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Revisão
Renata Gomide • Retextualizar
Coordenação Editorial
André Senna
Projeto Gráfico
Estúdio Bogotá
Ficha catalográfica
C672c
COELHO JÚNIOR, Carlos Pessoa.
ISBN 978-85-904077-3-6
CDU : 658.7
Elaborada por
Stela Catarina Medeiros de Carvalho CRB 6/770
O COMPRADOR
BELO HORIZONTE
2016
AGRADECIMENTOS
Muitas pessoas me ajudaram a materializar este livro.
Ao Dr. Matheus Drumond Costa, que, com sua ampla experiência e vitoriosa
carreira como dirigente das unidades de suprimentos de grandes corporações,
enriquece o livro com um texto de sua autoria, e também porque, com seu
entusiasmo contagiante, envolveu-me na realização deste projeto.
À Renata Gomide (da Retextualizar), que foi a responsável pela revisão dos
textos originais.
Às dedicadas amigas Marcela Dantés, Renata Polastri e Paula Cotta (do Estúdio
Bogotá), que deram vida e beleza a esta obra.
Carlos Pessoa
Em memória de meus pais, Célio e Alayde, que
me concederam o direito à vida e me acolheram
com tanto amor. Minha eterna gratidão.
09 PREFáCIO
SUMÁ-
13
17
255
APRESENTAçãO
OBJETIvO
dO LIvRO
CONSIdERAçõES
FINAIS
259 ANEXO 1
269 ANEXO 2
RIO
23 CAPíTULO 1 51 CAPíTULO 2
SUPRIMENTOS: NOvO PAPEL
QUAL O SEU dO COMPRAdOR
REAL vALOR?
57 CAPíTULO 3 71 CAPíTULO 4
CONdUTA éTICA E BLEFE NA
REPUTAçãO NEGOCIAçãO
119 CAPíTULO 7
RELACIONAMENTO 149 CAPíTULO 8
COM FORNECEdORES POdER E
INFLUêNCIA
199 CAPíTULO 9
ESTRATéGIAS E 223 CAPíTULO 10
TáTICAS dE PLANEJAMENTO
NEGOCIAçãO dA NEGOCIAçãO
PREFÁCIO
P R E FÁC I O
“A maioria das
ressantes, indo do potencial de
empresas gasta, em
lucro com a atividade compras
média, o equivalente
10
à necessidade de construção de
a de 40% a 80% da
valor com os fornecedores, e do
receita bruta com a
planejamento da negociação a
aquisição de maté-
táticas para melhores resultados.
rias-primas, produtos
e serviços. Portanto, Mais do que atrativo, o livro é
pequenas reduções atualíssimo, adentrando no tema
nos custos das aqui- que se configura como o mais
sições podem reper- importante no Brasil nesta segun-
cutir de maneira da década do século XXI, a ética.
altamente positiva no
lucro da empresa”.
O livro discute os riscos e as questões relativas à
conduta para lidar com os contínuos desafios que
os profissionais de compras enfrentam no relaciona-
mento interpessoal com seus públicos relevantes.
KAUMER CHIEPPE
Diretor Geral
Divisão Logística
GRUPO ÁGUIA BRANCA
P R E FÁC I O
11
12 P R E FÁC I O
APRESENTAÇÃO
OS TÍTULOS VARIAM
A P R E S E NTAÇÃO
• “Nos negócios como na guerra: estrategistas
ensinam como lutar contra a concorrência e
ganhar o cliente”.
14
• “Fusões, alianças, aquisições, parcerias e joint-
ventures: transforme seu rival num parceiro e
aumente sua competitividade”.
A P R E S E NTAÇÃO
uma função há muito negligenciada e que, agora, começa a fazer uma
enorme diferença nos resultados da empresa.
16
A atividade de compras mudou.
Existe uma nova ordem nos proces-
sos. Não adianta mudar as pessoas e
utilizar os mesmos processos anti-
gos e superados, nem utilizar novos
processos, mas insistir em continu-
ar realizando as tarefas de compras
repetindo o mesmo procedimento
anterior. Processos e pessoas defa-
sados entre si são incompatíveis!
OBJETIVO DO LIVRO
O BJ E TIVO D O LIVRO
organizações de que participam.
18
compras), que, atuando com o papel de um “mentor”, orientará seu
trainee para as atividades de suprimentos.
02
O segundo capítulo apresenta uma
proposta para um novo posicionamen-
to – seja do gestor ou do executivo de
compras – que favoreça a exploração da
O BJ E TIVO D O LIVRO
03
O terceiro capítulo aborda a importân-
cia da reputação, bem como os riscos e
as questões relativas à conduta ética
para lidar com os contínuos desafios
que os profissionais de compras enfren-
tam no relacionamento interpessoal
com seus públicos relevantes.
04
O quarto capítulo disseca a diferença
entre os aspectos relativos à “forma”
e à “essência” do blefe, e os cuidados
que devem ser observados na aplicação
desse procedimento durante o processo
da negociação.
05
O quinto capítulo mostra a visão
estratégica das organizações, posicio-
nando a unidade de suprimentos (e
o processo de compras) no contexto
O BJ E TIVO D O LIVRO
global da empresa, e alinhando as
estratégias de suprimentos às estraté-
gias globais corporativas.
20
06
O sexto capítulo expõe os aspectos
relativos à logística e à cadeia de
suprimentos, reforçando a ideia de que
a amplitude das decisões empresariais
está além de suas próprias fronteiras,
isto é, as fontes de suprimentos não
podem mais se restringir geografica-
mente apenas aos “quintais” dos arredo-
res ou da vizinhança das organizações.
07
O sétimo capítulo aborda o relaciona-
mento com os fornecedores, a relação
custo/benefício da base “single” ou
“multi-sourcing” das fontes de forne-
cimento, as diversas alternativas da
“Matriz Estratégica de Compras” (Kraljic
Portfolio Purchasing Model) e as possi-
bilidades de construir “valor” com as
empresas fornecedoras (value sourcing).
08
O oitavo capítulo descreve os princí-
pios e as fontes de poder (genéricas e
O BJ E TIVO D O LIVRO
do acordo.
09
O nono capítulo examina as estraté-
gias aplicadas pelos fornecedores e a
contrapartida que pode ser utilizada
pelos compradores, inclusive, através
do emprego de abordagens mais efetivas
e complementares. Descreve também as
táticas de negociação que poderão ser
utilizadas para o alcance dos melhores
resultados para as metas pretendidas.
10
O décimo capítulo trata sobre o plane-
jamento da negociação, ou seja, como se
preparar adequadamente para desen-
volver negociações organizadas, mais
conscientes e melhor estruturadas.
O BJ E TIVO D O LIVRO
estratégica específica para a perenidade e o posicionamento
competitivo de sua empresa, afinal, esta constitui a parte
criativa do negócio!
22
Boa leitura!
Carlos Pessoa
01
SUPRIMENTOS:
QUAL SEU REAL
VALOR?
S U P R I M E NTO S : Q UAL S E U R EAL VALOR?
CA P Í TU LO 1
24
João Pedro está ultrarradiante. Acaba de ser infor-
mado que foi aprovado e que será contratado como
trainee em uma renomada organização multina-
cional. Ao receber a notícia através da Gerente de
Recursos Humanos, uma enorme alegria manifestou-
se na alma de João Pedro, porque essa oportunidade
representava a realização do maior sonho da sua
vida: trabalhar e construir uma carreira bem-sucedi-
da em uma grande empresa.
CA P Í TU LO 1
De outra vez, um fornecedor o contatou perguntan-
do se ele já havia recebido a Ordem de Compra (OC) da
Gerência de Manutenção requisitando uma determina-
26
da peça. Ao responder que ainda não havia recebido a
OC, o representante de vendas do fornecedor o “tran-
quilizou”, afirmando que ele já tinha a peça disponível
para entrega. Dois dias depois, João Pedro recebeu a OC
especificando a peça e indicando aquele fornecedor
como o único em condições de atender às necessidades
“técnicas” da Gerência de Manutenção.
CA P Í TU LO 1
Ao contatar o fornecedor para verificar a possi-
bilidade de entregar as carnes com igual prazo de
28
validade (o mais longo possível), João Pedro ouviu a
seguinte resposta:
1 a a importância eStratégica
da atividade de compraS
CA P Í TU LO 1
sas. Assim, o potencial de lucro associado a uma gestão eficiente das
atividades de compras é muito significativo e, à medida que os mate-
30
riais e os mercados vão se tornando mais complexos, a atividade de
compras tende a tornar-se cada vez mais estratégica.
COMPRAS COMO
PORCENTAGEM DOS
CUSTOS TOTAIS 78%
70% 65%
FONTE C A P S R E S E A RC H
CONSTR UÇÃO
C IVI L
I N D ÚSTR IA
QUÍMICA
FA B R ICAÇÃO DE
COMPUTA D O R ES
CUSTOS
+ LUCRO
S U P R I M E NTO S : Q UAL S E U R EAL VALOR?
PREÇO
CA P Í TU LO 1
32
drasticamente: o preço agora é a processo. O lucro – sob a forma
variável dominante determinada de dinheiro ou de desenvolvimen-
pelo mercado, que passou a ditar to econômico e social – passou a
as regras, uma vez que a competi- ser uma variável dependente.
ção aumentou significativamente
No entanto, os acionistas e
em todos os setores.
investidores disseram que era
Mas não foi somente a ordem inaceitável o lucro ser a variável
dos fatores que mudou. Entra- dependente, e passaram a exigir
ram novas variáveis que apenas dos gestores uma ação segundo
as empresas especiais cuidavam: uma fórmula, em que o desafio
o preço com qualidade intrín- seria cuidar da competitividade,
seca e o bom atendimento (não oferecendo produtos e serviços
com qualidade intrínseca, direito de quem investe e dever
melhor preço e bom atendimen- de quem administra –, os custos
to, e, ao mesmo tempo, garantir terão que ser reduzidos também.
a rentabilidade/lucratividade,
Estamos aprendendo na pele e no
gerando resultados para o inves-
bolso que, agora, o custo é que é
tidor, o acionista e todos aqueles
a variável dependente e, com isso,
definidos como clientes dos
a atividade de compras posicio-
resultados (públicos relevantes,
S U P R I M E NTO S : Q UAL S E U R EAL VALOR?
RECEITAS x CUSTOS
va lo r % va lo r % valor %
CA P Í TU LO 1
DUAS OPÇõES PODEM
SER ADOTADAS:
34
• A primeira (muito difícil de executar, quase inviável) consi-
dera a possibilidade de aumentar as vendas (receitas) em 50%,
mantendo-se a mesma estrutura de custos com compras (90%
das receitas) e, com isso, alcançar o aumento de 50% nos
resultados;
i te m valor
1.000.000
S U P R I M E NTO S : Q UAL S E U R EAL VALOR?
v e ndaS tota i S
luc ro
35
CA P Í TU LO 1
continuarem a proceder naS
negociaçõeS de compra com
36
uma viSão limitada e puramente
proceSSual, Sem oBServar outraS
variÁveiS eStratégicaS.”
quer Se endividar;
• provoca oS fornecedoreS,
SinaliZando com a poSSiBilidade
de negócioS futuroS;
COMPRA
ção coloca o processo acima do criatividade, limitando a visão
resultado e pode provocar alguns estratégica do real papel da unida-
efeitos nocivos e colaterais às suas de de suprimentos no sucesso do
próprias organizações, como, por empreendimento.”
DORS-
SAURO!
S U P R I M E NTO S : Q UAL S E U R EAL VALOR?
1° efeito
foco apenaS no preço
CA P Í TU LO 1
nal de Segurança Pública Faltava até macaco.
destacadas para combater
facções criminosas que
CA M I NH ÃO
42
comandam ataques no Rio
desde dezembro. Alugado de
DE M U DA NÇ A
última hora para transpor-
CA R R EGA DO
tar armas e equipamentos,
COM AR M AS
um caminhão de mudança
N ÃO TI NH A
teve dois pneus furados
M ACACO
a caminho da Base Aérea
de Brasília e a partida dos O tropeço irritou o coronel
policiais atrasou por mais Aurélio Ferreira, coman-
de quatro horas. dante da força. “É um
absurdo um problema desse
O veículo estava com pneus
prejudicar nossa missão.”
carecas e equipamentos
Ele destacou um grupo rodovias da divisa do Rio
tático, armado de fuzis com Estados vizinhos, onde
e em posição de combate, vão combater o tráfico de
para proteger o caminhão, drogas e de armas.
enquanto outro descarre-
Outras equipes continu-
gava os equipamentos na
arão seguindo para o Rio
S U P R I M E NTO S : Q UAL S E U R EAL VALOR?
CA P Í TU LO 1
vidro traseiro de um carro moderno e importado que alertava:
44
para ver o cuSto da primeira
manutenção!’.
CA P Í TU LO 1
alguns casos, ao descarte do produto inteiro, além da
perda de produtividade.
46
outras formas: entregas erráticas provocam um
excesso de estoque de segurança, ingredientes de baixo
rendimento exigem que uma maior quantidade de
produto ou de outros ingredientes seja usada, exigên-
cias de grandes pedidos podem resultar em custos
adicionais de estocagem, e assim por diante.
S U P R I M E NTO S : Q UAL S E U R EAL VALOR?
2° efeito
foco apenaS no proceSSo
CA P Í TU LO 1
48
cumprir as letras do contrato
nessas situações de exceção pode
G AN HO S
N OVO PA P E L D O COM P R AD OR
E o mentor respondeu: “Na verdade,
ela pode ser aperfeiçoada. Veja como:
CA P Í TU LO 2
solicitados a partir, por exemplo, de
uma “Ordem de Compra” recebida.
52
Mas, com esse procedimento, o comprador atuará somente no ‘dowstream’
do processo de compras, condicionado a uma margem mínima de manobra,
e terá uma influência irrelevante (não mais que 10%) sobre todo o ciclo da
demanda, conforme mostra o Gráfico 1:
CUSTO DA
DECISÃO
100%
90%
75%
N OVO PA P E L D O COM P R AD OR
UPSTREAM dOWNSTREAM
53
N OVO PA P E L D O COM P R AD OR
tratores. Ou, como dizia Santo Agos- resultado é só ele.”
tinho, deve-se rezar por milagres,
CA P Í TU LO 2
MUNdO NãO O vALIdAR, vOCê
SERá APENAS UM PERdEdOR
54
ESFORçAdO!”
1 a ABORdAGEM: “ESTOQUES”
2 a ABORdAGEM: “PARCERIAS”
N OVO PA P E L D O COM P R AD OR
PEdRO, QUE vOCê Já ESTá COME-
çANdO A PERCEBER QUE A ATIvI-
dAdE dE COMPRA PROFISSIONAL,
PARA SER dESEMPENHAdA COM
CA P Í TU LO 2
COMPETêNCIA, NãO POdE SER
56
JURáSSICA E SE LIMITAR APENAS A
UM SIMPLES PROCESSO dE ABOR-
dAGEM A TRêS FORNECEdORES
(NO MíNIMO) PRé-QUALIFICAdOS”
58 CA P Í TU LO 3 CO N D UTA É TI CA E R E P UTAÇÃO
João Pedro havia aprendido que deveria conduzir seu papel profissio-
nal de forma sempre coerente com seus princípios éticos e, por isso, ele
se sentia incomodado e não sabia o que fazer quando os fornecedores
ofereciam “mimos”, “agrados” ou pequenos presentes, como canetas,
pen drives, agendas, DVD’s e convites para almoços, happy hour, etc.
CO N D UTA É TI CA E R E P UTAÇÃO
diram abraçar o caminho da desonestidade para poder vencer, acreditando
que ficariam impunes e que outras pessoas decentes pagariam a conta.
CA P Í TU LO 3
obtenção de benefícios.
60
quando, em algum momento, sentimos a tentação de nos desviar daquilo
que sabemos ser certo, utilizando argumentos injustificáveis para aliviar
nossa consciência e reduzir nosso sentimento de culpa.”
“Mas, Sr. mentor, o que dizer de alguns tipos de ação tão irrelevantes como
receber uma agenda ou uma caneta de um fornecedor? Não posso admitir
que alguém possa se aproveitar de atos tão simples, inexpressivos e sem
importância com a intenção de obter alguma vantagem como retribuição.”
“Meu caro João Pedro, quando achamos que esse é um ato sem impor-
tância, justificando que ‘só isso não tem problema’, nosso sentimento
de culpa é menor. Sua repetição, “Como assim ‘todos fazem isso’?”,
entretanto, faz com que nos respondeu o mentor, com certa
acostumemos e acaba nos agressividade. E continuou: “É a
levando, sem querer, a praticar primeira alegação que pronuncia-
erros bem maiores, com absoluta mos quando vamos fazer algo que
tranquilidade. fere nossa consciência, para justi-
ficarmos o nosso ato. Ao praticar-
Adquirimos maus hábitos através
mos o mal sozinhos, sentimos um
de pequeninas condutas incorretas.
desconforto enorme, pois teremos
Quando começarmos a proceder
que arcar igualmente sozinhos
CO N D UTA É TI CA E R E P UTAÇÃO
CO N D UTA É TI CA E R E P UTAÇÃO
Assim, chegaremos ao ponto de
quisesse, quando quisesse e onde
não conseguirmos deixar de prati-
quisesse; que pudesse se transfor-
car tal ato errado.
mar em comida, melhores vinhos,
No começo, isso incomodará nossa viagens, sexo ou ficar guardado
consciência, mas, com as suces- como potência e sonho, você acre-
sivas repetições, não sentiremos ditaria? Não parece papo do gênio
CA P Í TU LO 3
mais nenhum remorso, como se da lâmpada, promessa do Santo
estivéssemos fazendo algo absolu- Graal ou história das mil e uma
tamente normal. Por isso, devemos noites? Mas esse pedacinho de
62
tomar muito cuidado no início. papel, decorado com cores suaves
Ainda que seja só uma vez, o que e apresentando as assinaturas do
é errado é errado. Devemos seguir Presidente do Banco Central e do
sempre o caminho certo, porque Ministro da Fazenda, possibilita a
não existe uma maneira certa de você realizar tudo isso.
praticar um ato errado.”
Há mais de 400 anos que a vida
“Não se iluda, meu caro João na sociedade moderna (a nossa
Pedro”, continuou o mentor, vida) baseia-se em dinheiro.
“qualquer benefício que for ofere- Dinheiro é um papel milagroso
cido a você tem como objetivo porque representa a possibilidade
obter, cedo ou tarde, algum tipo de todas as coisas, o passaporte
para a liberdade. Somos livres por sentimentos de culpa, assustado
causa do dinheiro. mortalmente pelos fantasmas
que ele mesmo criou, tendo que
Nos tempos atuais, dinheiro é
mentir, esconder-se, lamentar-se e
como Deus na Idade Média: o
escapar das próprias responsabili-
sentido único e todos os sentidos
dades, que são os estigmas do ser
de todas as coisas.”
humano caído na imoralidade, do
“Caro João Pedro”, ressaltou
ser humano que esqueceu a razão
o mentor, “fique sempre em
de existir, representante de uma
estado de alerta, porque não são
CO N D UTA É TI CA E R E P UTAÇÃO
é tica
Tem que ser, porque se não for legal, mesmo sendo coerente com nossos
princípios, não é ético. O ‘jogo do bicho’, por exemplo, tem princípios
– um pedaço de papel qualquer equivale ao recibo –, mas é ilegal e,
portanto, é uma contravenção penal.
CA P Í TU LO 3
3° nosso comportamento é
65
imparcial?
CO N D UTA É TI CA E R E P UTAÇÃO
E, ao optar livremente pela ética e exercê-la efetivamente, estaremos
seguindo o caminho mais difícil, mais resistente, que vai exigir mais de
nós, e que, por isso mesmo, irá nos fortalecer mais.
CA P Í TU LO 3
construir um destino diferente, é a direção das suas crenças. Pessoas
que estão firmemente ancoradas em seu interior têm o condão de ver
barreiras imensas como pequenas dificuldades circunstanciais, têm
66
coragem e clareza para mudar a realidade para si e para os outros.
“A reputação indica que você deve conduzir sua vida, ser e agir de
acordo com seus princípios, crenças e valores. Tudo isso define o seu
posicionamento. Mas, tão importante quanto ser e agir é parecer. E isso
67
CO N D UTA É TI CA E R E P UTAÇÃO
‘Fulano é muito exigente, mas é confiável.’
CA P Í TU LO 3
Mas a supremacia extrema do posicionamento é você ser percebido e
respeitado como um ‘consultor’ por seus clientes internos (pelas demais
unidades funcionais da empresa). Seu ponto de vista passa a ter peso e a
68
ser considerado como valioso por todas as pessoas da sua organização.”
era confiável e quem não era, quem você contrataria na sua empresa e
quem você não contrataria, etc.
O mentor foi enfático: “O que você leva anos para conquistar pode ser
perdido numa fração de segundo! Basta um só erro, uma escolha errada,
para pôr tudo a perder. Mas, se você age de acordo com seus valores, não
precisará fazer qualquer esforço para manter sua reputação, porque
estará sendo coerente com a sua natureza.
Existe uma canção cuja letra é: ‘Um elefante incomoda muita gente...
Dois elefantes incomodam muito mais...’ Costumamos nos preocupar
com os ‘elefantes’ da nossa vida porque eles são mais visíveis, mas
negligenciamos as formiguinhas, e são elas que podem construir ou
prejudicar nossa reputação, dependendo de como as gerenciamos.
ExEMPLO
Uma pessoa lhe encaminha uma mensagem e você não
responde; alguém solicita algo e você não se preocupa, nem
dá uma satisfação; você escuta (mecanicamente) o que lhe
dizem, mas está alheio e não presta atenção ao que é dito;
você esquece de cumprir algo que prometeu... São esses
pequenos detalhes que destroem a sua reputação, não são os
CO N D UTA É TI CA E R E P UTAÇÃO
grandes, porque, para esses, com certeza, você dá mais aten-
ção. O perigo verdadeiro encontra-se nos pequenos elemen-
tos, nos detalhes.
CA P Í TU LO 3
1º O ditado popular “no free lunch!”, apresentado no início
deste capítulo, afirma que não há almoço grátis. Isso
70
significa que tudo tem um preço na vida;
B LE F E N A N E G O C I AÇÃO
ganhar concessões naquilo que do processo da negociação. A
realmente interessa. Parece que essência, entretanto, tem que ser
em quase todos os processos de verdadeira. Se você faz categorica-
negociação, uma habilidade-chave mente alguma afirmação que irá
é a capacidade de comunicar que beneficiar o outro, e ele, por sua
CA P Í TU LO 4
você está relativamente firme em vez, baseia toda sua decisão com
suas posições, quando, na verdade, base nisso, você tem que cumprir
você é flexível, ou seja, você blefa a sua parte, caso contrário, seu
74
respeito de suas intenções. comportamento é desonesto.
B LE F E N A N E G O C I AÇÃO
sabe que o carro não é novo e que não é material. E, mesmo se
apresenta enganosamente essa for mentirosa, não será fraudu-
condição ao comprador. A condi- lenta, porque a maior parte dos
ção do carro é um fato importante compradores sabe como evitá-las
para a transação e, por isso, se o ou se defender delas.”
CA P Í TU LO 4
comprador considera as declara- E continuou: “A definição comum
ções do vendedor de que o carro de fraude compreende a situa-
é novo para tomar uma decisão, ção em que o declarante esteja
76
e, depois, descobre que isso não é consciente do fato que está repre-
verdade, pode resultar em danos sentando enganosamente: a decla-
irreparáveis, pois ele se sentirá ração é intencional. Isso significa,
lesado nessa transação. Simi- em geral, que o declarante sabe
larmente, uma pessoa que está que o que diz é falso.
vendendo seu negócio comete
Da mesma forma, manter-se inten-
fraude quando mente a respeito
cionalmente calado a respeito
da quantidade e da natureza das
de uma questão ou apresentar
dívidas de tal negócio. Mentiras
manobras e evasivas verbais (por
a respeito de fatos importantes
exemplo, ‘eu não sei nada sobre
não são coisas desconhecidas nas
isso’ ou ‘essa não é uma questão
transações de negócio.”
a respeito da qual eu me sinta à
vontade para discutir’) também de cobertura, e os segurados
pode ser considerado como fraude. devem informar integralmente
seus riscos de seguro. Por outro
Você se sentiria enganado se não
lado, se você solicitar uma apólice
contassem a você um fato oculto?
de seguro de vida e não informar
Ou você se culparia por não ter
suas condições de saúde, você
descoberto por si mesmo? As
estará cometendo uma fraude.
seguradoras, por exemplo, devem
informar integralmente o escopo
não é sE a dEclaração Em
quEstão é puramEntE um fato,
mas sE a dEclaração foi arqui-
CA P Í TU LO 4
• ‘As casas não têm apenas portas que dão para a rua,
contra os ladrões e intrusos. Têm também portas nos
quartos, no banheiro e nas salas. O que se fala no quarto
do casal nem sempre pode ser ouvido no quarto das
B LE F E N A N E G O C I AÇÃO
crianças. As crianças fecham a porta para falar dos adul-
tos. Os adultos usam palavras difíceis que as crianças
não devem entender. Elas, por sua vez, usam gírias para
que os adultos não as entendam.
CA P Í TU LO 4
sentiu um arrepio das costas até a ponta do cabelo, se
fosse dito numa reunião empresarial, seria inaceitável.
Mas a namorada não mentiu.
78
• O que o candidato fala no palanque – ‘não pagaremos
a dívida externa com o sangue do povo!’ – não deve ser
dita ao banqueiro sentado à cabeceira da longa mesa de
reuniões na sala coberta por lambris escuros.
indignação.’
82
visão, missão, princípios e valores, e seus alinhamen-
tos estratégicos nas empresas. Ele queria aprofundar
essas questões com o mentor porque, além de não
domina-las com clareza, também não compreendia
qual era o fio condutor que conectava todas elas à
atividade de compras.
CA P Í TU LO 5
2a
Considere o caso de uma empresa que presta serviços
84
de manutenção para aeronaves executivas e tem como
missão ‘oferecer soluções em aviação executiva com
segurança, agilidade e qualidade’. Em dado momento,
o responsável pelo setor de compras, para cumprir sua
restrição orçamentária, adquire uma peça de reposição
para uma aeronave com custos mais baixos através
de fornecedores que, embora sejam credenciados e
confiáveis em relação à qualidade de suas peças, não
conseguem cumprir os prazos contratados de entre-
ga dos produtos. Essa demora na entrega pode causar
um expressivo transtorno para os seus colegas da
manutenção; para o cliente, que terá prejuízo com a
aeronave parada; e também para a própria empresa,
que não poderá cumprir sua missão de ‘agilidade’ e
‘qualidade’ (prazo).
3a
É uma situação que diz respeito à forma de relaciona-
mento comercial entre os compradores e os fornece-
dores de uma organização que tem como principais
VI SÃO E STR AT É G I CA E M P R E SAR I AL
CA P Í TU LO 5
Existe uma consciência coletiva
importante, então, plantar para o
de que os problemas têm que ser
futuro, plantar valor, para se obter
solucionados de forma competen-
resultados em outros campos.
86
te e, assim, o urgente se sobrepõe
ao importante, e a capacidade de
A gERAÇÃO DE
ação, e não a capacidade de refle-
xão e imaginação, transforma-se
VALOR COEREntE
na única medida de desempenho COM A MISSÃO é
profissional. Mas essa atitude, que
O ObjEtIVO MAIS
valoriza mais o presente e o curto
prazo do que o futuro e o longo
AMPLO DE uMA
prazo, representa um impercep- ORgAnIZAÇÃO.
tível e traiçoeiro comportamento
Caro trainee, pense em quais são
empresarial. O futuro fica ampla-
as alternativas e ações que sua
mente inexplorado!
organização deve desenvolver
para sobreviver e perenizar nesse mercado em que todos estão se
digladiando na busca por sua própria segurança.
Como comprador, você tem alguma ideia de como sua empresa está se
movimentando para manter-se acima da ‘linha d’água’, e, mais ainda, como
você pode contribuir para favorecê-la nessa missão?”, questionou o mentor.
AMEAÇAS EStRAtégICAS
Continuando sua explanação, o mentor disse: “Caro trainee, lembre-se
VI SÃO E STR AT É G I CA E M P R E SAR I AL
so. Diariamente, ele vai ao rio para pescar com seu caniço e é bem-sucedido.
Ele se alimenta daqueles peixes e leva sua vida com tranquilidade. Essa
situação se repete por muito tempo, fazendo com que o pescador não se
87
preocupe com mais nada a não ser ir ao rio buscar seu sustento diário.
Entretanto, duas situações diferentes podem ocorrer (não simultaneamen-
te), o que, certamente, mudará os rumos da vida desse pescador:
1a
Um dia, surpreso, ele encontra com vários pescadores desco-
nhecidos (que ele nunca havia visto antes) pescando no rio
bem no local onde ele jogava seu caniço. Ele ficou sabendo
que se tratava de pescadores que estavam subindo o rio
na esperança de encontrar peixes, porque na região deles
(rio abaixo) os peixes haviam sumido. Ele reparou também
que eram pescadores diferentes, porque estavam de barco e
usavam não só redes de pesca como também um equipamen-
to chamado sonar, para o mapeamento da posição dos peixes
no rio. Nesse dia, infelizmente, ele não pegou nenhum peixe,
mas reparou que os pescadores desconhecidos foram muito
bem-sucedidos. Essa situação se repetiu por todos os dias
seguintes, e, daí para frente, sem ter como se sustentar com a
pesca, nosso pescador se viu obrigado a começar a comprar os
peixes desses pescadores concorrentes.
2a
O pescador observa que o nível de água do rio começa a baixar
rapidamente. Alguns dias depois, o rio vira apenas um riacho
CA P Í TU LO 5
pescador, desatento aos movimentos que estavam ocorrendo rio acima
(a montante, no upstream) e rio abaixo (a jusante, no downstream),
viu-se, de repente, impossibilitado de obter seu sustento, ou seja,
88
o suprimento de suas necessidades. É exatamente por isso que as
organizações têm que estar continuamente atentas aos movimentos
estratégicos de ‘rio acima’ (‘movimento defensivo’) e de ‘rio abaixo’
(‘movimento ofensivo’), como veremos posteriormente.”
difícil de imitar.’
89
COMO SERÁ
COMO FAZER
PARA tAntO, AS
EMPRESAS DISPõEM DE
tRêS CAMInHOS:
CA P Í TU LO 5
Oferecer um serviço diferenciado para os
90
clientes (estratégia de valor);
3
Esforçar-se para acertar um único alvo (estra-
tégia de enfoque).
gEStÃO EStRAtégICA
CA P Í TU LO 5
1a ALIAnÇAS EStRAtégICAS
Sobre as alianças estratégicas, o mentor explicou: “A compe-
tição deixou de ser entre empresas individuais. Um exemplo
claro disso é o atual setor de companhias aéreas, no qual, cada
CA P Í TU LO 5
Quem não tiver intenção de participar de uma rede, tem
que fazer aliança com os concorrentes para poder sobreviver.
Quem era concorrente, passou a ser aliado; quem ainda nem
92
existia, passou a ser rival. E a guerra de verdade é travada e
vencida nas trincheiras da cadeia de valor, porque, em uma
situação, o inimigo pode ser o mesmo, e em outra, completa-
mente diferente.
CA P Í TU LO 5
2a IntEgRAÇÃO VERtICAL
Integração vertical significa o grau de domínio, controle ou
94
posse que uma organização pretende ter da rede da qual faz
parte, desde os fornecedores de seus fornecedores até os clien-
tes de seus clientes.
CA P Í TU LO 5
3° FAtOR:
96
EQuILÍbRIO nA IntEgRAÇÃO
MOVIMENTO
OFENSIVO: fornecedor de
CA P Í TU LO 5
INTEGRAÇÃO matérias-primas
A JUSANTE
fornecedor
97
de outros itens
Indústria
“Atacadista”
MOVIMENTO
DEFENSIVO:
“Varejista”
INTEGRAÇÃO
A MONTANTE
Alguns exemplos de movimentos defensivos:
CA P Í TU LO 5
(MPP), com sede em Corumbá, no Mato Grosso do Sul. A
MPP concentra suas atividades na exploração de miné-
rio de ferro e de reservas de manganês na região;
98
• A MRV, construtora de edifícios residenciais, para
evitar um colapso no fornecimento de blocos de concreto
(uma de suas mais importantes matérias-primas), o
que poderia ser provocado pelo assédio a esse tipo de
fornecedor por outras construtoras concorrentes, deci-
diu investir na expansão dos fabricantes de blocos de
concreto e garantir suas fontes de suprimentos.
Alguns exemplos de movimentos ofensivos:
FORnECEDORES EXtERnOS
Ou PRODuZInDO-OS EM CASA.
CA P Í TU LO 5
‘FAZER Ou COMPRAR’.
10 0
CADEIAS DE SuPRIMEntO
3a
(SuPPLY CHAIn MAnAgEMEnt)
A grande constatação é a de que as empresas não podem ser
constituídas apenas por ‘ilhas’ de produção, mas por uma cadeia
formada por grupos de fornecedores e clientes. Em outras pala-
vras, o fluxo de insumos ou matérias-primas, de produtos, de
serviços e de informações que fluem através da empresa, abran-
gendo desde a atividade de compras até a entrega do produto
ao cliente final, envolvendo todas as atividades de distribuição,
transporte e armazenamento, representa a ‘cadeia de suprimen-
tos’ de uma organização”, concluiu o mentor.
O trainee notou que sua respiração estava ofegante.
Não era para menos, porque hoje seria um dia muito
importante: o mentor ia explanar sobre os aspectos
mais importantes do processo de compras estratégi-
cas, e o primeiro deles seria a importância da Logística
e da Gestão da Cadeia de Suprimentos (Supply Chain
Management – SCM).
EMPRESARIAIS E DO RELACIONAMENTO
COMERCIAL DEVERÁ LEVAR EM CONTA
ALGUMAS VARIÁVEIS QUE ESTARÃO ALÉM
DE SUAS PRÓPRIAS FRONTEIRAS.
CA P Í TU LO 6
tria do setor químico/farmacêutico em São Paulo, onde era prensado em
forma de comprimido e embalado para venda.
10 4
A Biobras colocava seu selo de qualidade no produto e o vendia no
mercado com a etiqueta de sua marca, através de sua rede de distribui-
dores credenciados. Não há dúvidas de que a Biobras teve que investir
muitos anos para construir essa cadeia de suprimentos mundial confi-
ável. Mas valeu a pena, porque a tornou menos vulnerável à escassez da
matéria-prima (pâncreas bovino) para a produção da insulina, carro-
chefe de vendas da empresa.
Não é segredo para mais ninguém que não são poucos os exemplos de
indústrias dos Estados Unidos e da Europa que fabricam seus produtos
(computadores, aparelhos de telefonia, utensílios e eletrodomésticos,
ferramentas, etc.) em países asiáticos porque essas regiões oferecem uma
mão de obra com custo consideravelmente mais baixo.
CA P Í TU LO 6
O japão, os flaps, a asa, a caixa A suécia, a porta do compartimento
central das asas e o compartimen- de carga;
to central do trem de pouso;
10 6
CA P Í TU LO 6
O trainee, mesmo um pouco se sua pretensão é ser apenas um
desconfortável com tanta infor- medíocre ‘compradorzinzinzinho’,
10 8
mação, sentiu-se encorajado para você realmente não necessita ter
desafiar o mentor: “Mas, no meu informações a respeito da ativi-
entendimento, o que é que tem a dade de vendas ou do mercado de
ver a minha atividade de compras sua empresa. Mas esse, até onde
com a atividade de vendas da eu sei, não é o seu caso. Por isso,
minha empresa? Por qual razão eu para ter domínio sobre a ativi-
teria que estar ‘ligado’ nas vendas dade de compras, você necessita
se o meu papel funcional é estar conhecer a atividade comercial
focado na aquisição de produtos de vendas ou marketing de sua
e serviços? O que uma coisa tem a empresa. A razão é muito simples:
ver com a outra?” o cliente final é o único que tem a
moeda ‘real’ em toda a cadeia de
O mentor olhou serenamente
suprimentos. Quando um cliente
para ele e respondeu: “Meu caro,
da sua empresa decide realizar de vendas, exatamente por ter a
uma compra, ele dispara uma ação área de produção entre elas, o que
ou várias ações ao longo de toda resulta em uma espécie de miopia
uma cadeia. Todos os negócios na de compras.
cadeia de suprimentos transferem,
O diferencial está exatamente
LO G Í STI CA E G E STÃO DA CAD E I A D E S U P R I M E NTOS
montadora
de veÍCuLos
merCado de reposiçÃo rapidez no
(demanda “spot”) atendimento
serviços de
CA P Í TU LO 6
aLimentaçÃo
eventos espeCiais rapidez no
industriaL
e Comemorações atendimento
(demanda “spot”)
110
E A LINHA DE PRODUÇÃO DO
FORNECEDOR É A MESMA...
FORNECEDOR
2° SUB
FORNECEDOR
1° SUB
FORNECEDOR
Esse fenômeno, conhecido como produção e dos níveis de esto-
efeito chicote (bullwip effect), foi que de cada um dos diferentes
identificado e formalizado por elos da cadeia de suprimentos.
Jay Forrester, em 1958, no MIT, e Infelizmente, a maneira pela qual
é análogo ao jogo infantil ‘tele- esses diferentes elos da cadeia
fone sem fio’: provoca distorções de suprimentos definem seus
INDúSTRIA
CA P Í TU LO 6
112
Nesse momento, o trainee inter- descompasso nas relações entre o
rompeu a explanação do mentor cliente e o fornecedor, o que, com
insistindo que seu interesse certeza, alimenta o processo de
maior era conhecer exemplos agregação de custos repassados
da aplicabilidade prática da ao consumidor final, com efeitos
logística da cadeia de suprimen- negativos na competitividade
LO G Í STI CA E G E STÃO DA CAD E I A D E S U P R I M E NTOS
CA P Í TU LO 6
dividir-se numa centena de regatos, nos quais braços
elétricos separam as caixas conforme as lojas de destino
e conduzem cada uma para sua respectiva esteira rolan-
114
te; esta transportará aqueles produtos até o caminhão
que os espera para levá-los para as prateleiras de um
Walmart em alguns pontos dos Estados Unidos. Lá, um
cliente vai pegar um desses produtos e levá-lo para o
caixa, onde seu código de barras será lido por uma leito-
ra óptica; nesse exato momento, será gerado um sinal
que vai atravessar toda a rede do Walmart e chegará
ao fornecedor daquele artigo – quer ele se localize no
litoral do Maine ou no litoral da China. O sinal vai piscar
na tela do computador do fornecedor, dizendo-lhe que
fabrique outro item daqueles e o envie pela cadeia de
fornecimento, reiniciando todo o processo outra vez.
Assim, basta o cliente tirar o produto da prateleira de
uma loja do Walmart e passá-lo pelo caixa para outro
braço mecânico começar a fabricar seu substituto em
LO G Í STI CA E G E STÃO DA CAD E I A D E S U P R I M E NTOS
CA P Í TU LO 6
for o fluxo de informações e atividades entre os elos
dessa cadeia, mais dinheiro a empresa ganha, porque
menos dele fica preso nas ineficiências do caminho.
116
ExEMPLO
Eu saio para comprar minha cerveja favorita, mas me
informam que ela está em falta, o distribuidor não
entregou nesta semana. O fabricante está deixando de
ganhar dinheiro porque há algum gargalo na cadeia que
traria seu produto até mim. Pode ser que esteja faltando
alumínio para as latinhas, pode ser que o fabricante não
esteja dando conta de um aumento de consumo. Pode ser
que o distribuidor é que não tenha providenciado mais
caminhões para a entrega. Pode ser um monte de coisas
em vários elos da cadeia. O fato é que o gargalo, esteja
onde estiver, está prendendo dinheiro. O mesmo estaria
ocorrendo se o fabricante tivesse produzido cerveja
LO G Í STI CA E G E STÃO DA CAD E I A D E S U P R I M E NTOS
Como se vê, meu caro João Pedro, caminhão meio cheio – como hotel
meio cheio, como hospital meio cheio, como avião meio cheio – significa
que você está ganhando somente meio dinheiro. Bom mesmo é ganhar
dinheiro inteiro. Dinheiro cheio”.
MEIO
MEIO
CHE IO
DINHEIRO
07
CA P Í TU LO 7
120
E já iniciou a conversa entrando todos esses players e são os que
diretamente no assunto: “O fato mais podem impactar os resulta-
é que a interação de qualquer dos no processo de compras.
organização com seus públicos
Isso significa que, considerando
relevantes em seu contexto de
a hipótese que os fornecedores
atuação (sejam eles representados
querem sempre extrair mais recur-
pelo governo, clientes, funcioná-
sos dos seus clientes em troca do
rios/colaboradores, acionistas,
R E L AC I O N A M E NTO COM FOR N E C E D OR E S
prOcessO de cOmpras.”
CA P Í TU LO 7
derações sobre a importância dos gerenciamento muito diferente.
fornecedores, quais são os meios de Digo situacionalmente porque
se relacionar com eles e qual desses cada um deles pode apresentar
122
métodos é o mais vantajoso?” pontos fortes ou fracos dependen-
do do contexto:
empresarial:
123
CA P Í TU LO 7
4o Nunca aceite jamais a primeira oferta, deixe
o vendedor implorar, isto dá margem à maior
barganha para nós.
124
5o Use sempre o lema ‘você pode fazer melhor do
que isto’.
CA P Í TU LO 7
19 o Sempre convide o vendedor para participar
de uma promoção, acene com volume alto,
consiga o maior desconto que puder, faça a
126
promoção rápida e lucre com o saldo.
promoção.
CA P Í TU LO 7
do uma promoção, pergunte ao vendedor ‘o que
você fez lá’ e exija as mesmas condições.
128
32 o Finalmente, não se esqueça da regra de ouro de
um bom comprador: não perca tempo com vende-
dores profissionais, invista seu tempo no vende-
dor despreparado, não se assuste com as grandes
marcas (por trás de uma grande marca pode estar
um vendedor despreparado que só conta com a
marca), invista seu tempo no vendedor que não
faz cálculos, que cede facilmente, que quer entrar
ou que tem medo de sair da rede.’
Folclórico ou não, muitos profissio- mas”, alertou o mentor, “esses
nais de compras são estimulados procedimentos podem conduzir
por esse modelo de comporta- as empresas para ‘fora dos trilhos’,
mento com seus fornecedores”, porque outras variáveis, como
explicou o mentor. os serviços externos – logística,
design e trabalho de campo –,
João Pedro, então, perguntou:
que são cada vez mais impor-
“Mas esse modelo é ‘truculento’!
R E L AC I O N A M E NTO COM FOR N E C E D OR E S
ExEMPLO 2: SUBCONTRATADOS
CA P Í TU LO 7
• Os fornecedores de equipamentos optam por utilizar empresas players
de sua cadeia de suprimentos com muita frequência, e isso tem acar-
retado custos acentuados e não previstos na fase de negociação, como
130
viagens adicionais para a inspeção e o diligenciamento, além de possíveis
atrasos nos fornecimentos, já que esses subfornecedores não têm nenhu-
ma responsabilidade ou relação direta com o contratante final do projeto;
nas empresas
Há alguns aspectos básicos que a unidade de compras deve observar
131
CA P Í TU LO 7
3 o qualidade adequada de Bens e
serViÇOs
132
A falha na qualidade dos produtos comprados e serviços contratados, assim
como qualquer tipo de suspeita na sua conformidade, certamente, aumen-
tarão os custos, afetando a velocidade de produção e podendo, ainda,
atrasar a entrega dos produtos ou serviços finais ao cliente. Como não é
possível mais o cliente assumir a responsabilidade pela ‘inspeção’ dos bens
e serviços adquiridos, os fornecedores devem garantir que assumem eles
próprios a responsabilidade de fornecer ‘correto da primeira vez’.
Mas não se iluda. A escolha pela opção A não é assim tão fácil, porque
representa uma decisão estratégica com visão de futuro, enquanto a
auditoria interna da empresa se baseia em fatos:
é muitO difícil cOnVencer
um auditOr sOBre O mOtiVO
de ter escOlHidO um fOrne-
cedOr que apresentOu uma
prOpOsta mais desVantaJOsa
CA P Í TU LO 7
Nessas condições, o processo decisório não pode ser conduzido isolada-
mente pelo executivo de compras. Essas situações exigem uma decisão
134
colegiada (inclusive envolvendo os representantes da auditoria interna).
As vantagens e desvantagens de optar por um fornecedor exclusivo
(“single-sourcing”) ou de possuir uma base com vários fornecedores
(“multi-sourcing”) são apresentadas no quadro a seguir:
Vantagens desVantagens
• Maior confidencialidade.
no fornecimento.
• Melhor comunicação.
• O fornecedor apresenta
• Cooperação amigável no
mais fragilidade no caso
desenvolvimento de novos
de flutuação nos níveis de
“SINGLE-SOURCING”
produtos e serviços.
demanda.
• Maior comprometimento e
• A empresa cliente pode se
esforço em função da maior
tornar refém do fornecedor
dependência.
que pode forçar os preços
• Relações mais fortes e para cima, caso não haja
duráveis. alternativas de suprimentos.
• Qualidade potencialmente
CA P Í TU LO 7
de garantias de qualidade.
135
de mudar de fornecedor
no caso de falhas no • Maior dificuldade de obter
fornecimento. economia de escala.
CA P Í TU LO 7
indicadores para proteger a empresa desses riscos, é fácil entender
porque uma organização não desejaria colocar todos os seus ovos em
um único cesto. Mas grandes pensadores da atividade de compras vêm
136
aumentando suas críticas às noções convencionais de um processo lici-
tatório que envolve vários fornecedores, e apontando os custos ocultos,
cada vez mais frequentes, criados por esse tipo de sistema. Primeira-
mente, há o custo de qualificação de cada um dos fornecedores, o que,
por si só, pode ser algo considerável. Além disso, informar cada fornece-
dor a respeito das necessidades do comprador toma tempo e dinheiro,
porque implica no envolvimento de várias pessoas de outros departa-
mentos da empresa nas reuniões de alinhamento da demanda.
uma imensa janela para opções de melhoria. Além disso, com poucos
fornecedores, haverá mais comprometimento da parte deles, o que leva
a uma maior familiaridade com o negócio do cliente e, provavelmente, a
137
6 o suBstituindO fOrnecedOres 2
2 Sobre esse assunto, ver o anexo II ao final deste livro, que apresenta um excelen-
te texto, intitulado “Decisão estratégica da troca de um fornecedor” (uma adap-
tação do original “A estratégia de substituir ou manter um fornecedor”), que vale
a pena ler. Publicado aqui com a autorização do autor, Adm. Matheus Drumond
Costa – Gerente Geral de Suprimentos da MANABI S/A.
Nesse momento, João Pedro disse: “Os objetivos de compras estão muito
claros para mim agora. Entretanto, ainda tenho algumas dúvidas.
CA P Í TU LO 7
Um dos modelos que é amplamente usado e que muitas empresas
descobriram ser útil na segmentação de seus fornecedores examina duas
características fundamentais, que, segundo seus praticantes acreditam,
138
devem moldar as decisões de compra:
ALTA
CA P Í TU LO 7
Cada um desses quadrantes apresenta características próprias:
14 0
1° cOmpra simplificada Ou
nãO crítica:
3° cOmpra alaVancada Ou
cOmpetitiVa:
14 1
• Mercado oligopolizado;
CA P Í TU LO 7
As abordagens que são mais adequadas aos fornecedores em cada
14 2
um desses quadrantes e que devem ser utilizadas pelos comprado-
res serão apresentadas no capítulo que trata sobre as estratégias de
negociação em compras.
R E L AC I O N A M E NTO COM FOR N E C E D OR E S
‘Value sOurcing’
(cOnstruindO ‘ValOr’ cOm
Os fOrnecedOres)
CA P Í TU LO 7
volvimento de novos produtos e na mudança e otimização
dos processos internos atualmente estabelecidos?
14 4
• O departamento de compras tem a mesma importância
das áreas de engenharia e de operações na empresa?
estratégica de relaciOnamentOs.
1° fOrnecedOres qualificadOs
(Ou BásicOs)
A consolidação dos volumes a adquirir e a qualificação dos fornecedores
são passos críticos para se obter valor em compras. Os focos fundamentais
aqui são concentração de volume e preço. Como existem muitas opções de
suprimentos disponíveis no mercado, com reduzida dependência em rela-
ção às fontes de fornecimento, as compras podem ser ‘spot’ e alavancadas
através da rivalidade entre os diversos fornecedores, com a utilização de
processos de negociação e sistemas de compras, como leilões, por exemplo.
2° fOrnecedOres preferenciais
(Ou assOciadOs)
Nessa categoria, estão incluídos aqueles fornecedores (geralmente, em
número reduzido) com os quais a empresa pretende estabelecer uma
relação de médio para longo prazo e de colaboração mútua, porque
representam níveis médios de interdependência e de importância para
os resultados do negócio.
CA P Í TU LO 7
de padronização, da redução da complexidade, da racionalização das
quantidades consumidas, da aceitação de substitutos de menor custo
ou da redução do número de opções ou modelos requeridos.
14 6
Os fornecedores, por outro lado, beneficiam-se da medição de desempe-
nho, do compromisso de volume, do aumento da economia produtiva, da
redução de estoques, da previsão e do planejamento com visibilidade da
demanda, e da alavancagem para obterem melhores contratos com seus
próprios subfornecedores.
3° fOrnecedOres aliadOs
(Ou estratégicOs)
São aqueles fornecedores que se enquadram nos níveis elevados de
interdependência e de importância para o negócio da empresa. Eles
se caracterizam por manter um relacionamento de longo prazo, com
adoção de investimentos conjuntos em toda a cadeia de suprimentos e
compartilhamento de riscos e benefícios. Nos casos mais representativos,
ocorrem a integração dos fluxos de trabalho e o manuseio de materiais,
e os fornecedores-chave estão fisicamente presentes nas plantas de
produção do cliente (‘inventory’), fornecendo seus produtos (ou serviços)
diretamente à linha de fabricação ou montagem.
R E L AC I O N A M E NTO COM FOR N E C E D OR E S
NÍVEL DE RELACIONAMENTO
O
Çã
ra e
figura 3
BO d
la Vel
FORNECEDORES
cO n í
GESTÃO DE INICIATIVAS
ALIADOS
ESTRATÉGICAS
NÍVEL DE INTERDEPENDÊNCIA
GESTÃO DE DESEMPENHO
FORNECEDORES CONFORME CONTRATO
BÁSICOS
14 7
níVel de interdependência
CA P Í TU LO 7
médiO
14 8
BaiXO
08
PO D E R E I N F LU Ê NC I A
A expectativa do trainee em relação ao seu encontro
CA P Í TU LO 8
com o mentor nesse dia era muito grande, porque o
tema a ser discutido abordava as principais fontes
15 0
de poder na negociação. Assim que ele encontrou
com o mentor, imediatamente solicitou: “Por favor,
explique-me, de forma objetiva, porque o domínio do
poder é tão importante e influencia tão diretamente
os resultados da negociação.”
1° O PODER É INSTÁVEL
Todo poder é efêmero, ou seja, instável, temporário. Na negociação, o
poder muda de mãos com a maior facilidade: basta uma palavra, um
gesto, um sinal ou um suspiro em um momento inoportuno que o
poder passa para o outro.
ExEMPLO
Um comprador está negociando duramente com um de
seus fornecedores quando, inadvertidamente, aparece um
técnico da fábrica e comenta em voz alta para todos: ‘Nosso
estoque está zerado. Se a matéria-prima não chegar dentro
PO D E R E I N F LU Ê NC I A
de dois dias, a linha de produção vai parar!’. Já podemos
imaginar as consequências para o comprador nos resul-
tados da negociação por causa desse comentário ingênuo,
inoportuno e desnecessário.
CA P Í TU LO 8
2° O PODER SE MANIFESTA ATRAVÉS
15 2
DA PERCEPÇÃO DOS INDIVÍDUOS
Todo poder está baseado na percepção. Dessa maneira, para influen-
ciar qualquer pessoa, você não precisa (necessariamente) ter poder,
basta que outro ache que você tenha.
FONTES DE PODER
PO D E R E I N F LU Ê NC I A
Diz-se que uma fonte de poder é exclusiva quando somente um dos lados
15 3
INFORMAÇÃO NÃO
PO D E R E I N F LU Ê NC I A
É CONHECIMENTO
CA P Í TU LO 8
Qualquer pessoa pode produzir incríveis quantidades de fatos, dados
15 4
primários, números, etc. Por exemplo, uma edição diária do New York
Times tem mais informação que uma pessoa no século XVII poderia
obter em toda sua vida. Entretanto, dados, fatos e números apresentados
de forma solta, aleatória, sem conexão não têm valor algum isolada-
mente. É preciso interpretar esses dados e fatos, comparando-os com
as referências que temos, usar nossa intuição para que possamos ter a
informação realmente como conhecimento.
INFORMAÇÃO
CONHECIMENTO
15 6 CA P Í TU LO 8 PO D E R E I N F LU Ê N C I A
Exemplo: Há alguns anos, a Açominas, uma usina siderúrgica de grande
porte, publicou a seguinte mensagem num jornal de grande circulação:
PO D E R E I N F LU Ê NC I A
questionou: “Mas quando devemos obter as informações?”
O mentor esclareceu:
CA P Í TU LO 8
comprador consegue perceber durante o processo, através das declarações
e dos sinais (involuntários, principalmente) apresentados pela outra parte.
15 8
ANTES DA NEgOCIAÇÃO
As informações devem ser obtidas antes da negociação e, quanto mais
cedo o comprador começar a buscar esses dados, mais fácil será obtê-los.
Muitas informações não são obtidas com o outro negociador, mas, sim,
com outras pessoas da empresa dele (secretárias, engenheiros, técnicos,
clientes antigos, porteiros, etc.). Eles responderão espontaneamente se
sua abordagem não for ameaçadora. Muitas vezes, outras pessoas de sua
empresa podem colher informações na empresa dele. Por exemplo, seus
engenheiros com os engenheiros dele, seus advogados com os advogados
dele, etc. De qualquer forma, a coleta e o registro das informações são
imprescindíveis para a montagem do sistema de inteligência, além do
contato com atuais funcionários.
O comprador pode contar também com estudos sobre a modelagem de
custos (cost modeling) dos seus fornecedores realizados pelas unidades
de engenharia de processos da sua empresa. A elaboração de modelos
de custos costuma ser fundamental porque pode oferecer o enten-
dimento necessário para diminuir as margens dos fornecedores ao
menor nível possível.
DURANTE A NEgOCIAÇÃO
A maioria das pessoas tende a ver a negociação como uma oportunidade
de influenciar o outro lado. Como resultado disso, falam mais do que
deveriam e, ao invés de ouvirem enquanto o outro fala, concentram-se
PO D E R E I N F LU Ê NC I A
É possível aprender também por meio daquilo que não é dito, portanto,
preste atenção aos sinais não verbais e faça muitas perguntas.
• Questões ‘fechadas’, normalmente, usam frases prefixadas,
por isso resultam em respostas sem compromisso, como
‘sim’ ou ‘não’.
PO D E R E I N F LU Ê NC I A
Exemplo: ‘Qual sua opinião sobre...?’.
Exemplo ‘E se...?’.
CA P Í TU LO 8
• Questões ‘inquisitivas’ forçam um compromisso.
160
Exemplo: ‘Que teste você emprega para...?’.
nicações entre os seres humanos são não verbais. Dito de outra forma, as
declarações verbais apresentadas em um contato pessoal representam
apenas 30% das mensagens que as pessoas realmente querem comuni-
161
PO D E R E I N F LU Ê NC I A
João Pedro perguntou: “E quais são os erros que devemos evitar para
preservar o nosso poder na negociação?”
CA P Í TU LO 8
• “TER CERTEzA (SEM TER) DO QUE O
OUTRO QUER;
162
• REVELAR O PODER MUITO CEDO;
• ACHAR QUE O OUTRO CONHECE SEUS
PONTOS FRACOS;
• REVELAR AO OUTRO O SEU PROBLEMA
EM CASO DE IMPASSE;
• MISTURAR SUPOSIÇõES COM FATOS;
• AFIRMAR QUE TEM CERTEzA DE COISAS
QUE NÃO ESTÁ SEgURO;
• FAzER CÁLCULOS DE CABEÇA.”
2 a FONTE DE PODER:
OPÇõES (CONCORRÊNCIA)
O mentor continuou sua explanação, falando, agora, sobre a segunda
fonte de poder: “Henry Kissinger, ex-Secretário de Estado americano,
disse certa vez que a ausência de opções torna as mentes duras espanto-
samente claras. Pense como você se sentiria numa entrevista de emprego
em duas situações distintas: na primeira, tendo várias outras propostas
para escolher; na segunda, sem qualquer outra proposta para avaliar.
Como transcorreria a negociação nos dois casos? A diferença é o poder!
tática utilizada pelo vendedor, o cliente terá que pagar um ‘ágio’ para ter
o privilégio de receber o carro.
“Ok!”, disse João Pedro, “mas o que devemos fazer para evitar essas
armadilhas?”
PO D E R E I N F LU Ê NC I A
você efetivamente dispõe.
CA P Í TU LO 8
Quando você está focado em alcançar uma meta muito desejada, todo
seu esforço fica concentrado na sua vontade de realizá-la, e você fica
164
disposto a ousar e assumir riscos. Nesse momento, o vigor e a energia da
intenção são muito fortes. Uma pequena possibilidade de que algo possa
prejudicar seu sucesso no alcance dessa meta, por menor que seja, dispa-
ra um sistema de defesa, para evitar que toda energia, tempo e dinheiro
já investidos nesse objetivo sejam perdidos.
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE:
O conceito de ‘alternativa de escape’, que será descrito
a seguir, foi originalmente definido pelo Projeto de
Negociação da Harvard Business School. O objetivo
principal de contemplar uma alternativa de escape, para
PO D E R E I N F LU Ê NC I A
os autores, seria impedir que o negociador realizasse um
acordo que deveria rejeitar.
CA P Í TU LO 8
Essa alternativa é conhecida na teoria por diversas siglas: a original
em inglês BTNA (Best Alternative to Negociated Agreement), traduzida
no Brasil por MAANA (Melhor Alternativa À Negociação do Acordo) ou
166
MAPAN (Melhor Alternativa Para o Acordo Negociado).
uma delas, e talvez por isso você esteja adotando uma visão rósea
demais das consequências de não chegar a um acordo.
• DESENVOLVER NOVOS
FORNECEDORES ALTERNATIVOS;
• ESTIMULAR O MERCADO
PO D E R E I N F LU Ê NC I A
NACIONAL A PRODUzIR EM
SUBSTITUIÇÃO à IMPORTAÇÃO;
CA P Í TU LO 8
TOS, SUCEDâNEOS OU SIMILARES;
168
DADES DO MERCADO FORNECEDOR
(INCLUSIVE, PLAYERS MUNDIAIS);
• VERTICALIzAR (PRODUzIR NA
PRóPRIA EMPRESA);
• ANALISAR POSSIBILIDADES DE
APORTE OU INVESTIMENTO DE
CAPITAL NO FORNECEDOR.
Não são todas as negociações que concluem com um acordo. Nem deve-
riam. Em algumas situações, é melhor sair fora, seja porque os custos do
acordo proposto superam os benefícios, seja porque existem outros que
estão mais em condições de oferecer-lhe um negócio melhor.
Você não pode assumir que já sabe qual é sua melhor alternativa sem
ao menos pensar antes, de maneira mais criativa, a respeito de outras
formas de satisfazer seus interesses. Lembre-se de que a construção
do plano B não é apenas mais um meio para pressionar o fornecedor a
CA P Í TU LO 8
pode optar sem ter que aceitar um negócio com condições que não
satisfazem seus interesses.
Saber o que você fará caso não chegue a um acordo exige o desenvol-
vimento de um processo para fortalecer sua situação. Esse processo é
constituído por quatro passos distintos: a) investir na geração e no aper-
feiçoamento de opções (ideias) atraentes; b) validar essas ideias e torná-
las opções reais; c) hierarquizar as opções de acordo com seus interesses;
e d) selecionar e eleger a melhor alternativa disponível.
INVESTIR NA gERAÇÃO E NO APERFEIÇOA-
MENTO DE OPÇõES (IDEIAS) ATRAENTES
O objetivo é criar soluções e inventar uma lista de providências que
poderão ser adotadas caso não se chegue a um acordo. As alternativas
constituem a matéria-prima para a tomada de decisões. Elas repre-
sentam o espectro de escolhas possíveis para a busca por objetivos. As
alternativas de escape podem ser identificadas, em qualquer situação
de negociação, a partir da pergunta: “O que farei se essa negociação
não se concretizar?”
PO D E R E I N F LU Ê NC I A
ra seu nível de oportunidade. Alternativas atraentes, entretanto, podem
não ser óbvias de imediato. Leva tempo para identificá-las, e mais tempo
ainda para torná-las atraentes. Mas, em negociações estratégicas, esse
tempo sempre é bem empregado, já que ter fortes alternativas melhora a
CA P Í TU LO 8
habilidade de alcançar um bom acordo na negociação em curso.
17 0
OPÇõES REAIS
Acreditar que as alternativas geradas em nossa imaginação irão funcio-
nar na prática como uma fonte extraordinária de poder consiste em um
comportamento amador e leviano, podendo conduzir o resultado da
negociação para situações de absoluto fracasso em relação às nossas
pretensões. Portanto, as alternativas que apresentam uma perspectiva
de serem utilizadas deverão ser previamente validadas, ou seja, deve-
rão estar em condições de serem adotadas sem restrições, caso sejam
a opção desejada. O objetivo é aperfeiçoar algumas das ideias mais
promissoras e convertê-las em opções práticas e reais antes do início da
negociação. Como é impossível saber antecipadamente qual delas será a
escolhida, todas devem estar bem desenvolvidas e validadas. Em outras
palavras, o negociador deve tornar verdadeiras todas as opções, para que,
ao se decidir por uma delas, tenha certeza de que estará efetivamente
disponível para ele.
esses critérios. Para fazer comparações, é preciso definir como lidar com
cada alternativa e expor as consequências da utilização de cada uma
delas em relação a seus objetivos.
17 1
PO D E R E I N F LU Ê NC I A
CA P Í TU LO 8
17 2
MELHOR CONDIÇõES
ALTERNATIVA APRESENTADAS
DISPONÍVEL PELA OUTRA
PARTE
Se você tem uma proposta que é mais atraente que sua melhor alternati-
va, incrementando-a você garante a si mesmo um melhor resultado. Mas,
quando essa alternativa consegue atender aos seus interesses melhor do
que a proposta do outro, você deve sair da negociação. E não se surpre-
enda se, nesse momento, o outro lado apresentar concessões adicionais
e oferecer condições ainda melhores para concluir o acordo. Portanto,
nunca entre numa negociação sem ter alternativas de escape, porque
isso favorece a sua autoconfiança e interfere na percepção e no compor-
tamento do outro negociador, já que, quando um dos lados percebe que
o outro possui opções, sente-se enfraquecido (ainda que as alternativas
do outro sejam impróprias).
PO D E R E I N F LU Ê NC I A
PO D E R E I N F LU Ê NC I A
maluco?’”
CA P Í TU LO 8
você a mão da minha filha em casamento.’
17 4
minha declaração é falsa?’
negociação até mesmo sem ter chegado ao seu final (‘no deal’) –, sinaliza
para o outro que não necessita daquele resultado e que, por isso, não está
disposto a fazer qualquer tipo de concessão para concluir o acordo. Assim,
beneficiado por sua posição fortalecida, principalmente se o outro estiver
CA P Í TU LO 8
ExEMPLO 1
Conheci um empresário, recém-divorciado, que relatava, numa roda
de amigos, o recente acordo de pensão alimentícia que havia selado
judicialmente com a ex-esposa. Quando perguntei a ele se, considerando
serem esses tipos de processo tão estressantes e penosos para as partes
(e é o que geralmente acontece com todas as pessoas que vivenciam
circunstâncias semelhantes), como ele havia resolvido a questão assim
de forma tão rápida e facilmente, ele me declarou: ‘Eu não saio de uma
mesa de negociação sem fechar o acordo!’
Eu disse a ele: ‘Então, meu caro, prepare-se para fazer concessões signifi-
cativas todas as vezes que for negociar, porque, se sua intenção é sempre
fechar o acordo, qualquer acordo irá lhe atender, mesmo que seja desvan-
tajoso para você.’
ExEMPLO 2
PO D E R E I N F LU Ê NC I A
Certo dia, uma amiga me ligou e comentou que estava querendo
comprar uma loja num shopping em São Paulo para iniciar uma ativida-
de comercial, mas que o preço pedido pelo proprietário do imóvel estava
CA P Í TU LO 8
muito alto. Ela, então, solicitou minha orientação para melhorar o seu
poder na negociação e reduzir o preço da loja.
17 6
que possam favorecê-la na negociação, como, por exemplo, que você
não tem o recurso financeiro suficiente e não quer se endividar, ou que
existem outras alternativas que, embora não sejam do mesmo nível que
a loja dele, estão com preços consideravelmente mais baixos, mas que
você daria preferência para a loja dele e estaria disposta a pagar até um
pouco mais do que o valor das outras lojas, e que, se ele não quisesse
reduzir o preço, você, infelizmente, teria que comprar uma das outras
lojas mais baratas.’
Ela argumentou: ‘Mas eu não posso correr esse risco e perder a oportuni-
dade de adquirir essa loja, porque ela é espetacular e de todas as que eu
já vi é a única que me encantou!’
Eu, então, respondi: ‘Bem, já que você não tem outra alternativa e nem
quer correr o risco de perder a loja, então, pague o preço que o vende-
dor pediu!’
Você deseja uma válvula que não vaze e faz todo o possível para
desenvolvê-la. Mas no mundo real só existem válvulas que vazam
e você tem que determinar o grau do vazamento que pode tolerar”,
argumentou o mentor.
João Pedro, então, perguntou: “E quais são os erros que devemos evitar
com o objetivo de preservar o nosso poder na negociação?”
E o mentor respondeu:
PO D E R E I N F LU Ê NC I A
• BLEFAR à TOA;
• PAgAR ADIANTADO;
CA P Í TU LO 8
• FICAR INTIMIDADO PELA OFERTA
FINAL;
17 8
• ARRISCAR-SE à TOA (ORgULHO,
IMPACIÊNCIA);
PO D E R E I N F LU Ê NC I A
• ‘É NORMA DA NOSSA EMPRESA PAgAR
SOMENTE COM 28 DIAS. EU NÃO TENHO
AUTORIDADE PARA MUDAR ESSA NORMA.’
CA P Í TU LO 8
• ‘NOSSO ORÇAMENTO É INSUFICIENTE
PARA PAgAR TANTO.’
18 0
• ‘NóS PROVISIONAMOS NO NOSSO
ORÇAMENTO SOMENTE UM VALOR LIMITE
MUITO MENOR (QUE O PREÇO QUE ESTÁ
SENDO COBRADO) PARA CONTRATAR
ESSE SERVIÇO.’
PO D E R E I N F LU Ê NC I A
• NO BRASIL, TUDO É PERMITIDO,
INCLUSIVE (E PRINCIPALMENTE) O
QUE É PROIBIDO.”
CA P Í TU LO 8
Neste momento, João Pedro perguntou: “E quais são os erros que deve-
mos evitar para preservar o nosso poder na negociação?”
18 2
O mentor, então, respondeu:
• ISSO É INEGOCIÁVEL...
• ISSO É NORMA/PRINCÍPIO DA
EMPRESA...
• ASSIM EU VOU ESTOURAR O
ORÇAMENTO...
você estipular.
PO D E R E I N F LU Ê NC I A
ção a prazos, para acelerar ou para adiar, interferindo no comportamen-
to do outro. A tática do adiamento, para o comprador, é um meio muito
eficiente de controlar o tempo. O adiamento funciona melhor quando o
comprador dispõe de tempo para decidir e a outra parte não está bem
CA P Í TU LO 8
preparada para enfrentá-lo. É a velha história: se eu conheço seu tempo
limite e você não conhece o meu...
18 4
meta no final do mês. Por isso, adiam a decisão de compra até esse momen-
to. Esse ‘atraso’ pressiona o fornecedor, que pode reconsiderar sua posição
inicial e melhorar as condições de sua oferta.
ALGUNS LEMBRETES
FINAIS SOBRE A GESTÃO DO
TEMPO NA NEGOCIAÇÃO:
PO D E R E I N F LU Ê NC I A
3
mos 20% do tempo.
PO D E R E I N F LU Ê NC I A
Se uma pessoa não for capaz de ir além de declarações
CA P Í TU LO 8
como ‘precisamos de uma decisão já’ ou ‘não vamos poder
manter a oferta’, está blefando, pois esses tipos de prazos
limites podem ser alterados, mudados, ou simplesmente
18 6
6
eliminados. A melhor forma de lidar com essa arbitrarie-
dade do ‘faça-e-decida-até-tal-data’ é dizer: ‘Se você quer
uma resposta rápida, ela é ‘não’. Contudo, se me der mais
algum tempo para resolver, a resposta pode ser diferente.’
O mentor respondeu:
O trainee achou que o momento era adequado para esclarecer duas dúvi-
das que o atormentavam há muito tempo: “Quais são as situações que
aumentam o poder de barganha dos compradores, e quais são aquelas
que proporcionam um grande poder de barganha aos fornecedores?”
PO D E R E I N F LU Ê NC I A
DOS FORNECEDORES.
Compradores de grandes volumes são particularmente podero-
sos, principalmente se o fornecedor costumam apresentar altos
custos fixos.
CA P Í TU LO 8
Exemplo: Uma rede mundial de hipermercados pode adquirir
grandes quantidades de um determinado produto num fabrican-
te da Malásia, conseguindo descontos extraordinários de preço
18 8
com esse fornecedor.
COMPRADORES ADQUIREM
SÃO PADRONIzADOS OU NÃO
18 9
DIFERENCIADOS.
Nessas condições, os compradores sempre encontrarão fornecedores
alternativos disponíveis em quantidade e qualidade suficientes.
QUANDO OS COMPRADORES
4o ENFRENTAM REDUzIDOS CUSTOS DE
MUDANÇA DE FORNECEDOR.
Custos de mudança – aqueles que prendem o comprador a um
determinado fornecedor – são os custos que os compradores se
defrontam quando mudam de um fornecedor para outro.
5o QUANDO OS COMPRADORES
REPRESENTAM EMPRESAS OU
SETORES QUE APRESENTAM
LUCRATIVIDADE BAIXA.
Lucros reduzidos criam grandes incentivos para reduzir também
os custos de compras.
PO D E R E I N F LU Ê NC I A
fabricação de aço é o carvão mineral (importado). Como a despesa
com esse insumo incide de forma significativa nos custos de
produção do aço, essas empresas se juntam e, em ‘pool’, adquirem
expressivas quantidades de carvão de fornecedores selecionados,
obtendo grandes vantagens nas condições de compra.
CA P Í TU LO 8
6o QUANDO OS COMPRADORES
190
REPRESENTAM UMA AMEAÇA
CONCRETA DE INTEgRAÇÃO
PARA TRÁS.
Se os compradores são parcialmente integrados ou colocam uma
ameaça real de integração para trás (verticalização), eles estão em
posição de negociar concessões.
PO D E R E I N F LU Ê NC I A
tornam os compradores poderosos.
CA P Í TU LO 8
1o QUANDO O MERCADO É DOMINADO POR
POUCAS EMPRESAS FORNECEDORAS
192
E É MAIS CONCENTRADO DO QUE AS
EMPRESAS CLIENTES PARA AS QUAIS
ELES VENDEM, ESSAS EMPRESAS
FORNECEDORAS COMUMENTE FAzEM
CARTÉIS.
Exemplo: O folclore empresarial afirma que as empreiteiras costumam
‘lotear’ obras civis de grande porte (estradas, por exemplo) nas licita-
ções públicas, estabelecendo antecipadamente qual das empresas de
construção civil (participante do cartel) será a vencedora e contratada
para realizar um determinado trecho daquela obra.
2o QUANDO O FORNECEDOR NÃO TEM
QUE COMPETIR COM A OFERTA
DE PRODUTOS SUBSTITUTOS OU
SUCEDâNEOS.
Produtos substitutos são as soluções similares. É o que ocorre, por
exemplo, com embalagens (de vidro, alumínio ou tetra Pack), com
estruturas de galpões (aço, alumínio ou concreto) ou com combustí-
veis para automóveis (gasolina, álcool, gás, bateria ou hidrogênio).
maior de concorrência.
PO D E R E I N F LU Ê NC I A
dade muito grande de alimentos e utilidades domésticas). A razão
é simples: isoladamente, esse cliente não significa absolutamente
nada para o hipermercado. Entretanto, se ele se reunir com todos
seus amigos e, juntos, decidirem comprar 10 toneladas de alimen-
CA P Í TU LO 8
tos e utilidades domésticas, o gerente do hipermercado irá sentar
para negociar as condições de preço.
194
insumos, perdem poder na negociação quando aquilo que neces-
sitam adquirir (ainda que em grandes quantidades para elas) não
significa um volume expressivo para o fornecedor.
5o QUANDO OS PRODUTOS DO
FORNECEDOR SÃO DIFERENCIADOS E
ESSA DIFERENCIAÇÃO É FUNDAMENTAL
PARA O COMPRADOR.
Exemplo: O enxofre é um elemento sempre presente nos carvões
minerais utilizados na fabricação do aço, mas a presença de altos
teores de enxofre no aço compromete sua qualidade, por isso as
5o usinas siderúrgicas utilizam um sistema chamado de dessul-
furação durante o processo de fabricação, para eliminar ou
reduzir a presença desse elemento químico. A usina siderúrgica
da Açominas não possuía esse equipamento de dessulfuração
no início de sua operação. Portanto, para garantir a qualidade
de seu aço, era fundamental que o carvão mineral utilizado na
sua produção apresentasse índices muito baixos de presença do
enxofre. Somente duas minas no mundo (situadas na Polônia)
tinham condições de fornecer esse tipo de carvão. Mas, como
elas sabiam da importância desse insumo para a melhoria da
qualidade do aço fabricado pela Açominas, cobravam um preço
PO D E R E I N F LU Ê NC I A
‘premium’ para fornecê-lo, enquanto para as outras usinas
siderúrgicas (que tinham o processo de dessulfuração), muito
provavelmente, o preço cobrado era significativamente menor.
CA P Í TU LO 8
6 o O FORNECEDOR DESENVOLVE ALTOS
6o
CUSTOS DE MUDANÇA PARA O
196
COMPRADOR.
Exemplo: A empresa aérea Gol utiliza aeronaves Boeing. Seus
comandantes são treinados no Flyght Simulation, da Boeing, nos
EUA; os mecânicos de manutenção são capacitados para operar
com os equipamentos da Boeing; e os hangares da Gol no Brasil e
no exterior estocam peças de reposição Boeing. Dessa forma, como
a Gol pode mudar a marca de suas aeronaves para, por exemplo,
Airbus? Isso é realmente muito difícil estrategicamente, pois
compreende treinar todos os comandantes na França, capacitar os
mecânicos de manutenção, abastecer todos os hangares com peças
de reposição Airbus e, ainda, comprar as aeronaves. Por isso, o poder
de negociação depende totalmente da Boeing.
7o QUANDO O FORNECEDOR É UMA
AMEAÇA REAL DE INTEgRAÇÃO PARA
FRENTE.
Exemplo: Um fabricante de cimento tenta fornecer para uma
empresa concreteira (ready mix), sem sucesso. Não vislumbran-
do uma chance de reverter a situação, o fabricante ameaça esse
‘quase’ cliente dizendo que irá constituir também uma concre-
teira e concorrer nesse mercado com vantagem, já que possui a
matéria-prima mais importante, que é o cimento.
PO D E R E I N F LU Ê NC I A
CA P Í TU LO 8
197
FONTES ExCLUSIVAS DE
PODER (QUEM DETÉM)
S I TUA Ç ÃO COMP RADOR FORNECEDOR
1 . R E L A Ç Ã O E NTR E O FE RTA M A IO R D EM AN DA M AI O R
PO D E R E I N F LU Ê NC I A
O F E RTA E D E MAN DA QU E A D E M A N DA QU E A O F ERTA
2 . VO LU M ES
S Ig N IF ICAT IVOS I N EX P R ESS I VOS
D E CO M PRAS
CA P Í TU LO 8
3. NúMERO DISPONÍVEL
E L E VA D O R EDUz I D O
DE FORNECEDORES
198
4. N EC ESS I DA D ES PA D RO N IzA DAS D I F ER EN C I A DAS
6. POSS I B I L I DADE
PA RA T R Á S PA RA F R EN T E
D E I N TEg RA Ç ÃO
PRIMEIRO FOCO:
COMPRADOR INSENSÍVEL A PREçO
CA P Í TU LO 9
3° A qualidade e a eficácia do produto (ou serviço) podem
oferecer grande economia ou melhorar o desempenho
do produto final; ou o comprador compete com uma
20 2
estratégia de alta qualidade para a qual percebe que o
produto adquirido beneficia e contribui para a compe-
titividade do produto final.
SEGUNDO FOCO:
COMPRADOR SEM PODER
E STR AT É G I AS E TÁTI CAS D E N E GO C I AÇÃO
DE BARGANHA
ABORDAGENS CLáSSICAS
CA P Í TU LO 9
Nos processos de negociação, os compradores podem apresentar uma ou
várias dessas estratégias:
20 4
1o Criar uma ameaça de integração para trás. Quer o comprador
deseje ou não integrar-se para trás em um determinado item,
sua posição na negociação é fortalecida por uma ameaça real.
fornecedor.
20 5
CA P Í TU LO 9
• Você conhece bem a ‘família’ de produtos que adquire? Você sabe:
• Qual é a incidência de M.O.?
20 6
• Quando é o dissídio?
• Como o preço reage em função de variáveis sazonais, políticas,
econômicas, etc.?
Exemplos:
CA P Í TU LO 9
5o Visitar e se reunir com os clientes internos, identificar as difi-
culdades deles e antecipar-se oferecendo soluções criativas e
20 8
eficazes, com custos reduzidos em relação às suas necessidades
de suprimentos (evitando retrabalho/desperdício).
100 125
UNIDADES UNIDADES
CUSTO %
CUSTO PREçO CUSTO PREçO
UNITáRIO TOTAL UNITáRIO TOTAL
CA P Í TU LO 9
em todos os automóveis na ocasião de qualquer manutenção.
210
possível que a montadora pague um preço quase simbólico
pelo fornecimento dessas velas.
NÃO CRÍTICOS
ALAVANCáVEIS
ESTRATÉGICOS
CA P Í TU LO 9
clientes internos, os parceiros e os fornecedores;
212
• Saber canalizar produtivamente as emoções;
DESPROPORCIONAL àS SUAS
CA P Í TU LO 9
Os animais são mestres nas táticas: algumas aves abrem a plumagem para
dar a aparência de que são maiores; a cobra naja alarga o pescoço quando
está em posição de ataque; alguns peixes incham o corpo para adquirir
um volume acima do normal e, com isso, amedrontar o adversário.
1 . S EDU çà O
2 . CO N EX Ã O
CA P Í TU LO 9
AMEAçAR O COMPRADOR NÃO SE DEIXE INTIMIDAR E
ACENANDO QUE TEM RELAçõES SOLICITE AO FORNECEDOR
214
ESTREITAS COM PESSOAS DE UMA AUTORIZAçÃO FORMAL
NÍVEL HIERáRQUICO SUPERIOR DA PESSOA CITADA.
QUE APROVAM A PROPOSTA
QUE ELE ESTá APRESENTANDO.
3 . COMPA RA ç Ã O
5. SU R P R ESA
6. D ESCO M P R ESSÃ O ( B O DE )
CA P Í TU LO 9
confiança estabelecida, nem tem interesse em construir qualquer relação
duradoura. No entanto, você pode ser afetado por elas, porque o objetivo
desses tipos de tática é torná-lo refém ou destruir seu equilíbrio emocio-
216
nal de tal modo que você se sentirá incapaz de reagir.
CONSIDERAçõES FINAIS
CA P Í TU LO 9
SOBRE AS TáTICAS
Sabemos que as táticas existem em número limitado e, por isso, são
217
CA P Í TU LO 9
A maioria das táticas depende do fato de você não reconhecer que está
sendo manipulado e agir de uma forma previsível.
218
2° NEUTRALIZá-LA
mula continuava ‘empacada’. Então, ele teve uma ideia: subiu na mula
novamente, tirou o breviário (livro que contém orações e leituras) e
começou a ler. Uma hora se passou. Duas. Três. Depois de três horas
suportando todo aquele peso encima dela, a mula ‘entendeu’ que era
melhor ‘desempacar’ e seguir o caminho. Assim, todas às vezes que ela
‘empacava’, o padre abria o breviário, e a mula, então, ‘desempacava’.
UTILIZADAS NA NEGOCIAçÃO
Qualquer processo da negociação compreende uma amplitude de
219
CA P Í TU LO 9
que uma negociação baseada na defesa de posições
tem forte probabilidade de provocar o desgaste no
relacionamento dos negociadores, e ainda pode
220
conduzir a negociação para o impasse. Uma longa
série de ofertas e contraofertas, em que cada lado
relutantemente concede um item insignificante após
o outro, consome muito tempo e também tende a
fomentar uma espécie de frustração e hostilidade que
pode disparar uma total ruptura nas negociações.
SE OS NEGOCIADORES ENTENDEREM
OS FATORES MOTIVADORES DO OUTRO,
ELES PODERÃO RECONHECER POSSÍVEIS
E STR AT É G I AS E TÁTI CAS D E N E GO C I AÇÃO
COMPATIBILIDADES DE INTERESSES
QUE LHES PERMITIRá INVENTAR NOVAS
POSIçõES QUE AMBOS ENDOSSARÃO.
ExEMPLO
Dois homens discutem numa sala de trabalho. Um deles
quer a janela aberta enquanto o outro prefere a janela
fechada. A briga entre eles é sobre o quanto da janela deixar
aberto: metade, um terço, apenas uma fresta, etc. Assim, eles
não chegam a nenhum acordo, há apenas conflito e desen-
tendimento. Entra, então, uma secretária e pergunta sobre o
motivo da discussão.
Um deles responde: ‘Quero evitar que uma corrente de ar espa-
lhe todos os papéis da minha mesa’.
CA P Í TU LO 9
estavam discutindo somente sobre suas posições.
222
Tente identificar itens que são de valor real para o outro participante, propor-
cionais ao que está sendo pedido, mas, principalmente, algo que represente
uma mudança no que você já estaria disposto a oferecer.
E, um recado final: se você estiver negociando com alguém que parece estar
numa posição enfraquecida, evite levar vantagem da situação negociando
termos inaceitáveis que farão com que sejam nulas as chances de execução
do contrato. Nunca tire a dignidade de alguém, ela pode até não significar
nada para você, mas representa tudo para o outro”, concluiu o mentor.
1
PLANEJAMENTO DA
NEGOCIAÇÃO
P L A N E JA M E NTO DA N E GO C I AÇÃO
Uma grande agitação tomou conta do trainee naque-
le dia, afinal, o tema a ser abordado representava o
CA P Í TU LO 1 0
fechamento do ciclo de seu percurso de aprendiza-
gem. João Pedro, então, aproveitou para esclarecer
algumas dúvidas que o perturbavam insistentemente:
224
“Sr. mentor, será que o planejamento da negociação é
realmente importante? Se isso é verdade, por que muitas
pessoas, em geral, têm o hábito de negociar desprepara-
damente? Quais são as razões que levam uma pessoa a
deixar de considerar a preparação da negociação?”
O mentor explicou que três motivos principais favoreciam esse
comportamento nos negociadores, principalmente nos compradores
profissionais: “O primeiro deles podia ser representado pelo fato de que
eles ignoravam como deveria ser feito um planejamento da negociação;
o segundo é que eles imaginavam que era um desperdício de tempo; e o
terceiro, e mais comum, é que eles, realmente, negligenciavam a impor-
tância do planejamento.”
IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO
“A falta de uma análise prévia da situação, muitas vezes, causada pelo
excesso de confiança, conduz o comprador a comportamentos inadequa-
CA P Í TU LO 1 0
P L A N E JA M E NTO DA N E GO C I AÇÃO
Essa atitude (induzida, em parte, por comportamentos não racionais)
de confiar mais na inspiração pessoal e na capacidade de improvisação
do que de negociar conscientemente, de modo mais preparado e melhor
estruturado, representa um imperceptível e traiçoeiro comportamento
CA P Í TU LO 1 0
numa negociação. As alternativas ficam amplamente inexploradas.
226
feita a escolha de uma alternativa. Por isso, o planejamento diz respeito
não a decisões futuras, mas a impactos futuros de decisões presentes.
Embora o futuro exato não possa ser predito e fatores incontroláveis
possam interferir nos planos melhor formulados, a menos que haja
planejamento, os eventos serão deixados totalmente ao sabor do acaso.
P L A N E JA M E NTO DA N E GO C I AÇÃO
interesses – representados por seus problemas, medos, sonhos, desejos
ocultos, gostos, valores humanos, expectativas, esperanças, exigências,
prioridades, preferências, aspirações, metas, motivações – que direcio-
nam as negociações.
CA P Í TU LO 1 0
• Quais são as verdadeiras questões (posição e interesses)
que estão em jogo?
228
• Quais são os interesses subjetivos (por que e para que)
que estão por trás de suas posições. Lembre-se de que inte-
resses são diferentes de posições: a posição é apenas um
caminho para satisfazer um interesse e é, portanto, mais
um meio do que um fim. Por exemplo: um comprador de
carro pode dizer ‘Quero uma Ferrari’ (posição), quando, na
realidade, ele precisa do prestígio associado a esse automó-
vel (interesse).
P L A N E JA M E NTO DA N E GO C I AÇÃO
reduzir seus pontos fracos: isso é causa perdida.
CA P Í TU LO 1 0
230
3o Obtenha informações
ADEquADA E sufICIENTE.
P L A N E JA M E NTO DA N E GO C I AÇÃO
ele percebe as pessoas e a situação?
• Quais são os interesses subjetivos dele (por que e para que) que estão
CA P Í TU LO 1 0
por trás das posições? E quais podem ser (exatamente) esses aspectos
subjetivos? Ele pode, por exemplo, querer status, reputação, prestígio,
respeito, sentir-se competente, evitar riscos?
232
• Quais são os temores dos outros terceiros que serão significativamente
afetados pelo resultado da negociação? Lembre-se sempre da ‘terceira
mesa’, ou seja, pessoas a quem ele deve satisfação dos resultados da
negociação (pode ser o chefe, o diretor, o colega do departamento, o
sócio, a esposa, os filhos, o subordinado direto, etc.).
ASPECTOS
• Capital disponível (fundos,
ECONÔMICOS equipamentos, instalações);
P L A N E JA M E NTO DA N E GO C I AÇÃO
• Preços praticados;
• Políticas monetária/fiscal/
tributária (paridade da moeda,
CA P Í TU LO 1 0
imposto para carros populares);
• Política de importação/
exportação.
234
ASPECTOS
• Família (número de filhos);
SOCIAIS • Religião (fanatismo, esoterismo);
plástico, cerâmica);
• Mecanização (robotização,
controle numérico);
• Internet, comunicações.
CA P Í TU LO 1 0
ASPECTOS
• Legislação/regulamenta-
POLÍTICOS
235
P L A N E JA M E NTO DA N E GO C I AÇÃO
como nos relacionamos uns com os outros. O processo é importante, pois
pode mudar o espírito de antagonismo entre dois negociadores para uma
relação ganha-ganha e vice-versa. A negociação exige uma boa comunica-
ção bilateral, em que cada lado tem a intenção de influenciar o outro.
CA P Í TU LO 1 0
A qualidade do resultado da negociação é também medida pela quali-
236
dade das promessas que são feitas: os acordos provavelmente serão
melhores se tivermos pensado antecipadamente a respeito das promes-
sas específicas que nós realmente podemos esperar ou fazer durante ou
no ato de conclusão da negociação.
P L A N E JA M E NTO DA N E GO C I AÇÃO
dos. Certifique-se de que todos os acordos alcançados
estão claros e perfeitamente entendidos por ambas (ou
todas) as partes e registre (formalize) todas as condi-
ções acordadas e ajustadas durante a negociação.
O registro ou a memória dos itens acordados na nego-
ciação não é um documento jurídico, mas é um acordo
CA P Í TU LO 1 0
de valor moral”, finalizou o mentor.
238
“A seguir”, disse o mentor a João Pedro, “Vou apresentar um roteiro
prático de um planejamento que pode facilitar sua preparação todas as
vezes que você for participar de uma negociação, principalmente quando
as metas a serem alcançadas forem muito importantes, seja em termos
estratégicos, seja em termos de montante financeiro.”
ROTEIRO DO PLANEJAMENTO
1° ANáLIsE DO CONTEXTO (CENáRIOs)
LuCRATIvIDADE)?
P L A N E JA M E NTO DA N E GO C I AÇÃO
quAL é suA IMPORTÂNCIA PARA O ‘vENDEDOR’
CA P Í TU LO 1 0
REPREsENTANTE AuTôNOMO) PARA vERIfICAR ATé quE
24 0
TENTAR gERENCIAR?
P L A N E JA M E NTO DA N E GO C I AÇÃO
O OuTRO NEgOCIADOR
CA P Í TU LO 1 0
24 2
quAIs sãO sEus vALOREs huMANOs, EsTILOs
REsuLTADO DA NEgOCIAçãO?
P L A N E JA M E NTO DA N E GO C I AÇÃO
NEgOCIAçãO?
CA P Í TU LO 1 0
24 3
4° CLAssIfIquE Os INTEREssEs
P L A N E JA M E NTO DA N E GO C I AÇÃO
sE vOCê fOssE O OuTRO NEgOCIADOR, O quE gOsTARIA DE
OBTER Ou EvITAR?
CA P Í TU LO 1 0
quAIs sãO Os TEMOREs DOs OuTROs (TERCEIROs) quE
24 4
sERãO sIgNIfICATIvAMENTE AfETADOs PELO REsuLTADO DA
NEgOCIAçãO?
5° fAçA uMA sONDAgEM DOs INTEREssEs
suBJETIvOs POR TRás DAs POsIçõEs
Os sEus
Os DELE
CA P Í TU LO 1 0
Os INTEREssEs
P L A N E JA M E NTO DA N E GO C I AÇÃO
• Dimensione (quanto) e temporize (quando) a realização
de suas metas.
CA P Í TU LO 1 0
PROPOsTA quE vOCê Já TEM, PROCuRE
DEfINIR quAIs PODERIAM sER As
NECEssIDADEs E EXPECTATIvAs DE
24 6
CuRTO E DE LONgO PRAzOs DO OuTRO
NEgOCIADOR.
vOCê
CA P Í TU LO 1 0
ELE
24 7
RECuRsOs sIMILAREs:
P L A N E JA M E NTO DA N E GO C I AÇÃO
• Com habilidades e recursos diferentes, você deve ser
capaz de trabalhar junto para criar algo que sozinho você
não conseguiria.
CA P Í TU LO 1 0
RECuRsOs sIMILAREs:
24 8
• aversão ao risco
POssívEIs
PRós CONTRAs
ALTERNATIvAs
1.
2.
P L A N E JA M E NTO DA N E GO C I AÇÃO
3.
4.
POssívEIs
PRós CONTRAs
ALTERNATIvAs
P L A N E JA M E NTO DA N E GO C I AÇÃO
1.
2.
3.
4.
CA P Í TU LO 1 0
• quAIs ALTERNATIvAs sERIAM MELhOREs PARA ELE?
25 0
ELE
11° IMPAssEs
•IDENTIfIquE As PROBABILIDADEs
DE OCORRêNCIA DE IMPAssEs E As
25 1
MECANIsMOs DE PERsuAsãO).
PARA DIvERgêNCIAs.
NEgOCIAR.
12° CONCEssõEs
• EsTABELEçA As EsTRATégIAs
DE CONCEssãO E O CusTO DELAs
(ACEssóRIOs PARA PERMuTAs/
TROCAs).
• EsTuDE As quANTIDADEs E Os
P L A N E JA M E NTO DA N E GO C I AÇÃO
PREçOs, E DEfINA sEu EsPAçO
PARA NEgOCIAR, REsERvANDO
ACEssóRIOs PARA PERMuTA.
CA P Í TU LO 1 0
DuRANTE As NEgOCIAçõEs)
25 2
A NEgOCIAçãO?
• O quE ME suRPREENDEu?
P L A N E JA M E NTO DA N E GO C I AÇÃO
• O quE POssO fAzER PARA
MELhORAR?
• COMO ACONTECEu?
CA P Í TU LO 1 0
• POR quê?
25 4
Faça sempre tais questionamentos. Considero que essa é a maior contri-
buição que posso lhe oferecer.
Apenas para reforçar, vou lhe dizer uma frase de George Santayana,
presente em seu livro ‘A vida da razão’, de 1905: ‘Quando a experiência
não é retida, como acontece entre os selvagens, a infância é perpétua. Por
isso, aqueles que não conseguem lembrar do passado, estão condenados
a repeti-lo.’
Estou relatando esse caso para fazer uma analogia dessa cena com o
nosso dia a dia. Na nossa vida, quem são nossos “clientes”? Podemos
considerar como nossos clientes todos aqueles a quem servimos.
Nessa perspectiva, nossos pais, nossos filhos, nosso cônjuge, nossos
amigos e todos (repare, todos) nossos colegas na empresa representam
nossos verdadeiros clientes.
CO NS I D E RAÇÕ E S F I NA I S
A razão é simples: o povo no Coliseu representava o “cliente”, que
se tornou um admirador de Maximus após sua sensacional vitória
contra os guerreiros inimigos.
01
não devemos nos esquecer do longo
prazo: não adianta vencer a batalha e
perder a guerra. Ganhar uma negociação
com foco apenas no curto prazo signifi-
ca uma vitória pífia, de farol baixo;
25 7
02
é fundamental entender que justiça é
uma questão importante em uma nego-
ciação. A outra parte deve ser deixada em
uma posição viável, pois as pessoas que
se sentem injustiçadas têm a tendência
de rejeitar acordos, mesmo quando são
interessantes para elas: prometemos
conforme nossas esperanças, mas agimos
conforme nossos receios;
03
por último, uma consideração muito
importante: a maior parte das nego-
ciações é realizada através da intera-
ção entre seres humanos, e não entre
máquinas, e, como sabemos, na negocia-
ção, as jogadas são sequenciais, ou seja,
voltaremos a nos encontrar novamente.
Assim, para que possamos construir
uma relação duradoura e sustentável,
o caminho tem que estar completamente
limpo e as portas sempre abertas.
CO NS I D E RAÇÕ E S F I NA I S
Sucesso!
25 8
Carlos Pessoa
ANExO 1
Prof. Sumantra Ghoshal
London Business School
BAJAJ AUTO
BAJAJ AUTO é uma indústria automobilística da
Índia que produz, especialmente, triciclos e motoci-
cletas. Somente cerca de 25% dos seus custos totais
A N EXO 1
A N EXO 1
conjunta e resolução de problemas
260
(Esse meio pode produzir resultados notáveis, como os que
Jonh Neil alcançou no grupo unipart, no reino unido).
RELACIONAMENTOS RELACIONAMENTOS
BASEADOS NO PODER DE PARCERIA
PERDE-GANHA GANHA-GANHA
BASEADO NO
BASEADO NA TRANSAÇÃO
RELACIONAMENTO
MAXIMIZAR
MAXIMIZAR AUTONOMIA
INTERDEPENDÊNCIA
A N EXO 1
todas as compras na empresa.
262
dos em até 50%. Em troca, ele prometeu volumes de compra
significativamente maiores. Quem recusou as reduções de
preço, foi tirado da lista de fornecedores. Meios criativos
foram encontrados para contornar quaisquer obrigações
contratuais contrárias.
A N EXO 1
após a compra de seus ativos por funcionários e investidores em 1987,
tornou-se a UNIPART GROUP OF COMPANIES.
264
De acordo com um estudo do Departamento de Indústria e Comércio
do Reino Unido, quando foi fundada como uma empresa independente,
a UNIPART sofreu uma desvantagem de dois para um na produtividade
face às empresas de autopeças japonesas, e houve uma lacuna de cem
para um em relação à qualidade. Ela herdou um clima de trabalho
extremamente controverso, consequência de uma força de trabalho
fortemente sindicalizada frente a uma gerência autocrática e tradi-
cional. Os relacionamentos adversários estenderam-se também aos
seus fornecedores e clientes.
Para Neil, o novo relacionamento não era uma retórica vazia e, logo, o
ideal filosófico foi convertido para uma ação que poderia ser imple-
mentada em todos os segmentos, internos e externos, da empresa. Em
A N EXO 1
A N EXO 1
resultados não foram facilmente obtidos. Eles requeriam que ambas
as partes trocassem informações, mas nenhuma delas se sentiu à
vontade nessa troca. A interdependência criada através das equipes
266
fez com uma se sentisse vulnerável em relação à outra. Às vezes, as
comunicações eram difíceis, já que todas as questões tinham que ser
colocadas abertamente. Mas, com o tempo, quando a relação centrada
em “nós-eles” deu espaço ao aprendizado e à resolução de problemas
conjuntos, foram realizadas inovações que reduziram radicalmente
os custos de toda a rede, ao invés de meramente passar os custos de
uma parte para a outra.
UMA QUESTÃO DE VALORES E FILOSOFIA
José Ignácio Lopez e John Neil atingiram o objetivo de reduzir radical-
mente os custos de suprimentos. Ambos métodos funcionaram muito
bem. Então, a BAJAJ AUTO precisa fazer uma escolha. Independente-
mente do que sua retórica pública possa ser, o que é necessário para
reestruturar a gerência de sua rede de fornecimento refletirá um ou
outro desses dois relacionamentos. A escolha definirá os valores e
a filosofia da empresa – as hipóteses arraigadas que seus dirigentes
fazem sobre a natureza de indivíduos e organizações.
mercado.
A N EXO 1
estabelecer, e mais difíceis ainda de serem mantidos. Eles
não podem ser implementados em parte – se você deseja
268
estabelecer relacionamentos de parceria com fornecedo-
res, você terá também de viver de acordo com as mesmas
regras para os funcionários e clientes.
DECISÃO ESTRATÉGICA DA
TROCA DE UM FORNECEDOR 3
Um dos maiores problemas que os compradores de
materiais e serviços encontram no dia a dia é a deci-
A N EXO 2
ExEMPLO
Um automóvel não é só uma máquina de transporte,
visível ou diferenciável pelo design, tamanho, cor,
opcionais ou potência do motor, é também um símbolo
complexo que denota status, gosto, categoria, posse,
aspiração e inteligência (quando se pensa, por exemplo, em
A N EXO 2
economia de combustível). Um serviço pode ser avaliado
por sua garantia, segurança, conformidade, etc.
serviço, compram algo mais que o transcende, e esse “algo mais” ajuda
a determinar de quem compram, o preço que pagam e se serão fiéis ou
inconstantes. É esse “algo a mais” que precisamos nos convencer ao
optar por permanecer ou trocar o fornecedor.
ASPECTOS DE MERCADO
Não há dúvida de que os clientes querem pagar o menor preço possí-
vel. Mas, apesar de sua importância, o preço não constitui um elemen-
to necessariamente determinante na decisão de uma contratação.
O preço deve ser considerado em função de seu valor relativo, ou seja,
o valor percebido pelo cliente, e pode ser estimado ao se fazer uma
relação entre os “elementos-chave” da proposta de valor e o preço que
o cliente demonstra estar disposto a pagar.
PREÇO x TEMPO
200
A N EXO 2
75
27 1
2 3 4 5 6 7
-50
A N EXO 2
PREÇO x TEMPO
27 2
40
30
20
10
0
1 3 5 7
CONTRATOS COM PREÇOS VARIÁVEIS
EM FUNÇÃO DA QUANTIDADE
Nesses contratos, o preço poderá ser reduzido em função da
quantidade a ser adquirida em um determinado momento, como
demonstra o Gráfico 4:
PREÇO x QUANTIDADE
120
100
80
60
A N EXO 2
40
27 3
20
0
2 4 6 8 10
ESFORÇO x TEMPO
A N EXO 2
27 4
INOVAÇÃO
INOVAÇÃO
FASE 1
• Alto nível de atividade criativa;
A N EXO 2
• Indefinição de responsabilidade;
• Limitação de capital;
27 6
• Construção de protótipos/testes;
FASE 2
• Padronização dos processos operacionais;
• Rápido crescimento;
• Comunicação e procedimentos formalizados;
• Ameaças:
FASE 3
A N EXO 2
• Ameaças:
27 7
Gerência de denominador;
Controle.
No entanto, por motivos orçamentários e financeiros, as empresas
fornecedoras são tímidas na aceitação de mudanças, preferindo prote-
ger o rentável negócio antigo e protelar os custos da pesquisa e do
desenvolvimento de novos produtos e tecnologias, exceto quando os
concorrentes já inovam com grande vantagem. Nesse momento, abre-
se uma oportunidade para um novo entrante.
A N EXO 2
de todo o mundo. O aumento de participação de mercado das empresas
orientadas para o valor é a causa da dor de cabeça de muitas organi-
zações que praticam preços mais elevados.
27 8
Empresas orientadas para o valor, como as empresas aéreas america-
nas Delta e Southwest Airlines (no Brasil, inicialmente, a Gol e, mais
recentemente, a Azul) e a Dell Computadores, alteraram a natureza
da concorrência porque o comportamento dos consumidores modifi-
cou-se. Também dão origem a reações competitivas porque o valor que
geram para os acionistas chama a atenção de todo mundo.
UM CASO DE SUCESSO
27 9
Depois de reuniões com alguns dos seus maiores clientes, a Saint Gobain
passou a propor um desafio: reduzir o custo com abrasivos. Sim, ela
se comprometia a ajudar o cliente a gastar menos com aquilo que ela
produz. “Nossa proposta é fazer uma análise de tudo que é usado na
empresa, gerenciar as ferramentas e garantir a redução de custo de retifi-
cação”, disse Paulo Botelho, gerente de mercado da Saint Gobain à época.
“Transferimos para nós toda a responsabilidade e preocupação de
sermos eficientes e atingirmos a redução estabelecida. Trata-se de um
contrato de risco. Se a equipe da Saint-Gobain cumprir o acordo de
redução, ótimo, ganha a fidelidade do cliente, que passa a usar somen-
te os produtos dela na linha de fabricação”, disse ele.
O QUE FAZER?
Fornecedores podem levar a receita dos clientes ao crescimento (com
A N EXO 2
menos tempo de chegada dos produtos ao mercado, itens exclusivos
desenvolvidos em parceiras e melhores níveis de serviços), e também à
28 0
redução do custo operacional e à diminuição da intensidade do ativo,
por meio de terceirização ou estoques administrados por eles.
ALGUNS SINAIS
• problemas não são combatidos à medida que ocorrem,
não há nenhuma preocupação do fornecedor com a reso-
lução dos problemas;
A N EXO 2
um plano de ação para bloquear as causas;
28 2
• os empregados dos fornecedores estão sempre
descontentes;
METAS CARACTERÍSTICAS
DO PARCEIRO
-
GANHOS
DESEJADOS DECISÃO
DE FORMAR
PARCERIA
A N EXO 2
28 3
METAS GERAM
ExPECTATIVAS
INSTRUMENTOS
GERENCIAIS E
OPERACIONAIS
FEEDBACk
PARA AJUSTAR AVALIAÇÃO DOS
A PARCERIA RESULTADOS
As Metas (ou ganhos desejados) são as razões que levam clientes e
fornecedores à parceria, e podem ser de diversas naturezas, como
buscar maior eficiência na utilização de um ativo (veículos, armazéns,
etc.), melhorar os indicadores de serviço ao cliente (disponibilidade
de produto, prazo de entrega de acordo com a necessidade do cliente,
percentual de pedidos corretos, etc.), obter vantagens competitivas
por focar as “competências-chave” do negócio ou estabilizar receitas
e despesas (fluxo de caixa, estoques consignados) por meio de contra-
tos de médio e longo prazos.
Uma questão crucial que deve ser colocada é como avaliar se as metas
de uma empresa (por exemplo, reduzir estoques, melhorar níveis de
serviço, etc.) são suficientes para a formação de uma parceria com seus
fornecedores. Devemos notar que as metas para a formação de parce-
rias, geralmente, são diferentes entre os diversos membros da cadeia
de suprimentos.
A N EXO 2
Algumas referências de avaliação devem ser utilizadas para medir a
intensidade das diversas categorias de metas suficientes para iniciar
ou manter o processo de parceria:
28 4
1o Eficiência de custos e ativos
2o Serviço ao cliente
1o Atitudes gerenciais
2o Padrão de convivência
A N EXO 2
Qual é a probabilidade de que nesse relacionamento seja
possível estabelecer um padrão de convivência harmonioso no
28 6
que diz respeito à fixação de objetivos comuns, à disponibili-
zação de informações e à divisão de custos e benefícios?
3o Filosofia empresarial
4o Estrutura/Imagem
A N EXO 2
a manter um fornecedor ou trocá-lo por outro, o que poderá fazer
com que a empresa contratante gaste mais do que a própria diferença
28 8
de preço existente numa coleta ou concorrência.
1o Custo de prevenção
• Os estudos de design;
• A qualificação do produto;
• A verificação dos desenhos;
• O exame de especificação;
• A auditoria da qualidade;
• A inspeção de material;
• A reavaliação de fornecedores.
2o Custo de avaliação
produto ou serviço;
• A vigilância do fornecimento;
• A inspeção de embalagens.
• O replanejamento;
• A repetição de trabalho;
• A sucata;
• A garantia;
• O risco do produto.
A N EXO 2
Um bom fornecedor toma medidas seguras para que seus produtos e
serviços sejam entregues ao cliente através de um sistema gerencial
que não compactua com repetição de tarefas, reparos, desperdícios ou
290
inadaptação de qualquer espécie.
corretamente.
A N EXO 2
Se você já utilizou, está na hora de rever alguma coisa na sua relação
292
com seus fornecedores atuais.
CONCLUSÃO
Nos tempos atuais, o grande desafio das empresas é tornar-se a melhor
fornecedora para o seu cliente. É preciso qualidade, agilidade, flexi-
bilidade, atendimento personalizado, além da geração de valores aos
negócios. No mundo dos negócios, algumas coisas nunca mudam: