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Uma nova batalha vem sendo travada dentro e especialmente fora das salas de aula do Brasil.
A polêmica gira em torno da chamada educação domiciliar, em que famílias optam por
ensinar seus filhos na própria casa e não na escola.
De um lado da trincheira estão pais que defendem o direito de eles próprios - e não o Estado -
decidirem como e onde os filhos serão educados. Ao se dizerem insatisfeitos com o sistema
educacional do país, eles mostram aprovações dos filhos em exames como o Enem para corroborar
a eficácia da educação domiciliar.
No outro lado da disputa estão o governo e alguns juristas alegando que tirar uma criança da escola
é ilegal, além de alguns educadores, que criticam a proposta, especialmente com argumento de que
essa prática colocaria as crianças em uma bolha.
Mais sedimentado em países como os Estados Unidos, o homeschooling (como também é
conhecido pela expressão em inglês) vem ganhando fôlego no Brasil. Segundo a Aned (Associação
Nacional de Educação Domiciliar), há mil famílias associadas no grupo. Mas Ricardo Iene,
cofundador do órgão, calcula que, pela quantidade de e-mails que recebe, sejam mais de 2 mil
famílias educando seus filhos em casa no Brasil.
Leia mais: Educação domiciliar cresce nos EUA
O movimento também está conquistando espaço na esfera política. No próximo dia 12, haverá uma
audiência pública em Brasília para discutir o tema, na Comissão de Educação e Cultura da Câmara.
Legenda da foto,
Ricardo tirou os filhos Guilherme e Lorena da escola por estarem sofrendo bullying
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"Fui várias vezes na escola, reclamar, conversar, tentar resolver esses problemas. Mas nunca
adiantou."
O bullying foi um dos motivos que, há três anos, influenciou Ricardo a tirar da escola, Guilherme,
de 13 anos, e Lorena, de 15 anos. Mas certamente não foi a única motivação. Tanto para o
publicitário que vive em BH como para outros pais ouvidos pela BBC, é sempre um conjunto de
fatores que o impulsionam a tomar essa decisão.
Mas um deles parece estar sempre presente: o desejo de estar mais envolvidos e presentes na
criação dos filhos.
Leia mais: Mães relatam rotina de ensino domiciliar em apartamento de SP
"Vemos crianças hoje em dia que entram na escola às 7 da manhã e ficam até bem depois das 17h
ou 18h, porque elas ficam fazem balé, natação e várias outras atividades. Além da agenda cheia
como a de um adulto dessas crianças, mal sobra tempo para o convívio familiar", diz M.L.C, mãe
de 4 filhos, todos em homeschool, que não quis se identificar por temor de ser denunciada.
Ricardo também sentia falta do envolvimento de outros pais quando frequentava as reuniões na
escola dos filhos, tanto das instituições públicas como das particulares. "Muitos pais nem
participavam. E aí, ficava ainda mais difícil melhorar a situação da escola."
Outro ponto que impulsionou o publicitário e outras famílias a optarem pelo homeschool é o fato de
não concordarem com alguns valores morais passados na escola. Ricardo diz que ele e outros
associados da Aned costumam se incomodar especialmente com a abordagem de temas como sexo e
homossexualidade.