Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2. A CONTINUIDADE DO PACTO DA
REDENÇÃO
O pressuposto básico para compreensão reformada dos sacramentos
(tanto do batismo como da ceia) é a continuidade da revelação da
obra da redenção ou, em outras palavras, a continuidade no Novo
Testamento do pacto da redenção que se inicia no Antigo Testamento
(Gn 3.15). Ambos os Testamentos falam de uma única aliança de
redenção, baseada na graça, estabelecido entre Deus e aqueles que
escolheu para seu povo (Dt 7.6; 14.2; At 13.17).
A aliança que Deus fez com Abraão, chamada pelos reformados de
pacto da graça, é a implementação histórica de uma aliança eterna, e
nunca foi anulada. Esta aliança é anterior à lei de Moisés e portanto
continua vigorando, é ‘‘aliança eterna’’. É isto o que o Apóstolo Paulo
afirma em Gálatas 3.17 ao demonstrar que a lei não pode invalidar a
aliança com Abraão, ele diz: ‘‘Uma aliança já anteriormente
confirmada por Deus, a lei, que veio quatrocentos e trinta anos
depois não a pode ab-rogar (anular), de forma que venha a desfazer a
promessa’’.
A circuncisão foi suplantada pelo batismo cristão, visto que não mais
havia necessidade de derramamento de sangue, pois o Cordeiro já
tinha sido imolado. Em Colossenses 2:11-12, o batismo cristão é
chamado explicitamente de ‘‘circuncisão de Cristo’’:
Logo, por que razão os filhos dos membros da nova aliança deveriam
ser excluídos da comunidade do pacto, da igreja visível? Por que
negar-lhes o selo da pacto: o batismo? Creio que não. Por isso o Novo
Testamento não exclui as crianças como participantes da aliança da
redenção. Ao contrário, elas são explicitamente incluídas: (1). O
próprio Senhor Jesus afirmou que eles pertencem ao seu reino:
‘‘Deixai vir a mim os pequeninos e não os embaraceis, porque dos tais
é o reino dos céus’’ (Lc 18:16); (2). Pedro confirma que a promessa os
inclui: ‘‘Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos, e para
todos os que ainda estão longe’’ (At 2:39); (3). O Apóstolo Paulo
reconhece a posição dos filhos como ‘‘santos’ (separados), quando
pelo menos um dos pais é crente (1Co 7.14).
Irineu de Lyon (séc. I) em “Contra as heresias. Livro III, Cap. 19”: “que
Cristo mandou a igreja batizar todos os que foram alvos do
evangelho, e assim, as criancinhas deveriam ser batizadas”. Orígenes
(séc. III) disse que a “Igreja tinha dos apóstolos a tradição(ordem) para
administrar o batismo as criancinhas”, em Epist. ad Rom. Livro 5,9.
6. OBJEÇÕES
A principal objeção levantada em relação ao batismo infantil é as
crianças não possuem discernimento necessário para ter
arrependimento e fé. Todavia, como já descrito acima, as crianças no
AT (filhos da aliança) também não poderiam se arrepender e ter fé
nas promessas (condição para a salvação), mas mesmo assim eram
circuncidadas e consideradas membros do povo de Deus (da igreja
visível) e beneficiárias da aliança.
CONCLUSÃO
Assim os reformadores entenderam o batismo, não excluindo as
crianças de receberem o selo da aliança e de pertencimento a igreja
visível. Por isso batizamos nossos filhos pequenos, por meio da fé dos
pais nas promessas da aliança da redenção em Cristo, crendo que
pertencem a esta aliança (At 2.39), dando-lhes o selo do
pertencimento a igreja visível, e esperando que na idade da razão
possam dizer: “o Deus de meus pais, é também o Deus em quem eu creio
e a quem eu sirvo”.