, Special, Achievements and teacher
___________________________________________________________________
1 Licenciado em Pedagogia pela Universidade Camilo Castelo Branco (UNICASTELO), São Paulo-
S.P. Professora. E-mail: xxxxxxxxxx@hotmail.com (EXEMPLO)
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como tema relação família-escola: Desafios e
conquistas diante da educação especial e o papel do professor frente às relações
pessoais existentes na escola, especialmente as que se dão entre as duas
personalidades que são consideradas as mais importantes no decorrer do processo
ensino-aprendizagem, o professor e o aluno. Para tal, haverá uma assistência dos
órgãos governamentais, uma devida organização do espaço escolar a fim de acolher
estes alunos com as condições dignas de estudos tampouco como os demais e
ainda uma capacitação devida do professor para seguir com essa inserção e garantir
que o aluno seja realmente integrado ao contexto de educação escolar.
Historicamente os alunos com algum tipo de necessidade especial precisava
procurar uma escola destinada apenas a esse grupo. Faz-se necessária a
compreensão da Educação Especial e de como a mesma tem encontrado espaço
em nossa sociedade.
Há pouco mais de 10 anos uma proposta de inclusão modificou o sistema,
adotando apenas um tipo de escola – a Regular. A partir disso, todos os alunos
devem frequentar e aprender no mesmo espaço, suscitando o conceito de escola
para todos (GRECO, 2016).
A escola inclusiva é aquela que abre espaço para todas as crianças,
envolvendo, as que apresentam necessidades especiais. Guiada pelos princípios da
Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994 citado por MEC/SECADI (2008)), que
anunciou, dentre outros princípios, o direito de todos à educação, independente das
diferenças individuais – esta declaração teve como ponto de partida a Conferência
mundial sobre educação para todos – a educação inclusiva sugere que todas as
pessoas com deficiência sejam matriculadas na escola regular.
Estudiosos defendem ainda que a Educação inclusiva compreende a
Educação especial dentro da escola regular e transforma a escola em um espaço
para todos. Ela beneficia a diferença na medida em que aprecia que todos os alunos
podem ter necessidades especiais em algum momento de sua vida escolar.
“A inclusão das pessoas com deficiência na educação básica envolve um
processo de “dessegregação”, pois se trata da edificação de uma sociedade
inclusiva, comprometida com esse público. Assim, não pode ser percebida
como um processo análogo a totalidade da educação comum” (GRECO,
2016).”
Diante dessa perspectiva foram observadas algumas questões que deram
norteamento a este trabalho:
• A relação família-escola mostra-se tão essencial para a formação dos alunos
que por sua vez se tornam conscientes e capazes de alcançar um ensino de
qualidade e um excelente desenvolvimento em toda sua vida acadêmica.
• Qual deve ser a colaboração da família diante dos impasses relacionados à
interação professor-aluno, a fim de proporcionar elementos que favoreçam o
sucesso do ensino-aprendizagem? Quando se fala em processo ensino-
aprendizagem tem-se a ideia que uma depende da outra, na tentativa de alcançar o
maior objetivo, o melhor futuro para o filho. O educando para toda uma sociedade.
Dessa forma pode-se aperfeiçoar a relação família-escola de forma que o aluno
tenha o melhor aproveitamento da educação oferecida. Esse processo de interação
sugere que a troca de estímulos entre os sujeitos possa desencadear um
comportamento positivo ou negativo. Assim sendo é muito importante ficar atento e
investigar e dar a devida importância a essa relação família- escola- professor.
• Quando a família encontra uma escola onde pode participar da vida escolar
do seu filho, esta se sente mais protegida, a escola por sua vez também se sente
mais estimulada para exercer seu papel quando recebe os alunos cujas famílias se
preocupam e participam da vida acadêmica de seus filhos, sabendo que com essa
contribuição seus objetivos serão alcançados.
Segundo ENGELS (1995) apud Teixeira e Gouveia (2008).
{...} a palavra família é derivada de familirus que significa conjunto de escravos
pertencentes ao mesmo homem. “Do ponto de vista da propriedade, Aristóteles
introduziu o termo “oikos ou oikia”, ou seja, grupo doméstico ou família considerada
molécula da sociedade”.
A escola e a família, assim como outras instituições, vêm passando por
profundas transformações ao longo da história. Estas mudanças acabam por
interferir
na estrutura familiar e na dinâmica escolar de forma que a família, em vista das
circunstâncias, entre elas o fato de as mães e/ou responsáveis terem de trabalhar
para ajudar no sustento da casa, tem transferido para a escola algumas tarefas
educativas que deveriam ser suas.
Neste contexto o objetivo principal é deixar claro que: A escola é uma
instituição que completa a família e juntas tornam-se lugares agradáveis para a
convivência dos nossos filhos e alunos. A escola não deveria viver sem a família e
nem a família sem a escola, pois assim sendo o sucesso de ambos será com toda a
certeza garantido.
2 PAPEL DO DOCENTE NA FORMAÇÃO INTEGRAL DO EDUCANDO
Partindo do confronto que vivem as escolas de ensino regular
buscando por adaptações e a solucionar os obstáculos que surgem a cada aluno
que chega com determinada dificuldade, a escola não pode impossibilitar o acesso
dessa criança a educação, mas deve se adequar de forma a tornar o ambiente
propício a aprendizado de maneira contínua.
A proposta pedagógica da educação especial é assegurar que todas as
crianças têm o serviço educacionais comuns independente de sua condição física e
psicológica.
Não obstante esbarramos com a má capacitação do educando, mas não
por infração dele mesmo. Mas por negligência de todo um sistema que decreta,
levanta e implementa leis que devem ser tiradas do papel em determinado prazo,
mas que não traz veículos capacitadores para aqueles que devem reger a educação
e fazer acontecer a inclusão dentro de um contexto nunca visto antes.
A novidade de síndromes, deficiências, casos onde em uma mesma sala
de aula ou em um mesmo ambiente de ensino encontramos crianças com diversos
portadores especiais e o professor não foi preparado para lidar com esta modalidade
educacional de forma ampla.
De acordo com a secretaria do Estado de educação, as leis não mudam
posturas e preconceitos e discriminação que envolvem o trato com as pessoas com
necessidade especial. Cabe aos interessados A constante busca por uma sociedade
escola que acolha, respeite e conviva com as diferenças que se manifestam no
ambiente escolar. Também, além de diretrizes e bases da educação (LDB) de
número 9394, de 1996, conceitua como educação especial a modalidade de
educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino para
educandos portadores de qualquer necessidade especial.
Desta forma, apenas inserir o aluno de educação especial na escola de
ensino regular porque a lei assim determina e é um direito de todos, e a capacitação
dos educadores E o planejamento do espaço físico adaptado e outras necessidades
básicas não são atendidas e demonstra que as escolas não estão preparadas para
este fim.
Segundo faccion (2008, p.61-62):
Precisamos, isto é lógico, refletir sobre a construção de um modelo
educacional que possa ser coerente com nossa realidade e que extrapole
o universo escolar. É necessário que todas as crianças possam estar na
escola, sim, mas com garantia de desfrutar, no âmbito social, de uma vida
mais digna, pois de nada adianta planejarmos leis e políticas inclusivas
voltadas para o ambiente escolar, se não promovermos no social uma
equidade econômica capaz de mão só levar os alunos para escola, mas,
principalmente, de deduzir a exclusão a que se acham submetidos
inúmeros seres em nossa sociedade (FACION, 2008, p.61-6

Da mesma maneira que a escola enfrenta fatores que interferem na


inclusão escolar a própria família, os pais em sua maioria não estão prontos física
psicológica ou financeiramente para lidar com os filhos especiais. Em suma, alguns
ignoram o diagnóstico por posicionamento pessoal, por ideologias por crenças
religiosas e até mesmo por estigmas da sociedade.
3 A ESCOLARIZAÇÃO E OS PAPEIS DA ESCOLA E DA FAMÍLIA
Para a escola como é a função de educar a juventude das crianças na
medida em que o tempo e a competência da família eram considerados escassos
para cumprimento desta tarefa. Os saberes diziam que os educadores por serem
além de necessários especializados e, contudo, formados e futuros formadores
dessas gerações, com isso se demanda cada vez mais ao longo do tempo o
trabalho dedicado de além da função de ensinar e os conhecimentos de conteúdo
também a sistematização da educação que, portanto, cabia a família.
(Kaloustian,1998)
Pelo fato de ser a instituições distintas, a família e escola constrói aos
poucos os custos de pressões científicas e costumes características de uma vida
durante séculos sinalizam a necessidade de uma organização voltada para a
formação física, moral e mental dos indivíduos missão essa impossível para o
âmbito doméstico, mas com tudo isso vemos cada dia mais que é uma missão
também improvável para o ambiente escolar.
Podendo-se então observar que a décadas vem se refletindo sobre como
envolver a família e promover a corresponsabilidade de torná-la a parte do processo
educativo. Sem dúvida esta aproximação trata-se de uma difícil tarefa.
Além da responsabilidade ser transferida para a escola que é um lugar de
ensino-aprendizagem, ainda esbarramos na questão do abandono familiar onde
muitos não contribuem com o papel básico que é auxílio nas atividades Extra
escolares e lições de casa que são importantes extensores do que é produzido e
ensinado dentro de sala de aula.
A criança atua em diferentes instituições da sociedade iniciando pela
família, passando pelo contexto social da escola, para assim ser preparada para o
futuro e exercer a sua cidadania ponto na medida em que a aprendizagem é
possibilitada ela é formada a participação crítica e criativa contribuindo para a
formação cidadã que atua na articulação entre estado e sociedade civil.
4 SOBRE O DIREITO DE APRENDER
Ao refletirmos sobre o direito de aprender e a educação nos
atrelamos diretamente ao fato de que todo e qualquer cidadão nacionalizado dentro
do país tem garantida sua cidadania. Esta, que não está ligada apenas aos deveres
a serem seguidos, mas, tão bem aos seus direitos que estão universalizados em
constituição.
Com base nisto, esta atividade reflete sobre esta relação entre o direito
de aprender e a inclusão que, por sinal é tão claramente falada na mídia e divulgada
nos meios educacionais, porém, não pratica escolar dificilmente é desenvolvida
devido a diversos fatores.
Esta fala vem baseada em nítidas observações no cotidiano escolar,
relatos de profissionais, familiares de alunos que buscam esta inclusão e, ainda
grupos de gestores que não recebem devido suporte para receber nos espaços
escolares as crianças que necessitam desta assistência.
Por ser um processo continuo e que envolve todo o ciclo escolar,
passando desde a estrutura física das escolas, material apropriado, capacitação de
docentes, assistência especifica a estes e alunos e outros elementos, pode-se
considerar que ainda está longe de atingir a igualdade necessária para atendimentos
destes alunos.
Vista a dificuldade em torno da prática inclusiva para atendimentos de
alunos com deficiências e a garantia do seu direito de aprendizado, sugerem-se
práticas e abordagens para melhorar o rendimento e aprendizado educacional
destes.
Lembrando que inclusão se refere a adotar orientações pedagógicas e
metodológicas que incitem cada aluno atingir um pleno potencial acadêmico dentro
de suas individualidades. Promovendo um ambiente que respeite seu direito de
aprender e sua diversidade.
5. O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM

Estudos têm mostrado que o ser humano durante toda sua vida tem sido
influenciado pelo meio em que vive e, sendo assim, fatores sociais, econômicos e
culturais têm contribuído para o se desenvolvimento. Desta forma entende-se que,
assim como o desenvolvimento, a aprendizagem acontece sob a influência de
muitos fatores, entre eles, ambientais, familiares, psicológicos, etc. Entre os
estudiosos do desenvolvimento e do processo ensino-aprendizagem encontramos
Piaget e Vygotsky, que em seus estudos revelam como os indivíduos pensam e se
comportam nas diferentes fases da vida. Embora as diferenças entre eles pareçam
ser muitas, ambos comungam de pontos de vistas semelhantes. Tanto Piaget
quanto Vygotsky defendem a ideia de que a criança não é um adulto em miniatura.

” Procuram sempre o homem na criança sem pensar no que ela é antes


de ser homem”. (ROUSSEAU, 1999). Piaget e Vygotsky viram o desenvolvimento da
criança como participativa, não acontece de maneira automática, portanto, o
processo de aprendizagem não é estático, muito menos mecânico, é ativo. É um
processo contínuo que ocorre durante toda a vida do indivíduo. ” Vivendo e
aprendendo” se levarmos em consideração a sabedoria popular. Refletir sobre
desenvolvimento e aprendizagem se faz necessário, pois existem muitos pontos a
serem pensados no que se refere ao ato de aprender. Gagné define a aprendizagem
como sendo suma modificação na disposição ou na capacidade do homem,
modificação essa que pode ser retida e que não pode ser simplesmente atribuída ao
processo de crescimento. (GAGNÉ,1974, p. 3)

Portanto, aprendizagem é um processo de mudança de


comportamento adquirida através da experiência construída
por fatores emocionais, neurológicos, relacionais e ambientais.
Piaget diz que o indivíduo está constantemente interagindo
com o meio ambiente e dessa interação resulta uma mudança
contínua, a qual ele denomina adaptação.
O processo de adaptação se constitui por dois outros processos: assimilação e
acomodação. A assimilação se refere à apropriação de conhecimentos e
habilidades. A acomodação reorganiza e modifica os esquemas assimilados
anteriormente ajustando-os a cada nova experiência. Enquanto Piaget se
interessava em como se constrói o conhecimento e como essa construção ocorre na
mente do indivíduo, Vygotsky estava interessado em como fatores sociais e culturais
influenciam o desenvolvimento intelectual, valorizando sempre o papel do ambiente
social para o desenvolvimento e a aprendizagem. Piaget, como já foi dito, coloca
que a aprendizagem se dá através da interação do indivíduo com os outros objetos
da realidade e que esta relação vai gerar o desenvolvimento dos esquemas mentais.
Vygotsky destaca ainda o conceito de mediação no processo de aprendizagem das
crianças realizado sempre por um adulto.

A mediação de Vygotsky está relacionada a Zona de Desenvolvimento


Proximal (ZDP), ou seja, a criança precisa ser mediada por alguém, para que pouco
a pouco consiga resolver seus problemas de modo independente, chegando assim
ao nível de desenvolvimento real. (NDR). Assim, a aprendizagem pode ser encarada
como um processo dinâmico, no qual o aluno joga em um papel ativo, em constante
interação com o envolvimento com o grupo no qual está inserido. (FONSECA, 1995,
p. 90).

Como já foi dito, uma diversidade de fatores interfere no processo de


desenvolvimento e também na aprendizagem, o que resulta num baixo rendimento
escolar. Entretanto, neste estudo, objetivo use destacar a influência dos fatores
ambientais, visto que, percebe-se o ambiente familiar como forte influência para o
desenvolvimento e aprendizado escolar, assim como a escola exerce papel
fundamental para o desenvolvimento intelectual e social do aluno. Concordamos que
aprendizagem é o resultado da estimulação do ambiente sobre o indivíduo já
maduro que se expressa diante de uma situação-problema, sob a forma de
mudanças de comportamento em função de experiências. (ASSUNÇÃO/COELHO,
1989, p. 11).
Desse modo, o ambiente escolar e familiar no qual o aluno está inserido
pode vir a acarretar um mau desempenho escolar seja por falta de estímulos,
incentivo ou condições de ensino. Portanto, quando se fala em desempenho escolar,
o ambiente familiar não deve ser relegado a segundo plano, mesmo quando se trata
da educação formal, função considerada especificamente da escola, pois como se
sabe o aprendizado tem início muito antes da vida escolar e sabe-se também que ao
chegar à escola, a criança já traz consigo uma considerável gama de
conhecimentos, embora diferenciados em função do meio no qual vive.

De acordo com Piaget (1984) e Vygotsky (1998): [...] a aprendizagem é


resultado da interação do indivíduo com o outro, considerando-se a maturação
biológica, a bagagem cultural e a nova situação que se apresenta. Portanto, existem
diferenças individuais que precisam ser levadas em consideração quando se trata de
aprendizagem escolar, pois, esta é um processo pessoal, individual que depende de
múltiplos fatores.

Lembrando CORRÊA, (2001) as diferenças no aprender dizem respeito à


hereditariedade, ao gênero, à cultura e ao ritmo no processo de aprendizagem.
Percebe-se então, que experiências familiares aliadas ao trabalho escolar resultam
numa melhora eficaz em relação ao nível de aprendizagem e consequentemente do
rendimento escolar, pois, fica claro no discurso diário dos professores que os alunos
que recebem atenção significativa por parte da família, tendem a apresentar um
melhor rendimento escolar, ao passo que aqueles que não recebem atenção
adequada apresentam quase sempre desempenho escolar abaixo do esperado.

Quando a família passou a frequentar a escola e relacionar -se melhor


com seus filhos e com os professores, estes mostraram uma melhora sensível em
seus rendimentos. Delors observa: Os meios de vida, de estudos, por onde circulam
os aprendizes são tão importantes quanto às atividades educacionais que abrigam.
Sua influência deve-se ao fato de que eles são desigualmente motivadores,
diferentemente estimulantes e mais ou menos propícios a aprendizagens
significativas. A cultura da instituição, da família e da sociedade é igualmente um
fator de ensino. (DELORS, 2005, p. 196)
Convém ressaltar ainda que o desenvolvimento e a aprendizagem da
criança segundo Vygotsky (1998) se dão a partir de princípios fundamentais como: o
indivíduo tem que estar pronto para aprender; o desenvolvimento leva a
aprendizagem e vice-versa; desenvolvimento e aprendizagem são simultâneos.

Questionando a ligação estreita entre desenvolvimento e aprendizagem,


Vygotsky nos mostra a capacidade do ser humano em entender e utilizar linguagens,
descartando o fato de que inteligência é resultado daquilo que já foi aprendido
anteriormente. Considerando o que aqui foi exposto, pensa-se que o
desenvolvimento e ensino-aprendizagem deveriam fazer parte do conhecimento de
todo profissional da educação, visto que, são propostas altamente desafiadoras as
quais implicam um trabalho amplo de todos. Neste contexto os inúmeros fatores que
desencadeiam o baixo desempenho escolar, isto é, todos os professores, deveriam
ter um mínimo de conhecimento sobre como se dá o desenvolvimento humano e
como acontece a aprendizagem nas crianças desta faixa etária. Importante também
que os pais sejam esclarecidos sobres estas questões, visto que, também são
educadores.
5.1 A FUNÇÃO DA FAMÍLIA
A família se modifica através da história, mas continua sendo um sistema
de vínculos afetivos onde se dá todo o processo de humanização do indivíduo. Um
ambiente familiar estável e afetivo parece contribuir de forma positiva para o bom
desempenho escolar da criança. Um lar deficiente, mal estruturado social e
economicamente, tende a favorecer o mau desempenho escolar das crianças. Sabe-
se que, quando algo não vai bem ao ambiente familiar, o escolar será também de
certa forma afetado.
Desta forma, percebe-se que a grande maioria das dificuldades
apresentadas pelas crianças é proveniente de problemas familiares. Isso ficou claro,
quando das conversas com os pais e seus filhos no decorrer de nosso trabalho.

“Por falta de um contato mais próximo e afetuoso, surgem as


condutas caóticas e desordenadas, que se reflete em casa e
quase sempre, também na escola em termos de indisciplina e
de baixo rendimento escolar”. (MALDON ADO, 1997 , p. 11).

Percebe-se desta forma que a família possui papel decisivo na educação


formal e informal, pois, além de refletir os problemas da sociedade, absorve valores
éticos e humanitários e aprofunda os laços de solidariedade. Portanto, é
indispensável à participação da família na vida escolar dos filhos, pois crianças que
percebem que seus pais e/ou responsáveis estão acompanhando de perto tudo o
que está acontecendo, que estão verificando o rendimento escolar – perguntando
como foram as aulas, questionando as tarefas etc. – tendem a se sentir mais segura
e, em consequência dessas atitudes por parte da família, apresentam melhor
desempenho nas atividades escolares.
Sendo assim, é indispensável que a família esteja em harmonia com a
instituição, uma vez que a relação harmoniosa só pode enriquecer e facilitar o
desempenho educacional das crianças. ESTEVES (1999) assegura que a família
renunciou às suas responsabilidades no âmbito educativo, passando a exigir que a
escola ocupe o vazio que eles não podem preencher. Sendo assim, o que se vê hoje
são crianças chegando à escola e desenvolvendo suas atividades escolares sem
qualquer apoio familiar.

Os pais são fundamentais na avaliação dos professores, pois


percepcionam através do comportamento e da avaliação que os seus educandos
fazem da escola e dos professores.

O professor é um adulto importante na vida da criança e constitui também


uma importante fonte de informação e do funcionamento adaptativo das crianças,
pois é na escola que: podem ocorrer certos problemas que não se manifestam
noutro ambiente; e as aptidões escolares e académicas são importantes requisitos
para um desenvolvimento bem sucedido na nossa sociedade.

Como nos refere Knallinsky (2001, 2003) existem obstáculos e


inconvenientes que podem impedir que exista uma participação efetiva e serem
fonte de conflitos: a linguagem e a formação dos pais e dos professores que se
traduzem em falta de preparação e incompetência.

No entanto, a presença de conflitos pode não constituir obstáculo e


resolver-se positivamente quando se tem dinamismo e criatividade. O mais
importante é encontrar a forma de se realizar um trabalho conjunto em que todos
sejam implicados no projeto comum e que também envolva a comunidade educativa.

O nosso primeiro olhar deve focar as famílias mais desfavorecidas, sem


preconceitos e sem as marginalizar, desenvolvendo esforços conjuntos de diálogo e
de cooperação, e valorizando os pequenos gestos de participação. Numa segunda
fase, deve também valorizar e quantificar esta participação, na carreira profissional
de todos os pais.
Cabe à escola e à sociedade apoiarem devidamente, permitindo que mais
alunos cheguem ao fim da escolaridade obrigatória. Reconhecer a diferença como
um valor e integrá-lo na nossa conduta no dia a dia, de forma a conseguir
transformar a sociedade onde vivemos numa sociedade melhor, com pessoas cada
vez melhores nas diferentes dimensões, pessoal, afetiva e cognitiva.

5.2 A ESCOLA

As mudanças pelas quais a sociedade tem passado atualmente em


decorrência de aceleradas informações, os grandes avanços tecnológicos e tantos
outros fatores já mencionados no decorrer deste estudo, tem repercutido na
estrutura da família e consequentemente da escola. Portanto, faz-se necessário
também voltar nossa atenção para a escola que, apesar das mudanças, continua
exercendo a função de transmitir conhecimentos científicos.

Entretanto, a escola tem encontrado dificuldades em assimilar as


mudanças sociais e familiares e incorporar as novas tarefas que a ela têm sido
delegadas, embora isso não seja um processo recente. No entanto, a escola precisa
ser pensada como um caminho entre a família e a sociedade, pois tanto a família
quanto a sociedade voltam seus olhares exigentes sobre ela. A escola é para a
sociedade uma extensão da família, porque é através dela que a sociedade
consegue influência para desenvolver e formar cidadãos críticos e conscientes.

Na verdade, encontrar formas de interagir com as famílias e comunidade


de modo a favorecer um trabalho conveniente e propício a todos se constitui num
grande desafio para a escola. Diante dessas premissas, percebe-se que o papel da
escola supera a condição de mera transmissora de conhecimentos. Lembrando
SYMANSKY (2001), o papel da escola na contribuição do sujeito, quer em seu
desenvolvimento pessoal ou emocional é primordial.
Sendo assim, faz-se necessário que a escola repense sua prática
pedagógica para melhor atender a singularidade de seus alunos, o que a obriga a
uma parceria com a família, de forma a atingir seus objetivos educativos. É
importante que a escola busque estreitar suas relações com a família em nome do
bem estar do aluno.

Ficou claro durante a implementação do projeto que, para maior fluência


desses objetivos, a escola necessita da participação efetiva da família. Por outro
lado, a família também se sente mais segura quando é orientada mais de perto
pelos profissionais da escola. A exemplo disso, disse-nos um pai: saber que os
professores tem essa preocupação com minha filha, me deixa mais tranquilo e me
estimula a estar mais presente na vida dela, tanto em casa como na escola. (M. P.
S.)

As responsabilidades da escola hoje vão além de simples transmissora de


conhecimento científico. Sua função é muito mais ampla e profunda. Tem como
tarefa árdua, educar a criança para que ela tenha uma vida plena e realizada, além
de formar o profissional, contribuindo assim para melhoria da sociedade em questão.
Como afirma TORRES: [...] uma das funções sociais da escola é preparar o cidadão
para o exercício da cidadania vivendo como profissional e cidadão. (TORRES, 2008.
p. 29). O que quer dizer que a escola tem como função social democratizar
conhecimentos e formar cidadãos participativos e atuantes.
6. A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO FAMÍLIA/ESCOLA

Vida familiar e vida escolar perpassam por caminhos concomitantes. É


quase impossível separar aluno/filho, por isto, quanto maior o fortalecimento dessa
relação família/escola, tanto melhor será o desempenho escolar desses
filhos/alunos.

Nesse sentido, é importante que família e escola saibam aproveitar os


benefícios desse estreitamento de relações, pois isto irá resultar em princípios
facilitadores da aprendizagem e formação social da criança.

[...] tanto a família quanto a escola desejam a mesma coisa:


preparar as crianças para o mundo; no entanto, a família tem
suas particularidades que a diferenciam da escola, e suas
necessidades que a aproximam dessa mesma instituição. A
escola tem sua metodologia e filosofia para educar uma
criança, no entanto ela necessita da família para concretizar o
seu projeto educativo. (PAROLIM, 2003, p. 99)

Em vista disso, é que destacamos a necessidade de uma parceria entre


Família e Escola, visto que, apesar de cada uma apresentar valores e objetivos
próprios no que se refere à educação de uma criança, necessita uma da outra e,
quanto maior for à diferença maior será a necessidade de relacionar-se. Essas
diferenças e necessidades ficaram evidentes durante as entrevistas e reuniões
realizadas com as famílias para a realização deste trabalho. Porém, é importante
ressaltar que nem a escola e nem a família precisam modificar a forma de se
organizarem, basta que estejam abertos à troca de experiências mediante uma
parceria significativa.

A escola não funciona isoladamente, faz-se necessário que cada um


dentro da sua função, trabalhe buscando atingir uma construção coletiva,
contribuindo assim, para a melhoria do desempenho escolar das crianças.
Reiterando a importância dessa parceria através do Projeto Relação Família/Escola
e o Desempenho Escolar, alguns professores se manifestam levantando a
importância do bom relacionamento entre a escola e a família, não só para o bom
desempenho escolar das crianças, mas também para que o trabalho do professor
seja mais produtivo. Nesse sentido, para os professores, é fundamental conhecer os
pais e os pais igualmente conhecerem a escola e os professores de seus filhos.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Evidenciou-se após a realização de toda revisão bibliográfica aqui citada e a
implementação do projeto, o quanto é importante e benéfica à relação
Família/Escola
no processo educativo da criança. Tanto a família quanto a escola são referenciais
que embasam o bom desempenho escolar, portanto, quanto melhor for o
relacionamento entre estas duas instituições mais positivo será esse desempenho.
Todavia, a participação da família na educação formal dos filhos precisa ser
constante e consciente, pois vida familiar e vida escolar se complementam. Com
base nos depoimentos de pais e professores acreditamos que o desempenho
escolar das crianças melhorará a partir do bom relacionamento entre família e
escola.
A família, em consonância com a escola e vice-versa, são peças
fundamentais para o pleno desenvolvimento da criança e consequentemente são
pilares imprescindíveis no desempenho escolar. Entretanto, para conhecer a família
é necessário que a escola abra suas portas, intensificando e garantindo sua
permanência.
O projeto Relação Família/Escola garante essa permanência através de
reuniões mais interessantes e motivadoras. Essas reuniões permitiram às famílias
compreenderem a necessidade de estimularem os filhos para levar mais a sério a
escola. Compreenderam também que não precisam esperar serem chamados para
comparecerem à escola e que incentivando os filhos a fazerem o dever de casa
estão favorecendo o bom desempenho escolar dos mesmos.
Porém, não existe uma fórmula mágica para se efetivar a relação
família/escola, pois, cada família, cada escola vive uma realidade diferente.
Igualmente, a interação família/escola se faz necessário para que ambas conheçam
suas realidades e construam coletivamente uma relação de diálogo mútuo,
buscando meios para que se concretize essa parceria, apesar das dificuldades e
diversidades que as envolvem. O diálogo promove uma maior aproximação e pode
ser o começo de uma grande mudança no relacionamento entre a Família e a
Escola.

BIBLIOGRAFIA

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KALOUSTIAN, S.M. (org.) Família brasileira, a base de tudo. Brasília: UNICEF,


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MEC/SECADI. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação


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PAROLIM, Isabel. As dificuldades de aprendizagem e as relações familiares .


Fortaleza, 2003

PIAGET, Jean. Para onde vai à educação? Rio de Janeiro: José Olímpio, 2007.

PIAGET, J. Seis estudos de Psicologia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1984.

VYGOTSKY, L. S. A Formação social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1998.


O texto final foi fundamentado nas ideias e conclusões de alguns autores como:
Dóron (1998) Freire (1997), Férnandez (1991), Gadotti (1999), Placco (2002), Pilleti
(1999), Rego (1996), Silva (2010), Tassoni (s.d.) e Zibermam (2000)

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