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Guia de Orientação – Avaliação

Psicossocial no contexto da saúde e


segurança da(o/e) trabalhador(a/e)
Orientação da COF
Qual profissional pode fazer a avaliação psicossocial?

O Conselho Federal de Psicologia (CFP), por meio da Resolução CFP nº


02/2022, regulamenta essa atividade da(o/e) Psicóloga(o/e), e define a
avaliação psicossocial no contexto da saúde e segurança da(o/e)
trabalhador(a/e) como um processo de investigação e análise de características
psicológicas, do trabalho e do ambiente organizacional que influenciam ou
interferem negativamente na saúde psicológica, na integridade da(o)
trabalhador(a/e) e na sua capacidade de realização da atividade laboral.

A avaliação psicossocial deve ser realizada por Psicóloga(o/e) ou Psiquiatra


qualificada(o/e) para esse trabalho, e que seja familiarizada(o/e) com questões
ocupacionais. Quando realizada por Psicólogas(os/es), ela é composta por
instrumentos como entrevistas, testes psicológicos, questionários de avaliação
psicossocial, entre outros, objetivando investigar fatores individuais e
organizacionais que podem afetar a saúde da(o/e) trabalhador(a/e) em relação
aos aspectos psicossociais.

A avaliação deve seguir o previsto pela Resolução CFP nº 09 de 2018 – que


estabelece diretrizes para a realização de avaliação psicológica no exercício
profissional da psicóloga e do psicólogo, regulamenta o Sistema de Avaliação
de Testes Psicológicos (SATEPSI), e revoga as Resoluções n° 02/2003, nº
06/2004, n° 05/2012 e Notas Técnicas n° 01/2017 e 02/2017. Já a necessidade
de indicação de exames físicos deve partir da(o/e) médica(o/e)
coordenadora(o/e) do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
(PCMSO) da empresa.

É importante notar que as avaliações devem ser realizadas periodicamente,


considerando a natureza dinâmica e não cristalizada do ser humano. Ou seja,
mesmo que a(o/e) trabalhador(a/e) tenha sido contratada(o/e) em condições
adequadas de saúde física e mental, poderá apresentar, ao longo do tempo,
fatores que podem comprometer suas atividades laborais e sociais, saúde
física e mental, reforçando, assim, a necessidade das reavaliações periódicas.

Todas as Normas Regulamentadoras exigem uma avaliação psicossocial?

Não. Apenas algumas NRs exigem obrigatoriamente uma avaliação


psicossocial, pois os riscos inerentes ao trabalho em determinados ambientes
podem colocar funcionárias(os/es) em condições extremas, comprometendo as
respostas cognitivas, comportamentais e emocionais.

Até o momento, é obrigatória a avaliação psicossocial:

 NR – 11 Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais


 NR – 20 Segurança e Saúde no Trabalho com Inflamáveis e Combustíveis
 NR – 33 Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados
 NR – 34 Condições em Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção,
Reparação e Desmonte Naval
 NR – 35 Trabalho em Altura
 NR – 37 Segurança e Saúde em Plataformas de Petróleo
Sou Psicóloga(o/e) e fui requisitada(o/e) para fazer uma avaliação
psicossocial no contexto da saúde e segurança da(o/e) trabalhador(a/e). O
que devo saber?

Por meio da Resolução CFP nº 02/2022, o Conselho Federal de Psicologia


(CFP) regulamenta normas e procedimentos para a avaliação psicossocial no
contexto da saúde e segurança da(o/e) trabalhador(a/e), em atendimento às
Normas Regulamentadoras emitidas pela Secretaria de Trabalho do Ministério
da Economia ou órgão correlato, com vistas a promover a segurança e a saúde
das(os/es) trabalhadoras(es) e das pessoas envolvidas no processo das
atividades laborativas.

A citada Resolução resolve:

§ 1º Para efeito desta Resolução, a avaliação psicossocial conduzida


pela psicóloga e pelo psicólogo, em atendimento às normas
regulamentadoras emitidas pela Secretaria de Trabalho do Ministério da
Economia ou órgão correlato, é definida como um processo de investigação e
análise de características psicológicas, do trabalho e do ambiente
organizacional que influenciam ou interfiram negativamente na saúde
psicológica, na integridade do trabalhador e na sua capacidade de
realização da atividade laboral.

§ 2º A avaliação psicossocial, em atendimento às normas regulamentadoras


emitidas pela Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia ou órgão
correlato, será realizada em exames admissionais, periódicos, de retorno ao
trabalho, de mudança de função e demissionais, em consonância com as
normas do Conselho Federal de Psicologia e demais normas técnicas
nacionais e internacionais que abordam o assunto.

A avaliação psicossocial compreende aspectos comportamentais e de perfil


psicológico do indivíduo, identificando fatores pessoais que possam contribuir
para a ocorrência de atos inseguros e acidentes no ambiente de trabalho, tendo
seu foco na estrutura psíquica da(o/e) profissional que irá atuar nas áreas de
riscos previstos nas normas regulamentadoras. Além disso, visa diminuir ou
eliminar a possibilidade de incidentes provocados por um estado psicológico
que possa interferir na segurança da(o/e) trabalhador(a/e).

O processo de avaliação psicossocial, em atendimento às Normas


Regulamentadoras emitidas pela Secretaria de Trabalho do Ministério da
Economia ou órgão correlato, deve contemplar informações direta ou
indiretamente coletadas sobre a saúde geral da(o/e) colaborador(a/e),
satisfação com sua atividade laboral, aspectos motivacionais, necessidades,
vulnerabilidade ao estresse no trabalho, organização do trabalho, apoio
familiar e social, entre outros, além de aspectos relacionados com o trabalho,
ambiente, e gestão.

De acordo com a Resolução CFP nº 02/2022, na avaliação psicossocial, a(o/e)


Psicóloga(o/e) deve considerar a investigação dos seguintes aspectos:

I – as características pessoais, psicológicas, ocupacionais e sociais do


trabalhador;

II – as características da atividade de trabalho, as do ambiente de trabalho e


as das condições necessárias à sua realização, inclusive para atividades
remotas, que devem ter como referência os documentos nacionais e
internacionais que dispõem sobre funcionalidade e doenças;

III – as características da gestão do trabalho e dos controles preventivos em


saúde e segurança do trabalhador.

Ainda, a Resolução citada determina que deverão ser observados, em todas as


etapas, aspectos que podem influenciar o processo de avaliação psicossocial,
como:

I – ciclo de sono e vigília;

II – uso de medicações;

III – uso de álcool, tabaco e outras substâncias psicoativas;

IV – interferências externas ao trabalho de avaliação realizado pela


psicóloga e psicólogo.

Art. 3º A avaliação psicossocial, em atendimento às normas


regulamentadoras emitidas pela Secretaria de Trabalho do Ministério da
Economia ou órgão correlato, deverá ser realizada em ambiente privativo,
adequado em termos acústicos, de climatização, iluminação, ventilação e
livre de interferências que possam prejudicar o processo.
Parágrafo único – A avaliação psicossocial deverá ser individual, e incluir
informações direta ou indiretamente coletadas sobre o trabalho, ambiente e
gestão.

Ressalta-se que a avaliação psicossocial no contexto da saúde e segurança


da(o/e) trabalhador(a/e) deve ter um resultado conclusivo, de modo a subsidiar
decisões relacionadas ao contexto de trabalho, assim como contribuir em
ações de prevenção e controle de acidentes e doenças ocupacionais.

A metodologia aplicada é de autonomia da(o/e) Psicóloga(o/e), que deve


decidir quais aspectos individuais e coletivos do trabalho, ambiente e gestão
serão avaliados, assim como os instrumentos adequados à avaliação, de
acordo com a Resolução CFP nº 06, de 29 de março de 2019, Resolução CFP
nº 09, de 25 de abril de 2018 e Resolução CFP nº 10, de 21 de julho de 2005,
Código de Ética Profissional do Psicólogo, e Resolução CFP nº 02/2022.

Além disso, a Resolução CFP nº 02/2022, em seu artigo 5º, indica que a
avaliação psicossocial de pessoas com deficiência, em atendimento às Normas
Regulamentadoras emitidas pela Secretaria de Trabalho do Ministério da
Economia ou órgão correlato, deve ser realizada considerando as
funcionalidades e potencialidades da(o/e) avaliada(o/e), possíveis barreiras
ambientais e demais limitações e restrições à realização do trabalho.

A avaliação psicossocial no contexto da saúde e segurança da(o/e)


trabalhador(a/e) é um tipo de avaliação psicológica?

A Resolução CFP nº 02/2022 define a avaliação psicossocial no contexto da


saúde e segurança da(o/e) trabalhador(a/e) como um processo de investigação
e análise de características psicológicas, do trabalho e do ambiente
organizacional que influenciam ou interfiram negativamente na saúde
psicológica, na integridade da(o/e) trabalhador(a/e) e na sua capacidade de
realização da atividade laboral, devendo ser realizada em exames
admissionais, periódicos, de retorno ao trabalho, de mudança de função e
demissionais.

Compreende-se que é um processo de avaliação psicológica, devendo a(o/e)


Psicóloga(o/e) tomar todos os cuidados legais e éticos vigentes:

Art. 3º A avaliação psicossocial, em atendimento às normas


regulamentadoras emitidas pela Secretaria de Trabalho do Ministério da
Economia ou órgão correlato, deverá ser realizada em ambiente privativo,
adequado em termos acústicos, de climatização, iluminação, ventilação e
livre de interferências que possam prejudicar o processo.
Parágrafo único – A avaliação psicossocial deverá ser individual, e incluir
informações direta ou indiretamente coletadas sobre o trabalho, ambiente e
gestão (Resolução CFP nº 02/2022).

Como toda a avaliação psicológica realizada por Psicólogas(os/es), é


necessário que o processo esteja de acordo com as normativas vigentes, em
especial:

 Resolução CFP nº 10, de 2005 – resolve o Código de Ética Profissional do


Psicólogo (CEPP);
 Resolução CFP nº 09 de 2018 – estabelece diretrizes para a realização de
Avaliação Psicológica no exercício profissional da psicóloga e do psicólogo,
regulamenta o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI) e
revoga as Resoluções n° 02/2003, nº 06/2004 e n° 05/2012 e Notas Técnicas n°
01/2017 e nº 02/2017;
 Resolução CFP nº 06 de 2019 – orienta sobre elaboração de documentos escritos
produzidos pela(o) psicóloga(o) no exercício profissional;
 Resolução CFP nº 02/2022 – regulamenta normas e procedimentos para a
avaliação psicossocial no contexto da saúde e segurança do trabalhador, em
atendimento às normas regulamentadoras emitidas pela Secretaria de Trabalho
do Ministério da Economia ou órgão correlato.
A Resolução CFP nº 02/2022, em seu artigo 5º, indica, ainda, que a avaliação
psicossocial de pessoas com deficiência deve ser realizada considerando as
funcionalidades e potencialidades da(o/e) avaliada(o/e), possíveis barreiras
ambientais e demais limitações e restrições à realização do trabalho, em
atendimento às Normas Regulamentadoras emitidas pela Secretaria de
Trabalho do Ministério da Economia ou órgão correlato.

Para mais informações, acesse o tópico Avaliação Psicológica.

Quem contrata o serviço da(o/e) Psicóloga(o/e)? A empresa ou a(o/e)


trabalhador(a/e)?

A empresa. Todas as empresas devem, obrigatoriamente, seguir as Normas


Regulamentadoras para atuar dentro da legalidade. Isso inclui empresas
privadas e públicas, órgãos públicos da administração direta e indireta, e
também os órgãos dos poderes legislativo e judiciário.

Ressaltamos, contudo, que a Resolução CFP nº 06/2019 aponta para a


obrigatoriedade da entrevista devolutiva no final do processo de qualquer
avaliação psicológica. Assim, a pessoa avaliada possui o direito de receber
informações e documento referente à respectiva avaliação psicossocial.

É preciso ter especialização para ofertar o serviço de avaliação


psicossocial?
Não é estabelecida, por parte do Conselho Federal de Psicologia (CFP), a
obrigatoriedade de especialização da(o/e) profissional para realizar a avaliação
psicossocial no contexto da saúde e segurança da(o/e) trabalhador(a/e). A
graduação em Psicologia é generalista, na medida em que possibilita à(ao/e)
profissional que atue em qualquer área da Psicologia. Entretanto, dentro de
sua autonomia profissional, a(o/e) Psicóloga(o/e) deve refletir acerca de sua
qualificação pessoal/profissional ao oferecer um serviço, visando orientar sua
conduta dentro das legislações vigentes e do Código de Ética Profissional
(CEPP) – Resolução CFP nº 010/2005:

DAS RESPONSABILIDADES DO PSICÓLOGO

Art. 1º – São deveres fundamentais dos psicólogos:

b. Assumir responsabilidades profissionais somente por atividades para as


quais esteja capacitado pessoal, teórica e tecnicamente;

c. Prestar serviços psicológicos de qualidade, em condições de trabalho


dignas e apropriadas à natureza desses serviços, utilizando princípios,
conhecimentos e técnicas reconhecidamente fundamentados na ciência
psicológica, na ética e na legislação profissional (grifo nosso)

e. Estabelecer acordos de prestação de serviços que respeitem os direitos do


usuário ou beneficiário de serviços de Psicologia

Preciso manter registrado o processo de avaliação?

Sim. Conforme Resolução CFP nº 01/2009, art. 1º, é obrigatório que


a(o/e)Psicóloga(o/e) possua o registro dos serviços prestados,
independentemente da área de atuação, de ser atendimento individual ou
grupal, ou da frequência dos atendimentos.

Art. 1º. Tornar obrigatório o registro documental sobre a prestação de


serviços psicológicos que não puder ser mantido prioritariamente sob a
forma de prontuário psicológico, por razões que envolvam a restrição do
compartilhamento de informações com o usuário e/ou beneficiário do serviço
prestado.

§ 1°. O registro documental em papel ou informatizado tem caráter sigiloso e


constitui-se um conjunto de informações que tem por objetivo contemplar de
forma sucinta o trabalho prestado, a descrição e a evolução da atividade e os
procedimentos técnico-científicos adotados.

§ 2º. Deve ser mantido permanentemente atualizado e organizado pelo


psicólogo que acompanha o procedimento.
Prioritariamente, o registro é feito sob forma de prontuário. No entanto, dada a
necessidade de restringir o compartilhamento de informações, considerando o
sigilo profissional, o registro documental também poderá ser produzido,
permanecendo sob a guarda da(o/e) Psicóloga(o/e).

Para mais informações sobre prazo de guarda dos documentos, acesse o


tópico Registro documental e prontuário.

Que documento devo emitir como resultado da avaliação psicossocial?

A Resolução CFP nº 02/2022, em seu artigo 9º, determina que o documento


psicológico que resultar da avaliação psicossocial, em atendimento às Normas
Regulamentadoras emitidas pela Secretaria de Trabalho do Ministério da
Economia ou órgão correlato, será o laudo psicológico.

Salienta-se que a avaliação psicossocial é uma avaliação psicológica com


objetivo definido, e os procedimentos adotados devem ser pertinentes à
complexidade do que está sendo demandado. Portanto, o seu resultado deve
ser conclusivo, de modo a subsidiar as decisões relacionadas ao trabalho.

Conforme a Resolução supracitada:

Art. 8º O resultado da avaliação psicossocial, em atendimento às normas


regulamentadoras emitidas pela Secretaria de Trabalho do Ministério da
Economia ou órgão correlato, deve ser conclusivo de modo a subsidiar
decisões relacionadas ao contexto de trabalho, assim como contribuir em
ações de prevenção e controle de acidentes e doenças ocupacionais.

Compreende-se que, por conta de sua estrutura e objetivos, somente por meio
de um laudo psicológico é possível dar sustentação e embasamento à
conclusão requerida pela avaliação psicossocial. Destaca-se a fundamental
reflexão a respeito do sigilo profissional, uma vez que, além da pessoa
avaliada, a empresa solicitante também receberá uma via do documento.

Assim, a seleção do conteúdo deve, necessariamente, partir da avaliação


técnica da(o/e) Psicóloga(o/e), a fim de não expor informações desnecessárias
em relação à pessoa avaliada, e informar apenas o que for necessário e
relevante aos propósitos do trabalho realizado.

Destaca-se que o CEPP estabelece que:

Art. 9º – É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de


proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou
organizações, a que tenha acesso no exercício profissional.
Art. 10 – Nas situações em que se configure conflito entre as exigências
decorrentes do disposto no Art. 9º e as afirmações dos princípios
fundamentais deste Código, excetuando-se os casos previstos em lei, o
psicólogo poderá decidir pela quebra de sigilo, baseando sua decisão na
busca do menor prejuízo.

Parágrafo único – Em caso de quebra do sigilo previsto no caput deste


artigo, o psicólogo deverá restringir-se a prestar as informações estritamente
necessárias.

Ressaltamos que, conforme a Nota Técnica CRP nº 05/2018, o trabalho


desenvolvido pela(o/e) Psicóloga(o/e), em qualquer campo de atuação, deverá
estar sempre embasado na ciência psicológica e na autonomia profissional. Se
por um lado esta autonomia constitui liberdade à(ao/e) profissional, por outro
exige a responsabilização pelo serviço oferecido/prestado.

A(O/E) profissional deve decidir quais procedimentos, observações e análises


serão comunicados, a depender do contexto da solicitação. Essa análise deverá
estar pautada em sua abordagem teórica e avaliação técnica, bem como nas
diretrizes, normativas e princípios éticos da profissão. Diante de dúvidas na
seleção do conteúdo a ser apresentado no documento, recomendamos a busca
de supervisão técnica como ferramenta de qualificação contínua.

A respeito das informações colhidas pela(o/e) Psicóloga(o/e) durante a


prestação do serviço, que não são cabíveis de serem apresentadas no
documento escrito, elas devem ser mantidas nos registros documentais de
acesso restrito à(ao/e) profissional. Tais conteúdos poderão ser abordados em
entrevista devolutiva diretamente com a(o/e) avaliada(o/e). Para mais
orientações, acesse o tópico Guia de Orientação – Registro Documental e
Prontuário.

A COF ressalta que a(o/e) Psicóloga(o/e), ao emitir um documento, deve


possuir fundamentação em relação às informações apresentadas, conforme
preconiza o CEPP:

Art. 2º – Ao psicólogo é vedado:

g. Emitir documentos sem fundamentação e qualidade técnico-científica;

h. Interferir na validade e fidedignidade de instrumentos e técnicas


psicológicas, adulterar seus resultados ou fazer declarações falsas;

Cabe mencionar que:


– a elaboração do Laudo Psicológico deve estar de acordo com as orientações
da Resolução CFP nº 06/2019, e esse documento deve estar fundamentado no
registro documental da(o/e) profissional;

– os protocolos e folhas respostas dos testes psicológicos não devem ser


entregues às(aos/es) usuárias(os/es) dos serviços psicológicos ou mesmo a
demais profissionais da empresa, uma vez que tais documentos constituem
registros documentais (privativos) da(o/e) profissional da Psicologia;

– a Resolução CFP nº 6/2019, em sua versão comentada, dispõe que o título


“Laudo Psicológico” deve ser usado independentemente da orientação ou
especificidade teórico-metodológica do processo. Dessa forma, se quiser,
a(o/e) Psicóloga(o/e) poderá colocar um subtítulo especificando o processo,
por exemplo, “Laudo Psicológico – Avaliação psicossocial”.

Para mais orientações em relação à elaboração do Laudo Psicológico,


recomendamos acesso aos conteúdos específicos presentes neste Guia
(documentos psicológicos), assim como as orientações da Resolução CFP nº
06/2019.

A entrevista devolutiva para a(o/e) avaliada(o/e) é obrigatória?

Sim. A Resolução CFP nº 06/2019 aponta para a obrigatoriedade da entrevista


devolutiva, no final do processo de qualquer avaliação psicológica. Nela,
a(o/e) profissional deve apresentar as informações correspondentes a quem de
direito, e, em complemento, disponibilizar o documento correspondente
quando for requisitado:

Art. 18 Para entrega do relatório e laudo psicológico, é dever da(o)


psicóloga(o) realizar ao menos uma entrevista devolutiva à pessoa, grupo,
instituição atendida ou responsáveis legais.

§ 1.º Na impossibilidade desta se realizar, a(o) psicóloga(o) deve explicitar


suas razões.

§ 2.º Nos demais documentos produzidos com base nesta resolução, é


recomendado à(ao) psicóloga(o), sempre que solicitado, realizar a entrevista
devolutiva.

A Resolução CFP 02/2022 diz, ainda, que:

§ 2º A psicóloga e o psicólogo devem realizar entrevista devolutiva do processo de


avaliação psicossocial, informar os resultados encontrados, conclusões e, quando for o
caso, possíveis encaminhamentos.
O Código de Ética Profissional do Psicólogo (CEPP, Resolução do CFP nº
010/2005) afirma:

Art. 1°- São deveres fundamentais dos psicólogos:

f) Fornecer, a quem de direito, na prestação de serviços psicológicos,


informações concernentes ao trabalho a ser realizado e ao seu objetivo
profissional;

g) Informar, a quem de direito, os resultados decorrentes da prestação de


serviços psicológicos, transmitindo somente o que for necessário para a
tomada de decisões que afetem o usuário ou beneficiário;

h) Orientar a quem de direito sobre os encaminhamentos apropriados, a


partir da prestação de serviços psicológicos, e fornecer, sempre que
solicitado, os documentos pertinentes ao bom termo do trabalho;

Sou Psicóloga(o/e) Clínica(o/e). Posso realizar avaliação psicossocial em


atenção às Normas Regulamentadoras (NRs) emitidas pela Secretaria do
Trabalho do Ministério da Economia ou órgão correlato, no contexto da
saúde e segurança da(o) trabalhador(a/e)?

As atividades desenvolvidas pela(o/e) Psicóloga(o/e) Clínica(o/e) diferem das


atividades de perícia e avaliação psicológica em sua natureza e objetivos.
A Resolução CFP n° 13/2007, que versa sobre o título profissional de
especialista em Psicologia, em seu anexo II, descreve as funções de cada
especialidade possível da(o/e) Psicóloga(o/e).

O Código de Ética do Psicólogo, Resolução CFP nº 10/2005, estabelece:

Art. 1º – São deveres fundamentais dos psicólogos:

k. Sugerir serviços de outros psicólogos, sempre que, por motivos


justificáveis, não puderem ser continuados pelo profissional que os assumiu
inicialmente, fornecendo ao seu substituto as informações necessárias à
continuidade do trabalho;

Art. 2º – Ao psicólogo é vedado:

j. Estabelecer com a pessoa atendida, familiar ou terceiro, que tenha vínculo


com o atendido, relação que possa interferir negativamente nos objetivos do
serviço prestado;

k. Ser perito, avaliador ou parecerista em situações nas quais seus vínculos


pessoais ou profissionais, atuais ou anteriores, possam afetar a qualidade do
trabalho a ser realizado ou a fidelidade aos resultados da avaliação;
Dessa forma, salienta-se a importância da atuação profissional pautada na
imparcialidade, neutralidade, isenção em relação às partes envolvidas, sigilo,
além da garantia de direitos das(os/es) usuárias(os/es), como determina o
Código de Ética do Psicólogo:

Art. 1º – São deveres fundamentais dos psicólogos:

b. Assumir responsabilidades profissionais somente por atividades para as


quais esteja capacitado pessoal, teórica e tecnicamente;

c. Prestar serviços psicológicos de qualidade, em condições de trabalho


dignas e apropriadas à natureza desses serviços, utilizando princípios,
conhecimentos e técnicas reconhecidamente fundamentados na ciência
psicológica, na ética e na legislação profissional;

e. Estabelecer acordos de prestação de serviços que respeitem os direitos do


usuário ou beneficiário de serviços de Psicologia;

Art. 9º – É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de


proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou
organizações, a que tenha acesso no exercício profissional.

Cada área de atuação em Psicologia possui sua particularidade (legal, teórica,


técnica, metodológica, ambiental, etc.). Dessa forma, a(o/e) Psicóloga(o/e),
diante de novas demandas, deverá refletir acerca do vínculo a ser estabelecido
com as(os/es) usuárias(os/es), identificando as possibilidades e limites de sua
atuação, visando garantir a qualidade do serviço e o sigilo profissional.

Caso a(o/e) Psicóloga(o/e) Clínica(o/e) já esteja atendendo uma pessoa e


receba a solicitação de um documento com a finalidade de avaliação
psicossocial no contexto das Normas Regulamentadoras, deverá estabelecer e
dialogar sobre os limites da natureza do serviço prestado. Ressaltamos que,
diante da solicitação (por alguém de direito) de um documento com
informações sobre a prestação de serviços no âmbito da Psicologia Clínica, o
documento a ser elaborado, conforme a Resolução CFP nº 06/2019, é o
Relatório Psicológico.

É facultado à(ao/e) Psicóloga(o/e) destacar, ao final do relatório, que ele não


poderá ser utilizado para fins diferentes do apontado no item de identificação,
que possui caráter sigiloso, que se trata de documento extrajudicial e que não
se responsabiliza pelo uso dado ao relatório por parte da pessoa, grupo ou
instituição, após a sua entrega em entrevista devolutiva.

Saiba mais
O que são as Normas Regulamentadoras (NRs) emitidas pela Secretaria
do Trabalho do Ministério da Economia ou órgão correlato, no contexto
da saúde e segurança da(o/e) trabalhador(a/e)?

As Normas Regulamentadoras (NRs) são disposições legais e complementares


ao capítulo V da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que definem os
procedimentos, obrigações, direitos e deveres a serem cumpridos por
empregadoras(es) e trabalhadoras(es), a fim de ampliar a proteção da saúde e
segurança de profissionais no contexto do trabalho.

As empresas que contratam sob o regime da CLT devem, obrigatoriamente,


seguir as Normas Regulamentadoras para atuar dentro da legalidade. Isso
inclui empresas privadas e públicas, órgãos públicos da administração direta e
indireta, e também os órgãos dos poderes Legislativo e Judiciário. Tanto as
empresas como as(os/es) empregadas(os/es) são responsáveis pelo
cumprimento das NRs.

As primeiras NRs foram publicadas em 1978, ao passo que as demais foram


criadas ao longo do tempo. Cada uma possui seus próprios parâmetros de
regulamentação e exigências, visando assegurar a prevenção de acidentes e
doenças provocadas ou agravadas pelo trabalho, além da segurança e saúde de
trabalhadoras(es) em serviços laborais e segmentos econômicos específicos.

Os principais objetivos das NRs são:

 instruir empregadas(os/es) e empregadoras(es) a respeito das devidas precauções


que devem ser tomadas, a fim de evitar acidentes de trabalho ou doenças
ocupacionais;
 estabelecer regras, parâmetros mínimos e instruções que irão conduzir o trabalho
de funcionárias(os/es);
 preservar e promover a integridade física de trabalhadoras(es), criando
ambientes mais seguros de atuação;
 estabelecer a regulamentação da legislação pertinente à segurança e medicina do
trabalho; e
 instituir e promover políticas de segurança e saúde do trabalho dentro das
empresas.
Com a extinção do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em 2019, as
NRs passaram a ser de responsabilidade do Ministério da Economia, do
Ministério da Cidadania e do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Juntos, eles fiscalizam e alteram as NRs na comissão tripartite de saúde e
segurança no trabalho, formada por representantes do Governo, das áreas de
Previdência Social, Trabalho e Emprego e Saúde, além de representantes de
trabalhadoras(es) e empregadoras(es).

Constantemente, as NRs passam por alterações em função do avanço da


tecnologia, dos novos métodos e das mudanças nas relações de trabalho. De
modo geral, cada mudança contempla aspectos indispensáveis de proteção
à(ao/e) trabalhador(a/e) e impulsiona responsáveis a ampliarem suas
qualificações para o atendimento das regulamentações.Para mais informações,
acesse o site da Secretaria do Trabalho do Ministério da Economia.

https://crppr.org.br/guia-de-orientacao-avaliacao-psicossocial-no-contexto-da-saude-e-
seguranca-dao-e-trabalhadora-e/

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