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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

ALAN DOS SANTOS ORLANDI

AUTOCONTROLE , APRENDIZAGEM AUTORREGULADA E


DESEMPENHO ACADÊMICO

CAMPINAS - SP
2020
ALAN DOS SANTOS ORLANDI

AUTOCONTROLE , APRENDIZAGEM AUTORREGULADA E


DESEMPENHO ACADÊMICO

Projeto de pesquisa desenvolvido para o


Programa de Pós‐Graduação em
Educação - Linha de Pesquisa 9
(Psicologia e Educação) Grupo de
Estudos em Psicopedagogia (GEPESP)
da Universidade Estadual de Campinas.

CAMPINAS-SP
2020
RESUMO

O autocontrole é uma habilidade de autorregulação utilizada quando metas


momentaneamente atraentes entram em conflito com metas valorizadas a longo prazo.
Ela é necessária em diversos âmbitos sociais em que indivíduos estabelecem metas de
longo prazo cujos benefícios são pospostos e abstratos. Esta e diversas outras
habilidades agrupadas dentro do conjunto denominado habilidades não cognitivas, têm
ganhado destaque na literatura científica internacional devido às suas correlações
positivas com o desempenho acadêmico, laboral e na promoção do bem-estar. No
entanto, as pesquisas brasileiras na educação não têm acompanhado este
desenvolvimento científico, ocasionando assim diversas lacunas teóricas e possíveis
prejuízos na promoção do desempenho acadêmico. Tendo em vista a importância das
habilidades não cognitivas, do autocontrole e da ausência de pesquisas sobre sua
implementação na educação nos dias atuais, o presente projeto de pesquisa visa
compreender o autocontrole, sua correlação com o desempenho acadêmico e sua relação
com a Aprendizagem Autorregulada através da revisão bibliográfica, da pesquisa de
campo quantitativa-descritiva e da análise de dados.

Palavras-chave: Autocontrole; Desempenho; Educação; Autorregulação


SUMÁRIO

1 TEMA..........................................................................................................................5
2 JUSTIFICATIVA........................................................................................................5
3 PROBLEMATIZAÇÃO.............................................................................................8
4 OBJETIVOS...............................................................................................................10
4.1 Objetivo Geral...............................................................................................10
4.2 Objetivos Específicos....................................................................................10
5 HIPÓTESES................................................................................................................10
6 METODOLOGIA.......................................................................................................11
6.1 Pesquisa Bibliográfica...................................................................................11
6.2 Pesquisa de Campo........................................................................................11
6.3 Análise de Dados...........................................................................................12
7 CRONOGRAMA........................................................................................................13
REFERÊNCIAS.............................................................................................................14
1 TEMA

Habilidades não cognitivas ou competências socioemocionais são um conjunto


de comportamentos, traços de personalidade, atitudes e motivações que têm ganhado
destaque na literatura científica internacional devido à correlação positiva destas com o
desempenho acadêmico/laboral e com desenvolvimento do bem-estar (SANTOS et al.,
2018). Dentre estas habilidades podemos citar competências como a resiliência, a
motivação, a autorregulação e o autocontrole. As competências socioemocionais
diferenciam-se de habilidades cognitivas pois, enquanto um conjunto agrupa habilidades
cujo elo comum é o caráter socioemocional, o outro reúne habilidades relacionadas ao
intelecto como o letramento, numeramento e o acúmulo de conhecimentos conceituais
(SANTOS et al., 2018). Ambos os conjuntos de competências interagem entre si e
possibilitam o sucesso em diferentes âmbitos e espaços sociais, porém, uma habilidade
não cognitiva cuja importância vem sendo constantemente demonstrada como
indispensável para o sucesso é o autocontrole.
O autocontrole é a habilidade de autorregulação de pensamentos, sentimentos e
ações no momento em que metas valorizadas a longo prazo entram em conflito com
metas momentâneas mais gratificantes. Pesquisas sobre autocontrole abarcam diversas
áreas como as Forças Armadas (DUCKWORTH et al., 2019a), o ambiente de trabalho
(ESKREIS-WINKLER et al., 2014) e a educação (DUCKWORTH et al., 2019b).
Diversos estudos têm apontado para a correlação positiva entre o autocontrole e o
sucesso acadêmico (DUCKWORTH et al., 2019b). Além disso, o autocontrole tem
ganhado destaque na educação pela possibilidade de ser ensinado e pela sua relação
com constructos teóricos como a Aprendizagem Autorregulada. Portanto, devido a estes
fatores, o objeto de pesquisa do presente projeto é o autocontrole, sua correlação com o
desempenho acadêmico na educação e sua integração ao constructo teórico da
Aprendizagem Autorregulada.

2 JUSTIFICATIVA

Em Maio de 2015, durante o Fórum Mundial de Educação, a Declaração de


Incheon foi assinada por 160 países tendo em vista o cumprimento do Objetivo 4 dos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) “Assegurar a educação inclusiva e
equitativa de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida
para todos.” (BRASIL, 2016, p. 1). Nesta declaração os países signatários indicaram
metas, abordagens estratégicas e indicadores para cumprir este objetivo até o ano de
2030.
Dentre as diversas iniciativas indicadas, o desenvolvimento de habilidades não
cognitivas recebeu destaque notável, sendo mencionado em diversas sub-metas do
Objetivo 4. A recente ênfase e interesse em habilidades não cognitivas no contexto
internacional, evidente na Declaração de Incheon, extrapola os limites da educação
podendo ser evidenciada em outras áreas de conhecimento como na economia
(LUNDBERG, 2018) e sociologia (FARKAS, 2003). Entretanto, apesar do destaque
internacional recente destas habilidades e suas correlações com o sucesso em diversas
áreas, elas são raramente estudadas e pouco implementadas na educação brasileira.
Podemos compreender esta situação nacional ao examinar três aspectos
contextuais que estão atrelados à ela. Primeiramente, a escassez de material de pesquisa.
Para que exista interesse e pesquisa em uma determinada área de estudo faz-se
necessário ter uma ampla bibliografia nacional sobre o assunto. Porém, em uma recente
análise das produções científicas nacionais e internacionais sobre habilidades não
cognitivas, foi indicado que “o número pequeno de estudos nacionais apontou para uma
temática que merece ser mais bem explorada” (SANTOS et al., 2018).
Em segundo lugar, além da escassez de material de pesquisa, o pouco interesse
nesta área de investigação pode ser atribuído à carência de constructos teóricos
educacionais em que estas habilidades são priorizadas. A partir de uma análise histórica
das concepções pedagógicas pode-se evidenciar a predominância de concepções cujas
visões podem ser definidas como “centrada no educador (professor), no adulto, no
intelecto, nos conteúdos cognitivos transmitidos pelo professor aos alunos, na
disciplina, na memorização.”(SAVIANI, 2005, p. 31). Devido a este foco predominante
em aspectos cognitivos, as avaliações escolares nacionais, como a Prova Brasil, não
medem estas habilidades não cognitivas, assim, invisibilizando seus efeitos no
desempenho acadêmico. Como consequência deste contexto, constructos teóricos
educacionais em que estas habilidades são priorizadas são escassos e pouco
implementados de maneira geral na educação brasileira.
Finalmente, além de existir uma lacuna bibliográfica e uma ausência de foco
pedagógico em relação a estas habilidades, as instituições de formação continuada de
professores na forma dos Programas Federais de Pós Graduação em Educação
contribuem para aprofundar esta lacuna. Ao analisar os programas de mestrado em
educação das universidades federais com maior número de discentes em cada unidade
federativa, apenas uma universidade apresentava linha de pesquisa específica sobre
educação e psicologia. Entretanto, diversas universidades tinham a psicologia como
elemento secundário em suas ementas, especificamente atrelada àquelas linhas
relacionadas à educação especial. Apesar disso, esta ausência notável de linhas de
pesquisas específicas sobre psicologia e educação pode ser um fator significativo para
entender o pouco interesse nacional perante o estudo de habilidades não cognitivas na
educação.
Embora exista um contexto nacional de pequeno interesse perante as habilidades
não cognitivas em diversas áreas, em especial na educação, algumas iniciativas têm
rendido resultados positivos que podem renovar o interesse neste assunto. O Instituto
Ayrton Senna em parceria com a OCDE (Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico) realizou um estudo com 24,6 mil alunos da rede estadual
do Rio de Janeiro visando “elaborar um instrumento confiável para a mensuração de
competências socioemocionais em larga escala e validá-lo empiricamente” (SANTOS;
PRIMI, 2014, p. 5). Esta iniciativa merece destaque por ser única em sua amostra
ampla, sua metodologia de análise fatorial e pela relevância dos dados apresentados. Os
dados coletados e analisados pelos pesquisadores evidenciam, por exemplo, uma
correlação entre determinadas características socioemocionais e o desempenho escolar
em testes padronizados. (SANTOS; PRIMI, 2014). Esta afirmação é corroborada por
pesquisas internacionais (DUCKWORTH; SELIGMAN, 2005) e expande a
compreensão dos fatores relacionados ao sucesso acadêmico. Assim, além da
importância de destacar pesquisas empíricas nacionais sobre habilidades não cognitivas,
faz-se necessário também incluí-las dentro de concepções pedagógicas e modelos
educacionais.
A Aprendizagem Autorregulada constitui-se como um constructo teórico
propício para integrar as habilidades não cognitivas ao processo de
ensino-aprendizagem, devido ao embasamento teórico que o sustenta e devido aos seus
resultados práticos na melhoria do ensino. A Aprendizagem Autorregulada propõe uma
educação “Na qual o indivíduo pode se apropriar e fortalecer processos psicológicos
pelos quais aprende, envolve a complexa correlação de fatores cognitivos,
metacognitivos, motivacionais, afetivos e comportamentais” (BORUCHOVITCH;
GOMES, 2019, p. 9). Diversas habilidades cognitivas e não cognitivas são destacadas
pela Aprendizagem Autorregulada sendo a autorregulação uma das mais instigantes.
Dentro do escopo da autorregulação, o autocontrole merece destaque devido a
quantidade de evidências empíricas que o correlacionam com o sucesso acadêmico. Este
constructo teórico é definido como uma habilidade não cognitiva necessária quando:

Há um conflito entre duas tendências de ação possíveis (ou


seja, impulsos) - uma correspondendo a uma meta
momentaneamente atraente e a outra correspondendo a uma
meta mais valiosa cujos benefícios são postergados no tempo,
mais abstratos, ou de outra forma mais psicologicamente
distante. (DUCKWORTH; GROSS, 2014, p. 320, tradução
nossa).

O autocontrole é essencial ao processo de ensino-aprendizagem e está


positivamente correlacionado à notas, assiduidade e sucesso acadêmico em geral
(DUCKWORTH et al., 2019b). Assim, o autocontrole constitui-se como um instigante
constructo teórico a ser pesquisado e integrado a constructos e teorias educacionais
como a Aprendizagem Autorregulada.
A partir das informações apresentadas podemos justificar a realização desta
pesquisa devido a sua relevância internacional, interdisciplinar e científica assim como
pelo seu valor inerente ao abarcar conceitos ainda não claramente compreendidos no
processo de ensino-aprendizagem e finalmente pela possibilidade de integrar estes
conhecimentos à constructos teóricos educacionais já existentes e de maior escopo
como a Aprendizagem Autorregulada.

3 PROBLEMATIZAÇÃO

O autocontrole é uma habilidade que aparenta ser essencial e necessária para o


sucesso acadêmico e laboral. A análise de 1000 entrevistas com estudantes do Ensino
Fundamental II e do Ensino Médio, provenientes de uma amostragem nacionalmente
representativa dos EUA, indicou que para a maioria dos estudantes, as atividades
acadêmicas são substancialmente menos agradáveis do que outras atividades diárias,
porém elas são percebidas como mais importantes para o cumprimento de objetivos de
longo prazo (DUCKWORTH et al., 2016). Além destes dados qualitativos sobre a
essencialidade do autocontrole, uma gama de pesquisas psicoeducacionais abrangendo
diversas faixas etárias indicam uma correlação positiva entre níveis de autocontrole e
fatores de sucesso acadêmico (DUCKWORTH et al., 2019b). No entanto, apesar destes
dados, o estudo sobre o autocontrole e sobre estratégias que visam promovê-lo são
escassas na literatura científica brasileira.
Em um relatório sobre o Projeto de Medição de Competências Socioemocionais
no Rio de Janeiro, os autores da pesquisa afirmaram que as competências
socioemocionais tem se mostrado um constructo muito recente e pouco explorado nas
pesquisas brasileiras (SANTOS; PRIMI, 2014). Por sua vez, SANTOS et al. (2018, p.
10) indicaram que entre os anos de 2011 - 2015 apenas 13 artigos foram escritos sobre
estas competências na área da educação, a maioria deles referentes à população infantil.
Finalmente, nesta mesma análise, a escassez de pesquisas brasileiras utilizando
ferramentas de medição empíricas foi destacada e criticada pelas autoras:

Como consequência dessa lacuna, importantes prejuízos podem


estar sendo gerados, notadamente se considerarmos que a
detecção precoce, por meio de avaliação ou sondagem, dos
estudantes em risco de desenvolvimento de dificuldades
socioemocionais pode guiar os programas de intervenção, com
foco no desenvolvimento saudável. (SANTOS et al., 2018, p.
15).

Entretanto, o trabalho de algumas pesquisadoras brasileiras na última década


tem preenchido algumas das lacunas presentes nesta temática de estudo, notadamente
pode-se destacar o trabalho das Profa. Dra. Gomes e Profa. Dra. Boruchovitch no livro
Aprendizagem Autorregulada: Como promovê-la no contexto educativo?. Por meio
deste e outros trabalhos dentro do constructo da Aprendizagem Autorregulada, diversas
lacunas referentes à relação entre habilidades não cognitivas e educação estão sendo
preenchidas. Podemos definir a Aprendizagem Autorregulada como:

O processo pelo qual indivíduos ativam, orientam, monitoram e


se responsabilizam pela sua própria aprendizagem. Requer a
integração dos fatores cognitivos, metacognitivos, afetivos,
motivacionais e comportamentais envolvidos no aprender.
(BORUCHOVITCH; GOMES, 2019, p. 9).

A Aprendizagem Autorregulada engloba diversos fatores não cognitivos sendo um deles


a autorregulação. O autocontrole por sua vez, é definido como uma habilidade de
autorregulação por DUCKWORTH et al. (2019b, p. 374), portanto, podemos entendê-lo
como parte do constructo da Aprendizagem Autorregulada. No entanto, apesar disso,
deve-se ressaltar que o enfoque da Aprendizagem Autorregulada é mais abrangente e
envolve diversas habilidade cognitivas, não cognitivas e motivacionais para além do
autocontrole. Portanto, a lacuna referente à pesquisas empíricas específicas sobre o
autocontrole na educação brasileira permanece.
Devido à este contexto, mais trabalhos empíricos são necessários para
compreender conceitualmente o autocontrole e suas possíveis correlações com variáveis
educacionais como o desempenho acadêmico. Simultaneamente, é necessário integrar
os dados e conhecimentos sobre o autocontrole ao constructo da Aprendizagem
Autorregulada para possibilitar a formação de estruturas teóricas educacionais
empiricamente sólidas. Portanto, o presente projeto de pesquisa visa compreender de
forma empírica e conceitual as possíveis imbricações entre o autocontrole, o
desempenho acadêmico e a Aprendizagem Autorregulada. Consequentemente, o
problema de pesquisa central pode ser expresso na seguinte pergunta: O nível de
autocontrole de estudantes do ensino médio de Campinas está correlacionado com o
desempenho acadêmico dos mesmos?

4 OBJETIVOS

4.1 Objetivo geral

Compreender conceitualmente o autocontrole, sua correlação com o


desempenho acadêmico e sua relação com constructos teóricos como a Aprendizagem
Autorregulada.

4.2 Objetivos específicos

● Revisar a literatura nacional e internacional referente à habilidades não


cognitivas, aprendizagem autorregulada e autocontrole.
● Discutir terminologias, conceitos e aspectos teóricos com o intuito de
estabelecer nomenclaturas para conceitos que serão pesquisados.
● Revisar as ferramentas metodológicas que serão utilizadas.
● Organizar a pesquisa de campo quantitativa-descritiva.
● Coletar os dados da pesquisa de campo.
● Analisar descritivamente e inferencialmente os dados coletados.
● Avaliar a aplicação da pesquisa e a validade dos dados.
● Integrar os dados coletados aos dados internacionais já analisados e ao
constructo teórico da Aprendizagem Autorregulada.
● Sintetizar a revisão bibliográfica, pesquisa de campo e análise de dados.

5 HIPÓTESES

Decorrente do problema de pesquisa, uma hipótese norteará o desenvolvimento


da investigação aqui proposta. Sendo ela:
● O autocontrole de alunos do ensino médio de Campinas é positivamente
correlacionado com a assiduidade e as notas semestrais dos mesmos.
6 METODOLOGIA

A presente pesquisa visa compreender e definir o autocontrole conceitualmente,


compreender sua relação com o arcabouço teórico da Aprendizagem Autorregulada e
indicar de forma empírica possíveis correlações entre o autocontrole e o desempenho
acadêmico de alunos do ensino médio de uma escola de Campinas. Para tanto a
pesquisa utilizará a revisão bibliográfica, a pesquisa de campo quantitativa-descritiva
assim como a análise descritiva e inferencial dos dados coletados.

6.1 Pesquisa bibliográfica

A revisão bibliográfica será utilizada no intuito de compreender, discutir e


distinguir conceitos relevantes à pesquisa. Dentre eles podemos elencar conceitos como
as habilidades não cognitivas, aprendizagem autorregulada e autocontrole. Serão
utilizados três bancos de dados nacionais (SciELO, Pepsic e Banco de Teses e
Dissertações da Capes) assim como dois bancos de dados internacionais (Wiley Online
Library e Google Scholar) para coletar a bibliografia necessária. A escolha desta base de
dados se dá pela quantidade de artigos contidos em cada uma delas e pela facilidade de
pesquisa e uso. Além disso, autores e experimentos clássicos sobre desempenho,
habilidades não cognitivas, aprendizagem autorregulada e autocontrole serão estudados
para compor o quadro teórico desta pesquisa. Serão incluídos e destacados os trabalhos
da pesquisadora Profa. Dra. Angela Duckworth e do Prof. Barry Zimmerman. Dentre os
experimentos clássicos escolhidos podemos destacar o Attention in Delay of
Gratification também conhecido como O Experimento do Marshmallow, além de
diversas pesquisas conduzidas pela Profa. Dra. Angela Duckworth sobre autocontrole
(DUCKWORTH et al., 2019b). Após a revisão bibliográfica, será feita uma pesquisa de
campo quantitativa-descritiva (MARCONI; LAKATOS, 2002) com estudantes do
ensino médio de Campinas. A escolha desta amostra se justifica pela escassa quantidade
de investigações empíricas sobre estudantes de ensino médio e autocontrole (SANTOS
et al., 2018) e pelas características das ferramentas de medição utilizadas,
especificamente a Escala Breve de Autocontrole, cuja confiabilidade e validade é
comprovada majoritariamente para esta faixa etária.

6.2 Pesquisa de campo

A pesquisa de campo quantitativa-descritiva tem com objetivo compreender o


autocontrole na educação mediante a investigação empírica e assim verificar a hipótese
postulada neste projeto, neste caso, se os níveis de autocontrole dos estudantes da
amostra possuem uma correlação positiva com a assiduidade e as notas semestrais dos
mesmos. A utilização desta modalidade de pesquisa justifica-se pela concordância com
pesquisas internacionais cujo estudo do autocontrole se dá majoritariamente pelo uso de
ferramentas empíricas e quantitativas. Esta etapa da pesquisa ocorrerá em dois
momentos diferentes, no final do primeiro semestre do ano letivo da escola escolhida e
no final do segundo semestre. Os dados utilizados para verificar a hipótese serão dados
de desempenho acadêmico dos estudantes (assiduidade e média de notas semestrais) e o
nível de autocontrole. Os dados educacionais serão coletados por meio da escola
enquanto a aferição do autocontrole se dará por meio de um questionário de autorrelato.
Este questionário, a Escala Breve de Autocontrole, é um questionário de autorrelato
composta por 13 itens mensurados em uma escala do tipo Likert de cinco pontos que
visa avaliar diferentes níveis de autocontrole (FIGUEIRA et al., 2019). Esta ferramenta
possui validação nacional e internacional, sendo sua validade para a população
brasileira confirmada pela pesquisa de FIGUEIRA et al. (2019, p. 416). Através desta
pesquisa “foi possível aferir as qualidades psicométricas do instrumento assim como
garantir a adequação do modelo adaptado.” (FIGUEIRA et al., 2019, p. 416). Além
disso, a Escala Breve de Autocontrole apresenta resultados convergentes com outras
medidas de autocontrole aplicadas no Brasil. Por sua vez, em estudos internacionais
utilizando a escala, os pesquisadores afirmam “As medidas de autocontrole
demonstraram confiabilidade interna satisfatória e estabilidade teste-reteste de sete
meses”(DUCKWORTH; SELIGMAN, 2005, p. 941, tradução nossa). Portanto, sua
utilização justifica-se pela sua alta confiabilidade interna, teste-reteste e pela sua
validade de conteúdo, externa e convergente (FIGUEIRA et al., 2019).

6.3 Análise de dados

A última etapa da pesquisa será feita por meio da análise estatística descritiva e
inferencial dos dados coletados por meio da Escala Breve de Autocontrole e do
desempenho acadêmico dos estudantes. Serão utilizados modelos estatísticos validados
internacionalmente e utilizados em pesquisas similares de autocontrole e desempenho
acadêmico. Esta análise tem como objetivo descrever os dados coletados, inferir
possíveis correlações e assim verificar a hipótese desta pesquisa. Mediante a análise e a
revisão bibliográfica será formado um quadro teórico para aprofundar o conhecimento
do autocontrole e compreender sua integração ao arcabouço teórico da Aprendizagem
Autorregulada.

7 CRONOGRAMA

Esta pesquisa será desenvolvida em 18 meses, sendo finalizada com a entrega e


defesa da dissertação. A pesquisa será dividida em três etapas. A primeira será
constituída pela revisão bibliográfica, objetivando o cumprimento dos três objetivos
específicos iniciais. Em seguida será feita a pesquisa de campo quantitativa-descritiva ,
visando a coleta dos dados junto a escola. Enfim, será feita a análise e integração destes
dados assim como a redação e a revisão do trabalho. Portanto, o presente cronograma
visa possibilitar a realização da pesquisa em todas suas etapas metodológicas.

ATIVIDADE ANO 2020/2021


Fev Mai Ago Nov Fev Mai Jun Jul Ago Set Out
Pesq.
X X X X X X
bibliográfica
Pesq. de
campo
X X
quantitativa-
descritiva
Análise de
X X X
dados
Integração
X X
dos dados
Definição
X
dos capítulos
Redação da
X X X X X X
Dissertação
Revisão
X
crítica
Revisão
ortográfica
X X
e de
formatação
REFERÊNCIAS

BORUCHOVITCH, Evely; GOMES, Maria Aparecida Mezzalira (org.).


Aprendizagem Autorregulada: como promovê-la no contexto educativo?. Petrópolis:
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