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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÓMICAS

Licenciatura em Agronomia, 4º Ano, 1º sementre, 6 º grupo.

Cadeira:
Planeamento e Uso de Terra

Tema:
A reforma da terra e gestão comunitária dos recursos naturais da Zâmbia

Docente:
Eng.º: Samuel Nito Miguel Mussava, MSc.

Cuamba, Março de 2023


A reforma da terra e gestão comunitária dos recursos naturais da Zâmbia

Elementos do grupo:

Argélio António Vatiua

Chicoco Rachide

Helena Lino Jorge Teca

Pércamo Ramadane

Pincha Mucupale

Sílvia da Lizete Constantino

Trabalho de pesquisa apresentado como


parte da avaliação na cadeira de
Planeamento e Uso de Terra, orientado
pelo docente da cadeira: Eng.º: Samuel
Nito Miguel Mussava, MSc., de modo a
obter conhecimentos da área de
Agronomia.

Cuamba, Março de 2023

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Índice

1.1. Introdução.............................................................................................................................4

1.2. Objectivos.............................................................................................................................5

1.3. Metodologia..........................................................................................................................6

2. CAPÍTULO II: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................................7

2.1. REFORMA DE TERRA E GESTÃO COMUNITÁRIA DOS RECURSOS NATURAIS


DA ZÂMBIA...................................................................................................................................7

2.1.1. Antecedentes históricos.....................................................................................................7

2.1.2. Legislação e regulamentação de terras..............................................................................8

2.1.3. Classificações de posse de terra......................................................................................11

2.1.4. Questões de direitos fundiários comunitários.................................................................12

2.1.5. Tendências de uso do solo..............................................................................................12

2.1.6. Investimentos e aquisições de terras...............................................................................13

2.1.7. Direitos da mulher à terra................................................................................................14

2.1.8. Questões de terra em zona urbana...................................................................................15

2.1.9. Inovações na governança de terras..................................................................................16

2.1.10. Linha do tempo - marcos na governança da terra...........................................................17

2.1.11. GESTÃO COMUNITÁRIA DOS RECURSOS NATURAIS NA ZÂMBIA................17

2.1.11.2. Nutrição e agronegócio.................................................................................................18

3. CAPÍTULO III: CONCLUSÕES/CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................22

3.1. Conclusão...........................................................................................................................22

4. CAPÍTULO IV: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................23

4.1. Referências bibliograficas..................................................................................................23

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1. CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

1.1. Introdução
Ao longo de sua história pós-colonial, a Zâmbia tem tido uma forte dependência das receitas
provenientes da mineração. Na independência, os recursos de cobre do país foram a principal
fonte de divisas e de emprego no sector formal. Cinco anos após a independência, o governo
zambiano nacionalizou as minas de cobre, procurando recuperar o controle de multinacionais
estrangeiras. Mushinge, A. (2020). A Lei de 1975 (Conversão de Títulos) introduziu um
programa de nacionalização de terras, conferindo todas as terras da Zâmbia ao Presidente, a ser
mantida perpetuamente por ele para e em nome do povo da Zâmbia. A posse da terra foi
substituída por arrendamentos legais renováveis por um período máximo de 99 anos, em vigor a
partir de 1º de Julho de 1975. Esta Lei foi emendada em 1985 para permitir aos não
zambianos(as) adquirir acesso à terra através de concessões ou compra de títulos de
arrendamento, desde que tivessem sanção estatal. Honig, L. and B. P. Mulenga (2015).

Os processos de conversão de terras, independentemente da relativa formalidade ou


informalidade das transacções, têm levantado preocupações persistentes sobre a eficácia da
protecção legal daqueles que exercem direitos consuetudinários sobre as terras designadas para a
alienação. Os titulares de direitos de terra devem ser consultados e concordar com qualquer
proposta de conversão de terra que tenha impacto sobre seus direitos fundiários. Honig, L. and B.
P. Mulenga (2015).

A terra tradicional é legalmente mantida em confiança pelo Presidente através das autoridades
tradicionais e dos 288 chefes da Zâmbia em nome do povo. Os direitos à terra consuetudinária
podem variar de acordo com as práticas costumeiras prevalecentes e as normas associadas aos
sistemas de herança patrilinear ou matrilinear, mas há mais pontos em comum do que diferenças.
Oficialmente, os direitos à terra comunal não podem ser comprados ou vendidos, embora, como
discutido acima, existam mercados informais de terra activos. Mudenda, M. M. (2006).
Governos zambianos posteriores argumentaram que há quantidades significativas de terras
subutilizadas nas áreas comunais, que se forem convertidas em arrendamentos legais poderiam
atrair investimentos e criar oportunidades de emprego e outros benefícios económicos para o país
como um todo. Mudenda, M. M. (2006).

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1.2. Objectivos

1.2.1. Geral:
 Estudar a reforma da terra e gestão comunitária dos recursos naturais da Zâmbia.

1.2.2. Específicos:
 Descrever os antecedentes históricos,
 Transcrever as legislações da terra da Zâmbia e
 Caracterizar a gestão comunitária dos recursos naturais da Zâmbia.

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1.3. Metodologia
Na obtenção dos conteúdos do trabalho, optou-se na utilização de computador e telefone. No
entanto, também na elaboração deste trabalho baseou-se em alguns manuais consultados em
diversos sites da internet Google académica. A metodologia para elaboração deste trabalho foi de
acordo com a pesquisa qualitativa de levantamento bibliográfico de forma exploratória.

Opta-se por várias formas para a colecta e organização de informações obtidas através de uma
pesquisa, ou estudo. No entanto, também na elaboração deste trabalho baseou-se em algumas
monografias encontradas na biblioteca da Universidade Católica de Moçambique, (UCM),
Faculdade de Ciências Agronómicas (FCA).

Desta feita, citam-se no geral os seguintes:

 Documentos em formato PDFs;


 Livros de referência citada.
 Monografias.

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2. CAPÍTULO II: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. REFORMA DE TERRA E GESTÃO COMUNITÁRIA DOS


RECURSOS NATURAIS DA ZÂMBIA

2.1.1. Antecedentes históricos


A Zâmbia é uma ex-colónia britânica que obteve a independência em 1964. Muito dependente
das receitas da mineração de cobre e cobalto, a economia tem sido vulnerável ao aumento e
queda dos preços das commodities ao longo dos séculos 20 e 21. A Zâmbia é um dos países
menos densamente povoados da África que é frequentemente caracterizado como sendo "terra
abundante". Mushinge, A. (2020).

Embora a maior parte da terra na Zâmbia permaneça sob sistemas de posse habituais, houve
mudanças significativas na quantidade de terra que foi convertida para permitir a privatização
através de títulos de propriedade. Entretanto, a extensão dessas conversões ainda não foram
quantificadas de forma confiável. Com a crescente demanda por terra, a necessidade de dados
precisos sobre a mesma e as tensões sobre a urbanização não planejada figuram de forma
proeminente na agenda da governança fundiária da Zâmbia. Mushinge, A. (2020).

O país é sem saída para o mar, compartilhando fronteiras com oito países: Angola, Namíbia,
Botsuana, Zimbabué, RDC, Malawi, Tanzânia e Moçambique. A Zâmbia é um país etnicamente
diverso, um produto de histórias complexas de migração e demarcação de fronteiras da era
colonial. O inglês é o idioma oficial da administração pública e do governo. Mushinge, A.
(2020). A maior parte do país está dentro da bacia do rio Zambeze. Possui uma superfície de
752.614 km2, dos quais 11.890 km2 são de água. O país tem três regiões agro-ecológicas
principais.

As terras agrícolas e minerais ao longo da linha férrea foram designadas como Terra da Coroa e
reservadas para os europeus. Cerca de 60.000 pessoas que viviam nesta terra foram removidas
para as "reservas nativas" adjacentes demarcadas pelas autoridades coloniais, onde os solos eram
de qualidade inferior, impactando na segurança alimentar das famílias. No total, 39 reservas

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foram estabelecidas em 1929, o que também "facilitou a governança através das autoridades
nativas (chefes) e a cobrança de impostos para o regime colonial" Mushinge, A. (2020).

A Zâmbia obteve a independência em 1964. Esta transição foi pacífica, após uma campanha de
desobediência civil por nacionalistas zambianos(as). Em outros lugares da região, a transição
para a regra da maioria foi ferozmente contestada pelos interesses da minoria branca. A Zâmbia
teve um papel activo durante três décadas após sua independência, para apoiar as lutas de
descolonização na África Austral, incluindo as de Moçambique, Zimbabué, Namíbia e África do
Sul. Mushinge, A. (2020).

Ao longo de sua história pós-colonial, a Zâmbia tem tido uma forte dependência das receitas
provenientes da mineração. Na independência, os recursos de cobre do país foram a principal
fonte de divisas e de emprego no sector formal. Cinco anos após a independência, o governo
zambiano nacionalizou as minas de cobre, procurando recuperar o controle de multinacionais
estrangeiras. Mushinge, A. (2020).

2.1.2. Legislação e regulamentação de terras


Imediatamente após a independência, o foco do governo do UNIP foi a recuperação de terras
detidas por proprietários ausentes por meio da Lei de Aquisição de Terras de 1970. Honig, L.
and B. P. Mulenga (2015).

A Lei de 1975 (Conversão de Títulos) introduziu um programa de nacionalização de terras,


conferindo todas as terras da Zâmbia ao Presidente, a ser mantida perpetuamente por ele para e
em nome do povo da Zâmbia. A posse da terra foi substituída por arrendamentos legais
renováveis por um período máximo de 99 anos, em vigor a partir de 1º de Julho de 1975. Esta
Lei foi emendada em 1985 para permitir aos não zambianos(as) adquirir acesso à terra através de
concessões ou compra de títulos de arrendamento, desde que tivessem sanção estatal. Honig, L.
and B. P. Mulenga (2015).

A MMD introduziu uma Lei de Terras em 1993, que procurava desenvolver um mercado de
terras e acelerar a privatização das mesmas.

O Decreto tornou-se lei na forma da Lei de Terras de 1995 que uniu a Reserva e a Terra de
Fideicomisso na área de Direito Consuetudinário. A Lei estabeleceu um Tribunal de Terras para
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resolver disputas fundiárias e estabeleceu um Fundo de Desenvolvimento Fundiário para
coordenar o financiamento de projectos de desenvolvimento territorial.

A lei reteve vários elementos da política passada. Continuou reservando ao Estado a propriedade
de todas as terras na Zâmbia. Entretanto, confirmou o reconhecimento legal da posse costumeira,
garantindo que todas as terras costumeiras de propriedade individual e familiar, antes da
promulgação da Lei de Terras de 1995, permaneceriam sob este sistema. A distinção entre terra
costumeira e terra do Estado, como definida na Constituição e na Lei de Terras de 1995, não foi
alterada desde então. Os três factores práticos de distinção entre a terra do Estado e a terra
costumeira estão relacionados a mercados, propriedade e autoridade de panejamento. Honig, L.
and B. P. Mulenga (2015).

Os processos de conversão de terras, independentemente da relativa formalidade ou


informalidade das transacções, têm levantado preocupações persistentes sobre a eficácia da
protecção legal daqueles que exercem direitos consuetudinários sobre as terras designadas para a
alienação. Os titulares de direitos de terra devem ser consultados e concordar com qualquer
proposta de conversão de terra que tenha impacto sobre seus direitos fundiários. Honig, L. and B.
P. Mulenga (2015).

Há evidências que sugerem que os processos de conversão possibilitados pela Lei de Terras de
1995 criaram oportunidades para certos chefes agirem em conjunto com os conselhos locais e
funcionários corruptos para converter as terras tradicionais e garantir ganhos pessoais. A
corrupção relacionada à alocação e planejamento de terras é considerada generalizada. A divisão
social geral sobre essas disposições da Lei é relatada como tendo tornado difícil para o governo
prosseguir com a implementação e estimulado apelos para uma revisão da política de terras.
Honig, L. and B. P. Mulenga (2015).

Em 2000, o Ministério de Terras elaborou uma política fundiária revisada. Como parte do
processo de revisão da política, a Zâmbia Land Alliance - um consórcio de organizações da
sociedade civil - procurou "facilitar a participação popular e a defesa das reformas da política
fundiária". A política foi lançada em 11 de Maio de 2021, após tentativas de elaboração, consulta
e validação que se estenderam por duas décadas. Entretanto, a política condensada final é muito

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mais curta nos detalhes do que as versões anteriores, o que tem atraído críticas de algumas ONGs
do sector fundiário. Honig, L. and B. P. Mulenga (2015).

Desde a promulgação da Lei de Terras de 1995, que permitiu a conversão de terras tradicionais
em arrendamentos estaduais, "uma porção significativa, mas desconhecida, de terras tradicionais
foi convertida em posse legal tanto por indivíduos como pelo estado". De acordo com um estudo
referente às proporções relativas de terras estatais e consuetudinárias na Independência, as terras
estatais compreendiam 4,5 milhões de hectares ou 6% da massa terrestre, enquanto as terras
consuetudinárias representavam o restante (93,9%). Isto foi composto de terras de reserva que
totalizavam 27,2 milhões de ha ou 36,2% do total e terras arrendadas (Trust Land) que
representavam 43,3 milhões de ha, ou 57,7% do total. Honig, L. and B. P. Mulenga (2015).

Em 2013, o Ministro das Terras divulgou uma declaração informando o seguinte: "meu
gabinete está sobrecarregado com casos de zambianos(as) que se queixam de serem
deslocados de suas terras ancestrais e familiares em preferência aos investidores e à elite
urbana. Honig, L. and B. P. Mulenga (2015).

Ao mesmo tempo em que se observa a declaração acima, é preciso reconhecer que tanto o
Ministério da Terra quanto o Conselho Distrital devem autorizar formalmente qualquer
conversão de terras. Os processos de conversão devem assegurar que aqueles e aquelas cujos
direitos de terra foram afectados tenham sido consultados e consintam a transferência.
Conversões de terras de maior escala requerem a assinatura do Ministro ou do Presidente.
Embora tais protecções institucionais possam estar em vigor, na prática, sua implementação pode
ficar prejudicada, ou ser cooptada por indivíduos e redes poderosas. Honig, L. and B. P. Mulenga
(2015).

Um estudo de 2015 argumentou que, com o tempo, a percentagem de terras tradicionais havia
caído de 94% na independência para 60%. O estudo destacou que "na medida em que os
mercados fundiários activos em terras tradicionais invadem os sistemas ancestrais de gestão da
terra, as populações de pequenos(as) agricultores(as) foram empurradas para fora das terras
ancestrais". O estudo também observou o seguinte:

"Como a percentagem de terra costumeira foi reduzida, o número absoluto de pequenos(as)


agricultores(as) aumentou enormemente. Oitenta e nove por cento dos pequenos(as)

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agricultores(as) da Zâmbia obtêm acesso a suas terras através dos direitos de propriedade
consuetudinárias".

2.1.3. Classificações de posse de terra


Segundo (Mudenda, M. M. 2006). Como observado acima, a Zâmbia tem um sistema duplo de
posse, no qual a terra é designada como terra comum ou terra do estado.

Um esboço de 2017 da Política Nacional de Terras identificou diferentes tipos de direitos de


ocupação, licenças e arrendamentos registados pelo Estado, incluindo:

 Um cartão de Registro de terra renovável de 10 anos é emitido em terras municipais;

 Um arrendamento provisório de 14 anos com base em um esboço até um levantamento de


limite registado;

 Uma Licença de Ocupação de Terra de 30 anos em áreas municipais e esquemas de


assentamento.

 Caso contrário, um período de arrendamento de 99 anos seria comum para todos os


terrenos pesquisados.

Estes direitos de posse não estão especificados na última versão da Política Nacional de Terras
aprovada em 2021. A terra também é mantida pelo governo no interesse público, incluindo a
terra que é mantida para fins de conservação. Mudenda, M. M. (2006).

Entretanto, a terra de conservação é uma categoria confusa, já que grande parte das terras
designadas como áreas de conservação e florestas estão localizadas em terras tradicionais.
Mudenda, M. M. (2006).

No total, quase 40% do país está sob uma forma de manejo de conservação, como florestas,
parques nacionais ou áreas de manejo de caça. As distinções entre as diferentes áreas de
conservação, incluindo reservas nacionais, locais e especiais, nem sempre são claras. As áreas de
manejo de caça estão sob a administração de líderes costumeiros, que alocam terras e têm
autoridade para administrar a vida selvagem nos casos em que há um plano de manejo geral
assinado. Mudenda, M. M. (2006).

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2.1.4. Questões de direitos fundiários comunitários
A terra tradicional é legalmente mantida em confiança pelo Presidente através das autoridades
tradicionais e dos 288 chefes da Zâmbia em nome do povo. Os direitos à terra consuetudinária
podem variar de acordo com as práticas costumeiras prevalecentes e as normas associadas aos
sistemas de herança patrilinear ou matrilinear, mas há mais pontos em comum do que diferenças.
Oficialmente, os direitos à terra comunal não podem ser comprados ou vendidos, embora, como
discutido acima, existam mercados informais de terra activos. Mudenda, M. M. (2006).

Governos zambianos posteriores argumentaram que há quantidades significativas de terras


subutilizadas nas áreas comunais, que se forem convertidas em arrendamentos legais poderiam
atrair investimentos e criar oportunidades de emprego e outros benefícios económicos para o país
como um todo. Mudenda, M. M. (2006).

Por mais importante que seja, há limites impostos ao tamanho da propriedade de terra que os
chefes podem transferir. A alienação de terras habituais acima de 250 ha requer a aprovação do
Conselho Distrital, enquanto os negócios envolvendo 1000 ha ou mais devem ainda ser
autorizados pelo Comissário de Terras, enquanto a alienação de porções acima de 5000 ha requer
a aprovação presidencial. Mudenda, M. M. (2006).

A terra tradicional é legalmente mantida em confiança pelo Presidente através das autoridades
tradicionais e dos 288 chefes da Zâmbia em nome do povo. Os direitos à terra consuetudinária
podem variar de acordo com as práticas costumeiras prevalecentes e as normas associadas aos
sistemas de herança patrilinear ou matrilinear, mas há mais pontos em comum do que diferenças.
Oficialmente, os direitos à terra comunal não podem ser comprados ou vendidos, embora, como
discutido acima, existam mercados informais de terra activos. Mudenda, M. M. (2006).

2.1.5. Tendências de uso do solo


Embora a Zâmbia tenha adoptado oficialmente princípios de gestão de recursos naturais
baseados na comunidade, de acordo com uma avaliação "os membros da comunidade
permaneceram na periferia da gestão do meio ambiente e dos recursos naturais, resultando em
abordagens de cima para baixo com relação a programas e estratégias de gestão ambiental.
Entretanto, nos últimos anos, foram feitos progressos para melhorar o envolvimento da
comunidade no manejo de florestas e bosques. Agarwal (2021).
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A Zâmbia é um dos países mais florestados da África, com aproximadamente 67% de sua
superfície terrestre coberta por bosques de miombo. O desmatamento e a degradação florestal
foram identificados como um grande desafio ambiental. Cerca de um décimo do país foi
colocado como reserva florestal ou áreas florestais protegidas, e no total 2/5 do país tem alguma
forma de status de protecção. Um relatório de Avaliação Integrada do Uso da Terra para o
período 2000-2014 estima a taxa anual oficial de desmatamento para a Zâmbia em
aproximadamente 276.021 hectares por ano. Há algumas preocupações de que esta estimativa
esteja em alta. Agarwal (2021).

Com relação às áreas protegidas, a Zâmbia tem cerca de 20 parques nacionais cobrindo 65.000
km² e 36 áreas de manejo de caça cobrindo 167.000 km² que, em conjunto, cobrem 40% do país.
Essas áreas estão sob pressão devido a uma série de factores, incluindo os impactos da vida
selvagem nas actividades agrícolas e os fluxos de benefícios inadequados para as comunidades
rurais dentro das áreas de manejo de caça. As pessoas nessas áreas são relatadas como 30% mais
pobres que a média nacional rural e 70% mais pobres que a média urbana. Agarwal (2021).

Como a maioria dos países da África Austral, a vulnerabilidade da Zâmbia às mudanças


climáticas está aumentando com a crescente incidência de eventos climáticos extremos,
oscilando entre secas e enchentes. Estes ameaçam a segurança alimentar e põem em risco a
subsistência agrícola. Agarwal (2021).

2.1.6. Investimentos e aquisições de terras


Em 1975, o governo zambiano introduziu o "princípio da inexistência de valor", que sustentava
que a terra sem melhorias não tinha valor. Entre 1964-1995, apenas 6% da terra zambiana era
comerciável - o restante era administrado por chefes tradicionais e não podia ser vendido ou
trocado. Agarwal (2021).

Em 2002, o governo lançou o programa de Desenvolvimento de Blocos Agrícolas (FBD - sigla


em inglês) para adquirir bancos de terras para facilitar o acesso dos investidores(as) aos terrenos
agrícolas. Ele se propôs a estabelecer um bloco de fazendas em cada província. Além disso, o
governo também adquiriu terras para estabelecer reassentamentos domésticos e esquemas
agrícolas. Agarwal (2021).

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Para que a terra seja produtiva, os investidores(as) têm que ter acesso à água. O desvio da água
para projectos agrícolas de grande escala tem tido grandes impactos sobre as comunidades locais.
Tecnicamente, os investidores(as) são obrigados a solicitar permissões de água nos termos da Lei
de Águas de 1996. No entanto, a implementação desta lei é relatada como sendo fraca, com um
monitoramento inadequado de captação hídrica. Agarwal (2021).

Após a promulgação da Lei de Terras de 1995, os investidores(as) privados que procuravam


adquirir terras costumeiras poderiam negociar com o Departamento de Agricultura da Zâmbia e
se envolver localmente com os chefes. Legalmente, o chefe é obrigado a garantir que as terras
escolhidas pelo investidor não prejudiquem os direitos de terra e uso existentes. Isto deve ser
estabelecido através de consulta com a comunidade. Uma vez que um acordo tenha sido firmado:

A terra tem que ser inspeccionada; os documentos da inspecção têm que ser enviados ao
conselho distrital junto com uma carta de consentimento do chefe. O conselho distrital deve
verificar se existem reclamações conflituantes, mas isto raramente é feito.

Em geral, tem sido argumentado que o impulso para a aquisição de terras estrangeiras em larga
escala na Zâmbia é uma consequência das políticas governamentais que permitem o acesso a
grandes extensões de terra e áreas com água abundante no país. Os frágeis sistemas de
governança da terra e os incidentes de corrupção têm levantado dúvidas sobre certas transacções
de terras. De modo geral, o apoio activo do Estado para investimentos em terra em larga escala
tem variado significativamente de governo para governo. Agarwal (2021).

2.1.7. Direitos da mulher à terra


A Constituição proíbe leis discriminatórias com base no género, mas exclui especificamente o
direito pessoal e consuetudinário desta proibição. Um exemplo de particular importância é como
a lei de sucessão interestatal não protege os direitos à terra das viúvas que residem em terras
consuetudinárias. Brown, T. (2005).

Na prática, permanece limitado o acesso independente das mulheres à terra, enquanto os sistemas
informais reforçam a exclusão feminina.

A ambiguidade na interpretação das leis e estatutos é vista como uma discriminação consistente
contra as mulheres na arena das reivindicações de terra costumeiras, permitindo que aqueles
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com poder oprimam quem não tem poder. Exemplos incluem a vulnerabilidade das viúvas à
desapropriação de terras através de uma aplicação desigual e inconsistente da lei.

Enquanto a Lei de Sucessão Interestadual protege os direitos das viúvas residentes em terras
estatais, a Agência Zambiana de Estatísticas informou em 2019, que quase metade (47%) das
mulheres viúvas foram desapropriadas da propriedade de seu marido, com este número atingindo
59% nas áreas rurais. Brown, T. (2005).

2.1.8. Questões de terra em zona urbana


Uma pesquisa de 2015 do Banco Mundial sobre Condições de Vida e Monitoramento constatou
que 80 % da população zambiana nas áreas rurais vivia em estado de pobreza. Isto proporcionou
um grande impulso para a urbanização. As cidades na Zâmbia estão cada vez mais estratificadas
socialmente, com um crescente abismo entre uma elite próspera e um grande número de lares
que vivem em barracos. Brown, T. (2005).

Sucessivos governos pós-independência não conseguiram encontrar soluções sustentáveis para


garantir o fornecimento de moradias dignas nos centros urbanos. Brown, T. (2005).

Nos anos 70, a Lei de Áreas Habitacionais (Lei de Áreas Estatutárias e de Melhoramento) (1974)
procurou abordar a ocupação em áreas urbanas. Certos assentamentos informais foram
declarados áreas de melhoria e o governo local emitiu licenças de ocupação de residências
válidas por um período de 30 anos. Em conjunto com este esforço, o governo embarcou no
desenvolvimento de áreas de sítio e de serviços nas quais foram desenvolvidos planos de layout e
foi fornecida infra-estrutura básica. Nas Áreas Estatutárias declaradas, os moradores e moradoras
puderam receber aluguéis de 99 anos oferecidos pelo conselho. Brown, T. (2005).

Entretanto, grande parte do desenvolvimento urbano ocorre em terras tradicionais ao redor das
grandes cidades e vilas, onde os líderes tradicionais alocam terras a potenciais investidores de
forma fragmentada e não planejada. Os conselhos também negociam com os chefes para acessar
mais terrenos para o desenvolvimento urbano. Esta combinação levou a desenvolvimentos
urbanos descoordenados dentro e ao redor das cidades e centros urbanos. Brown, T. (2005).

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2.1.9. Inovações na governança de terras
Em 2013, o Ministério de Terras e Recursos Naturais recebeu apoio para a criação do Sistema
Integrado de Informação Fundiária da Zâmbia (ZILMIS - sigla em inglês). Isto visava "fornecer
transacções de terras seguras, transparentes e rastreáveis, com o objectivo de desenvolver um
sistema SIG integrado que permitisse o acesso às informações entre o Cadastro Fundiário e as
Informações Cadastrais. Entretanto, este processo continua a enfrentar desafios significativos no
que diz respeito à coleta e gestão de dados. Brown, T. (2005).

Em 2017, a Zâmbia começou a pilotar o Programa Nacional de Titulação de Terras com um


piloto urbano em duas áreas residenciais da capital, Lusaka. Este programa procura permitir a
titulação sistemática de antigas fazendas ou áreas convertidas/replanejadas para actualizar o
cadastro. Foi lançado sob os auspícios do 7º Plano Nacional de Desenvolvimento, com o
objectivo de titular 5 milhões de propriedades em 5 anos a um custo de US$250 milhões. Brown,
T. (2005).

O Ministério de Terras e Recursos Naturais assinou um Memorando de Entendimento com a


Medici Land Governance para coletar informações sobre a propriedade de 50.000 parcelas de
terra na cidade e quatro milhões de parcelas em nível nacional. O contrato baseado em taxas
exige que os Medici façam investimentos iniciais na coleta de dados, pois eles só são pagos
quando um certificado de título de propriedade de terra é entregue ao proprietário(a). Desde
Setembro de 2021, foram emitidos 10.916 certificados de títulos de propriedade, principalmente
para pessoas que vivem em áreas residenciais informais que já foram assentadas há muito tempo.
Entretanto, há preocupações sobre os custos da iniciativa de titulação de terras, que podem
chegar a US$ 90 por Registro de propriedade. Vaidyanathan, V. and M. Agarwal (2021).

A documentação dos direitos sobre as terras costumeiras recebeu uma recepção mista dos
Chefes, alguns dos quais estão preocupados com o enfraquecimento de seus poderes de alocação
de terras costumeiras. Um projecto na forma de um "Certificado de Chefe" foi julgado, apesar de
não possuir força legal. Vaidyanathan, V. and M. Agarwal (2021).

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2.1.10. Linha do tempo - marcos na governança da terra
 1964 - A Zâmbia obtém a independência e recategoriza terras em terras estatais e
tradicionais.
 1975 - A Lei da Terra (Conversão de Títulos) confere todas as terras da Zâmbia ao
Presidente.
 1980 - A Lei de Administração Local torna os chefes em membros legais dos conselhos
rurais e exige seu consentimento para qualquer pedido de arrendamento de terras
consuetudinárias.
 1993 - Conferência Nacional sobre Política de Terras e Reforma Legal.
 1995 - Estabelecimento de um Tribunal de Terras com competência para resolver
disputas de terras.
 1995 - A Lei de Terras prevê o reconhecimento dos sistemas costumeiros de posse de
terra, ao mesmo tempo em que prevê a conversão de terras costumeiras em propriedade
privada.
 2002 - O governo lançou o programa Farm Block Development (FBD) para adquirir
bancos de terras para facilitar o acesso de investidores a terras agrícolas.
 2015 - Lei de Planejamento Urbano e Regional estende o controle do planejamento a
todas as terras em Zâmbia
 2017 - Divulgado o esboço da Política Nacional de Terras.
 2021 - Aprovada e liberada a versão final da Política Nacional de Terras

2.1.11. GESTÃO COMUNITÁRIA DOS RECURSOS NATURAIS NA


ZÂMBIA
2.1.11.1. Alimentos, florestas e mudanças climáticas

Os alimentos e as florestas são dois dos muitos sistemas transversais e fundamentais afectados pelo
rumo actual das coisas. Os dois sistemas fazem parte de uma crise que se desenrola em Zâmbia e que
está passando despercebida em grande parte. As florestas cobrem mais da metade do território do
país. O desmatamento, bem como os índices de fome e desnutrição, está entre os dez piores da região
e do mundo. Vaidyanathan, V. and M. Agarwal (2021).

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As florestas são fundamentais para o debate sobre a compensação de carbono nas negociações
climáticas, pois estão sendo consideradas “sumidouros de carbono” que poderiam, em teoria,
compensar a poluição de outros. O mecanismo principal que se está buscando é o REDD+ (Redução
de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal). A ideia por trás do REDD+ é que os países,
principalmente no Norte global e nos órgãos internacionais, como o Banco Mundial, financiem
medidas que afirmem conter a perda de florestas nos países tropicais. Em contrapartida, os países que
fornecem o dinheiro podem reivindicar créditos de carbono pelas emissões supostamente
compensadas por meio de actividades de REDD+ e continuar suas actividades como se nada
estivesse acontecendo. O sector privado e as ONGs locais em Zâmbia estão aproveitando esse
sistema de compensação de carbono. Vaidyanathan, V. and M. Agarwal (2021).

A abertura das terras florestais a “blocos agrícolas” designados representa potencialmente um milhão
de hectares de novos campos agro-industriais, o que implica uma grande contribuição à poluição por
gases do efeito estufa. Apesar disso, Zâmbia identificou a agricultura como sector prioritário para
alcançar sua Contribuição Nacional Determinada (NDCs) e conter as mudanças climáticas, sob o
Acordo Climático de Paris, da ONU. Vaidyanathan, V. and M. Agarwal (2021).

A “agricultura de conservação”, definida pelos princípios de plantio mínimo, rotação de cultivos e


retenção de resíduos, foi seleccionada como meio para alcançar as Contribuições Nacionais
Determinadas no sector agrícola. Em Zâmbia, a “agricultura de conservação” é promovida em
conjunto com a agrossilvicultura e o uso de tecnologias da “revolução verde”: sementes híbridas,
fertilizantes à base de minerais e pesticidas. Vaidyanathan, V. and M. Agarwal (2021).

2.1.11.2. Nutrição e agronegócio


As negociações climáticas internacionais separaram a nutrição em países pobres da economia da
agricultura. A agricultura industrial intensiva, por sua vez, é isentada de sua contribuição à
degradação do solo, à perda de (agro)biodiversidade e da capacidade do país para construir
resiliência humana e ecossistema. Isso fica muito claro na alta visibilidade do agronegócio
empresarial nas negociações climáticas da ONU e nas contribuições distorcidas dos países a medidas

de mitigação e adaptação. Mbinji, J. (2006).

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Zâmbia se apresenta como o celeiro da região, com descrições de muitas terras “desocupadas”
abertas a candidatos estrangeiros às concessões, abundantes recursos hídricos e um modelo de
desenvolvimento e investimento agrícola orientado à exportação. Os slogans da nova política
agrícola do país são: “liderada pelo sector privado” ou “agricultura como negócio”.
Paralelamente a isso, o país está entre os sete mais famintos e desnutridos do Índice Global da
Fome de 2017. Mbinji, J. (2006).

2.1.11.3. Água

A água é vida, e os aldeões de Chimboma sabem-no. E, uma vez oferecido o acesso à água
limpa, agarraram avidamente a oportunidade, assinando o Projecto Transformação dos Meios de
Vida Rural na Zâmbia Ocidental. No âmbito do projecto, cada aldeia contribui com uma taxa
única de 1.500 kwachas zambianos (cerca de 90 dólares) para a construção de um novo furo de
sondagem. A taxa é de cerca de 25 kwachas por agregado familiar (1,55 dólares). Cada aldeão
também paga cinco kwachas (0,30 dólares) por mês para manter o ponto de água. A contribuição
promove a propriedade da instalação e assegura a sustentabilidade do investimento. Mbinji, J.
(2006).

A província ocidental da Zâmbia tem os níveis mais baixos de abastecimento de água e de acesso
a saneamento do país, com pouco mais de 49% e 7%, respectivamente. A província também tem
os níveis de pobreza mais elevados da Zâmbia; 80,4% da sua população está classificada como
pobre e 64% vive em extrema pobreza. Mbinji, J. (2006).

2.1.11.4. Minerais

A Zâmbia possui grandes reservas minerais, fato proporcionado em razão de sua formação
geológica, que é da idade pré-cambriana, predominante das eras Arqueozoica e Proterozoica.
Portanto, essa região é formada por terrenos muito antigos, apresentando condições favoráveis
para a formação de minérios. Brown, T. (2005).

Actualmente (2010), esse continente abriga cerca de 8% das reservas mundiais de petróleo e gás
natural, com destaque para o Congo, Egipto e principalmente Angola, Argélia, Líbia e Nigéria,
que integram a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). Brown, T. (2005).

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Outro importante mineral encontrado no subsolo africano é o urânio – o continente detém 25%
das reservas mundiais. Esse material é de fundamental importância para a produção de energia
nuclear. Os maiores produtores são a África do Sul e o Gabão. Esse primeiro país também possui
grandes reservas de antimônio, diamante, ouro (maior produtor mundial), manganês, platina,
cromo, entre outros." Brown, T. (2005).

Entre as principais nações africanas que abrigam reservas minerais estão: Marrocos (fosfato),
Zâmbia (cobre), Zimbabué (ouro), Guiné (bauxita), Namíbia (urânio), Uganda (cobre e cobalto),
Sudão (ouro, prata, zinco, ferro, etc.), Botsuana, Congo, República Democrática do Congo,
República Centro-Africana, e Gana (diamante). Brown, T. (2005).

Com tantas riquezas minerais, por que o continente africano é pobre economicamente? A
resposta está na forma de exploração dos recursos, visto que são as empresas transnacionais das
nações desenvolvidas (Estados Unidos, Canadá e as nações europeias) que se beneficiam desses
recursos. Nesse sentido, as grandes potências imperialistas se enriquecem e intensificam a
pobreza económica dos países da África." Brown, T. (2005).

2.1.11.5. Energia

As capacidades de produção de energia eléctrica listadas aqui são valores teóricos que só
poderiam ser alcançados em condições ideais. Eles indicam a quantidade de energia que pode ser
gerada e que seria alcançada se todos os produtores de energia estivessem trabalhando
permanentemente em plena capacidade. Mudenda, M. M. (2006).

Na prática, isto não é possível, porque, por exemplo, os colectores solares são menos eficientes
sob as nuvens. As centrais eólicas e hidreléctricas também não funcionam permanentemente com
carga total. Portanto, estes números só são úteis em comparação com outras fontes de energia e
países. As fontes de energia, também chamadas de fontes energéticas, são quaisquer recursos
que podem gerar energia, alguns exemplos são: o petróleo, o carvão, a força das águas e dos
ventos e a luz solar. Mudenda, M. M. (2006).

São considerados inesgotáveis à escala humana, ajudam a reduzir as emissões de CO2, reduzem
a dependência energética da nossa sociedade face aos combustíveis fósseis e conduzem à
investigação tecnológica baseada em energias limpas e mais eficientes. Mudenda, M. M. (2006).

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As energias renováveis incluem as fontes de energia eólica e solar, biomassa e também energia
geotérmica. Em outras palavras, todas as fontes de energia que se renovam dentro de um curto
período de tempo ou estão permanentemente disponíveis. Mudenda, M. M. (2006).

A energia proveniente da energia hidreléctrica é apenas parcialmente uma energia renovável.


Este é certamente o caso das centrais eléctricas de fluxo ou de maré. Entretanto, numerosas
represas ou reservatórios também produzem formas mistas, por exemplo, bombeando água em
seus reservatórios à noite e gerando energia a partir dela novamente durante o dia, quando a
demanda de electricidade aumenta. Uma vez que a quantidade de energia gerada não pode ser
claramente registada, toda a energia proveniente de energia hidreléctrica é relatada
separadamente. Mudenda, M. M. (2006).

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3. CAPÍTULO III: CONCLUSÕES/CONSIDERAÇÕES FINAIS

3.1. Conclusão
As florestas são fundamentais para o debate sobre a compensação de carbono nas negociações
climáticas, pois estão sendo consideradas “sumidouros de carbono” que poderiam, em teoria,
compensar a poluição de outros. O mecanismo principal que se está buscando é o REDD+ (Redução
de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal). A ideia por trás do REDD+ é que os países,
principalmente no Norte global e nos órgãos internacionais, como o Banco Mundial, financiem
medidas que afirmem conter a perda de florestas nos países tropicais. Em contrapartida, os países que
fornecem o dinheiro podem reivindicar créditos de carbono pelas emissões supostamente
compensadas por meio de actividades de REDD+ e continuar suas actividades como se nada
estivesse acontecendo. O sector privado e as ONGs locais em Zâmbia estão aproveitando esse
sistema de compensação de carbono. Vaidyanathan, V. and M. Agarwal (2021).

Os alimentos e as florestas são dois dos muitos sistemas transversais e fundamentais afectados pelo
rumo actual das coisas. Os dois sistemas fazem parte de uma crise que se desenrola em Zâmbia e que
está passando despercebida em grande parte. As florestas cobrem mais da metade do território do
país. O desmatamento, bem como os índices de fome e desnutrição, está entre os dez piores da região
e do mundo. Vaidyanathan, V. and M. Agarwal (2021).

A Constituição proíbe leis discriminatórias com base no género, mas exclui especificamente o
direito pessoal e consuetudinário desta proibição. Um exemplo de particular importância é como
a lei de sucessão interestatal não protege os direitos à terra das viúvas que residem em terras
consuetudinárias. Brown, T. (2005).

Na prática, permanece limitado o acesso independente das mulheres à terra, enquanto os sistemas
informais reforçam a exclusão feminina.

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4. CAPÍTULO IV: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

4.1. Referências bibliográficas


Brown, T. (2005). Contestation, confusion and corruption: Market-based land reform in Zambia.
Competing Jurisdictions: Settling land claims in Africa, Brill. P.83

Honig, L. and B. P. Mulenga (2015). The status of customary land.

Chongo, C. (2015). Decolonising southern Africa: a history of Zambia's role in Zimbabwe's


liberation struggl Vaidyanathan, V. and M. Agarwal (2021).

Vaidyanathan, V. and M. Agarwal (2021). China-Zambia Economic Relations: perspectives from


the Agricultural Sector. V. Vaidyanathan. Delhi, Institute of Chinese Studies.

Mdee, A., A. Ofori, M. Chasukwa and S. Manda (2021). "Neither sustainable nor inclusive: A
political economy 48(6): 1260-1283.

Mudenda, M. M. (2006). The challenges of customary land tenure in Zambia. Conflicts and Land
Administration XXIII FIG Conference. Munich, Germany.

Mbinji, J. (2006). Getting Agreement on Land Tenure Reform: The Case of Zambia. Land Rights
for African Development: From Knowledge to Action.

Sitko, N. and J. Chamberlin (2015). "The anatomy of medium-scale farm growth in Zambia:
What are the implications for the future of smallholder agriculture?" Land 4(3): 869-887.P.873

Mushinge, A. (2020). "Mitigating Land Corruption through Computerisation of Statutory Land


Governance Activities: 3(4): 72-81.

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