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INTRODUÇÃO
formas e conceitos, para relacionar de forma direta com a análise das duas
estudo foram:
Merchandising no cinema?
por quê?
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filme?
dos filmes. Qualquer produto, marca ou idéia que aparece nas cenas do filme
cenas dos filmes não são percebidos de forma direta pelas pessoas.
análises por McLuhan (1964), Tahara (1986), Simões (1987) e Rabaça; Barbosa
Octávio Ianni (apud COSTA) nos propõe teorias sobre a ideologia norte-
Independence Day.
sentidos para a obtenção dos resultados. Como amostra escolhemos para análise
de Roland Emmerich.
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CAPÍTULO 1
MERCHANDISING
1.1 CONCEITO
não é só isso, ele determina o modo como serão apresentados os produtos para a
fazer com que o consumidor consuma sem ao menos saber o porquê de tal ação
idealizado. Este conceito ou imagem é construído pela forma como a cena foi
do anunciante.
produtora. Isso fica bem claro em produções cinematográficas que usam verbas
ideologias.
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Entende-se por público-alvo o grupo de pessoas que constituem os potenciais compradores de um produto ou
serviço. Na definição da linha de uma campanha, especificam-se detalhes como, idade, escolaridade, sexo,
região onde vive, religião, etc. Assim forma-se um grupo de pessoas com interesses comuns.
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1.2 HISTÓRICO
caracteriza o Merchandising.
demais. O outro tipo é colocar o produto no meio de uma cena, por exemplo, de
um filme, de uma novela [este último mais comum aqui no Brasil]. Este segundo
tipo, constitui nosso objeto de pesquisa. Tahara (1986, p. 43), chama atenção
tido sua origem nas tiras de histórias em quadrinhos do personagem Popeye, nos
anos 20. Esta é a forma de Merchandising que se assemelha com o nosso objeto
certa, no momento certo, pelo preço certo, com a apresentação certa e no menor
seu público.
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As duas produções cinematográficas sobre as quais recairão nossas análises serão Minority Report: A Nova Lei
de Steven Spielberg e Independence Day de Roland Emmerich.
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grande capacidade das equipes, know how, que fazem a seleção do produto ideal
para cada cena e situação. Vale ressaltar, que o lucro direto, líquido, pertence às
produtoras, que recebem para que o produto apareça nos filmes. Quanto ao
espectador, é difícil saber se ele tem mais benefícios ou prejuízos com isso. Mas
1.3 TIPOS
agradar, clique no botão e pronto, até que venha encontrar algo que lhe agrade.
até mesmo, o por quê deste recurso estar sendo utilizado pelas empresas por
Este veículo específico busca prender a sua atenção, sem que haja
momento de sua veiculação [inserção], pode ser substituída por meio de um zap
possa ser dita como grande [mas isso em decorrência dos próprios custos de
consumidor com baixo e médio poder aquisitivo que não teve a oportunidade de
assisti-lo na ocasião em que este era projetado nas telas do cinema, aluga-o e
público passa a considerar e fazer uso dos valores transmitidos pelo filme,
a intenção de: levantar o moral de uma população que após um incidente muito
possam retomar forças e prosseguir suas vidas como se nada houvesse ocorrido.
pequenos instantes que sucedem a cena, o quão latente esta idéia de heroísmo,
social.
CAPÍTULO II
uma bebida alcoólica de origem inglesa [um gim chamado Gordon], dividiu
então expor a marca do produto. Foram estes filmes que tiveram o papel
homem, Uma Mulher, do diretor Claude Lelouch e estrelado pelo par romântico:
e idéias nos filmes do cinema e atualmente com grande força nos programas de
feitas de maneira sutil e na maioria das vezes de forma subliminar, dos produtos,
venha a comprar ou consumir a idéia ou produto, que este crie uma imagem
de uma propaganda de qualidade, não querendo dizer que para se obter uma
serviço junto a uma agência de publicidade. Uma propaganda pode ser simples e
de baixo custo, tendo também um alto grau de receptividade. É claro que para o
recente, pois sua idéia remete-se à propaganda ideológica proposta pela Igreja
primórdios, tendo seu início com esta atual conjectura datado, por volta do
século XII, na época das cruzadas promovidas pela igreja católica no período da
aumentando suas riquezas, territórios e fiéis, porque quanto mais fiéis tem uma
religião, mais rica, forte e poderosa ela se torna. O ideal de expansão defendido
pessoas que vagavam pelo mundo sem saber o que fazer da vida e acabaram
da fé cristã/católica.
importante era ter uma religião para se apoiar e enfrentar as dificuldades que a
Essas ideologias foram defendidas por eles até o fim de suas vidas e a
cristianismo/catolicismo era bom, benéfico para a saúde física e mental, foi que
Cruzadas.
conceito (ideologia) que fora à época divulgado e também por conta da evolução
dependentes das economias dos países que os colonizaram, à reagir contra seus
ideal que nem todos compartilhavam, mas aderiam porque a maioria também o
fazia.
aí que se principiou tudo o que se pode dizer hoje sobre o que é propaganda e
(XVII e XVIII).
vários fatores que no momento não nos interessa muito analisar por se tratarem
Para este fim fez-se necessário criar uma forma de propaganda que
primas. Mesmo sem saber que estes feitos de divulgação algum dia viriam a se
patamar, que até elementos relacionados a cultura, aos costumes, a religião, etc,
Massas: nada mais, nada menos do que uma comunicação voltada para atender
CAPÍTULO 3
MERCHANDISING COMERCIAL
em Washington, onde existe uma agência policial chamada Pré-Crime que tem a
assassinos antes que eles perpetrem seus crimes. A taxa de 98,9% de elucidação
ironia é que assim que as identidades das vítimas e dos criminosos são reveladas
ocorrido.
comerciais embutidos, sendo que desses 15, repetidas vezes somam um total de
Minority Report”.
não chegue a tempo de impedir, neste momento John busca na primeira página
Bulgari. Nos instantes em que estes são inseridos no contexto do filme, John
Anderton, marca no relógio quanto tempo ele terá para provar sua inocência. O
automóveis que por ali transita como se fosse um veículo de entregas da água da
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marca de tênis Reebok. Esta aparece logo após a marca de água mineral
Aquafina, na mesma parede lateral direita do túnel. Sua aparição é muito rápida,
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identificação, mas por menor que tenha sido esta inserção, esta ainda sim é
do filme a marca Reebok é apresentada mais uma vez em uma aparição que dura
próximo de 2 segundos.
Figura 14 – Merchandising da marca e produto da empresa Nokia. Cena 8 (0:46:21). Duração: 3 segundos.
Fonte: Minority Report: A Nova Lei (2002)
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ser inserida na história do filme. É a marca Nokia, sendo esta uma marca muito
(2002) a “Nokia teria pago US$ 2 milhões para desenhar estes aparelhos de
uma prévia, no presente de como estes produtos vão ser na vida das pessoas
futuramente.
agente John Anderton passa próxima a esta vitrine é anunciado por uma locução
uma imagem obviamente fictícia e até mesmo distorcida. Carros de verdade não
costumam resistir aos acidentes e solavancos impostos pelas filmagens [por isso,
são usados vários modelos idênticos], nem produzem explosões tão vistosas.
conhecida mundialmente.
feito no interior da loja. Durante o passeio do agente John Anderton pelo interior
Figura 22 – Merchandising da marca Ben & Jerry’s. Cena 17 (1:35:33). Duração: 5 segundos.
Fonte: Minority Report: A Nova Lei (2002)
sorvetes Ben & Jerry’s aparece. Este é o momento que John Anderton e a precog
de 5 segundos.
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no entanto ela é uma revista digital igual ao sistema do jornal USA Today que
movimento.
assassinato que John Anderton irá cometer, o que cria uma expectativa no
segundos.
IDEOLÓGICO
revela ser na verdade uma imensa nave espacial pilotada por alienígenas. Após
invasor e nesta hora todas as nações precisam se unir, pois está em jogo a
Figura 27 – Bandeira dos Estados Unidos da América na Lua. (0:00:44). Duração: 16 segundos.
Fonte: Independence Day (1996)
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Figura 31 – Símbolo dos EUA no chão da sala principal da Casa Branca. (0:16:00). Duração: 5 segundos.
Fonte: Independence Day (1996)
Figura 32 – Bandeira dos EUA ao fundo do presidente no filme. (0:16:48). Duração: 5 segundos.
Fonte: Independence Day (1996)
Figura 34 – Avião Força Aérea Um do presidente dos EUA. (0:00:56). Duração: 5 segundos.
Fonte: Independence Day (1996)
Nas figuras 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34 e 35 podemos observar que
com a humanidade.
EUA no filme faz um discurso para as pessoas que irão pilotar os aviões no
Podemos ver por este discurso e pelas figuras simbólicas dos signos
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A seguir oferecemos, por nós, as transcrições das legendas em inglês [idioma original do filme] e em
português, do discurso do personagem do presidente no filme [em DVD] INDEPENDENCE Day (1996).
Inglês: [...] Bom dia. Em menos de uma hora, estes aviões se juntarão a outros de todos os cantos do mundo e
vocês darão início a maior batalha aérea da história da humanidade. Humanidade, esta palavra deverá ter um
outro sentido para nós. Não podemos mais ser consumidos por pequenas diferenças. Estaremos unidos por um
interesse comum. Talvez seja destino que hoje seja o Quatro de Julho, e vocês estarão novamente lutando por
nossa liberdade. Não contra tirania, opressão ou perseguição, mas contra total aniquilação. Estamos lutando por
nosso direito de viver, de existir. E quando ganharmos o dia, o Quatro de Julho não será mais apenas uma data
americana, mas o dia em que o mundo inteiro declarou em uma só voz: “Nós não nos entregaremos em silêncio!
Nós não vamos sucumbir sem brigar! Nós continuaremos! Nós vamos sobreviver!” Hoje nós celebraremos nosso
Dia da Independência.
Português: [...] Good morning. Good morning. In less than an hour, aircraft from here will join others from
around the world. And you will be launching the largest aerial battle in the history of mankind. Mankind. That
word should have new meaning for all of us today. We can’t be consumed by our petty differences any more.
We will be united in our common interest. Perhaps it’s fate that today is the Fourth of July. And you will once
again be fighting for our freedom. Not from tyranny, oppression or persecution. But from annihilation. We’re
fighting for our right to live. To exist. And should we win the day, the Fourth of July will no longer be know as
an American holiday, but as the day when the world declared in one voice, “we will not go quietly into the night!
We will not vanish without a fight! We’re going to live on! We’re going to survive!” Today, we celebrate our
Independence Day.
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(2003):
defensores do mundo inteiro, falam pelo mundo todo, e também criam uma
EUA são mostrados com supremacia, como uma potência mundial que detém a
análise do sociólogo Octávio Ianni (apud COSTA, 2002. p. 15) quando ele diz
cultura deve ser para atingir um nível alto de benefícios [American Way of Life],
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dominá-lo ou exterminá-lo.
exemplo de forma coerciva podemos perceber pelas guerras que são feitas por
este país em terras estrangeiras, e de forma hábil podemos citar o cinema como
CONCLUSÃO
dois filmes produzidos por empresas dos EUA nos motivou e permitiu
espectador que, na maioria das vezes, são submetidos a este tipo de mensagem
por 25% do custo total [US$ 102 milhões] do filme. No filme Independence
custear a produção de filmes, que os produtos marcas e idéias que aparecem nas
procedentes.
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considerada como um], pois o espectador quando paga para assistir a um filme
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSTA, Vera Rita da. Entrevista com Octávio Ianni. 11 de Setembro, um ano
depois. Revista Ciência Hoje, São Paulo, n. 186, vol. 31, p. 14-19, set. 2002.
Disponível em: <http://www2.uol.com.br/cienciahoje/chmais/pass/ch186/
entrevis.pdf >. Acesso em: 23 maio 2004.
GARZON, Luis Fernando Novoa. Guerra. Rio de Janeiro, maio 2004. Século XX1.
Disponível em: <http://www.multirio.rj.gov.br/seculo21/texto_link.asp?
cod_link=276&cod_chave=4&letra=h>. Acesso em: 22 mar. 2004.
HUGHES, Philip. História da Igreja Católica. 2. ed. São Paulo: Dominus S/A,
1962. p.103.
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SCHILLING, Voltaire. Estados Unidos. São Paulo, mar. 2003, Mundo. Disponível
em: <http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/eua_monroe.htm>. Acesso em:
11 dez. 2003.
TAHARA, Mizuho. Contato imediato com mídia. São Paulo: Global, 1986. p. 43.