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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL

DO CRISTO REI DA COMARCA DE VÁRZEA GRANDE/MT


Processo nº: xxxxxx
xxxxxxx, (qualificaçã o completa) e xxxxxx (qualificaçã o completa), por intermédio de sua
advogada e bastante procuradora, (procuraçã o anexa), com escritó rio profissional no
endereço descrito no rodapé da presente peça, onde recebe notificaçõ es e intimaçõ es de
praxe, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência apresentar
CONTESTAÇÃO
à AÇÃ O DE INDENIZAÇÃ O POR DANOS MORAIS E MATERIAIS C/C LUCROS CESSANTES,
movida por xxxxxxxx, já qualificada nos autos em epigrafe pelos motivos de fato e de
direito a seguir aduzidos.
I – DA SINTESE DA DEMANDA
Trata-se de propositura de açã o impulsionada pela Autora que se envolveu em acidente de
trâ nsito na data de 18/03/2016 enquanto trafegava pela Avenida Alzira Santana,
provocado pelo automó vel dos Réus, que o condutor, Edmir, se responsabilizou por todos
os danos e se disponibilizou a dar total assistência.
Que quebrou a mã o esquerda, possui plano de saú de, passou por cirurgia e gastou R$
147,96 com remédio e o conserto da moto custou R$ 834,75.
Alega que ficou 60 dias afastada do seu está gio, nã o recebeu auxilio transporte, teve sua
rotina alterada e nenhuma assistência por parte dos Réus, de forma que enseja dano
material, dano moral e lucros cessantes.
II – DA VERDADE DOS FATOS
O 2º Réu, Edmir, reconhece que trafegava pela rua e com a seta ligada, na intençã o de fazer
a conversã o à esquerda para adentrar na Rua Paraná , colidiu com a moto da Autora.
Ao constatar a colisã o, o 2º Requerido prestou assistência imediatamente e se colocou à
disposiçã o para auxiliar no que fosse necessá rio, conforme narrado na inicial.
Observa-se que o 2º Réu conversou com o namorado da Autora, por aplicativo de
mensagens (conforme imagens anexadas), mencionando os orçamentos, bem como se a
parte Autora possuía convênio médico.
A Requerente procurou o mecâ nico, DE SUA CONFIANÇA, o Sr. Gerson, que lhe apresentou
o orçamento no valor de R$ 1.400,00 (hum mil e quatrocentos reais) e, por coincidência, o
pai do 2º réu, Sr. Edmir Ragazzi, procurou o mesmo mecâ nico que lhe fez o orçamento no
valor de R$ 680,00 com peças paralelas garantindo que sã o novas, nã o afetariam o
funcionamento da moto e que daria 01 (um) ano de garantia.
Importante ponderar que os orçamentos apresentados pelo Sr. Gerson, ambos, foram
verbais, tanto é que nem a parte Autora anexou junto aos autos o referido orçamento.
Por fim, a Reclamante nã o aceitou o orçamento feito pelos réus e pagou o valor de R$
834,75 (oitocentos e trinta e quatro reais e setenta e cinco centavos), pois acionou o
seguro.
Verifica-se que, embora o 2º réu nã o tenha provocado a colisã o, ainda assim se dispô s a
ajudar nas custas do conserto da moto e despesas medicas.
III – PRELIMINAR (ILEGITIMIDADE PASSIVA)
A Ré, Aline Castro da Silva, é proprietá ria do veículo envolvido no acidente que originou a
lide presente, entretanto, nã o era a condutora do veículo naquela ocasiã o, conforme se
depreende da inicial, onde consta o nome do real condutor: Sr. EDMIR, o qual é maior,
capaz e devidamente habilitado para conduzir veículos automotores, conforme Carteira de
Habilitaçã o anexa.
Como nã o participou do evento, a ré nada pode esclarecer sobre os fatos, somente o que se
pode vislumbrar na inicial e pelas informaçõ es colhidas junto ao real condutor, mas
efetivamente a mecâ nica do acidente e uma suposta imputaçã o de responsabilidade civil à
aquele deveria ter sido imputada, o qual sem dú vida deveria figurar no polo passivo, e nã o
a ré.
Nã o parece sensato reputar a proprietá ria sempre culpado in eligendo ou in vigilando,
quando seu carro dirigido por outra pessoa, envolve-se culposamente em acidente, salvo
quando entrega o veículo à conduçã o de pessoa visivelmente incapaz de dirigir por estar
bêbada ou com o braço quebrado, por exemplo. Quem verifica que tem capacidade de
dirigir dentro das normas de trâ nsito é o DETRAN, havendo presunçã o de quem possui
carteira de motorista é apto à conduzir veículo.
Ademais, o artigo 932 do Có digo Civil correspondente, patente regra de solidariedade
imposta por lei, assim dispõ e:
Art. 932: Sã o também responsá veis pela reparaçã o civil:
I- os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II- o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condiçõ es;
III- o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício
do trabalho que lhes competir, ou em razã o dele;
IV- os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por
dinheiro, mesmo para fins de educaçã o, pelos seus hó spedes, moradores e educandos;
V- os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até concorrente
quantia.
Observe-se entã o, que só há de se cogitar responsabilidade solidá ria do proprietá rio de um
veículo e seu condutor quando o ú ltimo é filho deste; tutelado; curatelado; empregado;
preposto ou serviçal. Caso contrá rio, nã o se enquadra em nenhuma das hipó teses
autorizadoras da lei civil, sendo impossível a aplicaçã o automá tica de um entendimento
vetusto e descuidado, que cria responsabilidade solidá ria apenas pela propriedade da coisa
à míngua de previsã o legal.
Acatar os pedidos da inicial em face da Ré, é adotar verdadeira responsabilidade objetiva
em relaçã o a alguém que sequer participou do suposto ato ilícito, subvertendo
completamente a sistemá tica do Có digo Civil que exige nexo de causalidade entre vítima e
transgressor, além da culpa deste ú ltimo da produçã o do alegado ilícito cometido.
Pelo exposto na preliminar arguida, requer a V. Exa a exclusã o da Sra. ALINE, da lide.
IV – DO MÉRITO
a) DANO MORAL
A Requerente afirma que o evento danoso gerou prejuízos morais, pela dificuldade que
teve, depois do acidente, em realizar atividade rotineiras, o que lhes causa consequente
abalo psicoló gico, afirmando ser justa a indenizaçã o.
Porém, nã o sã o críveis tais prejuízos ante a dinâ mica do evento. A requerente nã o
comprovou nenhuma circunstâ ncia que ultrapassasse os meros aborrecimentos que devem
ser tolerados na vida em comunidade e que nã o sã o capazes de produzir dor à alma e à
personalidade do indivíduo.
Como sabido, o dano moral se caracteriza pela violaçã o dos direitos integrantes da
personalidade do indivíduo, atingindo valores internos e anímicos da pessoa, tais como a
dor, a intimidade, a vida privada, a honra, dentre outros.
Para restar configurado o dano moral mostra-se necessá rio um acontecimento que fuja à
normalidade das relaçõ es cotidianas e interfira no comportamento psicoló gico da pessoa
de forma significativa. As contrariedades e os problemas da vida em comunidade nã o
podem redundar sempre em dano moral, sob pena de banalizaçã o do instituto.
Nesse sentido, a doutrina de Sérgio Cavalieri Filho:
“(...) Nessa linha de princípio, só deve ser reputado como dano moral a dor, vexame,
sofrimento ou humilhaçã o que, fugindo à normalidade, interfira intensamente no
comportamento psicoló gico do indivíduo, causando-lhe afliçõ es, angú stia e desequilíbrio
em seu bem-estar. Mero dissabor, aborrecimento, má goa, irritaçã o ou sensibilidade
exacerbada estã o fora da ó rbita do dano moral, porquanto, além de fazerem parte da
normalidade do nosso diaadia, no trabalho, no trâ nsito, entre os amigos e até no ambiente
familiar, tais situaçõ es nã o sã o intensas e duradouras, a ponto de romper o equilíbrio
psicoló gico do indivíduo. Se assim nã o se entender, acabaremos por banalizar o dano
moral, ensejando açõ es judiciais em busca de indenizaçõ es pelos mais triviais
aborrecimentos.(...)”
Frisa-se que nos momentos em que foi oferecido auxilio para reparo tanto da moto quanto
da saú de, da parte autora, ela se recusou e surpreendentemente dias depois apareceu
apresentando, apenas, o orçamento do conserto da moto.
Diante do que, entendendo os Requeridos pela inexistência de danos morais pelo simples
aborrecimento e nenhum reflexo que pudesse afetar os direitos de personalidade da
Requerente, pugna pela improcedência de tal pedido.
Porém, à título de argumentaçã o, pelo princípio da Eventualidade, entende que caso
imposto o pagamento de tal indenizaçã o, este nã o poderá ser causa de enriquecimento a
Requerente em detrimento ao prejuízo dos Requeridos, sugerindo para fixaçã o, valor nã o
superior à ½ (meio) salá rio mínimo, visto que a 1ª Requerida é do lar, nã o auferindo renda
mensal e o 2º Requerido, percebe o salá rio de R$ 1.600,00 (hum mil e seiscentos reais),
conforme contrato acostado aos autos.
Ademais, insta esclarecer que 02 (dois) dos 03 (três) bens, que estã o em nome do 2º Réu,
como mencionado na exordial, já foram vendidos, restando apenas um veículo que é de uso
do pai do 2º Requerido.
b) DA CULPA CONCORRENTE
Alega a Requerente que conduzia sua moto pela Avenida Alzira Santana à s 19:00 horas
quando o veículo do Requerido atravessou a frente, invadindo a faixa em que se encontrava
a parte autora.
Ora Excelência, tal afirmaçã o nã o merece guarida, pois se houvesse invasã o da pista, a
batida seria frontal, contudo a batida foi na lateral do carro, conforme demonstra foto
anexada aos autos pela parte Autora.
Vale ressaltar que a Avenida Alzira Santana à s 19:00 horas, onde ocorreu o acidente, possui
fluxo intenso de maneira que o Requerido estava parado, com seta ligada, esperando para
fazer a conversã o à esquerda.
Quando percebeu que era possível, avançou para realizar a conversã o, sendo que quando
metade do carro já estava na rua, a Requerente nã o conseguiu frear acarretando assim a
colisã o.
Outrossim, nota-se que nã o havia, no momento da colisã o, nenhum documento capaz de
comprovar a culpa, apenas, do Requerido, nã o sendo possível a parte Autora alegar
imprudência e negligência desse.
Considerando o impacto sofrido pela parte Autora, na mã o esquerda, leva-nos a pensar que
a mesma nã o conduzia sua moto com prudência, ou até mesmo pode ter faltado maior
reflexo diante da colisã o, visto que o 2º Requerido estava, ainda, acelerando seu veículo.
Verifica-se Excelência, que o Requerido jamais teve intençã o de machucar a Reclamante, e
percebe-se de forma clara, pois apesar de saber da culpa concorrente, o Requerido nã o se
preocupou com isso no momento da colisã o, mas sim com o estado de saú de da parte
Autora, tanto é que foi o pró prio quem chamou o SAMU e lhe deu assistência em tudo que
pode e que ela aceitou.
A melhor doutrina e a jurisprudência pá trias ensinam que, em casos de culpa concorrente,
os prejuízos devem ser rateados pelas partes envolvidas na proporçã o de sua
culpabilidade.
Nesse sentido, vale transcrever as liçõ es de Cunha Gonçalves e Aguiar Dias, citadas pelo
ilustre Des. Sergio Cavalieri, ob. Cit. Pá gs. 46/47:
“Havendo culpa concorrente a doutrina e a jurisprudência recomendam dividir a
indenizaçã o, nã o necessariamente pela metade, como querem alguns, mas
proporcionalmente ao grau de culpabilidade de cada um dos envolvidos. Esta é a liçã o de
Cunha Gonçalves, citada por Silvio Rodrigues: “A melhor doutrina é a que propõ e a partilha
dos prejuízos: em partes iguais, se forem iguais as culpas ou nã o for possível provar o grau
de culpabilidade de cada um dos co-autores; em partes proporcionais aos graus de culpas,
quando estas forem desiguais. Note-se que a gravidade da culpa deve ser apreciada
objetivamente, isto é, segundo o grau de causalidade do acto de cada um. Tem-se objetado
contra esta soluçã o que ‘de cada culpa podem resultar efeitos mui diversos, razã o por que
nã o se deve atender à diversa gravidade das culpas’; mas é evidente que a reparaçã o nã o
pode ser dividida com justiça sem se ponderar essa diversidade.”(ob. Cit., p. 182) O mestre
Aguiar Dias endossa esse entendimento ao declarar, expressamente: “Quanto aos demais
domínios da responsabilidade civil, a culpa da vítima, quando concorre para a produçã o do
dano, influi na indenizaçã o, contribuindo para a repartiçã o proporcional dos prejuízos “(Da
Responsabilidade Civil, 5a ed., v. II/314, n. 221).
Pois bem, se nã o for esse o entendimento de V. Exa., é cediço que o valor da indenizaçã o por
danos materiais deve guardar correlaçã o exata com a extensã o dos danos causados,
recompondo o patrimô nio do lesado para que volte ao estado anterior ao evento danoso. A
condenaçã o em indenizaçã o superior ao efetivo prejuízo equivale a enriquecimento sem
causa.
Se os danos morais devem ser arbitrados segundo critérios de forma prudente pelo
julgador, valendo-se de critérios de razoabilidade, a indenizaçã o por danos materiais tem
verdadeiro intuito de ressarcir, fazendo a esfera patrimonial voltar ao status quo ante.
Justifica-se, portanto, que o ressarcimento obedeça a critérios concretos e objetivos,
exigindo prova efetiva da diminuiçã o patrimonial e de sua extensã o, para que a indenizaçã o
lhe seja equivalente, sendo ô nus do autor comprovar esse prejuízo.
A jurisprudência nas Cortes nacionais mostra-se pacífica quanto ao tema em questã o,
vejamos:
"Para viabilizar a procedência da açã o de ressarcimento de prejuízos, a prova da existência
do dano efetivamente configurado é pressuposto essencial e indispensá vel. Ainda mesmo
que se comprove a violaçã o de um dever jurídico, e que tenha existido culpa ou dolo por
parte do infrator, nenhuma indenizaçã o será devida, desde que, nã o tenha decorrido
prejuízo. A satisfaçã o pela via judicial, de prejuízo inexistente, implicaria, em relaçã o à
parte adversa, em enriquecimento sem causa. O pressuposto da reparaçã o civil está , nã o só
na configuraçã o de conduta contra jus, mas também, na prova efetiva do ô nus, já que se
repõ e dano hipotético." (STJ - 1º T. - Resp - Rel. Demó crito Reinaldo - j. 23.05.94 - RSTJ
63/251).
Dessa forma, os Requeridos pugnam pela improcedência do pedido de dano material no
valor de R$ 982,71 (novecentos e oitenta e dois reais e setenta e um centavos).
c) DOS LUCROS CESSANTES
Relata a Autora que devido a lesã o em sua mã o esquerda ficou incapacitada para o trabalho
habitual e freelance, pois nã o está recebendo o auxílio transporte, visto que está afastada do
seu trabalho habitual, e necessita das duas mã os para trabalhar como freelancer.
Contudo, insta salientar que o auxílio transporte pago a estagiá rios é justamente para o
transporte casa – está gio; está gio – casa, logo, se a Autora está afastada por atestado
médico, nã o há motivo para perceber o auxílio transporte.
Verifica-se em clá usula do contrato, acostado aos autos pela pró pria Autora:
Condiçõ es do Está gio:
c) Bolsa - auxílio inicial mensal de: R$ 847, 50 (OITOCENTOS E QUARENTA E SETE REAIS E
CINQUENTA CENTAVOS) e R$ 125,40 AUXILIO TRANSPORTE MENSAL (CENTO E VINTE E
CINCO REAIS E QUARENTA CENTAVOS) MENSAL
d) Pagamento administrado pelo CIEE, cujo valor poderá variar de acordo com sua
frequência ao estágio e sujeito a Retençã o do Imposto de Renda, conforme tabela de
incidência em vigor fixada pelo Ministério da Fazenda. (grifo nosso).
Dessa forma, Excelência, o auxílio transporte nã o é verba devida à Requerente, pois varia
conforme sua frequência, e como a parte autora estava de licença médica, sem frequentar o
está gio, nã o há motivos para receber o auxílio transporte.
Quanto a atividade freelance, verifica-se que a Autora apresentou apenas declaraçõ es de
colegas, sem nenhuma comprovaçã o cabal da sua atividade EXTRA.
Aliá s, a parte Autora sequer comprovou, nos autos, que algum dia trabalhou como
freelancer e tã o pouco demonstrou que nas datas descritas, ela trabalharia nos eventos,
portanto, os lucros cessantes nã o podem ser presumidos, conforme nos traz a
jurisprudência:
Apelaçã o. Açã o indenizató ria. Acidente de trâ nsito. Denegado pleito indenizató rio por
lucros cessantes. Ausência de prova objetiva e cabal de sua ocorrência. Sentença mantida
(art. 252 do RITJSP). Singelos os documentos apresentados. Lucros cessantes não podem
ser presumidos. Apelo desprovido.
(TJ-SP - APL: 00224449520078260482 SP 0022444-95.2007.8.26.0482, Relator: J. Paulo
Camargo Magano, Data de Julgamento: 25/02/2015, 26ª Câ mara de Direito Privado, Data
de Publicaçã o: 27/02/2015)
APELAÇÃ O CÍVEL - INDENIZAÇÃ O - DANOS MORAIS - MATERIAIS - LUCROS CESSANTES -
VENDA PRECIPITADA DE BEM - AÇÃ O DE BUSCA E APREENSÃ O EXTINTA - DEVER DE
INDENIZAR CARACTERIZADO. - Quanto ao dever de indenizar, é necessá rio que existam
três elementos essenciais: a ofensa a uma norma preexistente ou um erro de conduta; um
dano; e o nexo de causalidade entre uma e outra. - A venda de bem objeto de açã o de Busca
e Apreensã o antes do trâ nsito em julgado da sentença é considerada precipitada e ilegal,
caracterizando o ato ilícito. - Aquele que se vê privado de seu instrumento de trabalho
utilizado como meio de sobrevivência pró pria e sustento de família é assaz, por si só , a
ensejar dano de ordem moral a qualquer ser humano. - O dano material é aquele que atinge
o patrimô nio da parte, capaz de ser mensurado financeiramente e indenizado. Portanto, é
devido ao autor tã o-somente aquilo que comprova que efetivamente pagou. - Os lucros
cessantes não podem ser presumidos ou imaginários. Ao contrá rio, dependem da prova
cabal da existência do dano efetivo. Tal prova nã o se faz por meio de depoimentos
testemunhais. A prova há bil a apurar valores percebidos é documental ou pericial, o que
nã o há nos autos.
(TJ-MG - AC: 10145120335289001 MG, Relator: Alexandre Santiago, Data de Julgamento:
21/05/2014, Câ maras Cíveis / 11ª CÂ MARA CÍVEL, Data de Publicaçã o: 26/05/2014)
Como é sabido, o freelancer é um profissional autô nomo que realiza trabalhos avulsos,
esporá dicos, para uma ou vá rias pessoas concomitantemente, sem vinculaçã o direta ao
contratante, haja vista que é para se obter uma renda extra e nã o uma renda mensal fixa,
obrigató ria, de forma que a Requerente deve assumir o risco de sua atividade
extraordiná ria.
Destaca-se que diante da ausência de subordinaçã o, pessoalidade, nã o há vínculo
empregatício e logo, nã o há obrigatoriedade, conforme jurisprudência:
Negado provimento ao recurso do autor. Serviço autô nomo. Contrato lícito. A prestação de
serviço em caráter autônomo não gera vínculo de emprego, desde que comprovada a
ausência de subordinação, pessoalidade e disponibilidade inerentes a tal vinculação.
(TRT-1 - RO: 00010385620105010030 RJ, Relator: Jose Luiz da Gama Lima Valentino, Data
de Julgamento: 19/11/2013, Nona Turma, Data de Publicaçã o: 28/11/2013)
Portanto, como nã o há vínculo empregatício, nã o há obrigatoriedade da Requerente ser
chamada para laborar em todos os eventos exercendo a atividade freelancer, por isso nã o
há que se falar em reparaçã o quanto a lucros cessantes.
Assim sendo, nã o deverã o os réus serem condenados ao pagamento de indenizaçã o por
lucros cessantes, vez que a Reclamante nã o frequentou o está gio e nã o comprovou
cabalmente a atividade de freelancer.
V – DOS PEDIDOS
Diante do expor, requer:
a) Preliminarmente a exclusã o da Sra. Aline da lide, 1ª Reclamada, visto ser parte ilegítima;
b) Seja, no mérito, julgados improcedentes os pedidos formulados pela Requerente na
petiçã o inicial;
c) Caso Vossa Excelência nã o acate o pedido acima, pelo Princípio da Eventualidade vem
requerer a condenaçã o dos danos materiais e morais com valores consentâ neos explanados
na contestaçã o levando em consideraçã o a condiçã o econô mica dos réus, bem como a culpa
concorrente da Autora;
d) Requer a produçã o de todas as provas admitidas em direito, ainda que nã o requeridas
previamente, em especial documental, testemunhal e depoimento pessoal da Requerente,
sob pena de confissã o.
Vá rzea Grande, 11 de Julho de 2016.
Advogado
OAB nº
.

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