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Biomecânica do Pé Diabético

A neuropatia motora pode contribuir para o desenvolvimento de deformidades nos pés,


enquanto a mobilidade limitada das articulações do pé e do tornozelo está associada à pressão
plantar elevada.

Vários outros problemas envolvendo a biomecânica também são considerados relevantes para
o pé diabético. A neuropatia periférica causa o aumento do balanço postural em ortostatismo,
mais quedas e ferimentos durante a marcha, traumas nos pés e pode alterar a forma de
deambular.

O pé diabético é uma disfunção proveniente do Diabetes Mellitus. Seu tratamento inclui


cuidados tópicos e sistêmicos, dentre os quais destacam-se os métodos de alívio da pressão
plantar para cicatrização de lesões neuropáticas.

O pé diabético configura-se como um distúrbio secundário ao Diabetes Mellitus, caracterizado


por infecções, ulcerações e/ou destruição dos tecidos moles em membros inferiores,
associados a disfunções neurológicas e doença arterial periférica (BRASIL, 2016). Estima-se que
cerca de 12% a 13% dos pacientes com diagnóstico clínico de diabetes desenvolvam o pé
diabético. A neuropatia periférica condiciona o desenvolvimento de lesões no pé, dentre elas,
as ulcerações plantares de etiologia neuropática (BUS et al., 2015). O comprometimento
sensório-motor associado a diminuição da irrigação sanguínea nas pernas potencializa a
instalação das deformidades neuromusculares e aumento nos pontos de pressão plantar,
contribuindo para o surgimento do pé diabético (MANTOVANI et al., 2014).

Para tal, a utilização de órteses para redução da pressão plantar tem sido amplamente
recomendada, uma vez que quando há uma melhor distribuição da massa corporal sobre a
área plantar, o choque plantar será menos absorvido, reduzindo impactos que propiciem o
surgimento de lesões nos pés (ALMEIDA, et al, 2009).

A marcha é um dos movimentos mais estudados na biomecânica. Ela é considerada um ciclo


repetitivo, que tem por característica, uma fase de apoio e uma fase de balanço. Alterações na
marcha de pacientes com neuropatia diabética foram identificadas quando comparados à um
grupo controle.

As principais funções do pé durante a marcha normal são amortecer o impacto do contato do


calcanhar com o solo no início da fase de apoio; adaptar-se a mudanças na superfície de
contato durante o médio apoio, conforme o corpo se desloca para frente; e promover
estabilidade na fase de propulsão.

De acordo com as Diretrizes para o Diagnóstico e Abordagem Ambulatorial da Neuropatia


Diabética Periférica, esta patologia é definida como “a presença de sintomas e/ou sinais de
disfunção dos nervos periféricos em pessoas com Diabetes Mellitus, após a exclusão de outras
causas” e gera perdas progressivas de sensibilidade vibratória, térmica, tátil e proprioceptiva.

Atrofia muscular, disfunções musculoesqueléticas e autonômicas podem se estabelecer nos


estágios mais avançados da doença.

Os fatores mecânicos desempenham um papel fundamental na etiologia das úlceras podais. O


ferimento geralmente ocorre através de uma deformidade no pé, como cabeças de metatarsos
proeminentes ou dedos em garra, na presença de neuropatia sensitivo-motora que leva à
aplicação repetida de pressão plantar elevada e possibilidade de estresse de acomodação em
determinadas regiões dos pés durante a marcha. Esta pressão causa dano tecidual e caso o
trauma seja persistente devido à perda da sensibilidade protetora, úlceras na pele espessada
podem desenvolver-se com grande risco de infecção.

Uma forte relação foi estabelecida entre a pressão anormal do pé e a incidência de ulceração
plantar. Esta pressão pode ser mensurada durante a marcha realizada com o paciente
descalço, utilizando-se de equipamentos comercializados, que utilizam métodos ópticos ou
eletrônicos para demonstrar o contorno da pressão plantar em um computador.

Vários outros problemas envolvendo a biomecânica também são considerados relevantes para
o pé diabético. A neuropatia periférica causa o aumento do balanço postural em ortostatismo,
mais quedas e ferimentos durante a marcha, traumas nos pés e pode alterar a forma de
deambular. A neuropatia motora pode contribuir para o desenvolvimento de deformidades
nos pés, enquanto a mobilidade limitada das articulações do pé e do tornozelo está associada
à pressão plantar elevada.

Dentro deste contexto, o podólogo poderá atuar na avaliação postural, do equilíbrio, da pisada
e de calçados desses pacientes; realizar a higienização dos pés; promover o corte correto e
lixamento das unhas; estudar as causas e atividades para a prevenção de quedas; tratar
calosidades, anidroses, dedos em garra, onicomicoses, onicoscleroses, onicogrifoses e
macerações interdigitais; avaliar o retorno venoso; e orientar para a utilização de palmilhas,
meias especiais e calçados adequados à situação do indivíduo. Isso irá favorecer a saúde dos
pés de pacientes portadores desta doença autoimune, que irá influenciar na biomecânica da
marcha, prevenindo complicações.

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