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Disciplina: Teoria Geral da Administração

Docente: Anderson Dias Brito


Discente: Bernardo Almeida Oliveira Novaes
Data: 10/12/2023
RESENHA CRÍTICA
REFERÊNCIA:
MORGAN, Gareth. IMAGENS DA ORGANIZAÇÃO. p. 136-176

Esse capítulo é centrado na ideia de como as empresas influenciam a cultura e como a


cultura influencia as empresas. Para provar o primeiro ponto, o autor mostra como que a vida
cotidiana ocidental moderna está centrada no trabalho, uma condição incomum em outros
momentos históricos ou em outras civilizações. Para demonstrar de que maneira a cultura influencia
as empresas (um assunto de maior valia para administradores do que aos sociólogos), o autor
apresenta diversos casos onde o sucesso, o fracasso e a estrutura de empresas são moldados por
aspectos culturais.
A cultura é definida, segundo Hegel, pela unidade de criação de uma sociedade. Apenas pela
definição de organização como um conjunto de pessoas com um objetivo mútuo, é possível
perceber que ela não poderia existir sem uma mínima unidade de criação. O autor diz que o papel
do administrador não é inventar “do nada” uma cultura para a empresa, pois a cultura mais se
assemelha a um organismo vivo que deve ser cuidado ao longo de um grande processo, não se
adequando à escala de tempo e controle individual que uma engenhoca humana poderia requerer,
uma vez que “a natureza não faz saltos” (natura non facit saltus).
O autor ressalta alguns aspectos culturais que podem determinar a estrutura de uma empresa,
dentre eles, a ideologia assume um papel de suma importância. Num primeiro momento, ideologias
mais críticas e revolucionárias podem parecer terminantemente incompatíveis com as estruturas
empresariais, porém, é possível aproveitar o potencial de seus sequazes em oferecer feedbacks
negativos, que são de muita importância para as empresas. No livro “Duna”, de Frank Herbert, o
“Imperador-Deus” Leto Atreides convocava ex-insurgentes revolucionários para o seu governo
justamente por sua capacidade de expressar livremente os problemas encontrados em sua tirania.
Aristóteles diz no seu livro “Ética à Nicômaco” que a política, por buscar o bem geral, é a
ciência por excelência, tendo papel de destaque sobre todas as outras, por seus objetivos estarem
sujeitos ao objetivo político do bem geral. O homem, por ser um animal político, precisa ter claro
que esse bem geral pode ser alcançado numa organização, de modo que as outras atividades e
recompensas possíveis estejam naturalmente subordinadas a esse bem.
Por mais que a política busque o bem geral, algumas ideologias vêem o bem geral de formas
às vezes mutuamente exclusivas. Creio que a ideologia que se prova menos benéfica às
organizações seja o marxismo pois é nutrida uma diferenciação irreconciliável entre os interesses do
patrão e dos funcionários, além de suscitar inveja e ressentimento.
Um aspecto importante salientado pelo autor é como que a cultura japonesa não
desmoraliza a obediência. A obediência diminui o senso de alienação e isolamento por lhe integrar
estruturalmente em algo e é a característica de um povo não ressentido contra a autoridade, pois um
povo que se vê como escravo está sempre ressentido e indignado com a obediência. A indignação,
conforme exposta pelo psicólogo Paul Diel no livro “O simbolismo na mitologia grega”, é um
sentimento que inibe a motivação e a evolução, por se basear na ideia de que eu estou certo e os
outros estão errados, impedindo-o de aprender com eles.
Como um exemplo de cultura que nutriu os valores do individualismo sem desmerecer a
obediência, há os livros da escritora estadunidense Ayn Rand, no livro A Nascente, conta a história
de um gênio da arquitetura que aceitou complacentemente ser expulso da universidade e passou a
trabalhar em condições sub-humanas sem perder seu senso estético de amor à vida. No livro “A
Revolta de Atlas” a autora ressalta a importância dos empreendedores ao especular
imaginativamente sobre o que aconteceria com a humanidade caso todos os empreendedores
entrassem em “greve”, interrompendo seus empreendimentos.
De tal modo, é dado ao administrador o papel de avaliar a cultura de sua empresa,
percebendo se os diálogos circulantes possuem como pressupostos algumas “dinamites culturais”
que teriam o poder de transformar o trabalho mútuo numa impossibilidade. É preciso impedir as
mentiras internalizadas na organização ao tornar os valores da empresa transparentes e aproveitar o
potencial de cada bagagem cultural “personalizada” de cada membro da organização, pois como
disse Sto. Agostinho “o vício e a virtude são feitos da mesma matéria”.

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