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Neurociências
Neurociências UM IN STR UMEN TA L TEÓRICO-
UM INSTRUMENTAL TEÓRICO-
E P I S T E M O L ÓG I CO E M E TO DO L ÓG I CO
E P I S T E M O L Ó G I C O E M E TO D O L Ó G I C O
I N TER DI SCI P LI N A R
INTERDISCIPLINAR
Cristina Novikoff
Cristina
Carlos Novikoff
Alberto Schettini Pinto
CarlosMarcio
AlbertoVieira
Schettini Pinto
Xavier
Marcio Vieira Xavier
Sergio Pavanelli Trindade
SergioPergentino
Tigernaque Pavanelli Trindade
de Sant’ana Junior
Tigernaque Pergentino de Sant’ana Junior
(Organizadores)
(Organizadores)
Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização
Cristina Novikoff
Carlos Alberto Schettini Pinto
Marcio Vieira Xavier
Sergio Pavanelli Trindade
Tigernaque Pergentino de Sant’ana Junior
(Organizadores)
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Editora CRV
Curitiba – Brasil
2023
Copyright © da Editora CRV Ltda.
Editor-chefe: Railson Moura
Diagramação e Capa: Designers da Editora CRV
Imagem da capa: Vecstock | Freepik
Revisão: Os autores
N477
Bibliografia
ISBN Digital 978-65-251-5375-9
ISBN Físico 978-65-251-5374-2
DOI 10.24824/978652515374.2
2023
Foi feito o depósito legal conf. Lei nº 10.994 de 14/12/2004
Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização da Editora CRV
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Conselho Editorial: Comitê Científico:
Aldira Guimarães Duarte Domínguez (UNB) Andrea Vieira Zanella (UFSC)
Andréia da Silva Quintanilha Sousa (UNIR/UFRN) Christiane Carrijo Eckhardt Mouammar (UNESP)
Anselmo Alencar Colares (UFOPA) Edna Lúcia Tinoco Ponciano (UERJ)
Antônio Pereira Gaio Júnior (UFRRJ) Edson Olivari de Castro (UNESP)
Carlos Alberto Vilar Estêvão (UMINHO – PT) Érico Bruno Viana Campos (UNESP)
Carlos Federico Dominguez Avila (Unieuro) Fauston Negreiros (UFPI)
Carmen Tereza Velanga (UNIR) Francisco Nilton Gomes Oliveira (UFSM)
Celso Conti (UFSCar) Helmuth Krüger (UCP)
Cesar Gerónimo Tello (Univer. Nacional Ilana Mountian (Manchester Metropolitan
Três de Febrero – Argentina) University, MMU, Grã-Bretanha)
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Este livro passou por avaliação e aprovação às cegas de dois ou mais pareceristas ad hoc.
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO�������������������������������������������������������������������������������������������� 9
Carlos Alexandre de Oliveira Costa
INTRODUÇÃO����������������������������������������������������������������������������������������������� 11
Os organizadores.
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NEUROCIÊNCIA EXPERIMENTAL E A
PSICOBIOLOGIA DO TRANSTORNO
DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO
Hugo Bayer Reichmann2
Leandro José Bertoglio3
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Introdução
O ser humano busca entender sua mente e como ela pode existir desde
tempos em que a própria ciência ainda era algo inimaginável. Com o
desenvolvimento das ciências biomédicas, principalmente a partir do século
XIX, ficou claro que nossa experiência consciente depende de impulsos ner-
vosos em nosso cérebro. O interesse nas neurociências é crescente desde
então, e diversas metodologias experimentais para desvendar os mecanismos
e processos que ocorrem no sistema nervoso surgem a cada dia. Devido a
diversos fatores, principalmente éticos e logísticos, grande parte dos estudos
em neurociências são desenvolvidos em camundongos e ratos, que compar-
tilham uma história evolutiva conosco.
Desde a publicação do livro “A Origem das Espécies” por Charles Dar-
win, e com o estabelecimento da teoria da Evolução como modo de entender
o lugar do ser humano na natureza, a noção de que temos uma origem comum
com os outros mamíferos se consolidou (de fato, não mamíferos e todos os
outros seres vivos também, porém o ancestral comum é muito mais distante).
Outro livro importante desse ilustre autor se chama “A Origem do Homem”,
onde são abordadas as semelhanças e diferenças entre cérebro e comporta-
mento do Homem em relação aos outros animais. Talvez o principal legado
desse estudo seja a noção de que a cognição humana e animal é contínua e
não discretamente diferenciada – Darwin argumentou que a diferença entre
humanos e outros animais seria de “grau”, e não de “tipo”. Desde então,
diversas áreas da ciência têm entendido a cognição desse modo, e o uso de
animais em pesquisas neurocientíficas passou a ser justificado. Obviamente
rua, deixa de ter medo do lugar após ter que passar por aquela rua diversas
vezes (talvez faça parte do trajeto para o trabalho, por exemplo), pois nada
de ruim aconteceu novamente. Aqui temos um detalhe importantíssimo do
TEPT: pacientes com esse transtorno, diferentemente de indivíduos saudá-
veis, apresentam uma dificuldade muito maior para “extinguir” memórias
traumáticas (Norrholm et al., 2011).
Um dos métodos mais tradicionais utilizados para estudar a função de
regiões cerebrais no processamento de memórias traumáticas é a realização
de lesões em determinadas estruturas para determinar como a perda de fun-
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Considerações finais
REFERÊNCIAS
GAZARINI, Lucas; STERN, Cristina A. J.; BERTOGLIO, Leandro J. On
making (and turning adaptive to) maladaptive aversive memories in la-
boratory rodents. Neuroscience. Biobehavioral Reviews, [S. l.], v. 147,
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2023.105101
NADER, Karim; SCHAFE, Glenn E.; DOUX, Joseph E. Le. Fear memo-
ries require protein synthesis in the amygdala for reconsolidation after re-
trieval. Nature, [S. l.], v. 406, n. 6797, p. 722-726, 17 ago. 2000. Springer
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try And Neuroscience, [S. l.], v. 47, n. 2, p. 109-122, 31 mar. 2022. CMA
Impact Inc. http://dx.doi.org/10.1503/jpn. 210057
SQUIRE, Larry R.; GENZEL, Lisa; WIXTED, John T.; MORRIS, Richard
Introdução
A cognição ganha aso nas ciências sociais com Bandura (1986) que
destacou “o papel central dos processos cognitivos, vicários, autorregula-
dores e autorreflexivos em exercer impacto na adaptação e nas mudanças
humanas” (Mata; Rodríguez, 2012, p. 191). De outro modo, os processos
cognitivos inferem na capacidade das pessoas se autorregularem e desenvol-
verem comportamentos.
A consciência tem importante papel nos processos até aqui descritos.
Cabe questionar como ela aparece na literatura brasileira? Eis o que se des-
creve no próximo tópico.
Resultado
psicológica. Revolução Cognitiva é a designação do movimento intelectual que iniciou uma nova área de
Maringá, v. 12, n. 2, p. 385-391, maio/ago. 2007.
estudos conhecida como ciência cognitiva. De outra forma, um novo movimento chamado de segunda
revolução cognitiva enfatiza a importância das práticas discursivas para os processos mentais humanos. O
principal objetivo deste trabalho é caracterizar e comparar as duas revoluções cognitivas. Com base numa
revisão da literatura e em uma discussão histórica sobre ambos os movimentos, os autores consideram
o impacto da primeira revolução cognitiva, bem como as limitações da segunda revolução cognitiva. O
propósito desta análise não é contestar a importância dos enfoques discursivos e construtivistas. Em
contrapartida, os autores afirmam que tais processos são insuficientes para caracterizar uma segunda
revolução no âmbito das ciências cognitivas.
(C) O advento de um novo modo de conceber e investigar a mente, ocorrido no final dos anos cinquenta é
designado como Revolução Cognitiva. Nesse contexto, o computador acaba servindo como uma metáfora
promissora, vinculada a uma nova compreensão ontológica da mente. Um crescente número de trabalhos
experimentais, a partir de então, encarrega-se de estudar os processos de memória, atenção, raciocínio,
percepção, evidenciando que a mente poderia ser investigada de um modo verdadeiramente científico.
continua...
38
continuação
Referência
Dimensão teórica
(ABNT)
(6) PEREIRA, Marta Maximo; ABIB, Maria Lucia Vital dos Santos. Memória, cognição e afe- (2) PEREIRA, Damasceno, Benito. Contribuições dos estudos de autores sovié-
tividade: um estudo acerca de processos de retomada em aulas de Física do Ensino Médio. ticos para a psicologia e a neurociência cognitiva contemporâneas. Cadernos
Os avanços da neuropsicologia e da neurociência cognitiva têm confirmado, cada vez mais, essa estrutura
sistêmica e dinâmica da atividade mental, mostrando, por exemplo, que a memória – capacidade de
codificar, registrar e evocar informações – não é uma faculdade mental isolada localizada em um centro
cerebral único, mas um SFC constituído de diversos subtipos de memória e de operações mnésicas,
cada qual processada em diferentes conjuntos (redes) de regiões cerebrais interconexas. Assim, temos
a memória episódica retrospectiva, de longo prazo – memória do passado, que representa episódios ou
eventos de nossa história autobiográfica pessoal, consistindo na lembrança consciente desses eventos
(p. ex.: do momento e do local em que o indivíduo se casou). Existe também a memória de trabalho ou
operacional (working memory) – capacidade de manter no foco da consciência, simultaneamente e por
curto período (segundos), diferentes tipos de informações e de poder operar com elas (p. ex.: ao resolver
um problema aritmético). Há a memória prospectiva, memória do futuro, que consiste em lembrar-se de
executar posteriormente ações agora intencionadas (p. ex.: pagar as contas no dia seguinte). Além delas,
existe a memória semântica, nosso conhecimento conceitual (p. ex.: saber o que é um restaurante, o que
significa comprar), que constitui condição necessária, embora não suficiente, às funções psicológicas
superiores – como raciocínio (pensamento) lógico e discursivo –, as quais requerem outras funções não
mnésicas adquiridas a partir da adolescência. Além de tudo isso, existem interações e dependências
recíprocas entre os subtipos de memória. Assim, a memória semântica (p. ex.: aprendizado do conceito
de restaurante por uma criança) se baseia em experiências episódicas repetidas (de alimentar-se em
diferentes restaurantes). Por outro lado, uma experiência episódica (p. ex.: presenciar uma demonstração
de pessoas carregando cartazes e exigindo aumento de salário) fica mais bem-memorizada se o sujeito
entender que se trata de uma greve e todas as suas implicações (memória semântica).
Assim, Vigostki (2009, p. 16) critica a separação entre as dimensões cognitiva e afetiva do funcionamento
psicológico, adotando uma abordagem unificadora entre elas:
[...] como se sabe, a separação entre a parte intelectual da nossa consciência e sua parte afetiva e
volitiva é um dos defeitos radicais de toda a psicologia tradicional. [...] Quem separou desde o início o
pensamento do afeto fechou definitivamente para si mesmo o caminho para a explicação das causas
do próprio pensamento, porque a análise determinista do pensamento pressupõe necessariamente a
revelação dos motivos, necessidades, interesses, motivações e tendências motrizes do pensamento,
que lhe orientam o movimento nesse ou naquele aspecto (Vigostki, 2009, p. 16; Pereira; Santos, 2016,
p. 860, grifo nosso).
Ciência & Educação, Bauru, v. 22, n. 4, p. 855-873, dez. 2016.
Os registros foram coletados em aulas de Física do Ensino Médio. Como resultado, construímos duas
categorias: memória científico-afetiva e memória afetivo-vivencial. As memórias científico-afetiva
se referem àquilo que o sujeito retoma dos momentos do ensino de Física e que guarda estreita relação
com o conhecimento científico escolar e/ou é influenciado por ele (Pereira; Abib, 2016, p. 862).
As memórias afetivo-vivencial se referem à importância também do aspecto cognitivo das interações
sociais na constituição dessa memória. Entendemos que o aspecto cognitivo da memória afetivo-vivencial
se faz presente à medida que o sujeito que sente e é afetado pelas relações sociais só o faz porque
conhece, aprende e desenvolve a cada dia formas de estar no mundo e de se relacionar com os demais
e com as situações sociais que lhe permitem ser afetado por elas (Pereira; Abib, 2016, p. 868).
Assim, consideramos que, ao lembrarmos alguma ideia ou situação, ela se transforma em algo diferente,
devido à mediação realizada. Mesmo que se queira memorizar alguma coisa, a “cópia” na memória
nunca é idêntica ao que se quer memorizar, tampouco uma réplica perfeita, pois tal processo não é
direto, mas sim mediado.
De acordo com Izquierdo (2002, p. 12),
“[...] todos sabemos como é fácil aprender ou evocar algo quando estamos alertas e de bom ânimo;
e como fica difícil aprender qualquer coisa ou até lembrar o nome de uma pessoa ou de uma canção
quando estamos cansados, deprimidos e muito estressados” (p. 859).
continua...
NEUROCIÊNCIAS: um instrumental teórico-epistemológico e metodológico interdisciplinar 39
continuação
Referência
Dimensão teórica
(ABNT)
Recentemente, a literatura cognitiva passou a definir esse processo como suscetibilidade das memórias
(7) BOURSCHEID, Fábio Rodrigo; CARNEIRO, Paula. A labilidade do
episódicas a influências ocorridas a partir do momento em que uma informação é recuperada (Finn;
Roediger, 2011; Finn; Roediger; Rosenzweig, 2012; Lee, 2008, 2009; Nader; Schafe; Le Doux, 2000; Sara,
2000). Ou seja, processo passivo de “leitura” das informações previamente armazenadas. Ao contrário,
quando uma informação é recuperada, de modo a ficar disponível para a lembrança consciente, ela
incorre em um estado lábil, no qual fica suscetível a modificações ou distorções (Finn; Roediger, 2011;
Hardt; Einarsson; Nader, 2010; Bourscheid; Carneiro, 2016, p. 126).
Conforme asseveram Nader e Einarsson (2010), um grande limitador nas atuais teorias relacionadas à
reconsolidação é que estas são, em sua maioria, qualitativas, uma vez que investigam principalmente
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a relação entre consolidação e reconsolidação. Em vista disso, não são capazes de fazer predições
experimentais a respeito de quando e como uma memória irá incorrer ou não em um processo de
reconsolidação (embora exceções possam ser encontradas em estudos como o de Lee, 2009). Muito cedo
foi observado que nem todas as memórias são suscetíveis aos efeitos relacionados ao fenômeno aqui
discutido, mas os limites dentro dos quais o efeito ocorre permanecem em aberto, e futuras investigações
devem explorar essa lacuna (Chan; LaPaglia, 2013; Lee, 2009).
Conforme Dudai (2009), embora a memória seja responsável por armazenar informações sobre o passado,
seu valor adaptativo está em permitir ao organismo responder a eventos do presente e do futuro. E é
exatamente sob essa ótica de funcionalidade e de dinamismo que nos parece evidente a existência de
um mecanismo que permita agregar informações ao conhecimento existente, ou mesmo que permita
2016.
continuação
Dimensão Epistemológica
Referências ABNT
Memória Cognição Consciência
(11) Diniz, Ariane Brito; Guerra, Elisa Renata Freitas de Menezes; Soares,
Ricardo de Medeiros; Mariz, João Vitor Braz; Cattuzzo, Maria Teresa.
Avaliação da cognição, atividade física e aptidão física de idosos: uma 52 41 0
revisão crítica. Estudos de Psicologia, Natal, v. 18, n. 2, p. 315-324, jun.
2013.
(12) De Nardi, Tatiana; Sanvicente-Vieira, Breno; Grassi-Oliveira, Rodrigo.
Déficits na memória de trabalho em idosos com depressão maior: uma
21 12 0
revisão sistemática. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 29, n. 2, p. 221-228,
Memória e consciência
Palavras de encerramento
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Luis Bigotte de. Histórias da Neurociência. Portugal: Forte da
casa, Ed: Climepse Editores, 2019.
MOTA, Márcia Maria Peruzzi Elia da. Explorando a relação entre consciên-
cia morfológica, processamento cognitivo e escrita. Estudos de Psicologia,
Campinas, v. 29, n. 1, p. 89-94, mar. 2012.
50
PEREIRA, Marta Maximo; ABIB, Maria Lucia Vital dos Santos. Memória,
cognição e afetividade: um estudo acerca de processos de retomada em aulas
de Física do Ensino Médio. Ciência & Educação, Bauru, v. 22, n. 4, p. 855-
873, dez. 2016.
SOUZA, Vera Lucia Trevisan de; ANDRADA, Paula Costa de. Psicologia
do ensino e aprendizagem: contribuições de Vigotski para a compreensão do
psiquismo. Estud. Psicol., Campinas, v. 30, n. 3, set. 2013. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/estpsi/a/F937bxTgC9GgpBJ8QhCKs6F/. Acesso 23
mar 2023. https://doi.org/10.1590/S0103-166X2013000300005
Introdução
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6 Doutora em Psicologia Clínica (Linha: Clínica e Neurociências) na PUC-Rio (2014). Professora Adjunta do
DEPSI/PPGPSI (UFRRJ). E-mail: Emmy.uehara@gmail.com
54
Funções executivas
Autorregulação emocional
contexto clínico para melhorar o bem-estar emocional dos indivíduos. Por isso,
a AE pode ser alvo de intervenções terapêuticas voltadas para a melhoria da
saúde mental. Terapias cognitivo-comportamentais, como a Terapia de Acei-
tação e Compromisso (ACT) e a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC),
incorporam estratégias de regulação emocional para ajudar os indivíduos a
desenvolverem habilidades de adaptação e enfrentamento. Do mesmo modo, a
compreensão da AE pode ser útil na prevenção de problemas de saúde mental
e no desenvolvimento de estratégias de promoção da saúde emocional. Ao
fornecer educação e treinamento, é possível capacitar as pessoas a lidarem
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Considerações finais
REFERÊNCIAS
AHMED, S. P.; BITTENCOURT-HEWITT, A.; SEBASTIAN, C. L. Neuro-
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ETKIN, A.; BÜCHEL, C.; GROSS, J. J. The neural bases of emotion regula-
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TAN, C.-S. et al. The Mediating Role of Work Engagement in the Relationship
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national Journal of Environmental Research and Public Health, v. 19, n.
20, p. 13386, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.3390/ijerph192013386.
Acesso em: 29 maio 2023.
68
Introdução
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7 Mestre em Engenharia de Produção e Sistemas, CEFET-RJ (2019). Centro de Estudos de Pessoal e Forte
Duque de Caxias/ CEP/FDC. E-mail: schettini.buco@gmail.com
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Desenvolvimento
contínua (tDCS). Esses dispositivos podem ser usados para tratar condições
neurológicas, como doença de Parkinson e depressão, ou para melhorar o
desempenho cognitivo em indivíduos saudáveis.
Por outro lado, a neurociência também tem influenciado o desenvol-
vimento de tecnologias. Por exemplo, a compreensão da neuroplasticidade
– a capacidade do cérebro de se adaptar e mudar ao longo do tempo – tem
inspirado a criação de jogos e aplicativos de treinamento cerebral que visam
melhorar habilidades cognitivas específicas. Da mesma forma, a compreensão
de como o cérebro processa a informação visual tem sido fundamental para o
8 Um modelo transformer é uma rede neural que aprende o contexto e, assim, o significado com o monitora-
mento de relações em dados sequenciais como as palavras desta frase. Ele aplica um conjunto em evolução
de técnicas matemáticas, chamadas de atenção ou autoatenção, para detectar as maneiras sutis como até
mesmo elementos de dados distantes em uma série influenciam e dependem uns dos outros (Merrit, 2022).
Introduzido em 2017, é usado principalmente no campo do Processamento de Linguagem Natural (PLN),
mas pesquisas recentes também desenvolveram sua aplicação em outras tarefas, como compreensão de
vídeo (Deeplearningbook, 2022).
NEUROCIÊNCIAS: um instrumental teórico-epistemológico e metodológico interdisciplinar 75
Para Soisa (2018, p. 5), “o uso do poder militar não é mais a primeira
opção em um conflito. As neurociências ajudam a otimizar o processo de
tomada de decisão, minimizando os erros ao se avaliar as possibilidades que
irão gerar a tomada de uma decisão”. Soisa (2018, p. 5) cita Liddell-Hart
(1941) “Existem vários exemplos em que o Estado vem utilizando ferramentas
de abordagem lateral para a solução ou gestão de um conflito”, contextuali-
zando que, não apenas com o uso da força bélica é possível se inserir num
conflito, e segue apresentando os seguintes acontecimentos como exemplos
recentes em que alguns fatores de poder foram afetados a partir do uso das
neurociências, visando atingir ao seu oponente sem a necessidade da utilização
da força militar efetivamente ativa:
NEUROCIÊNCIAS: um instrumental teórico-epistemológico e metodológico interdisciplinar 77
Quanto ao uso do poder científico tecnológico para diminuir um conflito, em janeiro de 2010, há indícios da ação dos
EUA e Israel na infecção pelo vírus Stuxnet na usina nuclear em Natanz, no Irã. Desta forma, sem a necessidade do uso
da força letal, a partir de um ataque cibernético, pode proporcionar efeitos nos aspectos sociais, políticos e econômicos
iranianos. Segundo Bararbani (2020, p. 34) “as consequências sociais e políticas estão associadas à indefinição do
governo iraniano ao tratar publicamente dos ataques, o que pode ter afetado a credibilidade das lideranças daquele
Estado” No que tange ao lado econômico, o ataque também trouxe consequências negativas, visto que o Irã, que já
sofria com embargos econômicos internacionais, viu-se em uma situação complicada para substituir as cerca de mil
centrífugas avariadas em Natanz.
Outro exemplo do uso do componente científico-tecnológico a ser relatado, ocorreu em 2007, na Estônia, quando estava
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sendo discutido a possibilidade da retirada do monumento dedicado ao soldado soviético de sua capital Talín, e ser
realocado em um cemitério fora da cidade. Tal movimento gerou uma revolta por parte do governo russo. Em retaliação,
os sistemas bancários da Estônia foram afetados. Destacamos que, além do componente científico-tecnológico, pode-se
inferir que o fator psicossocial também foi afetado.
Ao falarmos de fatores psicossociais, não podemos deixar de abordar a gestão da mídia de comunicação social e a
sua veiculação de vídeos. Os diversos grupos terroristas que utilizam os sistemas de “broadcast” para difundir suas
ideias e divulgar imagens de suas ações terroristas, principalmente utilizando cidadãos comuns, ou mesmo soldados
rivais. Desta forma, estes grupos inoculam na população o medo e atingem a opinião pública
Expondo estes três exemplos, podemos ver que por meio de ações tecno-
lógicas, sem o uso extensivo do poderio bélico convencional, mas sim com a
ação de elementos que atingem o espectro comportamental, ambiental e social.
Desta forma, é compreensível corroborar com o pensamento de Soisa (2018, p.
6) quando afirma que “o uso da neurociência na tomada de decisão nos permite
encurtar nosso ciclo OODA9 – para isso temos que reeducar nossas ações; isso
leva tempo e conhecimento como cada um responde sob certas circunstâncias”.
Percebemos que as ações voltadas à preparação mental e comportamental vem
se tornando importantíssima para o sucesso das ações militares.
Continuando no ambiente dinâmico da Inteligência Artificial aplicada no
ambiente militar, trazemos um extrato da reportagem do sítio Sputnik, o qual
questiona se a Inteligência Artificial Chinesa ensinará os generais chineses
a lutar melhor:
Figura 2 – SIMAF
de Fabricação Aditivada, é outra tecnologia que tem sido cada vez mais
utilizada em atividades militares devido à sua capacidade de produzir peças
e equipamentos personalizados de maneira rápida e eficiente. Algumas
das aplicações mais comuns incluem a produção de peças de reposição
para equipamentos militares, a fabricação de protótipos para testes e a
criação de ferramentas e dispositivos específicos para as necessidades das
tropas em campo.
Além disso, a impressão 3D tem sido usada para criar próteses perso-
nalizadas para militares feridos em combate. Com a impressão 3D, é possí-
Considerações finais
REFERÊNCIAS
AMARANTE, J. C. A. do. O Instituto militar de engenharia (IME) no
século XXI, v. 7, n. 29, p. 85-97, 5 set. 2013 (Coleção Meira Mattos: revista
das ciências militares). Disponível em: http://ebrevistas.eb.mil.br/RMM/article/
view/296
Introdução
experiência direta, mas sim construído pelo sujeito a partir de sua própria ati-
vidade cognitiva. E, por fim, através do desenvolvimento cognitivo como um
processo ativo, contínuo e cumulativo, no qual o indivíduo constrói estruturas
mentais cada vez mais complexas para lidar com as informações recebidas
do ambiente. A alcunha de abordagem construtivista vem justamente dessa
ênfase dada ao papel ativo do indivíduo na construção do conhecimento e no
desenvolvimento cognitivo.
Kamii e Devries (1993) discutem como a educação pré-escolar pode ser
desenvolvida a partir do construtivismo de Piaget. As autoras enfatizam que o
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O autor ressalta que a ZDP não é uma medida fixa, mas sim um processo em
constante transformação. Fica claro que não é uma medida de diferença entre
o que sabe o que não se sabe – isto tem implicações pedagógicas e metodo-
lógicas em que exige do professor estar atento ao desenvolvimento do aluno
para desafiá-lo constantemente.
Duarte (2001) também destaca que a ZDP não pode ser confundida com
o nível de desenvolvimento real do aluno, ou seja, aquilo que ele já sabe e é
capaz de fazer sem ajuda. A ZDP é uma zona intermediária e, mais uma vez,
não é a distância, entre o que o aluno já sabe e o que ele ainda não é capaz de
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compreendida se for vista como uma crítica aos modelos de ensino tradicionais
e ao mesmo tempo como uma valorização da cultura e da história dos sujeitos
envolvidos no processo de aprendizagem.
Em resumo, a teoria de Vigotski enfatiza a importância do contexto social
e cultural na aprendizagem e no desenvolvimento cognitivo. É uma abordagem
que reconhece a importância do papel do educador e das relações sociais no
processo de aprendizagem e na formação do sujeito.
sim, estar ficando velho. Mas, ao redirecionar funções para áreas diferentes e
para mais regiões, dá mostras de que é capaz de se adaptar e manter seu bom
funcionamento” (Schaie; Zanjani, 2006). Esta plasticidade é o que se poderia
de nominar de nova zona de desenvolvimento proximal. Noutras palavras, o
cérebro em desafio encontra caminhos de aprendizagem – eis o que se pode
deduzir de importante contribuição das neurociências para a formação de
professores e instrutores.
A neurociência do comportamento, segundo Kolb e Whishaw (2002) os
processos neurobiológicos que subjazem o comportamento humano, como
a percepção, a atenção, a aprendizagem e a memória, podem ser exploradas
por professores interessados na relação entre o sistema nervoso e a cognição.
Entre outras valiosas contribuições das neurociências para a educação
estão as análises da superativação do cérebro, representada pelo uso simultâ-
neo de várias áreas, carregando a proposição de ser tanto melhora do raciocínio
como processo de compensação por busca de áreas que ajudem na solução
por perda de informação de outra área antes buscada.
Nos estudos suprecitados de Schaie e Zanjani (2006) é observado que
nas camadas mais profundas do cérebro há o que denominaram de “modo-
-padrão”, um circuito disparado nos momentos de reflexão, em que o cérebro
não desliga ou não descentra em termos psicológicos (Reuter-Lorenz, 2008).
Em resumo, a neurociência pode ajudar a entender a relação entre a
memória e a aprendizagem por meio de estudos de neuroimagem, pesquisas
com animais, estudos clínicos e modelos computacionais. Essas abordagens
podem fornecer insights importantes sobre os mecanismos subjacentes que
sustentam esses processos cognitivos e ajudar a desenvolver estratégias para
melhorar a memória e a aprendizagem.
A neuroeducação pode ajudar a entender a relação da aprendizagem com
outras funções cerebrais como a memória. As principais contribuições seriam:
Facci (2004) tece sua crítica às apropriações que ela considera enviesadas
pela perspectiva utilitarista e pós-modernas da teoria vigotskiana e destaca
algumas estratégias de ensino sob o enfoque de Vigotski, tais como:
Palavras de encerramento
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Luis Bigotte de. Histórias da Neurociência. Portugal: Forte da
casa, Ed: Climepse Editores, 2019.
Introdução
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Assim como os adultos, as crianças também têm afazeres que lhe exigem
o gerenciamento de várias informações e do seu agir. No contexto escolar,
as crianças têm provas, prazos, relacionamentos sociais que são mantidos
16 Fonoaudiologia – IBMR (Centro Universitário IBMR, 1993). Psicologia – UNESA (2011). Especialização:
Psicomotricidade – UNESA (1996); Psicopedagogia Institucional – UCB (2006); Neurociências Aplicadas
à Aprendizagem – UFRJ (2021). Ocupação Profissional: Servidora Pública há 24 anos, tendo como área
de atuação a Secretaria Municipal de Educação de Resende como Fonoaudióloga Escolar. Atendimento
Clínico no Espaço FelizMente; Diretora Regional do Super Cérebro, unidades de Resende e Barra Mansa.
E-mail: lufonocarneiro@hotmail.com
108
As funções executivas
Physical Poorer EFs are associated with obesity, overeating, Crescioni et al. 2011; Miller et al., 2011;
health substance abuse, and poor treatment adherence Riggs et al., 2010
Quality
People with better EFs enjoy a better quality of life Brown e Landgraf, 2010; Davis et al., 2010
of life
School EFs are more important for school readiness than are
Blair e Razza 2007, Morrison et al., 2010
readiness IQ or entry-level reading or math
School EFs predict both math and reading competence Borella et al., 2010; Duncan et al., 2007;
success throughout the school years Gathercole et al., 2004
Considerações finais
REFERÊNCIAS
AXELSON, Valkira Trino; PENA, Perciliana. As funções executivas e o trans-
torno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) na primeira infância.
Psicologia.Pt, 2015. Disponível em: https://www.psicologia.pt/artigos/textos/
TL0381.pdf. Acesso em: 10 maio 2023.
ROCHA, Mariana Castro Marques da. Funções executivas: o que são e qual
seu papel na Naurociência Cognitiva. Sociedade Brasileira de Neuropsico-
logia. Boletim 09.18: Funções Executivas, SBNp, São Paulo, SP, v. 1, n. 5,
p. 1-34, set. 2018.
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AS NEUROCIÊNCIAS E A FORMAÇÃO
MILITAR PARA O COMBATE:
possibilidades e limitações
Tigernaque Pergentino de Sant’ana Junior17
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Introdução
17 Mestre em Humanidades em Ciências Militares, CEP/FDC (2021). Centro de Estudos de Pessoal e Forte
Duque de Caxias/ CEP/FDC. E-mail: tigermbax@hotmail.com
120
dos soldados.
A relação entre o cérebro e o comportamento humano em situações
de combate é bastante complexa e tem sido objeto de estudo de diversas
áreas do conhecimento, incluindo a neurociência. Estudos têm mostrado que
a ativação de áreas cerebrais específicas pode influenciar a tomada de deci-
sões dos soldados em situações de combate, bem como sua capacidade de
regulação emocional e adaptação a situações adversas. Além disso, fatores
como o estresse e a fadiga podem interferir no funcionamento do cérebro
e, consequentemente, no desempenho dos soldados em campo de batalha.
Portanto, compreender a relação entre o cérebro e o comportamento humano
em situações de combate pode ser fundamental para o desenvolvimento de
técnicas e estratégias que possam melhorar o desempenho dos soldados em
operações militares (National Research Council, 2008).
Segundo o National Research Council (2009), existem várias possibi-
lidades para melhorar o desempenho dos soldados em situações de combate
por meio da aplicação de conhecimentos em neurociência. Abaixo, listamos
algumas delas:
Além dos fatores genéticos, esse artigo destaca a importância dos fatores
epigenéticos na regulação da resiliência. A epigenética se refere a alterações
químicas no DNA que podem afetar a expressão de genes, sem alterar a
sequência do DNA. Essas alterações podem ser influenciadas por fatores
ambientais, como o estresse, a nutrição e o estilo de vida, e podem ter efeitos
de longo prazo na regulação do estresse e da emoção. Estudos sugerem que
alterações epigenéticas em genes relacionados ao eixo hipotálamo-hipófise-
-adrenal podem estar envolvidas na regulação da resiliência em indivíduos
expostos a adversidades precoces.
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18 Neurofeedback é uma técnica de treinamento cerebral que utiliza sinais eletroencefalográficos (EEG) para
ajudar os indivíduos a regularem sua atividade cerebral. Durante uma sessão de neurofeedback, sensores
são colocados no couro cabeludo do indivíduo para monitorar a atividade elétrica do cérebro. Esses sinais
são então exibidos em um computador, permitindo que o indivíduo veja a atividade cerebral em tempo real.
NEUROCIÊNCIAS: um instrumental teórico-epistemológico e metodológico interdisciplinar 133
penho físico dos soldados. A privação do sono pode ter efeitos prejudiciais
sobre a capacidade dos soldados de realizar tarefas físicas e cognitivas comple-
xas, bem como sobre sua capacidade de se recuperar após exercícios intensos.
Portanto, o livro sugere que os militares devem prestar atenção à qualidade
e quantidade de sono dos soldados e implementar estratégias para garantir
que eles recebam o sono adequado para o desempenho físico ideal. Isso pode
incluir a educação dos soldados sobre a importância do sono, a criação de
ambientes de sono apropriados e a implementação de políticas que promovam
o sono adequado, como a redução do tempo de trabalho e o agendamento de
intervalos regulares de descanso.
O uso de neurotecnologias também abre um leque de possibilidades
para a melhora do desempenho do soldado em combate. O estudo apre-
sentado por Krishnan (2016) aborda o uso de tecnologias para apoiar a
capacitação dos militares. Ele discute várias tecnologias, como Estimulação
Transcraniana de Corrente Contínua (ETCC)19, neurofeedback, treinamento
de realidade virtual e outras, que podem ser usadas para melhorar o desem-
penho dos militares em várias tarefas, desde o combate até a operação de
equipamentos complexos.
O livro destaca o potencial dessas tecnologias para ajudar os militares a
desenvolverem habilidades importantes, como a tomada de decisões rápidas
e precisas, a melhoria da memória e a redução do estresse e da fadiga. Ele
também discute os desafios e limitações associados ao uso dessas tecnologias,
tais como o risco de se depender excessivamente delas, o que pode levar a uma
Com o treinamento adequado, o indivíduo pode aprender a controlar a atividade cerebral para melhorar
a função cognitiva, emocional e física. O neurofeedback tem sido utilizado para tratar uma variedade de
condições, incluindo transtornos de ansiedade, depressão, TDAH e transtornos do espectro autista, bem
como para melhorar o desempenho cognitivo em atletas e militares.
19 A Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC) é uma técnica de estimulação cerebral não
invasiva que utiliza eletrodos para aplicar corrente elétrica de baixa intensidade sobre o couro cabeludo.
A corrente elétrica passa através do cérebro e pode modificar a atividade neural em áreas específicas do
cérebro, podendo ter efeitos tanto excitatórios quanto inibitórios sobre as redes neurais. A ETCC tem sido
amplamente estudada como uma ferramenta terapêutica em diversas condições neurológicas e psiquiátricas,
bem como uma técnica de aprimoramento cognitivo e motor em indivíduos saudáveis.
134
Desafios e limitações
dos direitos humanos e da dignidade dos soldados. Outro desafio ético é o uso
de tecnologias invasivas, como implantes neurais, que podem ser utilizados
para melhorar o desempenho dos soldados, mas que também representam
riscos para a saúde e integridade física dos indivíduos.
Outra questão ética diz respeito ao uso de neurotecnologias no contexto
de conflitos armados. Ele aponta que o uso de tais tecnologias pode levar a
uma escalada de violência, uma vez que os avanços tecnológicos de um país
podem levar a uma corrida armamentista entre nações, em que cada uma
busca desenvolver tecnologias cada vez mais sofisticadas e poderosas. Além
disso, o uso de neurotecnologias no contexto de conflitos armados pode levar
a uma desumanização do inimigo, uma vez que a tecnologia pode ser utilizada
para neutralizar a empatia e compaixão dos soldados em relação aos seus
adversários (Krishnan, 2016).
A privacidade dos soldados também é uma preocupação, uma vez que
as tecnologias utilizadas para medir e monitorar a atividade cerebral podem
revelar informações pessoais e íntimas. Outra questão importante é o poten-
cial para o uso indevido das tecnologias, como a manipulação ou o controle
da mente, o que poderia levar a violações de direitos humanos e crimes de
guerra (National Research Council, 2009).
As limitações das pesquisas também podem ocorrer em razão das tecno-
logias existentes, que podem incluir a falta de precisão ou confiabilidade das
tecnologias utilizadas para medir as variáveis neurobiológicas
relevantes, bem
como a falta de compreensão completa do cérebro humano e suas funções.
Além disso, pode haver limitações na capacidade de traduzir os resultados da
pesquisa em intervenções práticas e eficazes no campo. Outra limitação é a
possibilidade de viés na interpretação dos dados e nas conclusões tiradas, bem
como na aplicação dos resultados da pesquisa no mundo real. Além disso, há
limitações em relação à ética e privacidade dos dados coletados durante as
pesquisas, que precisam ser abordados para garantir a segurança e bem-estar
dos participantes da pesquisa (Krishnan, 2016).
136
Conclusão
uma avaliação mais precisa do seu potencial na capacitação dos militares. Isso
ajudaria a entender se as melhorias observadas em laboratório se traduzem
em benefícios reais em campo.
138
REFERÊNCIAS
ARNSTEN, A. F. Stress signalling pathways that impair prefrontal cortex
structure and function. Nature Reviews Neuroscience, v. 10, n. 6, p. 410-
422, 2009.
Introdução
20 Mestre em Teoria e Pesquisa do Comportamento, UFPA (2013). Exército Brasileiro. E-mail: sergiopavanelli-
trindade@gmail.com
142
Desenvolvimento
Liderança
Com a evolução dos estudos sobre liderança, ao longo das quatro princi-
pais eras das teorias de liderança (Benmira; Agboola, 2021), foram surgindo
denominações específicas para qualificar o comportamento dos líderes em
relação aos seus seguidores. Essas qualificações representam os estilos de
liderança que, dentre os diversos estudados, destacamos os três estilos tra-
dicionais da era “comportamental”: o autocrático, o democrático e o laissez
faire, originados dos estudos de Kurt Lewin e cols (Lewin; Lippit, 1938),
nas universidades de Iowa, Ohio State e Michigan, e os dois estilos mais
abrangentes da era “nova liderança”: o transacional e o transformacional,
estipulados por Burns (1978) e Bass (1990).
A liderança transacional pressupõe uma relação líder-seguidor baseada
no uso de recompensas e punições, portanto, as fontes motivacionais dos
148
Pode ser usado em organizações que passam por turbulências Pode ser usado em organização estável
adequadamente. corretamente.
Trabalha para mudar a cultura organizacional propondo novas Trabalha em uma cultura organizacional
ideias. estabelecida.
Adequado para organização que exige criatividade e inovação. Não acomoda criatividade e inovação.
A tomada de decisão tende a ser mais prática porque depende da A tomada de decisões segue o estilo burocrático.
agilidade e influência pessoal do líder.
Perspectiva da neurociência aplicada: Perspectiva da neurociência aplicada:
os funcionários entendem que a razão por trás da transformação os funcionários nunca estão satisfeitos com as
é sustentável. recompensas, portanto, as recompensas devem
ser sempre aumentadas.
Fonte: Traduzido, revisado e adaptado de Juhro e Aulia (2018).
Neurociência
O protagonismo do cérebro
O modelo SCARF
SCARF poderá ter uma a redução no desempenho cognitivo, pois sofrerá uma
alteração em seu cérebro, especialmente no sistema límbico, por intermédio
da amígdala, responsável pela lembrança daquilo que devemos nos afastar
e do que podemos nos aproximar. Segundo Arnsten (1998, citado por Rock,
2008) há uma forte correlação negativa entre a quantidade de ativação de
ameaça e os recursos disponíveis para o córtex pré-frontal, resultando em
menos oxigênio e glicose disponíveis para as funções do cérebro envolvidas
na memória de trabalho, tornando o indivíduo menos propenso a solucionar
problemas complexos e mais propenso a cometer erros.
Da mesma forma, um indivíduo que é ameaçado por seu superior, não
consegue encontrar respostas inteligentes, pois seus recursos cognitivos dimi-
nuem. Falar com um supervisor ou com alguém em posição hierárquica supe-
rior muito provavelmente irá gerar tensão ou estresse (ativar uma resposta de
afastamento), impedindo as pessoas de pensar de maneira racional e criativa (a
resposta de aproximação). A resposta de afastamento promove intensa excita-
ção do sistema límbico, de forma mais rápida e com efeitos mais duradouros,
comparada a uma resposta de aproximação, conforme afirma Beaumeister
(2001, citado por Rock, 2008).
Por outro lado, um indivíduo que recebe um elogio ou reconhecimento
por seu trabalho ou missão cumprida, ativa emoções positivas, como interesse,
felicidade, alegria e desejo que irão motivar respostas de aproximação que, no
meio militar, pode ser comparado ao sentimento moral elevado dos subordi-
nados. Dentro do cérebro desse indivíduo, os níveis de dopamina aumentam,
gerando condições muito favoráveis para a aprendizagem.
O conhecimento acerca do modelo SCARF possibilita às organizações,
inclusive as militares, desenvolver planos de treinamento para suas lideranças
no sentido de proporcionar uma visão clara e referencial para os subordinados
diante uma realidade muito desafiadora da realidade atual. O gerenciamento
das ameaças SCARF por um líder transformacional o permite perceber mais
facilmente os gatilhos sociais que geram tanto respostas de aproximação
quanto de afastamento nas pessoas. Para Rock (2008), este modelo visa ajudar
158
uma distinção entre decisões em que (1) o estresse afeta o resultado e (2) o
estresse ativa o “lutar” ou nos põe em alerta. A primeira situação é caracte-
rizada por circuitos cerebrais analíticos do Sistema 2, enquanto a segunda é
caracterizada por circuitos automáticos do Sistema 1. Singer et al., (2013)
identificou o hipocampo como sendo a importante estrutura cerebral no
processo de tomada de decisão e, além do impacto do estresse, outros fatores
como sono, exercício, dieta e atenção plena também podem afetar a eficácia
da tomada de decisão.
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Regulação emocional
Facilitação da mudança
Considerações finais
REFERÊNCIAS
BASS, B. M.; AVOLIO, B. J. Transformational leadership and organizational
culture. Public Administration Quarterly, v. 17, n. 1, p. 112-121, 1993.
DAY, D. V.; ANTONAKIS, J. Leadership: past, present, and future. In: DAY,
D. V.; ANTONAKIS, J. (org.). The nature of leadership. 2. ed. California:
SAGE, cap. 1, p. 3-25 2012.
LIEBERMAN, M. D. Social: Why our brains are wired to connect. New York:
Crown Publishing, 2013.
SINEK. S. Leaders eat last: Why some teams pull together and others don’t.
United Kingdom: Portfolio Penguin Random House, 2015.
TIEPPO, C. Uma viagem pelo cérebro: a via rápida para entender a neuro-
ciência. São Paulo, SP: Conectomus, 2019. 252 p.
Introdução
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21 Mestra em Ensino das Ciências da Saúde e do Meio Ambiente – UniFOA. Especialista em Gestão e Saúde
– FIOCRUZ. Especialização em Psicologia Hospitalar e da Saúde – CEPPS. Professora Supervisora do
Eixo Medicina e Humanidades do UniFOA. Extensão em Psicooncologia. Conselho Editorial – Revista
FASF – Brasil. Professora Revisora de Artigos na Revista Valore – RJ. Professora Revisora de Artigos na
Revista RPI – Revista de Pesquisa Interdisciplinar: uma construção para o desenvolvimento técnico-cien-
tífico-acadêmico da área interdisciplinar. Pesquisadora colaboradora/LAGERES – Laboratório de Estudo e
Pesquisa na/para a Formação de Professores – CNPq (2010-2022). E-mail: sph1918@hotmail.com
168
22 Cf. http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/Med.pdf
NEUROCIÊNCIAS: um instrumental teórico-epistemológico e metodológico interdisciplinar 169
terapias que visam não apenas a recuperação física, mas também a melhoria
da qualidade de vida e o alívio do sofrimento emocional.
Entre vinte e dois itens de conhecimentos, competências e habilidades
específicas propostas nas diretrizes supracitadas, destacam-se duas para o
presente capítulo. São elas:
seu desejo de ter dias de convivência com o filho, explorando esse tempo para
deixar registrados em sua mente e coração, ideias sobre a vida em si, foram
ouvidos e iniciamos um planejamento de atividades a curto prazo, como fazer
gravações de áudios e vídeos onde Sueli deixou registradas suas impressões
sobre as fases de vida que seu filho viveria em sua ausência, quando aqui não
mais estivesse e além disso, ela manifestou, também, o desejo de uma morte
digna, cercado de afeto, amor e respeito, mas sentia que suas vontades não
eram inteiramente compreendidas pela equipe médica e mesmo pela família
e rede de amigos, os quais com uma forma de amor específica a eles, lutavam
e conforto espiritual.
A partir dessa humanização no cuidado, Sueli teve seus desejos ouvidos,
acolhidos e atendidos. Ela pôde vivenciar uma partida mais digna e tranquila,
tendo ao seu lado aqueles que tanto amava. Sua família também pôde vivenciar
um processo de luto mais saudável, pois sentiu que suas contribuições foram
significadas e respeitadas.
O caso de Sueli ilustra a importância da humanização no cuidado de
pessoas fora de possibilidades terapêuticas, especialmente aqueles com
doenças degenerativas e progressivas, como a esclerose múltipla. A busca
por um cuidado mais humanizado se torna essencial para garantir a dig-
nidade do paciente em seus últimos momentos e para proporcionar apoio
emocional às suas famílias. A escuta ativa, a compreensão das vontades e a
adaptação dos cuidados às necessidades individuais e subjetivas são funda-
mentais nesse processo. A humanização da morte não apenas traz conforto
e dignidade, mas também contribui para a superação do tabu sobre esse
assunto, incentivando a sociedade a encarar a morte de forma mais natural
e livre de preconceitos.
Diálogos
que não toda a realidade é exclusivamente objetiva, mas sim que parte dela
possui um caráter subjetivo.
Noutras palavras, Searle pontua que uma investigação visa discernir entre
as duas esferas da mente, ou seja, reconhece que a mente contém elementos
tanto objetivos quanto subjetivos, e enfatiza que nem toda realidade pode ser
reduzida a uma abordagem puramente objetiva, reconhecendo assim a impor-
tância da subjetividade na compreensão completa da experiência humana.
Após a revisão teórica e apresentação do estudo de caso, observa-se
que as neurociências desempenham um papel fundamental nessa abordagem
Considerações finais
REFERÊNCIAS
ANDRADE, A. F.; PAIVA, W. S.; AMORIM, R. L. et al. Mecanismos de
lesão cerebral no traumatismo cranioencefálico. Rev. Assoc. Med. Bras., v.
55, n. 1, p. 75-81, 2009.
C
Cérebro Humano 46, 50, 69, 71, 73, 74, 83, 105, 108, 135, 151, 159, 168,
176, 178
Cognição 7, 9, 11, 12, 14, 17, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 41, 42, 45, 46, 47,
48, 50, 87, 97, 98, 103, 130, 134, 141, 143, 152, 154, 161, 165, 167
Comportamento humano 11, 44, 71, 76, 80, 83, 88, 97, 108, 110, 120, 121,
153, 174, 175
Consciência 7, 9, 11, 12, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 41, 42, 43, 44, 45, 46,
47, 49, 58, 63, 77, 151, 158, 159, 167, 174, 178
Construção do conhecimento 12, 87, 88, 89, 91, 92, 93, 94
Controle inibitório 14, 53, 54, 60, 63, 107, 108, 109, 111, 112, 113, 114, 115
D
Desenvolvimento proximal 90, 92, 97, 101, 102, 103
E
Emoção 7, 13, 14, 18, 35, 41, 43, 54, 87, 102, 125, 141, 143, 167, 172, 177
Ensino fundamental 13, 108, 112, 113, 114, 115
Estresse pós-traumático 7, 9, 11, 17, 19, 20, 58, 60, 126, 129, 167
Estudo da consciência 44, 45
Estudo de memórias 21, 22, 23
F
Flexibilidade cognitiva 14, 53, 54, 55, 59, 60, 63, 107, 108, 109, 113, 114,
115, 127
Formação militar 7, 9, 11, 14, 119, 120, 123, 134, 135, 136, 137
Funcionamento do cérebro 18, 73, 74, 96, 119, 120, 121, 151, 168, 174, 177
182
Funções executivas 7, 9, 12, 13, 53, 54, 55, 59, 60, 64, 107, 108, 110, 112,
113, 114, 115, 116, 117, 167
H
Hiperatividade 60, 95, 98, 107, 111, 116
I
Inteligência artificial 72, 73, 74, 75, 76, 77, 78, 80, 81, 85, 151
Interação 43, 45, 46, 53, 58, 60, 73, 75, 81, 87, 88, 89, 90, 91, 93, 94, 100,
L
Liderança transformacional 14, 142, 143, 147, 148, 149, 153, 154, 155, 156,
161, 162
M
Memória 7, 9, 11, 12, 13, 14, 17, 18, 19, 27, 28, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39,
40, 41, 42, 43, 46, 47, 48, 49, 50, 53, 54, 55, 59, 60, 61, 62, 63, 69, 87, 90,
95, 96, 97, 98, 99, 100, 102, 103, 105, 107, 108, 109, 110, 112, 113, 114, 115,
121, 123, 130, 131, 132, 133, 142, 152, 157, 167, 177
Memória de trabalho 38, 40, 42, 48, 49, 53, 54, 55, 59, 60, 61, 62, 63, 107, 157
Memórias de medo 21, 22, 23, 24, 28
Morte humanizada 7, 15, 167, 168, 171, 174, 175, 176, 177, 178, 179
N
Neurociência Aplicada 9, 14, 136, 143, 148, 151, 153, 156, 162
Neurociência Cognitiva 14, 34, 38, 41, 50, 51, 105, 143, 152, 153, 155, 161
Neurociência experimental 7, 9, 11, 17, 18, 19
Neurofeedback 14, 132, 133, 134, 136, 137, 154, 163
Neuroliderança 143, 156, 158, 159, 160, 162
Neuromil 7, 9, 11, 33, 34, 87, 141
Neurotecnologias 122, 133, 134, 135
P
Piaget 13, 88, 89, 90, 92, 93, 94, 100, 102, 104, 105
NEUROCIÊNCIAS: um instrumental teórico-epistemológico e metodológico interdisciplinar 183
Planejamento 54, 55, 56, 59, 60, 61, 62, 64, 78, 107, 108, 110, 113, 122,
127, 172
Problemas de saúde 59, 62, 129, 169, 170
Processo de aprendizagem 17, 61, 62, 90, 92, 93, 95, 99, 100, 101, 102, 103
Processo de ensino 9, 11, 34, 90, 100, 102, 103
Processo Dual 143, 156, 158
Psicobiologia 7, 9, 11, 17, 167
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Q
Qualidade de vida 12, 60, 64, 111, 114, 168, 169, 171, 174, 178
R
Regulação emocional 12, 53, 56, 57, 58, 59, 60, 62, 64, 112, 114, 119, 121,
122, 123, 125, 126, 127, 143, 158, 160, 162
Resiliência 14, 62, 63, 119, 120, 122, 123, 124, 125, 126, 127, 128, 129,
130, 134, 136
Respostas impulsivas 55, 56, 59, 60
S
Sala de aula 7, 13, 14, 58, 107, 108, 113, 114, 116
Saúde mental e física 120, 128
Scarf 14, 15, 143, 153, 156, 157, 159, 160, 162, 164
Sistema nervoso 17, 34, 47, 69, 70, 71, 80, 83, 88, 95, 97, 112, 119, 120, 130,
131, 149, 150, 151, 152, 161, 162, 167, 170, 171, 176, 177
T
Tecnologias 11, 13, 14, 29, 33, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 82, 83, 90, 116, 122,
132, 133, 134, 135, 136, 147, 167
Teoria de Vigotski 90, 91, 92, 94, 95, 100
Transtorno de estresse 7, 9, 11, 17, 19, 20, 58, 60, 129
V
Vida 7, 12, 15, 20, 40, 45, 46, 47, 54, 55, 56, 58, 59, 60, 63, 64, 69, 71, 83,
96, 97, 102, 108, 109, 110, 111, 112, 114, 115, 119, 125, 128, 129, 131, 137,
152, 160, 167, 168, 169, 170, 171, 172, 174, 175, 176, 177, 178, 179
Vigotski 12, 13, 35, 42, 51, 88, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 100, 101, 102, 103
Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização
SOBRE O LIVRO
Tiragem: Não comercializada
Formato: 16 x 23 cm
Mancha: 12,3 x 19,3 cm
Tipologia: Times New Roman 10,5 | 11,5 | 13 | 16 | 18
Arial 8 | 8,5
Papel: Pólen 80 g (miolo)
Royal | Supremo 250 g (capa)