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PNA – Prova Nacional de Acesso

Simulação - 26/10/2020
Parte I

1. Um homem de 40 anos de idade recorre ao serviço de urgência por queixas de dor que surgem
«por detrás» do seu olho esquerdo. Descreve que a dor tem uma intensidade de 8 pontos
numa escala de 10 pontos, como se fosse uma facada e que o acordou durante a noite. O
doente refere «acordei a meio da noite com esta dor, vinte minutos depois já estava melhor e
voltei a adormecer, não tardou e voltei a acordar com a dor, aí tomei um ubuprofeno, mas
não passou». Refere ainda que uns meses antes teve episódios semelhantes, com dores
diárias, embora menos intensas, que desapareceram ao fim de duas semanas. Quando
questionado menciona congestão nasal exuberante e nega febre, alteração da visão, náusea
ou vómitos associados. Nos antecedentes pessoais destaca-se sinusite, que agudiza na
primavera, tratada com cetirizina em SOS. Não apresenta outros antecedentes de relevo. Os
antecedentes familiares revelaram que a filha de 15 anos e a mãe de 60 anos têm enxaqueca.
Os sinais vitais são temperatura auricular 37°C, frequência cardíaca 90/min e pressão arterial
110/75 mm Hg. Ao exame físico encontra-se agitado devido à dor. Apresenta ligeira ptose à
esquerda, estando o mesmo olho miótico. Ao exame neurológico a força muscular é simétrica
bilateralmente nas extremidades e não tem défices sensitivos. Os reflexos osteotendinosos
são normais.

Qual dos seguintes diagnósticos é o mais provável?

(A) Sinusite aguda.


(B) Cefaleia tensional.
(C) Cefaleia em salvas.
(D) Neuralgia trigeminal.
(E) Enxaqueca sem aura.

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2. Uma mulher caucasiana de 58 anos de idade recorre ao serviço de urgência por disfagia com
três semanas de evolução. Tem dificuldade na deglutição particularmente de alimentos
sólidos que melhora se os fizer acompanhar da ingestão de líquidos. Refere ainda perda de
peso. Mais recentemente, queixa-se de «deixar de sentir os dedos» de forma intermitente.
Nega anorexia ou diminuição da ingesta alimentar. Nos antecedentes pessoais destaca-se
hipertensão arterial medicada com lisinopril. Está medicada ainda com um colírio prescrito
pelo oftalmologista cujo nome não sabe especificar. Os sinais vitais são temperatura
timpânica 36,5°C, frequência cardíaca 90/min e pressão arterial 156/89 mm Hg. Ao exame
objetivo apresenta-se com mucosas coradas, mas desidratadas. A auscultação cardíaca revela
sons presentes, rítmicos e regulares, sem extrassons nem sopros. A auscultação pulmonar
evidencia um murmúrio vesicular simétrico bilateralmente, sem ruídos adventícios. O
abdómen é mole e depressível, indolor à palpação superficial e profunda, sem massas ou
organomegalias.

Qual dos seguintes é o exame de diagnóstico adicional mais adequado?

(A) Biópsia das glândulas salivares.


(B) Capilaroscopia.
(C) Manometria esofágica.
(D) «Teste do Gelo».
(E) Endoscopia digestiva alta.

3. Um menino de 8 anos de idade é trazido ao serviço de urgência pelo pai por dor no ouvido
direito. A dor é acompanha por febre (temperatura máxima de 38,8ºC), vómitos e
irritabilidade na desde a última semana. Pontua a dor com 10 pontos numa escala de faces de
10 pontos. Já se encontra medicado pelo médico assistente com gotas otológicas. O pai refere
ainda aparecimento de otorreia purulenta no ouvido direito, embora em escassas quantidades.
Desde ontem que a doente refere alívio da otalgia mas mantém febre e irritabilidade. Sem
antecedentes médicos de relevo. Não toma qualquer medicação. Os sinais vitais são
temperatura 38,4°C, frequência cardíaca 95/min e frequência respiratória 20/min. Ao exame
físico apresenta-se chorosa, com dor e irritável. A otoscopia direita revela otorreia pulsátil,
com tímpano retraído, eritematoso e perfurado no seu quadrante antero-inferior. O restante
exame físico não apresenta alterações.

Qual das seguintes afirmações é a mais adequada neste momento?

(A) «A perfuração do tímpano do seu filho é provável que se torne crónica».


(B) «A perfuração do tímpano é a causa mais provável do alívio da dor de ouvido».
(C) «O audiograma provavelmente vai revelar uma surdez de condução área e óssea».
(D) «O teste com diapasão será normal em ambos os ouvidos».
(E) «A infeção da mastoide é a complicação mais rara nestes casos».

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4. Um menino recém-nascido de 7 dias de vida é trazido pela mãe ao serviço de urgência por
hipotonia. A mãe refere que a criança foi sempre um pouco parada e não chora muito. É
alimentado por leite materno exclusivo. Atualmente mama seis vezes por dia, mas a mãe
acha que ele fica pouco tempo a alimentar-se. A mãe é primigesta e tem 16 anos de idade,
grupo sanguíneo A Rh +. O parto foi eutócico, às 40 semanas de gestação, sem necessidade
de reanimação cardiopulmonar, após gravidez de baixo risco que decorreu sem
intercorrências. O índice de Apgar foi de 9/10/10 ao 1º, 5º e 10º minutos. A mãe nega a
realização do teste de diagnóstico precoce e desconhece o estado do esquema vacinal da
criança. Os antecedentes familiares não identificaram patologias de relevo. O exame físico
revela criança hipotónica. A pele é de cor amarelada que poupa os membros inferiores.
Apresenta uma língua grande. O abdómem revela hérnia umbilical, é mole e depressível, sem
massas ou organomegalias.

Qual dos seguintes diagnósticos é o mais provável?

(A) Síndrome de Down.


(B) Fibrose quística.
(C) Atresia biliar.
(D) Icterícia fisiológica.
(E) Hipotiroidismo congénito.

5. Um homem de 34 anos de idade é trazido ao serviço de urgência pela mãe por alteração
comportamental com seis meses de evolução. A mãe refere que o jovem se tem isolado
progressivamente mais, tendo deixado o seu emprego como rececionista há cinco semanas
por relatar «têm vindo agentes da PIDE para me avaliar constantemente, aterrorizam-me,
querem levar-me preso». A mãe refere dois episódios semelhantes nos últimos cinco anos.
Nega alterações do padrão alimentar, do sono ou do humor. O doente encontra-se medicado
com amissulprida há dois anos, altura em que descontinuou a terapêutica com olanzapina por
aumento de peso. Ao exame físico apresenta um bom estado geral. A auscultação cardíaca
revela S1 e S2 presentes, sem sopros. A auscultação pulmonar mostra murmúrio vesicular
mantido e simétrico. O exame abdominal é normal. O exame neurológico sumário não
apresentou alterações. No exame do estado mental está orientado auto e alo psiquicamente,
apura-se uma pressão de discurso com temas variados sem um fio condutor, pensamento
descarrilado com afrouxamento de associações e atividade delirante.

Qual dos seguintes é o próximo passo mais adequado?

(A) Verificar adesão terapêutica.


(B) Sugerir início de paliperidona depot.
(C) Dose de carga com haloperidol intramuscular.
(D) Administrar Diazepam.
(E) Iniciar Clozapina.

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6. Uma mulher de 36 anos de idade recorre ao seu médico de família para uma consulta de
seguimento. A doente diz «tenho a tensão persistentemente alta em todas as medições que
faço em casa, frequentemente com valores superiores a 190/110 mm Hg. Tenho também às
vezes episódios em que sinto o coração a bater muito rápido, como se estivesse a saltar do
peito, transpiro muito e dói-me a cabeça. Penso que seja dos meus nervos…». Tem
antecedentes pessoais de hipertensão arterial com dois anos de evolução. Está medicada com
nifedipina 30 mg duas vezes ao dia, hidroclorotiazida 25mg e losartan 100 mg. Tem 170 cm
de altura e pesa 63 kg; IMC 22 kg/m2. A auscultação pulmonar não revela alterações
patológicas. A auscultação cardíaca revela S1 e S2 presentes e um sopro sistólico grau 1/6.
O abdómen é mole e depressível à palpação com ruídos hidroaéreos mantidos. O restante
exame físico encontra-se dentro dos parâmetros de normalidade.

Os resultados dos exames pedidos na última consulta são:

Sangue
Hemoglobina 14 g/dL
Leucócitos 9,5 x 109/L
Plaquetas 270 x 109/L

Soro
Creatinina sérica 0,89 mg/dL
Ureia 78 mg/dL
Sódio 142 mmol/L
Potássio 4.7 mmol/L
Magnésio 2 mmol/L

Os resultados dos exames urinários estão dentro dos parâmetros de normalidade.

Qual dos seguintes é o próximo passo mais adequado?

(A) Tranquilizar o doente e reagendar consulta.


(B) Doseamento da renina e aldosterona plasmáticas.
(C) Iniciar terapêutica com um inibidor da enzima conversora de angiotensina.
(D) Medicar com um beta-bloqueante.
(E) Doseamento metanefrinas no plasma e urina de 24 horas.

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7. Um homem de 55 anos de idade recorre ao serviço de urgência por instalação súbita de
fraqueza do braço e perna direitas durante uma corrida ao ar livre de 5 km. A fraqueza foi
piorando progressivamente nas duas horas seguintes até um ponto em que começou a sentir
fortes dores de cabeça, acompanhada por náuseas e vómitos. Como antecedentes pessoais
destacam-se hipertensão arterial e dislipidemia. Não faz qualquer medicação por achar que
«os medicamentos são químicos desnecessários, que o importante é fazer atividade física
regularmente». É fumador desde os 20 anos (20 UMA). Bebe café regularmente, e bebe
álcool apenas socialmente. Os sinais vitais são temperatura auricular 36°C, frequência
cardíaca 90/min e pressão arterial 185/110 mm Hg; SpO2 100 % (ar ambiente). O exame
neurológico revela hemiplegia e hemi-hipostesia ipsilateral. Os olhos estão desviados para a
esquerda, mas consegue trazer os olhos à linha média. Os reflexos cutâneo-plantares são
indiferentes bilateralmente.

Obteve-se o TC cerebral que se encontra em anexo.

Qual dos seguintes diagnósticos é o mais provável?

(A) Hemorragia pontinha.


(B) Hemorragia lobar.
(C) Hemorragia putaminal.
(D) Enfarte isquémico dos gânglios da base à esquerda.
(E) Transformação hemorrágica de enfarte em território da artéria cerebral média
esquerda.

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8. Uma mulher melanodérmica de 62 anos de idade recorre ao serviço de urgência por cefaleia
intensa de início súbito, lateralizada à esquerda, com diminuição da visão ipsilateral. Queixa-
se ainda de «dor de ouvido» e refere que este não é o primeiro episódio. A doente faz
seguimentos irregulares em múltiplas unidades hospitalares e não é possível encontrar registo
dos antecedentes, salvo que é hipertensa apesar de referir não fazer qualquer medicação.
Questionada a este respeito, refere dores osteoarticulares. Ao tentar caracterizá-las, o médico
apura dor ao nível da cintura escapular, bilateralmente, com rigidez matinal superior a uma
hora. Questiona-se ainda a doente quanto à presença de dor à mastigação, que responde
apresentar «às vezes». Os sinais vitais são temperatura timpânica 37,0°C, frequência cardíaca
83/min e pressão arterial 152/85 mmHg. Ao exame objetivo apresenta mucosas coradas e
hidratadas. A auscultação cardíaca revela sons cardíacos presentes, rítmicos e regulares, sem
extrassons nem sopros. A auscultação pulmonar revela murmúrio vesicular simétrico
bilateralmente, sem ruídos adventícios. O abdómen é mole e depressível, indolor à palpação,
sem massas ou organomegalias. Os membros inferiores não apresentam edemas nem outros
sinais inflamatórios. Verifica-se dor à palpação da região temporal esquerda e da região pré-
auricular, com sinal do tragus negativo. O pavilhão auricular não tem evidência de lesões. O
exame neurológico sumário caracteriza-se por não apresentar défices motores ou sensitivos
aparentes, não havendo assimetrias faciais. As pupilas são isocóricas e isorreativas, e os
movimentos oculares estão preservados, apesar dos campos visuais serem difíceis de avaliar
por falta de cooperação. A otoscopia está dentro dos parâmetros da normalidade.

Qual dos seguintes é o diagnóstico mais provável?

(A) Infeção pelo vírus Herpes Zoster.


(B) Nevralgia do trigémio.
(C) Acidente vascular cerebral.
(D) Arterite temporal.
(E) Nevralgia occipital.

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9. Uma mulher de 31 anos de idade, 3 gesta, 1 para, grávida de 13 semanas, vem ao consultório
médico para consulta de vigilância pré-natal. Refere náuseas que melhoram minutos depois
de acordar. Aumentou cerca de 2,5 kg de peso relativamente ao seu peso prévio à gravidez.
A sua primeira gestação ocorreu sem intercorrências; parto eutócico, bebé de sexo feminino
e saudável. A sua segunda gestação resultou num aborto espontâneo às 12 semanas. A
história médica é irrelevante e ela não toma qualquer medicação. Os sinais vitais são
temperatura timpânica 36,2°C, frequência cardíaca 57/min, frequência respiratória 16/min e
pressão arterial 126/76 mm Hg. Na aparência global a doente apresenta-se com bom estado
geral. Sem outas alterações no exame físico.
Os resultados dos exames laboratoriais pedidos na semana anterior, são:

Toxoplasmose
IgG Reativo
IgM Reativo
Rubéola
IgG Reativo
IgM Não reativo
VDRL Não reativo
VIH 1 e 2 Não reativo
Anti - HBs Não reativo

Qual das seguintes afirmações é a mais adequada neste momento?

(A) «Deve evitar o consumo de carne pouco cozinhada».


(B) «Temos de repetir estas análises dentro de três semanas».
(C) «Precisamos de medir a avidez da IgG».
(D) «Vamos começar o tratamento com espiramicina».
(E) «Deverá fazer amniocentese às 15 semanas».

10. Um menino recém-nascido de 4 dias de vida é trazido pela mãe ao centro de saúde para
realizar o rastreio neonatal de diagnóstico precoce. A mãe refere ter algumas dúvidas acerca
da amamentação. Ele faz aleitamento materno exclusivo. Atualmente efetua mamadas
livremente, fazendo uma pega essencialmente no mamilo, com boa deglutição. A mãe
costuma esvaziar uma mama antes de passar para a outra durante as mamadas com duração
de cerca de 15 minutos. A mãe refere ainda que costuma retirar o leite com bomba, várias
vezes por dia e uma vez à noite, conservando-o no frigorífico por três dias. Antes de o utilizar,
aquece-o em água morna e depois agita-o.

Qual das seguintes é a informação mais adequada a fornecer à mãe neste momento?

(A) «Devem ser fixados intervalos entre as mamadas».


(B) «Não pode conservar o leite materno no frigorífico, mas antes no congelador».
(C) «Deve iniciar cada mamada com uma mama diferente».
(D) «A pega do bebé deve ser feita a apanhar a maior parte da aréola e dos tecidos
subjacentes».
(E) «A maioria dos bebés mamam a maior parte do que precisam em quatro minutos».

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11. Uma mulher de 32 anos de idade, sem abrigo, é trazida ao serviço de urgência depois de ser
encontrada no chão da via pública. É uma doente já conhecida por consumos de heroína,
canabinóides e que já esteve em programa de substituição de metadona. Os sinais vitais são
temperatura 36,7°C, frequência cardíaca 80/min, frequência respiratória 16/min e pressão
arterial 125/80 mm Hg. Ao exame físico apresenta pupilas mióticas com alteração do estado
de consciência. Encontra-se emagrecida, com várias marcas de picadas em ambas as fossas
cubitais. A escala de como de Glasgow é Olhos 3 Verbal 4 Motor 5. Foi administrada
naloxona com melhoria clínica. Após investigação, percebeu-se que a doente está gravida e
na quinta semana de gestação. A doente fica muito contente com a notícia e diz que vai fazer
tudo para que o bebé nasça saudável.

Qual das seguintes alternativas é a recomendação mais adequada neste momento?

(A) Iniciar desintoxicação de opiáceos neste internamento.


(B) Dar alta à doente com indicação para toma de naltrexona.
(C) Propor a doente para programa de metadona e combinar internamento para
desintoxicação durante seis semanas no terceiro trimestre.
(D) Propor a doente para programa de metadona e combinar internamento para
desintoxicação durante quatro semanas no segundo trimestre.
(E) Explicar à doente que a melhor opção seria interromper a gravidez.

12. Uma mulher de 64 anos de idade recorre ao médico de família por dor precordial. Refere
que a dor é tipo aperto que surge quando realiza as suas caminhadas matinais, com duração
de aproximadamente 10 minutos e alivia quando se senta. Nega irradiação da dor, náusea,
perda de apetite, dispneia ou febre. Tem história conhecida de hipertensão arterial e diabetes
mellitus tipo 2. É fumadora de 20 cigarros por dia há 40 anos e consome bebidas alcoólicas
ocasionalmente. Os sinais vitais são temperatura 36,3°C, frequência cardíaca 85/min,
frequência respiratória 14/min e pressão arterial 133/74 mm Hg. O exame físico revela
mucosas coradas e hidratadas. As auscultações cardíaca e pulmonar não revelam alterações
patológicas. O exame do abdómen está dentro dos parâmetros da normalidade. O
ecocardiograma transtorácico evidencia um ventrículo esquerdo não dilatado e de paredes
não espessadas, com fração de ejeção de 30% por volumes e hipocinésia de todos os
segmentos apicais.

Qual dos seguintes é o melhor próximo passo na gestão desta doente?

(A) Realizar um teste de isquemia não invasivo.


(B) Iniciar beta-bloqueante e um inibidor da neprilisina.
(C) Prescrever ácido acetilsalicílico e clopidogrel.
(D) Prescrever rivaroxabano.
(E) Iniciar nitroglicerina sublingual.

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13. Uma mulher de 84 anos de idade é trazida ao serviço de urgência pelo seu marido por
confusão, com cerca de duas horas de evolução. O marido refere que que a doente queixou-
se de dor de cabeça occipital três horas antes, e deitou na cama na tentativa de adormecer.
Cerca de uma hora depois levantou-se com dificuldade e apresentava um discurso sem
sentido. A doente tem sido ativa e independente para as atividades da vida diária até ao início
destes sintomas. Tem antecedentes de enfarte agudo do miocárdio há 10 anos, diabetes
mellitus tipo 2, hipertensão arterial e fibrilhação auricular. A sua medicação habitual inclui
apixaban, metoprolol, lisinopril e insulina. Ela não tem alergias conhecidas. Sem história de
consumos de tabaco ou álcool. Ao exame físico a doente está muito sonolenta, mas
facilmente despertável a estímulos dolorosos. Não responde a questões nem obedece a ordens
simples. Os sinais vitais são temperatura 37°C, frequência cardíaca 70/min, frequência
respiratória 18/min e pressão arterial sistólica 170/100 mm Hg. Os reflexos cutâneo-plantares
são indiferentes bilateralmente. A doente não colabora na avaliação da força motora e
sensibilidade. O restante exame físico encontra-se dentro dos parâmetros da normalidade.

Qual das alternativas seguintes é o próximo passo mais adequado na gestão desta doente?

(A) Punção lombar.


(B) Tomografia computadorizada cerebral.
(C) Eletroencefalograma.
(D) Iniciar nitroprussiato intravenoso.
(E) Colher hemoculturas e iniciar antibioterapia empírica.

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14. Uma criança de 2 anos de idade é trazida pelos pais ao serviço de urgência por febre,
prostração e olhos vermelhos. A febre apresenta-se com picos em intervalos de quatro horas
e cede ao paracetamol. Nega recusa alimentar e alteração do padrão de dejeções ou micções.
Nos antecedentes pessoais destaca-se o diagnóstico de bronquiolite há cerca de uma semana.
Os sinais vitais são temperatura timpânica de 39,0°C, frequência cardíaca de 103/min e
pressão arterial 98/52 mm Hg. Ao exame físico a criança está sonolenta mas despertável. As
mucosas estão coradas e hidratadas. A pele revela erupções cutâneas maculares não
descamativas generalizadas, dispersas pelo tórax e membros, acompanhadas de descamação
de palmas e plantas. Palpa-se uma adenopatia de tamanho inferior a 2 cm, móvel, elástica,
bem delimitada e aparentemente indolor à palpação, na cadeia cervical anterior. As pupilas
são isocóricas e isorreativas e objetiva uma hiperemia conjuntival bilateral, sem exsudato. A
otoscopia não revela alterações patológicas. A auscultação cardíaca revela S1 e S2 presentes,
sem sopros. A auscultação pulmonar mostra murmúrio vesicular mantido e simétrico, com
sibilos dispersos. O abdómen é mole e depressível, sem massas ou organomegalias. Ao
exame da orofaringe evidencia-se eritema da mucosa orofaríngea e lingual, sem hipertrofia
amigdalina, sem exsudato e sem abaulamento do palato. O exame neurológico não revela
alterações do tónus nem assimetrias visíveis. A pesquisa de sinais meníngeos foi positiva,
apesar de difíceis de valorizar clinicamente.

Qual dos seguintes é o diagnóstico mais provável?

(A) Síndrome Muckle-Wells.


(B) Púrpura de Henoch-Shonlein.
(C) Doença de Kawasaki.
(D) Escarlatina.
(E) Doença de Behçet.

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15. Uma mulher de 35 anos de idade recorre à consulta de ginecologia por ciclos menstruais
irregulares nos últimos três anos, encontrando-se atualmente com quatro meses de
amenorreia. Refere que aumentou bastante de peso nos últimos seis meses. Não tem
antecedentes médicos de relevo e não toma medicação habitual. Não tem hábitos tabágicos
nem de consumo de bebidas alcoólicas. Teve a menarca aos 12 anos de idade; habitualmente
ciclos regulares de 26 dias, com cataménios de 6 dias. Nunca esteve grávida. A coitarca
ocorreu aos 17 anos; teve dois parceiros sexuais até ao momento. Os sinais vitais são
temperatura 37,1°C, pulso 72/min, frequência respiratória 14/min e pressão arterial 112/70
mm Hg. Ela tem 165 cm de altura e pesa 82 kg; IMC 30,1 kg/m2. Ao exame físico observa-
se pele acneica e com presença de quantidade abundante de pelos na face interna das coxas
e no dorso. Ao exame ginecológico, a vulva e vagina não apresentam alterações, tendo
corrimento inespecífico escasso e colo uterino sem lesões. A palpação bimanual é indolor à
mobilização do colo do útero, verificando-se útero normodimensionado, e dor ligeira na
palpação das regiões anexiais. O restante exame físico encontra-se dentro dos parâmetros de
normalidade.

Qual das seguintes afirmações é a mais adequada neste momento?

(A) «A principal causa da sua amenorreia são alterações na tiroide».


(B) «Vou pedir-lhe um teste de gravidez».
(C) «A presença de acne e hirsutismo sugere excesso de progesterona».
(D) «O ciclo menstrual irregular na sua idade é expectável e não carece de estudos
adicionais».
(E) «A sua amenorreia é provável que seja causada por um aumento da prolactina».

16. Um lactente de 1 mês de idade é trazido pelos pais à consulta de saúde infantil para consulta
de rotina. Durante a consulta são abordados vários temas entre os quais a alimentação e a
importância de suplementar com vitamina D diariamente.

Qual dos seguintes diagnósticos é evitada pela suplementação com vitamina D?

(A) Pelagra.
(B) Escorbuto.
(C) Anemia sideroblástica.
(D) Raquitismo.
(E) Beribéri.

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17. Uma mulher de 70 anos de idade, viúva, médica reformada, é trazida ao serviço de urgência
por ingestão medicamentosa voluntária de 10 comprimidos de lorazepam há uma hora. Tem
antecedentes pessoais de carcinoma da mama tratado há cinco anos, hipertensão arterial,
dislipidemia e dois episódios depressivos. A medicação habitual inclui losartan,
hidroclorotiazida, atorvastatina e sertralina. Após estabilidade clínica a doente foi avaliada
por psiquiatria que apurou ideação suicida. A doente refere «queria morrer a dormir, a minha
vida é inútil». Reside sozinha no domicílio com apoio da vizinha com quem passa a maior
parte do tempo. Apresenta humor depressivo, associado a insónia terminal, anorexia e falta
de concentração. Ao exame objetivo encontra-se desidratada. A auscultação cardíaca revela
S1 e S2 presentes, sem sopros. A auscultação pulmonar é normal. O exame neurológico
encontra-se dentro dos parâmetros de normalidade.

Qual dos seguintes é o passo mais importante no tratamento desta doente?

(A) Alta para o domicílio se a vizinha se comprometer a vigiar a doente, medicando-a


com doxepina.
(B) Dar alta à doente e marcar consulta de psiquiatria dentro de um mês.
(C) Propor internamento da doente dado o escasso suporte social.
(D) Dar alta à doente medicando-a com amitriptilina e consulta de seguimento dentro de
uma semana.
(E) Explicar à doente que se trata de um episódio depressivo leve e encaminhar para
psicoterapia cognitivo-comportamental.

18. Um homem de 40 anos de idade é referenciado à consulta hospitalar de cardiologia por


dispneia de esforço e cansaço, com agravamento progressivo nos últimos três meses. O
doente refere falta de ar com o esforço físico ou quando se deita, e episódios frequentes de
acordar à noite com falta de ar, tendo que se sentar na cama para sentir alívio. Tem
antecedentes de hipertensão arterial e é fumador há 20 anos (30 UMA). Está medicado com
bisoprolol, ramipril e furosemida. Os sinais vitais são temperatura 36,7ºC, frequência
cardíaca de 98/min, frequência respiratória 16/min e pressão arterial 139/87 mm Hg de pé;
pressão arterial 107/82 mm Hg (deitado); SpO2 93 % (ar ambiente). Ao exame físico o pulso
é irregular. A auscultação cardíaca revela S1 e S2 presentes, sem sopros. A auscultação
pulmonar revela fervores crepitantes bilaterais. O doente apresenta ingurgitamento venoso
jugular a 45º do plano horizontal, distensão abdominal e edema bilateral dos membros
inferiores até ao joelho. O restante exame físico encontra-se dentro dos parâmetros de
normalidade. O ecocardiograma mais recente, realizado há 2 meses, revelou dilatação
biventricular, paredes não hipertrofiadas e uma fração de ejeção do ventrículo esquerdo de
32% por método de Simpson biplano.
Qual das opções terapêuticas é a mais adequada para este doente?

(A) Associar espironolactona.


(B) Suspender ramipril e iniciar de imediato sacubitril-valsartan.
(C) Manter dose de diurético.
(D) Adicionar amlodipina.
(E) Diminuir dose bisoprolol.

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19. Um homem de 69 anos de idade recorre ao seu médico assistente por queixas de «desmaios».
Desde a última consulta refere ter «desmaiado» duas vezes, recorreu ao serviço de urgência
e realizou um eletrocardiograma e análises com resultados normais. O médico na altura fez
o diagnóstico de síncope vasovagal e deu alta ao doente com indicação para ser acompanhado
no seu médico assistente. Ele diz «muitas vezes não perco os sentidos, sinto-me como se
fosse desmaiar, principalmente quando me levanto rápido da cama ou da cadeira». Tem
antecedentes de diabetes mellitus e hipertensão arterial. Está medicado com dois
antidiabéticos orais e ramipril. Não fuma nem consome bebidas alcoólicas. Quando
questionado, refere formigueiros nos pés, sensibilidade ao toque ligeiro e às vezes dor «como
se os estivessem a queimar», com agravamento progressivo há seis meses. Os sinais vitais
são temperatura auricular 36°C, frequência cardíaca 70/min, frequência respiratória 14/min,
pressão arterial 145/95 mm Hg sentado e 115/40 mm Hg em pé; SpO2 100 % (ar ambiente).
Ao exame físico apresenta-se com bom estado geral. A auscultação cardíaca revela S1 e S2
audíveis e rítmicos. A auscultação pulmonar não mostra ruídos adventícios. Os pulsos
pediosos e tibiais posteriores apresentam diminuição da amplitude bilateralmente. Existe um
défice sensitivo com padrão “em meia” ao nível dos membros inferiores, mais distalmente e
de forma praticamente simétrica. A força muscular está preservada. Os reflexos
osteotendinosos estão presentes e de normal intensidade. O restante exame físico encontra-
se dentro dos parâmetros da normalidade.

Qual das seguintes alternativas é o diagnóstico mais provável?

(A) Neuropatia diabética.


(B) Doença de Parkinson.
(C) Polirradiculoneuropatia crónica.
(D) Síndrome da cauda equina.
(E) Polineuropatia sensitiva idiopática.

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20. Um homem de 22 anos de idade recorre ao serviço de urgência por dor e inchaço dos dedos
da mão direita. Ele diz «os meus dedos parecem salsichas, as vezes nem consigo fechar a
mão tal é o inchaço. Tenho dificuldade em escrever e cozinhar.» Nega febre, anorexia,
alterações do trânsito gastrointestinal ou sintomas geniturinários. Os antecedentes pessoais e
familiares não identificaram patologias de relevo. Não toma qualquer medicação. Não tem
história de consumo de
substâncias ilícitas. Não fuma nem bebe bebidas alcoólicas. Os sinais vitais temperatura
timpânica de 36,2°C, frequência cardíaca de 73/min, frequência respiratória 18/min e pressão
arterial 105/74 mm Hg. Ao exame físico a pele e mucosas estão coradas e hidratadas.
Apresenta edema uniforme de todos os dedos da mão direita, com limitação importante da
mobilidade das articulações. Tem sinais inflamatórios de calor e rubor de toda a extremidade
do membro superior direito. O restante exame da pele evidência placas avermelhadas,
descamativas e eritematosas ao nível dos joelhos e cotovelos. Apresenta ainda um pontilhado
hemorrágico ungueal. A auscultação cardíaca não revela alterações patológicas. A
auscultação pulmonar revela sons respiratórios presentes. Não apresenta deformidades da
coluna visíveis, nem sinais de discrasia hemorrágica ou trauma. Não revela dor à palpação
das apófises espinhosas, trocânter, troquino e da tuberosidade isquiática. A mobilização ativa
e passiva não revela limitações e é indolor. O teste de Laségue é negativo e o teste de Shober
mostra um diferencial de 4 cm. O exame neurológico não revelou assimetrias nem sinais
focais. As massas musculares são simétricas.

Qual das seguintes alternativas é a causa mais provável da condição clínica deste doente?

(A) Espondilite anquilosante.


(B) Gota.
(C) Artrite psoriática.
(D) Artrite enteropática.
(E) Artrite reativa.

21. Mulher de 41 anos de idade, 4 gesta, 4 para, recorre à consulta de planeamento familiar do
centro de saúde para retirar o contracetivo hormonal subcutâneo devido ao término do prazo
de validade. Apresenta antecedentes pessoais de diabetes mellitus tipo 2 há três anos, com
retinopatia diabética associada e hipertensão arterial crónica diagnosticada há seis anos.
Refere fumar cerca de um maço por dia. Nega hábitos alcoólicos. Tem 156 cm de altura e
pesa 110 kg. Não deseja engravidar, mas prefere manter as menstruações. Os sinais vitais são
frequência cardíaca 70/min, frequência respiratória 13/min e pressão arterial 170/80 mm Hg.
Ao exame ginecológico, a vulva e vagina não apresentam alterações, tem leucorreia
fisiológica e o colo está aparentemente sem lesões. Ao toque bimanual o útero é
normodimensionado, sem massas anexiais palpáveis.
Qual das seguintes alternativas é mais adequada como método contracetivo nesta doente?

(A) Contracetivo oral combinado.


(B) Progestativo oral.
(C) Implante subcutâneo.
(D) Dispositivo intrauterino de cobre.
(E) Adesivo hormonal cutâneo.

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22. Um lactente de 6 meses de idade é trazido pelos pais à consulta de saúde infantil para consulta
de rotina. São abordados vários aspetos sobre a saúde do menino e é avaliada a antropometria
e a dentição. Mantém evolução estaturo-ponderal e perímetro cefálico no percentil 75. A
avaliação do desenvolvimento psicomotor revela uma criança que permanece sentada
perdendo, por vezes, o equilíbrio e toca várias vezes nos pés. Transfere os objetos de uma
mão para a outra e pega em objetos pequenos. Mastiga pequenos pedaços de comida e
reconhece vozes e pessoas familiares. Vocaliza esporadicamente monossílabos repetidos
«ma», «pa» e faz ruídos para chamar a atenção. A avaliação oftalmológica revela
alinhamento anormal e constante dos olhos com os eixos visuais não paralelos. A auscultação
cardíaca revela S1 e S2 presentes, sem sopros. A auscultação pulmonar é normal. O abdómen
é mole e depressível, sem dor à palpação, sem sinais de irritação peritoneal e sem massas
palpáveis.

Qual das seguintes alternativas é o próximo passo mais adequado na gestão desta criança?

(A) Prescrever vitaminas.


(B) Reavaliar na próxima consulta.
(C) Referenciar para consulta de endocrinologia pediátrica.
(D) Referenciar para oftalmologia pediátrica.
(E) Referenciar para consulta de desenvolvimento.

23. Um homem de 50 anos de idade recorre à consulta com o seu médico assistente para
monitorização de uma pneumonia, tratada com amoxicilina e ácido clavulânico. Os
antecedentes pessoais e familiares não identificaram patologias de relevo. Não tem hábitos
tabágicos e bebe ocasionalmente ao jantar um copo de vinho. Os sinais vitais são temperatura
36,7°C, frequência cardíaca 76/min, frequência respiratória 17/min e pressão arterial 127/75
mm Hg; SpO2 98 % (ar ambiente). Ao exame físico apresenta um aspeto emagrecido. A
auscultação cardíaca revela S1 e S2 presentes, sem sopros. A auscultação pulmonar objetiva-
se uma diminuição ligeira do murmúrio vesicular na base pulmonar direita. A palpação
cervical revela adenopatias cervicais indolores, não móveis relativamente aos planos
anteriores e posteriores. O raio-X do tórax pedido na última consulta revela nódulo de 9 mm,
espiculado no campo pulmonar superior direito, a cerca de 2 cm da pleura. Pede-se uma
biópsia transtorácica.

Qual das seguintes alternativas é o resultado mais provável do exame patológico?

(A) Carcinoma de pequenas células.


(B) Adenocarcinoma.
(C) Carcinoma de células escamosas.
(D) Carcinoma de grandes células.
(E) Carcinoma adenoescamoso.

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24. Um homem de 54 anos de idade recorre ao serviço de urgência por palpitações, tonturas e
náuseas. Nega febre, dispneia, toracalgia, dor abdominal ou alterações génito-urinárias. Tem
antecedentes de hipertensão arterial de difícil controlo. Os sinais vitais são temperatura
36,2°C, frequência cardíaca 142/min, frequência respiratória 19/min e pressão arterial 85/46
mm Hg. Ao exame físico revela palidez, sonolência e sudorese. É encaminhado para a sala
de reanimação de imediato.

Obteve-se o eletrocardiograma que se encontra em anexo.

Qual dos seguintes é o primeiro passo mais adequado na estratégia terapêutica para este
doente?

(A) Metoprolol.
(B) Adenosina.
(C) Amiodarona.
(D) Cardioversão elétrica sincronizada.
(E) Cardioversão elétrica não sincronizada.

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25. Um homem de 26 anos de idade recorre ao consultório médico por queixas de dispneia a
pequenos esforços e cansaço marcado. Refere que os músculos dos membros estão cada vez
mais «fracos», tendo particular dificuldade em subir as escadas e em realizar pequenas tarefas
domésticas. Estes sintomas começaram de forma ligeira, mas no último ano tem sentido um
agravamento progressivo, essencialmente das queixas respiratórias. Nega febre, tosse,
palpitações ou edemas periféricos. Os antecedentes médicos incluem seguimento em
consulta de cardiologia para estudo etiológico de cardiomiopatia dilatada. Como
antecedentes familiares destaca-se a morte prematura de um primo direto, aos 35 anos, por
doença que não sabe especificar, mas refere «essa doença fez com que o meu primo deixasse
de andar perto do final da sua vida e tinha muita dificuldade em respirar». Os sinais vitais
são frequência cardíaca 88/min, frequência respiratória 24/min e pressão arterial 120/80 mm
Hg; SpO2 94 % (ar ambiente). Ao exame neurológico não apresenta alterações das funções
superiores. Existe uma fraqueza muscular de predomínio proximal ao nível dos membros
(grau 2/5 globalmente). Não apresenta défices sensitivos. Os reflexos osteotendinosos
profundos estão globalmente diminuídos. Os resultados dos estudos analíticos revelam
aumento superior a 10 vezes da creatina cinase (CK). A eletromiografia realizada mostra
alterações da função normal muscular, com um padrão de atingimento miopático. Na suspeita
de uma patologia de atingimento muscular, com base hereditária, foi pedido um painel de
vários genes a serem testados para confirmar o diagnóstico.

Qual das seguintes alternativas é a causa mais provável dos sintomas?

(A) Síndrome MELAS (encefalopatia mitocondrial, acidose láctica e episódios stroke-


like).
(B) Síndrome CARASIL (arteriopatia cerebral autossómica recessiva com enfartes
subcorticais e leucoencefalopatia).
(C) Síndrome CADASIL (arteriopatia cerebral autossómica dominante com enfartes
subcorticais e leucoencefalopatia).
(D) Distrofia de Duchenne.
(E) Distrofia de Becker.

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26. Um homem de 25 anos de idade recorre ao serviço de urgência por traumatismo do joelho
esquerdo durante um jogo de futebol. Na sequência de uma mudança brusca de direção, com
o pé esquerdo apoiado no solo, o doente refere ter sentido um estalido ao qual se seguiu dor
aguda do joelho. Desde então, refere inchaço significativo da articulação, com limitação da
mobilidade. O doente queixa-se ainda de instabilidade da marcha com sensação de «passo
em falso». A história médica anterior não identifica patologias de relevo e não faz qualquer
medicação. Os sinais vitais são temperatura 36,4°C, frequência cardíaca 81/min, frequência
respiratória 18/min e pressão arterial 110/70 mm Hg. Ao exame físico observa-se uma
assimetria dos joelhos com edema importante do lado esquerdo e sinal de choque da rótula
positivo. Apresenta uma limitação da flexão, interrompida pela dor. O examinador objetiva
ressalto do joelho, com movimento entre a perna e a coxa, ao tentar deslocá-lo em sentido
anterior com a articulação fletida e estando o observador sentado sobre o pé do doente. A
auscultação cardíaca revela S1 e S2 presentes, rítmicos e regulares, sem extrassons nem
sopros. A auscultação pulmonar apresenta murmúrio vesicular simétrico bilateralmente, sem
ruídos adventícios. O abdómen é mole e depressível, sem massas ou organomegalias. O raio-
X do joelho não evidência luxação patelar nem sinais de fratura.

Qual dos seguintes testes mais provavelmente confirmará o diagnóstico?

(A) Teste da gaveta posterior.


(B) Teste de Lachman.
(C) Teste de McMurray.
(D) Teste de Appley.
(E) Teste de Renne.

27. Uma mulher de 58 anos de idade, 4 gesta, 4 para (partos eutócicos), recorre à consulta de
ginecologia por sensação de preenchimento e pressão vaginal. Está em menopausa há três
anos e não realizou terapêutica hormonal de substituição. Tem antecedentes de dislipidemia
e hipertensão arterial. Tem 156 cm de altura e pesa 88 kg; IMC 36,3 kg/m2. Os sinais vitais
são frequência cardíaca 65/min e pressão arterial 139/89 mm Hg. O exame ginecológico
revela protusão na parede vaginal superior de uma massa mole e redutível que se exterioriza
entre a parede posterior do útero e o reto.

Qual dos seguintes diagnósticos é o mais provável?

(A) Rectocelo.
(B) Cistocelo.
(C) Prolapso uterino.
(D) Enterocelo.
(E) Uretrocelo.

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28. Um lactente de 5 meses de idade é trazido ao serviço de urgência porque os seus pais notaram
alteração do reflexo da luz no olho. Os pais da criança são enfermeiros e quando estavam a
brincar com ela notaram que o olho esquerdo fazia um reflexo diferente do olho direito.
Ficaram assustados o que motivou a vinda ao serviço de urgência. A criança tem ido a todas
as consultas de vigilância infantil. Mantém evolução estaturo-ponderal e perímetro cefálico
no percentil 75 e o desenvolvimento psicomotor é normal para a idade. O registo do rastreio
do reflexo vermelho do recém-nascido revela reflexo vermelho presente simétrico em ambos
os olhos. No exame físico observa-se ausência do reflexo da luz no olho esquerdo. A
fundoscopia revela massa branca-acinzentada no olho esquerdo.

Qual das seguintes alternativas é a atitude mais adequada neste momento?

(A) Alta com vigilância em consulta.


(B) Realizar RM do cérebro e órbita.
(C) Enucleação.
(D) Biópsia da retina.
(E) Facoemulsificação do cristalino.

29. Um homem de 30 anos de idade recorre ao serviço de urgência por febre e tosse com três
semanas de evolução. A tosse é seca e persistente, de início gradual, e é acompanhada de
dispneia a pequenos esforços. Tem antecedentes de linfoma de Hodgkin, manifestado como
uma massa torácica de grandes dimensões. Foi tratado com um esquema que incluía
doxorubicina, bleomicina, vinblastina, clormetina, etoposide, prednisolona e radioterapia
externa. Os sinais vitais são temperatura timpânica 38,4ºC, frequência cardíaca 88/min,
frequência respiratória 18/min e pressão arterial 122/80 mm Hg. O exame físico revela
diminuição da expansão torácica. A auscultação cardíaca é normal. A auscultação pulmonar
mostra fervores subcrepitantes bilaterais. A TC do tórax revela infiltrados em vidro despolido
bilaterais, mais nas bases pulmonares.

Qual das seguintes alternativas é a causa mais provável do quadro descrito?

(A) Pneumonia viral.


(B) Pneumonia bacteriana.
(C) Pneumonite a bleomicina.
(D) Pneumonite rádica.
(E) Expansão do linfoma de Hodgkin.

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30. Um homem de 37 anos de idade recorre ao serviço de urgência por um episódio paroxístico
de palpitações rápidas com início e fim súbitos, acompanhado por náuseas e sensação de pré-
síncope. Nega relação com o esforço físico. Ele refere que tem tido episódios semelhantes,
ocasionais, nos últimos três anos. Os antecedentes médicos não revelam patologias. Nega
hábitos tabágicos e alcoólicos. Não faz qualquer medicação habitual. Os sinais vitais são
temperatura 36°C, frequência cardíaca 153/min, frequência respiratória 15/min e pressão
arterial 139/86 mm Hg. Ao exame físico apresenta-se vígil, discretamente nauseado e com
sensação de mal-estar generalizado inespecífico. O registo de Holter de 24 horas realizado a
pedido do médico de família não evidencia alterações.

Obteve-se o eletrocardiograma que se encontra em anexo.

Qual das seguintes alternativas é a atitude mais adequada neste momento?

(A) Realizar cateterismo cardíaco.


(B) Realizar cardioversão elétrica sincronizada imediata.
(C) Administrar atropina endovenosa.
(D) Administrar amiodarona oral.
(E) Administrar adenosina endovenosa.

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31. Uma mulher de 76 anos de idade recorre ao serviço de urgência por dor abdominal muito
intensa tipo facada no quadrante superior direito, com um dia de evolução. A dor é
acompanhada por uma coloração amarelada da pele, cansaço, falta de apetite, fraqueza
muscular com um mês de evolução e perda ponderal de 6 kg nos últimos dois meses. Refere
que não houve alívio da dor com a toma de paracetamol e não mediu a temperatura corporal.
Apresenta um padrão intestinal com tendência para a obstipação (duas a três dejeções por
semana), apesar de ultimamente ter tido tendência para a diarreia (duas a três dejeções por
dia, por vezes volumosas). Não tem antecedentes pessoais conhecidos, intervenções
cirúrgicas prévias ou medicação habitual. Nega hábitos tabágicos ou alcoólicos. Atualmente
está reformada da profissão de agricultora, mas refere ter uma vida muito ativa. Desconhece
a causa de morte da mãe e refere que o pai faleceu de carcinoma hepatocelular aos 66 anos.
Ela mede 160 cm de altura e pesa 54 kg; IMC 21,09 kg/m2. Os sinais vitais são temperatura
39,3°C, frequência cardíaca 103/min, frequência respiratória 18/min e pressão arterial 101/55
mm Hg; SpO2 98 % (ar ambiente). Ao exame físico apresenta-se vígil, colaborante, com
tremores generalizados, turgor cutâneo diminuído, escleras e pele marcadamente amarelas e
equimose periorbitária direita com extensão para a pirâmide nasal. A escala de com de
Glasgow é Olhos 4 Verbal 4 Motor 6. A auscultação cardíaca revela sons cardíacos rítmicos,
sem sopros ou extrassons. A auscultação pulmonar apresenta murmúrio vesicular audível
bilateralmente e sem ruídos adventícios. O abdómen está distendido, mole e depressível,
doloroso à palpação em todos os quadrantes, sem dor à descompressão e sem massas ou
organomegalias palpáveis. Não se observam edemas periféricos.

Os resultados dos estudos analíticos são os seguintes:


Sangue
Hemoglobina 10,7 g/dL
Leucócitos 32 600/mm3
Neutrófilos, segmentados 94 %
Linfócitos 5 %
Plaquetas 425 000/mm3
Tempo de protrombina 17 seg

Soro
Creatinina 3,39 mg/dL
Azoto ureico 190 mg/dL
ALT 287 U/L
AST 425 U/L
GGT 1010 U/L
Fosfatase alcalina 799 U/L
Bilirrubina total 32,6 mg/dL
Lipase 16 U/L
Proteína C reativa 31,9 mg/dL
Sódio 134 mEq/L
Potássio 3,03 mEq/L
Cloro 99 mEq/L

Bacteriologia
Cultura em aerobiose: em curso

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Cultura em anaerobiose: em curso

A TC abdominal e pélvica relata: «lesão neoformativa hipocaptante e de contornos


irregulares centrada à topografia do processo uncinado do pâncreas, que mede sensivelmente
21x19x12 mm e que condiciona franca dilatação ductal a montante, nomeadamente do ducto
colédoco, do ducto pancreático principal e das vias biliares intra-hepáticas; esta lesão associa-
se a densificação da gordura regional, bem como a várias adenopatias locais; não se pode
excluir, com certeza, lesão ampular; coexiste atrofia do parênquima pancreático; sem lesões
hepáticas suspeitas.» Foi iniciado tratamento antibiótico com piperacilina-tazobactam de
forma empírica e fluidoterapia por via endovenosa.

Qual dos seguintes é o passo mais apropriado na gestão desta doente?

(A) Colecistectomia laparoscópica.


(B) Prescrever metilprednisolona.
(C) Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica.
(D) Alterar o antibiótico inicialmente prescrito para um de menor espetro.
(E) Ressonância magnética das vias biliares.

32. Uma mulher de 35 anos de idade está internada por endocardite bacteriana aguda. O médico
assistente é chamado no sexto dia de internamento por dor abdominal intensa, associada a
náuseas, vómitos e duas dejeções de fezes que a doente descreve como «normais». Classifica
a dor atual com 8 pontos numa escala de 10 pontos, localizada na região periumbilical. Ela
não tem antecedentes médicos de relevo, a não ser enxaquecas e apresenta uma história de
abuso de substâncias ilícitas. Durante a admissão fez hemocultura que revelou
Staphylococcus aureus e um ecocardiograma que revelou vegetações na válvula mitral.
Desde então está sob tratamento com antibiótico endovenoso. Os sinais vitais são
temperatura timpânica 37,5°C, frequência cardíaca 102/min, frequência respiratória 17/min
e pressão arterial 157/78 mm Hg. Ao exame físico a doente está notoriamente desconfortável
e irrequieta. As pupilas são iguais e apresentam aproximadamente 3 mm de tamanho. Na
auscultação pulmonar verifica-se presença de murmúrio vesicular mantido e simétrico. A
auscultação cardíaca revela a presença de um sopro holossistólico grau 3/4 mais audível no
quinto espaço intercostal esquerdo na linha média clavicular. O abdómen é ligeiramente
doloroso de forma difusa à palpação, sem defesa; os ruídos hidroaéreos estão diminuídos.
Não se observam edemas periféricos e as extremidades estão quentes. O raio-X abdominal
não revela a presença de ar livre ou obstrução.

Qual dos seguintes é o diagnóstico mais provável?

(A) Pancreatite aguda.


(B) Colecistite acalculosa.
(C) Abcesso intra-abdominal.
(D) Abstinência de opioides.
(E) Isquemia mesentérica.

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33. Uma mulher de 38 anos de idade recorre ao centro de saúde para uma consulta de rotina. Diz
ter medo de ter um cancro e por isso quer fazer um «check-up geral». Os antecedentes
pessoais revelam menarca aos 13 anos de idade, ciclos menstruais regulares de 30-32 dias,
com cataménios de quatro dias; 2 gesta, 2 para (um parto eutócico e uma cesariana). A data
da última menstruação foi há 10 dias. Como método contracetivo usa contraceção hormonal
combinada oral. Há três anos fez citologia cervico-vaginal com pesquisa de DNA HPV que
era normal. A doente refere que a mãe teve um tromboembolismo pulmonar aos 40 anos de
idade e a irmã tem diabetes mellitus tipo 1. Os sinais vitais são temperatura 36,5°C,
frequência cardíaca 80/min, frequência respiratória 18/min e pressão arterial 120/60 mm Hg.
Tem 176 cm e pesa 71 kg; IMC 22,9 kg/m2. O exame ginecológico revela vulva e vagina
sem alterações, leucorreia fisiológica e colo aparentemente sem lesões. Ao exame da mama
apresenta mamas normodimensionadas, simétricas, sem alterações cutâneas, sem
corrimentos mamilares e sem massas palpáveis bilateralmente.

Das seguintes afirmações qual seria a mais adequada na abordagem da doente?

(A) Realizar mamografia o mais rapidamente possível.


(B) Realizar exame clínico a cada um a três anos até aos 50 anos de idade.
(C) Realizar citologia com teste DNA HPV.
(D) Realizar RM mamária a partir dos 50 anos de idade.
(E) Realizar ecografia mamária o mais rapidamente possível.

34. Um menino de 3 anos de idade é trazido ao serviço de urgência por dor na tíbia esquerda
desde há três horas, associada a febre (temperatura máxima de 39ºC) e irritabilidade. Nega
história de trauma. Tem antecedentes de anemia falciforme, tal como a mãe. O esquema
vacinal encontra-se atualizado. O exame físico revela bom estado geral. O terço distal da
tíbia esquerda apresenta-se com edema, calor circundante e a palpação provoca dor. A
auscultação cardíaca revela S1 e S2 presentes, sem sopros. A auscultação pulmonar é normal.
O abdómen é mole e depressível, sem dor à palpação, sem sinais de irritação peritoneal e sem
massas palpáveis. Os resultados dos estudos laboratoriais revelam leucocitose com
neutrofilia. O raio-X da perna esquerda não revelou fratura.

Qual dos seguintes agentes infeciosos é a causa mais provável do quadro descrito?

(A) Staphylococcus aureus.


(B) Kingella kingae.
(C) Pseudomona aeruginosa.
(D) Salmonella enteritidis.
(E) Neisseria meningitidis.

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35. Um homem de 67 anos de idade recorre à consulta com o seu médico assistente por queixas
progressivas de náuseas, perda de peso e esteatorreia. Nega sangue ou muco nas fezes, febre
ou dor abdominal. Tem 173 cm de altura e pesa 54,5 kg; IMC 18,21 kg/m2. Os sinais vitais
são normais. O exame físico revela palidez cutânea. Na palpação supra clavicular deteta-se
adenopatia esquerda indolor, não móvel relativamente aos planos profundos e superficiais.
As auscultações cardíaca e pulmonar não revelam alterações patológicas. O restante exame
físico encontra-se dentro dos parâmetros da normalidade.

Qual dos seguintes estudos é mais provável que confirme o diagnóstico?

(A) Teste D-xilose.


(B) Medição da gordura fecal.
(C) TC abdominal.
(D) Biópsia duodenal.
(E) Medição IgA transglutaminase tecidual.

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36. Uma mulher de 47 anos de idade recorre ao serviço de urgência por quadro de dor precordial
intensa, com intensidade de 7 pontos numa escala de 10 pontos, de início em repouso e com
duração aproximada de trinta minutos. Nega irradiação da dor, náuseas, dispneia ou febre.
Teve episódios semelhantes na semana anterior, que se têm tornado progressivamente mais
frequentes e mais intensos. Tem antecedentes de artrite reumatoide, é fumadora de 20
cigarros por dia e consume cocaína regularmente. Os sinais vitais são temperatura 36ºC,
frequência cardíaca 92/min, pressão arterial 147/86 mm Hg. Está vígil, orientada no tempo e
espaço. Apresenta fácies de dor e durante o exame físico apresenta um episódio de vómito
alimentar. A auscultação cardíaca revela ritmo sinusal. A auscultação pulmonar está dentro
dos parâmetros da normalidade. Os resultados dos estudos analíticos revelaram troponina T
de alta sensibilidade de 56 ng/L (valor de referência 14 ng/L) que subiu para 127 ng/L na
reavaliação após três horas.

Obteve-se o eletrocardiograma que se encontra em anexo.

Qual o próximo passa a dar na abordagem desta doente?

(A) Realizar cateterismo emergente.


(B) Iniciar dupla antiagregação e enoxaparina em dose terapêutica.
(C) Iniciar um bloqueador beta-adrenérgico.
(D) Tranquilizar o doente e reagendar consulta.
(E) Administrar bloqueador de canal de cálcio.

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37. Uma mulher de 60 anos de idade recorre à consulta do seu médico assistente por episódios
recorrentes de náuseas, um a dois episódios de vómitos por dia, geralmente uma hora após
as refeições, acompanhadas de saciedade precoce nos últimos seis meses. Refere por vezes
sentir dor abdominal nos quadrantes superiores, mais frequentemente durante a noite. Teve
uma perda ponderal de 4 kg nos últimos seis meses. Nega obstipação, diarreia, hematemeses
e febre. Dos antecedentes pessoais destaca-se diabetes mellitus tipo 2, dislipidemia,
depressão e epilepsia. Toma diariamente metformina, sitagliptina, sinvastatina, amitriptilina
e carbamazepina. Nega hábitos tabágicos e refere hábitos alcoólicos esporádicos. Tem 163
cm de altura e pesa 65 kg; IMC 24,46 kg/m2. Os sinais vitais são temperatura 36.3°C,
frequência cardíaca 89/min, frequência respiratória 15/min e pressão arterial 113/65 mm Hg;
SpO2 99 % (ar ambiente). A glicemia capilar é de 146 mg/dL. Ao exame físico apresenta-se
vígil, orientada, ansiosa mas colaborante, com pele e mucosas coradas e hidratadas. As
auscultações cardíaca e pulmonar não revelam alterações patológicas. O abdómen está
distendido, mole e depressível, indolor à palpação de todos os quadrantes, sem massas ou
organomegalias palpáveis. Não se observa edema periférico. A força muscular nos quatro
membros é de 5/5. Apresenta hipostesia e parestesias de forma simétrica nos pés e metade
inferior das pernas. A ecografia abdominal revela uma vesícula biliar normalmente
distendida e sem conteúdo ecogénico, sem dilatação das vias biliares e sem alterações
aparentes da cabeça pancreática.
Os resultados laboratoriais são os seguintes:
Sangue
Hemoglobina 13,7 g/dL
Leucócitos 4600/mm3
Plaquetas 255 000/mm3

Soro
Creatinina 0,65 mg/dL
ALT 23 U/L
AST 25 U/L
GGT 30 U/L
Fosfatase alcalina 76 U/L
Bilirrubina total 0,6 mg/dL
Proteína C reativa 0,9 mg/dL
Sódio 138 mEq/L
Potássio 3,9 mEq/L
Hemoglobina A1C 9.9%

Qual dos seguintes é o próximo passo mais apropriado na gestão desta doente?

(A) Esofagografia com deglutição de bário.


(B) Estudo cintigráfico do esvaziamento gástrico.
(C) Prescrever omeprazol e reavaliar dentro de quatro semanas.
(D) Ileocolonoscopia com biópsias do íleon terminal.
(E) Prescrever difenidramina e reavaliar dentro de duas semanas.

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38. Uma mulher de 65 anos de idade recorre ao serviço de urgência por dor abdominal. Refere
que tem tido dor abdominal intermitente que piora após as refeições, com agravamento
progressivo há uns meses. Hoje a dor é constante e pontua-a com 8 pontos numa escala de
10 pontos. A doente tem antecedentes de hipertensão arterial, doença pulmonar obstrutiva
crónica e hipertensão pulmonar. Está medicada cronicamente com amlodipina e
oxigenoterapia suplementar. Os sinais vitais são temperatura timpânica 38,5°C, frequência
cardíaca 115/min, frequência respiratória 21/min e pressão arterial 146/79 mm Hg; SpO2 91
% (cânula nasal a 4 L/min). A doente tem 152 cm de altura e pesa 82 kg; IMC 35,5 kg/m2.
Ao exame físico apresenta-se com fácies de dor, desconfortável e agitada. A auscultação
pulmonar verifica-se a presença de sibilos difusos. O exame abdominal revela dor na
palpação do quadrante direito, bem como à compressão e descompressão súbita na mesma
região. Os sons intestinais estão hipoativos. A ecografia abdominal revela uma vesicula biliar
dilatada e de paredes espessada, fluido pericolecístico e litíase biliar múltipla. Fica internada
e inicia fluidoterapia e antibióticos endovenosos. O médico responsável opta pelo tratamento
conservador devido às comorbilidades que a doente apresenta. O médico assistente é
chamado no sétimo dia de internamento por um quadro de vómitos biliares e obstipação. O
raio-X abdominal revela múltiplas ansas do intestino delgado dilatadas com evidência de ar
na árvore biliar; não há ar visível no interior da parede biliar. O cego é descomprimido.

Qual das seguintes alternativas é a explicação mais provável para os achados no raio-X
abdominal?

(A) Colangiocarcinoma.
(B) Colecistite enfisematosa.
(C) Acaríase da vesícula.
(D) Ileus biliar.
(E) Síndrome de Mirizzi.

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39. Uma mulher de 32 anos de idade, grávida de 31 semanas, é trazida ao serviço de urgência
por sensação de pressão pélvica intensa e mal-estar geral. Refere dor abdominal oscilatória,
que não cede a analgesia com paracetamol. Os sinais vitais são temperatura axilar 39,2°C,
frequência cardíaca 108/min, frequência respiratória 18/min e pressão arterial 120/92 mm
Hg. A palpação abdominal é dolorosa e é possível sentir contratilidade uterina que coincide
com as queixas álgicas. O exame genital bimanual revela colo amolecido, anterior, com 70%
de extinção, 3 cm de dilatação e doloroso à mobilização. A ecografia obstétrica mostra feto
sem anomalias aparentes, em situação longitudinal e em apresentação cefálica, uma bolsa de
líquido amniótico de 3 cm e uma placenta localizada no fundo uterino. A grávida é colocada
sob cardiotocografia contínua que revela contratilidade uterina regular (duas contrações a
cada 10 minutos) e uma frequência cardíaca fetal que oscila entre os 165 e os 185/min, com
acelerações frequentes.

Qual dos seguintes tratamentos é o mais adequado neste quadro clínico?

(A) Ampicilina, sulfato de magnésio e parto.


(B) Dexametasona e parto.
(C) Nifedipina, dexametasona e sulfato de magnésio.
(D) Sulfato de magnésio e parto.
(E) Nifedipina e dexametasona.

40. Uma adolescente de 12 anos de idade recorre ao serviço de urgência por dispneia e pieira.
Refere que começou há dois dias com tosse e que hoje parece que tem «gatinhos» dentro do
peito e tem dificuldade em respirar. Nega febre e contacto com pessoas doentes. Tem
antecedentes pessoais de asma alérgica. O esquema vacinal encontra-se atualizado. Os sinais
vitais são temperatura axilar 36,5ºC, frequência cardíaca 98/min, frequência respiratória
28/min; SpO2 93 % (ar ambiente). Ao exame físico revela bom estado geral, palidez cutânea,
mucosas coradas e hidratadas. O tempo de preenchimento capilar é inferior a dois segundos.
A auscultação cardíaca revela S1 e S2 presentes, sem sopros. A auscultação pulmonar revela
diminuição do murmúrio vesicular. O abdómen não revela alterações patológicas.

Qual dos seguintes é o próximo passo mais adequado nesta adolescente?

(A) Oxigénio suplementar.


(B) Nebulização com formeterol.
(C) Nebulização com salbutamol.
(D) Nebulização com salbutamol e brometo de ipratrópio.
(E) Metilprednisolona endovenosa.

28
41. Um homem de 37 anos de idade, de origem marroquina, recorre ao serviço de urgência por
tosse produtiva persistente, com expetoração amarelada com três semanas de evolução.
Começou por ser uma tosse seca de manhã, mas com a sua persistência tornou-se purulenta
e por vezes raiada de sangue. Ficou assustado e por isso decidiu vir ao serviço de urgência.
Refere ainda suores noturnos e sensação febril. Chegou a Portugal há cerca de seis meses e
desde então tem vivido na rua. Os sinais vitais são temperatura 38,2°C, frequência cardíaca
90/min, frequência respiratória 18/min e pressão arterial 123/78 mm Hg; SpO 2 95 % (ar
ambiente). O exame físico revela caquexia. A auscultação cardíaca revela S 1 e S2 presentes,
sem sopros. A auscultação pulmonar é normal. O raio-X do tórax revela uma cavitação no
ápice pulmonar direito.

Qual dos seguintes resultados mais provavelmente confirmará o diagnóstico?

(A) Teste cutâneo da tuberculina >15 mm.


(B) Antigénios urinários positivos para Legionella Pneumophila.
(C) Amostras de expetoração positivas para bacilos ácido-base resistentes.
(D) Amostras de expetoração positivas para Pneumocystis jirovecii.
(E) Teste reativo para anticorpos anti-VIH 1.

42. Um homem de 71 anos de idade recorre ao serviço de urgência por dificuldade respiratória
de agravamento progressivo e com um mês de evolução. Ele refere «acordei com muita falta
de ar durante a noite, estou mais cansado e não tenho energia para fazer as minhas tarefas do
dia-a-dia». Tem antecedentes pessoais de dislipidemia, diabetes mellitus tipo 2, hipertensão
arterial e gota. A medicação atual inclui metformina, valsartan, hidroclorotiazida e
aluporinol. O doente diz «parei de tomar o comprimido do colesterol e passei a tomar arroz
vermelho, porque a minha vizinha começou a tomar e está muito melhor». Os sinais vitais
são temperatura 36ºC, frequência cardíaca 97/min, com pulso regular, pressão arterial 154/78
mm Hg e SpO2 90 % (ar ambiente). O exame físico revela um doente polipneico com
dificuldade em completar as frases. A auscultação pulmonar revela fervores crepitantes
bilaterais no terço inferior dos campos pulmonares. A auscultação cardíaca revela tons
cardíacos arrítmicos, irregulares e sopro holossitólico apical com irradiação para a axila. O
doente foi admitido em internamento para investigação do quadro clínico. O ecocardiograma
transtorácico mostra dilatação marcada do ventrículo esquerdo (diâmetro telediastólico 70
mm), fração de ejeção de 45%, insuficiência mitral globalmente avaliada como moderada
por restrição do folheto posterior e pressão estimada na artéria pulmonar de 60 mm Hg.

Qual dos seguintes é o próximo passo mais adequado?

(A) Realizar ecocardiograma transesofágico.


(B) Prescrever nitroglicerina.
(C) Realizar eletrocardiograma.
(D) Referenciar para cirúrgica cardíaca.
(E) Tranquilizar o doente e dar alta para consulta externa.

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43. Uma mulher de 41 anos de idade recorre ao serviço de urgência por dor abdominal de início
súbito. A dor é localizada no quadrante superior direito, constante, com uma hora de
evolução, irradia para o ombro direito e classificada com 9 pontos numa escala de 10 pontos.
A dor teve início após o jantar em que a doente comeu bifes com batatas fritas. Refere que a
ingesta de alimentos agrava a dor e nega fatores de alívio. Adicionalmente tem náuseas,
vómitos (dois episódios) e anorexia. Nega febre, calafrios, pirose, cansaço, perda ponderal e
artralgias. Refere episódios prévios semelhantes, mas nunca teve uma dor tão intensa como
a atual. Não tem história de viagens recentes ao estrangeiro. Tem como antecedentes pessoais
doença bipolar medicada com sertralina e lamotrigina. A medicação habitual inclui ainda
contracetivo oral e paracetamol quando tem dores. Nega hábitos tabágicos e refere hábitos
alcoólicos (5 a 10 g de álcool por dia). Tem uma vida sedentária e a sua dieta é muito rica
em gorduras e pobre em vegetais e fruta. Os antecedentes familiares revelam que a irmã e
mãe têm diabetes. O pai faleceu aos 69 anos na sequência de um acidente vascular cerebral
isquémico. Tem 159 cm de altura e pesa 86 kg; IMC 34,02 kg/m2. Os sinais vitais são
temperatura 37,3°C, frequência cardíaca 80/min, frequência respiratória 19/min e pressão
arterial 110/59 mm Hg; SpO2 99 % (ar ambiente). Ao exame físico apesenta-se vígil,
orientada, ansiosa, muito queixosa, com pele e mucosas coradas, hidratadas e anictéricas. A
auscultação cardíaca revela sons cardíacos rítmicos e sem extrassons ou sopros audíveis. A
auscultação pulmonar apresenta murmúrio vesicular audível bilateralmente e sem ruídos
adventícios. O abdómen é globoso, mole e depressível, desconfortável à palpação do
hipocôndrio direito, mas sem interrupção da inspiração profunda à palpação do mesmo. Sem
dor à palpação dos restantes quadrantes, sem massas ou organomegalias. Não se objetivam
edemas periféricos.

Os resultados laboratoriais são os seguintes:

Sangue
Hemoglobina 13,1 g/dL
Hemoglobina Corpuscular Média 32 pg
VGM 90 µm3
Leucócitos 8 300/mm3
Plaquetas 295 000/mm3

Soro
Creatinina 0,59 mg/dL
ALT 19 U/L
AST 28 U/L
GGT 35 U/L
Fosfatase alcalina 90 U/L
Bilirrubina total 0,7 mg/dL
Proteína C Reativa 0,2 mg/dL
Sódio 135 mEq/L
Potássio 3,6 mEq/L

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Qual dos seguintes é o diagnóstico mais provável?

(A) Colecistite aguda.


(B) Úlcera duodenal.
(C) Cólica biliar.
(D) Coledocolitíase.
(E) Hepatite aguda.

44. Um homem de 22 anos de idade recorre ao serviço de urgência por febre, tosse seca e dores
no ombro. Refere que a febre é intercalada por períodos de apirexia. O doente foi submetido
a uma laparotomia por apendicite perfurada há duas semanas. Não tem antecedentes médicos
conhecidos e não toma qualquer medicamento. Nega hábitos tabágicos e alcoólicos. Os sinais
vitais são temperatura timpânica 39°C, frequência cardíaca 110/min, frequência respiratória
20/min e pressão arterial 121/76 mm Hg. A auscultação pulmonar revela murmúrio vesicular
mantido e simétrico. A auscultação cardíaca mostra S1 e S2 presentes, sem sopros
identificáveis. A palpação do tórax revela dor entre o oitavo e décimo primeiro arco costal.
O abdómen é mole e depressível, sem dor à palpação superficial e profunda, com ruídos
hidroaéreos audíveis e sem sinais de irritação peritoneal. No toque retal não se palpam massas
e verifica-se presença de fezes na ampola retal.

Os resultados dos exames laboratoriais obtidos revelam:


Sangue
Leucócitos 14 000/mm3
Soro
Creatinina 0,5 mg/dL
Azoto ureico 18 mg/dL
Glucose 107 mg/dL
AST 30 U/L
ALT 25 U/L
GGT 50 U/L
Amilase 26 U/L
Sódio 140 mEq/L
Potássio 4,9 mEq/L

Qual dos seguintes é o próximo exame de diagnóstico mais adequado?

(A) Ecografia abdominal.


(B) Raio-X torácico.
(C) Raio-X abdominal.
(D) Biópsia hepática.
(E) Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica.

31
45. Uma mulher de 27 anos de idade, nuligesta, recorre ao centro de saúde para a consulta de
planeamento familiar uma vez que pretende engravidar. Os antecedentes pessoais revelam
menarca aos 14 anos de idade, ciclos menstruais regulares de 30-32 dias, com cataménios de
quatro dias. A data da última menstruação foi há oito dias. Como método contracetivo usa
contraceção hormonal combinada oral. Sem outros antecedentes pessoais de relevo a não ser
hábitos tabágicos de 10 cigarros por dia. Sem hábitos alcoólicos. Os sinais vitais são
temperatura de 36,9ºC, frequência cardíaca 85/min e pressão arterial 110/79 mm Hg. Tem
160 cm de altura e pesa 59 kg; IMC 23,05 kg/m2.

Os resultados dos estudos analíticos do estudo pré-concecional revelam:

Sangue
Grupo sanguíneo AB Rh+
Hemoglobina 12,1 g/dL
Plaquetas 160 000/mm3
Teste de Coombs indireto negativo
Soro
Glucose em jejum 83 mg/dL
Serologias
Anti - HBs negativo
VIH negativo
VDRL não reativo
Rubéola: IgG negativo; IgM negativo
Toxoplasmose: IgG negativo e IgM negativo

Qual das seguintes recomendações é a mais adequada para esta doente?

(A) Suspender o tabagismo uma vez que está contraindicado na gravidez.


(B) Suspender o método contracetivo oral e iniciar ácido fólico 4 mg/dia.
(C) Suspender o método contracetivo oral e vacinar para a toxoplasmose.
(D) Deve manter o método contracetivo oral e vacinar para a rubéola.
(E) Deve manter o método contracetivo e repetir o estudo laboratorial.

32
46. Uma menina de 3 anos de idade é trazida pela mãe ao serviço de urgência por diarreia e febre.
Iniciou quadro de febre há três dias (temperatura máxima de 39,2ºC) associada a dejeções
diarreicas com sangue e muco de cheiro ligeiramente fétido. Refere ainda dor abdominal com
padrão de crescendo-decrescendo e choro intenso. A mãe acrescenta que terão comido ovos
estragados e que ela e o marido também estão com diarreia. Os antecedentes pessoais e
familiares são irrelevantes. O esquema vacinal encontra-se atualizado. Os sinais vitais são
temperatura 38,3ºC, frequência cardíaca 143/min e pressão arterial 99/61 mm Hg. Ao exame
físico apresenta pele e mucosas desidratadas. O tempo de preenchimento capilar é de três
segundos. A auscultação cardíaca revela sopro grau 2/4 no bordo esquerdo do esterno. A
auscultação pulmonar é normal. O abdómen é mole e depressível, sem dor à palpação, sem
sinais de irritação peritoneal e sem massas palpáveis.

Qual dos seguintes agentes é a causa mais provável do quadro descrito?

(A) Salmonella typhi.


(B) Campylobacter jejuni.
(C) Rotavírus.
(D) Clostridium difficile.
(E) Shigella.

47. Um homem de 77 anos de idade recorre ao serviço de urgência por fraqueza no membro
superior direito. A filha, que o acompanha, refere que o pai tem estado doente nas últimas
duas semanas, com febre, arrepios e suores noturnos e que até perdeu visivelmente peso
durante esse período. O doente atribuiu estes sintomas a uma «constipação», que não
justificaria recorrer aos cuidados de saúde. No entanto, esta manhã assustou-se ao não
conseguir mexer o braço. Nega quaisquer outros sintomas. Tem antecedentes de hipertensão
arterial e história de febre reumática, tendo colocado uma prótese mitral há cerca de dois
meses e meio, procedimento que decorreu sem intercorrências. Os sinais vitais são
temperatura 38,5ºC, frequência cardíaca 105/min e pressão arterial 122/63 mm Hg. Ao exame
físico revela hemiplegia do membro superior direito, sem outros défices neurológicos focais.
As pupilas estão isocóricas e isorreativas. Os reflexos osteotendinosos estão preservados e
simétricos. A auscultação cardíaca revela um sopro sistólico no foco mitral. A auscultação
pulmonar mostra murmúrio vesicular preservado, sem ruídos adventícios.

Qual dos seguintes testes é o mais adequado neste momento?

(A) Hemoculturas e ecocardiograma transtorácico.


(B) Hemoculturas e ecocardiograma esofágico.
(C) Estudo analítico, raio-X do tórax, hemoculturas e urocultura.
(D) Estudo analítico e hemoculturas.
(E) Estudo analítico e raio-X do tórax.

33
48. Uma mulher de 49 anos de idade é levada ao serviço de urgência após um episódio de síncope
enquanto fazia uma caminhada com o irmão. Após recuperar, refere uma dor precordial
intensa com irradiação posterior, sensação de pré-síncope e náuseas. Apresenta antecedentes
de hipertensão arterial, medicada e controlada. Os sinais vitais são temperatura 36ºC,
frequência cardíaca 123/min, em ritmo sinusal na telemetria e pressão arterial 87/56 mm Hg.
Está sonolenta e pálida. O exame físico revela ingurgitamento venoso jugular a 45º do plano
horizontal. A auscultação cardíaca revela sons cardíacos hipofonéticos, taquicárdicos, com
sopro protodiastólico no bordo esquerdo do esterno. A auscultação pulmonar revela
murmúrio vesicular sem ruídos adventícios. Realizou eletrocardiograma que não evidenciou
alterações.

Qual das seguintes alternativas é o próximo passo mais adequado na gestão desta doente?

(A) Realizar pericardiocentese.


(B) Realizar angio-TC de tórax.
(C) Repetir eletrocardiograma.
(D) Esternotomia urgente.
(E) Ressuscitação volémica.

34
49. Um homem caucasiano de 49 anos de idade recorre ao serviço de urgência por dor abdominal
intensa ao nível da região epigástrica associada a náuseas. Refere episódios semelhantes ao
longo dos últimos quatro meses. A dor chega a ter uma intensidade de 9 pontos numa escala
de 10 pontos, é do tipo lancinante e surge mais frequentemente 30 minutos após as refeições.
Normalmente apresenta um padrão intestinal com tendência para a obstipação (uma a duas
dejeções por semana), mas ultimamente tem tido uma dejeção por dia de fezes mais
esbranquiçadas com aspeto oleoso e que se agarram à sanita. Afirma ter perdido 7 kg ao
longo dos últimos três meses. Nega irradiação da dor, anorexia, vómitos, cansaço, febre,
artralgias e alterações cutâneas ou oculares. É contabilista de profissão. Tem antecedentes
pessoais de artrite psoriática, depressão e alcoolismo. A medicação atual inclui diclofenac,
sertralina e oxazepam. É fumador desde os 18 anos de idade (31 UMA). Afirma manter o
consumo de bebidas alcoólicas (50 a 70 gramas de álcool por dia), apesar de já ter realizado
várias tentativas de reabilitação da dependência de álcool. Tem 178 cm de altura e pesa 69
kg; IMC 21,78 kg/m2. Os sinais vitais são temperatura 37,3°C, frequência cardíaca 85/min,
frequência respiratória 14/min e pressão arterial 117/60 mm Hg; SpO2 99% (ar ambiente) e
uma glicemia capilar de 124 mg/dL. Ao exame físico apresenta-se vígil, orientado,
colaborante, com pele e mucosas coradas e hidratadas. A auscultação cardíaca revela tons
cardíacos rítmicos, sem sopros ou extrassons. A auscultação pulmonar apresenta murmúrio
vesicular audível bilateralmente e sem ruídos adventícios. O abdómen é plano, mole e
depressível, e apresenta ligeiro desconforto à palpação profunda da região epigástrica, sem
dor à descompressão, sem massas ou organomegalias palpáveis. Não existem edemas
periféricos.

Os resultados dos exames laboratoriais revelam o seguinte:

Sangue
Hemoglobina 15,7 g/dL
Leucócitos 10 200/mm3
Neutrófilos 64 %
Linfócitos 17 %
Plaquetas 225 000/mm3
Soro
Creatinina 1,19 mg/dL
Azoto ureico 17 mg/dL
ALT 90 U/L
AST 95 U/L
GGT 98 U/L
Fosfatase alcalina 91 U/L
Bilirrubina total 0,9 mg/dL
Amilase 165 U/L
Proteína C Reativa 11 mg/dL
Sódio 137 mEq/L
Potássio 3,93 mEq/L
Cloro 102 mEq/L

Obteve-se raio-X do abdómen que se encontra em anexo.

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Qual das seguintes alternativas é o diagnóstico mais provável?

(A) Úlcera gástrica.


(B) Pancreatite crónica.
(C) Doença celíaca.
(D) Doença de Whipple.
(E) Cólica biliar.

36
50. Um homem de 65 anos de idade recorre ao serviço de urgência por dor abdominal. A dor é
do tipo «facada», contante, localizada na região periumbilical, sem fatores de alívio ou
agravamento. A dor teve início há cerca de trinta minutos com agravamento progressivo e
classifica-a com 10 pontos numa escala de 10 pontos. Refere ainda náuseas e teve dois
episódios de vómito, de coloração «amarelo-esverdeado». O doente tem antecedentes de
hipertensão arterial, dislipidemia e enfarte agudo do miocárdio recente. Na altura do episódio
de enfarte, foi submetido a uma angiografia coronária com colocação de stent na artéria
descendente anterior esquerda por oclusão total. Os sinais vitais são temperatura timpânica
37,3°C, frequência cardíaca 100/min irregular, frequência respiratória 18/min e pressão
arterial 110/75 mm Hg. O raio-X e a TC abdominal não evidenciaram alterações das
estruturas anatómicas.

Os resultados dos estudos analíticos revelam:


Sangue
Hemoglobina 15 g/dL
Leucócitos 16 000/mm3
Plaquetas 250 000/ mm3
Soro
Creatinina 1,0 mg/dL
Azoto ureico 22 mg/dL
Glucose 118 mg/dL
Amilase 250 U/L
Lipase 15 U/L
Sódio 139 mEq/L
Potássio 4,1 mEq/L
Cloro 105 mEq/L
Gases
Bicarbonato 14 mEq/L

Qual das seguintes alternativas é o diagnóstico mais provável neste doente?

(A) Vólvulo do intestino delgado.


(B) Isquemia mesentérica aguda.
(C) Apendicite aguda.
(D) Úlcera péptica perfurada.
(E) Pancreatite aguda.

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51. Uma mulher de 33 anos de idade, 1 gesta, 1 para, recorre a uma consulta no centro de saúde
porque pretende engravidar. O parto anterior foi vaginal não complicado com recém-nascido
vivo de 2835 g de peso. O filho foi diagnosticado com espinha bífida com necessidade de
correção cirúrgica. Os antecedentes pessoais revelam menarca aos 12 anos de idade, ciclos
menstruais regulares de 30-32 dias, com cataménios de quatro dias. A data da última
menstruação foi há dois dias. Como método contracetivo usa anel vaginal. Não tem
antecedentes patológicos de relevo e nega antecedentes cirúrgicos. Os sinais vitais são
temperatura de 36ºC, frequência cardíaca 67/min e pressão arterial 126/85 mm Hg.

Qual das seguintes recomendações é a mais adequada para esta doente?

(A) Iniciar suplementação com ácido fólico e iodeto de potássio.


(B) Nas análises pré concecionais pedir serologias da sífilis, VIH, Hepatite B e Clamídea.
(C) O primeiro estudo analítico deverá ser realizado logo após a utente engravidar.
(D) Suspender o anel vaginal para tentar engravidar.
(E) Encaminhar para consulta de apoio à fertilidade.

52. Um menino de 13 anos de idade é trazido ao consultório médico por tosse. Refere que tem
episódios esporádicos de tosse seca (menos de dois episódios nos últimos meses). Tem
antecedentes pessoais de dermatite atópica e rinite alérgica. A sua medicação habitual inclui
desloratadina. Os sinais vitais estão dentro dos parâmetros da normalidade. Ao exame físico
encontra-se com bom estado geral, orientado no tempo e no espaço e colaborativo. A
auscultação cardíaca revela S1 e S2 presentes, sem sopros. A auscultação pulmonar é normal.
O abdómen é mole e depressível, sem dor à palpação, sem sinais de irritação peritoneal e sem
massas palpáveis. Foi realizada uma espirometria que confirma o diagnóstico.

Qual das seguintes alternativas é o tratamento mais adequado?

(A) Brometo de ipatrópio inalado na doença aguda.


(B) Salbutamol inalado na doença aguda.
(C) Associação de budesonido e formoterol inalados na doença aguda.
(D) Fluticasona inalada diariamente.
(E) Associação de budesonido e salmeterol inalados na doença aguda.

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53. Uma mulher de 32 anos de idade, grávida, com 25 semanas de gestação, recorre à sua
consulta no centro de saúde por um eritema anular com centro claro na sua perna direita. A
doente refere que esta lesão se iniciou com uma pequena pápula vermelha há cerca de cinco
dias, mas que progressivamente foi aumentando de tamanho. Ela refere ainda fadiga,
cefaleias, mialgias e artralgias intermitentes com nove dias de evolução, que tinha atribuído
até então à gravidez. A doente não apresenta antecedentes patológicos de relevo e não toma
medicação habitual, além das vitaminas pré-natais. Não fez nenhuma viagem recente, exceto
ter ido visitar os pais há algumas semanas, que residem no interior do país. Os sinais vitais
estão todos dentro da normalidade. Ao exame físico verifica-se uma lesão eritematosa de 12
x 11 cm na sua perna direita, com anéis mais avermelhados concêntricos e um centro mais
claro. Verifica-se ainda linfadenopatia inguinal. A auscultação cardíaca revela S1 e S2
presentes, sem sopros. A auscultação pulmonar é normal. O abdómen é mole e depressível,
indolor à palpação, sem sinais de irritação peritoneal e sem massas palpáveis.

Qual dos seguintes tratamentos é o mais adequado neste quadro clínico?

(A) Amoxicilina/ácido clavulânico.


(B) Doxiciclina.
(C) Ceftriaxone.
(D) Penicilina G.
(E) Corticoide tópico.

54. Uma mulher de 32 anos de idade recorre ao serviço de urgência por sensação de dificuldade
respiratória marcada com 12 horas de evolução. Não tem antecedentes de patologias
conhecidas e não toma qualquer medicação. Os sinais vitais são temperatura 36ºC, frequência
cardíaca 125/min, pressão arterial 101/78 mm Hg; SpO2 78 % (ar ambiente). Ao exame
físico, apresenta-se polipneica e com dificuldade em completar as frases. A auscultação
pulmonar revela murmúrio vesicular mantido e simétrico e sem ruídos adventícios. O
ecocardiograma feito à cabeceira do doente revela dilatação acentuada do ventrículo direito,
uma pressão estimada na artéria pulmonar de 54 mm Hg e movimento em D-shape do
ventrículo esquerdo.

Qual das seguintes alternativas é o próximo passo mais adequado na gestão desta doente?

(A) Iniciar alteplase.


(B) Iniciar dabigatrano.
(C) Iniciar terapêutica diurética.
(D) Realizar angio-TC pulmonar.
(E) Iniciar quimioterapia urgente.

39
55. Uma mulher de 70 anos de idade recorre à consulta do seu médico por cansaço para pequenos
esforços, sensação de fraqueza, falta de apetite e prurido generalizado com três semanas de
evolução. Afirma ter perdido 10 kg ao longo do último ano. Nega dispneia, ortopneia,
dispneia paroxística noturna, edemas, toracalgia, dor abdominal, náuseas, vómitos e
alterações do trânsito intestinal. Refere nunca se ter sentido assim ao longo da sua vida.
Afirma ser autónoma nas atividades de vida diária e viver sozinha em domicílio próprio. Tem
hipertensão arterial, estando medicada com amlodipina e hidroclorotiazida. É fumadora
desde os 17 anos de idade (90 UMA) e consome bebidas alcoólicas esporadicamente. Tem
159 cm de altura e pesa 50 kg; IMC 19,78 kg/m2. Os sinais vitais documentados são
temperatura auricular 37,2ºC, frequência cardíaca de 69/min, frequência respiratória de
12/min, pressão arterial 131/75 mm Hg; SpO2 97% (em ar ambiente). Ao exame físico
apresenta-se visivelmente emagrecida, vígil, orientada, colaborante e com pele e mucosas
marcadamente amarelas e desidratadas. A auscultação cardíaca revela sons rítmicos e sem
sopros. A auscultação pulmonar apresenta murmúrio vesicular audível bilateralmente e sem
ruídos adventícios. O abdómen é escavado, mole, depressível e indolor à palpação em todos
os quadrantes. Sem edemas periféricos e sem linfadenopatias palpáveis.
Os resultados dos estudos analíticos são:
Sangue
Hemoglobina 11 g/dL
Leucócitos 13 200/mm3
Neutrófilos 90 %
Plaquetas 201 000/mm3
Tempo de protrombina 18 seg
Tempo de tromboplastina parcial ativada 49 seg

Soro
Creatinina 1,19 mg/dL
Azoto ureico 108 mg/dL
ALT 290 U/L
AST 495 U/L
GGT 998 U/L
Fosfatase alcalina 691 U/L
Bilirrubina total 23,9 mg/dL
Bilirrubina direta 19,8 mg/dL
Amilase 198 U/L
Proteína C reativa 15,9 mg/dL
Sódio 132 mEq/L
Potássio 3,03 mEq/L
Cloro 91 mEq/L

Bacteriologia
Exame bacteriológico: em curso
A TC abdominal e pélvica relata: «lesão neoformativa hipocaptante e
de contornos irregulares na cabeça do pâncreas, que mede 29×32×26 mm, com margem
inferior acima do limite duodenal inferior e que condiciona franca dilatação ductal a
montante, nomeadamente do ducto colédoco e do ducto pancreático principal (sinal do
“duplo ducto”), bem como das vias biliares intra-hepáticas; esta lesão apresenta projeção para

40
o lúmen da segunda porção duodenal e associa-se a densificação da gordura regional, bem
como a várias adenopatias; provável lesão neoformativa com ponto de partida na cabeça do
pâncreas embora não se possa excluir, com certeza, lesão ampular; coexiste atrofia do
parênquima pancreático; sem lesões hepáticas suspeitas».

Qual é o próximo passo mais adequando neste momento?

(A) Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica.


(B) Duodenopancreatectomia.
(C) Pedir o doseamento da alfa-fetoproteína no sangue.
(D) Pedir o doseamento da lipase no sangue.
(E) Ecografia abdominal.

56. Um homem de 42 anos de idade, internado no pós-operatório de esplenectomia de


necessidade por trauma abdominal no contexto de um acidente de viação em que era
passageiro. O médico é chamado ao oitavo dia de internamento por início súbito de dor no
ombro esquerdo. Não tem antecedentes médicos de relevo conhecidos. Não toma medicação
habitualmente. Os sinais vitais são temperatura timpânica 39,3°C, frequência cardíaca
110/min irregular, frequência respiratória 30/min e pressão arterial 110/85 mm Hg. Ao exame
físico apresenta uma respiração superficial. A auscultação pulmonar revela murmúrio
vesicular presente e simétrico. A palpação do abdómen desperta dor no quadrante superior
esquerdo, sem defesa e com ruídos hidroaéreos. É ainda evidente a presença da incisão da
laparotomia na linha média do abdómen sem sinais inflamatórios e com boa evolução
cicatricial. O raio-X do tórax não apresenta alterações de significado patológico.

Os resultados dos estudos analíticos revelam:


Sangue
Hemoglobina 15 g/dL
Hematócrito 45 %
Leucócitos 15 000/mm3

Qual dos seguintes diagnósticos é o mais provável neste doente?

(A) Fratura da clavícula esquerda.


(B) Pneumonia lobar inferior esquerda.
(C) Sépsis pós esplenectomia.
(D) Abcesso subfrénico.
(E) Hematoma subfrénico.

41
57. Uma mulher de 37 anos de idade, 3 gesta, 2 para, vem ao consultório médico por teste de
gravidez positivo. Tinha queixas desconforto hipogástrico com uma semana de evolução e
aumento da tensão mamária, o que motivou a realização do teste de gravidez. Desconhece a
data da última menstruação uma vez que já não menstrua desde que começou a realizar a
pílula progestativa. Tem antecedentes pessoais de pré-eclâmpsia na última gravidez,
diagnosticada às 33 semanas de gestação. Não faz medicação habitual. Tem 159 cm de altura
e pesa 83 kg; IMC 32,8 kg/m2. Os sinais vitais são temperatura de 36,5ºC, frequência cardíaca
93/min, frequência respiratória 15/min e pressão arterial 150/84 mm Hg. Tem 160 cm de
altura e pesa 59 kg; IMC 23,05 kg/m2. SpO2 99 % (ar ambiente). A ecografia por via
abdominal revela um feto com boa vitalidade, biometrias compatíveis com 21 semanas e 3
dias, placenta posterior, volume de líquido amniótico normal. Sem alterações aparentes na
ecoanatomia fetal.

Qual das seguintes alternativas é o próximo passo mais adequado a efetuar nesta doente?

(A) Estudo analítico com rastreio bioquímico do primeiro trimestre.


(B) Remarcar consulta e explicar que já foi ultrapassada a idade gestacional para realizar
rastreio de aneuploidias.
(C) Rastreio bioquímico do segundo trimestre.
(D) Amniocentese.
(E) Biópsia das vilosidades coriónicas.

42
58. Uma menina de 12 anos de idade é trazida ao serviço de urgência por sede intensa e aumento
da produção urinária. Desde há três dias que tem pedido várias vezes água em maior
quantidade que o habitual e tem ido muitas vezes à casa de banho. A mãe achou esta situação
estranha e decidiu trazê-la ao serviço de urgência. Os antecedentes pessoais não identificaram
patologias de relevo. Não toma qualquer medicação. Os antecedentes familiares revelam
hipotiroidismo materno. O esquema vacinal encontra-se atualizado. Os sinais vitais são
temperatura axilar 37,1°C, frequência cardíaca 101/min e a pressão arterial 102/60 mm Hg.
Ao exame físico as mucosas estão coradas e hidratadas. O tempo de preenchimento capilar é
inferior a dois segundos. A auscultação cardíaca revela S1 e S2 presentes, sem sopros. A
auscultação pulmonar revela murmúrio vesicular mantido sem ruídos adventícios. O
abdómen é mole e depressível, sem dor à palpação, sem sinais de irritação peritoneal e sem
massas palpáveis.

Os resultados dos exames analíticos foram:

Sangue
Hemoglobina 13,4 mg/dL
Leucócitos 5 000/mm3
Neutrófilos 80 %
Linfócitos 12 %
Plaquetas 200 × 109/L

Soro
Glucose 302 mg/dL
Sódio 134 mEq/L
Potássio 4,0 mEq/L
Cálcio 9,8 mg/dL
Magnésio 1,8 mEq/L

Gases
pH 7,2
Bicarbonato 28 mEq/L

A tira-teste de urina revela corpos cetónicos (+++) e glucose (+++).

Qual das seguintes alternativas constitui o tratamento mais adequado?

(A) Insulina subcutânea.


(B) Fluidoterapia com solução isotónica.
(C) Insulina endovenosa.
(D) Insulina endovenosa e fluidoterapia com solução isotónica.
(E) Insulina endovenosa e solução com bicarbonato de sódio.

43
59. Um homem de 35 anos de idade recorre à consulta com o seu médico assistente por sensação
de mal-estar, calafrios, mialgias e fraqueza com quatro dias de evolução. Tinha interpretado
estes sintomas como uma «constipação» sem importância, mas ontem teve um episódio de
vómito e reparou numa coloração amarelada na sua pele. O doente nega antecedentes
médicos de relevo, e não toma medicação habitual. Bebe álcool de forma esporádica, em
contexto social, e nega consumir tabaco ou drogas endovenosas. Regressou recentemente de
uma viagem ao Brasil, tendo realizado profilaxia para a malária. Os sinais vitais são
temperatura retal 38,2°C, frequência cardíaca 80/min e frequência respiratória 18/min. Ao
exame físico destaca-se icterícia. As auscultações cardíaca e pulmonar estão dentro dos
parâmetros da normalidade. O abdómen é mole e depressível, doloroso ao quadrante superior
direito, sem sinais de irritação peritoneal e sem massas palpáveis.

Os resultados dos estudos analíticos revelam:


Sangue Soro
Hemoglobina 13,5 g/dl Bilirrubina total 0.8 mg/dL
Leucócitos 5500/mm3 Bilirrubina direta 0.2 mg/dL
AST 850 U/L
3
Plaquetas 320 000/mm ALT 1120 U/L

Qual dos seguintes é o passo mais importante no tratamento deste doente?

(A) Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica.


(B) Repouso e anti-inflamatório.
(C) Repouso, hidratação e abstinência alcoólica.
(D) Tenofovir.
(E) Sofosbuvir + velpatasvir.

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60. Um homem de 56 anos de idade recorre ao serviço de urgência por queixas de dispneia com
várias semanas de evolução. Adicionalmente, refere tosse crónica e mais recentemente tosse
associada a hemoptise. Nos antecedentes pessoais, destacam-se hábitos tabágicos (25 UMA).
Não faz qualquer medicação. Os sinais vitais são temperatura auricular de 36,6°C, frequência
cardíaca de 67/min, frequência respiratória de 16/min e pressão arterial de 125/86 mm Hg.
Ao exame físico observa-se mucosas coradas e hidratadas e turgescência das veias jugulares.
A auscultação cardíaca revela sons rítmicos e regulares, sem sopros. A auscultação pulmonar
revela sons respiratórios presentes. A toracocentese da cavidade pleural à esquerda revela
líquido pleural hemático, sem odor associado.

Os resultados do exame microscópico do líquido pleural revelam:

Hematócrito 10 Conteúdo proteico 60 % das Glucose 50 Diferencial de


% proteínas séricas mg/dL células 60 %

Qual dos seguintes é o próximo passo mais apropriado?

(A) Broncoscopia com lavado broncoalveolar.


(B) Determinar os níveis de amílase no fluido pleural.
(C) TC torácica de alta resolução.
(D) RM do tórax.
(E) Realizar estudo citológico do líquido pleural.

45
61. Um homem de 73 anos de idade está internado na enfermaria de medicina interna por
endocardite de válvula protésica a Streptococcus bovis. Tem antecedentes conhecidos de
diabetes mellitus tipo 2 com lesão de órgão alvo (retinopatia diabética e nefropatia diabética),
hipertensão arterial, dislipidemia e hiperplasia benigna da próstata. Está medicado
cronicamente com insulina, linagliptina, valsartan e tansulosina. No internamento a
terapêutica consiste na medicação habitual do ambulatório e em gentamicina e ceftriaxone.
O médico assistente é chamado ao nono dia de internamento por registo de redução
progressiva de diurese (200 ml nas últimas 24 horas) e por elevação da creatinina e do azoto
ureico nos estudos analíticos (à admissão apresentava creatinina de 1,35 mg/dL e azoto ureico
65 mg/dL). O doente refere ter urinado menos. Nega disúria ou polaquiúria, queixas
respiratórias, cardíacas, gastrointestinais ou outras. Os sinais vitais são temperatura 36,5°C,
frequência cardíaca 78/min, frequência respiratória 16/min e pressão arterial 124/88 mm Hg;
SpO2 95 % (ar ambiente). Ao exame físico o doente apresenta-se orientado no tempo e
espaço. Observam-se mucosas coradas e hidratadas. As auscultações cardíaca e pulmonar
não apresentam alterações patológicas. O exame do abdómen está normal. O restante exame
físico encontra-se dentro dos parâmetros de normalidade.
Os resultados dos estudos analíticos revelam:
Sangue
Hemoglobina 12,5 g/dL
Leucócitos 11 550/mm3
Plaquetas 239 000/mm3

Soro
Creatinina 2,87 mg/dL
Azoto ureico 72 mg/dL
Glucose 122 mg/dL
Sódio 139 mEq/L
Potássio 6,9 mEq/L
Cloretos 100 mEq/L
Proteína C Reativa 9 mg/dL

Urina
Eritrócitos Ausentes
Leucócitos Presentes (+++)
Cilindros granulares Presentes (+++)
Nitritos Ausentes
Albumina Presente (+++)

Qual das seguintes alternativas é o mecanismo mais provável do quadro clínico que
motivou a chamada do médico assistente?

(A) Nefrotoxicidade.
(B) Doença glomerular.
(C) Isquemia.
(D) Obstrução uretral.
(E) Ateroembolismo.

46
62. Uma mulher de 45 anos de idade recorre ao serviço de urgência por icterícia com quatro
semanas de evolução. Refere múltiplos episódios de dor abdominal em cólica ao nível do
quadrante superior direito. Piora com as refeições com alto teor de gordura, sendo que o
último episódio teve início poucos dias antes de ter notado a coloração amarela dos
olhos. Atualmente encontra-se sem dor. Não tem antecedentes médicos conhecidos. Ela é
casada e tem cinco filhos. Tem 154 cm de altura e pesa 79 kg; IMC 33,3 kg/m 2. Os sinais
vitais são temperatura de 36°C, frequência cardíaca 82/min, frequência respiratória 16/min e
pressão arterial 120/80 mm Hg. Ao exame físico apresenta conjuntivas e pele amarelas. A
ecografia abdominal revela vesícula contraída e repleta de cálculos, bem como dilatação das
vias biliares intra-hepáticas e extra-hepáticas, mas sem identificação de cálculos no ducto
biliar comum. A pesquisa de sangue oculto das fezes foi negativa.

Os resultados dos estudos analíticos revelam:


Sangue
Hemoglobina 14 g/dL
Leucócitos 6 000/mm3
Plaquetas 170 000/ mm3
Soro
Creatinina 0,9 mg/dL
Sódio 138 mEq/L
Potássio 4,7 mEq/L
AST 60 U/L
ALT 65 U/L
GGT 50 U/L
Fosfatase alcalina 900 U/L
Bilirrubina total 22 mg/dL
Bilirrubina direta 16 mg/dL

Neste momento, qual dos seguintes estudos é o mais adequado solicitar?

(A) Serologias.
(B) Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica.
(C) Endoscopia digestiva alta com biópsia da região ampular.
(D) Biópsia hepática por agulha fina percutânea.
(E) Biópsia da cabeça do pâncreas guiada por TC.

47
63. Uma grávida de 35 anos de idade, primigesta, com 25 semanas e 6 dias de gestação, é
observada numa consulta de vigilância pré-natal. Encontra-se assintomática e tem boa
perceção dos movimentos fetais. Aumentou 12 kg durante a gravidez. Tem 165 cm de altura
e pesava 76 kg antes de engravidar; IMC 27,8 kg/m2. Toma iodo e ferro. Os sinais vitais são
temperatura de 36,5ºC, frequência cardíaca 85/min, frequência respiratória 18/min e pressão
arterial 129/81 mm Hg; SpO2 99 % (ar ambiente). Os resultados do estudo laboratorial do
primeiro trimestre e das ecografias do primeiro e segundo trimestre estavam dentro dos
parâmetros da normalidade. O resultado do estudo laboratorial do segundo trimestre revela
valores da prova de tolerância à glicose oral de 89/174/153 mg/dL.

Qual das seguintes é a melhor resposta a dar à doente?

(A) «Está tudo bem com as suas análises e ecografias, vamos manter o seguimento no
Centro de Saúde».
(B) «Você tem diabetes gestacional, terá de começar a fazer insulina».
(C) «Você tem diabetes gestacional, terá de fazer uma dieta restrita e atividade física
regular».
(D) «Você tem diabetes gestacional, terá de iniciar tratamento com metformina».
(E) «Você tem diabetes gestacional, terá de fazer uma ecocardiograma fetal».

64. Um rapaz de 8 anos de idade com diabetes mellitus tipo 1 diagnosticada há uma semana, vem
ao consultório médico para consulta de avaliação do seu estado clínico. Iniciou esquema de
insulina de ação prolongada e bólus antes das refeições. Tem mantido as glicemias dentro
dos parâmetros normais. Nessa consulta, é pedido estudo laboratorial para avaliar a função
renal e o perfil lipídico.

Qual dos seguintes é o estudo diagnóstico mais adequado solicitar nesta criança?

(A) Anti-corpo TRAB.


(B) Antitransglutaminase.
(C) Anticorpos anti-nucleares.
(D) Tempo de protrombina e tempo de tromboplastina parcial ativada.
(E) Péptido-C.

48
65. Uma mulher de 23 anos de idade recorre ao seu médico assistente para uma consulta de
rotina. O resultado do teste de amplificação de ácido nucléico para clamídia e gonorreia que
tinha feito na última consulta foi positivo. A doente nega alteração do corrimento ou disúria.
Nega dor pélvica, febre ou quaisquer outros sintomas. A doente teve a menarca aos 12 anos
de idade e a coitarca aos 19 anos de idade. Nega antecedentes psiquiátricos, médicos ou
cirúrgicos. Não toma qualquer medicação a não ser um anticoncecional oral. A doente fica
muito preocupada com este resultado e pede-lhe recomendações.

Qual das seguintes é a melhor resposta a dar à doente?

(A) «Como está assintomática, não é necessário qualquer tratamento oral».


(B) «Como está assintomática, não transmite ao seu parceiro, mas você deve fazer
tratamento oral».
(C) «O mais provável é ser um falso positivo e não se deve preocupar».
(D) «Você e o seu parceiro devem fazer tratamento oral».
(E) «Deve fazer tratamento oral e no final voltaremos a rastrear».

66. Um homem de 65 anos de idade está internado para uma artoplastia eletiva do joelho
esquerdo. Durante a indução da anestesia geral e intubação orofaríngea o doente desenvolve
um processo aspirativo. A cirurgia decorre sem intercorrências. O médico assistente é
chamado ao internamento 24 horas após intervenção por registo de dessaturação à oximetria
de pulso e dispneia de início súbito. Os sinais vitais são temperatura 37,7°C, frequência
cardíaca 83/min, frequência respiratória 22/min e pressão arterial 110/67 mm Hg. Ao exame
físico apresenta retração intercostal, cianose e taquipneia. O raio-X do tórax revela infiltrados
bilaterais difusos com padrão alveolar e intersticial e broncograma aéreo. Os ângulos
costofrénicos estão poupados.

Os resultados da gasometria arterial FiO2 30% revelam:


pH 7,20
pCO2 74 mm Hg
Bicarbonato 28 mEq/L

Quais dos seguintes mecanismos melhor explica os resultados laboratoriais e clínicos


encontrados neste doente?

(A) Depressão do centro respiratório.


(B) Presença de shunting intrapulmonar.
(C) Aumento da compliance pulmonar.
(D) Aumento da elasticidade pulmonar.
(E) Alcalose respiratória.

49
67. Um homem de 76 anos de idade recorre a uma consulta de Nefrologia para reavaliação. É
seguido nesta consulta de há 6 anos por deterioração da função renal. Tem antecedentes de
hipertensão arterial, litíase renal e hiperplasia benigna da próstata. Está medicado com
lisinopril, amlodipina, furosemida e tansulosina. O doente pesa 76 kg (aumento de 5 kg face
à consulta de há três meses). Os sinais vitais são temperatura 35,9°C, frequência cardíaca
78/min, frequência respiratória 16/min e pressão arterial 176/97 mm Hg. A saturação de
oxigénio em ar ambiente é de 93 %. Ao exame objetivo apresenta mucosas descoradas mas
hidratadas. A auscultação cardíaca revela S1 e S2 rítmicos, com presença de som
protodiastólico. A auscultação pulmonar mostra crepitações na metade inferior de ambos os
hemicampos pulmonares. Tem edema periférico, mole e depressível, até ao joelho.
Apresenta, atualmente, uma taxa de filtração glomerular estimada pela fórmula CKD-EPI de
23 mL/min/1,73m2, e um rácio albumina-creatinina em urina ocasional de 80 mg/g.

Qual das seguintes alternativas justifica iniciar diálise nesta doente?

(A) Hipocalémia refratária a tratamento médico.


(B) Hipovolémia refratária a tratamento médico.
(C) Taxa de filtração glomerular estimada < 20 mL/min/1,73m2.
(D) Alcalose metabólica refratária a tratamento médico.
(E) Náusea e vómitos sem outra causa.

50
68. Uma mulher de 34 anos de idade recorre ao serviço de urgência por dor abdominal localizada
na fossa ilíaca esquerda com três dias de evolução. Nega irradiação. Refere ter tido febre em
casa de 37,9°C que cedeu a paracetamol. Costuma ser obstipada, mas nos últimos dois dias
tem tido dejeções diarreicas, sem sangue ou muco. Apresenta antecedentes pessoais de artrite
reumatoide desde os 20 anos, estando medicada com prednisona 5 mg por dia e metotrexato
10 mg por dia. Trabalha numa loja de roupa. Os sinais vitais são temperatura timpânica
37,6°C, frequência cardíaca 78/min, frequência respiratória 15/min e pressão arterial 120/78
mm Hg. Ao exame físico apresenta mucosas coradas, hidratadas e anictéricas. O abdómen é
mole, depressível e doloroso à palpação da fossa ilíaca esquerda; sinal Blumberg duvidoso.

Os resultados dos estudos analíticos revelam:


Sangue
Hemoglobina 11,7 g/dL
Leucócitos 11 700/mm3
Plaquetas 325 000/mm3
Soro
Creatinina 0,78 mg/dL
ALT 20 U/L
AST 32 U/L
Proteína C reativa 12 mg/dL

A ecografia abdominal revela um espessamento inflamatório na topografia do cólon


sigmoide com um abcesso pericólico com menos de 2 cm. Foi internada com o diagnóstico
de diverticulite aguda para vigilância clínica e antibioterapia. Ao sexto dia de internamento,
a doente apresenta-se completamente assintomática, tendo alta com indicação de realizar de
colonoscopia seis semanas depois.

Qual das seguintes alternativas é a recomendação mais adequada?

(A) Dieta rica em fibras.


(B) Cirurgia eletiva com resseção do cólon que contenha divertículos.
(C) Vigilância clínica.
(D) Sigmoidectomia eletiva com resseção do cólon espessado até à transição reto-
sigmoide.
(E) Redução de terapêutica imunossupressora.

51
69. Uma grávida de 34 anos de idade, 2 gesta, 1 para, de 35 semanas vem à consulta de obstetrícia
por prurido generalizado com três dias de evolução. Não apresenta lesões cutâneas associadas
ao prurido. Nega hemorragia genital ou perda de líquido amniótico. Tem boa perceção dos
movimentos fetais. A grávida tem antecedentes de hepatite C crónica, mas durante a gravidez
não se observou nenhuma intercorrência de relevo até esta consulta. O registo
cardiotocográfico é do tipo I.

Os resultados dos estudos analíticos revelam:


Sangue
Hemoglobina 12,8 g/dL
Plaquetas 213 000 /mm3
Soro
AST 34 U/L
ALT 30 U/L
GGT 54 U/L
Ácidos biliares 20 umol/L (valor referência 5,6-6,5 umol/L)

Qual das seguintes é a melhor resposta a dar à doente?

(A) «O tratamento definitivo é o parto».


(B) «Temos de fazer o parto o mais rápido possível».
(C) «O tratamento com anti-histamínico habitualmente resolve os sintomas».
(D) «Pode ficar amarela nos próximos dias».
(E) «O ácido ursodesoxicólico diminuí os ácidos biliares, mas não alivia a comichão».

52
70. Um menino de 5 anos de idade vem com a mãe ao serviço de urgência por palidez. A mãe
diz que tem notado a criança mais pálida que o habitual desde há alguns dias. Refere ainda
prostração desde há um dia. Inicialmente considerou que fosse normal, tendo em conta que
andou com dejeções amolecidas. Nega hemorragias ou sangue nas fezes. A criança é ativa,
mas desde o início deste episódio tem-se mostrado desinteressado para atividades de que
gosta, como jogar à bola. Sem antecedentes médicos de relevo. O pai está em estudo para
doença de Addison. Os sinais vitais são temperatura axilar 36,8ºC, frequência cardíaca
127/min e pressão arterial 92/61 mm Hg. Ao exame físico apresenta bom estado geral, pele
e conjuntivas pálidas. A auscultação cardíaca revela sopro sistólico grau 2/6 mais audível no
bordo esquerdo do esterno. A auscultação pulmonar é normal. O abdómen é mole e
depressível, sem dor à palpação, sem sinais de irritação peritoneal e sem massas palpáveis.

Os resultados dos estudos analíticos revelam:

Sangue
Hemoglobina 7 mg/dL
Hematócrito 40 %
Eritrócitos 3,5 x 106/mm3
VGM 53 fL
HCM 20 pg/célula
CHCM 29 g/dL
Reticulócitos 1,8 %
RDW 21 %

O esfregaço sanguíneo revela microcitose com hipocromia e algumas células alvo visíveis.
O estudo da cinética do ferro mostra valores dentro da normalidade.

Qual das seguintes alternativas é o próximo passo mais adequado na gestão desta criança?

(A) Eletroforese das hemoglobinas.


(B) Teste de Coombs direto.
(C) Desidrogenase láctica.
(D) Citometria de fluxo.
(E) Biópsia da medula óssea.

53
71. Uma mulher de 19 anos de idade, estudante universitária, recorre ao serviço de urgência por
sensação de mal-estar e cefaleias. A cefaleia acordou-a durante esta noite e é de intensidade
significativa, não pulsátil, que agrava com os movimentos da cabeça. Refere ainda fotofobia.
Regressou há dois dias de uma viagem ao México. Nega antecedentes psiquiátricos, médicos
ou cirúrgicos. Os sinais vitais são temperatura 39,1ºC, frequência cardíaca 108/min e pressão
arterial 125/68 mm Hg. Ao exame físico não consegue tocar com o queixo no peito.
Apresenta um rash maculo-papular em ambos os seus calcanhares, que a doente refere não
ter reparado antes. Ao exame neurológico não apresenta défices focais.

Os resultados da punção lombar revelam:

Proteínas 75 g/dL
Glucose 25 g/dL
Leucócitos 702/mm3
Neutrófilos 95 %

Qual dos seguintes é o próximo passo mais apropriado?

(A) Exame neurológico completo.


(B) Pedir estudo analítico com estudo de coagulação.
(C) Realizar TC do crânio.
(D) Iniciar antibioterapia.
(E) Iniciar anti-inflamatório não esteroide.

54
72. Uma mulher de 60 anos de idade vem ao consultório médico por queixas de cansaço fácil,
dispneia para pequenos a médios esforços, com agravamento progressivo, associado a tosse
seca. No último ano, apercebeu-se de que limitou a sua atividade física devido à falta de ar
«antes subia as escadas do meu prédio até ao segundo andar sem dificuldade e agora tem que
parar a cada três degraus». A doente nega queixas de toracalgia, edema periféricos, febre ou
perda de peso. Não tem antecedentes pessoas e familiares de relevo. Nega hábitos tabágicos.
Os sinais vitais são temperatura 36°C, frequência cardíaca 70/min, frequência respiratória
17/min e pressão arterial 119/80 mm Hg; SpO2 97 % (ar ambiente). Ao exame físico a doente
aparenta bom estado geral. Observam-se mucosas coradas e hidratadas. Está eupneica, sem
tiragem intercostal. As auscultações cardíacas e pulmonares não apresentam alterações
patológicas. O exame do abdómen não revela alterações patológicas. O restante exame físico
entra-se dentro dos parâmetros de normalidade.
Os resultados da espirometria revelam:
% DO
NORMAL OBSERVADO
PREVISTO
ESPIROMETRIA
FVC (L) 6,01 1,12 19
FEV1 (L) 4,89 1,04 21
FEV1/FVC 81 83
VOLUMES
Capacidade pulmonar total (CPT) (L) 7,45 2,09 28
Volume residual (VR)/CPT (%) 19 17
Capacidade de difusão (DLCO)
35 9 26
(ml/min/mm Hg)

Qual dos seguintes diagnósticos é o mais provável?

(A) Doença pulmonar restritiva.


(B) Doença pulmonar obstrutiva intratorácica.
(C) Combinação de doença pulmonar obstrutiva e restritiva.
(D) Doença obstrutiva extratorácica.
(E) Doença neuromuscular.

55
73. Uma mulher de 36 anos de idade, com antecedentes de doença de Crohn, recorre ao serviço
de urgência por agudização da diarreia com uma semana de evolução. Refere que tem tido
cerca de sete dejeções por dia, aquosas, por vezes com sangue mas sem muco. Relata ainda
anorexia. Nega náuseas, vómitos, febre ou queixas urinárias. Os sinais vitais são temperatura
auricular 37,2°C, frequência cardíaca 115/min, frequência respiratória 30/min e pressão
arterial 85/50 mm Hg. A saturação de oxigénio em ar ambiente é de 99 %. Ao exame físico
apresenta-se consciente, colaborante e orientada embora um pouco lentificada. As mucosas
estão coradas mas desidratadas, com sinal da prega cutânea. Auscultação cardíaca revela S1
e S2 rítmicos, sem sopros ou extra-sons. A auscultação pulmonar mostra sons respiratórios
presentes e simétricos, sem ruídos adventícios. O abdómen é mole e depressível, com ruídos
hidroaéreos aumentados em frequência, mas timbre normal, difusamente doloroso à palpação
profunda, sem massas ou organomegalias palpáveis; não há sinais de irritação peritoneal.

Os resultados dos exames laboratoriais revelaram:


Sangue
Hemoglobina 10,5 g/dL
Leucócitos 16 550/mm3
Plaquetas 269 000/mm3
Soro
Creatinina 0,75mg/dL
Azoto ureico 96 mg/dL
Glucose 72 mg/dL
Sódio 132 mEq/L
Potássio 2,6 mEq/L
Cloro 104 mEq/L
Proteína C Reativa 80 g/dL
Gasometria arterial FiO2 21 %
pH 7,33
PO2 120 mm Hg
PCO2 31 mm Hg
Bicarbonato 19 mmol/L
Lactato 2,5 mmol/L

Qual dos seguintes distúrbios hidroeletrolíticos é o mais provável nesta doente?

(A) Hiponatremia hipervolémica.


(B) Hiponatremia euvolémica.
(C) Hipernatremia.
(D) Pseudohiponatremia.
(E) Hiponatremia hipovolémica.

56
74. Um homem de 66 anos de idade, funcionário de escritório, recorre à consulta por queixas de
pirose e regurgitação com vários anos de evolução. Refere rouquidão que agravou no último
ano assim como um «amargo na boca». Nega anorexia ou astenia. Nega alterações do trânsito
intestinal, hematoquézias ou melenas. Nega hematémeses. Tem antecedentes de diabetes
mellitus, hipertensão e dislipidemia. Medicado habitualmente com insulina, telmisartan,
hidroclorotiazida, pitavastatina e pantoprazol 40 mg em jejum há vários anos, mas
ultimamente sem alívio das queixas. É seguido em consulta de nutrição há dois anos onde
cumpre um plano nutricional e de exercício físico regular. Refere que perdeu 9 kg no último
ano. Nega antecedentes cirúrgicos. É alérgico ao contraste iodado. A doente tem 172 cm de
altura e
pesa 90 kg; IMC 30,4 kg/m2. O abdómen é globoso, mas não se palpa qualquer massa ou
organomegália. A endoscopia digestiva alta revela erosões na mucosa esofágica distal, mas
sem lesões suspeitas. A manometria esofágica de alta resolução identifica um distúrbio da
motilidade esofágica.

Qual das seguintes alternativas é o tratamento mais adequado?

(A) Elevação da cabeceira da cama.


(B) Pantoprazol 40 mg em jejum e ao deitar.
(C) Vagotomia troncular.
(D) Fundoplicatura de Nissen.
(E) Fundoplicatura de Toupet.

75. Uma grávida de 27 anos de idade, 2 gesta, 0 para, de 32 semanas e 4 dias de gestação, recorre
ao serviço de urgência por cefaleias com uma semana de evolução que associa a stress no
seu trabalho. Revela que, na última semana, o inchaço dos tornozelos e das pernas aumentou
significativamente o que a impede de calçar os seus sapatos. Tem diabetes gestacional
controlada com a dieta. Sem antecedentes pessoais de relevo, a não ser aborto espontâneo no
primeiro trimestre. Os sinais vitais são temperatura timpânica 36,5ºC, frequência cardíaca
75/min e pressão arterial 148/94 mm Hg. A saturação de oxigénio em ar ambiente é de 98 %.
O exame físico revela acentuado edema bilateral acentuado, simétrico nas extremidades
inferiores. O registo cardiotocográfico é do tipo I.

Dos seguintes, qual é o próximo passo mais adequado na gestão desta doente?

(A) Quantificar proteínas na urina de 24 horas.


(B) Realizar ecocardiografia materna.
(C) Dar alta hospitalar e reavaliação dentro de uma semana.
(D) Determinar rácio proteína creatinina na urina.
(E) Requisitar exame sumário da urina.

57
Parte II

76. Um recém-nascido, do sexo masculino, é observado na sala de partos após o nascimento. A


gestação de 39 semanas e 2 dias foi vigiada e decorreu sem intercorrências. A mãe tem 31
anos de idade, O Rh + e é VIH positivo. A mãe foi tratada com esquema de zidovudina,
lamivudina e nevirapina e no último estudo, às 36 semanas de gestação, revelou carga viral
< 50 cópias/mL. O recém-nascido apresentou Apgar de 9 ao primeiro minuto e 10 aos cinco
minutos, sem necessidade de reanimação e fez terapêutica com zidovudina endovenosa até à
laqueação do cordão umbilical. Ao exame físico encontra-se com bom estado geral, pele e
mucosas coradas e hidratadas. Tempo de preenchimento capilar imediato. Está eupneico e
sem tiragem respiratória. As auscultações cardíaca e pulmonar não revelam alterações
patológicas. O restante exame físico é normal.

Qual das seguintes terapêuticas é a mais adequada durante o internamento na neonatologia?

(A) Vitamina D.
(B) Zidovudina.
(C) Zidovudina e nevirapina.
(D) Zidovudina e lamivudina.
(E) Zidovudina, lamivudina e nevirapina.

77. Uma mulher de 42 anos de idade recorre à consulta com o médico assistente por tosse,
cefaleia, náuseas e mal-estar com duas semanas de evolução. Refere ainda episódios de
diarreia. Tem antecedentes de hipertensão arterial e dislipidemia. Está medicada
habitualmente com lisinopril e metformina. Os sinais vitais são temperatura auricular de
38ºC, frequência cardíaca 90/min e frequência respiratória 15/min. Ao exame físico apresenta
mucosas coradas e hidratadas. A auscultação cardíaca apresenta sons cardíacos rímicos, sem
sopros audíveis. A auscultação pulmonar demonstra crepitações difusas e sibilância em
ambos os campos pulmonares. O raio-X do tórax revela infiltrados intersticiais. Os resultados
laboratoriais não revelaram alterações.

Qual dos seguintes diagnósticos é o mais provável?

(A) Pneumonia por Mycoplasma pneumoniae.


(B) Pneumonia por Streptococus penumoniae.
(C) Pneumonia por Klebsiella penumoniaee.
(D) Gripe por Influenza A.
(E) Tuberculose.

58
78. Uma mulher de 29 anos de idade recorre ao serviço de urgência por fraqueza dos membros
inferiores. Refere que sente formigueiros nas mãos e nos pés. Ela diz «nas últimas horas
comecei a sentir fraqueza nas pernas ao ponto de tropeçar enquanto andava pela casa». Ela
refere que teve uma gastroenterite há cinco dias, que tratou com aumento de ingestão de
fluidos e a toma de eletrólitos. Nega perda de visão, hemiparesia, perda de consciência e
tonturas. A doente trabalha como assistente de consultório médico e tem uma vida ativa. A
história médica anterior não identifica patologias de relevo e não toma qualquer medicação
exceto um suplemento multivitamínico. Ela não tem hábitos tabágicos e bebe bebidas
alcoólicas ocasionalmente em contexto social. Os sinais vitais são temperatura 36,5°C,
frequência cardíaca 70/min, frequência respiratória 17/min e pressão arterial 131/72 mm Hg.
A auscultação cardíaca revela sons cardíacos rítmicos e sem sopros. A auscultação pulmonar
não apresenta alterações. O exame neurológico revela diminuição de reflexos bilaterais, com
normal resposta ao Babinski e uma força dos músculos periféricos de 2/5. As sensações
álgicas, térmicas e vibratórias estão intactas. A doente fica em observação e ao final de
poucas horas, torna-se obnubilada, com uma SpO2 75 % (ar ambiente). A doente é
imediatamente intubada e dá entrada na unidade de cuidados intensivos.

Qual das seguintes alternativas é a explicação mais provável para a hipoxemia?

(A) Desequilíbrio ventilação/perfusão.


(B) Diminuição da capacidade de difusão capilar alveolar.
(C) Shunt pulmonar.
(D) Diminuição da fração de oxigénio inspirada.
(E) Hipoventilação.

59
79. Uma mulher de 35 anos de idade recorre ao serviço de urgência por diminuição da força
muscular e sensibilidade no braço e perna direitos com uma hora de evolução. Refere ainda
astenia marcada desde há uma semana. Nega febre, queixas respiratórias, urinárias ou
gastrointestinais. Não tem antecedentes médicos conhecidos. Sem hábitos tabágicos,
alcoólicos ou uso de drogas ilícitas. Os sinais vitais são temperatura auricular 37,2°C,
frequência cardíaca 87/min, frequência respiratória 27/min e pressão arterial 105/67 mm Hg.
A saturação de oxigénio em ar ambiente é de 99 %. Ao exame físico apresenta-se pálida, com
mucosas descoradas e petéquias na face anterior da tíbia. A auscultação cardíaca revela S1 e
S2 rítmicos, sopro sistólico grau 1/6 mais audível no foco aórtico, sem irradiação. A
auscultação pulmonar não revela alterações patológicas. O abdómen está mole, depressível
e indolor à palpação. O exame ocular revela elevação simétrica das pálpebras, reflexo de
acomodação normal, pupilas fotorreativas, movimentos oculares preservados em todas as
direções, reflexo consensual e direto normais, e sem diplopia. A fundoscopia é normal, sem
edema da papila. O restante exame neurológico revela sensibilidade tátil da face preservada,
protrusão da língua na linha média, sem desvio da comissura labial, elevação dos ombros e
rotação da face preservados contra resistência. A força muscular é de grau 3/5 no membro
superior e inferior direitos, com diminuição da sensibilidade tátil. Marcha sem alterações.

Os resultados dos exames laboratoriais revelam:


Sangue
Hemoglobina 7,5 g/dL
Leucócitos 6 350/mm3
Plaquetas 56 000/mm3
Soro
Creatinina 2,05 mg/dL
Azoto ureico 65 mg/dL
Glucose 89 mg/dL
Sódio 136 mEq/L
Potássio 3,9 mEq/L
Cloro 100 mEq/L
Proteína C Reativa 10 g/dL
AST 100 U/L
ALT 95 U/L
Fosfatase alcalina 54 U/L
GGT 400 U/L
Bilirrubina total 2,50 mg/dL
Bilirrubina direta 0,85 mg/dL
Desidrogenase láctica 1500 U/L
Haptoglobina Indoseável

Qual das seguintes alterações moleculares é a causa mais provável neste quadro clínico?

(A) Mutação do gene da ADAMTS13.


(B) Mutação do gene do fator H.
(C) Mutação TRPC6.
(D) Mutação do gene do C3.
(E) Mutação APOL1.

60
80. Um homem de 72 anos de idade, empresário de profissão, vem ao consultório médico por
epigastralgia de agravamento progressivo com seis meses de evolução. Refere que a dor piora
após as refeições. Refere ainda perda de peso (cerca de 7 kg nos últimos seis meses), astenia
e anorexia. Nega hematémeses, náuseas ou vómitos. Nega alterações do trânsito intestinal,
hematoquézias ou melenas. Nega sintomas respiratórios, cardiovasculares ou febre. Tem
como antecedentes pessoais asma brônquica controlada apenas com medicação em SOS.
Nega antecedentes cirúrgicos. Os antecedentes familiares não identificaram patologias de
relevo. A doente tem 177 cm de altura e pesa 68 kg; IMC 21,7 kg/m2. O exame físico revela
mucosas ligeiramente descoradas mas hidratadas. Abdómen mole, depressível e ligeiramente
desconfortável à palpação do epigastro, mas sem dor. Não se palpam massas ou
organomegálias. Não são palpáveis adenopatias nas cadeias cervicais, supra-claviculares,
axilares ou inguinais.

Os resultados dos estudos analíticos revelam:

Sangue
Hemoglobina 10,7 g/dL
Leucócitos 5 400/mm3
Plaquetas 220 000/mm3
Soro
Creatinina 0,67 mg/dL
ALT 33 U/L
AST 37 U/L
Bilirrubina Total 0,9 mg/dL
Proteína C reativa 1,7 mg/dL

A endoscopia digestiva alta revela uma úlcera no antro gástrico de bordos elevados,
irregulares e dura ao toque de pinça. As biopsias revelam um adenocarcinoma gástrico do
tipo intestinal. Após os restantes exames de estadiamento, foi definido um estádio
cT1bN+M0.

Qual dos seguintes tratamentos é o mais adequado neste quadro clínico?

(A) Quimioterapia peri-operatória.


(B) Gastrectomia sub-total com linfadenectomia D2.
(C) Gastrectomia total com linfadenectomia D2.
(D) Resseção endoscópica.
(E) Gastrectomia sub-total com linfadenectomia D1.

61
81. Uma grávida de 26 anos de idade, com 27 semanas de gestação, recorre ao serviço de
urgência por cefaleias intensas com um dia de evolução. Nega alterações da visão ou
epigastralgias. A vigilância da gravidez tem sido realizada no centro de saúde, até ao
momento sem intercorrências descritas. Tem antecedentes pessoais de obesidade (IMC 33,2
kg/m2 antes da gravidez). Nega cirurgias prévias. Os sinais vitais são temperatura 37,0ºC,
frequência cardíaca 95/min, frequência respiratória 18/min e pressão arterial 153/104 mm
Hg; SpO2 96 % (ar ambiente). O toque vaginal revela colo inteiro (formado), de consistência
dura e fechado. O registo cardiotocográfico revela variabilidade e reatividade, sem
contratilidade uterina.

Os resultados dos estudos analíticos revelam:


Sangue
Hemoglobina 10,3 g/dL
Hematócrito 34 %
Plaquetas 87 000/mm3
Soro
Glucose 99 mg/dL
Creatinina 1,0 mg/dL
AST 142 U/L
ALT 178 U/L
DHL 225 U/L
Rácio proteína creatinina 0,45 mg/dL
Estudo da coagulação normal

Qual dos seguintes diagnósticos é o mais provável?

(A) Pré-eclâmpsia.
(B) Pré-eclâmpsia com critérios de gravidade.
(C) Eclâmpsia.
(D) Síndrome HELLP.
(E) Coagulação intravascular disseminada.

62
82. Uma mulher de 18 anos de idade, estudante, vem ao seu médico assistente para consulta de
seguimento. Mostra-se bastante apreensiva pois tem sentido palpitações esporádicas, que não
relaciona com nenhuma circunstância específica. Ela diz: «quero fazer análises gerais ao
corpo todo para garantir que não vou cair para o lado, do nada». Refere que no último
semestre tem-se preocupado muito com a entrada na universidade, apesar de manter boas
notas. Reconhece que tem tido dificuldades em adormecer e que fica mais de duas horas na
cama a julgar os seus comportamentos para com os seus amigos. Nega alterações do humor,
do padrão alimentar ou consumo de substâncias nocivas. Nega ainda síncope, tonturas,
toracalgia, cefaleias ou náuseas. Tem antecedentes de asma bem controlada com salbutamol
em SOS. Sem outros antecedentes pessoais ou cirúrgicos de relevo. Os sinais vitais são
temperatura 36ºC, frequência cardíaca 78/min, frequência respiratória 20/min e pressão
arterial 125/81 mm Hg. O exame físico revela uma postura tensa, hiperidrose nas mãos e
axilas, mas bem-disposta e conversadora. A auscultação cardíaca revela S1 e S2 presentes,
sem sopros. A auscultação pulmonar mostra murmúrio vesicular mantido e simétrico, com
leves sibilos ocasionais, mas sem sinais de dificuldade respiratória.

Das seguintes afirmações qual seria a mais adequada na abordagem da doente?

(A) «Sugiro que comece a fazer terapia cognitivo-comportamental associada a


lorazepam, mas por um período curto de tempo até regularizar o sono».
(B) «Vou pedir alguns exames para garantir que está tudo bem com a parte cardíaca e
sugiro que comece a tomar sertralina para a perturbação de ansiedade generalizada».
(C) «Parece-me que está com uma perturbação de somatização, pelo que meios
auxiliares de diagnóstico são desnecessários».
(D) «Sugiro que comece a fazer sertralina associada a terapia cognitivo-
comportamental».
(E) «Vou pedir alguns exames para garantir que está tudo bem com a parte cardíaca e
sugiro uma intervenção psicológica de baixa-intensidade e que reforce as medidas
de higiene do sono».

63
83. Uma mulher de 61 anos de idade recorre ao serviço de urgência por sensação intensa de mal-
estar e dor na perna direita, que a impede de caminhar normalmente. Há cerca de dois dias a
doente sofreu uma queda da própria altura, com traumatismo no local, não penetrante, que a
doente desvalorizou e para o qual não recorreu aos cuidados de saúde. Apresenta
antecedentes pessoais de hipertensão arterial e diabetes mellitus. Ela tem 160 cm de altura e
pesa 70 kg; IMC 27,34 kg/m2. Os sinais vitais são temperatura 38,6ºC, frequência cardíaca
80/min e pressão arterial 120/80 mm Hg. Ao exame físico apresenta dor localizada na região
média entre o tornozelo e o joelho direito, e limitação da mobilidade ativa e passiva do joelho
direito. Sem sinais de inflamação como eritema ou calor no local de dor. A força muscular e
sensibilidade estão preservadas e simétricas. Os reflexos osteotendinosos testados estão
presentes e simétricos. Os resultados laboratoriais revelam leucocitose. O raio- X da perna
exclui fratura.
Qual dos seguintes é o diagnóstico mais provável?

(A) Celulite.
(B) Osteomielite.
(C) Fratura oculta da perna.
(D) Artrite séptica.
(E) Trombose venosa profunda.

84. Uma mulher de 55 anos de idade recorre ao serviço de urgência por dormência dos membros
superiores e inferiores e falta de ar de início súbito. Nos antecedentes pessoais destaca-se
rinite alérgica, seguida em consulta de imunoalergologia. A medicação habitual inclui
desloratadina, sertralina e alprazolam em SOS. Consome bebidas alcoólicas esporadicamente
em ocasiões sociais e não fuma nem toma drogas ilícitas. Os sinais vitais são frequência
cardíaca 100/min, frequência respiratória 22/min e pressão arterial 130/92 mm Hg; SpO2 98
% (ar ambiente). Ao exame físico entra-se agitada. A auscultação cardíaca revela sons
rítmicos e regulares, sem sopros. A auscultação pulmonar revela sons respiratórios presentes.
O restante exame físico encontra-se dentro dos parâmetros da normalidade.

Os resultados da gasometria arterial revelam:


pH 7,50 pCO2 29 mm Hg pO2 78 mm Hg Bicarbonato 25 mEq/L

Qual das seguintes alternativas é o próximo passo mais adequado na gestão desta doente?

(A) Iniciar pressão positiva em vias aéreas a dois níveis (BiPAP).


(B) Requisitar D-Dímeros pela suspeita de tromboembolismo pulmonar.
(C) Administrar dexametasona endovenosa.
(D) Administrar diazepam.
(E) Realizar nebulização com brometo de ipratrópio e terbutalina.

64
85. Um homem de 59 anos de idade vem ao consultório médico por uma «ferida dolorosa na
boca que não cicatriza» com quatro meses de evolução. Nos antecedentes pessoais, destacam-
se tabagismo, consumo de canabinoides, alcoolismo e dores lombares crónicas, medicado
com ibuprofeno 600 mg em SOS (que utiliza com frequência). Refere que a sua mãe teve
vários episódios de hemorragia por úlceras gástricas. Os sinais vitais são temperatura 36,5°C,
frequência cardíaca 72/min, frequência respiratória 16/min e pressão arterial 122/85 mm Hg;
SpO2 96 % (ar ambiente). Ao exame físico, objetiva-se uma idade aparente superior à real,
bem como pele e mucosas coradas e hidratadas. A auscultação cardíaca S1 e S2 presentes sem
sopros ou galopes. A auscultação pulmonar apresenta murmúrio vesicular simétrico, sem
ruídos adventícios. O abdómen é mole e depressível, indolor à palpação, sem massas ou
organomegalias palpáveis. À observação da cavidade oral observa-se uma úlcera endurecida
e dolorosa ao toque.

Qual das seguintes medidas seria mais provável de prevenir a formação desta úlcera?

(A) Melhorar a higiene oral.


(B) Evitar o consumo de álcool.
(C) Evitar o consumo de canabinoides.
(D) Vacinação para o papilomavírus humano (HPV).
(E) Evitar o uso de anti-inflamatórios não esteroides.

86. Uma mulher de 53 anos de idade, 1 gesta, 1 para, vem à consulta com médico assistente para
saber o resultado da mamografia que realizou no âmbito do rastreio do cancro da mama de
base populacional. Tem antecedentes de diabetes mellitus tipo 2 e hipertensão arterial. A
medicação habitual inclui metformina e hidroclorotiazida. O exame físico das mamas não
revela a presença de massas palpáveis, corrimento mamilar, alterações ao nível do mamilo e
da restante pele. Na palpação ganglionar não se verifica a presença de adenopatias cervicais
ou axilares. A mamografia revela um aglomerado de microcalcificações no quadrante
superior interno da mama direita. A histologia da biópsia por agulha grossa revela carcinoma
ductal in situ.

Qual das seguintes alternativas é o tratamento mais adequado?

(A) Quimioterapia adjuvante.


(B) Cirurgia conservadora da mama direita seguida de radioterapia.
(C) Mastectomia total.
(D) Cirurgia conservadora com pesquisa do gânglio sentinela.
(E) Tamoxifeno em monoterapia.

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87. Uma grávida de 19 anos de idade, 2 gesta, 1 para, vem ao consultório médico para a primeira
consulta de vigilância pré-natal. Apresenta uma amenorreia de 10 semanas e quatro dias. É
uma gravidez desejada mas não planeada. Refere vários episódios de náuseas controladas
com medicação. Não tem antecedentes médicos de relevo e não toma medicação habitual, a
não ser ácido fólico e iodo que iniciou assim que soube que estava grávida. Não tem hábitos
tabágicos nem consome bebidas alcoólicas. Os sinais vitais são temperatura timpânica
36,3ºC, frequência cardíaca 90/min e pressão arterial 109/67 mm Hg. Ao exame pélvico não
apresenta alterações ao nível da região vulvar, colo uterino ou cúpula vaginal. A ecografia
pélvica revela gravidez intrauterina com um feto com boa vitalidade e comprimento crânio-
caudal compatível com 10 semanas e 2 dias de gestação.

Os resultados dos estudos analíticos observados nesta consulta são:

Sangue
Hemoglobina 12,0 g/dL
Hematócrito 37 %
Plaquetas 238 000/mm3
Soro
Teste Coombs indireto negativo
Glucose em jejum 82 mg/dL
Grupo sanguíneo A Rh -

Serologias
VIH negativo
Anti - HBs negativo
VDRL positivo
Rubéola: IgG positiva; IgM negativo
Toxoplasmose: IgG positivo, IgM positiva; teste avidez IgG forte

Qual das seguintes é a melhor resposta a dar à doente?

(A) «Você tem sífilis e a penicilina seria o antibiótico indicado, mas este medicamento é
contraindicado nas grávidas».
(B) «O teste de avidez da toxoplasmose confirma que a infeção por esta bactéria ocorreu
antes da gravidez».
(C) «A VDRL positiva é, muito provavelmente, um falso positivo, uma vez que não tem
úlceras».
(D) «Tem de fazer uma amniocentese mais tarde na gravidez, para avaliar uma eventual
infeção fetal por toxoplasmose».
(E) «Vamos fazer tratamento com antibiótico, depois não será necessário testar mais o
VDRL».

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88. Uma mulher de 65 anos de idade, dextra com o 9º ano de escolaridade, empregada de
limpeza, é trazida à consulta com o seu médico assistente pelo seu marido que estranhou o
seu comportamento nos últimos seis meses. O marido refere que a doente tem andado mais
desorganizada, com discurso confuso, e muitas vezes refere que vê pessoas e animais na sala.
Há cerca de três meses fala e grita durante o sono e dá pontapés ao marido. Tem caído
algumas vezes porque sente que se desequilibra. Apesar disso tem sido ativa e independente
para as atividades da vida diária, contudo, por vezes deixa queimar a comida. Reconhece
todas as pessoas familiares. Os sinais vitais são temperatura 36 ºC, frequência cardíaca
89/min e pressão arterial 140/79 mm Hg. Ao exame físico apresenta alguma instabilidade
postural e discreta rigidez dos membros superiores que é relativamente simétrica. O MMSE
(Mini-Mental State Examination) revela 26 pontos numa escala de 30 pontos, com maior
dificuldade na habilidade construtiva, na atenção e no cálculo.

Qual das seguintes alternativas é a abordagem inicial mais adequada?

(A) Iniciar terapêutica com levodopa.


(B) Avaliação neuropsicológica formal e análises para despiste de causas reversíveis de
demências.
(C) Iniciar inibidores da acetilcolinesterase.
(D) Realizar TC crânio-encefálico urgente.
(E) Pedir análises para rastreio de causas reversíveis de demências, TC crânio-
encefálico e ponderar uma avaliação neuropsicológica formal.

89. Um homem de 82 anos de idade recorre ao serviço de urgência por agravamento do seu
estado clínico nas últimas 12 horas. O doente tinha recorrido previamente ao serviço de
urgência por início súbito de rinorreia, tosse, cefaleias, mialgias e febre, tendo-lhe sido
detetado o vírus Influenza B numa amostra de exsudado orofaríngeo. O doente não tinha sido
vacinado contra a gripe. Nessa altura, teve alta médica, com indicação de medidas de suporte,
nomeadamente hidratação, antipirético e analgesia se necessário. Apesar de nos primeiros
três dias após a instituição destas medidas ter evidência de recuperação e ter-se sentido
melhor, recomeçou a ter febre e sentiu tosse mais intensa, com fadiga muito acentuada e
dificuldade respiratória. Tem antecedentes de hipertensão arterial e acidente vascular
cerebral há dois anos, sem sequelas evidentes. Está medicada cronicamente com
hidroclorotiazida. Os sinais vitais são temperatura 38,2ºC, frequência cardíaca 80/min,
frequência respiratória 22/min e pressão arterial 135/86 mm Hg; SpO2 94 % (ar ambiente).
A auscultação cardíaca revela S1 e S2 presentes, sem sopros. A auscultação pulmonar é
normal. O exame abdominal está dentro dos parâmetros da normalidade.

Qual dos seguintes é o passo mais apropriado na abordagem deste doente?

(A) Internar e prescrever zanamivir endovenoso.


(B) Internar e manter tratamento sintomático.
(C) Internar em unidade de cuidados intensivos.
(D) Dar alta clínica com prescrição de oseltamivir oral 10 dias.
(E) Dar alta clínica com prescrição de antibioterapia empírica.

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90. Uma mulher de 32 anos de idade recorre ao serviço de urgência por início súbito de dispneia,
tosse e dor torácica à direita, que é agravada pela inspiração. Foi submetida a histerectomia
por carcinoma do endométrio de baixo grau há dois dias. É fumadora há 10 anos (20 UMA).
Nega hábitos alcoólicos. Os sinais vitais são temperatura 37,8°C, frequência cardíaca
113/min, frequência respiratória 23/min e pressão arterial 100/47 mm Hg. Ao exame físico a
dorsiflexão forçada do pé com o joelho em extensão é indolor ao nível do escavado poplíteo.
A auscultação pulmonar revela presença de síbilos difusos bilateralmente e na percussão
torácica observa-se macicez na base pulmonar direita. A auscultação cardíaca revela sons
rítmicos, regulares e sem sopros. O raio-X do tórax revela uma pequena efusão pleural na
base pulmonar direita, bem como atelectasia no lobo inferior homolateral. O
eletrocardiograma revela anormalidades não específicas das ondas T e do segmento ST.

Os resultados da gasometria arterial revelam:


pH 7,50 PaCO2 30mm Hg PaO2 70 mm Hg Bicarbonato- 21mEq/L

Qual das seguintes alternativas é o próximo passo mais adequado na gestão desta doente?

(A) Toracocentese.
(B) Cintigrafia pulmonar ventilação-perfusão.
(C) Análise da expetoração pela coloração Gram e cultura.
(D) Espirometria.
(E) Broncoscopia.

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91. Um menino de 5 anos de idade é trazido pelos pais ao serviço de urgência por sangramento
das gengivas com alguns dias de evolução. A hemorragia acontece com frequência e em
quantidade abundante. A criança não apresenta antecedentes médicos de relevo, à exceção
de vários episódios de vómitos e diarreia com sangue há cerca de 6 dias, que também
motivaram a recorrência ao serviço de urgência. Este episódio já está resolvido, segundo os
pais. A criança está atualmente a alimentar-se sem restrições e com boa tolerância. Nega
febre, perda de peso ou sintomas respiratórios. Os sinais vitais são temperatura timpânica
36,2°C, frequência cardíaca 90/min, frequência respiratória 22/min. Ao exame físico
apresenta-se vígil, colaborante, mucosas coradas e hidratadas, sem petéquias nas mucosas ou
pele. A auscultação cardíaca revela S1 e S2 presentes, sem sopros. A auscultação pulmonar
encontra-se dentro dos parâmetros de normalidade. Exame neurológico normal. O restante
exame físico não evidencia qualquer alteração patológica.

Os resultados dos estudos analíticos são:


Sangue Soro
Hemoglobina 13,8 g/dl Sódio 142 mEq/L
VGM 85 fL Potássio 42 mEq/L
Reticulócitos 2 % Creatinina 1,12 mg/dL
Leucócitos 8 000/mm3 Azoto ureico 42 mg/dL
Plaquetas 98 000/mm3

Qual dos seguintes diagnósticos é o mais provável nesta criança?

(A) Púrpura trombocitopénica imune.


(B) Púrpura trombocitopénica trombótica.
(C) Síndrome hemolítico-urémico.
(D) Coagulação intravascular disseminada.
(E) Doença de VonWillebrand.

92. Uma mulher de 49 de idade é encaminhada para a consulta de otorrinolaringologia pelo seu
médico assistente por queixas de rouquidão com três meses de evolução. Tem antecedentes
de carcinoma ductal in situ na mama esquerda submetida a cirurgia conservadora e
radioterapia adjuvante há um ano. Os antecedentes familiares não identificaram patologias
de relevo. A laringofibroscopia revela parésia da corda vocal direita. A ecografia cervical
evidencia lesão na porção inferior do lobo esquerdo da tiroide com cerca de 1,7 cm,
hipoecogénica, de bordos irregulares e microcalficações. A histologia da biópsia aspirativa
por agulha fina ecoguidada desta lesão revela carcinoma papilar da tiroide.

Qual dos seguintes é o passo mais apropriado na abordagem desta doente neste momento?

(A) Lobectomia direita.


(B) Tiroidectomia total.
(C) Dosear níveis de calcitonina e CEA.
(D) Prescrever levotiroxina.
(E) Vigilância com ecografias cervicais regulares.

69
93. Uma menina de 10 anos de idade é levada ao consultório médico pela mãe por ser mais alta
que as crianças da sua idade. A menina é a mais alta da turma embora não o tenha sido quando
iniciou a escola. Apresenta uma estatura no percentil 99 desde há um ano. Não tem
antecedentes pessoais de relevo e os pais têm uma estatura e peso no percentil 50. O esquema
vacinal encontra-se atualizado. Ela tem 157 cm de altura (P 99) e pesa 49,3 kg (P 75). O
exame físico encontra-se dentro da normalidade. O boletim de saúde infantil e juvenil revela
um crescimento regular após o nascimento no percentil 50, cruzando superiormente a partir
dos 7 anos de idade.

Qual dos seguintes é o passo inicial mais adequado para a gestão clínica deste doente?

(A) Pedir o doseamento de hormona de crescimento.


(B) Pedir IGF-1.
(C) Pedir teste de supressão da hormona de crescimento.
(D) Dosear T4 livre.
(E) Pedir RM crânio-encefálica.

94. Uma mulher de 62 anos de idade vem ao consultório médico acompanhada pelo marido, por
queixas de perda de memória, instabilidade postural e quedas frequentes, com cerca de um
ano de evolução e agravamento progressivo. Refere que muitas vezes não se consegue
lembrar do caminho para casa, nem de conversas recentes, repete frequentemente as mesmas
questões, mas ainda reconhece todas as pessoas com quem habitualmente convive. Quando
questionada, refere ainda insónia inicial. Nega alucinações. Tem antecedentes de hipertensão
arterial, dislipidemia, e doença coronária arterial. A medicação habitual inclui aspirina,
carvedilol, enalapril e atorvastatina. Os sinais vitais são temperatura 37°C, frequência
cardíaca 90/min, frequência respiratória 16/min e pressão arterial 120/70 mm Hg. O exame
neurológico revela discreta hemiparesia direita, marcha parética, instabilidade postural,
reflexos osteo-tendinosos globalmente vivos do lado direito e reflexo cutâneo-plantar à
direita. O MMSE (Mini-Mental State Examination) revela 24 pontos numa escala de 30
pontos, com maior dificuldade na orientação temporal e espacial, na evocação e no cálculo.
Os resultados dos exames laboratoriais não revelam alterações. A TC crânio-encefálica
apresenta leucoencefalopatia isquémica e enfarte cortical antigo à esquerda.

Qual das seguintes alternativas é a abordagem inicial mais adequada?

(A) Reposição com levodopa.


(B) Reposição de vitamina E e vitamina B12.
(C) Iniciar memantina.
(D) Reabilitação cognitiva.
(E) Associar clopidogrel à aspirina.

70
95. Um homem de 63 anos de idade é trazido ao serviço de urgência após diminuição da
sensibilidade da mão esquerda durante o jantar. O sobrinho que o acompanha, refere que na
última semana o tio tem oscilado períodos de desatenção e desorientação, associado a
cefaleias intensas. O doente tem como antecedentes pessoais hipertensão arterial,
dislipidemia, VIH positivo diagnosticado há oito anos. Está medicado com lisinopril,
sinvastatina e antivíricos adequados. Os sinais vitais são temperatura 38,2ºC, frequência
cardíaca 78/min e pressão arterial 125/85 mm Hg. Ao exame física encontra-se prostrado e
com especto caquético. Responde quando estimulado. Tem diminuição da sensibilidade e
fraqueza na mão esquerda. A força e sensibilidade das restantes extremidades está
preservada. Na última consulta com o médico assistente, o doente apresentava CD4+
84/mm3. Realiza RM que mostra múltiplas lesões corticais esféricas com realce em anel.

Qual das seguintes alternativas poderia ter prevenido o caso clínico apresentado?

(A) Aumento da dose dos anti-víricos do doente na sua última consulta.


(B) Profilaxia com rifampicina.
(C) Profilaxia com cotrimoxazol.
(D) Profilaxia com fluconazol.
(E) Tratamento com aspirina em baixa dose.

96. Uma mulher de 24 anos de idade recorre ao médico de família por tosse seca persistente com
dez semanas de evolução. A tosse agrava à noite e não tem fatores de alívio. Tem tomado
paracetamol e codeína com algum alívio sintomático. A doente refere adicionalmente
rinorreia anterior, principalmente ao acordar. Nega febre, pirose, dispneia, alterações de
apetite e intolerância ao exercício físico. Sem antecedentes médicos de relevo. Há dois anos
que fuma ocasionalmente em situações sociais; nega hábitos alcoólicos. Os sinais vitais são
temperatura 36,2°C, frequência cardíaca 80/min, frequência respiratória 14/min e pressão
arterial 125/83 mm Hg. A auscultação pulmonar revela sons respiratórios mantidos em
ambos os campos pulmonares. A auscultação cardíaca não revela alterações patológicas. O
raio-X do tórax encontra-se dentro dos parâmetros da normalidade. Realizou uma
espirometria recentemente para entrar num clube de atletismo.

Os resultados da espirometria revelam:


FEV1 100 %; FVC 100 %, CPT 98 %; VR 89 %; DLCO 102 %

Qual das seguintes alternativas é o tratamento mais adequado para esta doente?

(A) Medicar com dexclorfeniramina.


(B) Medicar com omeprazol oral.
(C) Aumentar a dose de codeína oral.
(D) Medicar com amoxicilina.
(E) Cessação tabágica urgente.

71
97. Um homem de 56 anos de idade recorre à consulta com o seu médico assistente para mostrar
os resultados de análises e um estudo endoscópico, requisitados na última consulta por
anemia crónica severa. Refere que, deste a última consulta, sangra quase diariamente das
gengivas quando escova os dentes, que se sente cansado, com fadiga progressiva e dispneia
para médios esforços. Diz «parece que estou sempre constipado nos últimos tempos». Estes
sintomas começam a interferir nas suas atividades laborais. Não tem outras antecedentes
pessoais conhecidos. Não toma qualquer medicação, a não ser ferro quando necessário. Os
sinais vitais são temperatura 36,2°C, frequência cardíaca 72/min, frequência respiratória
19/min e pressão arterial 128/79 mm Hg; SpO2 96 % (ar ambiente). Ao exame físico
apresenta-se colaborante, vígil, orientado no tempo e no espaço, mucosas ligeiramente
descoradas mas hidratadas. O abdómen não apresenta alterações à palpação ou auscultação.
O restante exame físico sem alterações patológicas. O resultado da endoscopia que traz
consigo não revela hemorragia oculta.
Os resultados dos estudos analíticos revelaram:
Sangue
Hemoglobina 8,4 g/dL
Reticulócitos 0,8 %
Leucócitos 3 200/mm3
Plaquetas 35 000/mm3

O esfregaço de sangue periférico mostra mieloblastos aumentados e diminuição dos


granulócitos.

Qual dos seguintes diagnósticos é o mais provável nesta doente?

(A) Mielofibrose.
(B) Anemia megaloblástica.
(C) Leucemia mielóide aguda.
(D) Linfoma linfocítico de pequenas células.
(E) Leucemia mielóide crónica.

72
98. Uma mulher de 63 anos de idade foi submetida a lumpectomia e biópsia do gânglio sentinela
devido a uma neoplasia ductal infiltrativa localizada no quadrante superior externo da mama
direita. A peça cirúrgica tem uma dimensão de 12 x 8 x 8 cm e todas as margens cirúrgicas
foram declaradas como negativas pelo médico de anatomia patológica. A agregação das
medições e o estudo feito na peça cirúrgica revelou que a neoplasia tinha como dimensões
2,8 x 3,5 x 2,8 cm. Os dois gânglios sentinela removidos durante a intervenção eram
negativos para metástases tumorais. A análise da peça revelou ainda que a neoplasia tinha
recetores positivos para estrogénio e progesterona. O grau histológico tumoral bem como os
níveis de antigénio Ki-67 evidenciaram um prognóstico não favorável. Antes da intervenção
cirúrgica, a doente aceitou realizar radioterapia subsequente à cirurgia conservadora.

Qual das seguintes alternativas poderia otimizar a possibilidade de cura?

(A) Quimioterapia e anastrozole.


(B) Quimioterapia e tamoxifeno.
(C) Quimioterapia e estrogénios.
(D) Mastectomia radical subsequente.
(E) Radioterapia na mama contralateral e axila direita.

99. Um homem de 76 anos de idade vem ao serviço de urgência após um episódio de perda de
conhecimento enquanto ajudava o filho com a montagem de móveis, durante a qual sofreu
uma queda e traumatismo cranioencefálico. O doente refere que imediatamente antes do
episódio sentiu um mal-estar geral inespecífico e sudorese, sem toracalgia ou palpitações
associadas, tendo recuperado a consciência um a dois minutos depois. O doente é
previamente autónomo. Não tem antecedentes pessoais e familiares de relevo e não toma
medicação habitual. Os sinais vitais são temperatura 36,8°C, frequência cardíaca 89/min,
frequência respiratória 15/min e pressão arterial 158/77 mm Hg. A auscultação cardíaca
revela S1 e S2 presentes, rítmicos, e um sopro sistólico grau 3/6. A auscultação pulmonar
não revela alterações patológicas. O exame neurológico sumário não revelou alterações. Os
resultados do estudo analítico com eletrólitos e hemograma estão dentro dos valores de
referência.

Qual dos seguintes estudos é mais provável que confirme o diagnóstico?

(A) TC cranioencefálica.
(B) Angio-TC pulmonar.
(C) Ecocardiograma transtorácico.
(D) Registo Holter de 24 horas.
(E) Gasometria arterial.

73
100. Um lactente de 10 meses de idade é trazido pela mãe à consulta de saúde infantil por
má progressão ponderal. A mãe refere: «Nos últimos 2 meses tem tido diarreia com um cheiro
desagradável, as fezes são oleosas e boiam na água da sanita. Também tem tido bastante
flatulência». A criança iniciou diversificação alimentar aos 5 meses de idade que decorreu
sem reações adversas. A introdução de glúten aconteceu por volta dos 7 meses de idade.
Mantém aleitamento materno. Não tem antecedentes pessoais de relevo. O pai tem diabetes
mellitus tipo 1; sem outros antecedentes familiares. Manteve uma evolução ponderal no
percentil 50 até aos 7 meses de idade em que cruza inferiormente os percentis para o percentil
5. A evolução da estatura manteve-se no percentil 75. O exame físico revela palidez cutânea.
O abdómen apresenta-se tenso, aparentemente indolor à palpação, sem massas ou
organomegalias. Sem outras alterações ao exame físico.

Qual dos seguintes testes mais provavelmente confirmará o diagnóstico?

(A) Anticorpo anti-transglutaminase IgA.


(B) Anticorpo anti-endomísio.
(C) Peptídeo de gliadina desamidado por IgG.
(D) Biópsia do intestino delgado.
(E) Biópsia do intestino grosso.

101. Um homem de 57 anos de idade é acompanhado pela esposa à consulta com o seu
médico assistente por comportamentos bizarros nos últimos seis meses. A esposa refere que
na rua o doente interpela as pessoas de forma desadequada, faz piadas em momentos
inapropriados, tenta beijar pessoas desconhecidas, e deixou de se interessar pela família.
Desenvolveu, também, um desejo desajustado pelo consumo de chocolate e outros doces, e
aumentou 7 kg nos últimos meses. Nega antecedentes psiquiátricos, médicos ou cirúrgicos.
Não apresenta alterações ao exame físico, incluindo no exame neurológico. O MMSE (Mini-
Mental State Examination) revela 27 pontos numa escala de 30 pontos, com
maior dificuldade na atenção e na habilidade construtiva. Os resultados dos exames
laboratoriais não revelam alterações.

Qual o diagnóstico mais provável para este doente?

(A) Demência de Alzheimer precoce.


(B) Demência vascular.
(C) Demência frontotemporal.
(D) Demência com corpos de Lewy.
(E) Esquizofrenia.

74
102. Uma mulher de 30 anos de idade vem à consulta com o seu médico de família por
queixas de adormecimento e formigueiros nas extremidades inferiores com três meses de
evolução. A doente refere que os sintomas têm agravado de forma gradual ao longo desse
período. Ela refere: «sinto um cansaço muito grande, não consigo trabalhar em condições e
quando chego a casa à noite não tenho vontade de fazer nada…». Quando a doente é
interrogada, afirma que o período menstrual foi irregular nos últimos seis meses, sendo que
a última vez que menstruou foi há dois meses. Nega alterações de peso, obstipação, pele seca,
cefaleias ou alterações visuais. Há cerca de 15 anos foi-lhe diagnosticado hipotiroidismo
secundário a tiroidite de Hashimoto. Está medicada com 100 mcg por dia de levotiroxina
oral. Na história familiar há a registar hipotiroidismo na sua mãe. Bebe um copo de vinho
por dia, ao jantar, e não fuma nem consome drogas ilícitas. A doente é sexualmente ativa
com um parceiro sexual. Os sinais vitais são temperatura 36,0°C, frequência cardíaca 72/min,
frequência respiratória 12/min e pressão arterial 114/78 mm Hg. Tem 163 cm de altura e pesa
69 kg. Ao exame físico apresenta mucosas hidratadas, mas pálidas, e a tiroide não é palpável.
Há uma diminuição da sensibilidade vibratória e da propriocepção em ambas as extremidades
inferiores, mas com sensação de dor e temperatura preservadas. Os reflexos aquilianos estão
abolidos, mas os restantes estão vivos. O reflexo cutâneo-plantar apresenta uma resposta em
extensão bilateralmente. Na posição de ortostatismo, com os olhos fechados, a doente
apresenta desequilíbrio. Foi ainda avaliado a presença de sangue oculto nas fezes que se
revelou negativo.

Os resultados dos exames laboratoriais revelam:


Sangue
Hemoglobina 8 g/dL
Hematócrito 24%
Leucócitos 3 200/mm3

Soro
Sódio 140 mEq/L
Potássio 4,9 mEq/L
Ureia 20 mg/dl
Creatinina 0,7 mg/dL
Glicose 110 mg/dL
T4 8 µg/L
TSH 2,4 µg/L

Qual dos seguintes é o próximo passo mais adequado?

(A) Aumentar a dose de levotiroxina.


(B) Realizar uma Ressonância Magnética Nuclear da coluna.
(C) Realizar eletroforese de proteínas séricas.
(D) Dosear níveis de vitamina B12.
(E) Dosear níveis de folato.

75
103. Um homem de 70 anos de idade é entubado numa unidade de cuidados intensivos por
síndrome de dificuldade respiratória aguda secundária a bacteriemia por Escherichia coli, no
contexto de uma infeção do trato urinário refratária ao tratamento. Tem antecedentes de
enfisema. Raramente bebe bebidas alcoólicas e não fuma nem consome drogas ilícitas. Ele
tem 169 cm de altura e pesa 75 Kg; IMC 22,18 kg/m2. Os sinais vitais apresentados no
ventilador são frequência cardíaca 70/min, frequência respiratória 16/min com volume
corrente 450 ml/ciclo e SpO2 100 %.

Se estes parâmetros forem mantidos a longo prazo, o doente tem um risco aumentado de
desenvolver qual das seguintes complicações?

(A) Fibrose pulmonar.


(B) Insuficiência cardíaca congestiva.
(C) Embolismo pulmonar.
(D) Distensão venosa jugular.
(E) Pneumotórax de tensão.

104. Um homem de 71 anos de idade recorre ao seu médico assistente por dor na metade
inferior do tórax direito com três meses de evolução. A dor é constante, do tipo «facada»,
sem irradiação, tem uma intensidade de 8 pontos numa escala de 10 pontos. Refere ainda
cansaço nas últimas semanas. O doente nega qualquer traumatismo da área, febre, dificuldade
respiratória ou dificuldades em urinar. Há cerca de quadro meses foi internado por uma
pneumonia adquirida na comunidade, que ficou resolvida com terapêutica endovenosa. Tem
antecedentes de hipertensão arterial e diabetes mellitus. Está medicado com hidroclorotiazida
e antidiabéticos orais. É ex-fumador (50 UMA, sem consumo há 5 anos). Bebe um copo de
vinho às refeições. Os sinais vitais são temperatura 36°C, frequência cardíaca 90/min,
frequência respiratória 18/min e pressão arterial 132/84 mm Hg; SpO2 98 % (ar ambiente).
Ao exame físico apresenta-se alerta e com discurso preservado. Tem dor à palpação na grelha
costal direita. Pele sem alterações. O raio-X da grelha costal não revela sinais de fratura.
Os resultados dos exames laboratoriais revelam:
Sangue Soro
Hemoglobina 8,7 mg/dL Sódio 142 mEq/dL
Potássio 3,8 mEq/dL
VGM 79 fL Cálcio 17 mg/dL
3
Leucóticos 7 300/mm Cloreto 99 mEq/L
Plaquetas 89 000/mm3

Qual dos seguintes é mais provável encontrar no estudo deste doente?

(A) Células neoplásicas na próstata.


(B) Proteína M na eletroforese de proteínas séricas.
(C) >20% de blastos na medula óssea.
(D) Perda de diferenciação cortico-medular renal.
(E) Adenoma na tiroide.

76
105. Um homem de 65 anos de idade recorre à consulta com o seu médico assistente por
sensação de peso abdominal. Os antecedentes pessoais e familiares não incluem patologias
de relevo. Os sinais vitais são temperatura 36,5°C, frequência cardíaca 76/min, frequência
respiratória 19/min e pressão arterial 123/81 mm Hg. Ao exame físico observa-se coradas,
hidratadas e anictéricas. As auscultações cardíaca e pulmonar encontram-se dentro dos
parâmetros de normalidade. O abdómen encontra-se indolor à palpação superficial e
profunda; palpa-se com massa pulsátil e expansível ao nível do epigastro. A auscultação do
abdómen revela ruídos peristálticos de timbre normal. O restante exame físico encontra-se
dentro dos parâmetros da normalidade. A ecografia abdominal revela «presença de dilatação
da aorta abdominal infrarrenal com 4,5 cm de maior diâmetro transversal e 6 cm de diâmetro
longitudinal, observando-se ainda presença de trombo mural parietal».

Qual dos seguintes é o diagnóstico mais provável?

(A) Dissecção da aorta abdominal.


(B) Trombose da aorta infrarrenal.
(C) Úlcera penetrante da aorta abdominal.
(D) Pseudoquisto do pâncreas.
(E) Aneurisma da aorta abdominal.

106. Um lactente de 5 meses de idade é trazido ao serviço de urgência por dor abdominal
e irritabilidade com seis horas de evolução. Enquanto vinha de carro para o hospital teve um
vómito alimentar. Os antecedentes pessoais não revelaram patologias. O esquema vacinal
encontra-se atualizado. O irmão de 5 anos de idade tem história de infeção das vias aéreas
superiores. Os sinais vitais são temperatura 36,4°C e frequência cardíaca 102/min. Ao exame
físico apresenta fácies de dor, pele e mucosas coradas e hidratadas. O tempo de
preenchimento capilar é inferior a dois segundos. A orofaringe e otoscopia não revela
alterações patológicas. A auscultação cardíaca é normal. A auscultação pulmonar revela sons
respiratórios presentes. O abdómen é mole e depressível, doloroso à palpação dos quadrantes
inferiores, sem sinais de irritação peritoneal. A inspeção do períneo revela tumefação
dolorosa, tensa e lisa na região inguinal esquerda que não é redutível.

Qual dos seguintes tratamentos é o mais adequado neste momento?

(A) Ondasetrom oral.


(B) Fluidoterapia e analgesia endovenosa.
(C) Redução sobre sedação.
(D) Inguinotomia.
(E) Ressecção intestinal.

77
107. Um homem de 70 anos de idade é trazido pela esposa à consulta com o médico
assistente por quadro de esquecimentos frequentes, períodos de confusão e alterações do
humor, nos últimos quatro meses. Desde há dois meses que se tornou incapaz de gerir as suas
próprias finanças, e começou a perder-se frequentemente em ruas familiares no regresso para
casa. Tem andado mais triste, e reporta insónia inicial e terminal. Apresenta antecedentes
pessoais de hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo 2, doença coronária cardíaca e doença
arterial periférica. Está medicado com aspirina, metoprolol, lisinopril, metformina e
rosuvastatina. A auscultação cardíaca revela S1 e S2 presentes, sem sopros. A auscultação
pulmonar é normal. O abdómen é mole e depressível, sem dor à palpação, sem sinais de
irritação peritoneal e sem massas palpáveis. O exame neurológico revela hemiparesia direita
(mais evidente no membro inferior), marcha instável, hemihipostesia direita, e reflexo
cutâneo-plantar em extensão à direita.

Qual dos seguintes diagnósticos é o mais provável?

(A) Demência frontotemporal.


(B) Demência de Alzheimer.
(C) Demência de corpos de Lewy.
(D) Doença de Creutzfeldt-Jakob.
(E) Demência vascular.

78
108. Um homem de 28 anos de idade recorre ao seu médico assistente por queixas de sede
constante e aumento da produção urinária. Refere que sente necessidade de se levantar mais
de seis vezes por noite para ir à casa de banho. O doente tem sido saudável e não toma
qualquer medicação habitual. O doente emigrou da Índia há cerca de 4 anos. Ele não tem
hábitos tabágicos e bebe ocasionalmente bebidas alcoólicas em situações especiais. Os sinais
vitais são temperatura 36,0°C, frequência cardíaca 80/min, frequência respiratória 13/min e
pressão arterial 160/94 mm Hg; SpO2 97 % (ar ambiente). Tem 170 cm de altura e pesa 74
kg. Ao exame físico a auscultação pulmonar revela sons respiratórios presentes. A
auscultação cardíaca revela sons rítmicos e regulares e sem sopros audíveis. A palpação
abdominal é indolor, sem defesa, sem organomegalias palpáveis e com ruídos hidroaéreos
intestinais presentes, sem sopros auscultados. A tiroide não é palpável.

Os resultados dos exames laboratoriais revelam:


Sangue
Hemoglobina 14 g/dL
Leucócitos 6 000/mm3
Plaquetas 170 000 /mm3

Soro
Creatinina 0,9 mg/dL
Sódio de 138 mEq/L
Potássio 3,2 mEq/L

É realizado uma nova colheita que confirmam o resultado das análises séricas.

Qual das seguintes alternativas é o próximo passo mais adequado?

(A) Doseamento do cortisol na urina de 24 horas.


(B) Cálculo do rácio aldosterona plasmática:renina.
(C) Dosear os níveis de desoxicorticosterona.
(D) Realizar angioressonância das artérias renais.
(E) Dosear o potássio na urina de 24 horas .

79
109. Um homem de 65 anos de idade recorre ao seu médico assistente por tonturas e
desmaios frequentes. Quando questionado, ele menciona que as tonturas surgem sempre que
está em pé, particularmente depois de se levantar a partir da posição de deitado ou sentado.
Relata «às vezes passam e fico bem, mas duas ou três vezes acabei mesmo por desmaiar».
Ele tem antecedentes de dislipidemia e doença de Parkinson diagnosticada há oito anos. Está
medicado com sinvastatina e carbidopa-levodopa diariamente. Os sinais vitais são
temperatura 36,4°C, frequência cardíaca 66/min sentado e 63/min em pé, frequência
respiratória 18/min e pressão arterial 120/70 mm Hg sentado e 89/60 mm Hg em pé. A
expressão facial e volume de voz são normais. Ao exame físico apresenta leve tremor em
repouso e ligeira redução e lentificação dos movimentos realizados. O restante exame físico
encontra-se dentro dos parâmetros de normalidade.

Qual das seguintes alternativas é a causa mais provável deste quadro clínico?

(A) Hipersensibilidade do seio carotídeo.


(B) Insuficiência tiroideia.
(C) Insuficiência do sistema nervoso autónomo.
(D) Depleção de volume intravascular.
(E) Disfunção do nó sinusal.

110. Um menino de 5 anos de idade é trazido ao serviço de urgência de ambulância após


uma queda no recreio da escola. A criança terá tropeçado e caiu no pavimento traumatizando
o joelho. Tem queixas de dor intensa no joelho esquerdo. Os pais estão ainda a ser contatados,
mas a funcionária da escola desconhece antecedentes médicos de relevo. Os sinais vitais são
temperatura 36,0°C, frequência cardíaca 95/min, frequência respiratória 22/min e pressão
arterial 115/75 mm Hg. Ao exame físico encontra-se choroso. O joelho esquerdo apresenta
edema muito marcado e hemorragia persistentemente ativa na sua face anterior, onde se
verifica um hematoma de grandes dimensões. O resto do exame físico está normal. Os
resultados do estudo analítico revelaram hemograma sem alterações, um tempo de
protrombina normal e um tempo de tromboplastina parcial ativada elevado. O raio-X exclui
fratura do fémur, tíbia e perónio.

Qual dos seguintes tratamentos é o mais adequado neste quadro clínico?

(A) Transfusão de glóbulos vermelhos.


(B) Soro fisiológico e analgesia.
(C) Ácido aminocapróico.
(D) Administração de um fator de coagulação.
(E) Crioprecipitado.

80
111. Uma mulher de 56 anos de idade recorre ao serviço de urgência por sensação de mal-
estar generalizado, acompanhada por dor interescapular, calafrios e cefaleias. Os
antecedentes pessoais e familiares não incluem patologias de relevo. Os sinais vitais são
temperatura 37°C, frequência cardíaca 110/min, frequência respiratória 22/min e pressão
arterial 210/110 mm Hg; SpO2 94 % (ar ambiente). Ao exame físico observa-se razoável
estado geral. Observam-se mucosas coradas e hidratadas. A auscultação pulmonar revela
sons respiratórios presentes, sem assimetrias e sem alteração dos tempos respiratórios. A
auscultação cardíaca encontra-se dentro dos parâmetros de normalidade. O restante exame
físico é normal. O eletrocardiograma revela ritmo sinusal e ausência de sinais de isquemia
miocárdica. O TC do crânio não demonstra massas intracranianas, focos hemorrágicos ou
isquémicos agudos.

Os resultados dos exames laboratoriais revelam:

Sangue
Hemoglobina 12,5 g/dL
Leucócitos 11,5 × 109/L
Soro
Proteína C reativa 4,5 mg/dL
D-dímeros 3,0 g/dL (N <0.29 g/dL)

Iniciou paracetamol endovenoso e captopril. A doente não refere melhoria da dor e mantém
uma pressão arterial de 190/100 mm Hg.

Qual dos seguintes é o diagnóstico mais provável?

(A) Rotura de aneurisma da aorta torácica.


(B) Enfarte agudo do miocárdio.
(C) Tromboembolismo pulmonar.
(D) Disseção aguda da aorta.
(E) Estenose da artéria renal direita.

81
112. Uma menina de 4 anos de idade é trazida ao serviço de urgência por febre
(temperatura máxima de 40°C) e alterações cutâneas, com oito dias de evolução. Não tem
antecedentes médicos conhecidos e não toma qualquer medicamento. Os sinais vitais são
temperatura 37,5°C, frequência cardíaca 133/min e frequência respiratória 22/min; SpO2 98
% (ar ambiente). Ao exame físico revela rash polimórfico disperso com eritema e edema das
mãos e dos pés. A palpação cervical revela gânglio de cerca de 3 cm de diâmetro, de
consistência fibro-elástica e móvel na região cervical anterior esquerda. A orofaringe
apresenta eritema, língua edemaciada com lábios rachados e eritematosos. A otoscopia não
revela alterações patológicas. O abdómen é mole e depressível, doloroso à palpação dos
quadrantes inferiores, sem sinais de irritação peritoneal. O restante exame físico encontra-se
dentro dos parâmetros da normalidade.

Qual dos seguintes exames complementares é o mais adequado neste momento?

(A) Prova de função respiratória.


(B) Ecocardiograma.
(C) Anticorpos antinucleares.
(D) Endoscopia digestiva alta.
(E) Raio-X do tórax.

113. Uma mulher de 79 anos de idade recorre ao seu médico assistente por perdas de
memória para acontecimentos recentes ou recados do dia-a-dia com sete meses de evolução
e agravamento progressivo. No último mês ficou com medo em sair de casa, porque se perde
em ruas familiares. Vem acompanhada pela neta, que refere que a avó deixou de cozinhar,
porque queimava frequentemente a comida ou servia a comida fria. A doente ainda é capaz
de tratar da sua higiene e de cuidar de si. Tem antecedentes de hipertensão arterial e
dislipidemia. A auscultação cardíaca revela S1 e S2 presentes, sem sopros. A auscultação
pulmonar é normal. O abdómen é mole e depressível, indolor à palpação, sem sinais de
irritação peritoneal e sem massas palpáveis. O exame neurológico não revela alterações
patológicas. O MMSE (Mini-Mental State Examination) revela 19 pontos numa escala de 30
pontos, com maior dificuldade na orientação, evocação, linguagem e habilidade construtiva.

Qual das seguintes alternativas é a abordagem inicial mais adequada?

(A) Pedir uma avaliação neuropsicológica.


(B) Iniciar rivastigmina.
(C) Iniciar memantina.
(D) Pedir uma RM crânio-encefálica.
(E) Realizar uma punção lombar.

82
114. Uma mulher de 29 anos de idade vem ao consultório médico por sede constante e
aumento da frequência urinária. A doente refere urinar mais de 20 vezes durante o dia e
acordar mais de sete vezes à noite. Quando questionada, refere que o seu ciclo menstrual tem
a duração de 28 dias. Nega disúria ou outras queixas. Não tem antecedentes médicos
relevantes. Ela é casada e usa a pílula como contracetivo. Os sinais vitais são temperatura
axilar 37°C, frequência cardíaca 80/min, frequência respiratória 13/min e pressão arterial
106/68 mm Hg. As auscultações cardíaca e pulmonar encontram-se dentro dos parâmetros
de normalidade. A palpação do abdómen revela macicez à percussão na linha média abaixo
do umbigo e a bexiga é palpada mesmo acima da sínfise púbica. A tiroide não é palpável.

Os resultados dos estudos analíticos revelam:

Soro
Sódio 144 mEq/L
Potássio 4,5 mEq/L
Cloro 104 mEq/L
Cálcio 8,7 mg/dl
Bicarbonato 23 mEq/L
Creatinina 0,5 mg/dL
Azoto ureico 11 mg/dL
Glucose 110 mg/dL
Osmolaridade 287 mOsm/Kg

Urina
Osmolaridade 160 mOsm/Kg
Gravidade específica 1,004 g/ml.

No teste de privação de água, não se registou um aumento da osmolaridade urinária e a


administração de vasopressina exógena evidenciou um aumento subótimo da osmolaridade
urinária.

Qual dos seguintes é o diagnóstico mais provável?

(A) Diabetes insipida central.


(B) Insuficiência renal crónica.
(C) Diabetes mellitus.
(D) Diabetes insipida nefrogénica.
(E) Polidipsia psicogénica.

83
115. Um rapaz de 12 anos de idade é trazido ao serviço de urgência pelos seus pais após
uma queda da cama há 30 minutos. Os pais relatam que a criança estava a dormir há cerca
de 20 minutos quando a sua mãe ouviu um estrondo, correu para o quarto do filho onde o
encontrou inconsciente e caído no chão. A mãe menciona que a pele na região dos lábios
estava arroxeada/azulada mas ficou normal ao fim de alguns segundos. Estava também com
a sua roupa interior molhada e com odor a urina. Recuperou a consciência após 6 minutos e
ficou muito sonolento. Não tem antecedentes médicos de relevo. Não toma qualquer
medicação nem suplementos de ervanária. Os sinais vitais são temperatura auricular 37°C,
frequência cardíaca 90/min e pressão arterial 110/75 mm Hg. Ao exame físico observa-se
uma criança sonolenta, mas responsivo, alerta dentro da normalidade, ligeiramente confuso
com o que se passou. Interage e deambula sem auxílio. Não se recorda de nada do evento. O
eletrocardiograma não apresenta alterações patológicas.

Os resultados dos estudos analíticos revelaram:


Sangue Soro
Hemoglobina 14 g/dL Creatinina 0,5 mg/dL
Hematócrito 45 % Azoto ureico 20 mg/dL
Leucócitos 9,7 × 109/L Glucose 69 mg/dL
Plaquetas 300 × 109/L Sódio 140 mmol/L
Potássio 4 mmol/L
Cloro 100 mmol/L

Qual dos seguintes é o diagnóstico mais provável?

(A) Síncope cardiogénica.


(B) Síncope vasovagal.
(C) Crise convulsiva generalizada.
(D) Crise hipoglicémica.
(E) Hipotensão ortostática.

84
116. Um homem de 67 anos de idade recorre a uma consulta de rotina com o seu médico
assistente. Nega qualquer queixa de novo, apesar de se sentir mais cansado nos últimos
meses. Associa este cansaço ao processo de luto pela morte da sua esposa, que faleceu há
seis meses. O doente tem antecedentes de tuberculose pulmonar há 20 anos, para a qual diz
ter feito um ciclo de tratamento com fármacos dos quais já não consegue recordar. Sem
outros antecedentes médicos conhecidos e não toma qualquer medicamento. Nega hábitos
tabágicos e bebe um copo de vinho às refeições. Os sinais vitais são temperatura 36,2°C,
frequência cardíaca 86/min, frequência respiratória 18/min e pressão arterial 132/72 mm Hg.
O exame físico revela adenopatias indolores, de consistência dura e de cerca de 1 cm de
diâmetro, nas regiões cervical e axilares, mas as quais o doente desvaloriza e diz já ter há
muito tempo «antes da morte da minha esposa». A auscultação cardíaca apresenta sons
cardíacos rímicos, sem sopros audíveis. A auscultação pulmonar revela murmúrio vesicular
mantido e simétrico, sem ruídos adventícios. É pedido um hemograma e serologias víricas
incluindo VIH, que estão dentro dos parâmetros da normalidade. Realiza uma biópsia do
gânglio linfático que revela células com translocação (14;18).

Qual dos seguintes diagnósticos é o mais provável neste doente?

(A) Linfoma folicular.


(B) Linfoma de Burkitt.
(C) Linfoma de Hodgkin.
(D) Mononuclose infeciosa.
(E) Reativação da tuberculose.

117. Uma mulher de 72 anos de idade recorre ao seu médico assistente para mostrar o
resultado de uma densitometria óssea com diagnóstico de osteoporose. Tem antecedentes de
hipertensão arterial essencial, medicada com enalapril. Refere que já teve diabetes mellitus
tipo 2, mas que reverteu após ter feito uma cirurgia de bypass gástrico, no contexto de
obesidade (pesava 110 kg; IMC 40,4 kg/m2). Não toma outras medicações, a não ser
suplementos alimentares, e nega o uso de substâncias ilícitas ou bebidas alcoólicas. Ela tem
165 cm de altura e pesa 62 kg; IMC 22,8 kg/m2.

Qual das seguintes é a opção terapêutica mais adequada para esta doente?

(A) Alendronato.
(B) Ácido zoledrónico.
(C) Denosumab.
(D) Raloxifeno.
(E) Teriparatide.

85
118. Um menino recém-nascido de 5 dias de vida é trazido ao serviço de urgência por
perda de peso. A mãe tem 35 anos de idade, com grupo sanguíneo A Rh +, saudável, 3 gesta,
3 para. A gravidez foi vigiada com resultados laboratoriais e de ecografias normais. A
pesquisa de Streptococcus do grupo B às 35 semanas foi negativa. O parto foi distócico (com
ventosa), às 38 semanas de gestação, com rotura de bolsa com seis horas de evolução antes
do parto. O índice de Apgar foi de 9/10/10 ao 1.º, 5.º e 10.º minutos, respetivamente. Não foi
necessária reanimação cardiopulmonar do recém-nascido. Antropometria ao nascimento:
peso 3237 g, comprimento 49 cm, perímetro cefálico 34 cm. Teve alta do internamento às 48
horas de vida, com aleitamento materno exclusivo. Hoje apresenta um peso de 2933 g (perda
ponderal de 9,3 %). Os sinais vitais encontram-se dentro dos parâmetros de normalidade. Ao
exame físico revela pega vigorosa à mama, com reflexo de deglutição. No palato apresentava
pequenos quistos brancos e brilhantes. Sem outras alterações no exame físico.

Para além de reavaliar o recém-nascido a curto prazo, qual das seguintes medidas é a mais
adequada neste momento?

(A) Iniciar leite de fórmula infantil.


(B) Manter aleitamento materno exclusivo.
(C) Pedir estudo laboratorial com hemograma, gasometria e análise de urina.
(D) Internamento para vigilância.
(E) Internamento para investigação etiológica.

119. Uma mulher de 76 anos de idade, vem ao centro de saúde para consulta com o seu
médico assistente, acompanhada pela filha, por perda de memória com quatro anos de
evolução e agravamento progressivo. A filha descreve que os problemas de memória
começaram por volta dos 72 anos de idade. Inicialmente tinha dificuldades em fazer certas
receitas, problemas em memorizar recados e esquecia-se do dia da semana em que estava. A
memória a longo prazo não parecia estar alterada, e a doente recordava com facilidade
histórias e eventos do passado. Progressivamente, a memória foi agravando e a doente
começou a esquecer-se das suas chaves e porta-moedas. Ocasionalmente tinha dificuldades
em distinguir a letra «O» do número 0, ao marcar no telemóvel. No último ano, começou a
perder-se em ruas previamente conhecidas, e começou a ter algumas alterações no humor,
como irritabilidade fácil e por vezes agressividade com alguns familiares. Nega antecedentes
psiquiátricos, médicos ou cirúrgicos. O MMSE (Mini-Mental State Examination) revela 19
pontos numa escala de 30 pontos, com maior dificuldade na orientação, evocação, linguagem
e habilidade construtiva. Restante exame neurológico sem alterações. Os resultados dos
exames laboratoriais não revelam alterações. Foi pedida uma RM crânio-encefálica.

Tendo em conta a suspeita clínica principal, o que espera encontrar no exame de imagem
pedido?

(A) Atrofia frontoparietal bilateral.


(B) Micro-hemorragias dispersas.
(C) Leucoencefalopatia isquémica dispersa, inespecífica.
(D) Atrofia temporo-medial bilateral.
(E) Atrofia parieto-occipital esquerda.

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120. Um homem de 70 anos de idade vem ao consultório médico para mostrar os
resultados das análises realizados há duas semanas, pedidos após uma consulta médica. Na
consulta prévia o doente queixava-se de sede constante, aumento da produção da urina e uma
perda de peso de 2 kg nos últimos meses. Nega alterações recentes da dieta. O doente está
reformado, trabalhou como professor de música e agora tem uma vida maioritariamente
sedentária. Ele tem antecedentes de hipertensão arterial mal controlada, doença renal crónica,
dislipidemia e esteve internado há seis meses por um acidente vascular cerebral isquémico
lacunar sem sequelas. Está medicado com amlodipina e sinvastatina. O doente nega hábitos
etílicos e tabágicos presentes e passados, mas apura-se que a sua alimentação é à base de
fritos e comida processada. Os sinais vitais são temperatura 36°C, frequência cardíaca
68/min, frequência respiratória 16/min e pressão arterial 144/87 mm Hg. As auscultações
cardíaca e pulmonar não apresentam alterações patológicas. A palpação abdominal é indolor
e não apresenta defesa. Os ruídos hidroaéreos estão presentes. As extremidades estão
quentes, e apresenta edemas em ambos os membros inferiores até à região maleolar.

Os resultados dos exames laboratoriais revelam:

Sangue
Hemoglobina 13 g/dL
Hemoglobina A1c 7,1 %
Leucócitos 6 000/mm3
Plaquetas 170 000 /mm3

Soro
Creatinina 2,1 mg/dL
Sódio de 137 mEq/L
Potássio 3,5 mEq/L

A taxa de filtração glomerular estimada pela equação de Cockcroft-Gault é de 28 ml/min.

Após a confirmação do diagnóstico, qual dos seguintes é o passo mais adequado?

(A) Prescrever metformina.


(B) Recomendar alterações dietéticas e a prática de exercício físico.
(C) Prescrever pioglitazona.
(D) Prescrever glicazida.
(E) Iniciar insulina.

87
121. Uma mulher de 22 anos de idade é trazida pela equipa de socorristas ao serviço de
urgência após uma queda com perda súbita de consciência enquanto estava numa loja à
espera de ser atendida. Esteve inconsciente cerca de 60 segundos e refere que imediatamente
antes de desmaiar se sentiu bastante nauseada, com muito calor e a suar. Diz que mal
recuperou a consciência percebeu o que tinha acontecido. Nega movimentos paroxísticos dos
membros, mordedura da língua ou perda do controlo esfincteriano, testemunhado pelas
pessoas que se encontravam no local. Nega confusão após ter recuperado a consciência. Não
apresenta antecedentes médicos de relevo nem faz qualquer tipo de medicação. Os sinais
vitais são temperatura auricular 37°C, frequência cardíaca 90/min e pressão arterial 110/75
mm Hg. Ao exame físico observa-se uma mulher vígil. As mucosas estão coradas e
hidratadas. Sem sinais neurológicos focais. As auscultações cardíaca e pulmonar estão dentro
dos parâmetros de normalidade. O restante exame físico não apresenta alterações patológicas.

Obteve-se o eletrocardiograma que se encontra em anexo.

Qual dos seguintes diagnósticos é o mais provável?

(A) Crise convulsiva generalizada.


(B) Síncope cardiogénica.
(C) Síncope neuromediada.
(D) Síndrome da hipersensibilidade do seio carotídeo.
(E) Acidente isquémico transitório vertebro-basilar.

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122. Uma mulher de 63 anos de idade recorre à consulta com o seu médico assistente por
fadiga e síncope. Queixa-se de fadiga progressiva nos últimos meses e refere ter tido vários
episódios de síncope, sobretudo ao acordar, geralmente após sentir palpitações. Quando
questionada refere ainda que perdeu peso no mesmo período, mas que associa a alterações
gastrointestinais. Tem tido episódios de diarreia alternados com períodos de obstipação,
apesar de não ter modificado os seus hábitos alimentares. Os sinais vitais são temperatura
36,2°C, frequência cardíaca 72/min sentada e 102/min e pressão arterial 121/68 mm Hg
sentado e 97/58 mm Hg em pé. Ao exame físico observa-se pele e mucosas coradas e
hidratadas; apresenta macroglossia. A auscultação cardíaca revela S1 e S2 presentes sem
sopros ou galopes. A auscultação pulmonar não revela alterações patológicas. À palpação o
abdómen está indolor, sem defesa, mas com hepatomegalia. Apresenta edema assimétrico
dos membros inferiores com sinal de Godet positivo. O exame de urina revela proteinúria
nefrótica. O eletrocardiograma demonstra contrações ventriculares prematuras.
Qual dos seguintes estudos é mais provável que confirme o diagnóstico?

(A) Biópsia da medula óssea.


(B) Biópsia de gordura abdominal.
(C) Ecocardiograma.
(D) Eletroforese de proteínas séricas.
(E) Serologias víricas.

123. Uma mulher de 62 anos de idade vem ao consultório médico por queixas de dor e
rigidez nas mãos desde há 3 anos. A dor localiza-se nas articulações interfalângicas distais.
De manhã sente alguma rigidez articular com uma duração inferior a 15 minutos, sem dor.
Refere um agravamento após várias horas a escrever no seu blog, atividade a que se tem
dedicado com mais empenho nos últimos três meses, altura em que se reformou. Nega
trauma, febre, fadiga, perda de peso ou de apetite. Tem antecedentes pessoais de psoríase,
hipertensão arterial e diabetes mellitus tipo 2, com bom controle metabólico. A irmã tem
história de artrite reumatoide. Quando questionada mostra receio em ter o mesmo diagnóstico
que a irmã. Os sinais vitais são temperatura 36°C, frequência cardíaca 86/min, frequência
respiratória 16/min e pressão arterial 130/82 mm Hg. Ao exame físico salienta-se a presença
de nódulos de Heberden e de Bouchard. Não se observa sinais inflamatórios locais. A
auscultação pulmonar não apresenta alterações. Os exames cardíaco e abdominal não
apresentam alterações.
Das seguintes alternativas, qual a afirmação mais apropriada neste momento?

(A) «A artrite reumatoide tem uma grande componente genética, irá ser necessário
realizar exames sanguíneos para confirmar essa hipótese».
(B) «O seu problema deve-se a ter estalado os dedos durante muitos anos, deixe de
estalar os dedos que os sintomas vão melhorar».
(C) «O mais provável é tratar-se de uma artrite viral, mas iremos realizar umas análises
sanguíneas para confirmar».
(D) «O mais provável é tratar-se de osteoartrose das mãos».
(E) «Dado o seu historial de psoríase, o mais provável é tratar-se de uma artrite
psoriática».

89
124. Um menino de 5 anos de idade é trazido ao consultório médico por alterações na pele
com três meses de evolução. A mãe refere que a criança sempre teve a pele seca mas que nos
últimos meses tem vindo a piorar estando associado a prurido. Tem aplicado emolientes
adquiridos em farmácia e próprios para a idade mas sem melhorias. Nega ter estado doente
recentemente. A criança tem antecedentes de broncospasmo, três crises desde o primeiro ano
de vida. A mãe tem história de asma. Apresenta evolução estaturo-ponderal e
desenvolvimento psico-motor adequado à idade. Ao exame físico observa-se uma criança
com bom estado geral, xerose cutânea com placas eritematosas de bordos indefinidos na
região cervical posterior, nas flexuras antecubital e punhos.

Qual dos seguintes tratamentos considera o mais adequado neste momento?

(A) Hidrocortisona tópica.


(B) Metotrexato oral.
(C) Desloratadina oral.
(D) Tacrolimus tópico.
(E) Flucloxacilina oral.

125. Uma mulher de 74 anos de idade recorre à consulta com o seu médico assistente,
acompanhada pelo filho, por quadro de esquecimentos com agravamento progressivo nas
últimas seis semanas. O marido faleceu há seis meses e a doente vivia sozinha até ao último
mês. Nessa altura em passou a viver com o filho, por ser incapaz de realizar algumas tarefas
essenciais, como cozinhar e arrumar a casa, apesar de continuar autónoma na sua higiene. O
filho refere que a mãe tem deixado, frequentemente a porta de casa aberta, não dorme bem
(acorda várias vezes durante a noite), fica fechada no quarto a maior parte do dia, come muito
pouco e deixou de tocar piano (atividade que antes fazia diariamente). A doente está
consciente destes esquecimentos, e tem receio de ser diagnosticada com demência de
Alzheimer. Tem antecedentes de hipertensão arterial, medicada e controlada com
amlodipina. O exame neurológico não revela sinais focais. O MMSE (Mini-Mental State
Examination) revela 28 pontos numa escala de 30 pontos, com maior dificuldade na atenção
e habilidade construtiva. Os resultados dos exames laboratoriais não revelam alterações.

Qual das seguintes é a opção terapêutica mais adequada para esta doente?

(A) Memantina.
(B) Rivastigmina.
(C) Donepezilo.
(D) Quetiapina.
(E) Fluoxetina.

90
126. Um homem de 35 anos de idade é levado ao serviço de urgência após ter sido
encontrado pela polícia a deambular desorientado na via pública. No serviço de urgência
apresenta ser pouco colaborante. Está consciente na pessoa, mas desorientado no tempo e no
espaço. Durante a entrevista clínica o doente manteve-se sonolento, prostrado e etilizado,
confirmado posteriormente pelas análises laboratoriais o valor de etanol sérico. Pelos registos
da última consulta no médico de família o doente não apresenta antecedentes médicos de
relevo e não toma medicação habitual. Os sinais vitais são temperatura 35,6°C, frequência
cardíaca 67/min, frequência respiratória 14/min e pressão arterial 130/85 mm Hg; Glicemia
capilar 90 mg/dL. As auscultações cardíaca e pulmonar não apresentam alterações
patológicas. A escala de coma de Glasgow é Olhos 4 Verbal 4 Motor 6. O exame neurológico
sumário revela uma marcha de base alargada e desequilibro, mas sem lado preferencial de
queda. Após hidratação endovenosa, o doente tem dificuldade em recordar os acontecimentos
dos últimos dias e apresenta um discurso lentificado. Ele diz: «sou irmão do Donald John
Trump e almocei muitas vezes com a Angela Merkel».

Estes achados são mais consistentes com qual das seguintes alternativas?

(A) Hipocaliemia.
(B) Hipoglicemia.
(C) Deficiência de vitamina B3.
(D) Deficiência de vitamina B1.
(E) Deficiência de vitamina K.

91
127. Uma mulher de 34 anos de idade é trazida ao serviço de urgência após ter sido
encontrada pelos seus vizinhos inconsciente na garagem. Ela tem neoplasia da mama desde
há 4 anos, atualmente com metástases ósseas nos segmentos dorsais e lombares da coluna
vertebral. Realizou várias cirurgias e ciclos de quimioterapia e radioterapia. Tem também
dores associadas à neoplasia e depressão reativa. A medicação atual inclui tramadol,
lorazepam e sertralina. Os sinais vitais são temperatura 35°C, frequência cardíaca 108/min,
frequência respiratória 18/min, pressão arterial 100/64 mm Hg; SpO2 de 98 % (ar ambiente).
Ao exame físico reage em fuga aos estímulos dolorosos, mas não obedece a qualquer ordem
nem responde a questões. As pupilas são simétricas e reativas bilateralmente. A auscultação
pulmonar revela alguma sibilância expiratória. A auscultação cardíaca mostra S1 e S2
presentes e rítmicos, sem outros sons audíveis. O abdómen está mole e depressível, sem
organomegalias. A auscultação abdominal revela diminuição dos ruídos hidroaéreos.
Os resultados dos estudos analíticos revelaram:
Soro Gases
Creatinina 0,8 mg/dL pH 7,3
Glucose 120 mg/dL PCO2 35 mm Hg
Sódio 142 mmol/L Bicarbonato 18 mEq/L
Potássio 4,5 mmol/L
Cloro 108 mmol/L

São iniciadas medidas de suporte com ventilação mecânica e fluidoterapia.

Qual dos seguintes diagnósticos é o mais provável para justificar o estado comatoso desta
doente?

(A) Intoxicação por monóxido de carbono.


(B) Intoxicação por benzodiazepinas.
(C) Intoxicação por opioides.
(D) Intoxicação aguda por álcool.
(E) Hipotermia prolongada.

92
128. Uma mulher de 24 anos de idade recorre ao serviço de urgência por astenia e lesões
arroxeadas nos membros inferiores. Refere que perdeu cerca de 5 kg no último mês e tem
sentido «arrepios de frio», apesar de negar febre. A doente é natural da Guiné-Bissau e reside
em Portugal há um ano. Os sinais vitais são temperatura 37,7ºC, frequência cardíaca 72/min
sentada, frequência respiratória 18/min e pressão arterial 120/68 mm Hg. Ao exame objetivo
apresenta-se vígil, orientada e pálida. A orofaringe apresenta placas esbranquiçadas. Na pele
apresenta duas lesões no tronco e cinco nos membros inferiores; pequenos nódulos
arroxeados ligeiramente dolorosos ao toque, não pruriginosos. Restante exame físico sem
alterações patológicas

Os resultados dos estudos analíticos revelam:

Sangue
Hemoglobina 9,5g/dL
Leucócitos 2 100/mm3
Neutrófilos 1 500/mm3
Linfócitos 0,07 × 109/L
Plaquetas 100 000/mm3
Soro
Creatinina 0,85 mg/dL
Azoto ureico 50 mg/dL

Qual dos seguintes diagnósticos melhor explica a condição desta paciente?

(A) Sarcoma de Kaposi.


(B) Malária.
(C) Linfoma de Burkitt.
(D) Tuberculose cutânea.
(E) Infeção Herpética.

93
129. Um homem de 30 anos de idade recorre ao serviço de urgência por dor intensa no
flanco esquerdo, de início agudo, que irradia para a região inguinal esquerda com seis horas
de evolução. Pontua a dor com 9 pontos numa escala de 10 pontos. Refere adicionalmente
frequência e urgência urinárias. Os antecedentes pessoais e familiares não identificaram
patologias de relevo. Não toma qualquer medicação crónica. Os sinais vitais são temperatura
36,7°C, frequência cardíaca 86/min, frequência respiratória 14/min e pressão arterial 147/85
mm Hg; SpO2 97 % (ar ambiente). Ao exame físico o doente aparenta estar moderadamente
desconfortável e apresenta dor à percussão do angulo costovertebral esquerdo. A tira-teste
de urina é positiva para heme. O exame microscópico de urina revela cristais em forma de
envelope. É-lhe administrado 30 mg de cetorolac por via endovenosa com melhoria
sintomática.
Qual dos seguintes mecanismos é mais provavelmente responsável pela analgesia observada
após a administração do fármaco?

(A) Aumento da taxa de filtração glomerular.


(B) Contração segmentar do ureter.
(C) Diminuição da produção de ultrafiltrado.
(D) Produção de prostaglandinas.
(E) Relaxamento do trígono vesical.

130. Uma menina de 6 anos de idade é trazida pela mãe ao consultório médico por
amigdalites de repetição. Refere febre alta associada (temperatura máxima 40ºC) e lesões
aftosas. Os episódios duram habitualmente seis dias e por vezes estão associados a dor
abdominal e cefaleias. Refere ainda «nódulos pequenos no pescoço» que regridem depois
destes episódios. Nega a realização de teste de diagnóstico antigénico rápido. A mãe está
preocupada por a filha tomar recorrentemente amoxicilina oral. Não tem antecedentes
pessoais ou familiares de relevo. Ao exame físico a criança aparenta bom estado geral e sem
queixas. O restante exame físico encontra-se dentro dos parâmetros de normalidade.
Apresenta evolução estaturo-ponderal e desenvolvimento psico-motor adequado à idade. O
esquema vacinal encontra-se atualizado.

Qual das seguintes alternativas é o próximo passo mais adequado na gestão desta criança?

(A) Referenciar para otorrinolaringologia.


(B) Realizar teste de deteção de antigénio rápido quando tiver crise.
(C) Pedir estudo laboratorial com hemograma, proteína C reativa e velocidade de
sedimentação.
(D) Prednisolona oral de toma única no primeiro dia das crises.
(E) Penicilina G benzatina nas crises.

94
131. Uma mulher de 42 anos de idade recorre ao seu médico assistente por queixas de
insónia inicial associada a palpitações e hipersudorese desde há nove meses. A doente refere
que não consegue adormecer pois sente-se constantemente preocupada com os sintomas
físicos que tem sentido. Evitou a vinda ao médico por receio do que possa ter. Quando
questionada refere inquietação devido ao medo de ser despedida desde que tem um novo
supervisor, embora considere que é uma boa vendedora. Refere que passa muito tempo no
emprego a pensar na mãe idosa que fica sozinha em casa. Refere alteração do apetite durante
o dia, diz «não como praticamente nada no trabalho», mas compensa quando chega a casa.
Nega alterações do humor, alterações do trânsito intestinal ou alterações menstruais. É
independente para as atividades da vida diária. Nega antecedentes psiquiátricos, médicos ou
cirúrgicos. Os sinais vitais são temperatura 36 ºC, frequência cardíaca 83/min, frequência
respiratória 20/min e pressão arterial 115/72 mm Hg. Apura-se um emagrecimento de 1,5 kg
relativamente ao ano passado. Ao exame físico apresenta uma postura tensa, hipersudorese
nas mãos e axilas, mas bem-disposta e conversadora. A auscultação cardíaca revela S1 e S2
presentes, sem sopros. A auscultação pulmonar mostra murmúrio vesicular mantido e
simétrico, sem sinais de dificuldade respiratória.

Qual dos seguintes mecanismos melhor explica este quadro clínico?

(A) Preocupação como estratégia de coping para lidar com estímulos ameaçadores.
(B) Comportamentos de segurança podem aumentar os níveis de ansiedade, por impedir
que o paciente desconfirme os seus medos.
(C) Espiral de ansiedade: sintomas físicos de ansiedade levam ao medo de doença,
gerando mais ansiedade.
(D) Manutenção do medo, antecipação e atenção seletiva para o estímulo.
(E) Aprendizagem por associação devido a experiências muito stressantes.

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132. Um homem de 29 anos de idade recorre ao serviço de urgência com queixas de
palpitações, sudorese e cefaleias com três horas de evolução. Os sintomas resolveram de
forma espontânea durante a entrevista clínica. O doente descreve que nos últimos dois meses
teve outros dois episódios similares. Os antecedentes pessoais e familiares não identificaram
patologias de relevo, exceto para a mãe que tem diabetes mellitus tipo 2. Nega ainda hábitos
tabágicos, etílicos ou drogas ilícitas. Após o primeiro episódio, o doente recorreu à consulta
aberta dos cuidados de saúde primários e foi-lhe prescrito um fármaco ansiolítico que não
recorda o nome. Os registos médicos na altura apresentam uma pressão arterial 150/100 mm
Hg e frequência cardíaca 126/min. Refere que deixou de tomar o medicamento por se sentir
mais lentificado e sonolento no trabalho. O doente apresentava-se ansioso e diaforético. Os
sinais vitais são temperatura 36,6°C, frequência cardíaca 87/min, frequência respiratória
15/min e pressão arterial 130/85 mm Hg. As auscultações cardíaca e pulmonar não
apresentam alterações patológicas.

Os resultados dos exames laboratoriais revelam:

Sangue
Hemoglobina 14 g/dL
Leucócitos 6 500/mm3
Plaquetas 180 000 /mm3

Soro
Creatinina 0,8 mg/dL
Sódio de 137 mEq/L
Potássio 3,7 mEq/L
T4 7,8 µg/L
TSH 2,5 µg/L

Qual dos seguintes é o próximo passo mais apropriado?

(A) Doseamento das metanefrinas e catecolaminas urinárias em 24 horas.


(B) Doseamento ácido vanilmandélico urinário em 24 horas.
(C) Medição da pressão arterial em ambulatório durante duas semanas.
(D) Prescrever um beta-bloqueador.
(E) Prescrever um bloqueador alfa.

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133. Um homem de 27 anos de idade recorre à consulta do seu médico assistente por
queixas de dores de cabeça. Nos últimos quatro meses teve vários episódios de cefaleias, de
caracter constante, bilaterais e com agravamento progressivo no último mês. Ultimamente
ocorrem com frequência diária e habitualmente logo após acordar. Ele tem história de
enxaqueca na adolescência, mas insiste que as dores atuais são mais frequentes, embora
menos intensas. Nega medicação habitual a não ser a toma de paracetamol e ibuprofeno
várias vezes por dia nos últimos meses. Ele nega ter hábitos tabágicos ou alcoólicos. Os sinais
vitais são temperatura 37°C, frequência cardíaca 90/min e pressão arterial 110/75 mm Hg.
Apresenta força muscular 5/5 simétrica nas extremidades, sem défices sensitivos ou outros
défices neurológicos focais. O exame do fundo ocular não revela papiledema.

Qual das seguintes alternativas é a abordagem inicial mais adequada?

(A) Realizar punção lombar para avaliar pressão de abertura.


(B) Realizar ressonância magnética cerebral.
(C) Iniciar opioides de baixa potência.
(D) Referenciar para consulta de Psiquiatria.
(E) Interromper a toma constante de analgésicos.

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134. Um homem de 41 anos de idade recorre ao serviço de urgência por astenia, febre
(temperatura máxima registada no domicílio 38,5ºC) e tosse seca com uma semana de
evolução. Neste período apresenta também dejeções diarreicas três vezes por dia. Nega a
presença de sangue ou muco nas fezes. Tem antecedentes de hipertensão arterial e diabetes
mellitus tipo 2. A medicação habitual inclui perindopril e metformina. Ele nega hábitos
tabágicos. Bebe cerca de 40 g de álcool por dia. O doente trabalha como técnico de ar
condicionado, nega contato com pessoas doentes e viagens para fora do país. Os sinais vitais
são temperatura timpânica de 36,7ºC, frequência cardíaca 80/min com pulso rítmico,
frequência respiratória 18/min e pressão arterial 139/83 mm Hg; SpO2 97 % (ar ambiente).
Ao exame objetivo apresenta-se vígil, orientado, com mucosas coradas e hidratadas. A
auscultação cardíaca revela sons cardíacos regulares, sem sopros nem extrassons. A
auscultação pulmonar evidencia redução global do murmúrio vesicular e crepitações
dispersas. O raio-X do tórax revela uma hipotransparência na base direita.

Os resultados dos exames laboratoriais revelam:


Sangue
Leucócitos 15 000 × 109/L
Neutrófilos 85 %
Soro
AST 44 U/L
ALT 43 U/L
Sódio 129 mmol/L
Potássio 4 mmol/L
Proteína C Reativa 12 mg/dL

Qual dos seguintes agentes infeciosos é a causa mais provável do quadro descrito?

(A) Legionella pneumophila.


(B) Streptococcus pneumoniae.
(C) Mycoplasma pneumoniae.
(D) Moraxella catarrhalis.
(E) Staphylococcus aureus.

98
135. Um homem de 55 anos de idade vem ao centro de saúde para uma consulta de
acompanhamento. Ele foi avaliado no serviço de urgência há dois dias por dor no flanco
direito e uma TC sem contraste revelou um cálculo de 4 mm no ureter distal direito. Os
resultados dos estudos laboratoriais na altura, incluindo testes de função renal, foram
normais. Foi medicado com um anti-inflamatório não esteroide oral e teve alta para casa com
indicação para ser reavaliado pelo seu médico assistente. O doente refere que mantem dor
ligeira, que classifica com 2 pontos numa escala de 10 pontos, e que é controlada com a
medicação prescrita. Os antecedentes médicos incluem infeções respiratórias de repetição e
doença osteoarticular degenerativa. A medicação habitual inclui tramadol em SOS. Ele nega
ter hábitos tabágicos ou alcoólicos. Os sinais vitais são temperatura 36,2°C, frequência
cardíaca 76/min, frequência respiratória 16/min e pressão arterial 132/84 mm Hg; SpO 2 98
% (ar ambiente). O exame físico revela dor ligeira à palpação do ângulo costovertebral
direito. As auscultações cardíaca e pulmonar encontram-se dentro dos parâmetros de
normalidade. O toque retal revela próstata pequena, sem nodularidades e sem lesões
palpáveis. O restante exame físico é normal.

Qual das seguintes alternativas é o próximo passo mais adequado na gestão deste doente?

(A) Colher urina de 24 horas para cálcio, oxalato e ácido úrico.


(B) Litotrícia extracorpórea por ondas de choque.
(C) Medicar com nifedipina.
(D) Repetir TC sem contraste.
(E) Ureteroscopia e litotrícia endoscópica.

136. Uma lactente de 5 meses de idade é trazida pela mãe ao serviço de urgência por
episódio de movimentos tónico-clónicos generalizados com duração de cerca de quatro
minutos e resolução espontânea. Há quatro horas começou com febre (temperatura máxima
de 38,5ºC), picos de 8 em 8 horas, associada a rinorreia e tosse anterior. Tem antecedentes
de infeção urinária aos dois meses de vida. Não tem antecedentes familiares de relevo. O
esquema vacinal encontra-se atualizado. Os sinais vitais são temperatura axilar 38,1ºC,
frequência cardíaca 121/min e pressão arterial 95/48 mm Hg. Ao exame físico apresenta bom
estado geral, mucosas coradas e hidratadas. Tempo de preenchimento capilar inferior a dois
segundos. A orofaringe encontra-se hiperemiada e com exsudado amigdalino. A auscultação
cardíaca revela S1 e S2 presentes, rítmicos e sem sopros. A auscultação pulmonar revela sons
respiratórios mantidos, sem ruídos adventícios. O abdómen é mole e depressível, sem dor à
palpação, sem sinais de irritação peritoneal e sem massas palpáveis. O períneo não revela
alterações patológicas. Na flexão do pescoço, a criança não flete as pernas e os joelhos
estendem-se sem noção de dor quando a bacia se encontra fletida a 90º.

Qual das seguintes alternativas é o próximo passo mais adequado a efetuar nesta lactente?

(A) Alta com indicação para realizar tratamento profilático numa futura crise.
(B) Eletroencefalograma.
(C) TC crânio-encefálica com contraste.
(D) RM crânio-encefálica.
(E) Punção lombar.

99
137. Um homem de 22 anos de idade vem ao centro de saúde por apresentar episódios de
palpitações e tonturas, associados a sensação de asfixia e de morte iminente. Refere que o
primeiro episódio ocorreu no ano passado numa aula da faculdade e o segundo há um mês
quando estava num bar com os amigos. Desde então ainda não conseguiu sair de casa por
medo que lhe volte a acontecer o mesmo. Refere «é horrível, acho que da próxima vez
morro». Nega alterações motoras ou de sensibilidade, perda de consciência ou convulsões.
O doente tem 181 cm de altura e pesa 79 kg; IMC 24,1 kg/m2. A exame físico não se apuram
alterações do humor, da perceção, do conteúdo, da forma ou do curso do pensamento. A
auscultação cardíaca revela S1 e S2 presentes, sem sopros. A auscultação pulmonar é normal.
O abdómen é mole e depressível, indolor à palpação, sem sinais de irritação peritoneal e sem
massas palpáveis.

Qual das seguintes alternativas é o próximo passo mais adequado na gestão deste doente?

(A) Explicar ao doente que os comportamentos de evitamento são normais e benéficos


para evitar a ansiedade.
(B) Explicar ao doente que o prognóstico é bom dado o quadro de agorafobia.
(C) Explicar ao doente que o prognóstico é mau, que é muito provável que não melhore
a sua sintomatologia.
(D) Incentivar e instruir o doente para expor o problema aos seus familiares e amigos.
(E) Explicar que mais de metade dos indivíduos com quadros semelhantes tem remissão
dos sintomas.

100
138. Um homem de 49 anos de idade recorre ao médico de família por queixas de dor
lombar com seis meses de evolução. Quando questionado, refere que desde há duas semanas
também tem tido uma dor na anca direita e no ombro esquerdo, com afeção das atividades
de vida diária, bem como cefaleias holocranianas frequentes de intensidade ligeira. O doente
refere algum alívio da dor com o paracetamol. Nega queda ou traumatismo recente. Os
antecedentes médicos incluem hipertensão arterial e dislipidemia. Está medicado com
bisoprolol e sinvastatina. É fumador há 18 anos (18 UMA). Bebe um copo de vinho ao
almoço e ao jantar. Os sinais vitais são temperatura 36,5°C, frequência cardíaca 76/min,
frequência respiratória 12/min e pressão arterial 129/83 mm Hg. Ao exame físico não se
verificaram alterações sensivo-motoras nos membros inferiores e superiores. A flexão da
coxa sobre a bacia não provoca dor.

Os resultados dos exames laboratoriais revelam:

Sangue
Hemoglobina 14,3 g/dL
Leucócitos 6 500/mm3
Plaquetas 180 000 /mm3

Soro
Sódio de 137 mEq/L
Potássio 3,7 mEq/L
Cálcio 9 mg/dL
Fosforo sérico 4,2 mg/dL
AST 40 U/L
ALT 36 U/L
GGT 40 U/L
Fosfatase alcalina 1000 U/L
Bilirrubina total 0,4 mg/dL
Albumina 5,1 g/dL
Creatinina 0,9 mg/dL

Qual dos seguintes é o próximo exame de diagnóstico mais adequado?

(A) Ressonância magnética da coluna lombar.


(B) Elastografia hepática transitória.
(C) Referenciação para consulta de gastroenterologia.
(D) Reavaliação analítica dentro de duas semanas.
(E) Densitometria óssea.

101
139. Uma mulher de 26 de idade recorre à consulta de Neurologia por história de cefaleias
recorrentes. Caracteriza-as como episódios frequentes de dores de cabeça, de intensidade
moderada a grave (7/10), do lado esquerdo e de tipo latejante. Refere ainda que por vezes
estão associadas a náuseas e vómitos. Geralmente antes da dor sente uns formigueiros na
mão direita que progride gradualmente ao longo do antebraço até ao ombro durante alguns
minutos, e que desaparece já depois da dor de cabeça passar. A doente refere que a dor tende
a melhorar após várias horas de descanso num quarto escuro e silencioso. Teve entre quatro
e cinco episódios a cada dois meses nos últimos cinco anos. Já esteve medicada com
sumatriptano em SOS, mas apesar de inicialmente proporcionar algum alívio, ultimamente
não tem sido suficiente para a resolução do quadro. Ela refere que as cefaleias surgem a
qualquer hora do dia e comprometem as atividades da vida diária. Não apresenta antecedentes
médicos de relevo nem faz qualquer tipo de medicação atualmente. Os sinais vitais são
temperatura auricular 37°C, frequência cardíaca 90/min e pressão arterial 110/75 mm Hg. O
exame físico não mostra alterações patológicas.

Qual das seguintes alternativas é a mais adequada para a prevenção dos episódios nesta
doente?

(A) Lepicortinolo.
(B) Levetiracetam.
(C) Metoclopramida.
(D) Sertralina.
(E) Topiramato.

140. Uma mulher de 30 anos de idade recorre ao seu médico assistente para uma consulta
de rotina. Refere queixas de cansaço com vários meses de evolução e labilidade emocional.
Mais recentemente, tem tido dores articulares especialmente ao início do dia que vão
melhorando com o movimento. As dores iniciam-se primeiro ao nível dos dedos das mãos e
agora «mudaram» para os joelhos. Quando questionada refere que, apesar de não verificar o
seu peso com frequência, nota que as calças estão mais largas. Como antecedentes pessoais
destaca-se apenas um fenómeno de Raynaud. Os sinais vitais são temperatura timpânica de
36,6ºC, frequência cardíaca 102/min, frequência respiratória 18/min e pressão arterial 126/82
mm Hg. Ao exame físico apresenta eritema da pele nas regiões expostas ao sol. A auscultação
cardíaca revela sons cardíacos presentes, rítmicos e regulares, sem sopros ou extrassons. A
auscultação pulmonar revela murmúrio vesicular simétrico, sem ruídos adventícios. O
abdómen é mole e depressível, evidenciando-se esplenomegalia palpável 1 cm abaixo do
rebordo costal.

Qual dos seguintes é mais provável encontrar nos resultados laboratoriais?

(A) Eritrocitose.
(B) Leucocitose.
(C) Trombocitopenia.
(D) Função renal normal.
(E) C3 aumentado.

102
141. Um homem de 65 anos de idade, de origem africana, vem à consulta com o seu
médico de cuidados primários após notar sangue na urina. Refere que o fluxo urinário está
normal, mas da última vez que urinou reparou que a urina estava tingida com sangue no final
da micção. Refere episódios recentes de disúria, frequência e urgência urinária. Tem
antecedentes de dislipidemia, tabagismo (60 UMA), obesidade e enfarte agudo do miocárdio
há dois meses. Refere ter regressado de Marrocos na semana anterior, em viagem de trabalho.
Medicado cronicamente com atorvastatina, clopidogrel e ácido acetilsalicílico. Os sinais
vitais são temperatura axilar 37,3°C, frequência cardíaca 90/min, frequência respiratória
16/min e pressão arterial 132/85 mm Hg. A saturação de oxigénio em ar ambiente é de 93%.
A auscultação pulmonar revela redução dos sons respiratórios globais. A auscultação
cardíaca não revela sopros ou galopes. O exame retal digital revela próstata globosa,
simétrica e mole, sem massas ou nódulos palpáveis. O restante exame físico é normal. A
urinálise demonstra uma grande contagem de glóbulos vermelhos com morfologia habitual.

Os achados da uretrocistoscopia estão representados na imagem.

Qual dos seguintes diagnósticos é o mais provável?

(A) Cistite aguda.


(B) Esquistossomose.
(C) Trigonite.
(D) Tumor urotelial.
(E) Úlcera vesical.

103
142. Um adolescente 16 anos de idade recorre ao serviço de urgência por vómitos, dor
abdominal e sensação de desmaio com duração de 15 minutos. Os sintomas começaram após
ter sido picado por uma abelha enquanto estava a ajudar o pai que é apicultor. Tem
antecedentes de dois episódios de picada de abelha. Os sinais vitais são frequência cardíaca
110/min e pressão arterial 83/54 mm Hg. Ao exame físico revela palidez cutânea. O tempo
de preenchimento capilar é de três segundos. A auscultação pulmonar revela sibilância
dispersa. A auscultação cardíaca não revela alterações patológicas. O restante exame físico
encontra-se dentro dos parâmetros de normalidade.

Qual das seguintes é a opção terapêutica mais adequada para este doente?

(A) Ranitidina endovenosa.


(B) Metilprednisolona endovenosa.
(C) Adrenalina intramuscular.
(D) Glucagon endovenoso.
(E) Salbutamol inalado.

143. Uma mulher de 55 anos de idade vem a uma consulta de reavaliação com o seu
médico assistente. Na última semana teve vários episódios de elação do humor. Refere que
vai aparecer no «programa da Júlia» e gasta todas as suas poupanças em hotéis de luxo. A
doente teve cerca de cinco episódios semelhantes no ano anterior, e estava assintomática há
quatro meses. Refere preocupação pois desde o início destes episódios que foi despedida por
faltar ao emprego, e no último mês tem tido dificuldades a adormecer por se sentir inútil.
Encontra-se medicada com lítio desde a altura em que iniciou estes episódios e tem feito
estudo analítico regular. A doente tem 151 cm de altura e pesa 79 kg; IMC 34,6 kg/m 2. O
exame físico está dentro dos parâmetros da normalidade.

Qual dos seguintes diagnósticos é o mais provável?

(A) Perturbação bipolar tipo I.


(B) Perturbação bipolar tipo II.
(C) Estado afetivo misto.
(D) Ciclotimia.
(E) Perturbação da ciclação rápida.

104
144. Um homem de 51 anos de idade vem ao consultório médico para mostrar os
resultados das análises, realizados há uma semana, pedidos numa avaliação médica de rotina.
Tem antecedentes de dermite atópica e doença renal poliquística autossómica dominante,
motivo pelo qual também é acompanhado em consulta de nefrologia. Não fuma nem consome
bebidas alcoólicas. Está medicada cronicamente com rosuvastatina na dose máxima.

Os resultados dos estudos analíticos obtidos há uma semana são:

Sangue
Hemoglobina 14 g/dL
Hemoglobina A1c 5,5 %

Soro
Colesterol
Total 168 mg/dL
LDL 80 mg/ dL
HDL 48 mg/dL
Triglicerídeos 132 mg/dL
Creatinina 3,0 mg/ dL (taxa de filtração glomerular estimada de 29 ml/min)

Qual dos seguintes é o próximo passo mais adequado na gestão deste doente?

(A) Manter a medicação habitual.


(B) Reduzir a dose de rosuvastatina.
(C) Trocar rosuvastatina por sinvastatina e adicionar fenofibrato.
(D) Iniciar metformina e adicionar ezetimibe à terapêutica atual.
(E) Adicionar ezitimibe à terapêutica atual.

105
145. Uma mulher caucasiana de 42 anos de idade vem ao consultório médico por quadro
arrastado de dores articulares. Refere que começaram nos punhos, e agora também afetam os
joelhos. Nota rigidez ao acordar que a impede de iniciar de imediato as suas atividades de
vida diária. Refere ainda que as mãos estão «mais presas», com dor nos dedos e que agora
lhe parecem «inchados». Os antecedentes pessoais e familiares não identificaram patologias
de relevo. Os sinais vitais são temperatura 36°C, frequência cardíaca 85/min, frequência
respiratória 16/min e pressão arterial 132/78 mm Hg. Ao exame físico o doente apresenta-se
orientado no tempo e espaço. Observam-se mucosas coradas e hidratadas. A auscultação
cardíaca revela sons cardíacos presentes, rítmicos e regulares, sem extrassons, nem sopros.
A auscultação pulmonar encontra-se dentro dos parâmetros de normalidade. O abdómen é
mole e depressível, indolor à palpação, sem massas ou organomegalias. Nas mãos observam-
se deformações nodulares ao nível das articulações interfalângicas proximais e distais.

Os resultados do estudo analítico pedido na última consulta revelam:

Soro Sangue
Creatinina 0,9 mg/dL Hemoglobina 10,2 g/dL
Glucose 110 mg/dL VGM 78 fL
AST 23 U/L Leucócitos 7 100/mm3
ALT 32 U/L Plaquetas 250 × 109/L
GGT 39 U/L
Fosfatase alcalina 60 U/L

Qual dos seguintes é mais provável encontrar nesta doente?

(A) Presença de nódulos hepáticos.


(B) Desvio radial dos dedos.
(C) Presença de esplenomegalia e leucocitose
(D) Luxação das vértebras T1-T2.
(E) Quisto de Baker.

106
146. Uma mulher de 32 anos de idade recorre ao serviço de urgência por agravamento de
dor ocular à esquerda. Refere visão turva, secreções mucopurulentas, sensação de corpo
estranho, olho vermelho e fotofobia. Pontua a dor com 10 pontos numa escala de 10 pontos,
sem alívio com a toma de paracetamol. Ela refere início da sintomatologia há cerca de uma
semana tendo recorrido a consulta de oftalmologia há cinco dias. Este prescreveu-lhe
ganciclovir tópico para aplicar durante dez a catorze dias. Nega sintomas semelhantes no
olho direito e episódios prévios semelhantes. É portadora de lentes de contacto mensais há
sete anos. Ao exame físico apresenta um fácies agónico. Tem dificuldade em abrir o olho
esquerdo pela fotofobia, apesar de melhorar com a instilação de anestésico. O olho esquerdo
encontra-se moderadamente hiperemiado e a córnea apresenta um infiltrado estromal em
forma de anel, de aspecto granular e coloração branco-acinzentada, tendo lesões
pseudodendríticas que coram com a fluoresceína localizadas na região paracentral. A câmara
anterior apresenta uma reação leve. A íris não apresenta alterações. O cristalino e fundo do
olho não puderam ser avaliados corretamente devido à presença da opacidade corneana. A
acuidade visual encontra-se preservada em ambos os olhos. O olho direito não apresenta
alterações patológicas.

Qual dos seguintes diagnósticos é o mais provável?

(A) Queratite por Acanthamoeba.


(B) Uveíte anterior.
(C) Queratite herpética.
(D) Glaucoma agudo de ângulo fechado.
(E) Erosão corneana recorrente.

147. Um menino de 3 anos de idade é trazido ao consultório médico por lesões cutâneas
com prurido noturno com 10 dias de evolução. Nega outros sintomas. Os antecedentes
pessoais não revelaram patologias. A criança faz parte de uma família que vive em condições
de pobreza e com múltiplas vindas ao serviço de urgência. O esquema vacinal encontra-se
atualizado. Mantém evolução estaturo-ponderal no percentil 15. O desenvolvimento
psicomotor é normal para a idade. Ao exame físico apresenta lesões papulares, tipo picada,
nas mãos, incluindo nos espaços interdigitais, axilas, nádegas e genitais. Estas zonas
apresentam sinais de escoriação. O restante exame físico está dentro dos parâmetros da
normalidade.

Qual das seguintes alternativas é o próximo passo mais adequado na gestão desta criança?

(A) Hidrocortisona tópica.


(B) Permetrina tópica.
(C) Hidroxizina oral.
(D) Colher amostra para cultura bacteriológica.
(E) Fazer biópsia da pele.

107
148. Um homem de 68 anos de idade recorre a consulta no centro de saúde, acompanhado
pela filha, por perda de apetite e alterações do sono. Desde há seis semanas que se tem sentido
mais cansado e com falta de apetite. Refere que tem um sono interrompido e acorda duas
horas mais cedo do que o habitual. Quando questionado, diz que nas últimas semanas não
tem pintado, atividade que gosta muito e que faz semanalmente. O doente diz que a sua
principal preocupação é o sono e diz «da outra vez que me senti assim mais em baixo dormia
bem, demais até, cerca de 10 horas por noite». Tem antecedentes de depressão há três anos.
Esteve medicado com sertralina durante 12 meses, com remissão total da sua sintomatologia.
Os sinais vitais são temperatura 36,7°C, frequência cardíaca 60/min, frequência respiratória
16/min e pressão arterial 140/83 mm Hg. Ao exame físico apresenta mucosas coradas e
hidratadas, com uma postura cabisbaixa. A auscultação cardíaca revela S1 e S2 presentes, sem
sopros. A auscultação pulmonar apresenta murmúrio vesicular mantido e simétrico, sem
sinais de dificuldade respiratória

Qual das alterações do sono é mais provável ser encontrada neste caso?

(A) Aumento da latência para o sono REM.


(B) Diminuição da proporção do sono REM nas fases iniciais do sono.
(C) Aumento da proporção do sono REM nas fases finais do sono.
(D) Maior duração do sono profundo.
(E) Alterações da continuidade e duração do sono.

149. Um homem de 21 anos de idade vem ao serviço de urgência após ter caído sobre o
joelho esquerdo enquanto jogava futebol. O traumatismo ocorreu há 24 horas. Na altura teve
dor e inchaço no joelho pouco tempo após a queda, mas a pele estava intacta. As queixas
agravaram-se hoje, com aumento da dor e inchaço, pelo que decidiu recorrer ao serviço de
urgência. Não tem antecedentes de relevo exceto para apendicectomia há dois anos. Não
toma qualquer medicação. Não fuma nem bebe bebidas alcoólicas e faz exercício físico
quatro vezes por semana. Os sinais vitais são temperatura 37,1°C, frequência cardíaca
98/min, frequência respiratória 24/min e pressão arterial 132/70 mm Hg. O exame físico
revela um joelho edemaciado e com escoriações, mas sem sinais inflamatórios aparentes. A
mobilização é dolorosa. Foi realizada uma artrocentese que produziu líquido límpido. O
doente teve alta para o domicílio medicado com diclofenac e indicação para repouso e
aplicação de gelo no local. Dois dias depois retorna à urgência por agravamento dos sintomas
e febre (temperatura máxima 38,2ºC). Ao exame físico o joelho está mais edemaciado que
na primeira avaliação, e apresenta rubor e calor. Uma nova artrocentese revela líquido turvo.
Na coloração do líquido sinovial observam-se cocos Gram positivo.

Qual das seguintes alternativas é o tratamento mais adequado?

(A) Ceftriaxona.
(B) Ciprofloxacina.
(C) Doxiciclina.
(D) Vancomicina.
(E) Meropenem.

108
150. Uma mulher de 55 anos de idade, melanodérmica, recorre ao serviço de atendimento
permanente da sua área de residência por dificuldade em engolir. Refere dificuldade na
deglutição acompanhada de desconforto torácico que ocorre tanto para a ingestão de sólidos
como para líquidos. Ela diz: «parece que os alimentos ficam presos no peito». Não sabe
especificar a duração dos sintomas. Nega sintomas constitucionais como febre ou cansaço.
Pensa que terá emagrecido «1 ou 2 kg» nas últimas semanas devido à perda de apetite.
Apresenta antecedentes pessoais de hipertensão medicada com amlodipina. Os sinais vitais
são temperatura 36,7°C, frequência cardíaca 71/min, frequência respiratória 14/min e pressão
arterial 159/90 mm Hg. A doente tem 179 cm de altura e pesa 89 kg; IMC 27,8 kg/m2. As
auscultações cardíaca e pulmonar estão dentro dos parâmetros da normalidade. Não apresenta
alterações da expansibilidade e percussão torácica; a percussão do precórdio evidencia ligeira
cardiomegalia. O abdómen é mole e depressível, indolor à palpação superficial e profunda,
sem massas nem organomegalias. Membros inferiores com edema depressível ligeiro dos
tornozelos. A endoscopia digestiva alta não identificou alterações estruturais de relevo. A
manometria esofágica revela um aumento da amplitude peristáltica média do esófago distal
e da duração média das contrações, com sequência peristáltica normal.

Qual dos seguintes é o diagnóstico mais provável?

(A) Acalásia.
(B) Espasmo esofágico difuso.
(C) Esófago em quebra-nozes.
(D) Esfíncter esofágico inferior hipertensivo.
(E) Distúrbio esofágico inespecífico.

109
150. Uma mulher de 55 anos de idade, melanodérmica, recorre ao serviço de atendimento
permanente da sua área de residência por dificuldade em engolir. Refere dificuldade na
deglutição acompanhada de desconforto torácico que ocorre tanto para a ingestão de sólidos
como para líquidos. Ela diz: «parece que os alimentos ficam presos no peito». Não sabe
especificar a duração dos sintomas. Nega sintomas constitucionais como febre ou cansaço.
Pensa que terá emagrecido «1 ou 2 kg» nas últimas semanas devido à perda de apetite.
Apresenta antecedentes pessoais de hipertensão medicada com amlodipina. Os sinais vitais
são temperatura 36,7°C, frequência cardíaca 71/min, frequência respiratória 14/min e pressão
arterial 159/90 mm Hg. A doente tem 179 cm de altura e pesa 89 kg; IMC 27,8 kg/m2. As
auscultações cardíaca e pulmonar estão dentro dos parâmetros da normalidade. Não apresenta
alterações da expansibilidade e percussão torácica; a percussão do precórdio evidencia ligeira
cardiomegalia. O abdómen é mole e depressível, indolor à palpação superficial e profunda,
sem massas nem organomegalias. Membros inferiores com edema depressível ligeiro dos
tornozelos. A endoscopia digestiva alta não identificou alterações estruturais de relevo. A
manometria esofágica revela um aumento da amplitude peristáltica média do esófago distal
e da duração média das contrações, com sequência peristáltica normal.

Qual dos seguintes é o diagnóstico mais provável?

(A) Acalásia.
(B) Espasmo esofágico difuso.
(C) Esófago em quebra-nozes.
(D) Esfíncter esofágico inferior hipertensivo.
(E) Distúrbio esofágico inespecífico.

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