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PROGRAMA FORMAÇÃO PELA ESCOLA

Joice de Oliveira Silva

A EXECUÇÃO DO PNDL NO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DO RIO


PRETO

São José do Rio Preto


2019
PROGRAMA FORMAÇÃO PELA ESCOLA

Joice de Oliveira Silva

A EXECUÇÃO DO PNDL NO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DO RIO


PRETO

Trabalho final de conclusão do curso


Programa Nacional do Livro e do Material
Didático no âmbito do Programa
Formação pela Escola.

São José do Rio Preto


2019
RESUMO
O Programa Nacional do livro Didático é destinado a avaliar e disponibilizar obras
didáticas, pedagógicas e literárias entre outros materiais de apoio à prática
educativa, mais especificamente são distribuídos livro didáticos, dicionários,
materiais didáticos complementares, material em outras versões (Braille, MecDaisy,
EPub3 e áudio) e obras literárias. O PNLD 2019 inovou ao configurar um ciclo de
quatro anos para os livros dos anos iniciais do ensino fundamental, pois
anteriormente, os livros didáticos do PNLD eram utilizados por três anos
consecutivos. Para receber esses livros didáticos distribuídos no âmbito do PNLD,
as escolas federais e os sistemas de ensino municipais, estaduais e do Distrito
Federal devem estar cadastrados no Censo Escolar (Inep), proceder à adesão
formal ao programa. Em relação a escolha do livro didático, ela ocorre dentro do
espaço escolar e deve ser efetuada pelos professores, deve ser um ato coletivo, de
forma que haja discussões sobre as temáticas, os conteúdos, a interdisciplinaridade
e a adequação de linguagem durante todo o processo, por isso a seleção deve ser
processual e realizada durante todo o ano, com isso, tal projeto na busca de verificar
como ocorre essa execução na cidade de São José de Rio Preto, apresenta e reflete
sobre relatos trazidos pela comunidade escolar em relação ao PNLD, em visitas
realizadas nas unidades escolares do município.

Palavras chave: Livro Didático. Educação Básica. Experiências cidadãs.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...................................................................................................05

RELATOS SOBRE A EXECUÇÃO E EFETIVIDADE DO PROGRAMA


NACIONAL DO LIVRO DIDÁTICO....................................................................05

CONCLUSÃO....................................................................................................09

REFERÊNCIAS.................................................................................................10
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INTRODUÇÃO

A política do livro didático do MEC vem se desenvolvendo de forma contínua,


desde 1938, quando foi institucionalizada. Ao longo do tempo, apesar das mudanças
de gestão quer na Presidência da República, quer na pasta da Educação, quer de
titulares das instituições encarregadas da condução da política do livro didático, e
apesar de mudanças na concepção, na gestão dos programas e na forma de sua
execução, felizmente a política do livro didático permanece.

Acredito que uma das evoluções mais significativas e relevantes foi com
relação ao processo de escolha do livro didático, quando há a edição do Decreto nº
91.542, de 19/8/85, o PLIDEF (Programa do Livro Didático para o Ensino
Fundamental) dá lugar ao (PNLD) Programa Nacional do Livro Didático, que entre as
várias mudanças, uma é justamente a escolha do livro pelos professores.

Sendo assim, este projeto visa apresentar um pouco da visão dos professores
em relação ao programa, assim como experiências e relatos, de professores,
gestores, alunos e de toda a comunidade escolar, apresentando os aspectos
positivos e negativos de sua implantação e desenvolvimento. Para isto, foram
realizadas visitas nas instituições de ensino que participam do programa, em busca
de realizar conversas com toda a comunidade escolar para que pudessem trazer
suas opiniões e contribuições a tal discussão.

RELATOS SOBRE A EXECUÇÃO E EFETIVIDADE DO PROGRAMA


NACIONAL DO LIVRO DIDÁTICO

Durante o desenvolvimento do projeto, foi possível visitar instituições e


estabelecer um diálogo com gestores, professores e alunos em relação aos
aspectos positivos e negativos do programa, infelizmente o contato com os pais
não foi possível.

Iniciando pelos gestores, em sua maioria ressaltaram a importância da


sociedade compreender que o Programa Nacional do Livro Didático contribui para a
melhoria da qualidade do ensino e para o incentivo de alunos e professores à leitura,
a relevância de todos se perceberem como cidadãos que pode participar ativamente
desse Programa, a importância de se relacionar cidadania às ações do PNLD e
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identificar as competências dos participantes do Programa, em um contexto de


gestão democrática por meio da distribuição de coleções de livros didáticos,
pedagógicos e literários aos alunos da educação básica.

Um relato trazido por uma das gestões, era de que no início de cada ano
letivo a escola sofria com a falta de livros didáticos para atender a todos os alunos,
sendo que um dos grandes motivos para tal situação era a falta de cuidado com os
livros que, ao final do ano, não eram devolvidos à escola, ou quando isso ocorria, a
grande maioria estava danificada.

Pensando nisto, acredito que é neste momento que se deve implantar ações
conscientizadoras em toda a comunidade sobre a importância de tal programa,
trazendo motivos reais para a conservação e devolução dos materiais, e para isso
apresentando os dados reais da realidade para que todos se convençam e adotem
boas práticas, que são cidadãs.

O mais satisfatório é saber que algumas escolas já adotam tais ações


pensando nestes aspectos negativos que estão ligados ao programa. Sendo assim,
a seguir detalharei um dos relatos mais importantes que pude ter acesso. Em
conversa com a equipe docente, uma das professoras me contou que realizavam
ações para tentar melhorar, por exemplo, as devoluções dos materiais no final do
ano.

A primeira ação realizada nesta escola, envolveu os pais, que geralmente já


participavam da primeira reunião na escola, que tinha como objetivo principal
informar aos pais sobre as normas da escola, sobre o funcionamento, as
dependências, a apresentação dos professores e funcionários, pensando neste
público maior tendo em vista esta tradicional reunião, a gestão decidiu abordar
também a importância da conservação e devolução dos livros didáticos.

Esta abordagem foi realizada por uma das professoras,


que explicou dicas básicas de manuseio e cuidado com os livros em casa , tais
como: destinar um local específico para guardar os livros evitando acidentes,
orientar o filho a limpar a mesa antes de realizar a tarefa, encapar os livros, auxiliar o
filho na consulta do horário de aulas evitando peso excessivo na mochila, entre
outros.
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Pensando nos dados voltados mais para a realidade, também foi comentado
com os pais que se fossem adquirir o livro em uma livraria o custo seria em torno de
R$ 98,00 para cada livro. Ela relatou que muitos pais não tinham nem ideia de quão
caro seria se fosse necessário pagar por estes livros e se espantaram com o valor.
Ao abordarem a questão do valor, também ressaltaram um ponto que considerei
muito interessante e importante sobre o aspecto político e social, pois aproveitaram
o momento para conscientizar os pais de que os livros são adquiridos pelo governo
com o dinheiro dos impostos que todo nós pagamos, e que por seu uso ser coletivo
e comprado com dinheiro do povo, ele se constitui em patrimônio público e por este
motivo deve ser conservado, e que se estes cuidados fossem respeitados,
certamente haveria livros para todos no próximo ano, abordando assim conceitos de
cidadania com os pais.

Outra alternativa interessante, e que pode ser adotada por várias outras
instituições, foi que a escola solicitou que os pais assinassem um termo de
compromisso no momento da entrega dos livros didáticos de Língua Portuguesa,
Matemática, História, Geografia e Ciências, para os pais que não estiveram
presentes, enviaram um bilhete na agenda escolar e antes de entregar os livros,
também comentaram as sugestões básicas de manuseio.

Além do trabalho com os pais, realizaram um trabalho com os alunos, que


também é importantíssimo, enfatizaram os mesmos cuidados citados acima,
incluindo: utilizar o caderno para anotações, evitando anotar nos livros; antes de ir
embora, verificarem embaixo da carteira se não esqueceram nenhum material; não
emprestar seu livro em hipótese alguma, entre outros. Para os professores,
solicitaram que fiscalizassem se os livros estavam encapados além de orientarem os
alunos a colocar o nome nos livros, assim tal ação possibilitou localizar o dono do
livro, nos casos de esquecimento.

Por fim, a bibliotecária ficou responsável pelos termos assinados e, ao final


do ano, de passar nas salas recolhendo os livros didáticos, anotando o nome dos
alunos que não entregaram no prazo determinado, e nestes casos, contamos com o
auxílio da auxiliar administrativo, que ligava para os pais solicitando que
devolvessem os livros, assim como o secretário que ficou incumbido de, no
momento em que os pais solicitassem a declaração de transferência, lembrá-los de
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devolver os livros se não no mesmo dia, no dia em que viessem buscar a


transferência do filho. O resultado de todo este trabalho, que nem sempre é fácil, foi
de que ao final do ano, a escola constatou que as ações mencionadas acima
realmente tiveram o efeito esperado, pois somente um livro foi extraviado e a
conservação dos demais estava excelente.

Outro relato sobre o programa PNLD, foi em uma escola em que faltavam
livros de algumas séries, e assim, se utilizaram do “Sistema de Controle de
Remanejamento e Reserva Técnica" para remanejar os livros que sobraram para
escolas que precisavam e solicitar de outras escolas os livros que faltavam. Dessa
forma conseguiram atender a todos os alunos.

Uma única professora também ressaltou um ponto que considero muito


importante, embora as vezes um pouco desvalorizado, sobre o fato de termos um
PNLD voltado para a Educação Infantil, que é uma grande conquista para esta etapa
recente da educação básica, esta relata que com isso estamos sendo reconhecidos
efetivamente pelo MEC, diz que o programa parece querer investir mais na formação
dos professores e deixar de lado o uso de apostilas para as crianças pequenas. Só
esse fato já mereceria maior valorização e apoio de todos os profissionais da
Educação Infantil.

Esta também relatou que tem percebido um desenvolvimento no que diz


respeito a gestão e à evolução do Programa, destacando a ampliação do
atendimento, a pontualidade na entrega dos livros no início do ano escolar e o
processo de Avaliação dos livros para a escolha por parte dos professores.
Em relação aos aspectos negativos, foram citados os atrasos recorrentes na
edição e distribuição do guia para as escolas, e nos erros de toda ordem no tocante
à escolha feita pelos professores e envio das obras pelo FNDE, atrasos na recepção
dos livros por parte das escolas, assim como fragilidades envolvendo o processo de
utilização das obras enviadas, que chegam até a ser desconsideradas pelos
professores.
Pensando nisto, em outro relato, foi trazido sobre o Guia, enquanto
instrumento de auxílio ao professor, que permitiu a reflexão e a discussão sobre o
processo educativo e sobre o material didático a ser utilizado. O Guia de Livros
Didáticos, tem por finalidade oferecer aos educadores um material que auxilie na
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escolha do livro didático, e apresenta dois aspectos que nos oferecem uma maior
reflexão, um que se refere às obras que se aproximem da proposta pedagógica da
escola, e o outro relacionado às expectativas dos educadores.

Visando fomentar essa discussão, ressalto que também foram


desenvolvidas, ações de formação docente voltadas para a orientação dos
professores para a escolha e o uso do livro didático, em uma ação conjunta entre o
Ministério da Educação e as Secretarias de Educação estaduais e municipais.
Outra afirmação, que eu nunca havia refletido sobre, foi trazida por um
professor que acredita a Política do Livro Didático, desde seu início, teve a marca de
ser voltada para a criança economicamente desfavorecida, e que se caracterizou-se
como uma política assistencialista, e com isso, ele crítica tal política, dizendo que
seria mais fácil para o governo investir em Programas de caráter assistencialista do
que buscar as verdadeiras causas para superação das contradições em torno das
desigualdades sociais.
Por fim, o processo de escolha que é uma etapa primordial precisa ocorrer
de forma consciente e criteriosa, e para isso é fundamental que haja um maior
conhecimento por parte dos professores, sobre o Programa, principalmente sobre
avaliação realizada pelas instituições contratadas pelo MEC, juntamente com uma
formação inicial e continuada que de suporte tanto na escolha como na utilização
adequada dos livros pelo professor, pois assim o mesmo irá melhorar sua prática em
sala de aula.

CONCLUSÃO
São muitas as vozes que estão em torno do livro didático e tais vozes
precisam ser ouvidas, refletidas à luz de critérios que evidenciem aspectos que
apontem para a melhoria da qualidade da educação no Brasil, e sem dúvida, a
política adotada em relação ao livro didático, nos últimos anos, tem contribuído para
a melhoria da qualidade da Educação Básica no Brasil, tendo em vista a ações de
distribuição de livros isentos de erros conceituais e metodológicos, de informações
preconceituosas e discriminatórias, contribuindo assim, com a construção da ética e
da cidadania necessários ao convívio social democrático.
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Por fim, o principal dever do cidadão é participar, colaborar, acompanhar e


garantir a distribuição dos livros aos alunos. Também se empenhar para que sejam
conservados e devolvidos ao final de cada ano. Dessa forma, tal cidadania está
sendo respeitada e exercida quando se coloca como participante do processo e
quando se envolve com as questões que estão a sua volta.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil:


promulgada em 5 de outubro de 1988. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 1990. 168 p.
(Série Legislação Brasileira). BRASIL.

BRASIL. Fundação Nacional do Desenvolvimento da Educação. Livro didático.


2019.

Brasil. Ministério da Educação. (2007). Guia de livros didáticos PNLD 2019.


Ministério da Educação. Brasília: MEC.

BRASIL. Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). 2019.

BRITTO, T. F. O Livro Didático, o Mercado Editorial. Brasília, DF: Centro de


Estudos da Consultoria do Senado, 2011.

HÖFLING, E. de M. Notas para discussão quanto à implementação de


programas de governo: em foco o Programa Nacional do Livro
Didático. Educação & Sociedade, ano 21, n. 70, abr., 2000, p. 159-170.

SILVA, M. A. A fetichização do livro didático no Brasil. Educação e Realidade,


Porto Alegre, v. 37, n. 3, p. 803-821. set./dez. 2012.

UNICAMP. O que sabemos sobre o livro didático? Catálogo analítico.


Campinas: Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1989.

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