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AULA 01.

A
INTRODUÇÃO À FÍSICA, NOTAÇÃO CIENTÍFICA E ORDEM DE GRANDEZA

1 INTRODUÇÃO À FÍSICA

A Física é uma das Ciências da Natureza, a qual também é composta por Química
e por Biologia. A subdivisão da Natureza entre essas três modalidades não é muito rígida,
havendo bastante interdisciplinaridade.
De maneira simplificada, pode-se dizer que a Física estuda os acontecimentos e os
conceitos mais gerais (interações, forças, conservação de energia) da Natureza. A Química,
por sua vez, trata da constituição da matéria, de suas propriedades, de suas transformações
e das leis que as regem, podendo fazer uso dos conhecimentos da Física. A Biologia,
finalmente, estuda a vida e os organismos vivos, podendo utilizar conhecimentos de Física e
de Química nesse estudo.

1.1 O que é Ciência

Ciência é o corpo de conhecimentos que descrevem a ordem na Natureza e a


origem dessa ordem. Trata-se de uma atividade humana dinâmica que representa os
conhecimentos construídos, as descobertas, os saberes e os esforços coletivos da
humanidade, com a finalidade de reunir conhecimento sobre o universo, organizá-lo e
condensá-lo em teorias testáveis. Dessa forma, uma afirmação, para ser considerada
científica, deve poder ser testada, sendo confirmada ou falseada.
Acrescente-se ainda que a Ciência procura identificar os mecanismos, as leis, as
regras relacionadas aos acontecimentos. Assim, as Ciências buscam responder a pergunta:
como o funciona o Universo?

1.2 Vocabulário da Ciência

Há muitas palavras utilizadas para representar conceitos e proposições, no contexto


da Ciência. Vamos conhecer algumas a seguir.

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1.2.1 Fenômeno

Também chamado de fato, fenômeno é um acontecimento na Natureza. Muitas


vezes se pensa que deve ser algo estupendo, inigualável. Contudo, em Ciência, trata-se
apenas de um acontecimento. A queda de uma maçã, uma reação entre vinagre e bicarbonato
de sódio, a infecção de um sujeito por um vírus são exemplos de fenômenos estudados pelas
Ciências da Natureza.

1.2.2 Lei

Uma lei é uma regra observada com regularidade em determinado fenômeno. Há


algumas leis famosas na Física como as leis de Newton, a lei da Gravitação Universal e as leis
da Termodinâmica. Todas elas descrevem características observadas de forma repetitiva em
determinados fenômenos.

1.2.3 Teoria

Uma teoria corresponde à síntese de um grande corpo de informações que


englobam leis científicas. A teoria mais famosa é a Teoria da Relatividade de Albert Einstein.
Além dela, há também, como exemplos, a Teoria de Maxwell do Eletromagnetismo, a Teoria
da Mecânica Quântica e a Teoria Quântica de Campos.

1.2.4 Modelo

Um modelo é uma representação de conhecimentos, de fenômenos e de sistemas.


Como representação dos objetos envolvidos em um fenômeno, é possível construir desenhos,
elaborar equações ou construir maquetes, por exemplo.

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1.2.5 Sistema físico

Chamamos sistema físico uma porção do universo que escolhemos arbitrariamente


para estudar ou observar.
O lápis que você tem em mãos agora pode ser considerado um sistema físico por
você, caso escolha analisar o movimento dele, ou a temperatura, ou o comprimento! Por outro
lado, uma caixa e todo o seu conteúdo também podem ser considerados um sistema físico.

1.3 Método Científico

O Método Científico corresponde a um conjunto de regras a respeito dos


procedimentos a serem adotados na investigação científica, bem como na formulação de
conclusões.
Existem várias metodologias que podem ser utilizadas no âmbito do Método
Científico. Vamos tratar, em seguida, dos métodos indutivo, dedutivo e hipotético-dedutivo.

1.3.1 Método Indutivo

No Método Indutivo, observam-se vários acontecimentos e, havendo repetições na


observação, o cientista é induzido a generalizar a ocorrência dessas repetições em futuros
fenômenos semelhantes.
Um exemplo a partir da observação de mamíferos: se o cachorro, o gato e a vaca
têm pelos, logo todos os mamíferos têm pelos.

1.3.2 Método Dedutivo

No Método Dedutivo, adota-se uma afirmação geral como verdadeira, e enuncia-se,


por dedução, uma sentença particular, específica.

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Como exemplo, observe a afirmação: “sabe-se que todas as frutas têm sementes;
sabe-se que laranjas e uvas são frutas; logo, deduz-se que laranjas e uvas têm sementes.

1.3.3 Método Hipotético-dedutivo

Trata-se do método atualmente mais utilizado na produção de conhecimento


científico. Contudo, ele também faz uso das ideias presentes nos métodos indutivo e dedutivo.
A seguir, serão abordadas as etapas do método Hipotético-dedutivo.

1.3.3.1 Caracterização de um fenômeno

Na observação do fenômeno, será necessário quantificá-lo, fazer medidas, construir


tabelas e gráficos, elaborando um banco de dados a fim de descrever como esse fenômeno
acontece.

1.3.3.2 Questionamento

Após a caracterização do fenômeno, surgem questionamentos a respeito de como


os dados observados se relacionam. Tal questionamento é também conhecido como
elaboração de problema.

1.3.3.3 Elaboração de hipóteses (suposições)

A elaboração de hipótese corresponde à formulação de respostas provisórias aos


questionamentos feitos anteriormente. Para que uma hipótese seja válida, ela deve:
a) ser uma declaração;
b) ser falseável (ou seja, deve poder ser contestada) e
c) buscar relações entre as características observadas no fenômeno.

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1.3.3.4 Previsão das consequências das hipóteses (dedução)

Nessa etapa, deduzem-se quais seriam as consequências de essa hipótese ser


verdadeira e também de ela ser falsa. Tais consequências envolvem relações previstas entre
grandezas que podem ser medidas. Assim, com essas informações dá-se sequência à
atividade científica por meio de experimentos, visando a verificação das hipóteses.

1.3.3.5 Realização de experimentos

Essa etapa diferencia-se da caracterização inicial do fenômeno, porque nela já se


sabem quais grandezas observar e quais são as relações previstas. Os experimentos devem
ser repetidos diversas vezes, a fim de observar a regularidade das medidas. Com isso, torna-
se possível generalizar as relações observadas.
Caso os resultados observados não confirmem as hipóteses, retorna-se à etapa de
elaboração, construindo novas hipóteses, a fim de haver novos procedimentos a serem feitos.

1.3.3.6 Formulação da lei (indução)

Os resultados dos experimentos podem permitir generalização do que fora


observado. Tal generalização é feita por meio da formulação de leis, que como vimos, são
regras observadas com regularidade em determinados fenômenos.

1.4 Construção social do conhecimento

Quando as teorias e leis existentes não conseguem explicar um acontecimento


novo, os cientistas passam a investigar novas hipóteses. Às vezes, basta uma pequena
correção em uma lei, modificando a teoria existente. Contudo, pode acontecer a necessidade
de reformulação total da teoria vigente. Quando isso acontece, diz-se que houve uma

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revolução científica, também conhecida como quebra de paradigma. Observe-se que, por outro
lado, a nova teoria deve explicar por que motivos a teoria anterior funcionava em certos casos.
O processo é chamado construção social, porque, quando um pesquisador elabora
uma tese (uma proposição científica), ela deve ser defendida perante a comunidade científica,
a qual poderá aprova-la ou não.
Nesse contexto, o pesquisador apresenta a tese, a qual é confrontada com a
antítese (opondo-se à tese) e, a partir desse diálogo entre as ideias (dialética), chega-se à
síntese (conclusão).

1.5 Ciência experimental e Ciência teórica

A atividade do cientista pode ser experimental ou teórica (não sendo excludente


uma da outra).
A atividade experimental compreende a realização de experimento, a coleta de
dados e a relação entre dados, podendo resultar na construção de uma nova teoria ou no
aprofundamento acerca de uma teoria já existente (Figura 1).
Figura 1 – Cientista em atividade experimental.

Fonte: Pixabay.
A atividade teórica compreende a construção de teorias, envolvendo o estudo das
leis e a ampliação do conhecimento acerca das consequências dessas leis (Figura 2).
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Figura 2 – Einstein e Hawking, dois cientistas teóricos.

Fonte: Pixabay.

1.6 O que é Física?

Conforme abordado na introdução, a Física estuda os acontecimentos e os


conceitos mais gerais (interações, forças, conservação de energia) da Natureza. Para fins
didáticos, é costumeiro que se divida a física em algumas áreas:
• Mecânica: estuda os fenômenos relacionados ao movimento e ao repouso dos
objetos.
• Óptica: estuda os fenômenos relacionados à propagação da luz.
• Termologia: estuda os fenômenos relacionados à temperatura.
• Ondulatória: estuda os fenômenos relacionados às ondas.
• Eletricidade: estuda os fenômenos relacionados às cargas elétricas.
• Magnetismo: estuda os fenômenos relacionados aos ímãs (o que pode envolver
também cargas elétricas: daí ser comum a junção eletromagnetismo).
• Relatividade: estuda os fenômenos relacionados a deformações do espaço e do
tempo.

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• Quântica: estuda os fenômenos relacionados à escala do átomo, que


apresentam um comportamento relacionado a estatística e a probabilidade. Um
fato é interessante nesse contexto: o nome “quântico” está relacionado ao fato
de que certas quantidades não podem ter qualquer valor, mas devem existir
como um múltiplo de um valor determinado. Por exemplo, não existe meio
elétron!

1.7 Conclusão

A Ciência desenvolve-se por meio de métodos a fim de que haja qualidade nas
ideias propostas. Caso se permitisse que qualquer proposição pudesse ser considerada uma
verdade absoluta, sem submetê-la a testes, viver-se-ia a possibilidade de propagação das
chamadas fake news. O que se chama de senso comum trata-se de uma mistura desordenada
de afirmações validadas apenas por critérios pessoais de aceitação, comumente baseadas em
crenças. Contudo, essas conclusões têm significado para quem comunga desse
conhecimento.
A aprendizagem do conhecimento científico legitimado pela Academia implica a
ruptura com o senso comum e com nossas próprias ideias construídas ao longo de nossas
vidas. Dessa forma, ao longo da aprendizagem da Física, muito daquilo que você imaginava
ser correto irá apresentar-se como um engano. Portanto, mantenha a mente aberta para os
novos conhecimentos, que já foram testados de acordo com métodos e conseguem trazer uma
boa descrição do comportamento da natureza. É possível que haja novas descobertas? Sim!
Mas o conhecimento presente já é capaz de explicar grande parte do que precisamos para
compreender o comportamento da Natureza.
Assim, por meio da Ciência, que permite o conhecimento e o questionamento dos
fenômenos, consegue-se chegar a teorias mais próximas do funcionamento do universo,
proporcionando à humanidade oportunidade de libertar-se de conhecimentos impostos por
dogmas e por crenças. Dessa forma, torna-se possível agir com maior segurança e precisão,
evitando riscos e perigos.
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2 GRANDEZAS FÍSICAS: UNIDADES DE MEDIDA E NOTAÇÃO CIENTÍFICA

Vamos estudar o que significa medir, as unidades utilizadas nas medições e a forma
de se representar um valor em notação científica.

2.1 Unidades de medida

Medir significa comparar. A medida que utilizamos como referência para a


comparação é chamada unidade de medida.
Por exemplo, quando vamos medir o comprimento da sua altura, o comparamos
com o comprimento do centímetro ou com o comprimento do metro.
Cada unidade de medida deve ser padronizada internacionalmente. Assim, cada
uma possui uma regra para ser determinara e repetida em todos os lugares do mundo. O
metro, por exemplo, é definido como o comprimento percorrido pela luz no vácuo durante um
intervalo de tempo de 1/299.792.458 segundo.
Com base nessa ideia foi criado o Sistema Internacional (SI). A seguir está a tabela
com as unidades de medida utilizadas no SI:
Tabela 1 – unidades de medida no Sistema Internacional.
Grandeza física Unidade de medida Símbolo
massa quilograma kg
comprimento metro m
tempo segundo s
temperatura kelvin K
força newton N
carga elétrica coulomb C
Fonte: http://www.inmetro.gov.br/consumidor/pdf/resumo_si.pdf

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2.1.1 Múltiplos

Você já deve saber que 1 quilômetro (1 km) corresponde a 1000 m. Assim, o prefixo
k (quilo) representa 1000 vezes. Da mesma forma, 1 centímetro (1 cm) corresponde a 1/100
do metro. Por isso, o prefixo c representa 1/100 vezes.
Vários outros prefixos são largamente utilizados a fim de simplificar as
representações dos valores das grandezas físicas:
Prefixos do SI
Prefixo
10n Equivalente numérico
Nome Símbolo
tera T 1012 Trilhão 1 000 000 000 000
giga G 109 Bilhão 1 000 000 000
mega M 106 Milhão 1 000 000
quilo k 103 Mil 1 000
nenhum Unidade 1
deci d 10−1 Décimo 0,1
centi c 10−2 Centésimo 0,01
mili m 10−3 Milésimo 0,001
micro µ 10−6 Milionésimo 0,000 001
nano n 10−9 Bilionésimo 0,000 000 001
pico p 10−12 Trilionésimo 0,000 000 000 001

2.2 Notação científica e ordem de grandeza

Muitas vezes, o valor a ser medido é tão grande (150.000.000 km) ou tão pequeno
(0,000006 m) em relação à unidade, que fica inconveniente a representação tradicional. Por
isso, faz-se uso da notação científica, simplificando a representação.
Escrever um número em notação científica significa representa-lo na forma:

a × 10b
Onde 1 ≤ a < 10 e b ∈  .

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Mas o que isso significa? Isso quer dizer que o a deve estar entre 1 e 10, podendo
ser 1, mas não podendo ser 10; e b deve ser um número inteiro.
Vamos a um exemplo, trabalhando o número 3.500 e as potências de dez:
3.500 = 350 × 10 = 350 × 101
= 35 × 100 = 35 × 102
= 3,5 × 1.000 = 3,5 × 103
= 0,35 × 10.000= 0,35 × 10 4

Observe que, em destaque, encontra-se o valor em notação científica, de acordo


com as regras mencionadas anteriormente.
Agora vamos a outro exemplo, trabalhando o número 0,0016 e as potências de dez.
Contudo, você deve saber antecipadamente que dividir por 10 corresponde a multiplicar por
10−1 .
0,0016 = 0,016 ÷ 10 = 0,016 × 10 −1
= 0,16 ÷ 100 = 0,16 × 10 −2
= 1,6 ÷ 1000 = 1,6 × 10 −3
= 16 ÷ 10000 = 16 × 10 −4

Observe mais uma vez que, em destaque, encontra-se o valor em notação científica,
de acordo com as regras mencionadas anteriormente.

2.2.1 Regra prática para obter-se o valor em notação científica

A fim de chegar à notação de forma mais rápida, podem-se utilizar os seguintes


passos:
1. Escreva o número e represente a vírgula (mesmo que ela não esteja
representada):

2. Desloque a vírgula “saltando” pelos algarismos até obter um valor entre 1


(podendo ser 1) e 10 (não podendo ser 10):

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3. Observe que o primeiro número ficou menor, então você terá de compensar o
multiplicando por um uma potência de 10 com expoente positivo de valor igual à
quantidade de “saltos”:

Por outro lado, o segundo número ficou com um valor maior, e, para compensar,
você terá de multiplicá-lo por uma potência de dez com expoente negativo de
valor correspondente à quantidade de “saltos”:

2.2.2 Ordem de grandeza

Chama-se ordem de grandeza a potência de dez mais próxima de um dado valor


numérico. A ordem de grandeza de um valor, siga as etapas:
1. Represente o número em notação científica:

Os números sublinhados são chamados mantissa.


2. Vamos agora “arredondar” a mantissa para uma potência de dez, segundo a
regra:
• Se a mantissa for menor que 10 , a arredondamos para 1.

• Se a mantissa for maior que 10 , a arredondamos para 10.

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Note que 10 = 3,1622776601... , sendo um número irracional. Assim, não se

preocupe, porque a mantissa nunca será exatamente igual a 10 .

3. Multiplique o número arredondado (1 ou 10) pela potência de dez da notação


científica, e obtenha a ordem de grandeza.

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