Você está na página 1de 47

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS


DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

TRABALHO PRÁTICO

RAFAELA PEREIRA - 745431


RENATA REIS GENUINO - RA:745432
2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

Trabalho prático apresentado como requisito parcial


para avaliação referente à disciplina de
Desenvolvimento Humano, sob a supervisão da Profª.
Drª. Débora Hollanda, no Curso de Psicologia,
Departamento de Psicologia, da Universidade Federal
de São Carlos.

RAFAELA PEREIRA - 745431


RENATA REIS GENUINO - RA:745432
2017
SUMÁRIO

1. Introdução
2. Protocolo de observação
2.1 Nome dos observadores
2.2 Objetivo da observação
2.3 Data da observação
2.4 Horário da observação
2.5 Diagrama da observação do local em que foi realizado às tarefas piagetianas
2.5.1 Planta baixa sala de jantar
2.5.2 Vista superior da sala de jantar
2.5.3 Vista da porta da garagem I
2.5.4 Vista da porta da garagem II
2.5.5 Vista da porta da lavanderia
2.6 Diagrama da observação do local em que foi realizado o registro contínuo
2.6.1 Planta baixa sala de estar
2.6.2 Vista superior da sala de estar
2.6.3 Vista
2.6.4 Vista
2.6.5 Vista
2.7 Relato do ambiente físico
2.7.1 Sala de jantar
2.7.2 Sala de estar
2.8 Descrição do sujeito observado
2.9 Relato do ambiente social
2.10 Observação com Registro Contínuo
3. Tarefas Piagetianas
3.1 Período Pré Operatório
3.1.1 Conservação de massa
3.1.2 Conservação de líquido
3.1.3 Conservação de número
3.1.4 Questão referente a quantidade de irmãos
3.1.5 Questão referente a fenômenos da natureza
3.1.5.1 Lua
3.1.5.2 Sonho
3.1.6 Apresentação de fotografias
3.2 Tarefas da Teoria da Mente
3.2.1 Desejos diferentes
3.2.2 Crenças diferentes
3.2.3 Acesso ao conhecimento
3.2.4 Crença falsa ok
3.2.5 Crença falsa explícita
3.2.6 Crença emoção ok
3.2.7 Emoção real- aparente ok
3.3 Tarefas de Função Executiva
3.3.1 Dia e Noite
3.3.2 Urso e Dragão
4. Discussão dos resultados obtidos
4.1 A teoria piagetiana e às diferentes fases do desenvolvimento
4.2 As operações concretas e o experienciado
5. Conclusão
6. Referencial teórico
7. Anexos
7.1 Autorização dos pais
7.2 Materiais utilizados
7.2.1 Fotografia cachorro
7.2.2 Fotografia do urso de pelúcio
7.2.3 Fotografia de um carro
7.2.4 Fotografia de um carrinho de brinquedo
7.2.5 Fotografia de uma boneca
7.2.6 Fotografia de uma mulher
7.2.7 Desenho de um menino
7.2.8 Desenho de sol
7.2.9 Desenho de lua
7.2.10 Desenho de uma menina
7.2.11 Desenho de uma árvore
7.2.12 Desenho de uma cesta
7.2.13 Imagem de um urso
7.2.14 Imagem de um dragão
1. INTRODUÇÃO
A reflexão sobre o desenvolvimento humano constitui uma das diferentes áreas do
conhecimento da Psicologia cuja as análises concentram-se no esforço de
compreender o homem em seus diferentes aspectos, considerando as fases que este
passa durante o curso da vida. A proposta apresentada na disciplina de
Desenvolvimento Humano I aborda o período da infância sob a perspectiva de
diferentes autores em relação a forma como dá-se o aprendizado, as emoções, os
vínculos afetivos e o desenvolvimento biológico entre outras temáticas vivenciadas na
infância.
Dentre as teorias apresentadas, a de Jean Piaget (1896-1980), que é uma das
referências principais deste trabalho, se destaca pelas ideias inovadoras e pela relação
dos sujeitos com o aprendizado. O autor acredita que há uma origem biológica na
aprendizagem que é ativada pela ação e interação do organismo com o meio ambiente
- físico e social - que o rodeia (Coll, 1992). Dessa forma, o autor apresenta-se como um
importante pilar para a reflexão da infância.
Outro ponto a ser considerado no desenvolvimento infantil relaciona-se com a
capacidade de compreender os diferentes estados mentais como sentimentos, desejos,
crenças dos outros e de si mesmo. Esta capacidade, segundo Astington (2003), é uma
aquisição cognitiva de extrema importância para a criança, pois, permite que haja
maior percepção do mundo, uma vez que o mundo é representado pela mente. E
também é ressaltado que, a forma como realizada interpretação do mundo pelo sujeito,
representa o que a pessoa diz ou faz.
Este trabalho de cunho prático, então, se constitui na observação e registro de
atividades piagetianas e da teoria da mente, propostas para uma criança de 7 anos
incluindo o diagrama da situação de observação, relato do ambiente físico, do sujeito e
do ambiente social com o objetivo de relacionar aspectos teóricos discutidos em sala
de aula com experiências práticas vivenciadas pelas alunas.

2. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO
2.1 Nomes dos observadores:
Rafaela Pereira e Renata Reis

2.2 Objetivos da observação:


O intuito da observação foi praticar os conceitos estudado em aula durante a disciplina
“Desenvolvimento Humano I” de forma a relacionar aspectos teóricos discutidos em
sala de aula com experiências práticas vivenciadas graças ao trabalho prático.

2.3 Data da Observação:


27 de Maio de 2017

2.4 Horário da Observação:


15:20 (horário de Brasília)

2.5 Diagrama da observação do local em que foi realizado às tarefas piagetianas:


2.5.1 Planta baixa da sala de jantar
2.5.2 Vista superior da sala de jantar

2.5.3 Vista da porta da garagem I


2.5.4 Vista da porta da garagem II

2.5.5 Vista da porta da lavanderia


2.6 Diagrama da observação do local em que foi realizado o registro contínuo
2.6.1 Planta baixa da sala estar
2.6.2 Vista
2.6.3
2.6.4
2.6.5
2.7 Relato do ambiente físico:
2.7.1 Sala de Jantar
As tarefas foram realizada em uma sala de jantar retangular - aproximadamente
4,5x4m - revestida com azulejo branco nas paredes, piso igualmente claro, tacos de
madeira no teto e uma janela de aproximadamente 1,20x70 cm, com um relógio
analógico posicionado superiormente a esta.
A sala de jantar apresenta um jogo de armários brancos com dez portas e duas
gavetas, uma mesa redonda branca acompanhada de quatro cadeiras marrons e um
microondas em cima de um armário que localizava-se separado dos outros, também de
cor branca.
O ambiente possui três possibilidades de entrada: Uma delas divide a sala de jantar da
garagem com uma porta de vidro com detalhes de alumínio amarelo; a segunda dá
passagem para a lavanderia e possui uma porta igual a anteriormente citada; e, a
terceira possibilidade de entrada, é um vão na parede, sem divisória de porta, que
permite a passagem da sala de jantar para sala de estar.

2.7.2 Sala de Estar


A observação do registro contínuo foi feita na sala de estar retangular adjacente a sala
de jantar, com quatro saídas, sendo elas: para a cozinha, a sala de jantar, o banheiro e
para um dos 3 quartos da casa.
Na sala haviam 3 poltronas na cor azul de tecido sintético semelhante ao couro, um
colchão de cama de solteiro com dois travesseiros e um edredom em cima, uma
televisão fixada na parede, uma prateleira contendo os aparelhos de televisão, um
porta retrato da participante e seu irmão na parede perpendicular a televisão, e uma
estante contendo fotos da família. Também estava próximo ao colchão um nariz de
palhaço.

\2. 8 Descrição do sujeito observado:


Uma criança do sexo feminino, com idade de 7 anos, branca, de cabelos castanhos,
ondulados e solto. Na ocasião, ela utilizava blusa regata branca, shorts legging preto e
estava com um crocs rosa pink, mas, durante a observação, não usava os sapatos.

2.9 Relato do ambiente social


Na filmagem dos 10 minutos para a observação e registro contínuo, é registrada a
presença de uma criança do sexo masculino, com idade de 7 anos (irmão gêmeo
fraterno da participante), o qual interage com a participante. Na ocasião, ele utilizava
camisa vermelha, shorts tactel azul e usava meias pretas.

2.10 Observação com Registro Contínuo


1. S deita em cima do travesseiro no colchão.
2. S senta-se do colchão.
3. S pega um nariz de palhaço.
4. S coloca o nariz.
5. S levanta-se e encosta na parede.
6. S diz: - Era uma vez um palhaço brincalhão, que era uma cebola. Quando tinha
amigos, todo mundo chorava, chorava e chorava. Até que um dia o abacaxi
contou um segredo, coloca uma roupa engraçada do Piu-piu e todo mundo
parou de chorar. E fim.
7. RP: Nossa que história.
8. S sorri.
9. S diz: - V1, olha só isso.
10. S joga-se de costas no colchão.
11. S vira-se ventralmente para o colchão.
12. S ajoelha-se.
13. S pega o edredom.
14. S abraça o edredom.
15. S joga-se no chão.
16. V dá uma cambalhota por cima de S.
17. S levanta-se e sai do colchão.
18. V começa a balançar-se em cima do colchão.
19. S vira-se para V e diz: - Boing, boing, boing sem parar.
20. S passa por trás de V.
21. S volta para o colchão.
22. S tira o nariz de palhaço.
23. S diz: - Agora você vai ter que ver o truque da S.
24. V levanta-se e sai do colchão.
25. S senta-se no colchão.
26. S deita-se no colchão.
27. S balança-se 2 vezes no colchão.
28. S levanta-se.
29. S vira-se em direção a V.
30. V joga-se de frente no colchão.
31. S ajoelha-se sobre o colchão.
32. S abraça V.
33. V esquiva-se do abraço.
34. V levanta-se do colchão.
35. S levanta-se no colchão.
36. S pula no colchão por 20 vezes.
37. S diz: - Pula, pula, pula S, pula, pula sem parar.
38. S para de pular.
39. S deita-se no colchão.
40. S abraça o edredom.
41. S senta-se.
42. S pega o travesseiro.
43. S abraça o travesseiro.
44. S põe o travesseiro de lado.
45. S levanta-se do colchão.
46. S diz: - V. pega minha boneca lá no quarto?
47. S aponta com o braço direito em direção ao quarto.
48. S pula por 25 vezes em cima do colchão.
49. S passa a mão sobre o cabelo.
50. V joga a boneca para S.
51. S estende os braços para pegar a boneca.
52. S abaixa-se para pegar a boneca caída no chão.
53. V dá uma cambalhota no colchão.
54. S volta com a boneca para o colchão.
55. S chacoalha a boneca para a direita e esquerda.
56. S abraça a boneca.
57. S diz: - Não.
58. S empurra V para o colchão.
59. S chacoalha a boneca.
60. S joga a boneca para o alto segurando com a mão direita.
61. S coloca a boneca em cima de V.
62. S movimenta a boneca para cima e para baixo.
63. S levanta a boneca até seu rosto.
64. S movimenta a boneca para um lado e para o outro.
65. S vira a boneca o rosto da boneca em sua direção.
66. S diz: - Boneca, sabia que tinha um palhaço na casa da minha avó? Então, tinha
sete. E eles se perderam. Pera, perderam 2, então sobraram 5. Acertou.
67. S diz: - Agora, vamos ver se você pula.
68. S pega a boneca pelos braços e a joga para cima 3 vezes.
69. S diz começa a chacoalhar a boneca.
70. S diz: - Pula, pula Manuzinha, pula, pula sem parar.
71. S abaixa a boneca até a altura do joelho.
72. S diz: - Quanto é mil vezes, quer dizer... dez vezes dez é cem. Um vezes um é
um. Dois vezes dois é quatro. Quatro vezes quatro é dezesseis.
73. RP balança a cabeça em negativa a última resposta dada por S.
74. S então diz: - Quatro vezes oito é dezoito. Quatro? Oito?
75. RP diz: - 32.
76. S levanta a boneca até a altura dos ombros.
77. S movimenta a boneca de um lado para o outro.
78. S diz: - Pula, pula, pula, pula.
79. RP pergunta: - Como chama a sua boneca?
80. S responde: - Larissa.
81. V diz: - Na verdade é Lily.
82. S diz: - Não, na verdade é Manuela.
83. S abraça a boneca.
84. RP pergunta: - É Larissa ou Lily?
85. S diz: - É Manuela.
86. RP pergunta: - O que ela tem de Manuela?
87. S gira a boneca pelos braços.
88. S diz: - Manuela é o nome dela.
3. Tarefas Piagetianas

3.1 Período Pré-Operatório


3.1.1 Conservação de massa
Nesta tarefa foi apresentada a S duas bolas de argila, após ela concordar que ambas
as bolas tinham o mesmo tamanho e mesma quantidade de argila, foi alterado o
formato em que uma das bolinhas se encontrava. Novamente foram feitos
questionamentos referente a quantidade. O objetivo dessa atividade é perceber se a
criança consegue perceber a conservação de massa independente do formato ser
modificado.
RP: - S, essa bolinha é a sua e essa daqui é a minha, pode ser? - Enquanto apontava
para as bolinhas.
S: - Sim.
RP: - E você acha que as duas bolinhas tem a mesma quantidade?
S: - Tem.
RP: - Ta, agora olha o que eu vou fazer, então.
RP amassa a sua bolinha fazendo com que ela fique com um formato mais achatado e,
consequentemente, mais largo e mais fino que a bolinha de S.
RP: - E agora? Eu tenho mais que você, menos ou a mesma quantidade?
S: - A mesma quantidade só que mais assim - movimentando a mão na horizontal para
representar que a bolinha da RP estava mais achatada que a dela.

3.1.2 Conservação de líquido


É colocado a mesma quantidade de água em dois copos idênticos e, em seguida, a
água que estava contida em um dos copos é transferida para um outro recipiente
diferente, após a transferência de conteúdo é perguntado a S sobre a quantidade de
água no novo recipiente - se tem mais, menos ou igual quantidade de água
apresentada no copo. O objetivo desta tarefa é analisar se a criança consegue
perceber a conservação de líquido independente do formato do recipiente.
RP: - S, tenho esses dois copos. Eles são iguais, certo?
S: - Certo.
RP: - Então, agora eu vou colocar água neles e você me avisa quando eles tiverem a
mesma quantidade, pode ser?
S: - Pode.
RP coloca água de uma garrafa para os copos até que S interrompe para avisar que os
dois copos tinham a mesma quantidade.
S: - Para!
RP: - A gente tem a mesma quantidade?
S: - Tem.
RP:- Ok.
RP pega um dos copos e despejada o seu conteúdo em um outro recipiente mais baixo
e mais largo que o copo anteriormente utilizado.
RP: E agora? O que você acha que aconteceu? Tem a mesma quantidade, aqui tem
mais? Aqui tem menos? - Apontando, durante todas as perguntas, para o novo
recipiente.
S: - Tinha a mesma quantidade mas, agora que você colocou aí, ficou com menos
porque puxou.
RP: - Mas, S, então você acha que a quantidade de água ficou menor, é isso? Ou ficou
igual?
S: - Agora? - Apontando para o recipiente maior
RP: - Isso.
S: - Não está igual a quantidade, está diferente.
3.1.3 Conservação de número
Foram colocadas duas fileira paralelas com seis bolinhas de gude em cada. Após S
confirmar que as duas fileiras possuem a mesma quantidade de bolinhas de gude, uma
das fileiras teve o posicionamento das bolinhas alterado possibilitando, então, mais
espaço entre cada bolinha mas mantendo o formato de fileira entre elas. Em seguida
foi perguntado a S se, com a nova configuração, a quantidade de bolinhas tinha
aumentado, diminuído ou permanecido igual. O objetivo dessa tarefa é notar se a
criança consegue conservar número mesmo com alteração de formato.
RR: - S, agora a gente vai brincar de bolinha de gude, pode ser?
S: - Sim!
Com as duas fileiras já montadas e as bolas de gude igualmente distribuidas:
RR: - Essa fileira aqui é a sua, essa daqui é a minha. Tá?
S: - Aham
RR: - A gente tem a mesma quantidade de bolinhas de gude?
S: - Posso contar?
RR: - Como você quiser.
S fica olhando as bolinhas por volta de trinta segundos.
RR: - Quer ajuda para contar, S?
S: - Consegui, aqui tem seis - Apontando para uma das fileiras.
RR: - Isso, muito bem. E nessa daqui? - Apontando para a outra fileira.
S: - Tem seis também
RR: - Então a gente tem a mesma quantidade?
S: - Sim
RR: - Ok, agora eu vou fazer uma coisa, olha só - Com S olhando, uma das fileiras teve
as bolinhas de gude afastadas uma das outras.
RR: - E agora?
S: - Essa aqui ficou com uma - apontando para uma das fileiras -, essa aqui ficou com
uma- apontando para a outra fileira - assim sucessivamente até completar as seis
bolinhas.
RR: - E agora eu tenho mais? Você tem mais? Ou temos a mesma quantidade?
S: - Essa aqui tem mais - apontando para a fileira que estava com maior distância entre
as bolinhas.
RR: - Então, a quantidade de bolinhas de gude dessa fileira - apontando para a fileira
com mais espaçamento - é maior do que essa? - apontando para a outra fileira
S: - Não… Essa! - Apontando agora para a outra fileira.
RR: - Então, essa daqui - Apontando para a fileira com menor espaçamento entre as
bolinhas- tem mais que essa? - Apontando para a fileira com menor espaçamento entre
as bolinhas.
S: - Como assim?
RR: - Ó S, tem mais bolinhas de gude aqui - apontando para fileira com maior
espaçamento - ou aqui? - Apontando para a segunda fileira.
S: - Ah, são iguais. Só que essa - apontando para fileira com maior espaçamento - fica
maior que essa - apontando para a fileira com menor espaçamento.

3.1.4 Questão referente a quantidade de irmãos


Nesta tarefa foi perguntado a S quantos irmãos ela tem e, em seguida, foi perguntado
quantos irmãos o irmão dela tem. O objetivo desta tarefa é perceber se a criança
consegue notar a conservação de número, assim como a anterior.
RR: - S, me conta, você tem quantos irmãos?
S: - Dois.
RR: - Dois?
S balança a cabeça respondendo afirmativamente a pergunta.
RR: - E quais são os nomes deles?
S: - Victor e Fernanda.
RR: - E a Fernanda tem quantos irmãos?
S para por aproximadamente cinco segundos e responde:
S: - Dois.
RR: - Dois também?
S - Sim, eu e ela.
RR: - E o Victor?
S - Ah o Victor…Esqueci.
RR: E quantos irmãos o Victor tem?
S: - Dois também. É que eu sou irmã dele, minha irmã é irmã dele, ai dá dois. E se ele
é meu irmão, a Fernanda é minha irmã, dá também dois.
RR: - Parabéns, S.
3.1.5 Questão referente a fenômenos da natureza
Nas duas tarefas a seguir foi explorado com S questões relacionadas a fenômenos da
natureza e como S acreditava que eles ocorriam. Esta tarefa tem como característica
principal a sondagem em relação ao tema para avaliar como a criança interpreta
acontecimentos “mais abstratos” nas quais o contato, portanto, é feito de forma menos
tangível

3.1.5.1 Lua
RR: - S, agora eu vou te perguntar sobre sol, Lua, nuvens… Pode ser?
S: - Sim
RR: - Eu quero que você me conte o que é a Lua.
S: - A lua é onde… A lua tem gravidade pra gente saltar.
RR: - Saltar? Como que é saltar na Lua?
S: - Tipo se a gente quiser andar - S dá um passo para demonstrar como seria andar
na Lua em direção a porta da garagem, esticando bem suas pernas - eu salto.
RR: - Ah entendi… E porque você acha que a Lua só aparece a noite?
S para por volta de 5 segundos e responde:
S: - Para iluminar porque a noite é escura.
RR: Entendi. E qual é a forma da Lua?
S: - Ela tem… Humm, pera ai.
S fica por volta de dez segundos em silêncio olhando para as mãos enquanto
movimenta os dedos e responde:
S: - Cheia, Minguante, Crescente ou Nova.
RR: - Nossa. Mas, então, ela tem diferentes formas?
S:- Sim.
RR: - Mas você sabe me dizer que forma tem uma delas?
S: - Uma é tipo uma banana, a outra é tipo uma esfera, a outra é… é aquele que não
aparece.
RR: - Ah, tá ótimo, S. E porque ela fica lá longe da gente no céu? O que você acha?
S fica em silêncio por volta de cinco segundos e responde:
S: - Porque se não ia ter luz demais e eu ia ficar cega.
RR: - Boa! E sabe o que eu queria te perguntar, por que às vezes a lua fica grande?
Por que ela cresce?
S: Porque tipo, sabe, a lua tem vááários movimentos. Tipo, não tem que imaginar
porque ela faz de qualquer jeito, tipo, Cheia, Minguante, Crescente ou Nova. Cheia é
quando os lobos latem, auuuuuuu.
RR: - Ah, que legal, S!

3.1.5.2 Sonho
RR: - S, agora eu queria que você me contasse o que você acha que é um sonho.
S: - Sonho é quando você sonha de algumas coisas que pensou, tipo, de terror, filme
legal, de aventura…
RR: - Entendi, então é alguma coisa que você pensa?
S balança a cabeça para cima e para baixo respondendo positivamente a pergunta
RR: - Mas o que é o pensamento, S?
S: - Pensamento… É aquele que você pensa, tipo, se eu quero pensar em alguma
coisa, tipo, em amigos, se eu não tivesse amigos eu ia eu pensar como seria o terceiro
ano.
RR: - Você imagina o terceiro ano, é isso?
S: - Sim.
RR: - Mas o que muda do pensamento para o sonho?
S: - Sonho é porque o cérebro escolhe o sonho e a gente pensa em algumas coisas
que a gente não sabe.
RR: - Mas deixa eu te perguntar, você falou que o cérebro escolhe e a gente sonha,
né? Mas, onde é que o sonho fica?
S: - O sonho fica na cabeça.
RR: - Na cabeça?
S: - Sim.
RR: - Mas ele está agora na sua cabeça?
S: - Não.
RR: - E como que ele vem?
S: - Quando eu to acordada ele fica dormindo e quando eu to dormindo ele fica
acordado fazendo os sonhos.
RR: - E eu tenho como ver o seu sonho?
S: - Não.
RR: - Quem vê seu sonho?
S:- Só eu.
RR: E por que você acha que acontece isso?
S: - Porque eu não entro na sua cabeça e você não entra na minha.
RR: - Então sua mãe, seu pai e seus irmãos não conseguem ver seu sonho?
S: - Não, só eu.
RP: - E você acha que todo mundo sonha?
S: - Sim, todo mundo… Às vezes os adultos sonham de terror porque eles veem filmes
que mata, coisa assim.
RR: - Verdade. E você sonha todas as noites?
S: - Simm.
RP: - E você lembra deles?
S: - Sim. Um dia eu sonhei que estava aqui em casa com meu pai, aí eu fui pra rua
brincar com os meus amigos que era minha festa de aniversário, aí todo mundo foi
embora. Eu sai pra olhar a rua e meu irmão me trancou para fora, mas eu tinha o poder
de abrir a porta. Aí apareceu um palhaço assassino, outro palhaço assassino, outro
palhaço assassino... Um monte de palhaço assassino. E eles colocaram um nariz de
palhaço para me ver, e o nariz era uma câmera!!!
RR: - Nossa que sonho assustador… Mas como você sabe que estava sonhando isso?
Será que não foi uma coisa que você viveu?
S pensa por volta de cinco segundos e pergunta:
S: - Como eu sei que isso não aconteceu?
RR: - Isso. Como você sabe quando é sonho e quando não é? Como você sabe que
não está sonhando agora?
S: - Eu não estou sonhando porque meu sonho tá pensando, escolhendo, como que vai
ser meu sonho. Porque, tipo, se eu for em um lugar eu sonho dele, porque aí eu filmo
na minha cabeça.
RR: - Entendi, muito bem S.

3.1.6. Apresentação de fotografias


Apresentamos a S seis diferentes fotografias e em seguida foram realizadas as
seguintes perguntas em relação ao que estava representado na imagem:
a) O que ele(a) come?
b) Ele(a) fica doente?
c) Ele(a) sente raiva como a gente? Tristeza? Alegria?
d) Ele(a) pensa como nós pensamos?
e) Ele(a) é vivo?
A seguir a descrição de cada uma das imagens e a sequência de perguntas já
apresentadas:

I. Fotografia do cachorro (anexo 7.2.1)


RR: - S, o que você acha que esse cachorro come?
S: - Ração… Ele come às vezes de carne, às vezes ele come também um petisco que
é a sobremesa e toma água.
RR: - E você acha que o cachorro fica doente?
S: - As vezes ele fica com tosse, vomita… Ai se ele come uma meia tem que internar.
RR: - É verdade, não dá para comer meia. E você acha que ele sente raiva? Se ele fica
triste, se ele fica feliz?
Enquanto conversávamos a cachorra que estava na garagem começa a latir
S: - Ele fica triste sim. Se eu, tipo, só vou dar um exemplo, tipo, se eu bater nela, ela
fica irritada, que nem está agora - Referindo-se ao cachorro que estava latindo na
garagem-. E, quando eu não quero brincar com ela e ela quer, ela fica assim - S
posiciona o lábio inferior para baixo como se estivesse triste.
RR: - Ah, tadinha né… Entendi.
S: - O cachorro não tem lágrima porque… Ah, eu não sei por quê ele não tem lágrima!
RR: Ah, verdade, cachorro não tem lágrima, não tinha pensado nisso antes. E o
cachorro pensa igual a gente pensa? O que você acha?
S: - Cachorro as vezes pensa. Tipo, se eu responder pra minha irmã, tipo, eu penso se
é ruim ou não eu responder porque aí eu posso apanhar. E quando o cachorro late ou
morde é tipo responder, aí a gente tem que bater, igual como a minha irmã faz e meu
pai e minha mãe.
RR: - Entendi. E esse cachorro é vivo?
S: - É… não, o da foto não.
RR: - O cachorro na foto não está vivo, mas ele estava vivo na hora que tiraram a foto?
S: - Sim

II. Fotografia do ursinho de pelúcia (anexo 7.2.2)


RR: - S, agora queria saber algumas coisas referente a essa imagem aqui - é
apresentada a foto do urso de pelúcia. Você acha que ele come?
S: - Não
RR: - Ele fica doente?
S balança a cabeça para os lados negando a pergunta anterior
RR: - Ele sente raiva como a gente? Ou outros sentimentos como alegria, tristeza?
S: - Não, ele não sente nadinha
RR: - Mas você acha que ele pensa?
S: - Não, ele não é vivo
RR: - Ótimo, S. Vamos para a próxima?
S: - Vaaamooos!
Na última questão apresentada, S, ao acrescentar que o urso não era vivo após negar
a ideia de pensamento, antecipou a resposta da pergunta seguinte, que seria “Você
acha que ele é vivo?”

III. Fotografia de um carro (anexo 7.2.3)


RP: - S, e essa imagem aqui - é apresentada a imagem de um carro. Ele come?
S: - Não! A gente só coloca gasolina
RP: - Mas gasolina é comida?
S: - Nãão!
RP: - Ah tá, e ele fica doente?
S: - Não
RP: - Ele tem sentimentos, como raiva, alegria, tristeza?
S: - Não
RP: - Ele pensa como nós pensamos?
S: - Não
RP: - E ele é vivo?
S: - Não é vivo mas ele anda!
RP: - Muito bem, S!

IV. Fotografia do carrinho de brinquedo (anexo 7.2.4):


RR: - Esse carrinho aqui.
É apresentada a imagem de um carrinho de brinquedo, mais especificamente o
personagem Relâmpago McQueen do Filme Carros da Disney.
RR: - Você acha que ele come?
S: - Não.
RR: - Ele fica doente?
S: - Não.
RR: - Ele sente raiva igual a gente?
S: - Não.
RR: - Tristeza? Alegria? Nada?
S balança a cabeça para os lados demonstrando negação para as perguntas
realizadas.
RR: - Ele pensa igual a gente pensa?
S: - Não...Só anda!
RR: - Mas ele é vivo?
S: - Não, é só um brinquedo.

V. Fotografia de uma boneca (anexo 7.2.5):


RR: - E essa daqui?
É apresentada a imagem de uma boneca.
RR: - Você acha que ela come?
S: - Não.
RR: - Ela fica doente?
S: - Não.
RR: - Ela sente raiva como a gente?
S: - Não.
RR:- Nem tristeza, alegria? Nada?
S balança a cabeça para os lados.
RR: - Ela pensa igual a gente pensa?
S balança a cabeça para os lados demonstrando negação para a pergunta realizada e,
em seguida, abaixa para pegar sua boneca que estava no chão ao lado de sua cadeira.
RR: - E ela é viva? - Ainda referindo-se a boneca da fotografia.
S: - Não.
RR: E essa sua boneca? Ela é viva? (referindo-se a boneca que estava em seu colo)
S: - Não também!
S abraça a boneca e fecha os olhos.
VI. Fotografia de uma mulher (anexo 7.2.6):
RR: - E essa daqui? É uma pessoa de verdade?
É apresentada neste momento a imagem da cantora Taylor Swift.
S: - Sim.
RR:- Você conhece ela?
S: - Não.
RR:- Ela é uma cantora...
RR: - Você acha que ela come?
S: - Come.
RR: - E ela fica doente?
S: - Sim.
RR: - E ela sente raiva igual a gente?
S: - Sim.
RR: - Tristeza e alegria também?
S: - Sim.
RR: - Ela pensa igual a gente pensa?
S: - Hummmm, sim.
RR: - E ela é viva?
S: - Sim.
RR: - Muito bem.
S: - Se ela não fosse viva, ela nem ia cantar

3.2 Tarefas de Teoria da Mente:


Às tarefas relacionadas a teoria da mente têm como objetivo analisar a compreensão
da criança em relação a crenças falsas e a distinção de idéias e pensamentos
diferentes dos seus.

3.2.1 Desejos Diferentes


O objetivo desta atividade é verificar se a criança compreende que ela e o personagem
podem ter desejos diferentes e, portanto, fazer escolhas diferentes.
RR: - S, esse é o seu João! - É apresentado para S a imagem de um fantoche .
RR: - O seu João quer comer um lanche e ele tem duas opções: cenoura ou biscoito.
Você quer fazer um lanche?
S:- Sim!!
RR: - E qual lanche você escolheria?
S: - Biscoito!!
RR: O seu João gosta de cenoura. E agora está na hora do lanche dele. O que o seu
João vai escolher S?
S: - Ele vai escolher a cenoura.

3.2.2 Crenças Diferentes


Nesta tarefa, RR e RP apresentaram a S às figuras de uma árvore (anexo 7.2.10), de
uma menina (anexo 7.2.9) e de uma cesta (anexo 7.2.11). E, em seguida, há o
seguinte diálogo:
RP: - Essa menina aqui é a Samanta.
S interrompe RP e questiona:
S: - Foi você quem desenhou a Samanta, RP? Tá bonita!
RP: - Foi sim. Mas então, a Samanta é dona de um gatinho que está perdido. Ele pode
estar nessa árvore aqui ou nessa cesta. Onde você acha que o gato está?
S: - Hummm, eu acho que ele está nessa árvore.
RP: - Boa ideia, mas, a Samanta me contou que acha que ele estará na cesta. E
agora? Onde você acha que a Samanta procurará seu gatinho primeiro?
S: - Eu acho que ela vai procurar na cesta.

3.2.3 Acesso ao conhecimento.


O objetivo da tarefa é avaliar se a criança compreende que o nível de conhecimento de
uma pessoa depende das evidências coletadas por ela.
Apresenta-se para S um a embalagem de um pote de sorvete contendo uma bola de
papel amassada dentro.
RR: - Aqui está um pote. O que vc acha que tem dentro desse pote S?
S: - Feijão!
RR: - Vamos ver … - RR abre o pote e mostra o conteúdo para S.
RR: - Tem uma bolinha de papel aqui dentro!
RR fecha o pote.
RR: - Certo, o que tem dentro da caixa S?
S: - Uma bolinha de papel!!
RP: - S, essa daqui é a Ana. - É apresentada a imagem de uma boneca 7.2.5
RP: - A Ana nunca viu o que tinha dentro do pote. A Ana sabe o que tem dentro do
pote?
S: - Não, porque ela nunca olhou.
3.2.4 Crença Falsa
Está atividade tem como objetivo verificar se a criança atribui uma crença falsa a outra
pessoa, demonstrando então, sua capacidade de compreender uma mudança
representacional. RP inicia a atividade apresentando a S uma caixa de leite e pergunta
a criança:
RP: - S, o que é isso?
S: - É uma caixa de leite.
RP: - E o que você acha que tem dentro da caixa de leite?
S pega a caixa de leite, balança e diz: - Argila.
RP: - Argila?
S: - Não, papel.
RP: - Então vamos ver o que tem aqui dentro?
S: - Boneca. - S responde ainda na tentativa de adivinhar o que estava presente dentro
da caixa.
RP: - Não sei, vamos ver.
RP pega a caixa de leite, abre e mostra o conteúdo para S.
RP: - O que é isso S?
S: - É uma meia.
RP: - Muito bem.
RP fecha a caixa de leite e pergunta a S: - Então, o que havia na caixa de leite?
S: - Meia.
RP: - S, se seu irmão visse essa caixa de leite, o que você acha que ele diria que tem
dentro? Lembra que ele ainda não viu o que tem dentro da caixa.
S: - Ele ia dizer que tinha... Pera aí…
S fica em silêncio por volta de dez segundos.
RP: - S você quer que eu explique de novo?
S: - Não.
S fica em silêncio por volta de cinco segundos
S: - Ele ia achar que tinha uma bolinha.
RP: - Você acha que ele diria que tem uma bolinha aqui dentro?
S balança a cabeça para cima e para baixo, respondendo afirmativamente a pergunta
de RP.
RP: - Tudo bem. Agora vamos para outra brincadeira!

3.4.5 Crença Falsa Explícita


O objetivo da tarefa é verificar se a criança compreende que as pessoas agem de
acordo com a sua crença, mesmo quando ela é falsa. É apresentado a S a figura de
uma menino, uma mochila e uma armário fechado.
RR: - S, esse daqui é o José - apontando para o anexo x, o José gostaria muito achar o
seu chinelo mas não sabe onde está. Ele acredita que o chinelo pode estar nesta
mochila (anexo x) ou neste armário (anexo x). Ó, eu sei que o chinelo dele está na
mochila, mas, o José acredita que está no armário. Onde você acha que o José vai
procurar o chinelo?
S: - Ele vai procurar onde ele acha que está.
RR: - Mas onde ele acha que está?
S: - No armário
RR: - E onde o chinelo está?
S: - Tá na mochila
RR: - Muito bem, S!
3.2.6 Crença-Emoção
Esta atividade tem como objetivo verificar se a criança compreende que as emoções
estão associadas às crenças de outras pessoas.
RP: - S, esse aqui é o André.
É apresentado um pato de pelúcia para S.
RP:- E essa é a caixa de bombons do André.
É apresentado uma caixa de bombons a S.
RP: - O que você acha que tem dentro dessa caixa?
S: - Uma Pedra.
RP: - Uma pedra?
S: - Chocolate.
S continua a tentar adivinhar, interrompendo a fala de RP:
S: - Bala.
RP: - Vamos ver.
S: - Pera aí.
S aproxima-se da caixa de bombons ainda fechada, olha atentamente e diz:
S: - Bombons crocantes!!!!!
RP:- O André acha que tem bombons aqui dentro. E bombons são o lanche favorito
dele. Agora ele vai brincar e daqui a pouco ele volta RP retira o pato de pelúcia de
perto de S.
RP: - Vamos ver o que tem aqui dentro?
S: - Sim!
RP abre a caixa de bombons e revela o seu conteúdo (pedras) para S. S toca nas
pedras e depois RP fecha a caixa.
RP: - Shiu... Não pode contar pro André, tudo bem?
S: - OK.
RP: - Qual é mesmo o lanche favorito do André?
S: - Bombom.
RP: - Agora está na hora do André fazer o lanchinho dele.
O boneco é trazido de volta para perto de S.
RP: Vamos dar a caixinha para o André, então?
S empurra a caixa de bombons até o boneco de pelúcia.
RP: - Como você acha que o André se sentiu quando ganhou a caixinha?
S: - Feliz.
RP: - Bom, agora o André vai olhar o que tem dentro da caixinha.
RP abre a caixa de bombons.
RP: E agora, como você acha que o André se sente?
S: Triste, porque tinha pedra.
3.2.7 Emoção real- aparente
O objetivo dessa tarefa é avaliar se a criança compreende que uma pessoa pode sentir
uma emoção, quando, na verdade, sente outra. Para a realização desta tarefa,
utilizamos a imagem apresentada no anexo 7.2.7
RR:- S, agora eu vou te contar uma história de um menino que se chama João e
gostaria que você me respondesse algumas coisinhas quando eu terminar a história,
combinado?
S:- Combinado!
RR:- Só uma coisa importante, o que eu vou te perguntar no final tem relação com a
João se sente por dentro e como ele aparenta se sentir para outras pessoas. Às vezes,
o que a gente sente por dentro é igual ao que sentimos por fora, mas, nem sempre o
que demonstramos por fora é o que sentimos dentro da gente. Né?
S:- Aham
RR:- Então, a mesma coisa pode acontecer com o João, o menino da nossa história:
ele pode sentir uma uma coisa por dentro e demonstrá-la ou pode sentir uma coisa e
demonstrar outra. Posso começar a história?
S: - Simmmm
RR: - Os amigos do João estavam brincando de contar piadas, quando uma amiga, que
era mais velha que o João, a Rose, contou uma piada que tirava sarro do João e todo
mundo riu da piada da Rose. Todo mundo achou a piada super engraçada, menos o
João. Mas, o João não queria que seus amigos vissem como ele se sentia por causa
da piada. João acreditava que os amigos iam chamar ele de João chorão. Então, ele
resolveu que seria melhor esconder o que ele sentia. Entendeu a história?
S: - Sim, tadinho do João.
RR - Então vamos às perguntinhas que eu tinha te falado: O que às outras crianças
fizeram quando Rose contou a piada que tirava sarro do João?
S: - Todo mundo riu.
RR: - E o que às outras crianças iam fazer se soubessem como o João estava se
sentindo em relação a piada que a Rose contou?
S: - Iam ficar “João chorão, João chorão, João chorão”
RR: - Como João se sentiu quando todo mundo riu dele? Feliz, triste ou normal?
S:- Ele ficou triste porque não gosta do apelido João chorão
RR: -E como João parecia se sentir quando todo mundo riu? Feliz, triste ou normal?
S: - Ele parecia normal, não reclamou pra ninguém
RR: - Muito bem, S!
3.3 Tarefas de Função Executiva
3.3.1 Dia e Noite
RR diz: - S, agora a gente vai jogar um jogo sobre o dia e a noite. Esse aqui é o Sol-
apresentação do anexo 7.2.8. S, quando o Sol aparece, de dia ou de noite?
S responde: De dia.
RR diz: - Muito bem.
RP diz: - E essa daqui é a Lua - apresentação da imagem 7.2.9. S, quando a Lua
aparece, de dia ou de noite?
S: - De noite.
RP: - Muito bem.
RR: - No nosso jogo quando você ver essa carta aqui (é apresentada a imagem da
Lua), você tem que dizer DIA.
RP: - Então, quando aparecer essa carta (imagem da Lua) você vai dizer?
S: - DIA.
RP: Muito bem.
RR: Agora quando você vir essa outra carta (é apresentada a imagem do Sol), você
tem que dizer NOITE.
RP: Então, quando aparecer essa carta (imagem do Sol) você vai dizer?
S: - NOITE.
RP: - Isso, muito bem.
RP: - Vamos começar o jogo?
Foram feitas 16 tentativas, numa ordem aleatória com a apresentação de 8 cartas Sol
(CS) e cartas Lua (CL).
Tentativas:
1.CS - Noite
2.CL - Dia
3.CL - Dia
4.CS - Noite
5.CL - Dia
6.CS - Dia
7.CL - Dia
8-CS - Noite
9.CS - Noite
10.CL - Dia
11.CS - Noite
12.CS - Noite
13.CL - Dia
14.CL - Dia
15.CS - Noite
16.CS - Noite
Após a realização da tarefa RR e RP parabenizaram S pelo seu desempenho

3.3.2 Urso e Dragão


RP: - S, antes de começar a nossa próxima brincadeira, quero te propor um desafio,
em, pode ser?
S: - POODE!
RP: Vou falar uma sequência de coisas para você fazer, você está pronta?
S: - Sim!!
RP: Vamos lá, então: Coloque a língua para a fora, coloque a mão na orelha, coloque o
dedo no seu dente, coloque a mão no olho, bata palmas, coloque a mão no pé, coloque
a mão na cabeça, coloque a mão na barriga, coloque a mão no nariz, dê um
tchauzinho.
S acertou todos os pedidos e acrescentou:
S:- Agora pode ser mais rápido?
RR e RP repetiram a sequência de ações a pedido da S mais rápido que da primeira
vez. S, novamente, acertou toda a sequência.
RR: Muito bem, S! Agora, olha só essas duas fotos - Apresentado o anexo 7.2.12
(ursinho) e o anexo 7.2.13 (dragão). Esse primeiro - apontando para o ursinho - é um
ursinho muito bonzinho, fofinho e fala bem fininho. Então, quando ele resolver falar com
a gente, nós vamos fazer o que ele pede. Entendeu?
S: - Sim, que fofinho.
RR: - E, esse daqui que está com a RP - apontando para o dragão - é muito
desobediente. Então, caso ele converse com a gente, não vamos dar bola. E, se ele
pedir para fazermos alguma coisa, também não vamos fazer. Pode ser?
S: - Pode ser.
RR: - Então, agora vamos conversar com eles.
RR, forçando uma voz mais fina que o natural, pede para S:
RR (urso): - Coloque a mão no nariz!
S direcionou sua mão direita ao nariz.
RP, forçando uma voz mais grossa que o natural, pede para S:
RP (dragão): - Coloque a mão na barriga!
S não direcionou sua mão a barriga e virou o rosto para o lado esquerdo, não olhando
diretamente para RP.
RR (urso): - Coloque a mão no olho!
S direcionou sua mão direita ao olho direito.
RP (dragão): - Coloque o dedo no seu dente.
S não direcionou o dedo ao dente e virou o rosto para o lado esquerdo, não olhando
diretamente para RP.
RR (urso): - Coloque o dedo no seu dente.
S direcionou o dedo indicador direito ao dente
Depois das cinco tentativas nas quais S acertou todas, RP acrescentou:
RP: - S, só pra gente não esquecer, então: Quando o urso bonzinho pedir nós iremos
fazer, quando o dragão malvado pedir nós não iremos fazer. RP continuou:
RP (dragão): - Ponha a língua para fora.
S fechou mais a boca, formando um “biquinho”.
RR (urso): - Bata palmas
S bateu palmas
RP (dragão): - Coloque a mão no pé
S segurou as mãos entrelaçadas frente ao rosto
RR (urso): - Dê tchauzinho
S acenou com às duas mãos
RP (dragão): - Coloque a mão na barriga
S permaneceu parada
Após os dez comandos terem sido realizados com êxito por S - escore 3 - finalizamos
às atividades com S.
4. Discussão dos resultados obtidos
4.1 A teoria piagetiana e às diferentes fases do desenvolvimento
Na ótica Piagetiana, o homem é biologicamente possuidor de uma estrutura que o
possibilita o seu desenvolvimento mental, no entanto, esse fato por si só não assegura
o seu desenvolvimento.
Para que haja processos eficazes de aprendizagem é preciso interação do sujeito com
os objetos e pessoas que o rodeiam, além de um processo interno de reflexão - uma
espécie de exercício do raciocínio. Dessa forma, o autor elabora uma teoria que, ao
descrever o pensamento lógico, é levado em conta o próprio processo interno da
construção do conhecimento para a criança. Com isso, os fatores que são
considerados para um desenvolvimento sadio perpassam o processo de maturação do
organismo, ao levar em conta a experiência com objetos e a vivência social e, inova em
relação a teorias anteriores, ao considerar também a equilibração do organismo ao
meio.
Piaget (1967), em sua teoria, postula que o indivíduo ao nascer recebe como herança
uma série de estruturas biológicas que irão predispor o surgimento de distintas
estruturas mentais. Dessa forma a tendência natural à organização e à adaptação
seriam inatas aos seres humanos - denominados fatores invariantes. Porém, mesmo
acreditando na predisposição e herança biológica, o autor ressalta que a inteligência
não é herdada, mas sim é construída no processo interativo entre o homem e o meio
ambiente (não só físico mas também social) em que ele estiver inserido.
Já os fatores variantes apresentam-se pelo conceito de esquema - uma tentativa de
entender o mundo a nossa volta, classificando, ordenando e relacionando, então, às às
novas informações obtidas com às que já tínhamos conhecimento antes. Dessa forma,
o conhecimento se transforma no processo de interação com o meio, visando à
adaptação do indivíduo ao que o circunda.
Durante o processo de adaptação, há dois mecanismos distintos, mas
complementares, de utilização interna, ressaltados por Piaget que são: a assimilação e
a acomodação. A assimilação baseia-se no esforço do indivíduo em solucionar uma
determinada situação a partir do que ele já conhece durante sua experiência de vida
pessoal. Dessa forma, é um processo contínuo na medida em que os sujeitos estão em
constante atividade de interpretação da realidade e adaptando-se a ela. Já a
acomodação seria a capacidade de modificação da estrutura mental já existente para
dar conta de dominar um novo conhecimento. Dessa forma, Rappaport (1981), sintetiza
a importância e relação desses processos no trecho abaixo:
Os processos de assimilação e acomodação são
complementares e acham-se presentes durante toda a vida do
indivíduo e permitem um estado de adaptação intelectual (...) É
muito difícil, se não impossível, imaginar uma situação em que
possa ocorrer assimilação sem acomodação, pois dificilmente
um objeto é igual a outro já conhecido, ou uma situação é
exatamente igual a outra

Dessa forma, há um movimento cíclico de esforço do indivíduo para superar os


diferentes conflitos cognitivos para que seja restabelecido o equilíbrio do organismo até
que haja uma novo desequilíbrio, assim sucessivamente. A forma como os sujeitos
constroem os novos conhecimentos e como assimilam e acomodam às novas
informações, para o autor, estão ligadas a diferentes níveis de desenvolvimento
cognitivo que uma criança passa a depender da idade em que esta encontra-se. Dessa
forma, Piaget, considera quatro períodos distintos na relação da criança com o mundo:
O período sensório-motor, Pré-operatório, Operações concretas e Operações formais.
O primeiro período citado, o Sensório-motor, ocorre entre os 0-2 anos, e, uma
expressão de Piaget (1967) que traduz bem esta fase é "a passagem do caos ao
cosmo", dessa forma, para os recém nascidos as funções mentais baseia-se em
reflexos inatos e o ambiente é conquistado mediante a percepção e os movimentos
deles, como a sucção e o movimento dos olhos.
A fase pré-operatória que seria entre os 2-7 anos há o aparecimento da função
simbólica - linguagem. Com a iniciação da linguagem há modificações importantes em
aspectos cognitivos, afetivos e sociais da criança, uma vez, estabelecida a linguagem,
há mudanças nas interações que a criança fará e quais significados serão atrelados a
nova realidade experienciada. Outro ponto importante da teoria piagetiana referente a
esta fase trata-se do egocentrismo. O autor afirma que a criança nessa fase não
concebe uma realidade da qual não faça parte, devido à ausência de esquemas
conceituais e da lógica. Assim, nessa fase do desenvolvimento infantil, embora a
criança apresente a capacidade de atuar de forma lógica ela apresentará,
paradoxalmente, um entendimento da realidade desequilibrado pois ainda há ausência
de esquemas conceituais.
A terceira fase, denominada “período das operações concretas”, terá maior enfoque
uma vez que é a fase em que a criança observada encontra-se, ocorre dos 7 aos 12
anos, aproximadamente. A criança neste momento consegue compreender pontos de
vista diferentes e interioriza as ações - realização de operações mentais. Entretanto,
tais operações ainda necessitam estar relacionadas a situações ou objetos que possam
ser passíveis de manipulação e/ou imaginação. Outro ponto que ainda não foi
completamente adquirido é a capacidade de reversibilidade - pensar, simultaneamente,
a estado inicial e final da transformação de um objeto.
O último período denominado de “Período das operações formais”, ocorre a partir dos
12 anos. Nesta etapa a criança, além de ampliar as capacidades conquistadas na fase
anterior, já têm possibilidade de raciocinar sobre diferentes hipóteses uma vez que é
capaz de formar esquemas conceituais abstratos e, graças a ele, executar operações
mentais. Rappaport (1981), sintetiza bem às habilidades adquiridas: “a criança adquire
capacidade de criticar os sistemas sociais e propor novos códigos de conduta: discute
valores morais de seus pais e seus seus próprios (adquirindo, portanto, autonomia)".É
nesta fase que a criança alcança o padrão intelectual que persistirá durante a idade
adulta.

4.2 As operações concretas e o experienciado


Em nosso experimento, pudemos observar a formação do processo cognitivo da
reversibilidade em S, visto que ela apresentou dificuldades em manter a conservação
de líquidos (tarefa 3.1.2) mas passou com facilidade nas outras tarefas piagetianas, o
que já era esperado devido a idade da participante e baseado nas teorias do autor.

Também foi observado a dificuldade de S diante da tarefa de emoções aparente - real,


mais especificamente na de crença falsa - Tarefa 3.2.4, visto que a participante
respondeu diferentemente do esperado quando perguntado “S, se seu irmão visse essa
caixa de leite, o que você acha que ele diria que tem dentro?” .
A resposta da participante foi “Ele ia achar que tinha uma bolinha.” É notório observar
que a resposta dada por S não era a esperada tanto para o erro (dizer o que o irmão
acharia que o que estava contido na caixa era a meia) como para o acerto (dizer que o
irmão acharia que o que estava contido na caixa era leite), portanto a resposta dada
por S foi surpreendente e inesperada.
A dupla, ao discutir o conteúdo da resposta de S, chegou a conclusão que há a
possibilidade de terem influenciado na resposta dado o contato prévio de S com a caixa
de leite. S, enquanto as observadoras arrumavam os outros materiais para o
experimento, chacoalhou a caixa, o que pode ter influenciado sua resposta
posteriormente.
Outro ponto levantado em discussão foi em relação à tarefa de conservação de número
(tarefa 3.1.3). S, durante esta parte da tarefa, nos perguntou se poderia contar às
bolinhas de gude antes de responder, mostrando que, aparentemente, já havia
dominado a habilidade de contar e tinha entendido a proposta da tarefa. Entretanto,
mesmo tento contado, quando foi questionada em relação quantidade de bolinhas de
gude, S apresentou certa dificuldade e só respondeu corretamente depois que a
pergunta foi reformulada. Nos questionamos posteriormente se a dificuldade de S
estava ligada a não compreensão completa referente a conservação de número ou se
estaria relacionada a forma que realizamos a pergunta. Por fim, acreditamos que houve
uma má formulação da pergunta por parte da dupla observadora pois, S, no fim da
tarefa, apontou não só a resposta certa como, também, o motivo que a levou a deduzi-
la: “S: - Ah, são iguais. Só que essa - apontando para fileira com maior espaçamento -
fica maior que essa - apontando para a fileira com menor espaçamento”.
Outra tarefa que nos despertou interesse não pela resposta dada por S, mas, pela
formulação da resposta, foi referente a tarefa da quantidade de irmãos (tarefa 3.1.4).
Achamos interessante S ter explicitado seu pensamento quando foi questionada
quantos irmãos seu irmão tinha: “Dois também. É que eu sou irmã dele, minha irmã é
irmã dele, aí dá dois. E se ele é meu irmão, a Fernanda é minha irmã, dá também
dois.” Pudemos perceber que S entendeu a proposta e por isso respondeu de acordo
com o esperado, conservando o número.
Uma das tarefas que mais nos chamou atenção e nos divertiu foi referente aos
fenômenos da natureza (tarefa 3.1.5), não só pelas respostas criativas que S nos
proporcionou, como também pelo conteúdo que ela aprendeu nos primeiros anos
escolares. Quando perguntamos para S em relação às formas que a lua pode
apresentar, ela respondeu que “Uma é tipo uma banana, a outra é tipo uma esfera, a
outra é… é aquele que não aparece”. Enquanto ela respondia, durante a observação,
nos lembramos do processo de assimilação que Piaget propõe, uma vez que as novas
informações (formatos da lua) foram assimilados a uma estrutura de idéias já
existentes (banana e esfera) e, com isso, provocaram uma transformação nos
esquemas mentais anteriores, gerando um processo de acomodação.
Ainda referenciando-nos a tarefa dos fenômenos da natureza (3.1.5), gostamos muito
da resposta que S nos deu quando a questionamos o motivo da lua ficar longe no céu
(S: - “Porque se não ia ter luz demais e eu ia ficar cega.”) pois há uma sequência lógica
em seu pensamento, uma vez que ela havia respondido anteriormente que a lua
serviria para iluminar porque a noite é escura. Depois da sessão de observação com S,
conversamos o quanto, por vezes, o método educacional acaba por prejulgar às
respostas das crianças como erradas sem tentar entender o motivo que às levou a
responder de forma não esperada, dessa forma, não é considerado a sequência lógica
apresentada e a formulação da hipótese da criança. Acreditamos que esses “erros”
valem muito para a aquisição de novos conhecimentos quando bem explorados.
No momento de transcrição das falas, ainda em relação aos sonhos, uma das
observadoras, que é prima da participante S, colocou uma hipótese que acreditamos
enriquecer a discussão. S, gosta muito do filme “Divertidamente”, e acreditamos que a
resposta dada em relação ao sonho pode ter sido influenciada pelo filme uma vez que
a participante já o assistiu algumas vezes e, provavelmente, tomou para si algumas das
ideias do enredo.
Em relação a tarefa 3.1.6 (Apresentação de fotografias), quando mostramos a imagem
do cachorro. S diz que “Às vezes ele fica com tosse, vomita… Aí se ele come uma
meia tem que internar”. Tal resposta, depois comentada por uma das observadoras que
é prima da participante, está relacionada às experiências que foram vivenciadas por S
e sua família. Achamos tal ponto relevante pois demonstra a interpretação de S em
relação aos fatos vivenciados por ela como também a uma generalização em relação
aos outros.
Ainda nesta mesma tarefa, mas, com a fotografia do carrinho de brinquedo (anexo
7.2.4), depois da observação, conversamos que a opção de apresentar um
personagem (Relâmpago McQueen do Filme Carros da Disney) não foi uma boa
opção. Ainda que S não tenha atribuído características humanas ao personagem,
mostrando distinção entre o que é o filme e o que é realidade, nos questionamos que,
se fosse uma criança menor, nossa escolha talvez conduzisse-a ao erro.
Já em relação a tarefa 3.2.3 (Acesso ao conhecimento) apresentamos para S uma
embalagem de um pote de sorvete contendo uma bola de papel amassada dentro,
quando perguntamos o que havia dentro daquele recipiente, S respondeu que havia
feijão. O objetivo principal da tarefa foi acertada por S (dizer se a personagem
envolvida na história saberia ou não o que havia dentro do pote sem ter olhado antes),
mas, nos questionamos o motivo de S ter dito que no pote de sorvete havia feijão.
Acreditamos na possibilidade dos pais de S utilizarem tais potes para o
armazenamento de feijão, por isso ela ter levantado essa hipótese. Gostamos desse
levantamento, uma vez que pode-se levar em conta a aprendizagem a partir do
conhecimento empírico se S, se nossa hipótese estiver correta.

5. CONCLUSÃO

Pode-se concluir que o objetivo central do trabalho foi realizado com sucesso, tendo
em vista que aquele consistia em colocar em prática as teorias vistas em aula a fim de
proporcionar um melhor aprendizado.
A observação e interação com a participante permitiu uma ampla discussão da dupla
no quesito do Desenvolvimento Infantil, aprofundamento da teoria Piagetiana e
instigando-nos a procurar distintas fontes não só sobre o tema mas também sobre a
Teoria da mente. Além disso, acreditamos ter enriquecido nosso olhar frente aos
processos de aprendizagem uma vez que foi possibilitado, pela vivência prática,
compreender como a criança observada formulava suas hipóteses e às testava.
Também consideramos muito relevante o aprendizado em relação ao processo de
maturação do organismo e como este relaciona-se com as experiência com objetos,
com a vivência social, tornando possível a equilibração do organismo ao meio.
Dessa forma, cremos ser lícito concluir que os ideais piagetianos representam um salto
na compreensão do desenvolvimento humano, uma vez que é evidenciado uma
tentativa de integração entre o sujeito e o mundo que o circunda.
6. REFERENCIAL TEÓRICO

Astington, J. W. (2003). Sometimes necessary, never suffi cient: False-belief


understanding and social competence. In B. Repacholi & V. Slaughter (Eds.), Individual
differences in theory of mind: Implications for typical and atypical development (pp. 14-
39). New York: Psychology Press.

COLL, C. As contribuições da Psicologia para a Educação: Teoria Genética e


Aprendizagem Escolar. In LEITE, L.B. (Org) Piaget e a Escola de Genebra. São Paulo:
Editora Cortez,1992. p. 164-197.

Danna, M. F. & Matos, M.A. (1982). Ensinando a observação: uma introdução. São
Paulo: Edicon. (Unidades, 4, 5 e 6)

FREITAS, M.T.A. de. Vygotsky e Bakhtin: Psicologia e Educação: um intertexto. São


Paulo: Editora Ática, 2000.

Loureiro, C. P., & Souza, D. H. (2013). A relação entre teoria da mente e


desenvolvimento moral em crianças pré-escolares. Paidéia (Ribeirão Preto), 23(54), 93-
101. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1982-43272354201311

PIAGET, J . Seis estudos de psicologia. Editora Forense, 1967.

RAPPAPORT, C.R. Modelo piagetiano. In RAPPAPORT; FIORI; DAVIS. Teorias do


Desenvolvimento: conceitos fundamentais - Vol. 1. EPU, ?: 1981. p. 51-75
7. Anexos

7.1 Autorização dos pais para a realização do trabalho prático


7.2 Materiais utilizados

7.2.1 Fotografia cachorro

7.2.2 Fotografia do urso de pelúcia


7.2.3 Fotografia de um carro

7.2.4 Fotografia de um carro de brinquedo


7.2.5 Fotografia de uma boneca

7.2.6 Fotografia de uma mulher


7.2.7 Imagem do fantoche

7.2.8 Desenho de um sol


7.2.8 Desenho de uma lua

7.2.9 Desenho de uma menina


7.2.7 Desenho de um menino

7.2.8 Imagem menino descalço


7.2.9

7.2.10 Desenho de uma árvore

7.2.11 Desenho de uma cesta


7.2.12 Imagem de um urso

7.2.13 Imagem de um dragão

Você também pode gostar