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Livro Eletrônico

Aula 00

Conhecimentos Específicos p/ TJ-SP (Psicólogo)


Professor: Viviane Silva
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS
Profa. Ma. Viviane Silva - Aula 00

AULA 00

SUMÁRIO PÁGINA
Apresentação 01
Cronograma do curso 03
Introdução 05
A importância do ambiente 07
Consequências das falhas ambientais 10
Desenvolvimento psicológico: infância e adolescência 12

APRESENTAÇÃO

Futuro(a) Psicólogo do Tribunal de Justiça/SP


Seja bem-vindo a este curso de CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
focado na sua preparação para o concurso de Psicólogo do Tribunal de
Justiça/SP.
Essa é nossa primeira aula, porém antes de iniciarmos farei uma
breve apresentação do nosso método e divisão dos conteúdos que o
levarão à preparação rumo à sua aprovação.
Nossas aulas serão disponibilizadas, de acordo com as datas já
estabelecidas em nosso cronograma e os conteúdos serão apresentados
da seguinte forma:
- curso escrito completo (em PDF), formado por 07 aulas onde
serão apresentados os conteúdos, que serão a seguir relacionados,
questões de provas e dicas de estudo para a potencialização de sua
preparação.

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- fórum de dúvidas, onde você pode entrar em contato direto


conosco quando julgar necessário. Não guarde as dúvidas para
você, estamos aqui para ajudá-lo.

Vale dizer que este curso é concebido para ser o seu material de
estudos, isto é, você não precisará adquirir livros ou outros materiais,
somente caso julgar necessário. A ideia é que você consiga economizar
bastante tempo, pois abordaremos todos os tópicos exigidos no edital e
nada além disso, e você poderá estudar conforme a sua disponibilidade
de tempo, em qualquer ambiente onde você tenha acesso a um
==0==

computador, tablet ou celular, e evitará a perda de tempo gerada


pelo trânsito das grandes cidades. Isso é importante para todos os
candidatos, mas é especialmente relevante para aqueles que
trabalham e estudam, de repente exatamente como ocorre com você.
O concurso exige conteúdo específico e você pode já ter estudado
ou tratado desses temas em algum momento da sua vida acadêmica e
profissional ou nunca ter estudado profundamente alguns desses
conteúdos, não tem problema, este curso visa atender a todos.
Aqui no Estratégia nós sempre solicitamos que os alunos avaliem os
nossos cursos e nossa direção docente acompanha e utiliza os feedbacks
de nossos alunos para o aperfeiçoamento de nossos materiais.
Sou Pedagoga e Mestre em Psicologia Educacional, ministro aulas
para concursos públicos de diversas áreas, tenho experiência na área
desde 1994 e seguirei com você ao longo dessas 07 aulas rumo ao seu
sonho, trabalhando conteúdo pertinente, escrito de acordo com questões
de concursos públicos e com os padrões de exigência da organizadora
VUNESP.
Vamos ao trabalho?

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CRONOGRAMA DO CURSO

Inicialmente, transcrevo abaixo o conteúdo programático oriundo do


edital publicado de Psicólogo do Tribunal de Justiça/SP:
Conhecimentos Específicos: Desenvolvimento psicológico:
infância e adolescência. A formação e rompimento dos laços
afetivos. A importância do ambiente. Consequências das falhas
ambientais. O papel do pai. O papel da agressividade no
desenvolvimento humano. Natureza e origens da tendência
antissocial. Prevenção e efeitos da privação materna. As inter-
relações familiares: casamento, conflito conjugal, separação, guarda
dos filhos, violência doméstica. Aspectos psicossociais do
envelhecimento. Aspectos psicossociais do fenômeno da violência. A
criança e a separação dos pais. Os direitos fundamentais da criança
e do adolescente. As medidas específicas de proteção à criança e ao
adolescente. A criança e o adolescente no acolhimento institucional.
A colocação em família substituta. As medidas socioeducativas. O
psicólogo no atendimento aos casos nas Varas da Infância e da
Juventude, nas Varas da Família e das Sucessões, Violência
Doméstica e ao Idoso. Avaliação Psicológica: instrumentais e sua
prática na instituição judiciária. A entrevista psicológica. Elaboração
de documentos escritos: laudos, relatórios e pareceres psicológicos.
O lugar do saber psicológico na instituição judiciária. Ética
profissional.

Esse conteúdo faz parte do BLOCO III composto por 60 questões e


vale ressaltar que as questões versarão, além dos temas descritos, sobre
temas de Legislação. Nosso curso será dividido em 07 aulas escritas,
incluindo esta aula demonstrativa e não englobam os conteúdos de
Legislação.

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Organização do Curso
Aula 0:
 Introdução
 A importância do ambiente.
 Consequências das falhas ambientais.
 Desenvolvimento psicológico: infância e adolescência.
Aula 1:
 As inter-relações familiares: casamento, conflito conjugal, separação, guarda dos
filhos, violência doméstica.
 A formação e rompimento dos laços afetivos.
 Prevenção e efeitos da privação materna.
 O papel do pai.
 A criança e a separação dos pais.
Aula 2:
 Natureza e origens da tendência antissocial.
 O papel da agressividade no desenvolvimento humano.
 Aspectos psicossociais do fenômeno da violência.
 Aspectos psicossociais do envelhecimento.
Aula 3:
 Os direitos fundamentais da criança e do adolescente.
 As medidas específicas de proteção à criança e ao adolescente.
 As medidas socioeducativas.
Aula 4:
 A criança e o adolescente no acolhimento institucional.
 A colocação em família substituta.
Aula 5:
 Ética profissional.
 O psicólogo no atendimento aos casos nas Varas da Infância e da Juventude, nas
Varas da Família e das Sucessões, Violência Doméstica e ao Idoso.
 O lugar do saber psicológico na instituição judiciária.
Aula 6:
 Avaliação Psicológica: instrumentais e sua prática na instituição judiciária.
 A entrevista psicológica.
 Elaboração de documentos escritos: laudos, relatórios e pareceres psicológicos.

Sem mais, vamos ao nosso curso!

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INTRODUÇÃO

Ao Psicólogo Judiciário do Tribunal de Justiça cabe realizar


avaliações psicológicas de envolvidos em processos judiciais
mediante a determinação de um Juiz.
Este profissional pode atuar nas Varas de Infância e Juventude e
Vara de Família e emite laudos com informações que possam auxiliar
o juiz na decisão sobre os temas do processo.
Apresento abaixo algumas das principais atribuições do cargo de
Psicólogo Judiciário e no decorrer do curso você poderá verificar que
muitos dos temas descritos no conteúdo programático são pertinentes
à dinâmica profissional do seu futuro cargo.
Quando estiver empossado a você caberá:
 Proceder a avaliação de crianças, adolescentes e adultos, elaborando o
estudo psicológico, com a finalidade de subsidiar ou assessorar a
autoridade judiciária no conhecimento dos aspectos psicológicos de sua
vida familiar, institucional e comunitária, para que o magistrado possa
decidir e ordenar as medidas cabíveis;
 Exercer atividades no campo da psicologia jurídica, numa abordagem
clínica, realizando entrevistas psicológicas, individuais, grupais, de casal e
família, além de devolutivas; aplicar técnicas psicométricas e projetivas,
observação lúdica de crianças, crianças/pais, para compreender e analisar
a problemática apresentada elaborando um prognóstico; propor
procedimentos a serem aplicados;
 Realizar estudo de campo, através de visitas domiciliares, em abrigos,
internatos, escolas e outras instituições, etc;
 Proceder encaminhamento para psicodiagnóstico, terapia e
atendimento especializado (escolar, fonoaudiológico, etc);
 Realizar o acompanhamento de casos objetivando a clareza para
definição da medida, avaliando a adaptação criança/família;
 Fornecer subsídios por escrito (em processo judicial) ou verbalmente
(em audiência), emitir laudos, pareceres e responder a quesitos;
 Promover a prevenção e controle da violência intra e extrafamiliar,
institucional contra crianças e adolescentes e de condutas infracionais;

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 Elaborar pesquisas e estudos, ampliando o conhecimento psicológico


na área do Direito e da Psicologia Judiciária, levantando o perfil dos
atendidos e dos Psicólogos e Assistentes Sociais do Tribunal de Justiça do
Estado de São Paulo;
 Fornecer indicadores para formulação de programas de atendimento,
relacionados a medidas de proteção sócioeducativas, na área da Justiça da
Infância e Juventude, auxiliando na elaboração de políticas públicas,
relativas à família, à infância e à juventude;
 Elaborar pareceres técnicos e informações, assessorando à
Administração visando esclarecimento, informação e orientação quanto às
funções exercidas pelos Assistentes Sociais e Psicólogos na Instituição
Judiciária;
 Dentre outras diversas atribuições descritas no site do Tribunal de
Justiça de São Paulo.

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A IMPORTÂNCIA DO AMBIENTE

Estudaremos nesse capítulo a importância do ambiente para a


formação e desenvolvimento da criança e que se estende às demais fases
da vida do ser humanos.
Ferreira (1998, p.36) destaca que em nossa Língua Portuguesa a
palavra ambiente significa: “1) aquilo que cerca ou envolve os seres vivos
ou as coisas, por todos os lados; envolvente; 2) aquilo que cerca os seres
vivos ou as coisas; meio ambiente”.
O ambiente com o qual a criança vai conviver e se adaptar é o
mesmo que fornecerá a ela condições para se desenvolver e aqui
podemos citar, além do ambiente familiar, ambientes como as creches,
pré-escolas, etc.
Winnicott utiliza o termo ambiente de diversas formas e em
composição com outras palavras, tais como:
 meio ambiente, em que se refere a um lugar, espaço ou
veículo propiciador de condições físicas e psicológicas com as
quais o indivíduo convive;
 organização meio ambiente-indivíduo, que diz respeito à
unidade fusional inicial mãe-bebê, possibilitada pela identificação
primária e que possibilita o amadurecimento do indivíduo;
 meio ambiente pessoal, expressão com a qual expõe duas
coisas diferentes: a primeira, referente ao fato de que as
condições são oferecidas ao indivíduo por uma pessoa com ele
envolvida, e a segunda, quando, a partir de condições
favoráveis, o indivíduo consegue criar condições próprias de
cuidado, ou seja, “o indivíduo pode gradualmente vir a criar um
meio ambiente pessoal” (1958a, p. 379), devido à incorporação
dos cuidados;

No que tange a importância do ambiente Winnicott salienta: “Uma


pessoa madura pode participar de seu próprio manejo, mas uma criança

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só pode tomar parte até certo ponto, e um bebê, no início, depende


absolutamente de um ambiente que pode escolher adaptar-se às suas
necessidades ou então não se adaptar e ignorá-las” (1987b, p. 42).
Segundo Flehmig (1987) quando ainda éramos bebês, tínhamos
comportamentos reflexos e estes reflexos possibilitaram nossa adaptação
ao meio ambiente.
Para Brêtas (2006) o único instrumento de interação que a criança
possui ao nascer são os esquemas primários, ou como já citamos, os
reflexos. Esses reflexos tendem a se ampliarem conforme eles são
exercitados, um bom exemplo é quando a criança procura o mamilo do
seio da mãe para sugar e o faz instintivamente.
Ainda segundo Brêtas (2006) a criança, logo após o nascimento
está pronta para assimilar experiências do meio que a circunda, pois,
seus reflexos neonatais são de características filogenéticas, cuja ação é
responsável pela adaptação inicial da criança no mundo.
Vale ressaltar que a criança nasce pré-disposta a exercer algumas
capacidades como o ato de se adaptar ao meio ambiente mesmo sem
estímulos oferecidos pelo mesmo.
Segundo Locke (1690 apud BALDWIN, 1973, p. 29):
"...a mente do bebê é uma tábula rasa que
ganha registro conforme as experiências
vividas".

A criança experimenta o meio à sua volta e com isso, suas


experiências viram registros e o ambiente passa a ser necessário para seu
desenvolvimento.
Lev Vygotsky (1987 apud OLIVEIRA, 1990), enfatiza a interação do
indivíduo com o mundo numa relação mediada e essa mediação ocorre
por um elemento interposto entre o sujeito e o objeto a ser explorado.
Vygotsky quis demonstrar que o processo de mediação auxilia o
desenvolvimento da criança na descoberta do mundo e essa mediação, no

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contexto familiar, pode ser propiciada pelos pais, irmãos, avós e outras
pessoas que são do convívio da criança.
Segundo Piaget citado por Kramer (2000, p. 29):
“o desenvolvimento resulta de combinações
entre aquilo que o organismo traz e as
circunstâncias oferecidas pelo meio [...] e
que os esquemas de assimilação vão se
modificando progressivamente, considerando
os estágios de desenvolvimento”.

É um processo contínuo o desenvolvimento do ser humano, tanto


no desenvolvimento do corpo, assim também como no da personalidade e
no da capacidade de relações. Nenhuma fase pode ser suprimida ou
impedida sem efeitos perniciosos. (WINNICOTT, 1964, p.95).
O bebê é um ser humano que está em processo de
desenvolvimento, é imaturo e extremamente dependente, em seu
processo de amadurecimento está constantemente armazenando
experiências. E essas progressões de desenvolvimento têm uma enorme
importância prática para todos que se ocupam dos estágios iniciais.
Segundo Winnicott (1896 – 1971, p.53) a mãe que está ligada
diretamente ao bebê e tem a capacidade de identificar-se com seu filho e
para ele a mãe é o primeiro ambiente de uma criança, tanto em termos
biológicos quanto psicológico.
Winnicott frisou em suas obras a necessidade de um bebê contar
com um ambiente facilitador, mas também as consequências da ausência
deste. Essa ausência pode interromper e até bloquear definitivamente o
amadurecimento emocional do indivíduo.
E para tanto, em nosso próximo capítulo trataremos sobre as
consequências das falhas ambientais.

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CONSEQUÊNCIAS DAS FALHAS AMBIENTAIS


Como visto no capítulo anterior o ambiente deve possuir as fontes
necessárias para o desenvolvimento da criança e se o ambiente não é
adequado, se não há uma interação da criança com este, então, surge a
possibilidade de um fracasso, ou falha, em algum aspecto do
desenvolvimento infantil.
O papel que o ambiente representa no desenvolvimento infantil
varia muito, principalmente dependendo da idade da criança. E conforme
ocorre o desenvolvimento dessa criança seu ambiente também muda e,
consequentemente, a sua forma de relacionar-se com ele.
Nesse capítulo trataremos alguns aspectos das falhas ambientais,
porém, nos demais capítulos serão tratados ainda as consequências, mas
em conjunto com outros temas, ou seja, as consequências no
desenvolvimento psicológico, na formação e rompimento dos laços
afetivos, enfim, em conjunto ou derivados de vários outros contextos.
Winnicott (1971, p.14) enfatizou que “a história total do
relacionamento individual da criança com o meio ambiente específico é
uma história que compreende o crescimento emocional do bebê e da
pessoa cuidadora desse bebê, daquela que atende às suas necessidades
específicas, ou seja, da mãe como “ambiente suficientemente bom” – a
pessoa responsável pelas condições facilitadoras para que o crescimento
do bebê se efetive”.
Araújo (2002) salienta que desse modo, a teoria de Winnicott acaba
por compreender o que acontece diante das interferências que dificultam
ou impedem a suficiência do ambiente e, consequentemente, o
crescimento do bebê.
Ainda segundo Araújo (2002) Winnicott após seus estudos, chegou
à conclusão que não era mais possível pensar em trabalho isolado com a
criança, ou estudar a etiologia de uma doença tendo como objeto de
estudo apenas o indivíduo afetado pelos sintomas da doença. Era preciso
também um estudo de seu ambiente e das relações com este ambiente,

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para compreender a natureza do problema e desenvolver um trabalho


realmente alterador das condições da criança.
Winnicott considera que o ambiente deve adaptar-se totalmente às
necessidades do bebê e que à medida em que o bebê fosse
amadurecendo, conseguisse desadaptar-se de acordo com a capacidade
crescente do bebê de utilizar seus próprios recursos. (Winnicott 1965)
Ao cometer falhas esse ambiente seria capaz, então, de repará-las
em tempo hábil, ou seja, num tempo que o bebê poderia suportar sem
viver uma agonia impensável. Impensável, por não existir ainda ali uma
pessoa integrada capaz de vivenciar e modificar essa situação. (Winnicott
1965)
Na teoria winnicottiana, sabe-se que a vida do ser humano é uma
busca da continuidade de ser e a ameaça, que envolve todo o processo de
desenvolvimento do indivíduo, é a possibilidade de não se integrar e de
não continuar sendo.
A doença psíquica, para Winnicott (1965) trata-se de um tipo de
imaturidade, uma parada no “continuar a ser” do indivíduo por defesa ou
reação contra a angústia que emerge diante de uma invasão, ou diante
do impedimento de algo que precisava ter acontecido e não aconteceu.
(Winnicott 1989vb [1965], p. 118).
Deste modo, as consequências da falha ambiental para a saúde
psíquica da criança podem ser relacionadas de acordo com o momento
em que a falha acontece, na linha de evolução, que parte da dependência
absoluta rumo à independência. (Winnicott 1965vc [1962]).
As consequências são inúmeras e serão tratadas pontualmente, em
cada contexto, nos próximos capítulos e aulas.

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DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO:
INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

Vamos iniciar o capítulo sobre desenvolvimento psicológico


abordando, suscintamente, as teorias de Jean Piaget e Lev Vygotsky
sobre o desenvolvimento psicológico.
Com base nas teorias desses e de outros teóricos, a psicologia do
desenvolvimento traz uma compreensão sobre as transformações
psicológicas que ocorrem no tempo com intuito de balizar suas avaliações
e/ou explicações sobre as mudanças que ocorrem na vida do sujeito, nas
diversas fases de sua vida e assim, dar condições de serem descritas e
compreendidas.
O desenvolvimento ocorre desde a concepção passando pela
fecundação do óvulo, porém o desenvolvimento físico, cognitivo, social,
afetivo tem continuidade durante todas as fases da vida do sujeito,
terminando somente com a morte.
Partindo-se desse pressuposto, trataremos aqui sobre o
desenvolvimento segundo a teoria de Jean Piaget.
Segundo Barros (1984, p.104) usando uma observação direta,
sistemática e cuidadosa de crianças (inclusive seus filhos) Piaget chegou a
uma teoria que revolucionou nossa compreensão do crescimento
intelectual.
Sua teoria explica o desenvolvimento cognitivo, ou mental, do ser
humano no campo do pensamento, da linguagem e da afetividade e que o
mesmo se realiza em estágios e que a natureza e a caraterização da
inteligência mudam significativamente com o passar do tempo.
São quatro os estágios, segundo a teoria de Piaget:
1º estágio - inteligência sensório-motora: ocorre do
nascimento até após 18 meses:
 É a fase inicial do desenvolvimento da vida, este nível é
caracterizado também como pré-verbal e é constituído pela
organização reflexiva e pela a inteligência prática. Neste estágio

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a criança baseia-se em esquemas motores para resolver seus


problemas, que são essencialmente práticos.
 A criança vive o momento presente sendo incapaz de referir-se
ao futuro, ou evocar o passado e também começam a
desenvolver símbolos mentais e utilizar palavras, um processo
conhecido como simbolização. O bebê relaciona tudo ao seu
próprio corpo como se fosse o centro do mundo
 Alguns autores dizem que podem chegar até 24 meses esse
estágio, quando tem início o segundo estágio.

2º estágio - inteligência intuitiva ou pré-operacional: ocorre


dos 2 aos 6 anos
 Caracterizado pela explosão linguística e a utilização de símbolos
pelo indivíduo, porém nota-se ainda a ausência de esquemas
conceituais, assim como o predomínio da tendência lúdica.
Prevalece nesta fase a transdução, modelo primitivo de
raciocínio, que se orienta de particular para particular.
 A partir dos quatro anos o tipo dominante de raciocínio é o
denominado intuição, fundamentado na percepção e que
desconhece a reversibilidade e a conservação.
 A criança ainda é incapaz de lidar como dilemas morais, embora
possua senso do que é bom ou mal. O indivíduo apresenta
um comportamento egocêntrico, tendo um papel limitado e a
impossibilidade assumir o papel de outras pessoas, é rígido (não
flexível) que tem como ponto de referência a própria criança.
Ainda é latente a incapacidade de analisar vários aspectos de
uma dada situação e uma consequência deste egocentrismo é a
incapacidade da criança de colocar seu próprio ponto de vista
como igual aos demais. Desconhecendo a opinião alheia, o
indivíduo não sente necessidade de justificar seus raciocínios
perante outros.

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 Aparece a incapacidade de descentração, ou seja, a criança fixa


apenas em um aspecto particular da realidade, geralmente o
dela.
 Alguns autores dizem que esse estágio chega até 07 anos
quando tem início o terceiro estágio.

3º estágio - estágio das operações concretas: ocorre dos 7


aos 11 anos
 Nesse estágio a criança age sobre o mundo concreto, real e
visível. Surge o declínio do egocentrismo, sendo substituído
pelo pensamento operatório (envolvendo vasta gama de
informações externas à criança). O indivíduo pode, desde já, ver
as coisas a partir da perspectiva dos outros.
 Surge os processos de pensamento lógico, limitados, sendo
capazes de serializar, ordenar e agrupar coisas em classes, com
base em características comuns. Assim como a capacidade de
conservação e reversibilidade através da observação real (o
pensamento da criança ainda é de natureza concreta).
 O pensamento operatório é denominado concreto, pois a criança
somente pensa corretamente se os exemplos ou materiais que
ela utiliza para apoiar o pensamento existem mesmo e podem
ser observados. Ela ainda não consegue pensar abstratamente,
tendo como base proposições e enunciados. Com o
desenvolvimento destas habilidades notamos aparecimento
de esquemas conceituais.
 As crianças começam a desenvolver um senso moral, juntamente
com um código de valores.

4º estágio - estágio das operações formais: ocorre após 12


anos
 Esse estágio é caracterizado pela condição de distinguir entre o
real e o possível.

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 A criança se torna capaz de raciocinar logicamente, mesmo se o


conteúdo do seu raciocínio é falso. Logo, surge a determinação
da realidade tendo como base o caráter hipotético-dedutivo,
representando a última aquisição mental quando o adolescente
se liberta do concreto. Assim o jovem obtém a capacidade de
pensar abstratamente e compreender o conceito de
probabilidade.
 Aparecimento da reversibilidade e sua explicação mediante
inversão ou negação e comparada à reciprocidade de relações.

Segundo Oliveira (1995) Vygotsky na formulação da teoria sócio-


histórica, nos mostra que o desenvolvimento psicológico se dá no curso
de apropriação, da experimentação, da vivência, ou seja, podemos dizer
que o desenvolvimento, segundo Vygotsky, é alicerçado sobre o plano das
interações.
Para Vygotsky a aprendizagem e o desenvolvimento relacionam-se
de forma intrínseca e um depende do outro, ou seja, a aprendizagem
favorece o desenvolvimento e este, por sua vez, favorece novas
aprendizagens: “a aprendizagem só é boa quando está à frente do
desenvolvimento” (Vygotsky, 2000). Ao aprender algum conceito novo,
inicia-se o desenvolvimento desse conceito, ou seja, o aprendizado
precede o desenvolvimento.
Ampliaremos esse conceito de desenvolvimento psicológico, mais
especificamente nas crianças segundo preceitos de René Spitz e nos
adolescentes segundo Thiago Matheus.
A obra de Spitz (1996) tem sua teoria balizada por textos
freudianos e ele pretendeu, em sua pesquisa com bebês, realizar uma
investigação experimental e rigorosa, como uma continuidade linear e
explícita da teoria freudiana da sexualidade e explicar como se configura
o surgimento do psiquismo, ou seja, qual é a origem das relações
objetais, sinônimo do objeto libidinal freudiano.

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As relações objetais são relações entre um sujeito e um objeto,


porém, para o universo do recém-nascido ainda não há objetos. Os
objetos relacionais desenvolvem-se progressivamente no decorrer do
primeiro ano de vida, e no seu final, o objeto libidinal será estabelecido.
Rene Spitz (2013) distingue três estágios no desenvolvimento do
objeto:
1) estágio pré-objetal ou sem objeto: o primeiro estágio
corresponderia ao narcisismo primário de Freud, no qual o bebê
ignora o mundo ao seu redor. Para entender como isto acontece
ajuda ter em mente que o aparelho perceptivo do recém-nascido é
protegido do meio exterior por uma barreira de estímulos muito
alta, portanto esta barreira o protege da percepção de fora, a não
ser que os estímulos vindos de fora excedam o nível de intensidade
da barreira protetora, destruindo a quietude do recém-nascido
fazendo-o reagir violentamente com desprazer. Não existe
diferenciação entre o soma e o psíquico, nem entre ego e id.
Também não há diferenciação entre os estímulos recebidos e o
comportamento é inespecífico, respondendo a um estímulo
casualmente.
2) estágio precursor do objeto: o segundo estágio tem como
primeiro organizador o aparecimento do sorriso do ser humano que
ocorre a partir do segundo e terceiro mês de vida. O sorriso então
aparece como um indicador que instala os primeiros rudimentos do
Eu e o estabelecimento da primeira relação pré-objetal ainda
indiferenciada. Assim no segundo mês, o rosto torna-se um
percepto privilegiado, a realidade começa a funcionar mesmo que
ainda não ocorra a discriminação. A configuração específica dessa
gestalt (percepto privilegiado) consiste nos dois olhos, nariz e testa
em movimento (Spitz, 1996). Assim, a reposta de sorriso é um
indicador de que um amplo processo de organização aconteceu na
psique do bebê: o consciente separou-se do inconsciente, já que o
reconhecimento, expresso no ato de sorrir, é claramente um sinal

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de consciência que dirige intencionalmente os seus atos. Está


surgindo um ego rudimentar e corporal, uma organização diretora
central.
3) estágio do próprio objeto: surge o segundo organizador,
especificado pelo aparecimento da reação de angústia no rosto de
um estranho, em torno do oitavo mês chamado de angústia do
oitavo mês. Essa ansiedade dos oito meses, quando a criança exige
consolo da mãe e somente da mãe, estranhando e reagindo com
choro diante de pessoas desconhecidas. Isso indica que já se
estabeleceu uma diferenciação entre a mãe e as outras pessoas. A
conclusão é que o bebê se tornou capaz de diferenciar as pessoas
conhecidas das estranhas. A resposta de ansiedade ou angústia dos
oito meses é apontada por Spitz como o indicador de que foi
estabelecido o objeto libidinal propriamente dito.

Os estudos de Spitz colocaram em evidência a grande importância


da relação mãe-filho e seu aspecto vital, pois sabemos que, em
numerosos casos de privação materna, de acordo com Spitz (2013) foi
possível observar, nessas crianças, uma fraca resistência a infecções e
uma taxa de mortalidade realmente espantosa.
Ele também demonstrou que as relações afetivas, geralmente
associadas ao campo puramente psicológico, têm um impacto em nível
fisiológico e físico, influenciando diretamente a prática pediátrica.
Já no que tange a fase da adolescência temos, segundo Matheus
(2007) que esta é, primeiramente, um fenômeno social contemporâneo,
com características específicas que o atrelam particularmente ao contexto
socioeconômico e político destes últimos sessenta anos, neste universo
globalizado. Se diferentes versões da adolescência existiram em outros
momentos históricos (Matheus, 2007), foi após a Segunda Grande
Guerra, com as transformações econômicas, culturais e sociais, que
vieram a ocorrer, que a adolescência adquiriu seus contornos próprios aos
dias atuais. Isso porque, neste momento, a imagem da juventude (no

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sentido sociológico do termo) se tornou um emblema, uma referência no


imaginário de diversas sociedades, sendo tomada como padrão de
comportamento e de beleza (Hobsbawn, 1995), a partir de imagens que
se atualizam constantemente (como renovação do mesmo) e sustentam
intensos e ambivalentes investimentos narcísicos. Essa posição de
destaque no imaginário social, tal como se configurou neste momento
histórico, veio a realizar o ideário da modernidade, no qual a noção de
indivíduo tornou-se um significante privilegiado em torno do qual os
sujeitos se organizam e norteiam seus ideais, transformando cada
indivíduo num fim em si mesmo.
A adolescência, que ora é tomada como fenômeno social, ora como
momento necessário na constituição do sujeito, como se sabe, não é um
conceito originalmente psicanalítico, mas surge como fenômeno da
modernidade (Ariès, 1986) e demanda dos psicanalistas um
entendimento a respeito.
Cada jovem, desse prisma, é um projeto a ser cultivado por ele e
por aqueles que o tomam como objeto de investimento. O fenômeno
social da adolescência, portanto, é a expressão, na cena social, desse
paradoxal rito de passagem, silencioso e singular, a ser vivido pelos
novos membros de cada sociedade, como se fossem unidades autônomas
e independentes, capazes de realizar um ideal de autodeterminação
(Matheus, 2007).
A adolescência como questão subjetiva, por sua vez, diz respeito ao
modo como cada sujeito se posiciona neste lugar idealizado e
ambivalente, na cena social contemporânea. É o momento do processo de
constituição do sujeito que, ao se desprender do véu de amparo e
contenção parental (ou institucional), se depara com as incongruências e
tensões da sociedade e suas organizações, sendo convocado a agenciar,
por sua própria conta, o antagonismo de suas forças pulsionais. Logo, o
real que emerge neste momento não se reduz ao real pubertário, de um
corpo biológico predestinado a eclodir uma crise subjetiva, pois o
antagonismo pulsional que emerge neste momento diz respeito aos

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impasses narcísicos e sexuais de um corpo jovem que experimenta essa


condição expiatória em relação ao corpo social ao qual almeja pertencer e
pelo qual almeja ser reconhecido como semelhante. O real que eclode
para o sujeito adolescente, portanto, é também o real não simbolizado
em cada sociedade, que encontra nesses candidatos um lugar de eclosão
daquilo que nas demais gerações permanece abafado (Matheus, 2007).
Sendo assim, o sujeito adolescente porta, em seu discurso e
manifestação, o posicionamento que foi capaz de produzir frente aos
antagonismos pulsional e social com os quais se depara, funcionando
assim como um agente, em cada corpo social, de enunciação e
questionamento das dissonâncias aí presentes (Matheus, 2002).
Essa concepção de adolescência como questão do sujeito se
sustenta num determinado recorte do fenômeno social, e busca
estabelecer uma diferenciação e uma articulação entre ambos, a fim de
evitar o dogmatismo de uma visão biologicista ou trans-histórica para os
desafios subjetivos da adolescência, na expectativa de promover um
diálogo com aspectos sociais que aí se anunciam. Dessa perspectiva,
acredita-se que a psicanálise possa contribuir com as demais ciências
humanas no enfrentamento das tensões e impasses que surgem no
cenário contemporâneo, ao enunciar a potência inquietante do discurso
adolescente, em sua singularidade e ambivalência (exercício que se
pretende realizar na segunda parte deste trabalho). Mas esta contribuição
depende da capacidade de manter vivos o questionamento e a revisão,
também no campo psicanalítico, de suas próprias formulações teórico-
clínicas, frente aos desafios apresentados pelos sujeitos e suas
organizações sociais, pois é nesse exercício que se fundamenta a força
argumentativa de cada saber. (Matheus, 2012).
A constituição do sujeito, em sua passagem adolescente, depende
não só de um arranjo entre seus anseios libidinais com os demais, a fim
de firmar um acordo, mas também da oposição frente àquilo que é
inegociável.

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O desafio adolescente de negociação frente à oferta de um lugar na


engrenagem da estrutura social fica então abafado e reduzido em sua
potência transformadora. A experiência adolescente (adolescência como
questão) é precocemente abortada e, com ela, as possibilidades de
conquista de uma maior autonomia do sujeito e de seu posicionamento
(ativo, na medida em que se posicionar é assumir diferenças) diante do
cenário social para o qual se dirige. Situação paradoxal, tendo em vista
que a autonomia subjetiva acaba se contrapondo a outra autonomia,
financeira, priorizada no discurso desses jovens.
Matheus (2012), como resultado de suas pesquisas disse que foi
possível notar que a angústia de exclusão não incide apenas sobre
aqueles adolescentes que, em função de sua condição socioeconômica, de
fato encontram-se cerceados em suas possibilidades de circulação social e
de inserção nos espaços legitimamente estabelecidos no cenário
contemporâneo, mas também sobre aqueles que supostamente estariam
garantidos dessas possibilidades e, por isso, são vistos como
privilegiados.
Matheus (2007) finaliza que a questão adolescente descreve o
momento em que o sujeito psíquico, ao buscar maior autonomia frente à
barreira protetora familiar, se depara com as incongruências da sociedade
e suas instituições, bem como com o próprio antagonismo pulsional que
emerge numa trajetória incerta. Dessa posição, o sujeito adolescente
enuncia as fissuras do tecido social, que despontam e que inquietam a
tantos, mas que são esses maiores incomodados que se permitem
nomear o que fica abafado entre os demais agentes sociais. Se os jovens
aqui retratados se encontram numa paradoxal posição diante da busca de
autonomia, não deixam de apontar, em seus discursos, a força coercitiva
e aprisionadora que o ideário de inserção social pode conquistar na
hierarquia socioeconômica vigente na contemporaneidade. O exercício
investigativo sobre os impasses que acompanham as múltiplas
configurações da realidade social contemporânea demanda, por sua vez,
saberes que se mostrem abertos à interlocução e que possam, para tanto,

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reconhecer os limites de seu escopo, fazendo a revisão constante de seu


repertório conceitual.
Chegamos ao final de nossa primeira aula e aguardo você na
próxima.
Vale lembrar que diversos outros aspectos que envolvem criança e
adolescente serão tratados em outros contextos em nossas próximas
aulas e que as questões de concursos que, normalmente, abordam
diversos temas na mesma questão, serão devidamente apresentadas e
comentadas conforme os conteúdos forem sendo trabalhados.

Bons Estudos!
Prof. Ma. Viviane Silva

Referências Bibliográficas

Araújo, C. A. S. 2002: Ambiente na Obra de Winnicott: Teoria e Prática Clínica


ARIÉS, P. História social da criança e da família. 2. ed. Trad. D. Flaksman. Rio de
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BRÊTAS, J.R. da S. Cuidados com o desenvolvimento psicomotor e emocional da criança
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Ferreira, Aurélio B. de Holanda 1988: Dicionário Aurélio básico da língua portuguesa. Rio
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KRAMER, Sônia. Com a pré-escola nas mãos. São Paulo: Ática, 2000.
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São Paulo: Annablume.
Matheus, T. C. (2007). Adolescência: história e política do conceito na psicanálise. São
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Matheus, T. C. Adolescência. (Coleção Clínica Psicanalítica). São Paulo: Casa do
Psicólogo. 2012

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SP: Martins Fontes.
SPITZ, R. A. O Primeiro Ano de Vida. SP: Martins Fontes, 2013
Vygotsky, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins Fontes,
2000.
Winnicott, Donald. W.: 1896-1971. Os bebês e suas mães/ D. W. Winnicott; tradução
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Winnicott, Donald. W.: 1964, 1957. A criança e seu mundo. Copyright 1982 by – LTC –
Livros Técnicos e Científicos Editora S.A.
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