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O Modelo de Crescimento Neoclássico de Solow-Swan

Por que as economias crescem?


 Capital Físico
 Educação
 Pesquisa e Desenvolvimento (P&D): Tecnologia
 Instituições

Os Fundamentos do Modelo
O Equilíbrio da Renda Nacional: OA  DA

Yt  Ct  I t  Gt  NX t

O modelo de crescimento de Solow-Swan usa o investimento em capital físico


K  como possível explicação para o crescimento de longo prazo. Logo, basta
analisar uma economia fechada e sem governo.

Yt  Ct  I t

A Função de Produção Neoclássica


A oferta agregada ou produção (Y) de uma economia é obtida combinando três
fatores de produção (capital físico, mão de obra e tecnologia) de acordo com

Yt  F ( K t , Lt , At )

 Capital Físico (K): o conceito de capital físico está relacionado às máquinas e


equipamentos, fábricas, etc., usados no processo produtivo e são bens que as
firmas compram de outras firmas;

 Mão de Obra (L): a mão de obra é homogênea. Isto é, os trabalhadores são


idênticos;
 Tecnologia (A): a tecnologia é um bem não rival e representa o nível de
conhecimento tecnológico no período t.

Propriedades da Função de Produção Neoclássica


 Tem rendimentos constantes de escala em K e L ou é HG1

F (K , L, A)  F ( K , L, A),   0

Aplica-se o princípio da réplica: duas plantas da mesma fábrica


produzem o dobro.

Tomar   2 é como dizer que

F (2 K ,2 L, A)  F ( K , L, A)  F ( K , L, A)  2 F ( K , L, A)

 Rendimentos Marginais Decrescentes em K e L:

F ( K , L) F ( K , L)  2 F ( K , L)  2 F ( K , L)
 0; 0 e  0; 0
K L K 2 L2

 Condições de Inada
F ( K , L) F ( K , L)
lim   e lim 
K 0
K L 0
L
F ( K , L) F ( K , L)
lim  0 e lim 0
K 
K L 
L
Exemplo: A Função de Produção de Cobb-Douglas é uma
função de produção neoclássica?

Yt  At K t L1t , 0    1

(i) Tem rendimento constantes de escala (HG1) em K e L;

Seja   2 . Então

F (2 K ,2 L, A)  A(2 K ) (2 L)1  2 1 AK  L1  2Y

(ii) Tem rendimentos marginais decrescentes em K e L. (Provaremos para o


fator de produção K)

1
F L 2F
 AK  1 L1  A   0;   (  1) AK  2 L1  0
K K K 2

(iii) Atende às condições de Inada em K e L. (Provaremos para o fator de


produção K)
1
F L
lim   A lim   
K 0
K K 0
K
1
F L
lim   A lim   0
K 
K K 
K

(iv) Supostos Adicionais


(i) Taxa de Poupança Exógena e Constante
A poupança agregada é uma fração constante e exógena (s) da renda nacional (Y).
Isto é,

S t  sYt , s  (0,1)
(ii) A Taxa de Depreciação do Capital é Constante
As firmas investemI  uma parte do produto para repor o estoque de máquinas e
equipamentos desgastado com o uso, a chamada DEPRECIAÇÃO do capital D 
e, também, para aumentar a capacidade produtiva (o chamado INVESTIMENTO
dK
LÍQUIDO), dado por K  .
dt

Isto é, no período t,

I t  K t  Dt

Supondo taxa de depreciação constante por período, isto é, supondo Dt  K t ,


então

I t  K t  K t

No modelo neoclássico, a poupança (S) é igual ao investimento. Isto é,

St  I t

Como St  sYt e Yt  F ( K t , Lt , At ) , então

sF ( K t , Lt , At )  K t  K t

K t  sF ( K t , Lt , At )  K t

dK K t  K t 1
onde K   .
dt t

Tal resultado, conhecido como EQUAÇÃO FUNDAMENTAL DE SOLOW-


SWAN, informa que a alteração da capacidade produtiva da economia depende da
diferença entre a poupança agregada, sF ( K , L, A) , e a depreciação do capital
agregado, K .

(iii) A Mão-de-obra é Idêntica à População (pleno emprego) e tem

 L 
taxa de crescimento exógena e constante   n 
L 

Supondo que a população é equivalente à quantidade de trabalhadores empregados


(pleno emprego), podemos escrever

K t
 sf (kt , At )  kt
Lt

K
onde k representa o estoque de capital per capita.
L

K t
O que significa ?
Lt

K t
Sabemos que  sf (kt , At )  kt , mas não temos um significado preciso para
Lt
K
. No entanto conhecemos o significado de
L

dk d  K 
k    
dt dt  L 
dk
Como se comporta k  ?
dt
Como a taxa de crescimento da população é exógena e constante

Lt d log L 1 dLt


(    n ), então1
Lt dt Lt dt

 d  K t  K t
kt      nkt
dt  Lt  Lt

K t
Substituindo  sf (kt , At )  kt , temos
Lt
kt  sf (kt , At )  (n   )kt

Essa relação, chamada EQUAÇÃO FUNDAMENTAL DE SOLOW-SWAN na


forma per capita, informa que a alteração do estoque de capital (capacidade
produtiva) por trabalhador depende da diferença entre a poupança per capita,
sf (k , A) , e a depreciação total do capital per capita, (n   )k .

(iv) Nível Tecnológico Constante


Como desejamos analisar o investimento em capital no seu papel de determinante
do crescimento econômico, é necessário eliminar qualquer fonte de crescimento
que não resulte do investimento em capital.

A ideia é verificar se a economia crescerá para sempre investindo uma fração


constante do produto, dada pela fração da renda que é poupada e investida
[ sf ( k t ) ]. Para verificar isso, assumamos que a tecnologia é imutável  At  A .

f (kt , At )  f (kt , A)

Assim, a equação fundamental de Solow-Swan pode ser representada por:

dK dL
L K
d  K  dt dt K L L K K
1
Note que     2   nk
dt  L  L2 L2 L L
kt  sf (kt , A)  (n   )kt
ou

kt  sf (kt )  (n   )kt

A Interpretação da Equação Fundamental de Solow-


Swan
(i) Pela equação fundamental de Solow-Swan, o estoque de capital per capita,
ou por trabalhador, varia com a diferença entre a poupança bruta per capita
sf (k t , A) e a depreciação total do capital per capita, definida pelo termo
(n   )k t .

Então, sempre que

sf (kt , A)  (n   )kt

aumentará o investimento per capita e o estoque de capital per capita

aumentará ( k  0 ). Caso contrário, k  0 ;

(ii) Note, além disso, que

(n   )k t  nk t  k t

onde k t representa a parte do estoque de capital per capita que deve ser

reposto em razão da depreciação das máquinas e equipamentos e onde nk t


representa a necessidade de utilização de mais máquinas e equipamentos
(capital) para empregar a nova mão de obra que chega ao mercado.
(iii) Se
sf (kt , A)  (n   )kt
então kt  0 , significando que a poupança per capita (igual ao
investimento per capita) é suficiente para repor o estoque de capital per
capita depreciado e absorver a nova mão de obra que chega ao mercado. A
isso chamamos EQUILÍBRIO NO ESTADO ESTACIONÁRIO.

A Análise do Estado Estacionário


Segundo a equação de Solow-Swan, a evolução temporal do estoque de capital (ou
dk
investimento líquido k  ) é dado pela diferença entre a poupança e a
dt
depreciação total, medidas em unidades per capita. Isto é,

kt  sf (kt , A)  (  n)kt

Como s, A, n,  são conhecidos e constantes, então kt  k t e k t  kt , de


modo que a ocorrência de kt determina k t e vice-versa ou, o que é o mesmo,

kt  kt

Se sf (kt , A)  (  n)k t , então kt  0 e k t  k * , onde k t  k * é o estoque


de capital per capita no steady state (estado estacionário).

Em símbolos,

k *  k SS
f (k , A)
(n  n))k

sf (k , A)

k  0 k  0

k ** k
k k

Pela equação fundamental de Solow-Swan, há duas situações em que k  0 :

(a) quando kt  0 ;
(b) quando kt  k * .

Caso (a): Se k t  0 , então f (k t )  0 (origem).


df
 Pela condição de Inada, lim
k 0
  , indicando que a inclinação da curva
dk
 d [ sf (k )] 
de poupança     será maior do que a inclinação da curva de
 dk 
depreciação 0    n  1 .
df (k )
 Por outro lado, ainda segundo a condição de Inada, lim
k 
0 e
dk
d [ sf (k )]
lim
k 
 0.
dk
 Então a inclinação da função poupança é tal que
d [ sf (k )]
0  
dk

Como 0    n  1, então chegamos ao Caso (b):

Caso (b): Existe k t  k * , tal que

sf (kt* )  (  n)kt*  kt  0  kt  k * .

Tal resultado indica que, se ignorarmos a origem, as curva de poupança e a curva

de depreciação devem cruzar-se uma única vez em k t


 kt*  , com o estoque de
capital per capita k* conhecido por estoque de capital per capita no estado
estacionário (steady state).

Exemplo: A função de produção de Cobb-Douglas: F ( K , L, A)  AK  L1

 1
AK  L1  K   L
f (k , A)   A     Ak 
L  L   L

Como, pela equação de Solow-Swan,

kt  sf (kt , A)  (  n)kt

então

kt  sAk   (  n)kt

No estado estacionário, sf (kt , A)  (  n)kt . Então

 sA 1
sAk   (  n)k  k *   
  n 
Como k  k * é constante, o PIB per capita (y) também é constante. Isto é, no
estado estacionário, quando k  k * , y *  f (k * ) é constante.

Deste modo, se k  k * , então k  0 e y  0 .

dy dk
Prova: De y  f (k , A)  dy  f ' (k )dk   f ' (k )
dt dt

Isto é,

y  f ' (k )k

o que conduz a k  0  y  0 .

Além disso, como o consumo é uma fração constante da renda c  (1  s) f (k ),


então o consumo per capita é uma fração constante da renda per capita, o que

indica que k  y  0  c  0 .

dc dk
Prova: c  (1  s) f (k )  dc  (1  s) f ' (k )dk   (1  s) f ' (k )
dt dt
ou

c  (1  s ) f ' (k )k
Pela equação

 sA 1
k*   
  n 

o estoque de capital per capita, no estado estacionário, aumenta com o aumento da


taxa de poupança 0  s 1 e com o nível de conhecimento tecnológico A e
diminui com aumentos nas taxas de depreciação (  ) e de crescimento da
população (n).

A Regra de Ouro da Acumulação de Capital


Como sf (k )  f (k )  c , então, no estado estacionário (ou, o que é o mesmo,
quando k  0 ), tem-se

c *  f (k * )  (  n)k *

*
A Regra de Ouro da Acumulação de Capital resulta da otimização do consumo ( c )

relativamente ao estoque de capital ( k * ) por todos os indivíduos. Isto é,

dc*
*
 0  f ´(k * )    n
dk

Nesse caso, k *  kouro  s  souro .

Portanto, dois casos podem ser analisados:

(a) Se k *  k ouro , então s  souro ;


(b) Se k *  kouro , então s  souro .

Caso (a): k *  k ouro


Como o consumo será máximo quando k *  k ouro , a situação melhorará se
diminuir k* ou, o que é o mesmo, ocorrer uma redução na taxa de poupança e um
aumento no consumo no estado estacionário. Isto é, a poupança deverá diminuir

para s  souro . Nesse caso, o aumento do consumo será permanente: couro  c * .


Esse caso é conhecido como Ineficiência Dinâmica.
Caso (b): k *  k ouro
Como o consumo será máximo quando k *  k ouro , a situação melhorará se ocorrer
uma redução imediata no consumo e um aumento na poupança do estado
estacionário. O resultado no equilíbrio de longo prazo é o aumento no consumo
final relativamente ao consumo inicial. O problema é aceitar passivamente diminuir
o consumo presente e aumentar a taxa de poupança para s  souro . Nesse caso, não
se pode afirmar que existe ineficiência dinâmica se k *  k ouro .
A Taxa de Crescimento de Longo Prazo
Pela função de produção, aumentos no uso de capital per capita resultam em
aumentos no produto per capita. Isto é,

y  f (k ) , com f ´(k )  0 .

Assim, variações positivas (negativas) no estoque de capital per capita resultam em


variações positivas (negativas) no estoque do produto real per capita.

Então, cabe indagar: Qual é a taxa de crescimento do produto per capita  


y

em função da taxa de crescimento do estoque de capital   ?


k
Seja uma variável qualquer, medida em função do tempo, xt . Como se define sua
taxa de crescimento?

 xt  xt 1 
 
1 xt  xt 1 
(a) x  , no caso discreto  ;
xt t  t 
 
 
xt 1 dxt d ln xt
(b) x    , no caso contínuo.
xt xt dt dt

No caso da função de produção de Cobb-Douglas,

yt  Akt  log yt  A log kt

A taxa de crescimento do produto   será dada por,


y

y d ln y d ln k k
y        k
y dt dt k

onde k é a taxa de crescimento do estoque de capital per capita.

Então,
 y   k

Além disso, como o consumo per capita é dado por ct  (1  s ) yt , então

k
 c   y     k
k
Conclusão:
Basta conhecer a taxa de crescimento do estoque de capital per capita  k  para

conhecer as taxas de crescimento do produto per capita  y  e do consumo per

capita  c  .

É fácil ver como isso funciona a partir da equação fundamental de Solow-Swan:

k  sf (k , A)  (  n)k

A taxa de crescimento do estoque de capital per capita será a nova versão da


equação fundamental de Solow-Swan, dada por

k sf (k , A)
k   (  n)
k k

Da nova versão da equação fundamental de Solow-Swan, notamos que a taxa de


crescimento do estoque de capital per capita resulta da diferença entre a

 sf (k , A) 
poupança per capita por unidade de capital   e a taxa total de
 k 
depreciação (incluindo o crescimento da população), dada por (  n) .

 Dados A e   n , quanto maior 0  s  1, maior será a taxa de crescimento


k
do capital per capita (  k  ), maiores serão as taxas de crescimento do
k
y c
produto (  y  ) e do consumo (  c  ) e maior será o estoque de capital
y c
*
per capita no estado estacionário ( k );
 Dados s e   n , quanto maior for o nível de conhecimento tecnológico ( A ),
maior será a renda per capita y  f (k , A), maior será a quantidade do
produto poupado e investido sf (k , A) e maior será o estoque de capital per
*
capita no estado estacionário ( k );

 Dados s e A, quanto maior for a taxa total de depreciação da economia,  n,


 k 
menor será a taxa de crescimento do estoque de capital per capita   k   e
 k
*
menor será o estoque de capital per capita do estado estacionário ( k ).

Graficamente, a nova versão da Equação Fundamenta de Solow-Swan é

sf (k )
Propriedades de :
k
sf (k )
(a) A função é decrescente em k .
k
Prova:
 f (k ) 
d 
 k   f ´(k )k  f (k )   f (k )  f ´(k )k   w  0 ,
dk k2 k2 k2
pois pela propriedade de HG1 da função de produção, f ( k )  f ' ( k ) k  w ,

 f (k ) 
 d( )
Logo, s k   0.
 dk 
 

f (k ) f (k )
(b) lim
k 0
s   e lim
k 
s  0.
k k

Prova: Usa-se a regra de L’Hôpital.

f (k ) f (k )
lim
k 0
s  lim
k 0
sf ´(k )   e lim s
k 
 lim
k 
sf ´(k )  0
k k

Isto é, à medida que a economia cresce (ou, o que é o mesmo, o estoque de capital

k
cresce), k t  k , a taxa de crescimento tende para zero
*
(  0 ). Logo, se a
k
função de produção for do tipo neoclássico, existe um ponto em que a economia
deixará de crescer e, fatalmente, a economia se aproximará desse ponto: ESTADO
ESTACIONÁRIO.

Exemplo: A função de produção de Cobb-Douglas.

y  Ak 

 k  sAk  (1 )  (  n)

Assim, no estado estacionário, o estoque de capital ( k * ) é dado por:


1

 sA  1
k*   
  n 

O que explica o crescimento no longo prazo?


 Como 0  s  1 , então o maior valor que a taxa de poupança pode assumir é 1.
Porém se s  1, então c  0, que indica que a poupança não pode crescer
indefinidamente. Assim, aumentos na taxa de poupança não podem explicar
crescimento de longo prazo.

 Quando a taxa de crescimento da população (n) diminui, ocorre um aumento em

k * , sugerindo aumentos no estoque de capital de longo prazo. No entanto, as


reduções continuadas em n indicam a extinção da população, pelo
envelhecimento. Logo as reduções no crescimento da população não podem
explicar crescimento de longo prazo.

Se aumentos na taxa de poupança ou reduções na taxa de crescimento da população


não podem explicar o crescimento de longo prazo, o que pode?

O Progresso Tecnológico Exógeno


Toda a análise até aqui está baseada no uso de uma tecnologia imutável At
 A .
Isto é,

f (k t , At )  f (k t , A)

Uma mudança no parâmetro tecnológico (A) desloca a função de produção (e a


função poupança) para cima, de modo que com a mesma proporção capital-trabalho

 K
 k   , haverá maior produção (ver Figura abaixo).
 L
Então, supondo que o parâmetro tecnológico mude continuamente (a uma taxa

A
constante  x ), a curva de poupança desloca-se continuamente para cima (e
A
para a direita) e o estoque de capital per capita crescerá, indefinidamente, à mesma
taxa.

A
Isto é, se  x , então, no estado estacionário, a taxa de crescimento não mais
A
será nula (  k  x ).
*

Para demonstrar isso, pensemos numa função de produção em que a mão de obra é
medida em unidades eficientes (ou efetivas). Isto é,

Yt  F ( K t , Lt , At )  F ( K t , Lˆt ) , Lˆt  Lt At

F ( K t , Lˆt ) K
 f (kˆt ) , kˆt  t
Lˆt Lˆt
Adotando o método usado no modelo sem progresso tecnológico, quando definimos

K t
 sf (kt )  kt , analogamente podemos definir
Lt

K t
 sf (kˆt )  kˆt
ˆ
Lt

Assim, a equação fundamental de Solow-Swan, com crescimento tecnológico, pode


ser apresentada como:


kˆ  sf (kˆt )  (  n  x)kˆt

e a taxa de crescimento do capital, medido em unidades efetivas de mão de obra,

 kˆ 
será    kˆ 
 kˆ 
 

 f (kˆ ) 
 kˆ  s t
  (  n  x)

ˆ
 k 
Exercício: Mostre que


kˆ  f (kˆ) 
 kˆ   s   (n  x   )

ˆ ˆ
k  k 
 dK 
onde k    .
dt  LA 

Prova:

 K  dK
d  LA   dL  AK   dA KL  
 LA   dt  dt dt   K   L  K    A  K 
   
dt LA2 LA  L  LA   A  LA 

 K
kˆ   (n  x)kˆ


kˆ  sf (kˆ)  (n  x   )kˆ

Dividindo a última expressão por k̂ , chega-se ao resultado

 f (kˆ) 
 kˆ  s   (n  x   )
ˆ 
 k 
K k
Como kˆ   então, quando  k*ˆ  0 :
LA A

(a) o capital agregado K, crescerá à taxa

 K*  n  x

(b) o capital per capita k, crescerá à taxa


 k*  x
Prova:
K
(a) De kˆ  , segue-se que
LA
d ln kˆ d ln K d ln L d ln A
ln kˆ  ln K  ln L  ln A    
dt dt dt dt
Isto é,  kˆ   K  n  x . Logo, se  kˆ  0   K  n  x
k
(b) Pela mesma razão, kˆ  . Logo, se  kˆ  0   k  x
A
Esse resultado permite vislumbrar a explicação para as diferentes trajetórias do
crescimento dos países no longo prazo: o crescimento tecnológico contínuo permite
aos países ter trajetórias de crescimento diferentes.

Porém, apesar de permitir essa explicação, o modelo não explica o MOTOR DO


CRESCIMENTO ECONÔMICO, pois não explica como acontece o crescimento
tecnológico.

Pela hipótese de Rendimentos Constantes de Escala (função de produção HG1),


temos

F F
F ( K , L, A)  K L
K L

Além disso, pela hipótese de concorrência perfeita (longo prazo) as remunerações


dos fatores de produção esgotam o produto. Isto é,

F ( K , L, A)  (r   ) K  wL

Portanto, no modelo neoclássico de crescimento econômico não há espaço para


investimento em tecnologia. Logo, nesse caso, o crescimento tecnológico tem de
ser EXÓGENO.
NOTA: O grande problema do modelo neoclássico é que o PROGRESSO
TECNOLÓGICO É EXÓGENO.

As Noções de Convergência (Absoluta) e Convergência Condicional

A Noção de Convergência (Absoluta)

A informação contida na figura acima indica que, em decorrência da Lei dos


Rendimentos Marginais Dcrescentes do capital, dentre todas as economias, aquelas
que tiverem menor estoque de capital inicial, chamadas economias mais pobres,
terão taxas de crescimento maiores do que as economias que tiverem estoques de
capital inicial maiores, chamadas economias mais ricas. Isto é,

 sf (k ) 
d 
 k 0
dk

A isto convencionou-se chamar de Convergência Absoluta ou simplesmente


Convergência: todas as economias convergem para o mesmo estado estacionário,
de modo que economias mais pobres crescerão mais rapidamente do que as
economias mais ricas.
Essa ideia sugere que, como todas as economias convergirão para o mesmo estado
estacionário, fatalmente todas as economias serão iguais em termos de renda per
capita.

A Convergência Condicional
No entanto, é fácil notar que mesmo entre economias com mesmo estoque de
capital inicial, podem ocorrer taxas de crescimento diferentes. Por quê? Uma
possibilidade é que tais economias tenham parâmetros diferentes: as taxas de
poupança ou as taxas de crescimento da população podem ser diferentes entre
economias, levando a taxas de crescimento diferentes, como na figura abaixo, o que
convencionou-se chamar de Convergência Condicional: em um grupo de
economias com os mesmos parâmetros (taxa de poupança, taxa de crescimento
da população etc), aquelas com menor estoque de capital inicial terão maiores
taxas de crescimento.

A Duração da Transição
Qual é a rapidez com que uma economia converge do estado inicial ( k o ) para
*
estado estacionário ( k )? Dito de outro modo, em quanto tempo uma economia
*
“percorre” o caminho entre o estado inicial ( k o ) e o estado estacionário ( k )?
Define-se velocidade de convergência como

 k
 
 log k

onde a expressão log k refere-se ao “logaritmo natural” ( log k  ln k ).

Isto posto, suponha a função de produção neoclássica de Cobb-Douglas,

f (k )  Ak 

Então, pela equação fundamental de Solow-Swan, a taxa de crescimento será dada


por

 k  sAk  (1 )  (  n)

Porém,

 (1   )  (1   ) log k
k e

Deste modo que podemos reescrever,

 k  sAe  (1 ) log k  (  n)

Assim,

 k
 (1   ) sAk (1 )
 log k

o que resulta em:


  (1   ) sAk  (1 )

de modo que


0
k

indicando que a velocidade de convergência diminui à medida que k  k*.

Como, no estado estacionário,

sAk  (1 )  (  n)

Então, quando k  k * , teremos

 *  (1   )(  n)

Qual é o significado de  *  (1   )(  n) ?

Suponhamos que os parâmetros da equação sejam   0,3 ; n  0,01 e

  0,1. Nesse caso,  *  0,077 , significando que a velocidade de


convergência é da ordem de 7,7% ao ano ou, o que é o mesmo, a economia
converge para o estado estacionário na ordem de 7,7% ao ano. Isso quer dizer que a

metade da distância entre k 0 e k * é percorrida em cerca de 9 anos.

Este resultado vem da seguinte relação:

log kt  (1  e  t ) log k *  e  t log k 0

ou
log kt  log k *  e  t (log k 0  log k * )

Quando a metade do caminho entre k 0 e k * for percorrida,

1
e  t  .
2
Porém,

1 log 2
e  t   log 2  t  t 
2 

Como  *  0,077 , então t  9 anos .

Tal resultado, em termos de crescimento de longo prazo implica, pela evidência


empírica, em pouco tempo (a velocidade de convergência é excessivamente alta)

para percorrer o caminho entre k0 e k * .

O que acontecerá se reapresentarmos a medida de convergência (  ) como


*

 *  (1   )(  n  x) , onde x representa o crescimento tecnológico

contínuo? Supondo que x  0,02 (a tecnologia cresce 2% ao ano),  *  0,091 ,


o que resulta em uma velocidade de convergência t  7,62 anos .

O Modelo de Solow-Swan Ampliado


Uma evidência perturbadora está no fato de que a hipótese de convergência
condicional é consistente com os dados empíricos se   0,8 . Porém a participação
do capital tem sido estimada em torno de   0,3 . Nesse caso, o que fazer?

O Modelo Mankiw-Romer-Weil (1992)


Seja a função de produção
Y  BK  H  L1 

onde K é o estoque de capital físico e H é o correspondente do capital humano.

Seja a acumulação de capitais (físico e humano) dada por:

K  H  BK  H  L1    C   K K   H H

Supondo K  H   e sabendo que as firmas alocam capital físico K  e

capital humano H  até que PMgK  PMgH , então

 
H   K
 

Após a substituição dessa relação na função de produção, vem:

Y  AK  L


 
onde A  B  ,      e   1   .


Fazendo   0,3 ;   0,5 ;   0,1 e n  0,01 , a medida de convergência

[dada por   (1   )(  n) ] pode ser calculada como  *  0,022 . Como


*

1
e  t  , então t  32 anos. Esse resultado é compatível com a evidência
2
empírica internacional.
Avaliação Empírica

(1) A Hipótese de Convergência:  -Convergência e -


Convergência
Diz-se que, para um conjunto de economias, existe  -Convergência se as
economias mais pobres têm maiores taxas de crescimento (ou crescem mais
rapidamente) do que as economias mais ricas, de modo que existe uma relação
inversa entre as taxas de crescimento dessas economias e suas rendas iniciais. Por
sua vez, o conceito de  -Convergência (que por vezes é confundida com  -
Convergência), diz respeito à dispersão do produto per capita do conjunto de
economias. Nesse caso, a convergência se dará se for observada queda na dispersão
do produto per capita, indicando que as rendas estão se aproximando.

A Relação entre  -Convergência e  -Convergência


Ainda que diferentes, os conceitos de  -Convergência e  -Convergência estão
relacionados. Para ver isso, suponhamos que em um grupo de n economias ocorra
 -Convergência.

A taxa de crescimento da i-ésima economia, entre os períodos t  1 e t , é dada por:

 i ,t  ln( y i ,t )  ln( y i ,t 1 ) (1)

A hipótese de  -Convergência sugere que a taxa de crescimento da i-ésima


economia seja uma função negativa do nível de renda no período t  1 , algo como:

ln( y i ,t )  ln( y i ,t 1 )     ln( y i ,t 1 )  u it (2)

Aqui, u it representa, por exemplo, perturbações aleatórias transitórias (na função de

produção, no consumo, taxa de poupança), com média zero e variância  u2 , comum

a todas às n economias e 0    1 é uma constante positiva que informa que


quanto mais próximo da unidade, maior será a velocidade de convergência entre as
economias.

Rearranjando a equação (2), obtemos:

ln( yi ,t )    (1   ) ln( yi ,t 1 )  uit (3)

Como medida de dispersão da renda per capita em um cross section de economias,


tomemos:

 t2   ln( yi ,t )  ut 
1 n
2
(4)
n i 1

onde u t é a média amostral dos diversos valores log( y i ,t ) . Se o número de


observações ( n ) for suficientemente grande, a variância amostral se aproxima da

variância populacional, de modo que se pode utilizar (3) para derivar  t2 ao longo
do tempo. Isto é,

 t2  (1   ) 2  t21   u2 (5)

A expressão acima é uma equação em diferenças, cuja estabilidade depende de


0    1 e cuja solução é:

 t2  ( 2 ) *  [ 02  ( 2 ) * ](1   ) 2 t (6)

onde ( 2 ) * é o valor de  t2 no estado estacionário.

Das equações (5) e (6) acima, duas conclusões são imediatas:


(i) Na equação (5), se não existir  -Convergência, isto é, se   0, então

não pode haver  -Convergência. Isto é, a ocorrência de  -Convergência


é uma condição necessária para que ocorra  -Convergência;

(ii) Se 0    1 , a equação (6) sugere que, com o passar do tempo,  t2 se


aproxima do seu valor de estado estacionário ( 2 ) * . No entanto, o termo
entre colchetes pode ser positivo ou negativo, de modo que a variância  t2
pode diminuir ou aumentar ao longo da trajetória temporal. Assim a
existência de  -Convergência não é uma condição suficiente para a

existência de  -Convergência.

A noção de  -Convergência utilizada nos testes econométricos é a forma não


linear contida em BARRO & SALA-I-MARTIN (1992), segundo a qual:

1  yi ,t0 T 
  C   1  e
 T

ln  T  ln( yi ,t0 )   i ,t0 T (7)
T  yi ,t0 
  

onde T representa o tempo decorrido entre o período inicial ( t 0 ) e o ano t e onde

y i ,t0 T representa o PIB per capita no T-ésimo ano após o período inicial; y i ,t0 é o

PIB per capita do período inicial e  i ,t0 T é a média dos erros nos T períodos após o

período inicial.

(2) A Contabilidade do Crescimento


Solow (1957) fornece uma metodologia que permite medir a contribuição dos três
componentes básicos da taxa de crescimento agregada (crescimento do capital
físico, crescimento do trabalho e o progresso tecnológico), por meio da seguinte
função de produção (Hicks-neutra):

Yt  At F ( K t , H t )
onde H t  qLt .

Notemos que

dY Y dK Y dH Y dA
  
dt K dt H dt A dt

dY F ( K , H ) dK F ( K , H ) dH AF ( K , H ) dA
A A 
dt K dt H dt A dt

Dividindo tudo por Y , teremos a taxa de crescimento do produto agregado:

Y  AFK    AFH    F ( K , H )  
 K   H   A
Y  Y   Y   Y 

Y  AFK    AFH   A
 K   H 
Y  Y   Y  A

Multiplicando e dividindo os termos entre parênteses por suas respectivas variáveis


(K e H), vem:

Y A  AFK K  K  AFH H  H
    
Y A  Y K  Y H

AFK K
Assumindo que a participação do capital físico (K) é  e do capital
Y
AFH H
humano (H) é 1    , teremos:
Y
Y A K H
    (1   )
Y A K H

De modo que,

A Y  K H 
     (1   ) 
A Y  K H

Como nosso interesse está em analisar variáveis per capita e notando que

y Y L
  , então a equação acima pode ser reapresentada como:
y Y L

A y  k q 
     (1   ) 
A y  k q

Pois

y  A K H  L
     (1   )  
y  A K H L

y A  K L   H L 
       (1   )  
y A  K L  H L

y A k q
    (1   )
y A k q

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