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INTRODUÇÃO

Esta monografia versa sobre o estudo do Merchandising no cinema

norte-americano como estratégia comercial e ideológica. As mensagens

comerciais ou ideológicas inseridas nos filmes são apresentadas de forma

subliminar. Essas mensagens são adequadas ao roteiro, enredo e cenas, de modo

que não interfira na idéia principal do filme. É abordado o estudo do surgimento

da propaganda [proferido pela Igreja Católica], através dos momentos de

divulgação religiosa nomeados de As Cruzadas, a fim de conquistar fiéis e

difundir suas ideologias por todo o planeta. É analisado o princípio da

propaganda de forma a explicar o Merchandising, em seus principais tipos,

formas e conceitos, para relacionar de forma direta com a análise das duas

produções cinematográficas. Uma contém Merchandising do tipo comercial e a

outra Merchandising do tipo Ideológico.

As problematizações que contribuíram para o encaminhamento deste

estudo foram:

 Como se deu a evolução da propaganda até chegar ao

Merchandising no cinema?

 Qual a importância da subliminaridade no Merchandising?

 Filmes de que origem utilizam mais a técnica de Merchandising e

por quê?
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 Qual a relação entre tempo total e tempo de propaganda contida no

filme?

A razão que nos levou a escolha do tema foi a de poder esclarecer o

que é o Merchandising, por que e como ele é utilizado nas produções

cinematográficas, influenciando desde roteiros, para se adequar aos anúncios de

produtos ou idéias dos patrocinadores e investidores do filme, até as ações e

impulsos dos espectadores do filme.

Sobre a temática, nós inicialmente elaboramos como seguintes

hipóteses: o conceito de propaganda que analisamos está presente na maioria

dos filmes norte-americanos. Esta técnica é uma forma de custear a produção

dos filmes. Qualquer produto, marca ou idéia que aparece nas cenas do filme

tem uma adequação e propósito. A maioria dos Merchandising inseridos nas

cenas dos filmes não são percebidos de forma direta pelas pessoas.

O objetivo desta monografia é discutir sobre a análise do

Merchandising dentro das produções cinematográficas considerando suas várias

aplicabilidades e mostrar como funciona a percepção e assimilação desta

ferramenta publicitária, de forma subliminar, pelas pessoas.

O embasamento teórico desta monografia partiu das teorias que

definem o Merchandising de forma generalizada por Silva (1990), de forma

específica por Bernadet (1990), de forma específica e mais adequada às nossas

análises por McLuhan (1964), Tahara (1986), Simões (1987) e Rabaça; Barbosa

(1987). A teoria da mensagem subliminar é baseada segundo Packard (1980


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apud CALAZANS). Schiavo (1995) modela o Merchandising Comercial. Philip

Hughes (1962) analisa o surgimento da propaganda feita pela Igreja Católica.

FORLANI; BARBA (2002) nos apresentam valores reais sobre o uso do

Merchandising nos filmes. E por fim SCHILLING (2003), GARZON (2004), e

Octávio Ianni (apud COSTA) nos propõe teorias sobre a ideologia norte-

americana, permitindo assim analisar de forma comparativa e relacionar às

idéias do Merchandising Ideológico, presentes nas mensagens do filme

Independence Day.

No que tange a metodologia utilizada, destacamos que o presente

trabalho foi elaborado a partir de pesquisas bibliográficas descritivas, com

trabalho de laboratório, do tipo teórico. Nosso método de análise é o método

comparativo usado para explicar os temas atuais a partir de definições antigas.

Como técnicas de pesquisa utilizaremos: a documentação indireta, pois, nossas

explicações são baseadas em referências publicadas em livros, revistas

especializadas e periódicos. A observação direta intensiva, pois, utilizaremos os

sentidos para a obtenção dos resultados. Como amostra escolhemos para análise

os filmes Minority Report: A Nova Lei de Steven Spielberg e Independence Day

de Roland Emmerich.
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CAPÍTULO 1

MERCHANDISING

1.1 CONCEITO

O Merchandising é tido como parte integrante do Marketing e tem

como função a divulgação de um produto ou serviço de forma amenizada. Mas

não é só isso, ele determina o modo como serão apresentados os produtos para a

obtenção da melhor eficiência possível no momento das respectivas campanhas.

Inicialmente, o Merchandising era tido como uma estratégia de promoção de

vendas muito utilizada pelas empresas, com o intuito de levar o consumidor a

adquirir a mercadoria desejada, através de uma propaganda subliminar, ou seja,

fazer com que o consumidor consuma sem ao menos saber o porquê de tal ação

de compra. O Merchandising é uma das ferramentas mais eficientes do

Marketing, pois nas propagandas subliminares ele trabalha com o subconsciente.

Ele é captado pela mente humana e lá fica como um conceito ou imagem

idealizado. Este conceito ou imagem é construído pela forma como a cena foi

apresentada. Geralmente a história nos filmes é adaptada de acordo com a idéia

do anunciante.

Packard (1980 apud CALAZANS, 1992, p 18-19) relata mais

especificamente sobre a mensagem subliminar:


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Em 1956, em um cinema de New Jersey tentando estimular vendas de


pipoca e Coca-Cola. Foram colocados sobre a tela durante o filme
mensagens como: “beba Coca-Cola” e “coma pipoca” com velocidade
aproximadamente de 1/3000 de segundo. Essas mensagens não eram
percebidas pelos olhos, mas foram captadas pelo cérebro. Resultando
em um aumento de 57,7% (1) na compra de coca – cola e 18% (2) de
pipoca. Essa foi uma das primeiras vezes que se usou mensagem
subliminar.[...]
[...] Desde então foram feitos estudos sobre a mensagem subliminar. E
acredita – se que tudo em 2° plano seja subliminar. Mensagens
enviadas em baixa freqüência ou imitando as batidas do coração,
também trazem conseqüências subliminares. Sons taqueoscópios com
projeção subliminar visual são uma forma de propaganda invisível
utilizada atualmente nas mídias de cinema e televisão [...].
[...] “Todas as mídias são meios subliminares”.
As imagens, sejam através de embalagens ou produtos inseridos em
cenas de uma produção holywoodiana, formam opiniões e despertam
desejos.

De acordo com Silva (1990, p.17) o conceito é o seguinte:

Merchandising é a venda sem palavras, isto é usando as próprias


embalagens, os expositores, os equipamentos, o espaço de vendas das
lojas, produzir uma conversa de vendas que desperte o impulso de
compra na mente dos consumidores [...]
[...] como parte do complexo mercadológico de bens de consumo,
tendo como objetivo expô-los ou apresentá-los de maneira adequada a
criar impulsos de compra na mente dos consumidores, ou usuários,
tornando mais rentáveis todas as operações nos canais de marketing.

Bernadet (1990, p.77) enfatiza:

Esse conjunto de informações leva a pensar que o cinema de produção


industrial não passa de uma grande armadilha para enganar os
incautos. Obviamente, não. Não bastariam artimanhas para interessar
o público, nem se pode pensar que o público é totalmente manipulado.
É necessário, já que a ida ao cinema não é compulsória, mas se dá
dentro de uma relação de mercado, que algo nesses filmes diga
respeito ao público, que algo, de alguma forma, interesse à vida dos
espectadores. Hollywood, como o cinema comercial que segue suas
trilhas, deu ao público o que quis: é a versão dos produtores. Críticos e
sociólogos preferem considerar que o cinema hollywoodiano era pura
alienação, era a fábrica do sonho.
[...] Mas em geral não pensamos nessa complexa máquina
internacional de indústria, como comércio e controle
cinematográficos; para nós, cinema é apenas essa estória que vimos na
tela, de que gostamos ou não, cujas brigas ou lances amorosos nos
emocionam ou não.
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A partir do acima exposto podemos entender que o Merchandising

também não é só a venda de produtos, mas também a venda de idéias, ambos

realizados subliminarmente. Para que seja considerado Merchandising é

necessário que haja acordos comerciais entre o anunciante, a agência e a

produtora. Isso fica bem claro em produções cinematográficas que usam verbas

de empresas institucionais, governamentais, etc. Por exemplo, no Brasil muitos

filmes são feitos com patrocínios de empresas governamentais nacionais, através

do Ministério da Educação e Cultura. Com isso o anunciante, no caso o

Governo, ganha o direito de anunciar nos filmes, seus produtos, serviços ou

ideologias.

Consideramos a mídia cinema o meio mais eficaz para se atingir o

público-alvo1. A este respeito McLuhan (1964, p. 35) comenta:

[...] O cinema não é apenas a suprema expressão do mecanismo;


paradoxalmente, oferece como produto o mais mágico de todos os
bens de consumo, a saber: Sonhos. Não é por acaso que o cinema se
caracterizou como o meio que oferece, aos pobres, papéis de riquezas
e poder que supram os sonhos de avareza. O cinema não apenas
acompanhou a primeira grande era do consumo, como incentivou-o,
propagou-o, transformando-se, ele mesmo, um dos mais importantes
bens de consumo. Em termos de estudo dos meios, torna-se patente
que o poder do cinema em armazenar informação sob forma acessível
não sofre concorrência. O cinema não é um meio simples, como a
canção ou a palavra escrita, mas uma forma de arte coletiva, onde
indivíduos diversos orientam a cor, a iluminação, o som, a
interpretação e a fala.

1
Entende-se por público-alvo o grupo de pessoas que constituem os potenciais compradores de um produto ou
serviço. Na definição da linha de uma campanha, especificam-se detalhes como, idade, escolaridade, sexo,
região onde vive, religião, etc. Assim forma-se um grupo de pessoas com interesses comuns.
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1.2 HISTÓRICO

O Merchandising é uma palavra de origem inglesa, formada pelo

radical merchand, que em português tem significado de mercador. Portanto nos

traz a idéia de mercador e mercadoria, cuja apresentação e demonstração é que

caracteriza o Merchandising.

Analisando o Merchandising de forma contextual, encontraremos dois

tipos e várias definições para cada um deles. Um tipo é o Merchandising no

ponto-de-venda, que tem como responsabilidade destacar o produto perante os

demais. O outro tipo é colocar o produto no meio de uma cena, por exemplo, de

um filme, de uma novela [este último mais comum aqui no Brasil]. Este segundo

tipo, constitui nosso objeto de pesquisa. Tahara (1986, p. 43), chama atenção

para o seguinte: “Convencionou-se chamar de Merchandising em Propaganda...

a aparição dos produtos no vídeo, no áudio ou nos artigos impressos, em sua

situação normal de consumo, sem declaração ostensiva da marca”.

Simões (1987), concomitantemente, afirma que o Merchandising é

uma “nova modalidade de comercialização de espaços sem rótulo de propaganda

[...] por falta de rótulo melhor, batizou-se a idéia como Merchandising”.

Contudo, esta técnica [rotulada de Merchandising], que veicula o

produto ou serviço embutido em outra mensagem, mensagem dentro de

mensagem, não é recente. Santos (1987), informa:


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Segundo o publicitário Jorge Abid, um dos primeiros veículos de


Merchandising foi o marinheiro Popeye, que ajudou o governo
americano a acelerar o consumo de uma supersafra de espinafre. As
crianças, que não eram muito chegadas às verduras em geral,
passaram a acreditar que ficariam mais fortes como o Popeye, se
comessem espinafre como ele comia.

Deste modo, tal forma de veiculação de mensagens disfarçadas teria

tido sua origem nas tiras de histórias em quadrinhos do personagem Popeye, nos

anos 20. Esta é a forma de Merchandising que se assemelha com o nosso objeto

de estudo. Nossa análise recairá sobre duas2 produções cinematográficas,

especificamente acerca dos aspectos sociais, econômicos, éticos, entre outros.

Numa visão mais contemporânea, Rabaça; Barbosa (1987) consideram

que o Merchandising é destacado como a base para se vender a mercadoria

certa, no momento certo, pelo preço certo, com a apresentação certa e no menor

espaço de tempo possível. Atualmente utilizam-se vários meios de comunicação

para atingir o público-alvo, sendo a televisão e o cinema os mais explorados e

também os mais eficazes.

Nos programas de televisão ou filmes de cinema, os apresentadores ou

atores fazem um tipo de anúncio indireto, consumindo ou usando algum tipo de

produto. Desse modo, transmitem a idéia de ação natural ou original, afiançando

seu prestígio e qualidades e transferindo-lhes a credibilidade que tem junto ao

seu público.

2
As duas produções cinematográficas sobre as quais recairão nossas análises serão Minority Report: A Nova Lei
de Steven Spielberg e Independence Day de Roland Emmerich.
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A técnica do Merchandising é eficiente, pois está sempre relacionada

com os programas de maior audiência, apresentadores, atores, situações

fascinantes, transmitindo segurança e criando fantasias para o telespectador.

Nas produções cinematográficas mais recentes, posteriores a década

de 80, o Merchandising, é muito bem explorado e aproveitado. A boa utilização

deve-se ao fato de que os produtos aparecem muito e em várias situações e

seqüências dentro do filme. A boa exploração do tempo está relacionada a

grande capacidade das equipes, know how, que fazem a seleção do produto ideal

para cada cena e situação. Vale ressaltar, que o lucro direto, líquido, pertence às

produtoras, que recebem para que o produto apareça nos filmes. Quanto ao

espectador, é difícil saber se ele tem mais benefícios ou prejuízos com isso. Mas

uma coisa é certa, o Merchandising veiculado no cinema é um meio capaz de

induzir facilmente o espectador.

1.3 TIPOS

1.3.1 MERCHANDISING COMERCIAL

O Merchandising Comercial é uma estratégia promocional que deve

complementar ou agir em conjunto com outras ferramentas, como a publicidade.

Esta estratégia é planejada no seu contrato com a produtora em oito passos,


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seguindo tendências de um spot televisivo, mas a ação será executada a partir de

quatro modelos básicos, como descreve Schiavo (1995, p. 85-86):

a) Menção no texto: quando os personagens falam o nome da marca


ou produto num diálogo.
b) Uso do produto ou serviço: quando a cena mostra a utilização do
produto ou serviço pelo personagem (marca e modelo são destacados).
c) Conceitual: a personagem explica para o outro as vantagens,
inovações, relevâncias e preços do produto ou serviço.
d) Estímulo visual: o produto ou serviço é mostrado de forma a ser
apreciado, visto no contexto da totalidade da cena, devidamente
explorado pela câmera.

Merchandising Comercial é uma prática publicitária muito utilizada

atualmente nas mídias áudios-visuais. É comumente chamado somente de

Merchandising. A atividade de divulgação subliminar do Merchandising é um

recurso muito interessante porque através dele se busca evitar o desvio da

atenção dos públicos-alvos e consumidores de maneira geral, já que com o

advento do controle remoto para as televisões portáteis, o zap [nome dado à

mudança de canais] tornou-se uma ferramenta, um instrumento de poder

constante [menção ao poder de escolher o que lhe agrada na televisão, com um

simples clique no botão do controle remoto] e às mãos do espectador que

quando perde o interesse em assistir um programa ou propaganda, simplesmente

aperta um botão do controle e pronto, mudou de canal e se este também não

agradar, clique no botão e pronto, até que venha encontrar algo que lhe agrade.

O Merchandising Comercial é uma maneira de acabar com o

desperdício e suprir a necessidade do meio publicitário [marketing e

planejamento] de divulgação dos produtos e serviços oferecendo, por exemplo:


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dentro de uma novela; produtos e serviços aos telespectadores de maneira

obrigatória, pois o consumidor em potencial que assistia ao seu programa

favorito é submetido a uma propaganda que este sequer imaginava poder

acontecer. Mas é comum que quando esta inserção ocorre, o telespectador

[consumidor em potencial], identifique tal como propaganda e venha designar

tal feito [demonstração], com o nome de Merchandising, mesmo sem saber

especificamente o que isto significa no meio da publicidade e da propaganda ou

até mesmo, o por quê deste recurso estar sendo utilizado pelas empresas por

intermédio de uma produção, feita por uma determinada agência e veiculada

dentro do meio áudio-visual televisão.

Este veículo específico busca prender a sua atenção, sem que haja

desperdício em um investimento numa propaganda convencional, pois esta, no

momento de sua veiculação [inserção], pode ser substituída por meio de um zap

no controle remoto, por outro programa ou outra propaganda. Este é um dos

principais benefícios que o Merchandising oferece a empresa que se propõe a

investir nesta prática muito comum hoje em dia.

Além disso, por meio dele pode-se associar determinada marca,

produto ou serviço, a uma personalidade, estrela do cinema, televisão, etc, seja

esta de origem nacional ou internacional. Podendo desta forma, criar um status

[estigma] e fixar seu produto na mente do consumidor como sendo ligado à

celebridade que o divulgou.


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O Merchandising Comercial no cinema, não tem uma cobertura que

possa ser dita como grande [mas isso em decorrência dos próprios custos de

entrada e promoção do filme] no que diz respeito os consumidores e

telespectadores que não assistiram ao filme, quando veiculado na mídia cinema,

devido à necessidade de se ter um alto poder aquisitivo para podê-lo fazer,

quando este chegar às locadoras [alguns meses após seu lançamento] o

consumidor com baixo e médio poder aquisitivo que não teve a oportunidade de

assisti-lo na ocasião em que este era projetado nas telas do cinema, aluga-o e

acaba por fim se expondo ao Merchandising contido neste filme.

1.3.2 MERCHANDISING SOCIAL/IDEOLÓGICO

O Merchandising Social não envolve custos como o Merchandising

Comercial, mas tem um compromisso ideológico com o pensamento do autor da

narrativa ou da emissora de televisão. Este tipo de Merchandising é utilizado

para educar a população, mas pode ser um instrumento perigoso de manipulação

e controle da sociedade. Seu discurso é persuasivo, levando o telespectador a ter

uma opinião ou adquirir um comportamento parcial, provocado por interesses,

que muitas vezes, não lhes são próprios.

Os autores, produtores e os profissionais do departamento de

Merchandising dos filmes entendem que os substratos narrativos do

Merchandising são as cenas dos filmes, as quais representam a reconstrução da


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realidade pela reprodução do cotidiano. O objetivo da ação de Merchandising é

estimular o mecanismo empático, identificatório com a realidade reproduzida no

filme, o que proporciona uma forma de manipulação da opinião pública, pois o

público passa a considerar e fazer uso dos valores transmitidos pelo filme,

incorporando-os no seu dia a dia.

A forma de Merchandising, ora abordada, tem características

semelhantes ao Merchandising Comercial, porém o enfoque será outro, porque

relataremos como funciona a produção de roteiros e filmes que visam a

promoção de um país, população ou de uma ideologia. Como exemplo, citamos

a intenção de: levantar o moral de uma população que após um incidente muito

marcante e catastrófico [11 de Setembro, perda da Guerra do Vietnã, etc.]

possam retomar forças e prosseguir suas vidas como se nada houvesse ocorrido.

Esse recurso do Merchandising Social, não é somente utilizado no cinema em

ocasiões de crise, ele é normalmente utilizado pela maior potência mundial

[Estados Unidos], com o fim de glorificar, vangloriar e se impor ao resto do

mundo como o melhor e o mais poderoso país do planeta.

Esse tipo de Merchandising é proferido, divulgado, subliminarmente

nas superproduções e também em produções de menor expressão do cinema

norte-americano, mas há, por exemplo, cenas em determinados filmes, em que

este artifício é utilizado de maneira exacerbada, demonstrando naqueles

pequenos instantes que sucedem a cena, o quão latente esta idéia de heroísmo,

patriotismo, coragem, determinismo positivistas, estão implícitos. O


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Merchandising Social, tal qual estamos vendo, interfere no comportamento

social.

Como exemplo temos a maioria dos filmes de: bangue-bangue, ficção

científica, comédia, ação e entre tantos outros gêneros do cinema norte-

americano em que os personagens norte-americanos, ao final da história

demonstram sua superioridade. O Merchandising Social tem o poder de

contribuir para a modificação dos conceitos de bem/mal, de acordo com o

interesse do diretor, do roteirista ou do estúdio de gravações [produtora] detentor

dos direitos autorais e de reprodução do filme.


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CAPÍTULO II

O CINEMA COMO ESPAÇO DE MERCHANDISING

2.1 O INÍCIO DO MERCHANDISING NO CINEMA

Para efeito de registro histórico, o primeiro trabalho de

Merchandising no cinema, data do ano de 1951. O nome do produto, no caso

uma bebida alcoólica de origem inglesa [um gim chamado Gordon], dividiu

várias cenas com o protagonista do filme; Humphrey Bogart, que representava

no filme Uma Aventura na África, o papel de um capitão alcoólatra que por

diversas vezes agarrava a garrafa de bebida pelo gargalo e a bebia calmamente.

O referido filme é consagrado até a atualidade, como um dos 100 melhores

filmes do século passado.

Anterior a esta data, em que se constatou pela primeira vez no cinema

a aparição de uma marca de maneira tão explícita caracterizou-se a definição de

Merchandising. À época eram muitos os galãs [mocinhos e bandidos] que

atuavam concomitantemente e fumavam demasiadamente, entretanto sem até

então expor a marca do produto. Foram estes filmes que tiveram o papel

primordial de difundir a ideologia de que fumar era elegante, bonito e no caso

para os homens, um grande atrativo com relação ao sexo feminino. A associação

da idéia de status e por causa da conotação sexual, um indivíduo que nunca

havia posto um cigarro na boca, passava a fumar esperando obter o mesmo


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prestígio do qual seu ídolo desfrutava. Essa prática de associação de marcas a

ídolos e personagens marcantes do cinema, tornou-se muito comum no cinema

Hollywoodiano e posteriormente no restante do mundo, já que a propaganda de

produtos à base de tabaco [cigarro e derivados] na ocasião era proibida nas

outras mídias existentes. Vale ressaltar que a indústria de derivados de cigarro

investiu substancialmente neste tipo de produção.

Em 1961, 10 anos depois da primeira exibição de uma marca, em

filmes cinematográficos, outro filme, desta vez um francês, intitulado Um

homem, Uma Mulher, do diretor Claude Lelouch e estrelado pelo par romântico:

Anouk Aimée e Jean-Louis Trintignant, inseriu nas principais cenas o

refrigerante da marca Coca-Cola juntamente com o Ford Mustang. Esta

publicidade explícita, sem pudores de parecer uma mensagem comercial, foi

feita e mostrada durante todo o filme, com as diversas inserções da marca e do

produto Coca-Cola e do Ford Mustang.

O Merchandising como ferramenta de promoção de vendas do

marketing, é um Merchandising que diverge completamente do termo

Merchandising usado para dar nome às inserções de produtos, marcas, serviços

e idéias nos filmes do cinema e atualmente com grande força nos programas de

televisão [com um enfoque diferente, com relação a inserção dos produtos,

marcas, etc] e telenovelas, seriados da televisão norte-americana [sitcoms] e dos

canais de TV [veículos] no restante do planeta. Isto porque o marketing vê o

Merchandising como um instrumento de divulgação, promoção no ponto de


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venda: analisando as necessidades do consumidor junto ao ponto de venda

através de pesquisas e se a empresa julgar necessário, fazer uso desta técnica

para alavancar o volume de vendas ou até mesmo inserir um novo produto no

mercado, fazendo-o de maneira planejada e cautelosa.

Agora, já a conotação adquirida pelo Merchandising no meio

cinematográfico e televisivo é completamente diferente, ou seja, são as inserções

feitas de maneira sutil e na maioria das vezes de forma subliminar, dos produtos,

serviços, marcas e idéias, com o predomínio de uma linguagem mais acessível

ao meio, que induza o telespectador a comprar, pensar, adotando posturas que

demonstrem a assimilação e aceitação da mensagem veiculada. Mesmo que não

venha a comprar ou consumir a idéia ou produto, que este crie uma imagem

positiva da empresa; fica a expectativa de que um dia, ele venha a adquirir o

produto/serviço ou a idéia transmitida, assim como falar bem a respeito deste.

2.2 HISTÓRICO DA PROPAGANDA

A propaganda convencional, tal como é conhecida [na mídia televisiva

entre outras], é a forma de divulgação de marcas, produtos e serviços, mais

utilizada no meio publicitário; sendo também a que mais se utiliza de recursos

tecnológicos na produção, pois é necessário que seja bem elaborada, bonita e

agradável de ser vista para poder atrair a maior quantidade de consumidores

pertencentes ao público-alvo ou não. Isto diferencia uma propaganda qualquer,


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de uma propaganda de qualidade, não querendo dizer que para se obter uma

propaganda com alto padrão de qualidade, beleza e receptividade, seja

necessário um investimento milionário, por parte da empresa contratante deste

serviço junto a uma agência de publicidade. Uma propaganda pode ser simples e

de baixo custo, tendo também um alto grau de receptividade. É claro que para o

desenvolvimento de uma campanha dessas, é necessário empenho muito maior

do pessoal da criação. A propaganda convencional e comercial é uma evolução

recente, pois sua idéia remete-se à propaganda ideológica proposta pela Igreja

Católica na Idade Média.

2.2.1 A IGREJA CATÓLICA

A propaganda é um recurso utilizado na vida em sociedade desde os

primórdios, tendo seu início com esta atual conjectura datado, por volta do

século XII, na época das cruzadas promovidas pela igreja católica no período da

alta Idade Média. Cruzadas essas que objetivavam expandir a ideologia do

Cristianismo/Catolicismo, propagar a fé Cristã [propagar do latim propagare]

aumentando suas riquezas, territórios e fiéis, porque quanto mais fiéis tem uma

religião, mais rica, forte e poderosa ela se torna. O ideal de expansão defendido

por intermédio do movimento denominado Cruzadas, foi acatado por muitas

pessoas que vagavam pelo mundo sem saber o que fazer da vida e acabaram

encontrando o apoio que necessitavam nesta religião, que estava se difundindo e


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hoje em dia é a maior religião do mundo, considerando tanto o aspecto com

relação ao número de fiéis, quanto, no volume riquezas e territórios que

conquistou e acumulou ao longo destes vários séculos de difusão e propagação

da fé cristã/católica.

Anterior à época do início das Cruzadas, a Igreja teve grandes

defensores da sua ideologia. Assim foi a vida de Santo Agostinho e Santo

Tomás de Aquino que se basearam em estudos empíricos das teorias e

ideologias de Platão e Aristóteles para pregar às pessoas sem religião, o quão

importante era ter uma religião para se apoiar e enfrentar as dificuldades que a

vida põe a prova.

Philip Hughes (1962, p.103) descreve sobre a primeira propaganda:

Jamais a Europa havia conhecido tão imensa e brilhante propaganda


como a que se pregou para essa Primeira Cruzada. O seu êxito foi a
mais eloqüente prova de realidade com que o espírito do homem
comum se imbuíra daquela nova reforma e da popularidade em que
era tida.

Essas ideologias foram defendidas por eles até o fim de suas vidas e a

partir dessas pressuposições, relatos e demonstrações públicas de como o

cristianismo/catolicismo era bom, benéfico para a saúde física e mental, foi que

a igreja católica idealizou o projeto de manifestação religiosa conhecida como

Cruzadas.

As cruzadas marcaram o início da propaganda e foi a partir deste

conceito (ideologia) que fora à época divulgado e também por conta da evolução

dos pensamentos e das tecnologias que se chegou ao patamar que alcançamos


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hoje dentro da publicidade e da propaganda mundial, tal qual na importância do

profissional que atua nessa área [assim como fornecedores, patrocinadores e

empresas que investem porque acreditam na funcionalidade dos recursos por

essa atividade proporcionados].

A evolução dos pensamentos passou pelo período da revolução

iluminista ou se preferir Iluminismo; com seus ideais de igualdade, liberdade e

fraternidade muito latentes na população francesa daquela época e que

posteriormente veio dar apoio ao ideal da Revolução Francesa (1789-1799),

comandada pelo general Napoleão Bonaparte. O ideal iluminista se propagou

pelo mundo inteiro levando as populações [sociedades] do planeta ainda

dependentes das economias dos países que os colonizaram, à reagir contra seus

colonizadores em consideração a exploração sofrida, é claro seguindo os ideias

de igualdade, liberdade e fraternidade propostos pelo Iluminismo na França.

Essa manifestação, liderada por intelectuais, tinha como propósito clarear os

ideais, iluminar o percentual da população com baixíssimo poder de aquisição e

analfabetos com relação as determinações da manifestação e salvar os planos

para o futuro do país. Na verdade um domínio da população local em prol de um

ideal que nem todos compartilhavam, mas aderiam porque a maioria também o

fazia.

A respeito da evolução tecnológica, já é outra estória, no entanto, foi

aí que se principiou tudo o que se pode dizer hoje sobre o que é propaganda e

suas aplicabilidades. A Europa, e principalmente a Inglaterra e a França estavam


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crescendo muito no que diz respeito a produção comercial; daí a necessidade de

se produzir com qualidade e em larga escala. Foi aí que começou o processo de

mecanização dos modos de produção, conhecido como Revolução Industrial

(XVII e XVIII).

A Revolução Industrial teve origem na Inglaterra, em decorrência de

vários fatores que no momento não nos interessa muito analisar por se tratarem

da parte inicial e intermediária deste processo. Já a parte final que implica na

necessidade [criada] de que os ingleses tinham de vender seus produtos para o

restante do planeta, muito nos interessa, porque com o acumulo de produtos e

por causa da produção intensa de matérias-primas surge uma necessidade de

vender e divulgar [propagar], tais insumos e produtos para os consumidores em

potencial [nesse caso futuros consumidores].

Para este fim fez-se necessário criar uma forma de propaganda que

levasse o consumidor a julgar imprescindível adquirir tais produtos e matérias-

primas. Mesmo sem saber que estes feitos de divulgação algum dia viriam a se

tornar uma forma de propaganda e nem mesmo usando a nomenclatura atual de

propaganda, eles já a faziam. Os anos e as décadas foram passando e o termo

propagar/divulgar veio evoluindo até chegar a meados do século XX e se firmar

como Publicidade e Propaganda: nomes dados a divulgação de

produtos/marcas/serviços [idéias e ideais]. A industrialização chegou a tão alto

patamar, que até elementos relacionados a cultura, aos costumes, a religião, etc,

passaram a incorporar tal grade de industrializados, originando o movimento


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chamado de Indústria Cultural, promovido dentro da chamada Cultura de

Massas: nada mais, nada menos do que uma comunicação voltada para atender

às necessidades de consumir da massa [sociedade consumidora].


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CAPÍTULO 3

ANÁLISE DOS FILMES

3.1 MINORITY REPORT: A NOVA LEI. UM EXEMPLO DE

MERCHANDISING COMERCIAL

3.1.1 SINOPSE DO FILME

Minority Report: A Nova Lei (2002) é um filme dirigido por Steven

Spielberg, baseado num conto de 31 páginas do mestre da ficção científica

Philip K. Dick, publicado originalmente em 1956.

No filme o ator Tom Cruise interpreta John Anderton, o chefe de um

esquadrão de polícia chamado Precrime (Pré-Crime). O filme se passa em 2054,

em Washington, onde existe uma agência policial chamada Pré-Crime que tem a

capacidade de zerar a criminalidade, ao prender futuros contraventores e

assassinos antes que eles perpetrem seus crimes. A taxa de 98,9% de elucidação

de atos criminosos da Precrime é conquistada graças à ajuda de um trio de

videntes-mutantes batizados de precogs (pré-cognitivos), que, com suas visões

premonitórias, podem antecipar cenas de futuros crimes num raio de ação de

480 quilômetros e com até duas semanas de antecedência. Os mutantes vivem

em estado de sonolência, interrompidos por visões de crimes que estão para

acontecer. Essas visões permitem que um computador indique o nome da vítima


33

e do criminoso. O trio de precogs é liderado por Agatha, interpretada pela atriz

inglesa Samantha Morton. Agatha antecipa um crime que Anderton (Tom

Cruise), o próprio chefe deste esquadrão, cometerá em 36 horas antes. Mas a

ironia é que assim que as identidades das vítimas e dos criminosos são reveladas

pelos mutantes, cabe a um time liderado pelo próprio Anderton investigar o

ocorrido.

3.1.2 A PROPAGANDA CONTIDA NO FILME

No decorrer dos 144 minutos [total] do filme, são registrados 15

comerciais embutidos, sendo que desses 15, repetidas vezes somam um total de

28 aparições de produtos. A publicidade no cinema nunca foi tão longe. E não

há apenas aparições de marcas e produtos em algumas cenas, há seqüências

inteiras feitas para mostrar apenas um nome.

Esta ação de Merchandising, conhecida profissionalmente no “meio”

cinematográfico como product placements (colocação de produtos), segundo

FORLANI; BARBA (2002), “renderam aos estúdios 20th Century Fox e

DreamWorks US$ 25 milhões, em um orçamento total de US$ 102 milhões em

Minority Report”.

Vejamos a seguir as aparições dos produtos e marcas no filme:


34

Figura 01 – Merchandising do Jornal USA Today. Cena 1 (0:05:20). Duração: 2 segundos.


Fonte: Minority Report: A Nova Lei (2002)

Figura 02 – Merchandising do Jornal USA Today. Cena 8 (0:47:15). Duração: 7 segundos.


Fonte: Minority Report: A Nova Lei (2002)

Na figura 1 podemos registrar o momento do filme em que a primeira

marca aparece. É a marca de um jornal norte-americano USA Today, muito

conhecida em seu país de origem, porém com pouca representatividade e pouco

conhecida no restante do mundo. A marca se enreda bem, durante a cena de sua

aparição, momento em que se inicia a história e no restante de todo o filme. No

instante de sua inserção o personagem principal do filme, John Anderton faz

uma busca em seus arquivos, de elementos que possam levá-lo a encontrar o


35

local de origem, onde procederá um assassinato, caso a equipe do Pré-Crime

não chegue a tempo de impedir, neste momento John busca na primeira página

do jornal USA TODAY, o nome do assinante, sobre vários ângulos já que o

equipamento que ele está utilizando assim lhe permite.

Na figura 2 é mostrado novamente a aparição do Jornal USA Today.

Cronologicamente é a décima primeira marca/produto a ser inserida na

sequencia da trama. Nesta cena em uma circunstância diferente da primeira, no

instante da aparição, John Anderton está sentado dentro de um trem do metrô, e

um homem lendo o Jornal USA Today, que é digital, vê a foto de Anderton e o

reconhece sentado no mesmo vagão.

Figura 03 – Merchandising do relógio da marca Bulgari. Cena 7 (0:41:39). Duração: 4 segundos.


Fonte: Minority Report: A Nova Lei (2002)
36

Figura 04 – Merchandising da marca do perfume Bulgari. Cena 8 (0:46:20). Duração: 2 segundos.


Fonte: Minority Report: A Nova Lei (2002)

Figura 05 – Merchandising do relógio da marca Bulgari. Cena 16 (1:27:46). Duração: 3 segundos.


Fonte: Minority Report: A Nova Lei (2002)

Figura 06 – Merchandising do relógio da marca Bulgari. Cena 17 (1:38:46). Duração: 3 segundos.


Fonte: Minority Report: A Nova Lei (2002)
37

Figura 07 – Merchandising do relógio da marca Bulgari. Cena 18 (1:40:34). Duração: 2 segundos.


Fonte: Minority Report: A Nova Lei (2002)

Figura 08 – Merchandising do relógio da marca Bulgari. Cena 18 (1:45:54). Duração: 3 segundos.


Fonte: Minority Report: A Nova Lei (2002)

Figura 09 – Merchandising do relógio da marca Bulgari. Cena 18 (1:46:14). Duração: 3 segundos.


Fonte: Minority Report: A Nova Lei (2002)
38

Nas figuras 3, 5, 6, 7, 8 e 9 é registrado a segunda aparição de uma

marca/produto. A marca/produto em questão é um relógio de pulso da marca

Bulgari. Nos instantes em que estes são inseridos no contexto do filme, John

Anderton, marca no relógio quanto tempo ele terá para provar sua inocência. O

relógio sempre é mostrado em super closes o que evidencia a marca. Com

exceção da figura 4, que é a sétimo produto, só que da mesma marca do relógio,

a aparecer no filme é o perfume BLV da marca Bulgari. O frasco do perfume é

mostrado numa vitrine, no formato de uma animação virtual, enquanto John

Anderton anda em um local de evento.

Figura 10 – Merchandising do marca Aquafina. Cena 7 (0:42:35). Duração: 3 segundos.


Fonte: Minority Report: A Nova Lei (2002)

Na figura 10 vemos a terceira marca de um produto a ser apresentada

no filme. É a marca de água mineral com o nome de Aquafina, que é mostrada

em dois momentos seqüenciais; o primeiro junto a parede lateral direita de um

túnel, onde trafegam vários veículos e o segundo, segundos depois em um dos

automóveis que por ali transita como se fosse um veículo de entregas da água da
39

empresa. Esta segunda dura cerca de 2 segundos, totalizando 5 segundos de

exposição da marca Aquafina.

Figura 11 – Merchandising da marca Reebok. Cena 7 (0:42:39). Duração: 2 segundos.


Fonte: Minority Report: A Nova Lei (2002)

Figura 12 – Merchandising da marca Reebok. Cena 14 (1:17:50). Duração: 2 segundos.


Fonte: Minority Report: A Nova Lei (2002)

Na figura 11 a quarta marca a ser inserida no contexto do filme é a

marca de tênis Reebok. Esta aparece logo após a marca de água mineral

Aquafina, na mesma parede lateral direita do túnel. Sua aparição é muito rápida,
40

durando aproximadamente 2 segundos, o que talvez dificulte um pouco sua

identificação, mas por menor que tenha sido esta inserção, esta ainda sim é

considerado uma ação de Merchandising, e o investimento desta marca

contribuiu para custear a produção do filme. E na figura 12 próximo ao término

do filme a marca Reebok é apresentada mais uma vez em uma aparição que dura

próximo de 2 segundos.

Figura 13 – Merchandising da marca Nokia. Cena 8 (0:42:54). Duração: 2 segundos.


Fonte: Minority Report: A Nova Lei (2002)

Figura 14 – Merchandising da marca e produto da empresa Nokia. Cena 8 (0:46:21). Duração: 3 segundos.
Fonte: Minority Report: A Nova Lei (2002)
41

Na figura 13 percebemos a aparição da quinta marca de um produto a

ser inserida na história do filme. É a marca Nokia, sendo esta uma marca muito

conhecida internacionalmente pela produção de celulares. No entanto o que mais

nos intrigou, foi constatar a aparição da marca em um aparelho semelhante a um

notebook, mas que é utilizado como forma de comunicação entre os personagens

principais. Contudo a empresa Nokia atualmente não fabrica este tipo de

aparelho. Estas aparições se dão em intervalos de aproximadamente 2 segundos,

totalizando aproximadamente 12 segundos. Segundo FORLANI; BARBA

(2002) a “Nokia teria pago US$ 2 milhões para desenhar estes aparelhos de

comunicação futuristas usados pelos personagens principais e seus

companheiros de combate ao crime”. Minority Report pode ser uma mostra,

uma prévia, no presente de como estes produtos vão ser na vida das pessoas

futuramente.

Figura 15 – Merchandising da marca Lexus. Cena 8 (0:46:14). Duração: 7 segundos.


Fonte: Minority Report: A Nova Lei (2002)
42

Figura 16 – Merchandising da marca Lexus. Cena 20 (1:54:59). Duração: 3 segundos.


Fonte: Minority Report: A Nova Lei (2002)

Na figura 15 vemos a sexta marca de um produto a aparecer e talvez a

que mais tenha investido na produção. É a marca Lexus de uma empresa

automotiva pertencente a Toyota. Esta marca de carro é apresentada em uma

vitrine em forma de animação visual em terceira dimensão e sonora quando o

agente John Anderton passa próxima a esta vitrine é anunciado por uma locução

feminina a marca do carro. Na cena em que esta é inserida, inicia-se uma

seqüência de aparições de outros produtos/marcas. Segundo FORLANI;

BARBA (2002) a “Toyota teria pago US$5 milhões para desenvolver os

automóveis do futuro. E ainda o cineasta, por sua vez, ganhou da Toyota um

Lexus SC 430 conversível, que custa US$62 mil”.

Na figura 16, perto do final do filme, vemos novamente a marca

Lexus aparecer explicitamente na forma de um símbolo na frente e acima do

capô do carro de Anderton.


43

A aliança entre o cinema e a indústria automobilística é um casamento

de interesses. O carro tornou-se parte indispensável em filmes de ação, que

apelam a perseguições de rua e acidentes com explosões como ferramenta

dramática corriqueira. Tais cenas eletrizam os espectadores, ainda que vendam

uma imagem obviamente fictícia e até mesmo distorcida. Carros de verdade não

costumam resistir aos acidentes e solavancos impostos pelas filmagens [por isso,

são usados vários modelos idênticos], nem produzem explosões tão vistosas.

Para as montadoras, a exibição de carros em filmes garante uma

propaganda duradoura e eficiente. Um sucesso de bilheteria tem o dom de

eternizar a imagem de um carrão. A depender do preço do modelo, uma inserção

num filme ajuda a alavancar as vendas.

Figura 17 – Merchandising da marca Guinness. Cena 8 (0:46:30). Duração: 3 segundos.


Fonte: Minority Report: A Nova Lei (2002)

Na figura 17 é a cena do filme em que é mostrada a marca de uma

cerveja. No decorrer da seqüência de inserções de Merchandising esta marca de

cerveja de nome Guinness Draught, é apresentada dentro de um copo de chope


44

animado visualmente, tendo a marca destacada em letras grandes junto a vitrine

de uma loja, e sonoramente por uma locução feminina convidando o agente

Anderton a tomar esta cerveja.

Figura 18 – Merchandising da marca American Express. Cena 8 (0:46:38). Duração: 3 segundos.


Fonte: Minority Report: A Nova Lei (2002)

Na figura 18 destacamos a aparição da marca de cartões de crédito

American Express. A marca deste produto/serviço é mostrada no filme também

numa apresentação de animação gráfica. A marca American Express é muito

conhecida mundialmente.

Figura 19 – Merchandising da marca Kawasaki. Cena 9 (0:54:02). Duração: 2 segundos.


Fonte: Minority Report: A Nova Lei (2002)
45

Na figura 19 percebemos a aparição no filme da marca de uma

montadora japonesa de motos. No filme a marca aparece em um braço

mecânico de um robô na montadora automotiva do carro Lexus.

Figura 20 – Merchandising da marca FOX. Cena 13 (1:16:40). Duração: 4 segundos.


Fonte: Minority Report: A Nova Lei (2002)

Na figura 20 vemos na cena do filme marca FOX sendo exibida em

um telão dentro de uma casa. A marca FOX é um canal de TV por assinatura

que é pertencente a umas das mesmas empresas produtoras do filme.

Figura 21 – Merchandising da marca GAP. Cena 16 (1:28:30). Duração: 30 segundos.


Fonte: Minority Report: A Nova Lei (2002)
46

Na figura 21 é mostrada no filme o momento em que a marca GAP é

apresentada na forma de um comercial interativo e animado. Este comercial é

feito no interior da loja. Durante o passeio do agente John Anderton pelo interior

da loja, é mostrado a marca GAP em vários momentos e em diferentes formas.

A marca GAP é uma empresa do setor de moda muito conhecida e de muito

prestígio no mundo todo.

Figura 22 – Merchandising da marca Ben & Jerry’s. Cena 17 (1:35:33). Duração: 5 segundos.
Fonte: Minority Report: A Nova Lei (2002)

Na figura 22 é a mostrado o momento do filme em que a marca de

sorvetes Ben & Jerry’s aparece. Este é o momento que John Anderton e a precog

Agatha fogem dos policiais do pré-crime em um shopping center da cidade de

Washington. A marca/loja, são apresentados no fundo da cena por pouco mais

de 5 segundos.
47

Figura 23 – Merchandising da marca U.S.News. Cena 17 (1:35:55). Duração: 2 segundos.


Fonte: Minority Report: A Nova Lei (2002)

Na figura 23 vemos no filme a marca da revista U.S.News

aparecendo. Esta revista existe atualmente com o mesmo nome, entretanto no

filme a revista desta marca é apresentada com um tamanho semelhante às atuais,

no entanto ela é uma revista digital igual ao sistema do jornal USA Today que

aparece ao longo do filme. Em suas capas e páginas a notícia é mostrada em

movimento.

Figura 24 – Merchandising da marca Pepsi. Cena 17 (1:37:10). Duração: 6 segundos.


Fonte: Minority Report: A Nova Lei (2002)
48

Na figura 24 é o momento do filme que a marca de refrigerantes Pepsi

aparece num placar digital junto ao piso superior de um shopping center,

segundos após os policiais do alto do mesmo andar, tentarem localizar os

fugitivos John Anderton e Agatha a precog.

Figura 25 – Merchandising da marca Revo. Cena 17 (1:38:39). Duração: 2 segundos.


Fonte: Minority Report: A Nova Lei (2002)

Figura 26 – Merchandising da marca Revo. Cena 17 (1:38:55). Duração: 3 segundos.


Fonte: Minority Report: A Nova Lei (2002)
49

Nas figuras 25 e 26 são mostrados os momentos em que aparecem a

última marca. Revo é a marca de uma empresa fabricante de óculos. No filme

ela é apresentada no momento em que o filme se aproxima cada vez mais do

clímax. O formato da mídia utilizado como forma de anúncio desta marca, já

havia aparecido antes no filme no momento em que os precogs prevêem o

assassinato que John Anderton irá cometer, o que cria uma expectativa no

público espectador muito grande. A marca é apresentada por pouco mais de 2

segundos.

3.2 INDEPENDENCE DAY. UM EXEMPLO DE MERCHANDISING

IDEOLÓGICO

3.2.1 SINOPSE DO FILME

No filme no dia 2 de julho os sistemas de comunicação do mundo

inteiro se transformam em um caos, devido à uma estranha interferência

atmosférica. Logo se descobre que enormes objetos estão em curso de colisão

com a Terra. Inicialmente imagina-se que se tratam de meteoros, mas logo se

revela ser na verdade uma imensa nave espacial pilotada por alienígenas. Após

frustradas tentativas de se comunicar com os extra-terrestres, um técnico em

comunicação descobre que os seres do espaços estão usando os satélites

terrestres para se comunicarem e iniciarem em menos de um dia um ataque


50

conjunto nas principais cidades do planeta. No dia 3 de julho o ataque alienígena

começa de forma esmagadora e nem armas nucleares conseguem destruir a

blindagem protetora. Mas no dia 4 de julho surge uma possibilidade de vencer o

invasor e nesta hora todas as nações precisam se unir, pois está em jogo a

existência da raça humana.

3.2.2 A PROPAGANDA CONTIDA NO FILME

Mostraremos a seguir imagens das cenas do filme que contêm

símbolos norte-americanos [EUA] e uma transcrição do áudio de um discurso da

figura do presidente no filme Independence Day (1996), em que percebemos as

ações de propagandas ideológicas.

Figura 27 – Bandeira dos Estados Unidos da América na Lua. (0:00:44). Duração: 16 segundos.
Fonte: Independence Day (1996)
51

Figura 28 – Estátua Símbolo da Resistência dos EUA. (0:04:06). Duração: 3 segundos.


Fonte: Independence Day (1996)

Figura 29 – Estátua da Liberdade. (0:07:57). Duração: 1 segundo.


Fonte: Independence Day (1996)

Figura 30 – Inscrição no livro da Estátua da Liberdade. (0:07:59). Duração: 1 segundo.


Fonte: Independence Day (1996)
52

Figura 31 – Símbolo dos EUA no chão da sala principal da Casa Branca. (0:16:00). Duração: 5 segundos.
Fonte: Independence Day (1996)

Figura 32 – Bandeira dos EUA ao fundo do presidente no filme. (0:16:48). Duração: 5 segundos.
Fonte: Independence Day (1996)

Figura 33 – Carta da NASA. (0:34:44). Duração: 5 segundos.


Fonte: Independence Day (1996)
53

Figura 34 – Avião Força Aérea Um do presidente dos EUA. (0:00:56). Duração: 5 segundos.
Fonte: Independence Day (1996)

Figura 35 – Bandeira dos Estados Unidos da América. (1:54:44). Duração: 3 segundos.


Fonte: Independence Day (1996)

Nas figuras 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34 e 35 podemos observar que

os símbolos norte-americanos [EUA] que aparecem nas cenas do filme

Independence Day (1996) são sempre destacados com muita relevância,

exacerbação e objetividade, a fim de glorificar e engrandecer aquele país em

todos os sentidos, especialmente o bélico, tecnológico, econômico e social.


54

Figura 36 – Sacrifício. (2:15:38). Duração: 53 segundos.


Fonte: Independence Day (1996)

Nesta Figura 36 vemos o momento em que um cidadão norte-

americano se sacrifica para poder salvar a humanidade. Dentro desta linha de

pensamento podemos perceber toda a ideologia do salvacionismo dos EUA para

com a humanidade.

Figura 37 – Discurso do presidente. (1:55:23). Duração: 93 segundos.


Fonte: Independence Day (1996)
55

Na figura 37 vemos o momento que o personagem do presidente dos

EUA no filme faz um discurso para as pessoas que irão pilotar os aviões no

confronto com os alienígenas. Vejamos a transcrição do áudio do discurso 3 do

presidente no filme Independence Day [VHS] neste momento:

[...] Senhores. Em menos de uma hora, aviões daqui irão encontrar-se


com aviões do mundo inteiro e vocês estarão iniciando a maior
batalha aérea da história da humanidade. Humanidade, hoje esta
palavra deve ter um novo significado para todos nós. Não podemos
mais nos desgastar com nossas disputas mesquinhas. Estaremos
unidos por um interesse comum. Talvez seja destino que hoje seja
Quatro de Julho, e vocês estejam outra vez lutando por nossa
liberdade, não contra a tirania, opressão ou perseguição, mas contra a
aniquilação estamos lutando pelo nosso direito de viver, de existir, e
triunfando nesse dia, o Quatro de Julho não será mais conhecido
apenas como um feriado americano, mas como o dia em que o mundo
inteiro declarou com uma só voz, calados na noite: “Não vamos
entrar! Não desapareceremos sem lutar! Nós vamos viver!, Nós vamos
sobreviver!” Hoje nós celebraremos nosso dia da independência.

Podemos ver por este discurso e pelas figuras simbólicas dos signos

norte-americanos, que aparecem no filme de forma concisa e lógica, toda a

linguagem da ideologia da Doutrina Monroe que foi escrita e entrou em vigor no

3
A seguir oferecemos, por nós, as transcrições das legendas em inglês [idioma original do filme] e em
português, do discurso do personagem do presidente no filme [em DVD] INDEPENDENCE Day (1996).
Inglês: [...] Bom dia. Em menos de uma hora, estes aviões se juntarão a outros de todos os cantos do mundo e
vocês darão início a maior batalha aérea da história da humanidade. Humanidade, esta palavra deverá ter um
outro sentido para nós. Não podemos mais ser consumidos por pequenas diferenças. Estaremos unidos por um
interesse comum. Talvez seja destino que hoje seja o Quatro de Julho, e vocês estarão novamente lutando por
nossa liberdade. Não contra tirania, opressão ou perseguição, mas contra total aniquilação. Estamos lutando por
nosso direito de viver, de existir. E quando ganharmos o dia, o Quatro de Julho não será mais apenas uma data
americana, mas o dia em que o mundo inteiro declarou em uma só voz: “Nós não nos entregaremos em silêncio!
Nós não vamos sucumbir sem brigar! Nós continuaremos! Nós vamos sobreviver!” Hoje nós celebraremos nosso
Dia da Independência.
Português: [...] Good morning. Good morning. In less than an hour, aircraft from here will join others from
around the world. And you will be launching the largest aerial battle in the history of mankind. Mankind. That
word should have new meaning for all of us today. We can’t be consumed by our petty differences any more.
We will be united in our common interest. Perhaps it’s fate that today is the Fourth of July. And you will once
again be fighting for our freedom. Not from tyranny, oppression or persecution. But from annihilation. We’re
fighting for our right to live. To exist. And should we win the day, the Fourth of July will no longer be know as
an American holiday, but as the day when the world declared in one voice, “we will not go quietly into the night!
We will not vanish without a fight! We’re going to live on! We’re going to survive!” Today, we celebrate our
Independence Day.
56

ano de 1823. Sobre esta Doutrina vejamos uma publicação de SCHILLING

(2003):

A Doutrina Monroe tornou-se o pilar das relações dos Estados Unidos


para com o mundo daquela época e para com os seus vizinhos. Mas,
com o passar do tempo, a mesma serviu como pretexto para os mais
variados intervencionismos norte-americanos no continente e áreas
contíguas.
Os princípios enumerados nela eram basicamente defensivos, mas
com noções extraterritoriais de governo. Os Estados Unidos se
colocavam como protetores das nações latino-americanas recém-
emancipadas, repudiando qualquer intervenção armada programada
pela Santa Aliança.

No discurso contido no filme, onde os EUA se colocam como os

defensores do mundo inteiro, falam pelo mundo todo, e também criam uma

guerra de interesses comum, tentam idealizar a noção da abrangência territorial.

De acordo com a matéria de GARZON (2004):

New Orleans Creole Courier, dia 27 de janeiro de 1855 disse: “A pura


raça anglo-americana está destinada a estender-se por todo o mundo
com a força de um tufão”. [...]
George W. Bush, em 11 de setembro de 2002, um ano após o
incidente 11 de Setembro, em um discurso disse que “hoje, a
humanidade tem em suas mãos a oportunidade para um grande triunfo
da liberdade sobre todos os seus antigos adversários. Os Estados
Unidos aceitam de bom grado sua responsabilidade de liderar esta
grande missão”. [sem grifo no original]

A idéia destas citações de New Orleans Creole Courier e George W.

Bush é uma ocorrência da idéia central da história do filme. Podemos identificar

essas idéias como possessivas, etnocêntricas, arrogantes e de autoliderança, ou

seja, a titulação de responsabilidades de liderança por ele mesmo. No filme os

EUA são mostrados com supremacia, como uma potência mundial que detém a

solução para a salvação do planeta contra os alienígenas.


57

Sobre a questão de extraterritorialidade presente na história do filme

podemos associar a realidade presente e atual do governo norte-americano, à

análise do sociólogo Octávio Ianni (apud COSTA, 2002. p. 15) quando ele diz

que: “A ideologia norte-americana também supõe que há sempre uma fronteira

ilimitada a expandir: para a América, para o Oeste, para o Pacífico e, agora, a

fronteira é transnacional, planetária” [...]

Ainda sobre a questão de fronteiras Octávio Ianni (apud COSTA, op.

cit.. p. 16, passim) fala:

A ideologia da supremacia está profundamente enraizada na história


norte-americana. [...]
[...] Esses cinco elementos da ideologia norte-americana – as idéias de
excepcionalidade; destino divino; inimigo presente; missão
civilizatória e fronteira ilimitada – vêm sendo criados e recriados ao
longo de sua história. Agora, com George W. Bush, essa idéias e,
portanto, a noção de supremacia, estão assumindo um caráter ainda
mais truculento, pois, apesar de ele não ter categoria de estadista, tem
uma assessoria de direita extremamente intolerante, que alimenta seu
discurso. Por isso digo que os Estados Unidos estão acometidos de um
fundamentalismo calvinista enlouquecido, convencidos de que estão
travando uma guerra santa contra o mal. A elite dominante
continuamente elege e cria inimigos – índios, amarelos, nazistas,
terroristas, comunistas, narcotraficantes, fundamentalistas islâmicos –
e, para combatê-los, mobiliza e inventa meios, fabricando uma guerra.
[...]

Os alienígenas no filme são uma indicação fictícia que deixa

transparecer um resquício da ideologia que o governo dos EUA têm de criar

inimigos. A estabilidade generalizada daquele país gera neles uma idéia de

instabilidade no restante do mundo. Assim eles se sentem no direito e dever de

mostrar, às vezes de forma agressiva, para o restante do mundo como uma

cultura deve ser para atingir um nível alto de benefícios [American Way of Life],
58

com isso eles conseguem inventar um inimigo e depois tentam civilizá-lo,

dominá-lo ou exterminá-lo.

A cultura dos EUA é muito bem assimilada pelas outras culturas

porque é divulgada de modo hábil e, às vezes, truculenta [coerciva]. Como

exemplo de forma coerciva podemos perceber pelas guerras que são feitas por

este país em terras estrangeiras, e de forma hábil podemos citar o cinema como

um grande transformador de ideologias no molde norte-americano.


59

CONCLUSÃO

Por meio deste trabalho objetivamos salientar como se deu a evolução

do Merchandising, analisando primeiramente o surgimento da propaganda no

período Medieval até chegarmos no que se culminou chamar de Merchandising.

Foram analisados os primeiros conceitos sobre tal ferramenta chegando à

conotação a qual fizemos uso neste estudo científico sobre o Merchandising no

cinema norte-amerciano como estratégia comercial e ideológica. As análises dos

dois filmes produzidos por empresas dos EUA nos motivou e permitiu

desenvolver e concluir sobre o processo evolutivo do Merchandising no cinema,

a partir das teorias de dois grandes pensadores do período medieval acerca do

projeto de divulgação da mensagem da Igreja Católica, historicamente

conhecido como As Cruzadas, o Iluminismo e a Revolução Industrial.

Avaliamos também a atuação da mensagem subliminar no subconsciente do

espectador que, na maioria das vezes, são submetidos a este tipo de mensagem

sem a perceberem de forma consciente, mas registram no limiar da

subconsciência a mensagem, registrando-a definitivamente. Este registro passa

da subconsciência para a consciência no momento em que a mensagem é

percebida em outros lugares.

Os filmes de origem norte-americana são os que mais se utilizam

dessa técnica de Merchandising porque hoje os EUA são a maior potência

mundial, tendo dentro de suas fronteiras territoriais um grande número de


60

empresas e capital. Assim essas empresas sucumbidas pela saturação do

mercado interno visam aumentar seus ganhos partindo para o mercado

consumidor externo, e uma funcional forma de divulgar seus produtos ou idéias,

é incluindo-as nas grandes produções do cinema.

Analisando o tempo de 144 minutos totais do filme Minority Report, 2

minutos são referentes ao espaço ocupado pelas inserções publicitárias.

Calculando estes dados constatamos que todas essas inserções representam

1,14% do tempo total do filme. No entanto estes 2 minutos foram responsáveis

por 25% do custo total [US$ 102 milhões] do filme. No filme Independence

Day, no qual, foi analisado o Merchandising Ideológico, dos 147 minutos do

tempo total do filme, a participação das inserções de idéias e símbolos,

construindo assim parte da ideologia norte-americana, é de aproximadamente 4

minutos, representando assim cerca de 2,72% do tempo total do filme, podendo

ou não, estas inserções serem advindas de patrocínios.

As hipóteses levantadas sobre a propaganda estar presente na maioria

dos filmes norte-americanos, a técnica de Merchandising ser uma forma de

custear a produção de filmes, que os produtos marcas e idéias que aparecem nas

cenas dos filmes serem colocadas de maneira adequada e com um propósito,

assim como a maioria das inserções de Merchandising serem percebidas de

forma indireta, ou seja, subconscientemente, pelo público espectador, são todas

procedentes.
61

Gostaríamos de deixar registrado que a propaganda não pode ser

considerada um produto [apesar de, no cinema atualmente ela está sendo

considerada como um], pois o espectador quando paga para assistir a um filme

objetiva um entretenimento e não um consumo.

Concluímos de forma precisa que até no Merchandising Comercial a

divulgação de produtos e marcas conseguem construir uma ideologia forte do

capitalismo e do consumismo. Existem trabalhos mais específicos sobre a

eficácia acerca da divulgação e da assimilação das mensagens inseridas nos

filmes, entretanto não foi nossa intenção esgotar o tema.


62

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520:


Apresentação de citação de documentos. Rio de Janeiro. ago. 2002.

____________. NBR 6023. Informação, Documentação, Referências e


Elaboração. Rio de Janeiro. ago. 2002.

____________. NBR 14724. Informação e documentação. Trabalhos acadêmicos.


Apresentação. Rio de Janeiro. ago. 2002.

BARROS, Aidil Jesus Paes de; LEHFELD, Neide Ap de Souza. Fundamentos de


Metodologia. 2. ed. São Paulo: Makron Books, 2000.

BERNADET, Jean-Claude. O que é Cinema? 2. ed. São Paulo: Nova Cultura


Brasiliense, 1990. p. 77.

COSTA, Vera Rita da. Entrevista com Octávio Ianni. 11 de Setembro, um ano
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HUGHES, Philip. História da Igreja Católica. 2. ed. São Paulo: Dominus S/A,
1962. p.103.
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INDEPENDENCY Day. Direção: Roland Emmerich. Produção: Roland Emmerich.


Elenco: Will Smith (Capitão Steven Hiller), Bill Pullman (Presidente Thomas J.
Whitmore), Jeff Goldblum (David Levinson), Mary McDonnell (Marilyn
Whitmore), Judd Hirsch (Julius Levinson), Robert Loggia (General William Grey),
Randy Quaid (Russell Casse), Margaret Colin (Constance Spano). Roteiro: Roland
Emmerich (executivo) e Dean Devlin. Produção: Roland Emmerich (executivo),
Ute Emmerich (executivo), William Fay (executivo), Lincoln D. Hiatt e Peter
Winther (associado). Cenografia: Mick Curkurs, Jim Erickson, Sean Haworth,
Pamela Klamer e Julia Levine: Figurino: Joseph Porro. Design de Som: Chris
Carpenter, Jeff Wexler. Maquiagem: Michael F. Blake, Katalin Elek. Edição:
David Brenner. Fotografia: Karl Walter Lindenlaub. Canção/Trilha Sonora: David
Arnold. Desenho de Produção: Oliver Scholl. EUA. 1996. 2 DVD (147 min), (leg).
widescreen anamórfico, color, son. Produzido por 20th Twentieth Century Fox.

INDEPENDENCY Day. Direção: Roland Emmerich. Produção: Roland Emmerich.


Elenco: Will Smith (Capitão Steven Hiller), Bill Pullman (Presidente Thomas J.
Whitmore), Jeff Goldblum (David Levinson), Mary McDonnell (Marilyn
Whitmore), Judd Hirsch (Julius Levinson), Robert Loggia (General William Grey),
Randy Quaid (Russell Casse), Margaret Colin (Constance Spano). Roteiro: Roland
Emmerich (executivo) e Dean Devlin. Produção: Roland Emmerich (executivo),
Ute Emmerich (executivo), William Fay (executivo), Lincoln D. Hiatt e Peter
Winther (associado). Cenografia: Mick Curkurs, Jim Erickson, Sean Haworth,
Pamela Klamer e Julia Levine: Figurino: Joseph Porro. Design de Som: Chris
Carpenter, Jeff Wexler. Maquiagem: Michael F. Blake, Katalin Elek. Edição:
David Brenner. Fotografia: Karl Walter Lindenlaub. Canção/Trilha Sonora: David
Arnold. Desenho de Produção: Oliver Scholl. EUA. 1996. 1 VHS (144 min), (dub).
color, son. Produzido por 20th Twentieth Century Fox.

MCLUHAN, Marshall. Os meios de Comunicação como extensões do Homem. 3.


ed. São Paulo: Cultrix, 1964. p. 35.

MINORITY Report. Direção: Steven Spielberg. Produção: Jan De Bont. Elenco:


Tom Cruise (John Anderton); Colin Farrell (Ed Witwer); Samantha Morton
(Agatha); Jessica Capshaw (Evanna); Kathryn Morris (Lara Anderton); Max Von
Sydow (Lamar Burgess); Peter Stormare (Dr. Solomon); Caroline Langerfeldt
(Greta van Eyck); Ramona Badescu; Daniel London (Wally). Roteiro: Jon Cohen,
Scott Frank. Trilha Sonora: Janusz Kaminski. Fotografia: Janusz Kaminski. Edição:
John Williams. EUA. 2002. 2 DVD (144 min), (dub), (leg). Widescreen, color, son.
Produzido por DreamWorks e 20th Twentieth Century Fox. Baseado no conto de
Philip K. Dick.
64

OLDENBOURG, Zoe. As Cruzadas. 2. ed.. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,


1968.

RABAÇA, Carlos Alberto; BARBOSA, Gustavo Guimarães. Dicionário de


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