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SAPONINAS

/
GLICOSÍDEOS
CARDIOTÔNICOS
SÃO
HETEROSÍDEOS
(GLICOSÍDEOS)
TRITERPÊNICOS /
ESTEROIDAIS
SAPONINAS

Saponaria officinalis L. (saboeira, saponária)

Parte utilizada: folhas e raízes


Fonte de saponina comercial (10 a 15%)

Aglicona
(triterpeno)
Gipsosídeo A
Formam soluções coloidais c/ H2O q/
formam espuma qdo agitadas

Glicona do latim : sapo = SABÃO...

Primeiro isolado de Saponaria officinalis L. (saboeira) ⇒ usada p/ lavar roupa


SAPONINAS: CARACTERÍSTICAS QUIMICA-ESTRUTURAIS

Aglicona
Glicona
(esteroide)
(açúcares)
Lipofilia

Hidrofilia Ligação glicosídica


São anfifílicas ou anfipáticas:

porção lipofílica (aglicona) + porção hidrofílica (açúcares)


(Terpenoidica ou esteroidal)

Reduzem tensão superficial (Tensoativos)


(emulsificação e formação de espuma).
SAPONINAS

FUNÇÕES E APLICAÇÕES

São metabólitos com funções ecológicas e agronômicas importantes:


contribuem para a resistência a pragas e patógenos > qualidade
aos alimentos em plantas de cultivo.

Ampla gama de aplicações comerciais em setores


Farmacêutico, de alimentos e de cosméticos.

Tribulus terrestris
Zygophyllaceae
Suplemento não
esteroidal
SAPONINAS

Propriedades gerais:
• Afrógenos: Formam espuma persistente e abundante em
solução aquosa (espuma = dispersão gás em líquido);
• Agem sobre membranas, causando a desorganização das
mesmas (células do sangue → hemólise (toxicidade));
• Complexam com esteroides;
• Têm sabor amargo;
• Grande interesse farmacêutico: como substâncias ativas,
como adjuvantes em formulações, como matérias-primas para
hemisínteses;
• A cadeia de açúcar pode ser linear ou ramificada e na maioria
das vezes são muito complexas → Isolamento e elucidação
estrutural complicados.
SAPONINAS

Classificação:
• de acordo com a genina (sapogenina), são classificadas em:

• saponinas esteroidais ou saponinas triterpênicas:

esqueleto triterpeno pentacíclico


ou tetracíclico com 30 átomos de
carbono
SAPONINAS

Classificação:

• há outras classificações, menos utilizadas:

• pelo caráter ácido, básico ou neutro:

• ácidas: presença de carboxila na genina e/ou glicona;

• básicas: presença de N (amina 2aria ou 3aria = glicosídeos


nitrogenados esteroidais).

• pela parte heterosídica (glicona):

• monodesmosídicas: 1 cadeia de açúcar (C-3);

• bidesmosídicas: 2 cadeias de açúcar (C-3 e outro);

• tridesmosídicas : 3 cadeias de açúcar (menos comum).


SAPONINAS

SAPONINAS ESTEROIDAIS:
Podem ser neutras

núcleo furostano ou espirostano

Monocotiledôneas ► Principais
famílias: Liliaceae,
Dioscoreaceae, Agavaceae.

Dicotiledôneas: raro. Família


Scrophulariaceae, gêneros
Digitalis e Trigonela.

R = glicona
SAPONINAS

SAPONINAS ESTEROIDAIS:

Básicas, também chamadas de alcaloides esteroidais


porque têm átomo de nitrogênio no anel F.
São características do gênero Solanum (Solanaceae).

Podem ser do tipo Solanidano (N terciário) ou Espirosolano


(N secundário).

Solanidano

R=glicona
SAPONINAS

SAPONINAS ESTEROIDAIS:

Básicas, também chamadas de alcaloides esteroidais porque


têm nitrogênio no anel F.

Espirosolano
SAPONINAS

SAPONINAS ESTEROIDAIS:

GLICOSÍDEOS CARDIOTÔNICOS
SAPONINAS

SAPONINAS ESTEROIDAIS:

• São menos distribuídas na natureza que as triterpênicas;

• Presentes principalmente nas Monocotiledôneas


(Dioscoriaceae, Amarilidaceae, Liliaceae);

• Mas também são encontradas nas Dicotiledôneas


(Solanaceae - alcaloides esteroidais) e nos gêneros
Strophantus e Digitalis (glicosídeos Cardioativos).

• Apresentam grande importância farmacêutica:


precursores para a síntese de derivados esteroidais
(hormônios, contraceptivos, diuréticos etc.).
Dioscoriaceae / Agavaceae
SAPONINAS

SAPONINAS ESTEROIDAIS:
•As sapogeninas esteroidais são de considerável importância
econômica como precursoras de muitos esteroides
farmacologicamente ativos (anticoncepcionais de via oral, de
corticosteroides e de hormônios sexuais).

•A sapogenina de maior importância econômica, nesse sentido, é


a diosgenina, cuja extração comercial é feita quase que
inteiramente das espécies Dioscorea.

• A hecogenina, a qual é extraída de espécies de Agave, devido


ao grupo ceto no C-12, não é apropriada para a manufatura de
anticoncepcionais de uso oral, mas é o ideal para a síntese de
corticosteroides.

Diosgenina
SAPONINAS

SAPONINAS TRITERPÊNICAS:

• são raras nas Monocotiledôneas.

•Dicotiledôneas: Cariofilaceae, Sapindaceae,


Poligalaceae, Sapotaceae, Primulaceae, Araliaceae e
Hipocastanaceae, existindo em grandes quantidades nas
plantas.

• podem ser divididas em 3 grupos principais:


Tetracíclicos: com esqueleto do tipo damarano (Ex:
Panax ginseng)
SAPONINAS

SAPONINAS TRITERPÊNICAS:

Pentacíclicos: esqueleto tipo α-amirina, β-amirina e


lupeol

CH3
H2C

E
17
C D CH3
14

CH3
lupeol
PORÇÃO GLICONICA
• Os monossacarídeos geralmente encontrados na cadeia glicídica são: D-
glicose, D-galactose, L-ramnose, L-arabinose, D-fucose, ácido glicurônico
e ácido galacturônico. CH2OH COOH
HO 2HC O
O O
OH OH HO
OH
OH OH OH OH
OH OH OH
-D-glicopiranose ac. glicurônico L-arabinose

• As ligações glicosídicas podem ser alfa (α) ou beta (β) e os


monossacarídeos podem estar na forma de piranose ou furanose.
OH
OH OH
OH
O H
H OH
OH H H H O OH
OH H H
H OH OH H
HO OH
H OH
HO H
H OH
-D-Glicofuranose H OH
-D-Glicopiranose -D-Glicopiranose

• A hidrólise da cadeia glicosídica pode ser enzimática ou por ácidos / ∆


SAPONINAS

Saponina triterpênica
Saponina triterpênica bidesmosídica
mondesmosídica

Saponina esteroidal básica


mondesmosídica HO
O OH
OH
O
HO

OH OH

HO O
HO HO
OH
O O OH
OH
Saponina esteroidal O
HO
bidesmosídica
Saponina triterpênica
tridesmosídica
SAPONINAS
Outras Propriedades:
• Apresentam-se como substâncias sólidas, brancas ou
amareladas, geralmente amorfas, porém, cristalizáveis

• Atividade das saponinas  natureza da sapogenina

• Cadeia de açúcar →  atividade e modifica propriedades


farmacocinéticas

• Saponinas esteroidais espirostano e algumas triterpênicas


monodesmosídica  atividade bacteriostática, fungicida e
hemolítica

• Saponinas esterodais furostano e triterpênicas bidesmosídicas


 Propriedade de ↓tensão superficial e formação de espuma
pronunciada e atividades bacteriostática e hemolítica bem menos
acentuadas
SAPONINAS

Outras Propriedades:

• Os glicosídeos são dispersíveis em H2O e solúveis em


mistura álcoois e H2O, principalmente a quente

• Pouco solúveis ou insolúveis em solventes orgânicos como


metanol, etanol, éter, clorofórmio, acetona, etc.

• Glicosídeos cardiotônicos têm certa afinidade por


clorofórmio

• Normalmente encontram-se no vegetal como misturas


complexas de difícil separação
SAPONINAS

Métodos laboratoriais:
EXTRAÇÃO E PURIFICAÇÃO
• extração com água ou soluções hidroalcoólicas;

CUIDADO!!! A utilização de H2O e aquecimento pode causar


hidrólise das saponinas

• O extrato hidroalcoolico pode ser submetido a uma extração


líquido-líquido (partição) c/ solventes pouco polares
(diclorometano ou clorofórmio) e em seguida c/ butanol.
As saponinas semipurificadas ficam na fração butanólica
SAPONINAS

Métodos laboratoriais:
EXTRAÇÃO E PURIFICAÇÃO

Hidrólise ácida a quente  a hidrólise libera as agliconas


livres q/ são lipofílicas e precipitam, podendo ser extraídas c/
CHCl3.

R = aglicona ou sapogenina + resíduos de açúcares



(PPT)
aglicona
(esteroidal / triterpenica)
SAPONINAS
Métodos laboratoriais:
IDENTIFICAÇÃO:

• Reação de Kobert: reação cromática p/ detecção e localização


histoquímica dos saponosídeos. Formação de cor amarela que
passa a azul e violeta c/ H2SO4 concentrado.
• Formação de espuma persistente após agitação do extrato
aquoso: extrato aquoso é agitado energicamente  formação de espuma
persistente q/ não desaparece c/ adição de ácido mineral diluído.

• por CCD
• por reações colorimétricas Ex.: com anidrido acético em meio sulfúrico
= reação de Liebermann-Burchard:
Coloração azul que passa a verde  indicativo de esteroides livres
Coloração parda que passa a vermelho  indicativo de núcleo triterpênico
solução de Ehrlich (Para-dimetilaminobenzaldeldo) que evidencia somente
substâncias químicas que contêm anel furostânico em sua estrutura.
SAPONINAS
Métodos laboratoriais:
IDENTIFICAÇÃO:
Reação colorimétrica: Liebermann-Burchard (esteroides e triterpenos)
Amostra + anidrido acético (agite suavemente) e acrescente,
lentamente, gotas de H2SO4 conc. e observe a formação de cor:
castanho-avermelhado → núcleo terpênico pentacíclico
azul-esverdeado → núcleo esteroidal

H3C CH3
H3C CH3
CH3 H CH3
CH3
CH3
CH3 H
CH3
Reagente de L_B
H H
H2SO4/AcOH H
HO
HOO 2S

Colesterol Colestaexaeno-ác sulfônico (máx= 620 nm)


SAPONINAS

Métodos laboratoriais:
DOSEAMENTO:
• índice de espuma
(poder afrógeno”)
É a determinação da maior
diluição em que 1G da droga vegetal
produz 1cm de espuma em
determinadas condições

semiquantitavio

• Poder hemolítico
Espectrofotometria (UV): reação de complexação: saponina + íon
metálico (cobalto, ferro...) em meio ácido
Inconveniente: cromóforos fracos

• CG e CLAE (HPLC).
SAPONINAS

Propriedades biológicas / farmacológicas e usos:


• Complexação com esteroides, proteínas e fosfolipídeos de membranas,
aumentando a permeabilidade e o movimento de íons e água  ação
hemolítica (os monodesmosideos são + hemolíticos que os bidesmos.);
ictiotóxica e molusquicida (controle da Biomphalaria - esquistosomose)

• Complexação com esteroides ► ↓↓↓ dos níveis de colesterol e triglicerídeos.


Ex: Saponinas da Medicago sativa L. (alfafa), Panax ginseng (ginseng),
Calendula officinalis L. (calêndula), Beta vulgaris L. (beterraba)

• atividade antifúngica e antiviral

• atividade espermicida

• atividade expectorante e diurética

• atividade anti-inflamatória

• atividade imunomoduladora e citoprotetora

• OBS.: a maioria dos ensaios foi realizada in vitro; os mecanismos de ação


carecem de elucidação.
SAPONINAS

Usos :
• Saponinas esteroidais indústria: atualmente, a maioria dos
esteroides utilizados como anticoncepcionais ou em terapêutica (anti-
inflamatórios, andrógenos, estrógenos, progestágenos) são obtidos por
hemisíntese a partir de fontes naturais (saponosídeos, fitosteróis, colesterol,
ácidos biliares)

• são também utilizadas como adjuvantes para ↑ a absorção de outros


medicamentos (pq ↑ solubilidade). Tb podem ↑ resposta imunológica como a
saponina isolada de quilaia (Quillaja saponaria Molina ROSACEAE)

• como detergentes e emulsionantes, em suspensões coloidais e emulsões

• como afrógenos em sabões, xampus, loções capilares, dentifrícios etc.


GINSENG COREANO - rizomas e raízes de Panax ginseng
C.A.Mey e outras, ARALIACEAE.

Ginsenosideo RB1
Saponina triterpenica
GINSENG - Panax ginseng

 Originário da China e Coréia


 utilizada na China há mais de 3000 anos como planta estimulante,
reconstituinte, geradora de vitalidade;
 até o momento foram descritas 28 saponinas; os japoneses
denominaram de ginsenosídeos e os russos de panaxosídeos;
 os extratos são conhecidos como adaptógenos ou agentes anti-
estresse: aumentam a resistência não-específica do organismo às
influências externas, como infecções e estresse;
 a síndrome de abuso apresenta insônia, nervosismo, euforia,
diarréia matinal, erupções cutâneas;
 contra-indicado na gravidez e lactação, diabetes, hipertensão;
pode interagir com fármacos hormonais, estimulantes,
hipoglicemiantes e anticoagulantes.
Pfaffia spp - Amaranthaceae
Pfaffia glomerata (Spreng) Pedersen, Pfaffia paniculata
(Mart.) Kuntze - Ginseng brasileiro, Fáfia
Usada como tônico, adaptógeno, bem
como tratamento de distúrbios gástricos e
reumatismo.
Adaptógeno: ↑ a resistência inespecífica, permitindo ao
organismo maior adaptação aos esforços físicos e mentais.

Planta nativa no Brasil, sendo bem distribuída em


território nacional

Parte usada: raízes

A espécie Pfaffia glomerata é


empregada tradicionalmente pelos
indígenas brasileiros para a cura e
prevenção de doenças e como tônico
geral e rejuvenescedor.
Pfaffia spp - Amaranthaceae
Pfaffia glomerata (Spreng) Pedersen, Pfaffia paniculata
(Mart.) Kuntze - Ginseng brasileiro, Fáfia
Química: saponinas nortriterpenicas derivadas do ácido fáfico e os
ecdisteroides como a ecdesterona.

O esteroide β-Ecdisona é considerado o marcador químico de


Pfaffia glomerata  uso em formulações cosméticas -
hidratantes
É atribuída a ela a propriedade de aumentar a coesão celular, regulando e
normalizando a diferenciação dos queratinócitos, dando à pele uma aparência
mais lisa e suave e restaurando as funções de proteção e evitando a perda
excessiva de água, formando um hidratante eficaz.
Aesculus hippocastanum CASTANHA-DA-ÍNDIA -
sementes Aesculus hippocastanum L.,
HIPPOCASTANACEAE.
CASTANHA-DA-ÍNDIA - Aesculus hippocastanum
 Princípios ativos: saponinas e flavonoides

Farmacopeia Alemã: ~ 3% de saponinas triterpênicas, conhecidas


como escina, nas sementes

 possui uma mistura de saponosídeos totais estimados como


“ESCINA” (mistura complexa de formas α- e β- Escina)

O extrato apresenta propriedades anti-inflamatória,


antiedematosa e antiexudativa: aumenta o tônus venoso, aumenta
a resistência e diminui a permeabilidade

 Indicada pela Agência Européia de Medicamentos na


insuficiência venolinfática dos membros inferiores (pernas
pesadas, dores, edemas), principalmente em preparações tópicas
► Sementes secas contendo pelo menos 3%/g da droga seca em
saponinas triterpênicas

 Também indicada em formulações anti-inflamatórias e


anestésicas locais no tratamento de aftas e ulcerações bucais
CASTANHA-DA-ÍNDIA - Aesculus hippocastanum

Escina
Ác tíglico

Ác angélico
Escina Ia: R1=T, R2 =-CH2OH; escina IIa: R1=A, R2 =-CH2OH; escina Ib: R1=T, R2
=-H; escina IIb: R1=A, R2 =-H.
CENTELA - raizes de Centella asiatica (L.) Urban.
(Hidrocotile asiatica)
APIACEAE.

Asiaticosídeo

Ác. madecassico Madecassosídeo


Ác asiatico
CENTELA - Centella asiatica

 originária da Ásia, é amplamente encontrada no Brasil, do Rio


Grande do Sul até Minas Gerais

 possui como componentes principais os saponosídeos


ASIATICOSÍDEO e o MADECASSOSÍDEO
 acelera a cicatrização de feridas superficiais

utilizada em preparações tópicas no tratamento de úlceras de


pernas de origem venosa, em feridas cirúrgicas e queimaduras de
pequena extensão, em hemorroidas, como antipruriginoso de
afecções dermatológicas, em rachaduras e escoriações

por via oral é usado na insuficiência venolinfática (pernas


pesadas)
ALCAÇUZ - raízes e rizomas de Glycyrrhiza glabra L.,
FABACEAE.
 do grego, glycyrrhiza significa raíz doce; possui
GLICIRRIZINA, que é 50 vezes mais doce que a sacarose
 tradicionalmente utilizado como antitussígeno e nos
transtornos digestivos
 usado como aromatizante e edulcorante, mascara sabor amargo de
medicamentos; na indústria de balas e bebidas

 o extrato tem atividade antiulcera gástrica


 a genina (ác. glicirrético) é utilizada como anti-inflamatória por via tópica:
eczemas, dermatites, eritemas, picaduras, inflamações da cavidade bucal
etc.

 Cuidado!!! aumenta a retenção de


líquido e sódio e provoca a depleção de
potássio  evitar em pacientes
cardíacos e hipertensos.
Glicirrizina
QUILAIA - cascas de Quillaja saponaria Molina
ROSACEAE.
 encontrada no Chile, Peru e Bolívia

 constituintes químicos: + de 50 saponinas


(ácido quiláico, quilaína, etc), taninos

 representa uma das principais fontes de


saponinas industrializadas, sendo utilizada Sapogeninas presentes
nas saponinas de quilaia
como estabilizante de suspensões na
indústria farmacêutica e como agente
espumante na indústria alimentícia
 pesquisas in vivo e in vitro: ação
hipocolesterolêmica, imunopotenciadora para
vacinas anti-rábicas orais, imunoestimuladora
por via oral e intradérmica, adjuvante em
vacinas antiparasitárias, estimuladora da
absorção de antibióticos e peptídeos por via
nasal e ocular em ratos etc.
Fontes de saponinas esteroidais:
• as principais sapogeninas são: diosgenina, hecogenina,
esmilagenina e sarssapogenina.

Inhame: tubérculos de
Dioscorea spp.,
DIOSCOREACEAE.
Fonte de diosgenina

Agave: sumo obtidos das


folhas de Agave sisalana
Perrine e A. fourcroydes
Lemaire, AGAVACEAE.

Fonte de hecogenina
HETEROSÍDEOS / GLICOSIDEOS
CARDIOTÔNICOS
(DIGITÁLICOS / CARDENOLÍDEOS)
HETEROSÍDEOS/GLICOSÍDEOS CARDIOTÔNICOS (DIGITÁLICOS)
OH

O
HO 1
HO
OH
porção açucar
OH (glicona)
O

1 4
O
OH
O

R
anel lactona
1 4 CH3
O
cardenolideos
O
CH3 H
4
HO
O
H OH
1 bufadienolideos
O
H

porção aglicona
-OH em β (genina)
Lig. glicosídica

Quimicamente, são formados por uma genina (ou aglicona) com estrutura
esteroidal, ligada a resíduos de açúcar (glicona)  glicosídeo esteroidal
HETEROSÍDEOS CARDIOTÔNICOS (DIGITÁLICOS)
Ferrier em 1799 atribuiu atividade
cardioativa a substâncias isoladas de
espécies de Digitalis.
DIGITÁLICOS: glicosídeos esteroidais isolados de
plantas do gênero Digitalis (mas não só).
Estão em uso clínico há mais de 1500 anos.
Usados no tratamento da insuficiência cardíaca
congestiva (ICC).
ATIVIDADE CARDIOATIVA PRONUNCIADA. Aumenta o tônus, a
excitabilidade e a
FIBRAS MUSCULARES CARDÍACAS contratilidade do
músculo cardíaco
 força de contração da musculatura cardíaca, resulta em
sem aumentar o consumo de oxigênio (prolonga aumento do
a fase de platô de despolarização cardíaca débito
retardando a contração ventricular e permitindo cardíaco.
mais tempo para o enchimento ventricular),
HETEROSÍDEOS CARDIOTÔNICOS (DIGITÁLICOS)
Tóxico!!!
Ásia e África: usados como veneno em flechas de guerra e caça.

DISTRIBUIÇÃO
Restritos as Angiospermas: (poucos gêneros de poucas famílias)
Esses metabólitos secundários são distribuídos em 12 famílias botânicas,
mas predomina em Apocynaceae (~ 30 gêneros). Teores abaixo de 1%.

Scrophulariaceae  Digitalis purpurea (folhas) - dedaleira


Digitalis lanata (folhas) – flores brancas
Asclepiadaceae  Asclepias
Apocynacea  Strophanthus
Thevetia, Apocynum, Nerium, entre outros
Liliacea  Urginea , Convallaria

Brassicaceae, Celastraceae, Moraceae


GLICOSÍDEOS CARDIOTÔNICOS (DIGITÁLICOS)
ESTRUTURA
Genina: esqueleto esteroidal tetracíclico  C D
ciclopentanoperhidrofenantreno B

A glicona está ligada á genina através da –OH β


do carbono 3.
Além de –OH no C-3, a genina sempre terá:
-OH em C-14
anel lactônico c/
-CH3 em C-10 e C-13 5 membros (α,β
insaturado) c/4
Pode ter –OH em C-5 carbonos e um
átomo de
Anel lactônico oxigênio bufadienolídeo
, insaturado em C-17β anel lactônico com 6 membros
(di-insaturado) c/ 5 carbonos e
um átomo de oxigênio (não mto
abundante no reino vegetal e é
cardenolídeo encontrado tb em animais, p.e.,
Bufo vulgaris (sapo).
(+ abundante no reino vegetal)
HETEROSÍDEOS CARDIOTÔNICOS (DIGITÁLICOS)
ESTRUTURA
AGLICONAS: alguns exemplos
HETEROSÍDEOS CARDIOTÔNICOS (DIGITÁLICOS)
ESTRUTURA

GLICONA: alguns açúcares presentes nos heterosídeos cardioativos


HO
6

O
5
OH
OH O OH
O OH
4 OH 1 OH O OH
3 2
OH OCH3
OH O
OH
OH
β-D-Glicose β-D-Digitoxose β-D-Diginose
O
3-Acetil-β-D-digitoxose
(2,6-didesoxi-hexoses)

OH O
O OH OH O OH OH O OH

OH OH OCH3
OH
OCH3
OCH3 OH OH

α-L-Oleandrose β-D-Cimarose β-D-Fucose β-D-Digitalose

(2,6-didesoxi-3-metil-hexoses) (6-desoxi-hexoses)
HETEROSÍDEOS CARDIOTÔNICOS (DIGITÁLICOS)
ESTRUTURA
GLICONA
• Ligada à genina (aglicona) pelo C3, por ligação β;
• Geralmente oligossacarídeos (2 a 4 oses) unidos entre si por
ligação (1 4) β-glicosídica;
• A parte glicosídica (glicona) é importante p/ a solubilidade destes
compostos q/ influencia na absorção e distribuição deles no organismo.
Portanto, está relacionada c/ intensidade e duração do efeito.
OH
OH

1
Digitoxina
O
O O
OH
O

1 4
O

4
HO
O
OH
1 3
O
HETEROSÍDEOS CARDIOTÔNICOS (DIGITÁLICOS)
ESTRUTURA QUÍMICA E CLASSIFICAÇÃO
Os heterosídeos são
+ potentes que as geninas, Primário / secundário
Mas também mais tóxicos

16

Resíduo Desoxiaçúcares
terminal de
D-glicose
Glicosídeo 2ario
Folhas secas

Glicosídeo 1ario
Resíduo de glicose terminal
Folhas frescas
HETEROSÍDEOS CARDIOTÔNICOS (DIGITÁLICOS)

Obtenção e Análise:
CUIDADO!!! Processo de secagem da planta pode levar a perda de resíduos de
açúcar.
Inativação de enzimas: secagem rápida e branda da planta a 40 – 500C ou
criodessecação, imediatamente após colheita.

Os processos extrativos são complexos e dependem da planta e dos


heterosídeos que se pretende obter

Extração:
 Normalmente usa-se uma mistura hidroalcoolica (Ex: H2O:EtOH 1:1) e
aquecimento (CUIDADO!!!).
 Pode-se usar acetato de chumbo para precipitar macromoléculas
interferentes
 Extração líquido-líquido (partição) em clorofórmio (ou outro solvente de
média polaridade) e trabalha-se c/ a fração em clorofórmio. Lembre-se!!! GC
têm certa solubilidade em CHCl3.
HETEROSÍDEOS CARDIOTÔNICOS (DIGITÁLICOS)

Obtenção e Análise:

Análise:

 Reações químicas seletivas p/ análise das geninas e reações químicas p/


açúcares.

 Hidrólise ácida (solução diluída de ácidos minerais) ou enzimática dos


açúcares. (pode-se obter hidrólise total ou parcial).

 Cromatografia
HETEROSÍDEOS CARDIOTÔNICOS (DIGITÁLICOS)
Reações Químicas para caracterização das geninas:

Reação de Liebermann-Burchard: Estrutura esteroidal


Ext. CHCl3 + anidrido acético  H2SO4 pelas paredes do tubo, lentamente

Ração de Kedde: Anel lactônico


Ext. CHCl3 + Sol alcoólica 1% ac. 3,5-dinitrobenzóico + KOH 1N

coloração vermelho acastanhado-violácea

Reação de Baljet: Anel lactônico


Ext. CHCl3 + Sol. Aq. Ácido pícrico + KOH 1N  OH

O 2N NO 2
cor laranja
(2, 4, 6-trinitrofenol )
NO 2
Ração com anel lactônico (Kedde e Baljet): mecanismo

Ác. 3,5-dinitrobenzoico
coloração vermelha acastanhado -
violácea
Ác. pícrico

Complexo de cor laranja


HETEROSÍDEOS CARDIOTÔNICOS (DIGITÁLICOS)

Reações Químicas para


caracterização dos açúcares:

Ração de Keller-Killiani: Desoxiaçúcares

Ext. CHCl3 seco + Ácido acético glacial + Sol. FeCl 3 a 2% +

H2SO4 conc.
 Coloração castanho-avermelhada (marrom) na zona de
contato dos 2 liq. e azul-esverdeado na camada de AcOH.

Esta reação somente é positiva se o desoxiaçúcar estiver na extremidade


glicídica. Se houver glicose ou outro açúcar terminal, a reação será negativa,
mesmo havendo desoxiaçúcares na molécula.

Reação de Pesez ou de xantidrol:


Ext. CHCl3 seco + Ác. Acético glacial + Sol de xantidrol  Aquecimento

cor vermelha
HETEROSÍDEOS CARDIOTÔNICOS (DIGITÁLICOS)

Doseamento:

Métodos químicos espectrofometricos das colorações


obtidas nas reações com:

ÁCIDO DINITROBENZÓICO: LEITURA EM 540 NM

SOLUÇÃO DE PICRATO DE SÓDIO ALCALINO: LEITURA EM 484 NM OU

495 NM

Cromatorafia líquida de alta eficiência (CLAE = HPLC)


HETEROSÍDEOS CARDIOTÔNICOS (DIGITÁLICOS)
Propriedades físico-químicas:
• Polaridade ► depende presença de –OH adicionais (influencia na
lipofilicidade e farmacocinética).

• no de OH na parte glicídica (> ou < solubilidade em água)  define


as características fisico-químicas, bem como farmacocinética.

• solúveis em álcool e ligeiramente solúveis em clorofórmio

• insolúveis em solventes orgânicos apolares (benzeno, hexano,


éter).

• as agliconas livres são insolúveis em água e solúveis em álcool e


clorofórmio.
• o anel lactona confere sabor amargo e instabilidade em meio
básico (se hidrolisam facilmente em meio básico e o anel se abre).

•Tensoativos
HETEROSÍDEOS CARDIOTÔNICOS (DIGITÁLICOS)

• Temperaturas altas causam desidratação com remoção da –OH


em C14 resultando em um produto inativo.

Produto desidratado (Inativo)


Digitoxina

• Normalmente, enzimas específicas que hidrolisam os glicosídeos


cardiotônicos primários, com perda de uma unidade de açúcar,
coexistem na planta  Estabilização necessária

• Secagem e estocagem podem levar a deteriorização.


HETEROSÍDEOS CARDIOTÔNICOS (DIGITÁLICOS)

• A gitoxina tem além do –OH em C14, -OH em C16. Esses dois


grupos –OH podem ser perdidos na forma de água, por ação de
H2SO4, formando duas ligações duplas conjugadas.

Essas ligações duplas adicionais formam um sistema


conjugado com a lactona insaturada, levando a
fluorescência sob luz UV.

Gitoxina Produto fluorescente


HETEROSÍDEOS CARDIOTÔNICOS (DIGITÁLICOS)

Propriedades físico-químicas:
Polaridade

Ouabaina
HETEROSÍDEOS CARDIOTÔNICOS (DIGITÁLICOS)

Propriedades físico-químicas:

Digitoxina Digoxina Ouabaina

Lipossolubi
lidade : +++ + 0
Demora da
ação: 2h 20 min 5 min
Degradação
Hepática: +++ + 0
Eliminação : lenta rápida muito rápida
Duração do
efeito: 2 a 3 dias 12 a 24 h 12 h
Persistência no
organismo : 2 a 3 sem. 1 sem. 1-2 dias
Mecanismo de ação:
aumento no influxo de Ca++ intracelular
inibição da enzima Na+K+ ATPase de membrana

estímulo da ligação entre actina e miosina


estímulo da troca Na+/Ca++

aumento da força de contração do músculo aumento da força de contração do


cardíaco músculo cardíaco

K+ Na célula
+

interstício
Na Ca++
+

tropomiosina
miosina Ca++

Ca++
troponina
C
actina
Efeitos:
• ↑ força de contração miocárdica (efeito inotrópico positivo);
• ↑ débito cardíaco (esvaziamento mais completo do coração);
• ↓ tamanho do coração; pressão venosa; volume sanguíneo;
freqüência cardíaca;
• ↑ diurese (efeito indireto)  alívio do edema.

USOS:
Atualmente, o principal uso de GC, com base na sua capacidade de inibir a
enzima Na+ / K+ -ATPase ligada à membrana, é no tratamento de:
• insuficiência cardíaca congestiva (ICC);
• arritmia cardíaca e fibrilação atrial;
• Além disso, evidências crescentes indicaram o potencial efeito citotóxico
de GC contra vários tipos de câncer.

CUIDADO!!! A margem terapêutica é bastante pequena


(Baixo índice terapêutico)  intoxicações são bastante comuns
(20% dos pacientes).
ALGUMAS PLANTAS QUE
CONTÊM HETEROSÍDEOS
CARDIOTÔNICOS
Digitalis purpurea L. (DEDALEIRA) - folhas
SCROPHULARIACEAE
 comum no continente europeu.
 3 glicosídeos primários principais que,
após secagem e hidrólise, fornecem os glicosídeos
secundários: digitoxina, gitoxina e gitaloxina.
 a secagem deve ser rápida, em temperatura baixa, com ventilação
intensa.
 grupo A: genina é a digitoxigenina ► heterosídeo primário
purpúreoglicosídeo A (união de 4 oses: 3 digitoxoses + 1
glicose).
hidrólise enzimática (perde uma glicose), obtém-se como
heterosídeo secundário: digitoxina ou digitalina.
 heterosídeo primário purpúreo glicosídeo B (gitoxigenina +
3 digitoxoses + glicose) e o produto de hidrólise enzimática,
a gitoxina (glicosídeo secundário).
Digitalis purpurea - DEDALEIRA

 heterosídeo primário glucogitaloxosídeo que por hidrólise enzimática


perde uma glicose produzindo gitaloxina.
Digitalis lanata L. (DEDALEIRA GREGA) - folhas
SCROPHULARIACEAE

 possui +/- 70 glicosídeos derivados de 5 geninas


(lanatosídeos A a E): 3 = D. purpurea +
digoxigenina ( digoxina) e diginatigenina.
 glicosídeos primários são acetilados.
 A digoxina é o digitálico + usado no mundo para
tratamento de ICC.

12
13 17
14

10
3
Digitalis lanata - DEDALEIRA GREGA

 grupo A: a genina é a digitoxigenina e o heterosídeo primário é o lanatosídeo


A (grupamento acetila ligado a digitoxose mais distante da genina) ► perde uma
glicose terminal e forma a acetildigitoxina ► sob a ação de uma esterase, perde
grupamento acetila resultando na digitoxina.

 grupo C: representa 30 a 40% dos cardiotônicos totais, onde a genina é


digoxigenina e o heterosídeo primário é o lanatosídeo C acompanhado pelo
acetildigoxina.
Estrofanto - Strophantus gratus
e S. kombe (Apocynaceae)
• Parte utilizada: semente madura
• São arbustos ou trepadeiras originárias da África tropical.
• Em pequenas doses, seus princípios ativos são tônicos cardíacos, apresentando
efeito inotrópico (+) muito acentuado.
Composição química
O S. gratus contém 3 a 7% de heterosídeos cardiotônicos dos quais o
principal é a OUABAÍNA ou G-ESTROFANTINA. Este heterosídeo é formado pela
união de uma genina, a ouabaigenina, muito hidroxilada, e um açúcar, o L-
ramnose. É solúvel na água.
A ouabaína praticamente não é absorvida por via
digestiva devido sua grande polaridade, não fixa sobre
as proteínas plasmáticas e sua ação é de curta
duração. É um medicamento de urgência administrado
por via intravenosa.
OUABAÍNA
K-estrofantina-β
A K-estrofantina possui uma ação análoga a da
ouabaína, mas de intensidade mais fraca e de
duração mais longa.
Nerium oleander L. - ESPIRRADEIRA (Loureiro-rosa,
loendro)
Apocynaceae
Toda a planta é tóxica.

Tem como princípios ativos a oleandrina e a


neriantina, substâncias extraordinariamente
tóxicas. Basta que seja ingerida uma folha para
matar um homem de 80 kg
Urginea maritima (L.) Baker (Drimia maritima) - CILA -
bulbos
LILIACEAE
bufadienólidos
 é mediterrânea; possui 2 variedades:
branca (Itália) e vermelha (Espanha) .

contém cerca de 12 glicosídeos cardioativos, entre eles cilareno (ou


cilarina) A e B.
 usada como expectorante e emética.
 a variedade vermelha é raticida.
FIM

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