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O ÔMEGA DO ALIEN 01
Sienna Sway
Alex
Saar
Que pena que a Terra não podia mais ser reparada ao seu
estado original. E que oportunidade era recomeçar num novo planeta
e ajudar a garantir que eles não seguissem o mesmo caminho que
nós.
— Vamos em frente!
****
Eu tentei me recompor.
— Este é o meu colega, Blaine Sullivan — eu disse, me
lembrando de repente que ele estava lá.
— Ah, é.
Eu não queria ter que explicar por que o acordo foi quebrado
antes mesmo de chegarmos à reunião. Para minha primeira missão
de liderança desse tipo, algo assim poderia arruinar minha carreira.
E nós dois.
Isso foi minha culpa. Foi algo que eu fiz. Eles achavam que
eu era um ômega e que havia sido colocado em algum tipo de perigo.
Eu não tinha certeza do que isso significava, mas esse fato não
impediu Saar de me erguer em seus braços ao estilo noiva, como se
eu não pesasse nada. Ele pressionou o rosto no meu cabelo, inalando
profundamente.
Um gemido baixo saiu de seus lábios, misturado com um
suspiro que fez todo o meu ser estremecer de medo.
2 SAAR
De telhado em telhado, meus pés com garras só pousaram
o suficiente para me impulsionar no ar antes de pousar em outro
prédio. Todo o tempo, o ômega se agarrou a mim.
Raiva me percorreu.
Será que os humanos o haviam tratado tão mal que ele nem
mesmo entendia que havia sido resgatado? Será que ele achava que
merecia ser punido e colocado novamente em perigo?
— Não!
Finalmente, eu percebi que ele avançou em direção à porta.
Eu reprimi um rosnado, me levantando.
Eu estava atordoado.
Um guarda.
— Porra!
Ele não havia feito nada muito invasivo, mas o jeito que ele
me puxou e me sentou em seu colo, a maneira como me cheirou e
acariciou...
Fazia sentido.
Os nassa iam ser invadidos por causa disso. Não havia como
eu ficar aqui. Por princípio, os humanos não gostavam de sequestros
em missões de paz, e os humanos eram notoriamente difíceis de
derrotar.
Eu não me movi.
— No caminho...?
— Para o poço — disse Jayada. — Onde o leilão será
realizado por você.
Samil suspirou.
Eu pisquei.
Eu balancei a cabeça.
Ambos assentiram.
4 ALEX
— Eu vou matar aqueles bastardos com cara de cobra! Eu
sabia que deveríamos ter dado meia volta no segundo em que eles
não aceitaram nossos guardas lá.
— Blaine...
— Não!
Blaine finalmente ficou em silêncio.
— Portanto...
5 SAAR
Eu andava de um lado para o outro no campo de
treinamento, simplesmente aquecendo meus músculos. O sono não
veio facilmente na noite passada, e quando veio, foi intermitente.
Ainda assim, era uma pena que eu não tivesse tido tempo
suficiente a sós com o ômega para livrá-lo de sua volumosa roupa
da Terra. Não estar acasalado significava que eu nunca me deitei
com ninguém. Minha biologia não permitiria. Agora que eu sabia qual
era a sensação do pequeno humano em meus braços, minha falta de
experiência não era nada além de um combustível para o meu
desejo. Eu queria senti-lo novamente. Todo ele — seu corpo, seu
coração, seu espírito entrelaçado com o meu.
Ele era lindo. Seu corpo era tão pequeno e delicado, o tom
de sua pele, cabelo e olhos tão únicos... A visão dele fisgaria o
coração de qualquer alfa. O instinto de protegê-lo era forte, mesmo
à distância, quando seu cheiro estava longe demais para ser
registrado.
Comemorações irromperam.
Correr?
Eu olhei em volta.
Eu sorri.
Aí. Agora, estávamos ambos ensanguentados.
— Então, por que você não se curva agora e não leva tudo
isso mais longe? — eu rosnei.
Tinha acabado.
Eu tinha vencido.
8 ALEX
Saar não saiu do meu lado. Eu não o culpei, afinal, ele tinha
acabado de ganhar seu prêmio...
Eu engoli em seco.
Eu balancei a cabeça.
Era risível.
9 SAAR
Toda a minha vida, eu sonhei com este dia — o de subir a
Escadaria Sagrada até o Cume da União, meu futuro companheiro ao
meu lado, tambores batendo e o sol brilhando sobre nós, nos
mantendo aquecidos.
— Tem certeza?
Ele assentiu.
Eu tropecei.
10 ALEX
Eu estava embrulhado como uma mulher de burca, nos
braços do meu futuro marido-alfa-companheiro-tanto faz, enquanto
ele me carregava por mil degraus até o que eu só podia supor ser a
nossa consumação. No entanto, meu estômago estava dando
cambalhotas.
— Uau — eu suspirei.
— É incrível.
Saar assentiu.
Eu empalideci.
— Você quer me dizer que fica ainda mais quente, aqui? —
eu perguntei, alarmado.
Involuntariamente, eu gemi.
— Estou tão feliz que tudo deu certo — disse ele, sorrindo.
— Eu gostei de você imediatamente, e esperava que Saar o
conquistasse.
— Veneno?
Ele riu.
— Claro.
Eu suspirei e me afastei.
Ele olhou para ela, mas não se afastou nem colocou a dele
sobre a minha, do jeito que eu esperava que fizesse.
— Vamos.
Eu peguei Alex pela mão e me levantei, conduzindo meu
companheiro. Alex olhou ao redor com curiosidade.
Eu sorri.
— Assim é perfeito.
Outros estavam girando, mergulhando, beijando, mas o
corpo de Alex ainda estava rígido de nervoso. Eu não queria
pressioná-lo. Em vez disso, eu o puxei para ainda mais perto,
pressionando seu corpo pequeno e compacto contra o meu e
conduzindo-o no ritmo.
Eu suspirei, estremecendo.
12 ALEX
Meu corpo era traiçoeiro, pateticamente fraco e estava com
mais tesão do que nunca na vida.
Eu engoli em seco.
13 SAAR
Eu fiquei ao mesmo tempo chocado e satisfeito com a
ansiedade de Alex. Era a última coisa que eu esperava, mas
enquanto estava debaixo de mim, com seus olhos pálidos
escurecidos de desejo, eu fiquei feliz por ele ser do jeito que era.
Sua natureza humana e personalidade eram diferentes do
que eu esperaria de um ômega, e eu não gostaria que fosse de
nenhuma outra forma.
Alarmado, eu o olhei.
E Alex havia feito isso comigo primeiro. O que fez meu corpo
inteiro sentir como se estivesse em chamas, só de lembrar. Os
ômegas da sua espécie deviam ter sido bem ensinados nesse
departamento, porque eu nunca soube de tal coisa.
— Claro.
Como eu poderia fingir que estava tudo bem, ele ser tratado
do jeito que tinha sido? Eu não faria isso.
Eu ri e assenti.
E neste planeta quente, a pele fria de Saar era um alívio
bem-vindo. Talvez fôssemos mais adequados um para o outro do que
eu pensei inicialmente, e em mais de uma maneira.
Ele me disse que nunca tinha feito isso antes. O que não o
impediu de me dar o melhor oral da vida, me engolindo inteiro,
chupando e girando sua língua ao redor do meu pau.
Sua mão livre agarrou minha coxa quando ele gozou, seus
olhos dourados encarando os meus, me dando o espetáculo mais
sexy da minha vida.
Ele assentiu.
Ele estremeceu.
Alex riu.
— Não fará muito melhor, na verdade. Mas não se preocupe.
Como falei, eu vou sobreviver.
Ele já me realizava.
Eu ri.
Ela sorriu.
— Estou tão feliz. Com sua diferença de tamanho, nós não
tínhamos certeza.
17 SAAR
Eu não pude evitar a turbulência dentro de mim. O
pensamento de outros tocando Alex, sentindo seu corpo, beijando-
o... O sangue corria em minhas veias cada vez mais furiosamente,
alimentado pela raiva.
Mas então, eu olhei para o seu rosto doce enquanto
caminhávamos, e meu coração derreteu um pouco.
— Basta — falei.
O ômega assentiu.
Vergonha me encheu.
Ele sorriu para mim. Tão hesitante, tão doce, seus olhos
dizendo muito mais. Ele estava preocupado com meus pensamento,
desde que confessou ter feito amor com outras pessoas no café da
manhã. Eu poderia dizer, pelo jeito como ele continuou tentando
encontrar meu olhar desde então.
— Saar.
— Como eu?
— Adorável?
18 ALEX
Saar pegou minha mão enquanto me conduzia pelas ruas
movimentadas do que eu agora conhecia como Diwan, sua capital.
Era a cidade mais densamente povoada do planeta, mas enquanto
caminhávamos, Saar me contou sobre os outros lugares.
— Hum-hum.
Eu engoli em seco.
Eu gemi.
— Desculpe, não é nada. Só estou pensando demais.
Eu dei de ombros.
— Acho que porque seria bom fingir que tudo isso é real —
eu disse.
— Beije-me — eu sussurrei.
Seus olhos escureceram, e ele não hesitou, se inclinando e
pressionando seus lábios macios nos meus novamente.
19 SAAR
Meu sangue se aqueceu com a proximidade de Alex, dos
seus lábios requintados. Eu não pude deixar de lembrar deles ao
redor do meu eixo, tão quentes e habilidosos, me sugando
profundamente.
Ele era tão leve e tão delicioso nessa posição... Eu não ousei
nos mover para a cama.
Em vez disso, peguei o tecido entre nós, uma linda roupa
que lhe havia sido presenteada, provavelmente pelo meu pai, mas
não consegui me lembrar ou me importar naquele momento,
enquanto a rasgava em pedaços, removendo a barreira entre nós.
Não era perfeito, mas tinha dado certo antes, e não foi um
problema suficiente para nos deter. Alex não pareceu precisar de
mais da última vez. Eu esperava que agora, depois de aceitar a maior
parte do meu comprimento tão recentemente, fosse ser ainda mais
fácil.
20 ALEX
Não se podia realmente bater na porta neste lugar,
principalmente porque havia muito poucas delas por perto. A maioria
das casas e construções tinha arcos abertos ou cortinas decorativas.
A casa de Saar, a casa simples de pedra e barro, tinha uma cortina
na porta da frente e nenhuma outra nos poucos cômodos. Como tal,
uma voz inesperada de alguém do lado de fora me acordou com um
sobressalto.
— Espere...
Saar pegou uma das minhas novas roupas para mim. Outro
arranjo decorativo de tecidos em camadas que era impossível de
entender. Esmeralda, desta vez.
Saar congelou.
Eu congelei.
— Eu não...
— Chega de mentiras — disse o alfa do leilão, a voz tingida
de satisfação, e Saar se virou para ele, um rosnado nos lábios.
— Alex, não.
— Saar!
— Eu estou bem.
— Eu sinto muito.
— Não cabe a mim. isso é maior, Alex. Eu sei que você está
fora do circuito, mas alguns figurões estão envolvidos. Isso está
sendo coberto em todo o universo. Se alguém sair da linha amanhã,
eles lançarão bombas. Grandes — ele enfatizou. — Do tipo que vão
achatar aquelas montanhas e transformar suas cidades em pó.
— Não. Blaine...
Ele riu.
— Eu não... me desculpe.
— Eu sei. Foi por isso que eu disse a eles para não atacar.
Eu gostei do seu povo imediatamente. Eu não queria que nada de
ruim acontecesse com nenhum de vocês, mas eu não tive voz em
nada disso... Eu queria escapar, mas então, nos leilões, você se
machucou e foi tão legal comigo, e então, quando você me beijou...
— E quanto a mim?
— Saar...
21 SAAR
Eu queria barricar Alex e a mim em nossa casa e abraçá-lo
com força até que tudo isso passasse, mas eu sabia que não iria
funcionar. Nossa casa era muito fácil de invadir. Dentro de minutos,
os outros estariam lá, e embora eu estivesse disposto a lutar por ele,
o que eu faria, se chegasse a isso, eu não podia arriscar que eles o
levassem.
Eu o carreguei pelos prédios e para fora da cidade. Ao longe,
pude ouvir alguma comoção, outros nassa chamando.
Alex assentiu.
— Recordações? — eu perguntei.
Eu sabia que ele não poderia ser feliz com aquele homem,
mas ainda me sentia confuso.
— Então, você não tem que ficar com ele. Você pode ficar
comigo.
— Eu não posso ficar aqui com você, por mais que eu queira.
E foi demais.
23 SAAR
Meu coração se apertou enquanto eu assistia os amantes se
reunirem. Mesmo à distância, a forma como o verdadeiro
companheiro de Alex o puxou para um abraço apertado quase me
matou, mas eu teria preferido assisti-los se abraçarem para sempre
do que ver Alex desaparecer numa das pequenas naves e se erguer
silenciosamente para o alto e para longe. Para todo sempre.
— Oh.
— Saar!
— Eu o deixei partir.
Eu recuei.
— Não poderia ter sido real, por mais que parecesse que
era — meu al-pai disse gentilmente.
24 ALEX
O banho foi bom. Eu sempre gostei dos chuveiros a bordo.
A ducha era constante e se espalhava uniformemente do teto, caindo
numa onda massageadora sobre meus ombros.
Não importa que eu chorei o tempo todo.
— Ah.
— E-ele...
Ele empalideceu.
— Porra. Alex.
— Como você pode dizer que não foi nada demais, Alex?
Você foi sequestrado e agredido sexualmente. Isso muda tudo.
— Eu te disse...
— Que você ficou com tesão pelos seus captores, Alex. Isso
soa como Estocolmo.
Eu balancei a cabeça.
Eu suspirei.
Eu deveria contar a ele como realmente me sentia, se isso
pudesse resolver as coisas. Imediatamente, minha garganta
ameaçou fechar. Eu engoli em seco. Por que era tão difícil falar com
outros humanos? Por que tinha sido tão fácil com Saar? A resposta
era óbvia. Os nassa eram mais transparentes. Eles não passavam a
vida tentando caber em caixas. Eles eram o que eram. Mesmo seu
líder, Kion, assumiu seus erros quando percebeu que os havia
cometido.
Eu assenti.
— É a verdade.
— Sim, acho que sim... Por um tempo, lá, eu era tudo para
alguém.
— Eu sinto muito.
— Não, não sinta. Estou feliz que você não estava sendo
machucado. Acho que é estranho pensar em você com alguém... —
Ele se interrompeu, e eu tive a nítida e surpreendente impressão de
que ele ia dizer alguém diferente.
Eu também me levantei.
— Blaine...
Mas não agora. Não tão cedo, depois de Saar. Não com seu
veneno ainda correndo em minhas veias.
25 SAAR
Eu acordei sozinho, com uma dor tão forte no peito que
simplesmente fechei os olhos com força contra o dia, contra o fato
de Alex não estar comigo. Eu respirei fundo e até consegui afastar
todos os pensamentos da minha mente.
— Eu sei. Eu sei que não era para ser, e eu não deveria ter
descontado minhas frustrações em você. Eu fiquei com raiva por
você ter vencido. Feriu meu orgulho, você colocar suas escamas em
mim, e levou dias para eu me recuperar totalmente do seu veneno.
Isso só aumentou a amargura de não ganhar meu próprio ômega.
Não foi até que eu estava atrás de você e assisti você perdê-lo que
eu me dei conta. Eu invejava até mesmo seus sentimentos de perda.
— Por que?
Ele sorriu.
****
Eu não sabia o que seria necessário para ele voltar para cá,
que tipo de negociações ou motivos ele teria que dar. O que eu sabia
era que, se ele sentisse por mim o que eu sentia por ele, ele
encontraria um caminho de volta antes que fosse tarde demais.
26 ALEX
— Naquele momento, eu não sabia quanto tempo ficaria
preso em Mukhana, e eles estavam sendo bons para mim, então
decidi não lutar contra isso.
— Alex!
— Alex, por favor, nós sabemos que você passou por muita
coisa. Apenas sente-se e...
— Alex, acalme-se...
****
— Está tudo bem. Eles já foram. Acho que seu discurso final
respondeu ao resto das perguntas que eles fariam.
— Eu quero voltar.
Ele me encarou.
27 SAAR
Eu permiti que meus olhos se fechassem. Era melhor do que
a alternativa de ver meus pais enfrentando a perda do filho.
Os três me ajudaram.
— Você vai ter que explicar essa parte — disse uma voz
acima de nós.
— Mas se você também não estava com dor, por que você
voltou?
28 ALEX
— Explique tudo, e desta vez, diga a verdade.
Eu assenti.
— Mais uma vez, tudo isso é novo para nós — disse Blaine.
— Nenhum simples beijo une as pessoas na Terra. Você poderia
beijar mil pessoas, se quisesse.
Blaine se encolheu.
****
Eu sorri.
— Ah, eu consigo.
Com isso, eu estendi a mão, puxando-o para baixo em outro
beijo. Desta vez, ele não demorou muito, recuando para me despir
e resmungar sobre as roupas humanas que eu usava, especialmente
os botões das minhas calças.
— Espere — eu engasguei.
— Ah!
Finalmente, eu levantei a garrafa extra grande de
lubrificante.
FIM