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PSICOEDUCAÇÃO

O que é a depressão?
Muitas vezes ouvimos pessoas dizerem durante um dia ruim que estão se sentindo
“deprimidas”, entretanto a depressão como condição grave de saúde mental não se
resume somente ao sentimento de tristeza ou apatia. A tristeza é passageira, sendo
muitas vezes consequência de um fator adverso da vida, uma perda, um
desapontamento, uma lembrança de algo ruim que aconteceu ou mesmo um pensamento
não adequado que ativamos de forma automática.
A depressão é um quadro complexo, que envolve fatores genéticos, psicológicos e
ambientais em sua origem. Uma pessoa que apresenta depressão expressa sensações de
abatimento, tristeza, irritação e/ou vazio, mas não somente isso. Além de afetar o
humor, a depressão interfere nos pensamentos, no comportamento e nas reações físicas.
Pode, por exemplo, afetar (APA, 2014):
 o sono, com insônia ou sono excessivo;
 a alimentação, com perda ou aumento do apetite, causando ganho ou perda de
peso;
 as atividades de rotina, com a perda do interesse ou do prazer nas coisas do dia a
dia, podendo diminuir inclusive o desejo sexual;
 A energia, com cansaço físico e/ou mental;
 a capacidade de concentração e de tomar decisões, diminuindo a atenção e
causando falhas de memória;
 o conteúdo dos pensamentos, com foco exagerado em aspectos negativos,
gerando sensações injustificadas de inutilidade, desvalorização e culpa. Em
casos extremos pode até mesmo desencadear idéias sobre suicídio ou de que
seria melhor morrer do que estar vivo.
A depressão é uma condição psiquiátrica muito frequente. Estudos recentes mostram
que 10% a 25% das pessoas que procuram atendimento médico e psicológico
apresentam sintomas depressivos. Além disso, a depressão causa sérios transtornos à
vida da pessoa e daquelas que convivem com ela (APA, 2014). A pessoa com depressão
pode muitas vezes ser tratada de forma inadequada/preconceituosa por pessoas
próximas, da família e no ambiente de trabalho, podendo ser julgada inadequadamente
como sendo preguiçosa, desajustada ou irresponsável em função de suas dificuldades.
Sofrer de depressão não é um sinal de fraqueza ou uma condição que se possa
facilmente reverter tão somente pela própria força de vontade. A pessoa com depressão,
na maior parte das vezes, precisa de ajuda para conseguir reagir, enfrentar o problema e
ter uma melhora significativa.

Como os meus pensamentos influenciam na depressão?


De acordo com a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), a nossa interpretação
sobre uma situação vivida influencia diretamente no que sentimos, em como agimos e
em nossas reações corporais.
Quando uma pessoa vivência um quadro depressivo, tem uma maior tendência de
avaliar as situações de uma forma negativista e pessimista, em geral irrealista. Nesse
caso, vivencia-se emoções desconfortáveis desnecessariamente e tende-se a expressar
comportamentos desadaptativos que podem trazer prejuízos.
Os modos distorcidos de pensar costumam envolver um ou mais dos seguintes temas:
• Interpretações sobre os acontecimentos:
É comum que o indivíduo com depressão tenha reações de irritação diante de uma
situação adversa que não o aborrecería caso não estivesse deprimido. Além disso,
quando algo de ruim acontece em um determinado contexto, o indivíduo com depressão
tende a pensar que em situações semelhantes o desfecho seria igualmente ruim. A
mesma lógica não se observa diante de um cenário onde algo bom acontece, pelo
contrário, o indivíduo que sofre com depressão pode ignorar ou minimizar
acontecimentos bons (Seligman, 2007).
• Interpretações sobre a dimensão tempo:
As pessoas com maior tendência à depressão podem desistir, ou nem tentar enfrentar um
desafio, em função de acreditar que as causas dos acontecimentos indesejáveis serão
permanentes e afetarão tudo o que fizerem (Seligman, 2007).
• Interpretações negativas sobre a responsabilidade – autoavaliação excessivamente
ruim:
As pessoas com depressão costumam atribuir a si mesmas, de forma não adequada, a
maior parte da responsabilidade (culpa) pelas coisas ruins que acontecem. Além disso,
tendem a repetir internamente para si mesmas seus “fracassos”.
A TCC pode ajudar na identificação os pensamentos que geram sentimentos
desconfortáveis e comportamentos prejudiciais consequentes, além de contribuir para o
entendimento das razões pelas quais costumamos pensar da maneira como pensamos. E
possível questionar os pensamentos a ponto de modificá-los, caso estes não se
sustentem por argumentos lógicos e fatos observáveis (Hawton, 1997).
Ao conseguir desenvolver pensamentos mais realistas frente às situações vivenciadas, é
possível reduzir a intensidade de sentimentos desconfortáveis, ou mesmo ter
sentimentos diferentes e, por conseguinte, reações comportamentais menos prejudiciais
(Hawton 1997).

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