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As reações químicas têm como base a procura de novos materiais que tenham uso na nossa
sociedade, melhorando os já existentes ou como meio de perceberem os segredos e os
mecanismos destas reações. Reproduzir em laboratório aquilo que a Natureza produz ou
criar aquilo que não existe na Natureza é sintetizar. As sínteses laboratoriais procuram a
obtenção de novos produtos com as suas propriedades mais acentuadas, mais concentradas
ou compostos com propriedades inexistentes ou ainda produtos em quantidades superiores
àquelas que são possíveis extrair da natureza. Nesse sentido, podemos afirmar que a síntese
está presente em toda a nossa vida pois revolucionou o mundo ao permitir a produção em
massa de compostos muito mais potentes dos que estão presentes na Natureza.
O ácido acetilsalicílico, Aspirina ou AAS, é um dos fármacos mais populares e a sua história
teve início há mais de 3.500 anos, quando se verificou que o pó extraído da casca e das
folhas do salgueiro era capaz de aliviar as dores e diminuir a inflamação. Somente anos
depois é que se descobriu que estes efeitos se devem a uma substância à qual deram o
nome de salicina, devido ao nome em latim para o salgueiro branco (Salix alba). Da salicilina
obteve-se o ácido salicílico, que representou na altura um sucesso no combate às dores e à
inflamação, mas que tinha um sabor bastante amargo e causava dores de estômago
intensas. A descoberta do AAS deu-se em 1897, quando o químico alemão Felix Hoffmann
procurava uma alternativa ao ácido salicílico que fosse melhor tolerada pelos doentes, pois
o seu pai sofria de reumatismo crónico que combatia diariamente com ácido salicílico, o que
lhe causava sérios efeitos secundários. Assim surgiu o AAS. Além de fazer história por ser o
primeiro composto sintetizado em laboratório, o AAS foi o primeiro medicamento a ser
vendido em comprimidos, tendo menos efeitos colaterais e diversos usos. Dois anos depois
da sua descoberta, o AAS foi lançado no mercado alemão sob a marca registrada de Aspirina
que, em 1950, apareceu no recorde do Guinness, como o analgésico mais vendido do
mundo.
Esta síntese teve como objetivo obter o ácido acetilsalicílico, que é sólido branco com
cristais em forma de escamas ou agulhas quando puro. É insolúvel em água fria, mas solúvel
em água quente e etanol. A reação deve ser conduzida a temperatura moderadamente
elevada, para aumentar a velocidade e na presença de um ácido, sulfúrico ou fosfórico, que
atua como catalisador (substância que não participa na reação mas aumenta a sua
velocidade). A síntese do ácido acetilsalicílico, que atualmente se realiza em laboratório,
segue um mecanismo semelhante ao que foi realizado pela primeira vez, há mais de cem
anos: consiste numa reação de esterificação do grupo –OH do ácido salicílico com o anidrido
acético, usando um ácido como catalisador da reação.
Equação química da reação do ácido salicílico com o anidrido acético.