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Raúl Candeloro

Proposta
de Valor
Como formular ofertas imbatíveis
adequadas às necessidades e à forma
de negociar de cada cliente

Editora
Quantum
Introdução

N este quarto livro da Coleção


Passos da Venda, depois de prospectar, abordar e levantar as necessidades do cliente,
acreditamos que o vendedor esteja pronto para um grande desafio: apresentar uma
proposta de venda de valor. Esse é um passo que todo vendedor faz, todos os dias.
Infelizmente, a maioria não faz direito e perde oportunidades incríveis.

Por mais simples que pareça, fazer uma boa proposta de valor não é fácil. Você precisa
ter feito corretamente todos os passos anteriores, para poder fazer uma proposta com
a linguagem do cliente e para que ele entenda, valorize e o diferencie da concorrência.

Afinal de contas, orçamentos e propostas baseadas em preço servem apenas para dar
segurança ao cliente para pedir descontos e baixar a sua oferta até onde ele conseguir,
nem percebendo a verdadeira importância e o valor do produto ou serviço que você
vende. Ou que use suas ofertas para negociar com os concorrentes.

Por mais desagradável que seja essa situação, inúmeros vendedores ainda se batem
muito, exatamente nesse passo. Fazendo tudo com perfeição para conquistar a
atenção do cliente, mas na hora de apresentar a oferta, partem para o piloto
automático, para a proposta padrão. E todo aquele processo de criar empatia, ouvir o
cliente e perguntar para saber quais as suas reais necessidades é esquecido, num
rompante no qual o vendedor tenta vencer pela insistência, pelo preço mais baixo ou
usando frases manjadas (todo vendedor veterano tem as suas preferidas).

A verdade é que a arte de vender com sucesso é muito simples. Existem apenas três
variáveis envolvidas numa venda. Primeiro, existem as necessidades dos clientes.
Depois, vem sua oferta. E por último, temos as ofertas dos concorrentes. Se o cliente
tem uma necessidade, ele pode escolher tanto a sua oferta quanto a da concorrência.
Como você vai ver neste livro, provavelmente ele vai escolher o produto ou serviço que
acredite ser o que melhor vai se adaptar ao que precisa. Como os clientes fazem
mentalmente esse “encaixe” entre as próprias necessidades com as percepções
que têm dos produtos ou serviços sendo oferecidos, esse é o ponto crucial, um passo
que pode significar um aumento das suas chances de sucesso no ciclo de vendas.

A partir das dicas que reunimos, você vai entender por que a grande oportunidade
reside no fato da venda ser um processo, não um evento. Ou melhor, os seus
esforços de venda devem estar focados em um trabalho conjunto com seus clientes
para ajudar a moldar suas percepções sobre o que é realmente importante em suas
relações, oferecendo opções possíveis para uma situação ou necessidade particular
através de sua proposta – na qual o item preço será o menos discutido.

Tenho certeza de que ao ler este livro você estará pronto para utilizar técnicas de
apresentação em vendas que o ajudem a oferecer propostas de valor adequadas às
necessidades de cada cliente, nas mais diferentes situações.

Então, aproveite! Vire a página e comece uma nova jornada.

Boa leitura.
Raúl Candeloro
Coordenação Rodrigo Saporiti
©2006 by Raúl Candeloro
Todos os direitos reservados

Capa, projeto gráfico, diagramação e ilustrações Anderson L. A.

Revisão Cione dos Santos


O que eles querem
Para iniciar nossos trabalhos neste livro, separamos algumas
dicas de John Graham, consultor americano, presidente da
Graham Communications (www.magnetmarketing.com),
Fotolito S????????????????????? sobre o que você deve levar em conta para entender o que seus
clientes realmente procuram quando ouvem sua apresentação
Impressão e acabamento Maxigráfica
de venda:

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 2 Foco na tarefa: exageros e promessas vagas estão “por fora”
(Câmara Brasileira do Livro , SP , Brasil) em vendas. Os clientes esperam ser atendidos rapidamente.
Candeloro, Raúl Todo mundo vive pressionado de um lado pela falta de
Proposta de Valor : como formular ofertas imbatíveis adequadas às tempo, e do outro por exigências cada vez maiores do
necessidades e à forma de negociar de cada cliente / Raúl Candeloro ;
[coordenação Rodrigo Saporiti]. -- São Paulo : Editora Quantum, 2006. -- mercado e da própria sociedade. Ninguém tem tempo a
(Coleção passos da venda) perder. A melhor maneira de chamar a atenção num
ISBN 85-9820-405-6
ambiente assim é oferecendo informações úteis, e a melhor
maneira de fechar uma venda é mostrando competência.
1. Clientes - Satisfação 2. Negociação em vendas 3. Persuasão
(Psicologia) 4. Sucesso em negócios 5. Vendas 6. Vendedores
I. Saporiti, Rodrigo. II. Título. III. Série. 2 Simplifique: complexo e complicado estão fora – dê as boas-
vindas à simplicidade. Essa é a forma de manter a atenção de
06-2964 CDD-658.81 seus clientes. Para uma empresa de serviços, isso significa
posicionar-se como um fornecedor externo, enfatizando as
Índices para catálogo sistemático: vantagens da terceirização. Máquinas, equipamentos e
outros produtos devem tornar a vida de seus compradores
1. Habilidade de vendas : Desenvolvimento : Administração
mercadológica 658.81 mais fácil e simples.
2. Negociação em vendas : Habilidades : Desenvolvimento :
Administração mercadológica 658.81
3. Vendas : Técnicas : Desenvolvimento : Administração
2 Posicione-se como “tecnologicamente avançado”: mesmo em
mercadológica 658.81 ramos em que ainda impera a tradição, pode-se trabalhar de
Proibido reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei.
maneira muito mais inteligente, rápida e eficaz usando a
Direitos exclusivos para a língua portuguesa cedidos à Editora Quantum Ltda.
Rua Milena da Costa, 101 CEP: 82100-450 Curitiba Paraná Brasil
tecnologia disponível hoje em dia. Ela permite também
E-mail: atendimento@editoraquantum.com.br reduzir desperdícios e custos – economias que podem ser
repassadas aos clientes na forma de descontos ou usadas
para engordar sua margem de lucro.
Índice
2 Ofereça responsabilidade total e única: os clientes procuram
parceiros que ofereçam soluções completas, para não ter
de ficar negociando com uma porção de fornecedores
diferentes. Existe uma tendência crescente entre os
prospects de não tomarem certas decisões, principalmente
quando um erro pode acabar resultando em complicações
maiores do que não fazer nada. A responsabilidade total e
única é um conceito importante porque implica em
promessa da diminuição de complicações. Uma coisa que
seus clientes desejam com certeza absoluta é a Como começar? 09
simplicidade ou, dependendo do caso, da simplificação. As Como entrar em sintonia com o cliente? 17
pessoas e as empresas estão com a vida muito complicada
hoje em dia – qualquer proposta que simplifique seu Como melhorar seu grau de confiabilidade? 31
trabalho com certeza será muito valorizada.
Como montar o cenário ideal? 41
2 Reduza custos: vendedores geralmente reclamam que Como reforçar argumentos? 51
não conseguiram fechar uma venda porque “o cliente não
Como acelerar o processo? 61
queria gastar dinheiro” ou “o preço da concorrência estava
mais baixo”. Essas respostas simplistas mascaram a Como valorizar sua proposta escrita? 69
necessidade real de reduzir custos. O consumidor
prudente está procurando maneiras de viver melhor,
Como não depreciar sua oferta? 77
produzir mais e economizar dinheiro – tudo ao mesmo Como saber a diferença entre preço e valor? 83
tempo. Mas é vital compreender que isso não significa “o
preço mais baixo”. Reduzir custos, hoje em dia, é muito
Como fugir dos descontos? 91
mais complicado do que isso. Se alguma coisa economiza Como calcular seu preço? 97
tempo, promove um avanço tecnológico, elimina erros,
simplifica processos, produz vantagens competitivas etc., Como lembrar de tudo? 107
então todos esses benefícios também devem ser levados Glossário 117
em conta. E é tarefa do profissional de vendas fazer com
que seus clientes entendam completamente como calcular
esses benefícios.
C
omo começar?

09
P are de desperdiçar orçamentos
Para muitos profissionais de vendas, propostas e orçamen-
Entretanto, para Dan Siedman (da Sales Autopsy), temos de
olhar a coisa também pela perspectiva do prospect. Se não
entendemos o que está acontecendo de verdade na hora em
que ele solicita uma proposta, podemos acabar desperdiçando
horas sem fim criando e entregando documentos para pessoas
tos são a fundação do ato de vender. Muitos de nós investi- que não têm realmente a intenção de comprar nossos
mos constantemente tempo precioso para montar uma boa produtos ou serviços.
proposta, utilizando anos de experiência e conhecimento, no
que é na verdade uma aposta para conseguir mais negócios. E sabe por quê? Porque todo mundo quer consultoria
grátis. E adoram ainda mais quando a coisa vem por escrito, e
No segundo livro da Coleção Passos da Venda, Abordagem, não pessoalmente. Se você não tem uma estratégia para lidar
falamos brevemente sobre a importância de se administrar com pedidos de propostas e orçamentos, você está à mercê do
melhor o tempo de um profissional de vendas, racionalizando seu cliente potencial.
o número de propostas e orçamentos elaborados, qualificando
Fonte: Dan Siedman é consultor da Sales Autopsy
detalhadamente os clientes – assunto que também foi tratado
www.salesautopsy.com
no terceiro livro, Levantamento de Necessidades.

Mas afinal, qual a razão pela qual a maioria de nós aceita


tão rapidamente pedidos de orçamentos? Acontece que fomos
educados e treinados para agradar as pessoas. Imagine como
soaria ridículo você dizer "não" a um pedido desses. Além
disso, muitos vendedores assumem que um pedido de orça-
mento é uma mostra de interesse. Com isso, imaginam que,
Se você não tem uma estratégia
ao entregar o orçamento, deram um passo a mais e aproxi- para lidar com pedidos de propostas
maram-se do fechamento.
e orçamentos, você está à mercê
do seu cliente potencial

10 11
Qualifique primeiro, depois mande o orçamento Afinal, por que eles pedem?

Infelizmente, a maioria das empresas (e os próprios ven- Conheça agora as dez razões mais freqüentes pelas quais
dedores) não tem sistemas e rotinas para determinar quais os prospects pedem propostas (o impacto sobre o seu negócio
prospects realmente merecem o tempo e o esforço de uma está logo em seguida):
proposta mais detalhada. Para Siedman, você precisa enten-
der (e ensinar também) como é fundamental que um vende- 10) Para manter seus fornecedores atuais dentro da linha
dor não saia por aí distribuindo orçamentos para qualquer um Surpresa! Você nunca teve nem chance de fechar esta venda.
que peça, só porque pediram.
9) Para ter uma idéia dos preços atuais dos produtos ou serviços
Realmente é uma questão de qualificar. Se você não sepa- que você vende
rar rapidamente os bons prospects dos que são apenas perda de "Obrigado pelo orçamento, mas fechei com meu cunhado por
tempo, seu faturamento será diretamente influenciado pelos dois centavos a menos que a sua proposta."
maus prospects. Suas expectativas e seu planejamento,
geralmente, estarão incorretos. Pior ainda, você perderá o 8) Para estar sempre a par das últimas novidades
controle do processo de venda. "Obrigado pelas informações. Adeus."

7) Para matar a curiosidade


"É interessante, mas não vamos comprar agora."

6) Para conseguir novas idéias e depois utilizá-las na própria


empresa
Se você não separar rapidamente "Obrigado pela consultoria grátis." Essa dói!
os bons prospects dos que são
apenas perda de tempo, seu faturamento
será diretamente influenciado
pelos maus prospects

12 13
5) Para ter uma idéia de quanto custa trabalhar com você Para Siedman, a lição que devemos aprender é que você
"Nossa, que caro!" precisa estabelecer algumas regras gerais sobre quais prospects
merecem o investimento do seu tempo e conhecimento numa
4) Para que você pare de incomodar proposta. De outra forma, você desperdiçará uma quantidade
Ocorre com freqüência quando o vendedor não qualifica absurda de tempo preparando e imprimindo negócios que
direito e depois fica insistindo no contato. nunca serão aprovados. Se você não matar as ervas daninhas,
não poderá colher as flores. Aliás, se o processo implantado
3) Para aprender mais sobre o mercado e depois usar esse funcionar mesmo e indicar que a venda deve ir adiante, não
conhecimento para exibir-se com o chefe se esqueça de consultar as dicas especiais sobre apresentação
Quer dizer que você gastou tempo com a pessoa errada. de orçamentos publicadas no livro Abordagem, da Coleção
Passos da Venda. Separamos um capítulo inteiro somente
2) Para resolver um problema que realmente existe sobre esse assunto.
Pena que você não saiba nada sobre as outras oito propostas,
quanto estão cobrando e o que andam falando de você.

E, finalmente, a número um, a principal razão pela qual


prospects fazem com que você coloque seu sangue, suor e
lágrimas em tantos orçamentos e propostas:

1) Porque um cliente pode contar um monte de mentiras para o


vendedor e ainda assim entrar no Céu.

Por favor, pare de perder tempo pulando entre aros pegan-


do fogo, como os leões do circo, para qualquer um que balan-
ce a cabeça ou resmungue ao telefone. Qualifique primeiro,
depois invista o tempo necessário nos seus melhores clientes
potenciais. Sua empresa deveria desenvolver algum tipo de
critério para ajudá-lo a definir o que significa um bom prospect.
Use esses critérios, ou crie alguns imediatamente, para salvá-
lo de quebrar tantas vezes a cara. Uma boa estratégia pode até
ser cobrar uma pequena quantia pelo orçamento. Obviamen-
te, um prospect que não é sério vai reclamar na hora. Diga que
o valor será descontado do orçamento depois, caso a proposta
seja aceita. Experimente o conceito, testando-o por dois ou
três meses.

14 15
C
omo entrar em
sintonia com
o cliente?
"Ria e o mundo rirá com você.
Chore e você chorará sozinho"
Jorge Luis Borges

16 17
P ara cada cliente, uma
apresentação diferente
Prepare-se com PNL

Acredito que todos os profissionais de vendas que estejam


lendo este livro, agora, estão dispostos a agir de forma
empática, oferecendo soluções em forma de produtos e
serviços. Contudo, existem técnicas que permitem se
Quando falamos em apresentação de propostas, um comunicar, de forma consciente, da maneira preferida de seu
assunto muito importante é saber entrar em sintonia com o cliente, fazendo com que ele permita essa aproximação de
cliente, com o objetivo de criar uma relação de empatia. Acon- forma mais fácil. E a principal fonte é através da Programação
tece que, na visão do grande especialista Zig Ziglar, apesar do Neurolingüística (PNL). Afinal, ao observarmos nossos
uso generalizado da palavra “empatia”, muitas pessoas ainda clientes, seus gestos, olhares e comportamentos definirão
não conhecem a diferença entre empatia e simpatia e sua qual a melhor estratégia a ser adotada antes, durante e depois
aplicação no mundo das vendas. Simpatia significa sentir o da oferta.
mesmo que outra pessoa. Empatia significa compreender
como a outra pessoa sente, embora você não sinta-se do mes- Isso porque a programação neurolingüística em vendas
mo modo. parte de um fato muito simples: confiamos em pessoas que
são como nós, e esta é uma vantagem oculta que a força de
Exemplo: quando você observa um motorista com seu vendas pode utilizar para melhorar seus resultados.
carro parado no acostamento, num dia de chuva, sua simpa-
tia pode ser perfeitamente demonstrada quando você se junta Nesse sentido, a PNL oferece técnicas como o rapport. A
a ele. Empatia é quando você compreende como ele está se técnica de rapport consiste em construir uma ponte que ajuda
sentindo, por isso, leva-lhe um guarda-chuva e um celular a pessoa com quem você está se comunicando a descobrir o
para ajudá-lo a resolver o problema. significado e a intenção do que você está dizendo. Ela permite
que as pessoas se sintam mais à vontade com você e cria um
Fonte: Zig Ziglar é especialista em vendas, autor de vários livros, entre eles:
Os Segredos da Arte de Vender (Editora Record)
sentimento de proximidade e compreensão. E, o mais
importante, quando se trata de vender, a comunicação
ajudará seus clientes a sentirem que aquilo que você propõe é
dirigido a eles, voltado para suas necessidades e desejos
específicos.
Fonte: Para saber mais sobre programação neurolingüística, visite o site da
Sociedade Brasileira de PNL
www.pnl.com.br

18 19
Essa técnica pode ser aplicada de diversas formas, uma 2 Utilize palavras persuasivas: são de uso comum na
delas é acompanhando as expressões faciais ou os publicidade, como: descobrir, bom, fácil, dinheiro, garantido,
movimentos corporais do cliente (“O corpo fala”, assunto que saúde, novo, comprovado, economia, seguro etc.
já foi comentado no livro Abordagem, da Coleção Passos da
Venda), podendo-se conduzi-lo a uma postura mais positiva e 3 Realize o espelhamento: quando duas pessoas apreciam a
voltada a soluções. companhia uma da outra, elas se aproximam, inclinam-se
para frente. Se uma cruza as mãos, a outra faz o mesmo.
Existem ainda outras técnicas de neurolingüística que, Aprenda a prestar atenção aos diferentes movimentos das
combinadas, vão ajudá-lo a criar rapport e conquistar pessoas quando elas estão falando com você. Depois de
confiança, de acordo com Kerry L. Johnson. Acompanhe: alguns minutos, espelhe o que está vendo, sem perder o
ritmo da conversa.
1 Use palavras-chave: podem ser um jargão do uso comum
de seu cliente ou uma palavra que expresse o que ele 4 Iguale os padrões de voz: sua voz é uma das melhores
realmente necessita. Por exemplo: se você estiver ferramentas para estabelecer um bom relacionamento.
vendendo uma casa e seu cliente disse: “O que eu quero é Você pode igualar o ritmo (velocidade), a altura (tom
uma vista incrível”, você saberá que o que ele está agudo ou grave), o timbre (ressonância) e as inflexões
querendo dizer realmente é maravilhosa, não apenas (como as palavras são pronunciadas).
bonita ou adequada. E ao mostrar-lhe a casa, reforce a
idéia dizendo: “Esta é a casa de que falamos. Acho que
você vai concordar que a vista é incrível”.
Fonte: Kerry L.Johnson é um dos maiores oradores e consultores de vendas dos
EUA, autor do livro A Mágica de Vender – Técnicas de neurolingüística
que vão revolucionar suas vendas (Editora Campus/Elsevier) Quando duas pessoas apreciam
www.kerryjohnson.com
a companhia uma da outra,
elas se aproximam,
inclinam-se para frente

20 21
Acuidade sensorial 2. Auditivo – O cliente é auditivo quando seus olhos se mo-
vem de um lado para o outro. Eles (olhos) estarão dialo-
Essa técnica também é muito conhecida e treina os senti- gando consigo mesmo, ou ouvindo palavras e vozes
dos para notar as diferenças mais úteis e refinadas. Permite armazenadas em seu banco de memória. Ao conversar
reconhecer a linguagem corporal dos seus clientes, como: com uma pessoa assim, use muitas palavras, pois ela
gestos, movimento dos olhos, entre outros. Para a especialista prefere e está acostumada a isso. Entre em mais detalhes
Laila Kallas, seu fundamento se deve ao fato de o processo de sobre as características e os benefícios dos seus produtos,
comunicação começar com nossas percepções. Elas são nossos sistemas ou serviços.
pontos de contato com o mundo. Por exemplo: nossos olhos
coletam imagens, nossos ouvidos captam sons. Captamos As palavras mais usadas por alguém que esteja no canal
sensações tanto externas (tato, olfato, gustação) como inter- auditivo são: amplificar, conversar, dissonante, mensagem,
nas (emoções). São os canais representacionais: visual, audi- consultar, mencionar, silêncio, declarar, sintonizar, boato,
tivo e sinestésico. voz etc.

1. Visual – Quando os olhos do cliente se movem para cima, Use testemunhos e endossos para vender a um cliente
ele está vendo imagens. Saber que seu cliente está usando auditivo. Utilize-se da mudança de tonalidade, timbre,
o canal visual, permite que você venda seu produto ou volume e velocidade da fala para pontuar verbalmente
serviço visualmente. Algumas palavras do canal visual são: seus pontos mais importantes. Use palavras orientadas
analisar, parecer, panorâmica, clareza, claro, “dar uma para o som. Em lugar de enviar aos clientes apenas infor-
olhada”, distinto, sonho, enfoque, imagem, “visão geral”, mações visuais, mande também CDs de áudio descrevendo
observar, ler, perceber, cara a cara, entre outras. seus produtos ou serviços. Telefone com freqüência para as
pessoas auditivas. Mesmo uma breve conversa pode signi-
Para vender a esse cliente visual, você pode lançar mão de ficar muito.
desenhos, gráficos, diagramas ou maquetes. Para ele, uma
imagem vale mais que mil palavras. Em lugar de dizer
quanto os lucros irão crescer, pinte-lhe um quadro vivo.
No seu fechamento, não se limite a fazer um resumo dos
benefícios. Escreva-os em um papel ou em uma lousa, de
modo que o cliente possa vê-los. Lembre-se de estar bem-
vestido, isso é muito importante ao visitar pessoas
altamente visuais. Ela julgará seu profissionalismo pelo
impacto visual que você projetar com suas roupas, seu
carro, sua pasta e sua apresentação.
Fonte: Laila Kallas é psicoterapeuta e master practitioner em PNL
www.fitrain.com.br/laila

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3. Sinestésico – Com o cliente sinestésico, verbalize estados Perfis de comportamento
de emoção e incentive o ato de manipulação para, desse
modo, você conseguir efetuar sua venda. Quando o cliente Existem várias formas de conhecer o perfil da pessoa
olha para baixo, ele está pensando e sentindo emoções. para quem você vai apresentar sua proposta. Aliás, o melhor
Diga-lhe como irá sentir-se satisfeito e relaxado depois de conselho é sempre procurar se antecipar, procurando infor-
adquirir o produto ou serviço. Deixe-o pegar, operar apal- mações na Internet, ouvindo comentários no corredor da
par o produto ou até mesmo andar ao redor dele (se for empresa do cliente ou mesmo observando como é o ambien-
possível). te onde ele trabalha e como reage às coisas que acontecem
no seu dia-a-dia.
Algumas palavras usadas por alguém no canal sinestésico
são: ativo, afetado, atacar, “pôr a mão na massa”, concre- Alguns especialistas em neurolingüística falam em “Esti-
to, afiado, profundo, desmantelar, “pegar o jeito”, praticar, los de Comportamento”. Porém prefiro apresentar aqui os
discussão, macio, testar etc. conceitos elaborados por Carlos Alberto Júlio em seu livro A
Magia dos Grandes Negociadores (Negócio Editora), que adap-
Para vender a um cliente sinestésico, use palavras físicas, tou às necessidades de um negociador os quatro tipos de
de ação e emoção. Considere a possibilidade de tocar mais comportamento identificados sucessivamente por grandes
as pessoas sinestésicas. Elas o perceberão como mais cientistas ao longo da história, sendo o principal o mestre da
autêntico, caloroso e sincero. Ocasionalmente, olhe para psicologia Carl Jung.
baixo e para a direita. Envolva-as fisicamente com seu
produto ou serviço. Certifique-se de que a pessoa esteja Sabendo que nenhum perfil é melhor do que o outro e
fisicamente confortável. Se não estiver, irá ignorar boa que ninguém apresenta única e eternamente um mesmo
parte da sua apresentação. perfil, vamos aprender a identificá-los:

É preciso se fazer duas perguntas:

1. No ambiente de trabalho, o cliente age mais com a razão ou


com a emoção?
2. No ambiente de trabalho, o cliente é mais lento ou mais
rápido na tomada de decisões?

Fonte: Carlos Alberto Júlio é presidente da HSM do Brasil, professor, palestrante e


autor de vários livros, entre eles A Magia dos Grandes Negociadores – Venda
produtos, serviços, idéias e você mesmo com muito mais eficácia (Negócio
Editora/Elsevier)
www.carlosjulio.com.br

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Observando a matriz a seguir, se você respondeu “razão” 1) Pragmático: é formal, possui um firme aperto de mão, é
para a primeira pergunta, o cliente está num dos quadrantes assertivo, organizado – mas não excessivamente metódico –,
superiores. Se com emoção, ele está num dos inferiores. Por gosta de ir direto ao assunto e decidir rápido. Busca poder e
fim, ao observar as respostas da segunda pergunta, você tem pode ser insensível.
um cliente “lento” do lado esquerdo da matriz ou um 2 Rapport – Ao ser recebido com formalidade pelo cliente
“rápido” do lado direito. pragmático, adote a mesma postura. Não caia na armadi-
lha de “quebrar o gelo”. Saiba que ele quer respostas e,
Dessa maneira, de acordo com Carlos Alberto Júlio, acima de tudo, decidir rápido. Aliás, explicações demais
obtemos quatro combinações possíveis e, conseqüentemente, podem parecer enrolação para ele. Então, prepare-se
quatro perfis distintos: levando algumas respostas para o encontro.

“Razão” + “Rápido” = Perfil Pragmático Dica importante: caso tenha dificuldade na negociação, mude o
“Razão” + “Lento” = Perfil Analítico ambiente. A tendência é o cliente migrar para o perfil Afável,
“Emoção” + “Rápido” = Perfil Expressivo onde a emoção poderá ser decisiva.
“Emoção” + “Lento” = Perfil Afável
2) Analítico: tem tom de voz constante e gestos pensativos,
possui muitos papéis sobre a mesa (catálogos, relatórios etc.)
Matriz dos perfis de comportamento – mas tudo organizado –, é gradual no processo de tomada de
Razão decisão e demanda uma grande quantidade de informações.
Presta muita atenção, tentando descobrir quais as vantagens
e as conseqüências de cada proposta, além de se preocupar
Pragmático
em ser justo e de agir com base em princípios. Busca a perfei-
Analítico
ção e tende a ser um idealista.
2 Rapport – Prepare todo tipo de informação que esse tipo de
Lento Rápido cliente possa vir a precisar, pois são imprescindíveis ao
processo de tomada decisão. Além disso, ele precisa de
Afável Expressivo tempo para avaliar tudo. Se o Analítico achar que você
está tentando “forçar” um fechamento, ele tenderá a se
encolher e levantar mais defesas. Lembre-se, ele quer
Emoção dados, não opiniões.

Fonte: A Magia dos Grandes Negociadores (Negócio Editora/Elsevier) Dica importante: assim como com o Pragmático, caso você
perceba que a decisão final vai demorar demais, tente mudar
Importante: em outro ambiente, todas as pessoas tendem a se deslocar no o ambiente, aproveitando os aspectos emocionais da proposta.
quadrante de perfis de comportamento, em geral, na diagonal. Assim, em casa,
um Pragmático costuma se aproximar do comportamento do Afável, e o Analíti-
co, praticamente assume o comportamento de um Expressivo, por exemplo.

26 27
3) Expressivo: é eloqüente, tem gestos largos e fala alto, é tenha sempre em mente essas aparentemente simples, mas
movido, muitas vezes, pela intuição, costuma mudar de poderosas, maneiras de fazer as pessoas gostarem de você – e
assunto, abordando temas diversos além dos negócios, e não do que você representa, é claro. São elas:
gosta de ir direto ao assunto e decidir rápido. Busca
popularidade e pode ser centrado em si mesmo. v Princípio 1: Torne-se verdadeiramente interessado na
2 Rapport – Prepare-se para utilizar uma estratégia baseada outra pessoa.
em relacionamento, ou seja, uma boa conversa pode v Princípio 2: Sorria.
preceder a proposta de negócios. v Princípio 3: Lembre-se de que o nome de uma pessoa é,
para ela, o som mais doce e mais importante que existe
Dica importante: apesar de lento, a velocidade da tomada de em qualquer idioma.
decisão do Expressivo pode acelerar em virtude da intuição, e v Princípio 4: Seja um bom ouvinte. Incite os outros a
você pode acabar ficando para trás. falar sobre eles mesmos.
v Princípio 5: Fale de coisas que interessam à outra pessoa.
4) Afável: é gentil e empático, tem gestos suaves e fala baixo. v Princípio 6: Faça a outra pessoa sentir-se importante, e
Preocupa-se em desenvolver relacionamentos duradouros, faça-o com sinceridade.
gosta de solicitar aprovação e bons conselhos. Busca a paz e
tem apego à tradição. Fonte: Dale Carnegie foi um dos maiores especialistas em comunicação eficaz e
relações humanas. Autor de vários livros, entre eles o best-seller Como Fazer
2 Rapport – Vá devagar, com calma, e procure estabelecer Amigos & Influenciar Pessoas (Companhia Editora Nacional).
uma relação de cumplicidade. Além de conselhos, essas www.dalecarnegie.com
pessoas precisam de apoio para suas decisões.

Dica importante: caso se sinta traído, nunca mais irá recebê-lo.


Pode até continuar a negociar com você, mas através de
terceiros.

Fórmula universal

Com tudo que foi apresentado, você já deve estar se


sentindo pronto para conquistar a atenção de seus clientes.
Entretanto, não poderia encerrar esse capítulo sobre sintonia
sem deixar alguns princípios fundamentais, desenvolvidos e
divulgados há décadas pelo grande mestre Dale Carnegie,
sobre como fazer amigos e influenciar pessoas. Acompanhe e

28 29
C
omo melhorar
seu grau de
confiabilidade?
“Deus nos dá as nozes,
mas não as quebra”
Provérbio alemão

30 31
C omo anda seu QC – Quociente
de Credibilidade?
Somos um País de céticos, o que é altamente contraditório
com a forma que educamos nossas crianças. Ensinamos as
crianças a não mentir, mas na rua e na vida elas aprendem
rapidinho que muitas das mensagens recebidas não são
verdadeiras.

Poucos clientes são realmente capazes de analisar sua Constantemente vemos propagandas com frases exagera-
proposta e escolher o melhor produto ou serviço usando das ou afirmações beirando o mágico, que naturalmente nos
apenas as evidências tangíveis. Então, muitas vezes, acabam levam a desconfiar da proposta, ou que não tem nada a ver
dependendo exageradamente dos sentimentos em relação ao com o público-alvo. Para o especialista Art Sobczak, da
vendedor. Por isso, é tão importante investir na sua credibi- Business by Phone, o problema é que muitos vendedores fazem
lidade. o mesmo, desperdiçando seu tempo, o do cliente e, pior de
tudo, destruindo não só sua própria credibilidade, mas a de
E você: é visto como um profissional confiável? Qualquer toda a classe vendedora.
pesquisa rápida que façamos vai (infelizmente) colocar o grau
de confiabilidade dos vendedores, como profissão, lá embai- Fonte: Art Sobczak é presidente da Business by Phone
xo, junto com políticos e outros lagartos. www.businessbyphone.com

Constantemente vemos propagandas


com frases exageradas ou afirmações
beirando o mágico, que naturalmente
nos levam a desconfiar da proposta

32 33
Dê uma melhorada no seu QC Em vez de dizer: “Temos orgulho do nosso padrão de
atendimento”, descreva como a sua empresa encara o aten-
Mas então, como profissionais, o que podemos fazer para dimento ao cliente:
combater essa imagem negativa? Para começar, elimine do
seu vocabulário de vendas frases pirotécnicas ou exageradas, “Quando você ligar para nossa empresa, falará diretamente com
substituindo esse linguajar inútil por afirmações voltadas seu próprio representante interno, que terá todas as informações
especificamente para ações e resultados. Você já conhece as disponíveis sobre você no computador. Nada de ficar sendo mandado
necessidades do cliente. Então, saiba como falar o que é de um lado para o outro, sendo transferido de ramal ou deixando
importante para ele durante a apresentação de sua proposta. recados. Você terá uma pessoa que vai cuidar de você.”

Por exemplo, em vez de dizer: “Dedicamo-nos à excelên- O clichê mais comum e mais odiado por Sobczak é:
cia”, explique por que você é excelente: “Somos o nome mais respeitado do ramo.” Que coisa mais
arrogante, pomposa e inútil. Se você realmente quer passar
“Nós verificamos cada pedido três vezes para eliminar erros.” credibilidade para o mercado, esteja pronto para provar suas
afirmações. Por exemplo:

“Somos a maior empresa de parapipocas do Brasil, de acordo com


a revista Parapipocas e Cia.”

Elimine do seu vocabulário


de vendas frases pirotécnicas
ou exageradas

34 35
Outro tipo de clichê é a famosa “temos a melhor relação de É mais um caso em que, em vez de vir com frases bonitas,
custo–benefício”. Alguém aí, em algum do lugar do Brasil, mas vazias, você deveria dar exemplos concretos. Para
pode dizer que alguma vez disse e ouviu do prospect como Sobczak, ter uma boa relação custo–benefício significa que o
resposta: “Puxa, é mesmo? É isso que eu estava procurando, comprador recebe algo de valor em troca do seu investimento.
porque meu fornecedor atual é péssimo. Vamos fechar já?!”. Então, descreva esse valor de forma que o cliente possa
entender:
Para que isso ocorra, o fornecedor atual tem de ter
cometido um erro imenso, causando a fúria do cliente, que “Com este novo processo automatizado, você eliminará imediata-
queira trocar imediatamente de fornecedor. Isso só acontece mente as horas extras que está levando por ainda estar fazendo isso
uma vez em um milhão, e olhe lá – depende muito mais da manualmente. De acordo com o que você me disse, isso irá gerar uma
sorte do que da sua competência. E sem nenhum outro economia de R$ 200 por mês. Em seis meses você já pagou o investi-
concorrente na jogada, porque todos seus concorrentes vão mento – daí para a frente o resto é lucro.”
dizer exatamente a mesma coisa: “Temos a melhor relação
custo–benefício do mercado”.

Ter uma boa relação custo–benefício


significa que o comprador recebe
algo de valor em troca do
seu investimento

36 37
A teoria que estamos reforçando aqui é que dar substância Então, pense nisto: como anda seu quociente de credibi-
às suas afirmações é uma excelente ferramenta para agregar lidade? Suas frases são bonitas, mas vazias ou você prova de
valor às suas propostas, principalmente em mercados muito maneira concreta e prática o que está dizendo?
concorridos, nos quais todo mundo acaba dizendo a mesma
coisa. Pouca gente faz isso – se você fizer, além de melhorar
nossa imagem como vendedor, certamente acabará vendendo
Diga a seus prospects o que você vai fazer ou quais são seus muito mais também.
diferenciais, depois ofereça fatos concretos que suportem suas
afirmações. E aqui entra o verdadeiro profissional: quanto
mais personalizadas forem essas afirmações, levando em
conta a realidade específica do cliente, mais sucesso você terá.

Diga a seus prospects o que você


vai fazer ou quais são seus diferenciais,
depois ofereça fatos concretos
que suportem suas afirmações

38 39
Como montar
o cenário ideal?

“Defeitos não fazem mal,


quando há vontade e poder
de os corrigir”
Machado de Assis

40 41
E ra uma vez... Contando histórias
para vender mais
Uma idéia milenar

Esse não é um novo fenômeno. Segundo Sobczak, Jesus


usava histórias freqüentemente (as “parábolas”). Políticos
usam histórias para simplificar casos complexos – e manipu-
lar a opinião pública. Uma vez, Bill Clinton, ex-presidente
As pessoas estão sempre interessadas em outras pessoas. norte-americano, conseguiu deter cortes ao seu orçamento
Tanto é assim que as revistas de maior tiragem, no mundo contando histórias sobre velhinhas sendo expulsas de asilos,
inteiro, são as de “fofoca”. Existe uma avidez permanente por jogadas na rua, sobrevivendo de restos de comida em latas de
saber mais sobre a vida de certas personalidades, suas expe- lixo. Exagero ou não, republicano ou democrata, pouco inte-
riências, sucessos e infortúnios. Além disso, as pessoas gos- ressa. O que vale é que esse tipo de história cria imagens
tam de diversão, seja no trabalho, seja fora dele. Então, muito reais em nossas mentes.
quanto mais interessante você tornar sua proposta de venda,
mais impacto ela terá. O consultor Art Sobczak acha que esse Histórias, metáforas, analogias e exemplos – tudo isso
é um fato da comunicação humana. ajuda o cliente a entender melhor e aumentar a retenção da
sua proposta. Aposto que, se você conseguir lembrar dos seus
Aliás, falando nisso... fatos são geralmente bem chatos. professores favoritos na escola ou faculdade, provavelmente
Eles não conseguem evocar as sensações e os sentimentos vai lembrar também das histórias que eles contavam – embo-
necessários para criar nos clientes a vontade de agir. É por ra tenha esquecido quase tudo que ensinavam a você.
isso que as histórias são eficazes para ajudar as pessoas a
entender e aceitar suas idéias – logo, você vai acabar venden-
do mais se usá-las corretamente.

42 43
Ouvintes tendem a aplicar histórias em suas próprias Gerando impacto
vidas, o que os ajuda a compreender melhor o assunto. Você
pode fazer sugestões numa história (ou fazer alguém na Agora que você já sabe a importância de contar histórias
história dizer coisas) que nunca teria a ousadia de fazer (ou para ajudar a criar mais impacto em suas apresentações de
dizer) pessoalmente. propostas, acompanhe alguns exemplos de como fazer isso,
seguindo os ensinamentos de Art Sobczak.
Histórias também tendem a ajudar as pessoas a relaxa-
rem. Elas não se sentem pressionadas quando você conta Segundo Sobczak, ao utilizar histórias em nossas apresen-
uma história ou anedota. Como vendedores, podemos apre- tações, estamos diminuindo nossa distância do prospect
sentar características e benefícios chatos. Ou... podemos (principalmente se estivermos fazendo telemarketing). O
estimular, eletrizar e mesmo descobrir sentimentos escondi- prospect coloca-se no papel principal do “filme” mental que
dos – que somente virão à tona com essas histórias, metáfo- você está criando. Ele sente, de antemão, as emoções que
ras e analogias. terá ao comprar e utilizar o que você está vendendo – e é por
isso que ele compra. Então, aqui vão algumas dicas que você
De acordo com Sobczak, suas histórias não precisam ser pode utilizar para fazer com que suas propostas sejam mais
longas – e nem deveriam ser. Umas poucas sentenças já bas- visuais, emocionais e relembradas, tornando suas ofertas
tam. Coloque seus clientes nas histórias. Ajude-os a visuali- mais desejáveis:
zarem-se já usando seu produto ou serviço ou vivendo mais
tranqüilamente porque você pode ajudá-los a resolver ime- 1. Use exemplos similares na terceira pessoa – Pense sobre o
diatamente seu problema. efeito que esta frase tem sobre você, pessoalmente: “Eu
acabei de conhecer alguém que se parece e fala exata-
“Vamos dizer que você tenha comprado o sistema da concorrência. mente igual a você, e...”. No mínimo, você ficou curioso e
Dois anos se passam, a garantia está vencida, o motor ‘pifa’. Com interessado. Você pode fazer exatamente a mesma coisa
certeza, você teria de assinar mais alguns cheques novamente e gastar com produtos/serviços e clientes/prospects:
mais dinheiro. Agora, com nosso sistema, você não teria nenhuma
despesa extra – bastaria pegar o telefone e me ligar...”. c História: “Eu estava falando com ____________ na semana
passada, e ele me disse que estavam tendo exatamente o mesmo
problema. Deixe-me contar o que ele fez...”.

44 45
2. Anime e humanize seus produtos/serviços – Comerciais na 4. Exagere comparações competitivas – Compare os contrastes
TV nos dão de tudo, desde animais que conversam até e as diferenças com a concorrência. O exemplo de sempre
controles remotos que andam. Adivinhe só: esse negócio é “comparar maçãs com laranjas”. Pense na sua.
funciona! Ao humanizar coisas que seriam normalmente
entediantes, conseguimos aumentar a memorização dos c História: “Usar uma máquina menor para realizar esta tarefa é
nossos pontos. Donald Moine e Kenneth Lloyd, no seu como ter de usar um cortador de unhas para aparar a grama de
livro Unlimited Selling Power, dão um bom exemplo: um campo de golfe. Vai demorar um tempão, a qualidade vai ser
bastante discutível, e você vai acabar passando o dia inteiro só
c História: “Este programa de computador é tão fácil de usar que fazendo isso – ajoelhado, ainda por cima”.
vai levá-lo pela mão e ajudá-lo sempre que você tiver uma
dificuldade”. 5. Simplifique situações complexas – Muitas vezes, perdemos
vendas porque o comprador acha que seria uma chatea-
3. Histórias de horror – com os outros! – Seu objetivo, afinal, é ção ter de mudar o jeito como as coisas são feitas hoje.
fazer com que o prospect aja. E o medo é um motivador Ou acha que “é complicado demais, que vai ser difícil
poderoso. Alguns profissionais preferem ser sutis ao usar aprender o novo jeito, etc.”. Se for esse o seu caso, use
o medo, em vez de aterrorizar o prospect (quem sabe, exemplos de coisas similares, do dia-a-dia, que o cliente
talvez, com medo de provocar um enfarte). Uma maneira possa assimilar:
de fazer isso é contando as aventuras e peripécias de um
outro infeliz – e deixar que o prospect, sozinho, se veja na c História: “Usar este sistema é bem mais fácil do que a maioria
mesma situação. das pessoas imagina. É como usar o alarme do despertador.
Demora um minuto para você aprender a primeira vez quais
c História: “Conheço uma loja que foi processada na Justiça por botões apertar – depois, você consegue fazer até no escuro”.
um senhor que caiu na escada. A loja não tinha seguro, pois
achava que isso nunca iria acontecer, e o dono quase faliu
quando teve de pagar a indenização”.

46 47
6. Suas próprias experiências profissionais – Se você usa o que 9. Procure por material novo todos os dias – Você não precisa
vende, diga aos clientes como isso melhorou sua vida e ser o melhor contador de histórias do mundo. Mas pelo
como vai melhorar a vida deles também. Na verdade, a menos as suas histórias têm de ser boas, e você tem de
explosão do network marketing está enormemente basea- dedicar-se a melhorar. É como aquelas pessoas que dizem:
da nisso – testemunhais de pessoas que usam (e gostam) “Nunca consigo me lembrar de piadas”. O que essas
tanto de um produto que resolvem vendê-lo. Isso passa pessoas na verdade estão dizendo é: “Eu nunca trabalho
muita credibilidade, desde que você não exagere na dose. de verdade para armazenar em minha memória as histó-
rias que gostaria de repetir”. Quando você cruzar com um
c História: “Eu tinha artrite, e não conseguia mais nem me exemplo, um testemunhal, uma situação ou qualquer
levantar da cama sozinho. Já tinha tentado de tudo: remédios, outro detalhe... pare e ponha-o no papel, rápido! Não
homeopatia, acupuntura, ioga, águas termais... e nada parecia confie na sua memória. Assim que puder, dedique-se a ele
funcionar. Finalmente, resolvi tomar o complexo vitamínico do – estique-o, dobre-o, comprima-o... enfim, faça com que a
Doutor Saratudo, e minha vida mudou...”. história seja interessante, e que prove seu ponto.

7. Personalização – Quanto mais você conhece o prospect, c História: “E aí eles casaram e foram felizes para sempre...”
mais você pode personalizar suas histórias. Se você sabe (pensando bem, talvez este não seja um bom exemplo).
que seu prospect é louco por futebol, insira na história
alguns termos específicos – e bola na rede!

c História: “Vai ser mais fácil do que cobrar um pênalti sem


goleiro”.

8. Faça com que eles também contem suas histórias – A melhor


parte das histórias é que você sabe que está no caminho
certo quando eles começam a contar histórias também!
Se eles não forem “voluntários”, dê uma forcinha (essas
histórias são ainda mais poderosas do que as suas).

c História: “João, aposto que já aconteceu de você ser mal atendido


numa loja. Como foi que aconteceu? O que você sentiu?”

48 49
C omo reforçar
seus argumentos?

“Não confunda, jamais,


conhecimento com sabedoria.
Um o ajuda a ganhar a vida.
O outro, a construir uma vida”
Sandra Carey

50 51
F aça a psicologia trabalhar a seu favor
Algumas das regras mais fáceis de comunicação são as
A Regra da Determinação Genérica

E daí? – você já deve estar se perguntando. Fique tranqüi-


lo, pois o que, agora, parece mais uma dessas regras pedantes
de marketing é na verdade uma das armas mais úteis que
regras psicológicas. Psicologia + comunicação = vendas. você pode possuir no seu arsenal na hora de elaborar suas
Para o autor, consultor e especialista Herschell Gordon Lewis, propostas.
descobrimos essas regras perguntando-nos: “Por que eu reagi
dessa maneira?”, eliminando depois da resposta nossos Um mês é mais comprido e dura mais do que 30 dias.
preconceitos pessoais e outras impurezas. O que fica é uma Verdade: o tempo percebido é a chave psicológica que pode
regra brilhante, valiosa, que permite a um bom vendedor abrir as portas da receptividade do comprador. O que essa
tocar ritmos virtuosos nas notas e cordas psicológicas dos regra significa, então, é que algo genérico (como mês ou dia)
seus clientes. exerce um maior controle sobre a reação humana do que o
número associado a esse genérico (neste caso: “1” mês e “30”
Certa vez, ao escrever uma mala-direta, Gordon Lewis dias).
decidiu reforçar a garantia de devolução de dinheiro, trocan-
do o tempo de inspeção gratuito do artigo de 30 dias para um Mas isso funciona mesmo? Pode apostar. Uma hora é mais
mês. Os resultados melhoraram instantaneamente. Aí, como do que 60 minutos. Os genéricos aqui são hora e minutos. Os
Arquimedes na sua banheira, Lewis gritou: “Eureka!”, pois a números: “1” e “60” – “uma” hora e “60” minutos. A regra
razão do sucesso dessa troca finalmente ficou clara – é a diz que o genérico determina a reação mais do que os núme-
Regra de Determinação Genérica: o genérico determina ros. Sendo assim, 60 minutos parece menos tempo do que
mais reações do que números. uma hora. Talvez seja por isso que um famoso programa de
televisão chama-se justamente “60 minutos”. Se fosse “1
Fonte: Herschell Gordon Lewis é um dos maiores nomes do mundo em comunicação hora”, provavelmente ninguém assistiria.
e redação para marketing direto
www.herschellgordonlewis.com

52 53
Da mesma forma, 60 segundos parece ser um período A Regra Cronológica
mais curto de tempo do que um minuto. 24 horas é menos
tempo do que um dia. Prestamos mais atenção à unidade Vamos dar mais um passo e subir um degrau. Qual destes
genérica – segundos, minutos, horas ou dias –, e não ao slogans transmite uma sensação de tempo mais longa?
número.
a) Estabelecidos neste local em 1980.
Essa informação não é trivial. Você pode controlar a reação b) Mais de 25 anos estabelecidos neste local.
de um cliente, ou um prospect, sem ter de mentir ou adulterar
fatos. Vamos expandir a Regra da Determinação Genérica para
cobrir esse novo conceito, a Regra Cronológica: números de
Se você quer sugerir que entrega em menos tempo, você anos, meses ou dias parecem mais longos.
coloca “48 horas”. Se quer parecer que demora mais, coloca
“2 dias”. 500 metros é perto – meio quilômetro é longe. 250 Usando as duas regras juntas, podemos agora ampliar
mililitros é pouco – um quarto de litro é bastante. nossas determinações genéricas em ambas as direções. Se
você quer que um evento pareça ter ocorrido recentemente,
ele não aconteceu três meses atrás – aconteceu em “feve-
reiro”. “Eu não a encontrava há dez anos” sugere um período
bem mais longo de desencontros do que: “Eu não a encontra-
va desde 1996”. Da mesma forma, dizer que você tem um
carro “desde 2004” é bem mais curto do que dizer que o teve
“por dois anos”.
Prestamos mais atenção à
unidade genérica – segundos,
minutos, horas ou dias –,
e não ao número

54 55
A psicologia da seleção do verbo Uma exceção apenas: use “vendido”, não “foi vendido” ou
“foram vendidos”, quando tiver de sugerir um vínculo com o
Qual é a diferença entre estas duas frases? passado, especialmente utilizando frases como: “Milhares
vendidos por R$ 100,00.”
a) Isto é vendido em outros lugares por R$ 100,00. (verbo
no presente) Outro exemplo: por que é que “Isto foi vendido...” (singu-
b) Isto foi vendido em outros lugares por R$ 100,00. lar) geralmente traz mais resultados do que “Estes foram
(verbo no passado) vendidos...” (plural)?

Existem muitas diferenças entre elas. O tempo presente Exclusividade é um dos cinco grandes motivadores. A sin-
tem mais poder, porque – agora, neste mesmo instante –, gularidade sugere exclusividade. Colocar no plural transforma
alguém mais também está vendendo por R$ 100,00. Coisas no automaticamente tanto o que você vende quanto as pessoas
passado perdem a força porque são história. que estão comprando em entidades anônimas – mais um
número ou uma estatística.
O que você faz se você não pode dizer que os outros
realmente vendem a R$ 100,00? Simples: basta mudar o A singularidade sugere implicitamente uma limitação na
verbo novamente: “Isto tem sido vendido em outros lugares quantidade. É o mesmo impulso que leva multidões a dormir
por R$ 100,00”. na porta das lojas nas grandes liquidações: “Só enquanto
durar o estoque”. Seus clientes querem sentir-se únicos, por
Esse tipo de frase junta o imediatismo do presente com o isso a singularidade é tão importante.
conforto do passado. Não se preocupe com a terminologia
correta ou se é pretérito mais do que perfeito. Não estamos
numa aula de Português da sétima série. Faça como eu: repita
dez vezes: “Vendedores são comunicadores, e não gramáti-
cos”. O que interessa não é qual tempo você está utilizando, e
sim entender como transformar frases simples em argumen-
tos que vão aproximá-lo cada vez mais do fechamento.

56 57
Ao fazer apresentações de propostas, tenha em mente que Ou seja, a grandeza dos resultados continua, e o cliente
o uso do verbo no presente cria uma sensação de atualidade pode beneficiar-se também, agora mesmo – basta aceitar sua
que não pode ser conseguida via verbo no passado. Por exem- proposta.
plo: imaginemos alguém que vende miniaturas de carros:
Saber comunicar-se corretamente em vendas é funda-
a) O Sr. Alberti criou uma réplica original perfeita... mental. Escolha bem as palavras que você usa e suas vendas
certamente aumentarão.
Isso faz com que o gancho de vendas fique perdido no
passado. Podemos melhorar isso modificando apenas o tempo
verbal:

b) O Sr. Alberti cria réplicas originais perfeitas...

Preste atenção ao jeito como você fala, para não cair nessa
armadilha cronológica. Você pode fazer com que o cliente
perca rapidamente o interesse se parecer que vai começar a
dar uma aula de História. Mas você pode facilmente aguçar o
interesse do cliente brincando corretamente com os verbos.

Mais um exemplo – Em vez de:

a) Este trabalho produziu grandes resultados...

Veja que essa frase não produz “grandes resultados” ela


própria, porque parece que os resultados vieram e foram
embora sem que o cliente presenciasse alguma coisa. Isso
pode ser mudado facilmente:

b) Este trabalho tem produzido grandes resultados...

58 59
C
omo acelerar
o processo?

“Meu interesse no futuro se


deve ao fato de que é lá que
vou passar a maior parte da
minha vida”
Charles Kettering

60 61
A prenda a fazer sua proposta
vender mais rápido
Como estimular clientes a comprar

1 Dê aos clientes uma data limite – Diga que a proposta é


válida até o dia 30, por exemplo, ou que o desconto é
válido por 15 dias. Isso cria uma sensação de urgência
que obriga as pessoas a tomarem uma decisão.
Como você já viu até agora, vender para atender as neces-
sidades de seus clientes não é apenas o básico, mas a razão de 2 Ofereça uma garantia de devolução do dinheiro – Quanto
você estar no ramo. E um ciclo de venda mais curto pode maior a garantia, mais eficaz ela será. Pode ser uma
significar mais lucros. Afinal, às vezes, tudo que precisamos garantia de um ou dois meses, um ano ou eterna.
para acelerar o processo é um incentivo, um algo mais que
encoraje o cliente a comprar. 3 Facilite a assistência técnica (se possível, gratuita) – Isso é
conveniente para seus clientes, porque eles não terão o
A seguir, colocamos uma lista criada por Larry Dotson. São trabalho de levar o produto para arrumar ou ter de ficar
oito formas de estimular os clientes a comprarem de você, procurando alguém para fazer o serviço. Além disso, o
além de quatro maneiras de usar ofertas com limite de tempo tempo de conserto diminui bastante. Se for feita
(e por que você deveria fazer isso). Dependendo das necessi- corretamente, a assistência técnica é uma poderosa
dades que você levantou do cliente – O que é fundamental impulsora da propaganda boca a boca, fazendo com que
para ele? Faça uma lista e classifique os itens em ordem de você economize muito dinheiro.
importância –, use uma ou mais dessas formas para melhorar
seus resultados e a eficácia da sua proposta.
Fonte: Larry Dotson é sócio da LD Publishing
www.ldpublishing.com

62 63
4 Cite testemunhais – Testemunhais dão credibilidade ao seu Como usar ofertas com limite de tempo para vender mais
negócio, ajudando a conquistar a confiança das pessoas
que ainda não o conhecem. Para que as pessoas realmen- Com suas propostas, você também pode criar uma sensa-
te acreditem, é fundamental ressaltar o nome da pessoa ção de urgência para que os clientes comprem agora – pode
citada. ser que eles não voltem novamente e você perde a chance.
Crie uma oferta com limite de tempo para criar essa sensação
5 Dê um bônus qualquer para quem fizer um pedido – Pode ser de pressa. Datas limite obrigam as pessoas a tomarem uma
um livro, uma bolsa, chocolates, um tanque cheio, decisão.
qualquer coisa.
Existem várias formas de ofertas com limite de tempo.
6 Ofereça atendimento 24 horas – Permita que seus clientes Aqui estão quatro:
enviem reclamações, dúvidas e perguntas a qualquer hora
do dia e das mais diversas formas: por carta, fax, e-mail a) Ofertas de preço com tempo limite (aumento de preço) –
ou telefone (compre uma secretária eletrônica ou uma “Compre agora enquanto estamos com preço promocio-
boa central telefônica). nal. Depois de 5 de novembro, os preços e a tabela serão
reajustados.”
7 Não cobre a entrega – Se não der para fazer todas as
entregas gratuitamente, então ofereça “entrega grátis”
para aqueles pedidos acima de “x” unidades ou reais.

8 Amostras grátis – Você vai conquistar a confiança das


pessoas quando permitir que elas experimentem outros
produtos ou serviços que você vende. Se gostarem, cer- Com suas propostas, você também
tamente comprarão e recomendarão para amigos. pode criar uma sensação de urgência
para que os clientes comprem agora

64 65
b) Ofertas de desconto com tempo limite – “É melhor Nem todo mundo vai fechar um pedido na primeira vez
fecharmos o seu pedido até o dia 5 de novembro e em que apresentar sua proposta. Eles podem estar em
garantir o desconto de 8%.” dúvida, consultando seus concorrentes. Mas se realmente
c) Ofertas de brinde com tempo limite – “Comprando até o dia tiverem interesse, e você conseguir convencer que o valor
5 de novembro, você garante o brinde.” que cobra é mais do que justo – principalmente porque está
adequado às necessidades do cliente –, então uma oferta de
d) Ofertas de estoque com tempo limite – “Gostaria de lembrar tempo limite vai certamente ajudá-los a decidir mais
que a oferta é válida até 5 de novembro ou enquanto rapidamente.
durarem os estoques. E só temos cem peças disponíveis”.

Dica especial: junte essas quatro numa só, e veja você mesmo
a superoferta que facilmente pode ser criada.

Uma oferta de tempo limite vai


certamente ajudar o cliente a
decidir mais rapidamente

66 67
C omo valorizar
sua proposta escrita?

“Vencer sem correr riscos é


triunfar sem glória”
Pierre Corneille

68 69
C olocando no papel
Imagine o momento em que o cliente está lendo sua pro-
Segundo o especialista Paulo Roberto Ferreira, aqueles que
descobriram a importância da proposta escrita têm se dado
bem. O segredo deles tem sido imaginar a proposta como
uma entrevista de vendas em monólogo, na qual é necessário
imaginar as perguntas que o cliente faria e as respostas
posta (com ou sem a sua presença): ela é vendedora ou sim- coerentes com o interesse dele.
plesmente um amontoado de informações? Ou, pior ainda, é
quase uma tabela de preços que, às vezes, tem até itens que o Agora, se você utilizou as dicas do livro Levantamento de
cliente não pediu? Necessidades (Coleção Passos da Venda) e já fez uma boa
entrevista de vendas pessoalmente ou ao telefone, não precisa
Lembre-se de que em muitos tipos de venda a proposta ao imaginar muito, basta usar o que você levantou da situação
cliente desempenha um papel tão importante quanto a pre- atual do cliente e de suas necessidades.
sença do vendedor na frente daquele que a lê.
Veja um bom roteiro para sua proposta, elaborado por
Todas as vendas são especiais e devem ser encaradas como Paulo Ferreira:
aquelas que, em função da distância e do valor do negócio,
não justificam uma visita do vendedor, bem como as que Apresentação de abertura
envolvem empresas que têm processo de compra com vários
níveis hierárquicos e o vendedor não tem contato com todos. 3 Apresentação resumida da empresa (não do produto ou
serviço)
3 Referência ao contato anterior
Fonte: Paulo Ferreira é palestrante, instrutor de vendas, fundador do Instituto Supra
Tecnologia em Vendas
www.institutosupra.com.br
Em muitos tipos de venda
a proposta ao cliente desempenha
um papel tão importante
quanto a presença do vendedor
na frente daquele que a lê

70 71
Situação atual encontrada no cliente Sua recomendação de produto ou serviço

3 O que motivou uma ação de vendas de sua parte? 3 Como as características de seu produto ou serviço vão
3 O que está acontecendo na empresa ou no ramo de suprir tais necessidades?
atividade do cliente, que envolve seus produtos e/ou 3 Como seus produtos e/ou serviços podem ajudá-lo a suprir
serviços? as necessidades do item anterior?
3 As descrições mais técnicas podem ser anexadas ou envia-
Necessidades identificadas das no formato de folder.

3 Quais problemas encontrados podem ser resolvidos? O que o cliente sairá ganhando com isso
3 Quais oportunidades ele deve aproveitar?
3 Quais ameaças atuais podem ser contornadas? 3 O que resultará de positivo do atendimento das necessi-
3 Quais desejos (sonhos) do cliente podem ser atendidos? dades?

Aqueles que descobriram a importância


da proposta escrita têm se dado bem.
O segredo deles tem sido imaginar
a proposta como uma entrevista
de vendas em monólogo

72 73
Valor do investimento ou preço da solução É especialmente bom que sua proposta seja, no geral, per-
sonalizada para o cliente. Isso aumenta em muito a eficácia.
Valores Se houver a impossibilidade de personalizar, não se esqueça
v Quantidades e preços da seguinte recomendação: “Imagine uma entrevista hipoté-
v Condições de pagamento tica, e com base nela escreva sua proposta”. Lembre-se: nos
v Despesas eventuais não incluídas processos mais bem-sucedidos de vendas você nunca começa
v Transporte pela apresentação do produto, mas pela identificação da
v Prazo de entrega situação atual do cliente e de suas necessidades.

Diferenciais Recomendação final e valiosa: cuide bem da língua portu-


v De sua empresa guesa. A qualidade de seu texto é parte importante da sua
v De seu produto ou serviço imagem e da sua empresa.
v Dos processos empregados

Histórico da empresa
v Por que sua empresa é uma boa opção para ele?
v Quais clientes podem ser uma referência?

Encerramento

3 O que você espera que a proposta tenha feito pelo cliente?


3 Quais os próximos passos esperados por você?
3 Agradecimento

74 75
C omo não
depreciar sua oferta?

“Quem diz a verdade não tem


de se lembrar de nada”
Mark Twain

76 77
C uidado com a segunda oferta
Se você pergunta a um corretor de imóveis: “Quanto o
Segundo comentava o grande consultor Eduardo Botelho,
não há nada mais natural na venda do que o fato de o cliente,
ao ouvir o preço, dizer: “Qual é a sua melhor oferta?” ou
“Faça um preço bom que eu compro”. Ou ainda: “Está caro.
Quanto você pode fazer?”. Enfim, a velha chiadeira do
proprietário está pedindo por este apartamento?”, por vezes cliente.
poderá ouvir: “Está pedindo duzentos mil, mas... aceita
contraproposta”. Se pergunta a um balconista: “Quanto é As situações usadas como exemplo demonstram algo
aquela gravata?”, também é comum a resposta: “É trinta muito comum no dia-a-dia, nos momentos em que o cliente
reais! Mas se o senhor comprar duas, eu lhe faço por vinte e chia: imediatamente o vendedor (despreparado e/ou
cinco cada.” inseguro) faz uma segunda proposta, baixando a inicial.
Resultado? Com esse procedimento, ele perde totalmente a
Sabe o que acontece nesses momentos? Acontece que o tal sua chance de negociar, pois daí por diante a única coisa que
apartamento ou a gravata nunca serão vendidos pelo preço vai acontecer é o cliente chiar e o vendedor baixar. Não há
que foi dito, ou seja, o que foi dito não tem valor algum. O mais negociação.
que vai acontecer é que, a partir daí, o comprador se sente no
Fonte: Eduardo Botelho foi uma referência em vendas no Brasil. Consultor, autor e
direito de continuar espremendo o corretor ou o balconista,
palestrante, realizou cursos para vendedores, supervisores, gerentes e diretores
obrigando-os a baixarem cada vez mais o preço. comerciais. Foi também fundador do IPEB
www.ipeb.com.br

Não há nada mais natural na venda


do que o fato de o cliente,
ao ouvir o preço, dizer:
“Qual é a sua melhor oferta?”

78 79
Por isso, nas palavras de Eduardo Botelho: “Não faça... É claro que o bom acordo deve ser dito de maneira muito
nunca... duas propostas seguidas!”. Desenvolva a habilidade mais enfática, porque é estratégico que isso fique ressoando
de devolver o problema para o cliente. Afinal, quem falou que na cabeça dele. Você vai ficar surpreso por outro aspecto im-
“está caro” foi ele. Em Direito, aprende-se que “cabe a quem portante nessa questão: na maioria das vezes, a diferença
alega o ônus da prova”. Ou seja, quem afirma tem de provar. entre o que cobra e o que o cliente quer é muito pequena, e o
Isso pode e deve ser praticado, integralmente, pelo vendedor. acordo se torna muito mais fácil.

Ao enfrentarmos o problema do “está caro”, duas coisas Quando, por exemplo, você diz que é dez e na primeira
podem estar acontecendo. A saber: chiada do cliente já baixa para nove, pode ter certeza de que
aquela chiada não será a única que você vai ouvir, pois naque-
2 Não está caro coisa nenhuma, mas o cliente quer ver se pode levar le instante ele acaba de descobrir uma maneira muito fácil de
alguma vantagem. Afinal, não custa nada para ele tentar. continuar tirando o que puder de você. Pense nisso e valorize
2 Está realmente caro para ele, mas como está interessado, ele dá a sua primeira oferta.
início à fase de negociação.

Em todas essas possibilidades, deverá ser dele a tarefa de


dizer o porquê, e não do vendedor. Treine algumas formas
diferentes de fazer com que o cliente veja-se envolvido no
problema da compra e sinta-se obrigado a expor-se, e não
apenas fique espremendo, confortavelmente, você. Depois,
veja qual foi a maneira em que se sentiu melhor e passe a
aplicá-la.

Botelho sempre dizia que, depois de algumas tentativas,


chegara à conclusão de que a melhor forma de enfrentar a
situação era: “Quando o cliente me diz: ‘Muito bem, agora
vamos conversar sobre o seu custo’, digo a ele: ‘Perfeitamen-
te, senhor... estou às ordens, o senhor me diz quanto quer
pagar e eu lhe digo se me convém ou não, ou então, a partir
daí, vamos ver se conseguimos chegar a um bom acordo para
nós dois. O que o senhor acha?’”.

80 81
C omo saber a
diferença entre
preço e valor?
“Quanto mais eu quero que
algo seja feito, menos eu o
chamo de trabalho”
Richard Bach

82 83
P reço x Valor
Se você vende baseado somente no preço, vai acabar per-
Karr continua: “Se a sua apresentação de proposta estiver
centrada sobre os desafios presentes e futuros que seus clien-
tes terão de enfrentar, então seus clientes começarão a perce-
ber as soluções que você vende como investimentos para
resolver seus problemas.”
dendo sempre. Preço é um valor razoável de mercado (mon-
tante de dinheiro) que alguém pede em troca de bens ou Muitos vendedores têm os produtos ou serviços certos
serviços. Já o custo refere-se ao dinheiro que será gasto para seus prospects, mas mesmo assim têm dificuldades de
durante o período inteiro de duração do negócio (valor total). lidar com a questão preço/custo. É mais difícil vender custo –
é por isso que existem poucos vendedores campeões. Existem
O especialista em treinamento de vendas Ron Karr diz: várias formas de tornar-se um mestre nesse assunto, mas é
“Se a sua apresentação de proposta gira em torno de preço preciso trabalho duro e criatividade.
(ou o medo de que preço seja a única preocupação dos seus
clientes), então seus prospects começarão a focar também no
preço, terminando por perceber o que você vende como total-
mente baseado no preço ou, pior, muito caro”.
Fonte: Ron Karr é consultor, palestrante e especialista em treinamento de vendas
www.ronkarr.com
Muitos vendedores têm os produtos
ou serviços certos para seus prospects,
mas mesmo assim têm dificuldades
de lidar com a questão preço/custo

84 85
Vejamos algumas dicas do consultor Jeffrey Gitomer para 3. Faça perguntas relacionadas a valor – Determine como seus
lidar lucrativamente com o assunto: prospects podem usar o que você vende e como isso impac-
tará o custo a longo prazo na sua vida. Perguntas relacio-
1. Aprenda o valor do que você vende – O segredo é tornar-se nadas a valor acabam descobrindo questões verdadeiras e
um expert na forma que seu produto será utilizado, ou os reais – o que aprofunda o relacionamento e permite argu-
resultados de seus serviços, e comunicar esse valor para mentar melhor. Justamente o contrário do que acontece
seus prospects. Saia do escritório e vá visitar seus clientes. quando você responde com seu preço à questão: “Quanto
Veja o que eles estão fazendo com o que você vende. Con- custa?”.
siga casos reais de sucesso de clientes que estão ganhando
com seus produtos/serviços. O importante não é saber 4. Coloque como objetivo fazer cada vez mais vendas baseadas
tudo que seu produto/serviço pode fazer, mas sim como os em valor – A diferença de vender commodities e uma venda
clientes usam/transformam isso. de valor agregado é a diferença entre uma venda de baixo
lucro e uma altamente lucrativa. Profissionais de vendas
2. Discuta valor primeiro com seus clientes – Muitas vezes, eles serão remunerados cada vez mais sobre lucros, e não ven-
mesmos criarão o cenário ideal, perguntando: “Quanto é das. Afinal, se não há lucro, também não existe dinheiro
que custa?”. O maior erro possível aqui é dizer o preço. para comissões e bonificações.
Nunca diga o preço antes que o valor e os custos tenham
sido estabelecidos.
Fonte: Jeffrey Gitomer é presidente da Buy Gitomer
www.gitomer.com

A diferença de vender commodities


e uma venda de valor agregado
é a diferença entre uma venda
de baixo lucro e uma altamente lucrativa

86 87
5. Evite transformar-se numa commodity – Muitas empresas e 7. Tempo é dinheiro – Você precisa investir um pouco mais
vendedores acham que trabalham com commodities só para realizar uma venda bem lucrativa baseada em valor
porque têm muitos concorrentes com produtos/serviços do que para fazer uma venda pouco lucrativa baseada no
parecidos, e muitas vendas são decididas pelo preço. preço. Para Gitomer, é um investimento que vale a pena –
Quando você começa a falar de commodities dentro da ao vender pensando em valor para o cliente, certamente
empresa, na verdade está estabelecendo uma nova men- você ganhará muito mais dinheiro. Pense em resultados e
talidade, que certamente diminuirá a motivação e o entu- valor criado com o passar do tempo, e você fechará vendas
siasmo da sua equipe. Pensar em termos de commodities bem mais lucrativas (e com clientes bem mais fiéis).
também desencoraja soluções criativas de vendas. Deixe a
palavra “commodity” no lugar dela, que é o mercado de
produtos agrícolas.

6. Construa a lealdade através do valor – Uma venda baseada


no preço mais baixo tem fator zero de lealdade. O cliente
com certeza vai abandoná-lo imediatamente assim que
surgir um concorrente fazendo uma promoção ou dando
descontos.

88 89
Como fugir
dos descontos?

“Em vendas – como na medicina –,


prescrição antes do diagnóstico
não é uma boa prática”
Tony Alesandra

90 91
U m R$ de desconto é sempre
um R$ a menos para você
Uma gráfica atrasa a entrega de um pedido. Isso real-
mente cria problemas para o cliente. Na maioria dos casos, as
gráficas geralmente dão algum tipo de desconto quando isso
ocorre. Mas uma boa opção poderia ser dizer algo, como:
“Realmente sentimos muito. Pisamos na bola e assumimos.
Para compensar tudo isso, rodamos 20% a mais do material,
Aqui está uma máxima cuja primeira impressão não é sem custo adicional. E da próxima vez que você precisar de
muito profunda: “Um real de dinheiro ou crédito que você dá algo com uma cor só, nós lhe daremos a segunda cor gratui-
é sempre um real a menos”. Entretanto, isso tem enormes tamente”.
implicações quando analisado sob a ótica de objeções a preço,
negociações, ofertas especiais, descontos e incentivos de Se déssemos um desconto de R$ 100,00, teríamos perdido
compra. R$ 100,00. Dependendo da sua margem de lucro (vamos dizer
10%), dar R$ 100,00 de desconto pode significar ter de faturar
Com esse contexto em mente, aqui vai mais um pouco de mais R$ 1.000,00 para compensar a perda. Em vez disso, ofe-
sabedoria em vendas: “A percepção de valor do que você dá recemos 20% a mais do material – por um custo (verdadeiro
em suas propostas, na mente da pessoa que recebe, pode ser custo) bem menor.
bem maior do que seu custo original” .
Quanto à segunda cor no próximo pedido, isso não é
O.k., então o que é exatamente que isso quer dizer? Vamos apenas uma forma inteligente de amarrar negócios futuros,
dar um exemplo para ficar mais fácil de entender. mas também de mostrar coisas novas. É algo que o cliente
não usa regularmente e poderia vir a usar e pagar, estilo
amostra grátis.

92 93
Aqui estão algumas formas de dar algo de valor, em vez de 4 Pense em promoções cruzadas – Muitas empresas agora dão
descontos: milhas de premiação por compras. Um McDonald’s da
minha cidade faz freqüentemente promoções em parceria
1 Entenda o que é importante para o cliente – Isso é óbvio. Afi- com postos da região (lave o carro e ganhe uma sobreme-
nal, é exatamente do que sempre tratamos quando fala- sa, compre uma McOferta e ganhe uma lavagem etc.). Seja
mos em vendas. O dinheiro geralmente não é a primeira criativo, e não fique distribuindo de graça seu dinheiro por
prioridade das pessoas. Por exemplo: se você está numa aí – só você sabe como é difícil de conquistá-lo.
negociação de preço e sabe que o cliente tem pressa, pode
oferecer “tempo” como moeda de troca (prazo de entrega
etc.).

2 Ofereça mais produtos/serviços e não descontos – Em vez de


baixar as calças (e os preços), ofereça algo mais. Dê algo
que o cliente ainda não está comprando. Isso cria oportu-
nidade do cliente testar a amostra, garantindo muitos
novos negócios. Dá até para pensar em parcerias, com o
brinde/amostra sendo oferecido por outra empresa que
tenha interesse em divulgar serviços entre seus clientes.
Em troca, a outra empresa divulga os produtos/serviços
que você vende, e os dois saem ganhando.

3 Ofereça serviços adicionais – Quantas pessoas você conhece


que compram algo com garantia e depois não usam nem
10% do que têm direito? Na verdade, é um excelente tru-
que de marketing: as empresas oferecem algum serviço
adicional com alto valor percebido no ato da compra, mas
que depois é pouco utilizado pela maioria dos clientes. É
claro que você tem de estar pronto para oferecer um aten-
dimento de altíssima qualidade para quem fizer uso da
garantia (já imaginou um seguro que oferece serviço de
guincho 24 horas e depois não atende ao telefone?). Mas o
conceito continua válido: o que você pode oferecer que seja
percebido como de alto valor, mas que seja pouco utili-
zado?

94 95
C
omo calcular
seu preço?

“A vida só pode ser


compreendida olhando-se para
trás, mas só pode ser vivida
olhando-se para frente”
Soren Kierkegaard

96 97
L eve estes 10 conceitos em conta
na hora de estabelecer preços
2 Pense no resultado final – Segundo Fifer, se cada tentativa
de venda é encarada como uma questão de vida ou morte,
vitória total ou derrota completa e humilhante, os profis-
sionais de vendas devem se preparar para uma vida de de-
pressão, pois em vendas ouve-se muito mais “Não” do que
“Sim”. A definição de venda deve ser ampliada para cinco
O preço de qualquer coisa que vendamos deve ser estabe- ou dez tentativas, e o período de tempo para um mês ou
lecido em algum ponto entre seu custo para ser vendido e um ano. O resultado é uma série de êxitos maiores, devido
entregue, e seu valor para o cliente. Se o preço excede o valor ao aumento da confiança (já que você deixa de ter de
percebido do produto/serviço, ele não tem mercado. Se estiver fechar todas as vendas), além de um número menor de
abaixo de seu custo, a empresa irá à falência. Portanto, é uma fracassos, porque sua confiança no sucesso passa a gerar
decisão estratégica. Os fatores que influenciam essa decisão mais sucesso.
são: as estratégias dos concorrentes, restrições governamen-
tais e a noção subjetiva do que é “justo”. Finalmente, o maior 2 Você não está cobrando tudo que pode – O que aconteceria se
determinante de um preço é o objetivo final da empresa – você aumentasse seus preços em 2%? (5%? 10%?). Para
onde exatamente estamos querendo chegar? otimizar seus esforços, o objetivo de uma empresa não é
ter clientes perfeitamente satisfeitos, e sim clientes que
Levando isso em consideração, e com a ajuda de Bob Fifer, dêem o máximo de lucro. Com a estabilização dos preços,
apresentamos alguns pontos para ajudá-lo a estabelecer preços alguns clientes vão reclamar e fazer cara feia. Podem
em sua proposta: espernear o quanto quiserem, mas se continuarem sendo
seus clientes (ou seja, se você não perder negócios), o au-
2 Quem pede mais ganha mais – Você já viu aqueles meninos mento de preços representa uma enorme possibilidade de
de rua pedindo dinheiro no semáforo? Embora com pro- lucro. Tire proveito dela.
fundas e preocupantes diferenças sociais, aquilo é basica-
mente um trabalho de vendas. Para cada dez “não” eles
ouvem um “sim”: alguém que lhes dá uma moeda ou um
real. Por quê? Porque eles pedem, só por isso. “Peça e lhe
será dado” é um ditado bíblico facilmente aplicado a ven-
das. Comece pedindo mais e negocie – algumas pessoas
vão pagar full price sem reclamar, e seus lucros vão aumen-
tar de acordo.

Fonte: Bob Fifer é autor do livro Dobre Seus Lucros (Ediouro)

98 99
2 Pergunte a seus clientes o quanto querem pagar – Uma ma- 2 Negocie corretamente – O silêncio é, às vezes, uma arma de
neira de fazer isso é dizer: “Há quem faça este tipo de negociação extremamente poderosa. Tenha em mente essa
projeto por R$ 50 mil, 100 mil e 200 mil, dependendo do regra: uma vez mencionado o preço, quem falar em
nível de detalhamento. Portanto, para poupar seu tempo e seguida perde a negociação. Quando você pede ao
o meu, dê-me uma noção do nível adequado ao seu orça- cliente que diga o preço que quer pagar, ele pode hesitar e
mento”. A resposta provavelmente não será direta (por demonstrar incerteza. Mantenha-se calado. Evite a tenta-
exemplo: “Alguma coisa entre 50 e 80 mil; 200 mil está ção de ajudá-lo a sair da situação incômoda. Não diga uma
totalmente fora de questão”). Agora você está mais perto palavra. O seu silêncio mostra sua confiança e determina-
de saber quanto o seu cliente quer pagar. Pode aperfeiçoar ção. Mais que isso: o silêncio é um vazio que clama para
seu cálculo sugerindo essa faixa mais estreita (50 a 80), e ser preenchido. Se você ficar calado, mais cedo ou mais
deixando que ele reaja. tarde (após 10 ou 20 segundos, mas em alguns casos até
minutos), o cliente termina se decidindo e mencionando
Outro método é perguntar diretamente: “Já que estamos um preço.
do mesmo lado, devemos cooperar um com o outro. O
meio mais direto é você me dizer quanto quer gastar, para
que eu possa planejar o que oferecer com base nesses
valores. Depois, podemos fazer os ajustes necessários”.

Sinta-se à vontade para pedir que o cliente diga o preço Sinta-se à vontade para pedir que o cliente
que pretende pagar. Além disso, aprenda a não tomar a
iniciativa de declarar antecipadamente o seu preço. diga o preço que pretende pagar.
Além disso, aprenda a não tomar
a iniciativa de declarar
antecipadamente o seu preço

100 101
2 Cobre o máximo possível sem perder um único cliente – Como 2 Crie pequenos diferenciais que permitam cobrar um pouco
já dissemos antes, quem pede, ganha. Comece com um mais – Por exemplo: entrega expressa, extensão da garan-
preço mais alto e veja até onde o cliente pode ir. Esse siste- tia, prestação de serviços etc. Os hotéis fazem isso muito
ma de precificação diferenciado aumenta seus lucros, bem quando oferecem café de manhã, o jornal, computa-
porém tem algumas desvantagens: dor e fax para a classe executiva (e depois cobram o dobro
na diária). A indústria eletrônica também é expert na área:
d Você treina seus clientes a negociarem descontos, quanto da capacidade do seu computador você realmente
porque eles sabem que seu primeiro preço é o “gordo”. usa? Quantas das bugigangas instaladas você utiliza regu-
d Você irrita muitas pessoas que não gostam de regatear larmente? Provavelmente, muito pouco – mas vieram
e pechinchar. instaladas, e você pagou a mais por isso. São os famosos
d Você corre o risco de que alguém descubra que outros “pacotes” ou combos.
clientes pagam menos.
d Seu faturamento e comissionamentos podem virar um 2 Mantenha sua dignidade – Sua função como profissional de
pesadelo contábil. vendas é resolver problemas através do fornecimento de
produtos e serviços de qualidade, e não pechinchar na
Leve tudo isso em conta e decida qual a melhor forma de feira de pulgas. Trate o assunto de baixar preços com res-
trabalhar, sem se esquecer de que o objetivo final é maxi- peito e atenção, e aprenda a dizer “não” você também.
mizar lucros, mesmo que alguns clientes façam cara feia. Ninguém pechincha com seu médico o preço de uma con-
sulta. Valorize seu trabalho, sua empresa, o que você vende
e, é claro, você mesmo. Afinal, se não o fizer, por que espe-
rar que os clientes o façam?

102 103
2 Preço não tem nada a ver com custo – Na faculdade de Em geral, ao comparar orçamentos, um cliente vai olhar
Administração, todos aprendemos a calcular preços com para os preços apresentados e compará-los com o valor rela-
uma série de fórmulas, levando em conta diferentes variá- tivo que espera receber do fornecedor. Dos quatro fatores
veis e margens de lucro. Isso é muito bonito no mundo envolvidos (performance, atendimento, serviços agregados e
acadêmico, mas na vida real não é nada disso. A única preço), o preço parece ser o menos subjetivo. Afinal, o que
verdade aqui é quanto o cliente ou mercado está disposto a pode ser menos ambíguo do que um número? Num mundo
pagar. A coisa é feita ao contrário: você estabelece um perfeito, imaginado por economistas, a liberdade de preço na
preço e literalmente “sai correndo” para ver se consegue verdade não existe. O que existe é um ponto num gráfico, no
produzir e entregar, com lucro, considerando aquele valor. qual a curva da demanda faz uma inflexão. Esse preço é con-
Dependendo do mercado em que você atua, pode até mes- siderado o ideal para aquelas condições, e pronto. Vendedores
mo ser mais fácil e seguro trabalhar com fórmulas basea- de sucesso, porém, compreendem
das em custos. Mas essa simplicidade e segurança, em e exploram o fato de que as
contrapartida, é conseguida sacrificando-se lucros, pois imperfeições no mercado
pode facilmente existir uma diferença com o que o cliente afetam a dinâmica da
poderia ter pago (se você tivesse perguntado e pesquisado). oferta e demanda no
mundo real. Essas imper-
2 Você é caro ou barato? Um produto ou serviço é caro quan- feições determinam o
do: é desconhecido, não interessa, não é compreendido, é nível de liberdade para
mal apresentado ou não é realmente desejado. É para isso trabalhar com preços, e
que serve um profissional de vendas: para contornar essas abrem a porta para melho-
situações e transformá-las em vantagens competitivas. rias significativas na lucrati-
Quando alguém insistir em descontos ou redução de pre- vidade através do estabeleci-
ços, releia essa lista e pense: “Qual destes itens não foi mento proativo de seus preços.
valorizado corretamente?”.

104 105
C
omo lembrar
de tudo?

“Há mais pessoas que


desistem do que pessoas que
fracassam”
Henry Ford

106 107
18 maneiras de transformar clientes
em fãs através de suas propostas
2. Demonstre que você tem o conhecimento – Se você perde
tempo batendo papo, você está agindo como todos os
outros vendedores. Uma maneira melhor de estabelecer
relacionamentos é garantir o seu valor pelo que você sabe,
e não pelo que você diz ou vende.

Fazer com que um cliente compre uma, duas ou mais 3. Antecipe as necessidades do cliente – Quando você ajuda um
vezes pode ser relativamente fácil, particularmente se o seu cliente a enxergar o que vem pela frente, você na verdade
principal diferencial é o preço. Mas essa tática tem vida curta. está enviando uma mensagem de que está pensando a
Uma vez que as margens diminuem cada vez mais, até onde longo prazo, e não apenas na venda de hoje. Ao ajudar
você pode ir sem começar a perder dinheiro? Mais importante seus clientes a planejarem e se organizarem melhor, você é
ainda: quanto tempo você pode gastar com um cliente que visto como um grande aliado.
não dá lucro? A maior tarefa que as empresas enfrentam hoje
em dia é tornar compradores em fãs, para que eles comprem 4. Transmita a imagem correta – Se você quer ser conhecido
de boa vontade. como o melhor, faça com que tudo à sua volta reforce essa
imagem. Falar sobre qualidade não tem sentido quando
Essa não é uma missão fácil e nem pode ser conseguida seus orçamentos e materiais de apresentação emitem uma
com esforços para tentar se mostrar interessado. O que é mensagem contrária.
necessário é um esforço concentrado para comunicar aos
clientes a mensagem de dedicação contínua em suas apresen- 5. Conheça o negócio do cliente – Não assuma que você enten-
tações de propostas. John Graham, nos apresenta 18 manei- de os anseios e as necessidades de um cliente se você não
ras de fazer isso: tomar um pouco de tempo para entender sua vida e seu
negócio. Isso significa mais do que utilizar jargões do
1. Seja a fonte de novas idéias – Todos os clientes estão preocu- mercado. É necessário entender a realidade da pessoa, da
pados com a redução de custos, melhora na produtividade empresa, do mercado e reconhecer os problemas que o
e em conseguir trabalhar melhor. Posicione-se com esse cliente enfrenta.
tipo de fonte aos clientes. Isso se traduz em dar mais aos
seus clientes pelo seu dinheiro.
Fonte: John Graham é presidente da Graham Communications
www.grahamcommunications.com

108 109
6. Demonstre que você está aprendendo constantemente – Esse é 9. Torne-se parte do negócio do cliente – O objetivo, hoje em
um componente-chave para garantir o relacionamento dia, é ser visto como um membro do time do cliente. Você
cliente-vendedor. Para que um cliente sinta-se confortável pode chamar isso como preferir: parceria ou aliança estra-
com o passar do tempo, você deve mostrar que está cons- tégica, é tudo a mesma coisa. A finalidade é criar um rela-
tantemente aprendendo, tornando-se mais sofisticado e cionamento sem “remendos” entre você e seus clientes.
competente. Ficar estagnado é mortal.
10. Seja acessível – Devido à especialização, os clientes estão
7. Chame para si a responsabilidade – O objetivo é desenvolver muito mais dependentes de seus fornecedores do que
clientes de longo prazo. Se alguma coisa vai mal, conserte- antes. Isso é uma vantagem, mas é também uma respon-
a. Se está errada, acerte-a. E faça rápido. Não se preocupe sabilidade que requer acessibilidade. A maioria dos clien-
muito com a possibilidade de alguém tirar grandes vanta- tes não abusa dessa facilidade de acesso, embora eles se
gens de você. É claro que isso pode acontecer, mas a imen- sintam mais seguros ao saber que podem contatá-lo 24
sa maioria dos clientes é bastante razoável quando perce- horas por dia. Aumente o nível de conforto de seus clien-
bem-no como mais do que um simples fornecedor. tes e você aumentará também seus níveis de satisfação.

8. Comunique-se claramente – Manter um entendimento claro 11. Mantenha os olhos abertos para novas tendências – Profissio-
e cristalino com seus clientes é mais importante do que nais sábios o suficiente para identificar novas tendências
nunca. Cuidado com aquelas mensagens rápidas via e- são raros de encontrar. Manter-se na crista da onda é uma
mail. A maioria está tão mal escrita que só causa confusão maneira fácil de se diferenciar da concorrência. Os clientes
e mal entendidos. Invista seu tempo assegurando-se de gostam de saber que seus fornecedores estão acompa-
que suas mensagens são corretas e compreensíveis. nhando as mudanças no mercado. Leia, converse, ouça,
junte as idéias e ponha-as no papel. Depois, passe para o
cliente.

12. Especialize-se – Se você tem dois, três ou mais clientes


num determinado ramo, desenvolva uma estratégia para
aquele nicho específico. Capitalize sua presença nesses
grupos focalizando suas atividades de maneira a revelar o
seu conhecimento único. Clientes sentem-se mais à von-
tade com fornecedores que entendem o mercado no qual
trabalham.

110 111
13. Ouça – Deixe o cliente falar e você vai acabar descobrindo 16. Nunca decida o que um cliente quer – Os clientes, hoje, que-
exatamente o que ele quer comprar. Você pode até desco- rem conselhos, e não conclusões. Então, ofereça opções e
brir se o que ele quer comprar é o que você tem para ven- alternativas. Trabalhe para criar um cenário que permita
der. Somente quando você tem uma imagem bem clara dos ao cliente decidir, apontando aspectos positivos e negati-
motivos e preocupações do cliente é que você pode montar vos de cada situação. Quando isso acontece, o cliente deci-
uma apresentação específica para aquela realidade. de sem pressão, e a maioria dos problemas de pós-venda
deixa de existir.
14. Mantenha-se em contato – A ausência não fortalece rela-
ções, muito pelo contrário. Saiba que como profissional de 17. Torne-se paranóico – Andy Grove, CEO da Intel, sugere que
vendas, seu trabalho não é apenas aprender a fazer boas seu sucesso é resultado direto de sua paranóia. É a para-
propostas. Para que seu trabalho seja mais eficaz, você nóia que o mantém engajado, atento e fazendo perguntas.
precisa fazer follow-up de todas elas. Marque na sua agen- Ele está constantemente no limite e suas antenas estão
da, envie e-mails, enfim, tenha um método que permita sempre funcionando. Dessa maneira, é difícil alguma coisa
saber como está o andamento da venda após o encontro de passar despercebida ou pegá-lo de surpresa. Você acaba
apresentação. Esse tema será melhor abordado no próxi- aprendendo a distinguir as nuances de importância crítica.
mo livro desta coleção, mas certamente você já poderá
tirar um bom proveito desta antecipação de conteúdo, não 18. Se você não pode ajudar o cliente, seja honesto – A prova do
é mesmo?! profissionalismo é dizer não. Não existe maneira de uma
empresa (ou vendedor) ser capaz de fazer tudo – e nem o
15. Pense como o cliente – Foque no que agrada a você como cliente espera isso. Clientes querem soluções boas e con-
cliente, bem como as coisas que fazem você trocar de for- fiáveis. Apontar o caminho correto é tão importante quan-
necedor ou vendedor. Assegure-se de praticar a primeira to tirar o pedido.
parte e evitar a segunda. E resista à tendência comum de
achar que o que é bom para a sua empresa é automatica-
mente bom para os clientes. Você pode ver quando alguém
está mais interessado em vender algo do que em resolver
problemas, por isso não caia na mesma armadilha.

112 113
Como profissional de vendas, seu trabalho não é aprender
a fazer boas propostas e mais fechamentos, apesar de tirar o
pedido ser essencial. Para que seus clientes se tornem mais
lucrativos, a tarefa é bem mais exigente: envolve manter o
cliente durante um certo período de tempo. A melhor manei-
ra de alcançar esse resultado é transformando seus clientes
em fãs.

“Ninguém pode fazer o


impossível, mas é divertido fazer
o improvável”
Lady Fairfax

114 115
Glossário

Espelho CEO – Chief Executive Office. Principal executivo de uma organização.

Combo – Produto ou resultado de uma combinação. Pacote ou oferta


especial.

“O mundo é um grande espelho. Commodity – Produto que não apresenta diferenciação, como: chapas
de aço, produtos químicos, papel, milho, feijão, entre outros.
Ele reflete o que você é. Folder – Impresso constituído de uma única folha, contendo uma ou mais
dobras.
Se você é apaixonado, se você é correto,
Follow-up – Em marketing e vendas, significa acompanhar todo o
se você é prestativo, processo de desempenho de uma apresentação de proposta ou de um
produto ou serviço após sua venda, junto ao cliente.

o mundo se mostrará apaixonante, amigo Full price – Preço cheio, sem desconto negociado.

e sempre pronto a ajudá-lo. Network – Rede de empresas (bancos, hotéis etc). Dentro da cultura
corporativa, também designa a rede de contados de um profissional.
O mundo é o que você é” Prospectar – Termo utilizado em geologia para designar a exploração de
uma região à procura de jazidas de minério. Em marketing e vendas o
termo prospect define um cliente potencial.

Thomas Dreier

116 117
DESTAQUE AQUI
Agora é sua vez!
V ocê está preparado? Conte-nos a sua história, o seu case de sucesso, a sua maneira de
apresentar propostas e ajude a fortalecer a nossa rede de contatos.

Este espaço é seu. Conte-nos a sua história de sucesso na área


1 Você já sabe por que é importante qualificar e parar de desperdiçar seu de vendas, como você conseguiu fazer a qualificação de um
tempo com orçamentos? cliente, uma proposta de valor, uma venda inesquecível, sua
Sim Não opinião sobre este livro, outros temas que gostaria de ver
publicados etc. Aguardamos a sua colaboração.
2 Você está preparado para entrar em sintonia com seu cliente?
Sim Não

3 Você sabe o que fazer para que seu cliente confie ainda mais em você e
em suas ofertas?
Sim Não

4 Você lembrou de usar as dicas especiais para montar o cenário ideal e


reforçar seus argumentos?
Sim Não

5 Você se esforçou para dominar a técnica de valorizar uma proposta


escrita?
Sim Não

6 Você descobriu por que não se deve fazer uma segunda oferta?
Sim Não

7 Você compreende a diferença entre preço e valor?


Sim Não

8 Você sabe por que cada real em desconto significa um real a menos para
você?
Sim Não Nome:
Empresa: Cargo:
Endereço:
Telefone: E-mail:
Envie-nos sua resposta. O selo já está pago.

118
3600134665/2001 DR/PR
Editora Quantum

CARTA RESPOSTA
NÃO É NECESSÁRIO SELAR
POSTAGEM AUTORIZADA
Editora Quantum Ltda.

AC JOÃO NEGRÃO
80231-999 CURITIBA - PR

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