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Nome: José Miguel da Silva Moreira

Ano/Turma: 1ºD
Curso: Licenciatura Ciências do Desporto
Disciplina: História do Desporto

Apontamentos da Matéria
Ciências do Desporto
Faculdade de Desporto

História
Tradicionalmente a palavra história tem tido diversos significados:

 A realidade dos acontecimentos e factos que afectaram o homem através dos tempos.
 O conhecimento, estudo e registo destes acontecimentos, ou seja, a disciplina científica que
estuda o devir histórico.

História e historiografia

Quando a mesma palavra designa o objecto estudado e a ciência que estuda criam-se
dificuldades de ordem epistemológica.

Actualmente:

 História: designa a realidade histórica (factos + personalidades + ideias + valores + espírito da


época);
 Historiografia: designa a tarefa de investigação e redacção histórica.

O Desporto é um complexo plural, pois envolve várias dimensões, como por exemplo, a
competição, o lazer, os idosos, os jovens, o amador, o profissional, etc. Os desportos variavam e variam
em função do espaço, tempo e condições sociais.

Quase todas as sociedades praticaram actividades, individuais ou colectivas, semelhantes às


actividades que actualmente chamamos Desporto.

A complexidade do desporto necessita do contributo de várias disciplinas científicas para o


seu estudo. Para   além   das   várias   abordagens   que   pode   levar   (biológica,   pedagógica,   psicológica,   …)  
deve também ter uma abordagem histórica.

Com a passagem da teoria da Educação Física (TEF) às Ciências do Desporto (CD), aparece a
História do Desporto. Na TEF a dimensão pedagógica tinha uma forte influência e a dimensão corporal
pouca relevância. Com o movimento de cientificação a TEF passa a CD, onde o corpo passa a ter uma
importância bastante relevante, surgindo disciplinas que estudam este objecto.

José Miguel da Silva Moreira


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Os fundamentos das Ciências do Desporto:

 Médicos e das ciências naturais (Medicina do Desporto; Biologia do Desporto);


 Sociais, do comportamento, da educação e da ciência (Psicologia do Desporto; Pedagogia do
Desporto);
 Científico-culturais (Informática do Desporto; História do Desporto);
 Científicos de política e economia (Política do Desporto; Economia do Desporto).

Desporto

 francês medieval (desport, disport – distracção, divertimento);


 em Inglaterra referia-se principalmente à caça;
 ao longo do século XX o termo sport foi adoptado por quase todas as línguas do mundo para
designar as mais diferentes actividades.

No entanto, não existe uma definição precisa de desporto enquanto produto da elaboração
teórica.

Compreensão lata do Desporto

O conceito de desporto alargou-se.


Desporto é aceite não só no seu significado institucional mas também na interpretação
subjectiva dos participantes. Portanto, desporto é mais do que a soma das modalidades
institucionalizadas.

Desporto

 Grupe e Krüger, 1994


 Termo geral que inclui todos os exercícios físicos ou todos os jogos e formas
de exercícios orientados pelo movimento.

 Carta Europeia do Desporto, 1992


 Significa todas as formas de actividade física, através de uma participação
organizada ou casual, que visa expressar ou melhorar a aptidão física e bem-estar mental, construir
relações sociais ou obter resultados em competições em qualquer nível.

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Desporto na Escola  Educação Física.

Diferenciação da cultura desportiva actual

Desporto:

 Desporto  “prática”;;
 Desporto  “espectáculo”;;
 Desporto com significados e sentidos diferentes
 Pluralidade de modelos de desporto;
 Valor simbólico (saúde, juventude)

O desporto compreende o corpo, movimento, jogo e rendimento, ou seja, a ACÇÃO HUMANA.

Importância da História

A história é contínua na medida em que as civilizações (saberes, modos de produção,


tecnologias) sucedem-se sem descontinuidade, permitindo melhor entendimento e comunicações
culturais.

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A história visa localizar os fenómenos estudados no sistema coordenado para avaliar o significado
histórico relativo de cada fenómeno:

 Valorizando-o correctamente;
 Evitando a sobrevalorização do que é irrelevante.

A história tenta explicar:

 Factos e dados confirmados no tempo passado;


 Os desenvolvimentos que resultam da interacção complexa de factores tais como:
 A acção humana intencional;
 Consequências não intencionais nos domínios, social, económico, político, religioso numa
dada estrutura de tempo e de espaço relevantes.

A história trata da mudança; trata do antes e do depois dos acontecimentos. No antes e no


depois estão condições para as ocorrências humanas e sociais. Portanto, é necessário fazer:

 Análises diacrónicas, longitudinais, que reconstroem a sequência temporal do processo


histórico;
 Análises sincrónicas, trans-sectoriais, em que forças históricas actuam em simultâneo.

Estas análises são necessárias para uma valorização correcta dos acontecimentos.

Nas análises históricas é necessário pensar sempre criticamente os objectivos em relação:

 À estrutura do tempo;
 À população em questão,

Ou seja, determinar o mais exactamente possível a sua relevância numa perspectiva global
na totalidade da vida.

Se há continuidade histórica (não há acidentes operacionais) e a identidade (de uma área de


conhecimento) forma-se com base na história, todas as coisas que não afloram à consciência do que
vive, não têm potencial para influenciarem pensamentos e acções, ou seja, são NÃO EXISTENTES.
No entanto, muitas vezes o interesse por problemas passados resulta de problemas presentes.
Portanto, os problemas têm de ser vistos no contexto em que aconteceram, de modo que as relações
causais sejam plausíveis.

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Objecto da História do Desporto


Se tomarmos por base uma concepção alargada de desporto, estendendo-o como exercício físico
em sentido abrangente vemos essas actividades em (quase) todas as civilizações e em (quase) todas as
épocas da humanidade, pelo que o que nos importa não é só a educação física (com a sua dominante
pedagógica), mas sim as actividades físicas na estrutura das relações socioculturais que, por seu
lado, se interrelacionam com as condições político-económicas.

História da Educação Física e do Desporto como disciplina científica

 Coloca-se ao mesmo nível das outras disciplinas académicas.


 Estuda a história da respectiva ciência bem como do elemento cultural realçado.
 É uma sub-disciplina das ciências do desporto.

A história da EF e do desporto é recente:

 Alemanha, 1794, Vieth  “Contribuições  para  a  história  dos  exercícios  físicos”


 Inglaterra, 1801, Strutt  “O  desporto  e  o passado  das  pessoas  em  Inglaterra”
 Portugal, 1790, primeira obra acerca da EF das crianças sob o patrocínio da Academia
Real das Ciências.

Fontes da História

 Materiais – instrumentos de trabalho, monumentos, moedas, etc.


 Escritas – documentos
 Iconográficos – imagens
 Orais.

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Teorias sobre a origem da actividade física e do desporto

1. O Jogo como origem do desporto.


 O jogo é anterior á humanidade visto que os animais jogam.
 Desejo de aliviar/desligar por momentos das preocupações da vida real.
 Prazer que experimentam os jogadores.

O Homem possui um temperamento lúdico que faz parte da sua natureza que o leva a
IMPULSO LÚDICO.

O jogo introduz o relaxamento face aos problemas e insuficiências da vida.

Johan Huizinga (1872-1945) Roger Caillois (1913-1978)

Homo Ludens – 1938 Man, Play and Games - 1958

O jogo é mais antigo que a cultura

Carl Diem apoia  esta  teoria  referindo  que  “o jogo é um meio usado pela Natureza para
preparar os seres vivos para a vida. O animal e o homem jogam.”

 “O  animal  pára  de  jogar quando já se desenvolveu”


 “No  início  manifesta-se de forma animal, mas a partir de certa idade adquire um conteúdo
espiritual”.
 “No  homem  o  impulso  do  jogo  continua,  embora  modificado  na  sua  forma”.
 “Como  o  ser  humano  é  um  ser  espiritual  continua  a  desenvolver-se mesmo depois de ter
alcançado  a  maturidade  corporal,  até  à  morte”.
 “O   jogo   é   para   o   homem   um   meio   de   se   completar   a   si   mesmo,   quer   dizer,   de   se  
aperfeiçoar  corporal,  espiritual  e  humanamente”.
 “O   desporto   pertence   ao   domínio   do   jogo   mas,   como   jogo, tem uma índole especial:
livremente  adoptado,  pleno  de  valor,  procura  rendimento…”

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De acordo com este ponto de vista:

 Os desportos constituíram uma das mais esplêndidas criações do impulso lúdico trans-
específico (não é específico do Homem) e intemporal (tem permanecido no tempo).
 O temperamento lúdico do Homem é a parte mais nobre da sua natureza básica; o jogo
inofensivo e experimental permite que nós possamos realizar o nosso poder criativo, a nossa
fantasia e a nossa imaginação.

“A  posição  do desporto é intermédia entre os jogos e a vida. Também tem uma origem imediata
no impulso animal do movimento”.
Carl Diem

Ao longo do tempo realizavam-se actividades de tipo físico, como corridas, lançamentos, lutas,
que, apenas tiveram um propósito a sobrevivência.
A evolução do Homem determinou que as actividades físicas tivessem uma relação com o mundo
sagrado.

2. Correntes românticas do século XX

O Desporto surgiu na época dourada da Grécia Clássica e desapareceu mais tarde à espera de
renascer das cinzas na época contemporânea.

A aristocracia grega dedicava a maior parte do dia à prática do desporto. Esta dedicação ao
desporto – jogos e atletismo – explicariam os seus êxitos nas artes, na filosofia e na educação.

O DESPORTO COMO ACTIVADOR DA CULTURA

3. Correntes Marxistas

Gerbar Lukas e Eichel

Na perspectiva marxista o desporto distingue o homem do animal.


O desporto é uma manifestação cultural mas não é jogo.
 Constitui uma forma de preparação para o trabalho, sendo o reflexo das necessidades
de sobrevivência e progresso de um animal criativo.

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O homem é essencialmente um produtor, daí que, para Lukas, o desporto mais antigo seja o
LANÇAMENTO DO DARDO.
Primeiro exercício que corresponde a uma elaboração mental profundamente humana,
dado que a marcha e a corrida são comuns a outros animais.

4. Teoria da origem relativamente recente do desporto


(Inglaterra, entre os séculos XVIII e XIX – Desporto Moderno)

Bero Rigauer – 1969


Henning Eichberg – 1973 O desporto é uma forma genuína de adaptação à vida moderna
Allen Guttmann – 1978

Os aspectos essenciais do desporto tal como se pratica hoje em dia, apareceram em Inglaterra,
em simultâneo com o alvor da Revolução Industrial.

Os desportos modernos são adaptações particulares à vida moderna:


 Política;
 Económica;
 Social

5. O desporto como uma criação muito recente


(Teoria científico-pedagógica, o desporto como um produto da sociedade de consumo)

 Invenção do cronómetro;
 Bolas de borracha;
 Aparição dos jornais e revistas de grande difusão;
 Televisão.

Síntese:

 Os desportos, antigos e contemporâneos, são actividades analisáveis à margem da vida social.


 Determinados aspectos da vida do Homem em sociedade, semelhantes aos nossos jogos e
competições, estiveram fortemente relacionados com os domínios do Mágico e do Sagrado.
 As competições desportivas de quase todas as sociedades anteriores à nossa eram parte integral
ou anexa de crenças religiosas.
 Os jogos e as competições formais eram assimiladas à Dança e ao Teatro.

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 Vários elementos, características da natureza humana, podem explicar as práticas físicas


primitivas:
 O prazer;
 A necessidade de dar movimento ao corpo;
 Ascensão social;
 Admiração dos seus congéneres.
 A invenção de utensílios e armas trouxe consigo a necessidade de o homem se exercitar no seu
uso.

Lanças
Arpões
Dardos Desporto mais antigo para G. Lukas.

Malhos
Arcos
Flechas

 As actividades culturais e sociais do homem sempre dependeram (e dependem) dos seus


recursos humanos e da sua tecnologia.
 É difícil situar historicamente as primeiras práticas desportivas. No entanto, conhecimentos
múltiplos (história antiga, arqueologia, antropologia, etc.) permitem uma clara compreensão da
natureza do jogo e do desporto.
 A cerâmica, os frescos, as esculturas, os trabalhos em pedra atestam a existência de jogos
físicos.

Os desportos nas primeiras civilizações

Os achados arqueológicos que testemunham os jogos e competições destas civilizações são


ESCASSOS.

1. Mesopotâmia (4000 a.C.)


 Aparecem os primeiros sinais de civilização.
 Esta cultura engloba diferentes povos (sumérios, acádios, babilónios, assírios e persas).
 Classes dirigentes e militares muito marcadas.
 Arqueiros que conduzem quadrigas puxadas por cavalos (o cavalo significa o poder).
 Treinos e cuidados dedicados aos cavalos, na sua preparação para as corridas (puxando
um carro).

A arte mesopotâmica revelava mestria e supremacia da classe dirigente.

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Supõe-se que, quando libertos das preocupações como a SOBREVIVÊNCIA as crianças e os


adultos JOGAVAM competições de FORÇA e HABILIDADE.

Testemunhos arqueológicos:

 “Tábuas”  de  argila


 Inscrições em pedra Fornecem alguma informação (escassa) sobre desporto da
 Escultura e baixos relevos Mesopotâmia
 Figuras de barra e metal

Os vestígios arqueológicos mais evidentes da prática desportiva datam da época da civilização


suméria.

Trata-se de tábuas argilas representando lutadores e boxeurs.

Esta civilização (os sumérios) foi uma dos grandes promotores do desporto na Idade Antiga.

Toda a actividade física ou atlética está relacionada com elementos militares/bélicos e com a caça.

Síntese:

 Época de guerras, invasões, grandes momentos de povos.


 Utilização de CARROS DE GUERRA (grande êxito como desporto) puxados por cavalos para
defesa frente aos adversários.

Caça
Corridas de Carros
Boxe
“Desportos”  desta  época
Natação
Corrida
Luta

 Desporto paramilitares e aristrocáticos.


 Finalidade:
 Preservação da forma física das classes dominantes;
 Manifestação do seu poder.

2. Egipto Antigo (3150-30 a.C.)


Os traços da actividade física tornam-se mais nítidos quando há mais vestígios que o confirmam.
Existe uma forte probabilidade de ter sido um povo muito mais desportivo, que praticava:
 Luta;
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 Boxe;
 Equitação;
 Tiro com arco

Representações pictóricas murais com lutadores profissionais em 122 posições (2500-2200 a.C.)

A LUTA constituía um dos desportos mais populares da cultura egípcia.


Combates com bastões, ESGRIMA (parte de um culto religioso) relatos por Heródoto (viajou para
o Egipto com 450 a.C.)
A vida decorria à volta do Nilo: os faraós precisavam de saber nadar. Existem representações
pictóricas em que aparecem a nadar crawl.

Há um momento em que se dá uma mudança destes hábitos:


a. No sentido de actividades mais bélicos – distracções paramilitares;
b. Cada faraó devia superar o anterior com as suas proezas com o arco e a flecha;
c. Em cerimónias importantes apreciam com arcos muito potentes.

Síntese:
Monumentos aos Faraós indicam que um conjunto de desportos era desenvolvido e regulado
vários milhares de anos atrás, incluindo a natação e pesca. Isto não surpreende, dada a importância do
rio Nilo na vida do Egipto.

Existência de outros desportos, como o LANÇAMENTO DO DARDO, o SALTO EM ALTURA e


WRESTLING.
A natureza dos desportos populares na altura sugere uma correspondência próxima com
ACTIDADES DIÁRIAS DESPORTIVAS.

 Caça e Pesca
 Exercícios acrobáticos
 Tiro com arco
“Desportos”  desta  época
 Natação
 Esgrima (com bastões)
 Luta

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3. China Antiga
O jogo e a actividade física adquirem formas distintas de acordo com os estratos sociais.
Os historiadores chineses deixaram nas suas crónicas muitos dados sobre jogos e actividades
físicas da Antiga China.

A utilização do cavalo, o uso do arco, diferentes formas de luta, foram alguns aspectos que
determinaram o desenvolvimento dos jogos e desportos.

Importância do Cavalo:
a) Símbolo do poder político e militar
O domínio do cavalo assegurava um poder indiscutível.
b) Caça ao tigre era realizada a cavalo e mostrava a perícia dos militares e governantes perante os
camponeses.
c) A utilização de estribas, cilhas e outros apetrechos – expandiram-se na Ásia e Europa.
d) O uso dos utensílios e o emprego de técnicas inovadores foram-se massificando.

Importância do arco:
a) Exercício militar por excelência.
b) Duas modalidades: a cavalo e a pé.

Importância da luta:
a) Lutas e festivais com regras diferentes de região para região;
b) Havia lutadores que se distinguem e que utilizavam vestes e tinham rituais diferentes;
c) Estas competências de luta elitistas estavam cheias de normas e proibições, com o objectivo de
atenuar tanto a humilhação do perdador como os excessos de arrogância do vencedor.

AS CLASSES INFERIORES NÃO PODIAM COMPETIR COM AS CLASSES DOMINANTES

Origens do pólo

1. Maços, bolas, número de jogadores variavam consoante a situação geográfica.


2. Às vezes era praticado como exercício de pontaria, mas sempre restrito a uma elite social
(excepto na Mongólia, onde a criação de cavalos era excessiva).
3. O pólo e as suas variantes estenderam-se a todos os países onde se utilizava o cavalo.

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Artes marciais chinesas

1. Inicialmente, a base das competições de luta foram exercícios de trabalho espiritual, com
movimentos muito próximos de coreografias.
2. Um destes exercícios evoluiu até chegar ao popular Tai-chi actual.
3. Luta sumo.

Desportos com bola

1. Chuiwan - primórdios do golfe


 no início, jogava-se a cavalo – semelhante ao pólo
 depois, passou a ser semelhante ao hóquei
 mais tarde, evoluiu para algo semelhante ao golfe moderno;
Era reservado à aristocracia.

2. Cuju – antecedente do actual futebol (remonta a cerca de 2500-3000 anos atrás).

Síntese:
 Existem artefactos e estruturas que sugerem que os chineses praticavam actividades afins à
nossa definição de desporto.

Trabalho
A origem e desenvolvimento das
Produção
actividades desportivas na China
Guerra
parecem estar intimamente ligadas com
Entretenimento

A ginástica parece ter sido um desporto popular na China do passado (o que ainda hoje se
“sente”  na  habilidade  dos  chineses  para a acrobacia).

A China tem um museu em Pequim que se dedica ao desporto chinês e à sua história – Chinese
Sports Museum.

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O desporto no mundo clássico


Período obscuro Período arcaico Período clássico Período helenístico
(1150-800 a.C.) (800-500 a.C.) (500-338 a.C.) (338-146 a.C.)

Não existem vestígios Formação  das  “polis” Esplendor da civilização Crise na polis grega
arqueológicos nem grega
outra informação. Colonização grega Invasão macedónica
Cidades estado mais
Período de séculos Alfabético fonético, arte importantes: Esparta e Expansão militar
obscuros, mal e literatura Atenas
conhecidos Cultura helenista
Primeiros Jogos
Olímpicos (776 a.C.)

As  “polis”
No  período  compreendido  entre  o  século  VIII  a.C.  e  o  século  V  a.C.  as  “polis”  tornam-se cidades
estado independentes, embora com inúmeros aspectos em comum:
 Uma mesma língua (já escrita)
 Culto dos mesmos deuses, nos mesmos templos (Olímpia, Delfos)
 Uma poesia épica comum
 Partilhavam a veneração pelos heróis pré-helénicos.

Entre 775 e 550 a.C. os gregos estabelecem colónias em todo o mediterrâneo.

Século V a.C.
Três questões predominantes na história da Grécia nesta época:
 Relações com Pérsia (guerras médicas)
 Rivalidade entre Esparta e Atenas
 As conquistas políticas, literárias e artísticas juntamente com a organização de
inúmeros festivais atléticos.

Esparta
 Cidade estado situada na península do Peloponeso e pólis mais admirada e influente no
mundo helénico.
 Instituições sociais prevalecem sobre a família.
 Predominam os valores físicos de carácter militar sobre os culturais.
 A falange, composta por hoplitas, permitiu a domínio do Peloponeso.
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O espartano desde criança era submetido a uma dura disciplina ao serviço dos valores da polis,
dedicando-se exclusivamente ao treino físico e militar

Aos 7 anos era afastado da sua família para se preparar para o exército, treinando com extrema
dureza física e moral.
A obsessão pela preparação física era tal que mesmo as mulheres se deviam submeter a um treino
em parte semelhante ao dos rapazes.

Os atletas de Esparta eram um modelo para o resto do mundo grego.


Durante muito tempo Olímpia e os seus Jogos Olímpicos constituíram-se como uma plataforma de
propaganda espartana.
Os espartanos serão os primeiros a erguer monumentos comemorativos dos seus campeões.

Ao longo do séc. V a.C. Esparta vai perdendo a sua supremacia face ao esplendor de Atenas.

Atenas
 Situada na Ática; afirma-se a partir do séc. VI a.C.
 Agricultura e actividades ligadas ao mar.
 No início teve um governo de princípios aristocráticos.
 No séc. VI a.C. realizaram-se reformas democráticas
 A época de maior esplendor acontece entre os anos 500-429 durante o governo de Péricles.

Com as guerras do Peloponeso (431-405 a.C.) Atenas capitula perante Esparta que,
entretanto, vai entrar também declínio.
No ano 335 a.C. a Macedónia invade Ática e Peloponeso. Nestes séculos sucedem-se etapas
diferentes em que os valores religiosos e desportivos se desenvolveram no sentido do
profissionalismo.

Desenvolvimento dos Jogos Olímpicos (JO)

Embora os JO sejam as competições antigas mais conhecidas, não foram as únicas:

Jogos ÍSTMICOS
Jogos NEMEUS
Competições pan-helénicas
Jogos PÍTICOS
Jogos OLÍMPICOS

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Festivais desportivos na Grécia Antiga

JOGOS LOCAL EM HONRA DE FREQUÊNCIA


Zeus
Olímpicos Olímpia 4 anos
(Senhor do Olimpo)
Píticos Inicialmente de 8 em 8
Apolo
(Os maiores jogos pan- anos, passam a 4 em4,
Krissa (Deus do Sol, das artes
helénicos a seguir ao começando no terceiro
e da razão)
JO) ano da olimpíada
3 anos
Corinto - provas de atletismo
(no santuário de Melicerte - corridas de cavalo
Ístmicos
Poseidon – Deus dos (divindade marinha) - corridas de barcos
mares) - concursos musicais e
dramáticos
2 anos
- corridas de cavalos
Nemeus Phlius/Argólida Archimore - ex. gímnicos
- concursos musicais
em partícula de cítara.

Paideia:
 Educação
 Ideias de cultura
 Literatura

Três aspectos fundamentais no movimento


 Desenvolvimento anatómico proporcionado e equilibrado do corpo.
 Desenvolvimento das qualidades físicas básicas
 Aprendizagem e aperfeiçoamento das técnicas correspondentes a cada especialidade atlética.

Aretê
 Excelência ou perfeição; cumprimento pleno e perfeito de um propósito.

A concepção de aretê identificava-se em grande parte com a capacidade de alcançar o êxito.


Portanto, o expoente máximo da aretê encontra-se no valor heróico, isto é, no valor que representa a

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acção executada de tal forma que requeira a aptidão mais elevada. Logo há uma vinculação estreita
entre os conceitos de heroicidade e de perfeição atlética.

Aretê do corpo: o vigor, a força, a saúde.


Aretê do espírito: a sagacidade, a perspicácia

Perde a aretê quem, tendo nascido pobre, ficou reduzido à condição de escravo por ter sido
derrotado na guerra. A aretê reservava-se para o melhor.

Agon
 Conceito que faz referência, em simultâneo, ao combate e à competição.
 Impulso   “instintivo”   generalizado   de   supremacia, supremacia essa que confere a vitória numa
competição pública.
Contemporaneamente utilizamos o adjectivo agonístico no sentido de combate, disputa, luta,
sobretudo em contexto desportivo.

A paideia vai enriquecendo ao longo da história grega, graças à contribuição de diversos poetas
e filósofos.

Píndaro (poeta dos vencedores desportivos): a poesia desportiva é também poesia religiosa.
A competição estava sempre vinculada ao culto dos deuses.
O desejo de vencer não se esgotava na obtenção da vitória, mas em atingir a glória advinda da
vitória, assim como o desenvolvimento e a satisfação moral do participante.

Os deuses transmitem aos homens nobres a aretê.


A aretê triunfa nos jogos desportivos.
O vencedor desportivo tem que estar à altura quer da alta dignidade que lhe concedem os
deuses, quer da sua estirpe nobre.

Platão (participou nos Jogos Ístmicos como lutador).


Elabora uma teoria da educação na qual a actividade física tem um lugar próprio.
Considerava a educação física como um meio para o aperfeiçoamento moral, pelo que devia
estar incluída na formação do indivíduo.

Música e ginástica são as disciplinas educativas que se devem combinar na educação dos
jovens (considera, no entanto, a supremacia da música relativamente à ginástica). A melhor ginástica é
simples  e  “irmã”  da  música:  uma  ginástica  que  responda  e  harmonize  com  as  qualidades  da  alma.
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A ginástica deve praticar-se, ainda que sem excessos, desde a infância e ao longo de toda a
vida.
Apoiava o ideal espartano (atleta-guerreiro), sendo que tanto o homem como a mulher podiam
e deviam praticar diversos desportos.
O conceito de beleza englobava diferentes aspectos, entre os quais a beleza e destreza dos
movimentos corporais e desportivos.

Platão conclui que só existe um tipo de ginástica: a ginástica educativa. A ginástica educativa
tem fins diversos de acordo com 3 razões fundamentais que assistem ao seu desenvolvimento:
 A saúde
 A cidade
 A moral

Aristóteles:
 Discípulo de Platão
 Fundou o Liceu
 Enorme influência na tradição e cultura atenienses.

A ginástica é uma disciplina útil na medida em que fomenta o valor, melhora a saúde e
aumenta a força.

O conceito grego de ginástica está muito


relacionado com o agonismo, com a luta, com a
competição; são estes aspectos que podem
desenvolver o valor do indivíduo.

A ginástica é útil:
 Promove a saúde;
 Desenvolve as capacidades físicas

Para Aristóteles as capacidades físicas eram: a força e agilidade e como objectivos de EF: a
beleza viril, saúde, força e agilidade.
Apesar de ser discípulo de Platão, Aristóteles excluía as mulheres da educação desportiva.
A saúde mental dependia da boa condição corporal e para o desenvolvimento moral
contribuía também a educação física.

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Além da ginástica os gregos faziam:


 Sessões de banho que evoluíram do carácter higiénico para o de relaxação.

É com Hipócrates que a ginástica se liga à saúde:


 Assegurando a eficácia nos movimentos corporais e a saúde e a higiene.

O desporto no mundo clássico


Os centros de treino eram constituídos por: Palestra, Estádio e Ginásio.

Ginásio
 Em  grego  significa  “exercício que requer despir-se“:
 Exercício físico;
 Formação militar
 Banho em comum
 Centro de estudos (formação intelectual - literária);
 Ponto de reunião para filósofos.

As cidades mais prósperas (Atenas) construíam ginásios imponentes adornados com colunas e
equipados com salas de reuniões, salões, altares e armários para guardar o azeite, pós e loções
usadas pelos desportistas.
Mais tarde, os ginásios mais opulentos completaram as suas instalações com banhos e duches.
Os ginásios e as suas imediações eram pontos de encontro agradáveis de toda a cidadania
masculina.

Na sua época áurea Atenas contava com três ginásios:


 A academia;
 O liceu
 O cinosarges

Platão e os seus discípulos eram visitantes assíduos da Academia e Aristóteles preferia o


Liceu.

Palestra
Por vezes, anexo ao ginásio, ou, mais frequente, separado dele, existia a PALESTRA – a
instalação mais pequena e mais especializada, pública ou privada.

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Nas palestras existiam os paidotribas (ou pedotribas):


 Professores e proprietários, que se faziam ajudar no ensino dos exercícios pelos alunos
mais velhos e mais hábeis.

Actividades praticadas:
 Saltos
 Lançamentos (de disco e de dardo)
 Luta
 Pugilato
 Pancrácio

Estádios
Implicavam a existência de uma bancada para os espectadores.

 Pista ao ar live;
 Edificações anexas;
 Três pistas cobertas
 Um recinto principal (ephebeum) com assentos à largura das paredes
 Estátuas em honra dos deuses e heróis
 Salas menores onde se desenvolviam os ensinamentos teóricos, os jogos de bola, as massagens
e unções com azeite.
 Instalações sanitárias

Os ginásios e as palestras desempenharam um papel importante no quotidiano dos gregos,


contribuindo juntamente com os festivais desportivos, para afirmação da cultura grega. Nestes locais
discutia-se, conspirava-se, lançavam-se rumores, geravam-se novas ideias. As palestras e os ginásios
cumpriam assim uma função educativa formal.

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O desporto na Roma Antiga

Fundamentos históricos
 Os latinos não eram um grupo homogéneo.
 A partir de 509 a.C., após a instauração da República, Roma passa a ser a metrópole que domina
todo o Lazio.
 As lutas com outros povos fazem com que Roma saia fortalecida e leve a cabo uma política de
expansão e dominação.
 Desde o séc III a.C., de bom agrado ou à força, todos os adversários se vão submetendo ao poder
de Roma.

Aspectos gerais
 Nas suas origens o cidadão romano era militar e camponês.
 Cumpria 20 anos de permanência nas legiões. Se regressava com vida, eram-lhe distribuídas
terras para cultivarem.
 A nobreza, os políticos, os militares e os financeiros eram as classes poderosas.
 Produção de gado, produção vinícola e oleícola

Os primeiros atletas gregos chegados a Roma foram profissionais levados  por  “empresário”  em  186  
a.C.

José Miguel da Silva Moreira


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A nudez, considerada lógica e correcta para a prática do desporto pelos gregos, não seria entendida
pelos romanos. Cícero julgá-la-ia como o princípio da perversão.
Também se fizeram críticas ao atletismo e à luta e enalteceu-se a prática física tipicamente
romana, com lança e espada.

No entanto, vários dos primeiros imperadores sentiram-se atraídos pelo atletismo:


 Tibério participou numas Olimpíadas tendo vencido na competição de quadrigas;
 Nero participou numas olimpíadas organizadas por capricho seu e fora do calendário.

Domiciano organizou os Jogos Capitolinos, em 86 d.C. como um oposto aos Jogos Olímpicos.
Porém,  o  atletismo  grego  nunca  atingiu  “os  gostos  da  cidadania  romana”.

A Roma evidencia uma singularidade e uma importância marcantes na História do Desporto.


Enquanto na Grécia o desporto era importante para a prática e para quem o pratica onde estava
presente o AGON (competição, combate), em Roma o desporto era um divertimento para o público.
Aqui o LUDUS (jogo, entretenimento) estava bem presente.

Fundamentos do desporto romano


Origem religiosa Origem política

Rituais para honrar os deuses Manter o povo continuamente entretido


Corridas de cavalos com os espectáculos.
Rituais para honrar os mortos A frequência, a duração e o luxo dos
Combates de gladiadores espectáculos foi aumentando ao longo da História
do Desporto.

Relação desporto-política
Os espectáculos constituíram uma fonte de contenção de qualquer tipo de revolução social.
Estes traduziam-se num meio de canalizar paixões e actividade do tempo livre de grande parte da
população.
Os espectáculos eram uma garantia para o absolutismo do Imperador, para a segurança do
seu poder.
Cada Imperador queria superar, em brilhantismo e luxo, os jogos de seu predecessor.

José Miguel da Silva Moreira


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A actividade física dos romanos


A EF em Roma
 A EF baseava-se sobretudo na disciplina.
 As crianças deficientes eram abandonadas, sendo consideradas inúteis.
 A educação era dirigida pelo estado e vocacionada para o desenvolvimento psíquico e físico –
orientação prática.
 Não se concebia o desporto por simples vocação sem que existisse um motivo prático que o
sustentasse.
 É muito provável que a EF iniciasse muito cedo e que se prolongasse durante toda a vida.
 Todas as classes tinham acesso, tanto as classes mais humildes como os imperadores.
 A mulher também praticava EF, existindo vestígios que documentam que se exercitava com
halteres, jogava bola e praticava esgrima.

O desporto em Roma
As instalações para estas actividades ocupavam
Corridas de quadrigas um lugar preponderante no conjunto das obras
públicas romanas.
Combates de gladiadores
Onde chegava o império chegavam os circos, os
Termas e banhos anfiteatros e as termas.

Circo Máximo
 Maior e melhor pista corrida de Roma
 Situado entre os montes Palatino e
Aventino
 Capacidade para 200 a 300 mil pesoas.
 Período de grande esplendor – séc. I a.C. –
séc. I d.C.

Na época imperial as competições de quadrigas, as lutas de gladiadores e os banhos públicos


estavam completamente integrados na cultura romana.

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Corridas de quadrigas
A popularidade das corridas de quadrigas era tão grande
que havia grupos de seguidores fanáticos de diversas equipas.
Existiam 4 facções ou equipas a que pertenciam os
aurigas.
Criavam-se antagonismos poderosos, rivalidades,
inimizades permanentes entre políticos, seitas religiosas, que
dava origem a distúrbios frequentes.

Os aurigas
 Tinham uma procedência social modesta mas podiam adquirir grande fama, de acordo com os
resultados obtidos nas corridas, ganhando avultadas quantias em dinheiro
 Era um ofício perigoso que requeria treino disciplinado, valor e destreza.
 Iniciavam a sua aprendizagem pelo manejo de bigas, a fim de adquirirem a destreza necessária
para passarem às corridas de quadrigas.
 Usavam uma túnica curta com as cores da equipa.

Nas corridas geralmente competiam 4 carros (1 de cada facção). Eram constituídas por 7 voltas ao
circo (7x560m). O público era muito numeroso neste tipo de espectáculos desportivos.

Combates de gladiadores
Os combates de morte existiram em muitas culturas desde a pré-história. Em grande parte delas
havia a crença de que era algo que agradava aos mortos.
Os combates de gladiadores terão, provavelmente, esta mesma origem

Era uma actividade cruel, mas de aceitação unânime pelos romanos.


Já na época da República (séc. III a.C.) existiam escolas especiais para o treino de
gladiadores.
O apreço dos romanos por lutas sangrentas não parou de crescer e, nos tempos do Império, os
combates de gladiadores atingiram o auge, convertendo-se no espectáculo principal.

Cidadãos livres que, por necessidade e atraídos pelo dinheiro ou pela fama, se tornavam
gladiadores. No entanto, normalmente os gladiadores eram personagens especiais: prisioneiros,
escravos, delinquentes e antigos soldados.
Existiam espectáculos com animais (leões, tigres, ursos).

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Os moralistas romanos explicavam os combates como se tratasse de um laboratório e de um


lugar de aprendizagem de novas armas e técnicas militares.
Os imperadores exaltavam os seus mandatos com a organização de numerosos espectáculos:
 Trajano parece ter sido o imperador que mais gladiadores levou à arena, tendo organizado
um evento que durou cerca de 4 meses e que envolveu 10 000 gladiadores.

Termas ou banhos
Costume trazido do Oriente (da Pérsia chegou a Roma através da Grécia).
As imensas ruínas das termas mostram a magnitude e a importância destas construções para os
romanos.
Foram realizadas grandes desflorestações para obter lenha para aquecer a água das termas.

Jardins
Ginásios
Campos para a prática de jogos com bola TERMAS
Bibliotecas
Salas para reuniões e espectáculos
Pequenos reservados

As termas, de certa maneira, significaram para os romanos o mesmo que o ginásio para os
Gregos
As termas foram um lugar de reunião, de prática e de descanso para os aristocratas, para as
classes dirigentes, para os militares

Com adopção do cristianismo como religião oficial a sensualidade e a permissividade moral


imperavam nos banhos públicos.
Os martírios sofridos pelos primeiros cristãos no circo, justificaram a acção de recusa destas
actividades  e  do  “culto”  do  corpo  por  parte  dos  primeiros  padres  da  igreja  cristã.

Em 393, o imperador Teodósio proibiu todos os festivais pagãos.


As olímpiadas terminaram.

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A desagregação e queda do Império Romano (IR)

A Invasão dos povos bárbaros marca a transição da Antiguidade para a Idade Média (IM)

410 – Roma foi saqueada pelos visigodos.


Aos poucos, a parte Ocidental do Império passou a ser governada pelas tribos invasoras.
A península Ibérica foi invadida principalmente por suevos e visigodos.

Apesar de breves períodos de reconquista pelo IR do Oriente, o IR do Ocidente não voltou a


conseguir reerguer-se.
Em 476 deu-se a queda definitiva do Império Romano do Ocidente.
Ocorreu-se 10 séculos entre o colapso do IR do Ocidente e o Renascimento (476-1453).

Idade Média
A idade média dividiu-se em três épocas:
Alta idade média – séc. V-X d.C.
Idade média clássica – séc. XI-XIII
Baixa idade média – séc. XIV-XV

As componentes estruturais da época eram:


Feudalismo
Cidade
Igreja (estrutura religiosa é dominante)

Feudalismo
Sistema de organização sócio-económica e política

Termo que designa o sistema:


De produção e distribuição dos bens materiais
De estratificação social
De administração do poder

Este sistema baseava-se numa relação de vassalagem entre o senhor (feudal) e o servo.

O senhor fornecia a terra para cultivar e protecção, obtendo em troca direitos jurídicos e
económicos sobre o servo.

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O vassalo (servo) estava ligado à terra que trabalhava e tinha de entregar ao senhor da parte
da produção obtida (existiam acordos de vários tipos).
O poder de rei era limitado e tinha de celebrar pactos com os senhores feudais (por vezes tão
poderosos como ele).

A igreja
O peso do seu poder era absoluto
Manteve a cultura nos mosteiros.
No séc. XII, contribuiu para o nascimento das primeiras universidades
 Bolonha – Paris – Oxford
 Coimbra (1920)

Escolástica, enquanto sistema de conhecimento e de ensino, fundamentava todo o tipo de


saberes e dava coesão ideológica à sociedade feudal.
A filosofia escolástica dava primazia à alma e ao espírito humano; dava pouco valor ao corpo.

Portugal – início séc. XIII

Clero
Entre a população cristã os únicos com cultura literária:
Melhor organizados:
 Direito próprio;
 Hierarquia própria;
 Exerciam um poder diferente do poder civil
Poder eclesiástico sobrepunha-se ao poder régio;
Em Portugal as grandes lutas entre os poderes religioso e político aconteceram no séc. XIII.

Os senhores feudais “mantinham”  a  sociedade.


O clero procurava o bem espiritual da sociedade.
O povo (camponeses e artesãos) trabalhava.

A cidade foi surgindo como um núcleo de trabalho, de mercado e foi gozando de liberdades
concebidas ou ganhas perante os senhores feudais ou reis através de lutas sociais.

Na cidade, o templo era o centro da mesma, da vida e do Universo. As ruas articulavam-se à


volta do templo e tinham muita importância para o povo.

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Existiam dois modos de vida:


Aristocracia:
 Não trabalhava; a actividade física relacionava-se com a preparação para a guerra.

Povo:
 A sua actividade principal era o trabalho (associada a actividade diversas de ocupação
dos tempos livres).

O desaparecimento de uma série de actividades desportivas como os jogos olímpicos, a


ginástica educativa e os espectáculos nos circos e nos anfiteatros pode, em parte, ser explicado pela
oposição da religião aos exercícios corporais (desprezo pelo culto exagerado ao corpo). Contudo, o
JOGO NÃO DESAPARECE existindo competitividade onde o objectivo é melhorar, ultrapassar-se e
arriscar.

Actividade física e jogos na Idade Média.

Nobreza Povo

Preparação física dos cavaleiros para a guerra Jogos populares – com todas as limitações do
trabalho muito árduo.
Torneios
Festivais religiosos e cívicos – jogos.
Duelos

Caça

Torneios
Um dos espectáculos principais da IM.
Tiveram origem na França mas alcançaram maior popularidade em Inglaterra.
A sua prática generalizou-se a toda a Europa.
Constituíram uma das principais distracções de todas as classes sociais:
 Nobreza – praticava
 Povo – desfrutava do espectáculo

Era um combate a cavalo entre vários cavaleiros, que podia durar vários dias.
Imitação de uma batalha.
Realizava-se geralmente na praça pública, havendo preocupações com a decoração.

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Características principais:
Treino físico;
Combate entre 2 ou mais pessoas, com o objectivo de obter a vitória;
Exibição das qualidades físicas, força, habilidade, e destreza dos intervenientes.

Armas – geralmente não produziam a morte (embora acontecesse com alguma frequência).
 Bastões, canas, lanças com ponta não aguçada, espadas não afiadas.

Os torneios eram exercícios de guerra e galanteria (“Deus,   o   meu   rei,   a   minha   dama”),   sujeito   a  
certas regras que induziam segurança, existia a possibilidade de exibição do valor dos cavaleiros e
obtenção do aplauso e preferência das damas.

O único desporto medieval foi a guerra e os torneios mais não eram do que uma preparação para
ela.
O verdadeiro desporto da classe militar consistia na preparação cerimonializada da guerra –
torneio – batalhas realizadas para divertimento, sem ódio de uma parte ou outra.

A partir do séc. XII e XIII a Igreja começa a tomar medidas para evitar os perigos dos desportos em
que se envolviam os cavaleiros e proíbe os torneios, apesar de não existir unanimidade nesta
decisão.
Os grandes motivos foram:
Os seus praticantes corriam perigo de morte, sendo eles próprios que se colocavam nessa
situação.
Desenvolvimento excessivo do orgulho por parte dos vencedores, incorrendo no pecado da
arrogância.

Vai procurar que o motivo substantivo do jogo seja a procura da glória, aumentando o sentimento
de auto-estima e estima social – CRUZADAS.
A igreja percebeu que era necessário encontrar outra justificação para o desaparecimento dos jogos
que não fosse a censura total,
O desporto era intrínseco à sociedade e não havia forma de o erradicar, portanto existiu grande
pressão para legalização do torneio.
No início do século XIV, o Papa João XXII acaba por legalizar o torneio o que leva a uma grande
expansão do jogo.

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No entanto, o poder civil também se opôs, em determinadas épocas, à realização dos torneios pois
estes contribuíam para a desordem pública.
Principalmente em Inglaterra e em França, foram-se sucedendo períodos de proibição que
alternaram com períodos de aceitação e grande esplendor dos torneios.

Justas
Combates em que se enfrentavam unicamente dois opositores, a cavalo e com lança, para
justificar o direito de algum deles.
O combate desenvolvia-se de acordo com as directrizes do Juízo de Deus.

 Instituição jurídica praticada na Europa, que consistia em demonstrar a inocência ou


culpabilidade de uma pessoa, acusada de pecar ou quebrar as regras.

Armas – verdadeiras (ofensivas e defensivas), resultando em ferimentos graves e/ou na morte.

Pas  d’Armes
Um ou vários cavaleiros lutavam, durante o certo número de dias, contra quantos passassem
pelas imediações do castelo, da ponte, do caminho ou do cruzamento que propusessem defender.

Duelos
Sem antecedentes na cultura greco-latina; possivelmente era uma instituição herdada da Europa
pré-histórica.
Forma de combate praticada pela aristocracia europeia que permitia “resolver”   desacordos,
“lavar”  a  honra  ou realçar pundonor em qualquer momento.
A moral europeia pré-cristã – crença  que  os  deuses  estavam  com  os  justos,  o  forte,  o  valente…  
Pelo que, se vencia, tinha a razão e Deus do seu lado.

Caça
 Só para o rei e os senhores possuidores da terra (caça no defeso severamente punida).~

Mantinha em forma para a acção militar, tanto o cavalo como o cavaleiro.


Aparecem os primeiros tratados sobre caça.
Desenvolve-se a arte da caça com falcão.
Escrevem-se os primeiros estudos de veterinária.

A aristocracia tinha nas actividades ligadas à cavalaria mais do que nunca um sinal de poder.
A pesca com cana era considerada como uma arte menor.
José Miguel da Silva Moreira
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A pesca e a caça furtivas (fora das zonas permitidas) eram duramente penalizadas.

A aristocracia exercitava-se e dominava também os exercícios de:


Corrida, saltos, lançamentos, corridas de cavalos, natação, luta, esgrima, tiro com arco.

Festivais religiosos e cívicos – jogos.


Juntos a feiras e mercados (onde havia comércio, vendedores ambulantes, festas e concursos).

Desportos que se praticavam:


Luta, jogos com bola, tiro com arco, saltos (em altura e comprimento), lançamentos (do dardo
e da pedra), soule, jogo da péla, jogos com bastão.

Jogos
Carácter local;
Regras confusas;
Regras diferentes de local para local;
Em geral as regras não ultrapassavam as fronteiras naturais e regionais.

Em cada cidade ou região tinha os seus próprios jogos e especialidades e não existia qualquer
interesse por jogos e concursos de outras localidades.
Existia muito entusiasmo durante os jogos.

Jogos com bola e de luta no meio rural:


Simplicidade das equipas
Espontaneidade
Regulamentos locais

Soule
Variedade rústica e híbrida de algo parecido com o futebol e râguebi actuais.
Consistia em pontapear, empurrar ou transportar a  “bola”  até  à  meta  estabelecida  na  aldeia  da  
equipa contrária (a vários km de distância).
A composição da equipa era muito flexível – podia variar de dezenas a centenas de jogadores
por equipa.
Praticava-se através dos prados, dos bosques, dos caminhos.
O objectivo dos praticantes era divertirem-se e para isso nada melhor que os empurrões, os
pontapés e as cotoveladas.

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Jogo da Péla
Precursor do ténis e, em geral, e todos os desportos de raquete.
Em França foi desporto rei entre 1250-1650.
Com o tempo foram construídos campos para a sua prática.
Consistia em bater a bola com a palma da mão.
A bola era confeccionada com pele de ovelha.
Os praticantes untavam a mão com azeite e farinha para a bola não escorregar.

Os jogos serviam para reforçar a solidariedade e a personalidade da comunidade.


Público e jogadores partilhavam interesses locais e sociais idênticos.
Em geral, não existiam relações nem jogos comuns entre estratos sociais diferentes.
As actividades físico-desportivas deste tipo contribuíam para a exaltação das particularidades
sociais e culturais.

Renascimento

Renascimento – movimento de revitalização cultural que se produziu na Europa Ocidental entre os


séculos XV e XVI.

Este movimento marca uma ruptura com os modos de vida e pensamento anteriores (da IM).

Há um retomar os elementos da cultura clássica


Há uma reactivação do conhecimento e do progresso.

Este movimento surgiu em Itália – Florença – difundindo-se pelo resto da Europa. (Pretarca terá sido o
primeiro humanista).

Existe um entusiasmo pela cultura clássica:


Arte – adopção de novos cânones estéticos – restabelece-se o nu atlético nas artes plásticas,
como máxima expressão estética.
Literatura

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O Renascimento é marcado também por uma série de transformações sócio-económicas nas


sociedades europeias:
Economia monetária;
Emergência da burguesia;
Desenvolvimento dos centros urbanos.

Formação da burguesia
Ao longo dos séculos XIII e XIV este grupo social foi-se consolidando, tendo enriquecido a partir
da actividade comercial.
Em muitos casos era mais rica que a aristocracia.
Estava, contudo, afastada do poder político e, a pouco e pouco, foi adquirindo consciência da
sua força e da marginalidade política em que se encontrava.

Burguesia
Passou a ser cada vez mais uma classe oculta
 Não acreditava no direito divino do monarca
 Não aceitava a monarquia absoluta
 Foi tentando retirar a aristocracia dos centros poder
A passagem de burguês a nobre era impossível.
 Com o tempo alguns burgueses foram recebendo do rei títulos nobiliárquicos por serviços
prestados à coroa.

No século XVIII a burguesia era já uma potência económica.

Humanismo Renascentista (1350-1570)


Movimento intelectual que tenta substituir os ideais da IM por uma concepção mais humana
do mundo.
Promovido por eruditos, poetas e médicos que deram uma nova direcção às universidades.
Houve uma profusão da literatura pedagógica, que insistia sobretudo na formação intelectual,
sem negligenciar o cuidado com a saúde, bem como as questões militares de manejo de armas.

Os humanistas vão retomar o apreço pela ginástica grega, com as advertências dos médicos
(Galeno) e dos filósofos (Platão).
Os primeiros ideológicos da EF foram os humanistas do Renascimento – o homem constitui
um todo e o seu corpo deve ser elevado à categoria do espírito.
Foi questionada a concepção que remetia o destino do homem para o pecado original e para a
classe social a que pertencia.
José Miguel da Silva Moreira
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Os humanistas pensavam que através de uma educação global e esmerada o homem poderia
conduzir o seu destino.
A aristocracia e a burguesia converteram-se em mecenas da arte e do conhecimento.
Persistiram, contudo, grandes diferenças entre as actividades físicas e os jogos praticados pelas
classes sociais mais elevadas do povo.

Síntese
Com o Humanismo Renascentista deu-se uma evolução cultural.
Surgimento de uma nova visão do ser humano e do mundo.
Interesse pelas artes e pelas ciências, passando-se do teocentrismo medieval para o
antropocentismo renascentista.
Passagem de um homem cuja ocupação era a mera recreação para um homem com uma
atitude activa.
Tendencia ao individualismo e independência pessoal.
Atitude optimista do indivíduo e preocupação com perfeccionismo e a ordem.

As grandes personagens do Renascimento acreditavam que o homem pode fazer qualquer coisa
se realmente se propuser a fazê-lo

A actividade física no Renascimento


O ensino volta a atribuir grande importância à formação intelectual do indivíduo e à EF.

A concepção renascentista vai-se afastando da que existia na época medieval.


A evolução foi lenta, tendo lugar primeiro no mundo aristocracia, para depois ir ganhando
terreno nas universidades.

Educação Física
Meio higiénico e educativo a que só tinham acesso as classes elevadas e não todos os
cidadãos e um privilégio ao qual só alguns podiam aceder.
Começou a adquirir grande importância ao estabelecer-se como uma área mais em que havia
necessidade da dimensão intelectual para que se produzisse o seu desenvolvimento.

Os intelectuais da época bem como os que lhes sucederam consideravam que:


A formação espiritual era fácil num corpo são e que este, tal qual um espírito nobre, não era
necessariamente um dom de Deus mas algo que poderia adquirir-se mediante um esforço constante
de aperfeiçoamento.

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Autores do Renascimento e EF
Guarino de Verona (1370-1460)
Estabeleceu os exercícios necessários na preparação do indivíduo: Equitação, Caça,
Natação e Jogos com bola.
Como a maioria dos humanistas, dava grande importância à língua e à cultura clássicas.
O fim de EF não é apenas militar
Realçou a sua utilidade na vida quotidiana dos indivíduos (ex. a sua aplicabilidade em atitudes e
formas elegantes).

Vitorino de Feltre (1378 - 1466)


Fundador da escola de Mântua (Casa Giocosa – Casa Alegre):
Ensino de assuntos tradicionais (predominantemente intelectual): história, grego, latim;
MAS
Introduziu também como exercícios saudáveis os exercícios físicos:
 Natação
 Corridas e marcha
 Ginástica grega
 Jogos populares

Não deixou nada escrito sobre os seus métodos, mas sabe-se que o seu contributo mais notável foi:
O CENTRO DE TREINO INTEGRADO DA MENTE E DO CORPO – desenvolvimento integral do
indivíduo.

Propunha que existisse um equilíbrio entre todas as actividades de tipo moral, físico e intelectual
que servissem para formar adequadamente a personalidade do aluno.

Via na ginástica, além dos benefícios tradicionais como a melhoria da força e da saúde, a
vantagem do calor.
Também reconhecia a importância da Ginástica para a instrução e formação.

Evidenciou ainda a importância da Ginástica:


Desviava dos vícios ligados à ociosidade;
Permitia não se deixar surpreender pelos desígnios da providência – Quaisquer que sejam as
provas que lhe estejam reservadas, o homem está pronto.

José Miguel da Silva Moreira


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Ao introduzir a Ginástica na escola, Vitorino de Feltre não foi um precursor, mas o verdadeiro
fundador da Educação Física.

Mercurialis (1530 – 1606)


Defendeu a natureza médica da Ginástica e preconizou que devia pertencer exclusivamente aos
médicos.

1569 – Publicou Arte Gymnástica


Compilação de dados históricos acerca dos jogos, da ginástica, da medicina antiga, das
instalações, das metodologias de treino, etc.
São tratados os efeitos dos exercícios físicos no homem, a partir do ponto de vista de medicina.

A Arte Gymnástica, que difundia as teorias da ginástica greco-romana (agora actualizadas),


exerceu influência durante os séculos seguintes.

Mercurialis baseou a sua filosofia médica na convicção de que só era credível aquilo que pudesse
ser demonstrado pela experiência.

Objectivo da EF – CONSERVAR A SÁUDE.

Ter em conta as características próprias do organismo humano, a fim de melhor lhe adequar os
exercícios físicos.
Sustentava a ideia de que a Ginástica era uma arte que continha prática.

Rabelais (1494-1553)
Através das obras cómicas (Gargântua e Pantagruel) propõe lições sobre temas académicos
ministrados pelos tutores, propõe praticamente uma reforma da educação (sobretudo contra a
memorização).
Gargântua devia treinar-se no levantamento do peso, na luta, nos saltos (altura e comprimento),
natação, remo, trepar, escalar.

Montaigne (1533-1592)
Escritor francês, dedicou um dos seus ensaios ao reforço e cuidado do corpo como imperativo
para a qualidade da alma.
“Não  basta  tranquilizar  a  alma;;  é  preciso  robustecer  os  músculos  (…)”

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Thomas Elyot (1490-1546)


Defendia que havia desportos convenientes para os cavalheiros e outros que não lhe eram
favoráveis.
Preconizava 5 tipos de exercício:
 Exercícios que desenvolviam as habilidades de força, velocidade e agilidade;
 Exercícios que serviam para a guerra;
 Exercícios digestivos.

Benefícios que produziam os exercícios físicos (Elyot):


Melhoria do metabolismo;
Aumento do apetite;
Facilitação do processo de digestão;
Limpeza dos vasos sanguíneos;
Elevação da temperatura corporal;
Aumento da gravidade.

John Locke (1632-1704)


Filósofo muito influente do século XVII.
Precursor do Iluminismo.
Recomendava:
 Muito exercício;
 Roupa limpa;
 Uma alimentação determinada.

Os intelectuais do Renascimento Inglês veicularam a ideia de uma educação em que estivesse


presente o EQUILÍBRIO entre todas as disciplinas.

O corpo era o mais importante

A EF era um meio para alcançar um bom estado de SAÚDE – aspecto considerado muito
importante na concepção de homem.

Série de recomendações:
Dieta correcta e equilibrada;
Prática desportiva regular;
Respeito tempo de descanso e recuperação.

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As actividades físicas eram classificadas em 3 tipos:

1. Em função da INTENCIONALIDADE:
Atléticas
Médicas
Militares

2. Em função dos EFEITOS SOBRE O ORGANISMO


Circulatórios
Respiratórios
Conjugação do trabalho entre os músculos e articulações.

3. Em função do LOCAL DE EXECUÇÃO


Ar Livre (natação)
Local fechado (esgrima)

No Renascimento passaram a ser matéria de meditação, análise e debate:


Os passatempos
Os jogos
As competições
Os exercícios físicos

Assim, estabeleceram-se critérios de escolha de determinados desportos em detrimento de


outros.

Nascimento do Desporto Moderno

Origem na Inglaterra no séc. XVIII

A opinião era quase unânime entre todos os autores que o desporto era:
Processo de transformação de jogos e passatempos tradicionais, iniciado pelas
elites sociais.
 Public Schools – instituições educativas masculinas próprias da aristrocacia e da
alta burguesia.
 Clubs – instituições que constituíam, originalmente, expressão do direito dos
cavalheiros se reunirem livremente.

José Miguel da Silva Moreira


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O desporto Inglês

Grã-Bretanha (séc. XVIII)


Geográficas
 Insularidade – desenvolvimento particular, diferente do continente, ajudado pelas
comunicações.
Políticas
 Monarquia parlamentar (sem revoluções traumáticas)
Históricas
 Política marítima-colonial independente do continente.
Sócio-económicos
 Grandes riquezas provenientes do Império que, investidas em novas tecnologias, criaram
condições para a revolução industrial.

Existência de uma identidade própria


Trata-se de uma sociedade avança nos processos de modernização.
Implementação de leis de livre mercado de competitividade.

No entanto, a SOCIEDADE DEMOCRATIZA-SE, as CONDIÇÕES DE VIDA MELHORAM e os


MEIOS DE TRANSPORTE DESENVOLVEM-SE.

A Grã-Bretanha consegue um dinamismo social não conseguido pelo continente.


O desporto foi codificado e regulamentado à semelhança das formas sociais e de produção
da  sociedade  industrial,  sendo  uma  das  explicações  para  “o  desporto  inglês”.

O DESENVOLVIMENTO (industrial e da física experimental) e as PREOCUPAÇÕES (medida,


qualificação, precisão) são alguns elementos explicativos da ascensão do desporto moderno.

Também a tendência para a codificação e racionalização das leis do governo teve o seu reflexo
nos regulamentos desportivos, pois tornaram-se:
Cada vez mais elaborados;
Aplicados estritamente por árbitros e juízes.

A sociedade inglesa vai assumindo e integrando na sua cultura e na vida quotidiana conceitos
(racionalização, estandardização, precisão das medidas) e práticas surgidas ao longo do processo de
industrialização.

José Miguel da Silva Moreira


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Esses atributos foram impregnando a prática desportiva, orientando-a para a consecução de


uma EFICÁCIA que podia demonstrar-se estatisticamente.

Renovação dos centros educativos.

O investimento crescente na educação das classes mais poderosas economicamente exigia, no


século XIX, a reforma dessas instituições.
A maioria funcionava em regime de internato e eram instituições com disciplina interna e
tempo livre.

Desporto – Estratégia educativa

O desporto surgiu como um meio positivo de ocupação do tempo livre dos jovens.
Num curto período de tempo tornou-se um elemento central do sistema educativo.
O desporto converteu-se na forma de controlo mais característica destas instituições.

Origem do Desporto Moderno

Nas Instituições Educativas


O protagonismo de levar o desporto para os centros escolares é atribuído a Thomas Arnold,
director da Public School de Rugby.

Thomas Arnold – jogava com os alunos e supervisionava as suas praticas desportivas estimulando-
os, no entanto, para que fossem autosuficientes (gerirem-se entre si) e responsáveis (aceitarem
as regras) em todas as tarefas necessárias à organização e prática desportiva.

O espírito de FAIR PLAY – cavalheirismo,  “jogo  limpo”


Requeria uma aprendizagem moral;
Converteu-se em algo de especial para o carácter educativo do desporto;
O comportamento nos campos desportivos adquiriu tanta importância educativa como a
formação tradicional.

Nas Public Schools o desporto constituía uma forma de:


Aumentar a coragem;
Desenvolver o carácter;
Incutir a vontade de ganhar  sempre de acordo com o máximo respeito pelas regras.

José Miguel da Silva Moreira


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Assim se começam a regular e organizar os jogos de quem sempre tinha gostado de os praticar.

Eficácia e sucesso Rugby  Extensão a todas as public schools

PEDAGOGIA DESPORTIVA
A racionalidade das práticas corporais vai exercer grande influência ao nível do AUTODOMÍNIO.
Os grandes jogos de ar livre formam os indivíduos capazes de CONTROLAR AS SUAS
PAIXÕES.

Futuros dirigentes OUSADOS mas de

e conquistadores acordo com o respeito da


lei

Regulamentação dos Jogos


Os passatempos pré-desportivos foram submetidos a regras discutidas em assembleias pelos
alunos das Public Schools.
Criaram-se equipas, chefes, hierarquias.
Organizaram-se e regulamentaram-se os jogos tradicionais.

Desporto: dos colégios à universidade


Ao converterem-se num meio educativo os jogos passam dos colégios para as universidades.
Ao chegarem à universidade tiveram de reformular as regras e aperfeiçoá-las até se obter um
regulamento comum.
 Posteriormente o processo repete-se entre universidades e regulamento começa a ser
escrito.

Regulamentação
Estabelece-se regulamentação dos desportos de equipa como:
 Futebol
 Râguebi
 Hóquei
Definem-se distâncias das corridas de:
 Atletismo
 Natação
 Remo

Criam-se novos materiais e utensílios: balizas de futebol, os obstáculos, as barreiras, luvas de


boxe, novas embarcações de remo e vela, os cronómetros, etc.
José Miguel da Silva Moreira
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Contributos do desporto inglês.


Submissão do interesse individual do grupo.
Planeamento do treino apareceu como conceito a médio longo prazo
Preparação metódica para conseguir a supremacia desportiva.
Pressupõe que apareça um resultado qualificável.
Implica eficácia: conseguir uma grande marca que supere todas as já existentes.
Aplicação de regras fixas de disciplina, tempo de duração das provas, delimitação dos terrenos
de  jogo…
Estas regras foram fundamentais para a difusão e universalização do desporto.

Aparecem novos conceitos:


Os ex-alunos queriam continuar a praticar os seus desportos na sociedade.
Para isso utilizaram os seus clubes – associações de indivíduos que se agrupavam porque
partilhavam os mesmos interesses.
Por meio dos clubes as práticas desportivas difundiram-se pela sociedade.

Clubes tinham como responsabilidades:


Organização de competições;
Unificação dos regulamentos a nível supra-local;
Criação de organismos e comités de supervisão, encarregados:
 Verificar o cumprimento das regras;
 Proporcionar árbitros e juízes quando necessário.

AMADORISMO:
Prática de desporto sem esperar qualquer recompensa material em troca.
Foi um conceito com grande influência sobre o desporto mundial do início do século XX e
sobre o olimpismo.

Ética do amadorismo e do desportivismo

O interesse 1º do amadorismo reside:


Na forma como é praticado.
No respeito pelas regras, pelo adversário e pelo árbitro.
No domínio dos ímpetos, quer na vitória quer na derrota.

José Miguel da Silva Moreira


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APOSTAS:
Parecem ter entrado no espírito através das corridas de cavalo.
Os espectáculos desportivos com apostas congregavam um público numeroso.

Expansão do Desporto Moderno

O império britânico vai estender o desporto aos seus domínios.

Na época vitoriana (2ª metade do séc. XIX) a Inglaterra é a nação mais poderosa.

O desporto apresenta-se como uma actividade excelente para os soldados e para a melhoria
da condição física dos trabalhadores em geral.

Todos aqueles contributos ajudaram à difusão e universalização do desporto:


Podia disputar-se em qualquer lugar.
Com as mesmas regras de competitividade e igualdade de oportunidades.
Tempos e distâncias (marcas) podiam ser verificáveis em qualquer parte do mundo.
O record tornou-se um conceito indispensável ao desporto de competição.
Na 2ª metade do séc. XIX aparecem as primeiras federações – a de futebol e a de râguebi.
Os jogos adquirem autonomia e independência e os jogadores devem obedecer aos regulamentos
e aceitar a disciplina da federação.
As práticas desportivas vão-se difundindo pela sociedade.
Os operários irão aderir ao movimento desportivo com entusiasmo, sobretudo ao futebol, nas
grandes cidades industriais do norte. Impõem-se à burguesia com as suas equipas, jogando um futebol
de melhor qualidade.

O Estado, com visão política, alimentará o desporto operário – o que se prendeu também
com o facto de constituir uma distracção que apaziguasse a força das ideologias revolucionárias
dos movimentos operários.

Há um confronto entre duas culturas desportivas:


PROFISSIONAL E POPULAR – prevalece a cultura do ganho associado às práticas
profissionais.
AMADORA E ELITISTA – condenação das recompensas pecuniárias e da pressão dos
espectadores.

José Miguel da Silva Moreira


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Futebol – sofre uma ascensão enorme entre as classe populares o que leva a Football Association
alterar os seus princípios relativamente ao amadorismo.

Razoes de grande democratização do desporto.


Redução do nº legal de horas de trabalho ao sábado.
Urbanização da sociedade

O que favorece a BUSCA DE NOVAS IDENTIDADES

Contudo, no final do século XIX, serão os valores e os princípios das elites – AMADORISMO –
que irão ultrapassar as fronteiras britânicas.

Pierre de Coubertin adopta o desporto inglês com modelo para o seu movimento olímpico.

Cronologia do Desporto
Atletismo
1813 – data da publicação do 1º livro sobre corridas.
1845 – primeiros campeonatos com regras fixas – Eaton

Futebol
1857 – criação do 1º clube – Forest Club, perto de Londres.
1863 – criação da The Football Association.
1871 – inicio da Taça de Inglaterra de futebol

Remo
1829 – início dos confrontos entre Oxford e Cambridge, no Tamisa

Raguebi
1858 – criação do 1º clube, em Sheffield
1871 - fundação da Rugby Football Association (Union)

Ténis
1874 – primeira regulamentação, pelo oficial Springfield.
1877 – primeiros campeonatos entre clubes e alterações ao regulamento (aprovadas em
Wimbledon).

José Miguel da Silva Moreira


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Patinagem sobre o gelo


1830 – criação do 1º clube – London Skating Club

Os Jogos Olímpicos da Era Moderna

O desporto começou a manifestar-se como uma ACTIVIDADE LUCRATIVA:


Apostas;
Patrocínio dos atletas.

Esta utilização da prática desportiva constitui o primeiro passo para a EVOLUÇÃO DO


DESPORTO COMO ESPECTÁCULO e para a PROFISSIONALIZAÇÃO DO DESPORTO.

Final do séc. XIX, início do séc. XX


Começou a ter lugar uma crescente PROFISSIONALIZAÇÃO das práticas desportivas.
 Acesso às pessoas de baixa condição social:
 Jogadores
 Organizadores
 Espectadores

O desporto PROFISSIONAL começou a desenvolver-se e a ganhar importância:


 Maiores apoios e possibilidades económicas.
 Mais espectacular.
 Protagonistas mais motivados para o triunfo.
 Mais orientado para a busca de sistemas e planos de treino que proporcionassem
maior rendimento.

Implicações da revolução industrial inglesa e a sua disseminação a outros países do continente europeu:
Melhoria das condições de vida dos trabalhadores;
Desenvolvimento urbano;
Multiplicação dos meios de transporte e vias de comunicação:
Expansão dos meios de comunicação social;
Crescimento demográfico;
Evolução e consolidação dos sistemas democráticos;
Emergência de novos valores sociais: eficiência, produtividade, competitividade…
EVOLUÇÃO DO DESPORTO EM TODOS OS SEUS ASPECTOS E SUA EXPANSÃO
INTERNACIONAL.

José Miguel da Silva Moreira


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Jogos Olímpicos da Era Moderna

Pierre de Coubertin
Atenas – 1896

Olímpia perdeu-se na Antiguidade: terramotos, saques, a erosão dos rios.


Os edifícios foram destruídos e as ruínas quase totalmente soterradas.
O local acabou despovoado e esquecido.

Em 1776 foi descoberto o local exacto de realização dos jogos por Richard Chandler
(Especialista em História Antiga)

Houve muitas iniciativas ao longo do tempo para renovar os JO sobretudo na Grécia, na segunda
metade do século XIX.
De 1859 a 1875, os gregos realizaram os “Jogos Olímpicos”. Contudo, não tiveram suficiente
implantação e deixaram de se celebrar.

Pierre de Coubertin (Paris, 1863 – Genebra, 1937)


Estudo Ciência Política na Universidade da Sorbonne;
Investigador inquieto da História, que estudo em múltiplos aspectos;
Estudou o Desporto da Antiguidade;
Desenvolveu um entusiasmo especial pela Educação.

“O mundo necessita de um novo homem; forme-mo-lo através de uma nova educação.”

Tinha uma verdadeira paixão pelo desporto:


Praticou corrida, futebol, equitação, boxe, esgrima e remo.
Era um partidário de um ecletismo de métodos e de desportos, no sentido da formação
integral.

Pierre de Coubertin
Fez muitas conferências em que tratou os assuntos dos JO.
Visitou universidades.
Procurou interessar as associações desportivas.
1888 - fundou o Comité para a Propagação dos Exercícios Físicos na Educação.
Escreveu vários livros e numerosos artigos.

José Miguel da Silva Moreira


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Houve alguma resistência por parte da Grécia em o mentor dos jogos não ser um grego.

1894 – reunião/congresso internacional convocado por Coubertin na Sorbonne,


79 representantes de 14 países;
Mais de 21 nações enviam mensagens de adesão.

Discurso fundacional dos jogos.

Foi aprovada por unanimidade a seguinte resolução:

“Deverão efectuar-se competições desportivas de quatro em quatro anos, continuando as directivas


dos Jogos Olímpicos gregos, serão convidadas todas as nações para que participem, sem distinção
de país, pessoa, cor, religião ou ideias políticas.”

1894 – Criação do Comité Olímpico Internacional (COI) constituído por 12 elementos.

Atenas 1896
295 atletas (homens).
13 países – Austrália, Áustria, Bulgária, Chile, Dinamarca, França, Alemanha, Grã-Bretanha, Grécia,
Hungria, Suécia, e Estados Unidos.

43 provas e 9 desportos.
Atletismo, ginástica artística, natação, tiro, esgrima, ténis, ciclismo, halterofilismo e
Wrestling Greco-Romano

Estádio Panathinaikos
Não havia medalhas de ouro, os campeões receberam:
 Medalhas de prata;
 Um ramo de oliveira;
 Um diploma.

A organização destes primeiros jogos foi rudimentar mas, mesmo assim, conseguiram
encarnar a ideia original:
Fazer competir juntos atletas de diferentes países.
Centrar a atenção do mundo sobre as competições.

José Miguel da Silva Moreira


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Os jogos vão começando adquirir o carácter de espectáculo internacional de massas


(sobretudo a partir da 4ª edição, 1908, Londres).

Coubertin considerava que:


A Arte tinha um lugar importante na Educação.
Arte e Desporto estão indissociavelmente ligados.

Concebeu que as manifestações artísticas acompanhassem os JO.

ODE AO DESPORTO – Pierre de Coubertin


 1º Prémio no Concurso de Literatura dos Jogos da Vª Olimpíada – Estocolmo, 1912.

Leni Riefenstahl (1902-2003)

OLYMPIA – filme oficial dos JO.


 Festival das nações
 Festival da beleza

Pôs em prática TÉCNICAS INOVADORAS DE CAPTAÇÃO DE IMAGEM com o objectivo de entrar o


mais possível na acção.
Travellings
Teleobjectivas
Filmagens subaquáticas e no plano de água.
Planos aéreos.

Prémios.
1937 – Medalha de Ouro e Grande Prémio, na Feira Mundial de Paris.
1938 – 1º Prémio Melhor Filme do Mundo, na Bienal de Veneza.
1938 - Prémio Polar da Suécia.
1938 – Prémio de Honra do Governo Grego.
1948 – Diploma Olímpico e Medalha de Ouro Olímpica, COI
1956 – Um dos dez melhores filmes de todos os tempos.

José Miguel da Silva Moreira


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