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NOVO TESTAMENTO

PALESTINA NOS TEMPOS DE JESUS- PARTE I

l Introdução
Faremos um panorama sobre o Novo Testamento, e um dos primeiros
questionamentos que vem à nossa mente é: "por que precisamos analisar o
contexto, e não ir direto ao ponto?" A questão é, se não compreendemos a história
e o contexto, não nos situamos. Quando não conhecemos a história do texto
bíblico, corremos o risco de não saber nos posicionar e extrair suas verdades.

Quando falamos de Palestina, estamos falando de geografia + história. O Antigo


Testamento termina com Israel sendo dominada pelos Persas, e o Novo
Testamento surge com Israel sendo dominada pelos Romanos. Este panorama se
faz necessário porque entre um período e outro existe um espaço de pelo menos
400 anos e para entendermos o que aconteceu neste período. Ao criar este chão
histórico, isso irá afetar diretamente nossa espiritualidade e a nossa consciência.

l Períodos

Assim, temos quatro períodos na história nesses 400 anos que temos de lacuna
entre A.T e N.T:

● O primeiro período, como já citado, foi o dos Persas.


● O segundo período foi o dos Macabeus.
● O terceiro período foi dos Gregos.
● O quarto período foi dos Romanos.

Cada um desses povos inseriu uma marca na forma do povo de Deus pensar, seja
uma marca positiva ou negativa, e compreender essas marcas nos ajuda a entrar
no Novo Testamento de forma mais clara, identificando as marcas e tendo uma
interpretação mais precisa. Existe uma expressão bíblica que é muito interessante:
“A plenitude dos tempos”, para que Jesus chegasse era necessário a plenitude dos
tempos, a ideia de completar um tempo. Quando este ciclo se completa, Jesus
pode vir, porque todas as condições necessárias para que Jesus viesse estavam
concretizadas, estavam completas.
l Persas / Assírios

O primeiro período que vamos trabalhar são os Persas. Quando falamos de Persas,
você precisa relacionar isso com os Assírios e com a Babilônia. O Reino do norte
foi conquistado pela Assíria em 722 a.C, você verá este relato no livro de Reis. Os
Persas tinham uma ideia de dominação, então o que eles queriam fazer é construir
uma unidade e destruir a identidade do povo, então tudo que lembrasse a cultura,
os costumes, as festas, o idioma daquele povo, era vítima da destruição dos persas.

NOTA PASTORAL: Quando o império Persa está tentando construir uma unidade
com este plano de apagar o passado, apagar a história, apagar a memória.
Precisamos reconhecer estes passos como uma estratégia do inimigo em nossos
tempos. Não se pode construir unidade a qualquer custo. Unidade não tem a ver
com atrapalhar ou destruir a individualidade, a essência de cada um.

Construir como os Persas fizeram não é uma boa alternativa, o objetivo deles era
que, uma vez que o povo não tinha identidade, eles poderiam fazer o que
quisessem, a ideia do povo samaritano vem disso, então, eles começam a criar um
povo mestiço para habitar uma região, porém, sem uma pureza de linhagem ou
melhor ainda, falsificando ou enfraquecendo sua raiz de fé; isso é influência dos
persas.

l Babilônia

A Babilônia toma a Assíria em 612 a.C. A partir daqui criamos um novo vinculo, ou
uma nova estratégia de dominação. Diferente dos Assírios, a Babilônia tem uma
outra relação com o povo judeu. Ela não quer mais destruir, não quer apagar a
memória, ela quer dominar, ela quer tirar do Israelita o melhor que ele tiver para
abençoar o próprio Reino. Os Assírios dominavam por medo e pela força, já com
a Babilônia quer extrair o máximo que puderem dos judeus.

Os babilônios deram liberdade para o povo de Deus crescer, o Judeu cresceu


economicamente e de todas as formas. Os Judeus eram um povo abençoado,
começaram a crescer e ter independência de influência e de economia muito
grande, tanto é que quando Ciro entra e toma o poder, muita gente não quis voltar
para Jerusalém, em 200 anos de história, apenas 50 mil Judeus voltaram da
Babilônia para Jerusalém.

O Império Babilônico só se manifestaria a quem agir de forma direta contra o


governo, quem for bonzinho e pagar os impostos corretamente, viverá bem e livre.

Aqui a comunidade judaica se transforma em urbana e comercial. A própria


palavra “judeu” nasce neste período Babilônico.

l Gregos

Aqui estamos falando de um período de 331 á 167 a.C. O nome principal deste
período é “Alexandre O Grande”. Aqui temos uma mudança de personagem e de
política. É justamente por esse domínio que a língua grega é difundida, eles criam
uma língua Universal, eles constroem estradas, o comércio é fortalecido e na
junção destes acontecimentos existe uma valorização do individuo que nunca
havia acontecido na história.

Os gregos desejam estabelecer uma forma de pensar, a Grécia é o berço da


filosofia, é o berço da civilização moderna. As nossas origens vêm daqui. A partir
de Alexandre que tenta implementar isso na cabeça do indivíduo, começa
acontecer então algumas questões políticas.

Com a morte de Alexandre, o governo deste império grego, o governo cai na mão
dos seus principais generais: Ptolomeu, Seleuco e Laomedon. Laomedon ficou
com o império Sírio, Seleuco ficou com a Babilônia e Ptolomeu ficou com o Egito.
Existe agora um processo de elenização, isso é assimilar o jeito grego de ser. Nós
vamos ver em todo o Novo Testamento a ideia de que o judeu estava sendo
forçado, ou levado pensar da forma grega. Ptolomeu e Seleuco se juntam contra
Laomedon e tomam a Síria, então a força grega se divide entre dois generais, são
eles que detém o domínio da Palestina.
Nós temos então essa rivalidade dos dois generais que tentam disputar território,
e então pedem ajuda para os romanos, aí Roma acaba ‘’engolindo’’ os gregos. É
muito importante percebermos como estes dois impérios se juntam, o império
Grego contribui com a filosofia, com a forma de ser e o império Romano com a
política, com a força.

No início do Novo Testamento, vemos Herodes chegar onde chegou e essa é a


história por trás dele, este é o pano de fundo.

l Macabeus

Cabe aos Macabeus serem um ponto de resistência, porque entendendo que a


identidade do povo judeu é única e exclusiva, eles não podem ser um povo
escravo, a escravidão não combina com a identidade um povo que foi escolhido
por Deus. Neste contexto de resistência surge Judas, ele é um general. Ele começa
a juntar um grupo de pessoas e ter algumas conquistas nas cidades e este avanço
é tão notável que ele tem diversas vitórias contra este opressor, após inúmeras
batalhas eles conseguem uma certa independência de nação, de politica e
durante um período muito curto, Israel se afasta da dominação.

Havendo entre os próprios judeus intrigas, fazendo com que ao invés de se unirem
por liberdade, toda intriga chegou ao imperador e chegando lá tudo isso se
acabou. Eles foram aniquilados. Vemos pessoas que percebem que estão sendo
dominada, não se satisfazem com isso, mas ao invés de resolver com base na fé e
na confiança de Deus, quer resolver no braço, na força. Quando pensamos em
Macabeus, nos vem duas características principais: Um grupo de pessoas que está
tentando resolver as coisas na força, ou nos conchavos políticos.

Estes foram 4 períodos que deixam na história deste povo um jeito de ser. Agora
temos este ambiente onde Jesus viveu, onde Jesus se relacionou com pessoas,
este era o cenário, este era o ambiente onde Jesus tinha que falar do amor, do
Evangelho e do arrependimento.

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