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SUPORTE BÁSICO DE VIDA

DESFIBRILAÇÃO EXTERNA
AUTOMÁTICA

PREFÁCIO
As cardiopatias são as principais causas de morte no mundo e no Brasil mata
mais de 900 pessoas por dia. Para aumentar a taxa de sobrevivência estudos e ações
estão sendo desenvolvidas na tentativa de possibilitar uma rápida intervenção diante
da fibrilação ventricular. Comprovadamente ocorreu aumento da taxa de
sobrevivência com implemento de desfibriladores externos automático ou semi-
automático quando adequadamente utilizado nos primeiros minutos após a fibrilação
ventricular. O Atendimento Pré-Hospitalar busca dar assistência básica à vida de
maneira a permitir adequada oxigenação encefálica e preservação da vida, contudo,
diante da parada cardiorrespiratória o prognóstico de vida ou qualidade de vida não é
tão favorável. As tentativas de reanimação cardiorrespiratória geralmente repercutem
em morte ou lesão funcional permanente e a desfibrilação precoce pode ser o
primeiro passo rumo a mudança dessa dolorosa realidade.
Índice

1. Introdução Pág. 03
DESFIBRILAÇÃO EXTERNA AUTOMÁTICA

2. Biossegurança Pág. 04
3. Avaliação Primária Pág. 06
4. Conhecendo o mecanismo da parada cardíaca Pág. 10
5. Reanimação cardiorrespiratória Pág. 12
6. O protocolo da Desfibrilação Externa Pág. 15

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1. Introdução
Maj QOC/BM Edson Marconni Almeida da Silva

Primeiros socorros é o atendimento provisório realizado por pessoa treinada no


DESFIBRILAÇÃO EXTERNA AUTOMÁTICA

ambiente pré-hospitalar.
Saber fazer o certo, na hora certa pode significar a diferença entre a vida e a
morte, portanto é da maior importância que o socorrista conheça e saiba colocar em
prática o suporte básico de vida.
O princípio do atendimento pré-hospitalar é reduzir a mortalidade e agravos
decorrentes de acidente atuando, efetivamente, no segundo pico de morte.

MINUTOS DE “PLATINA” E DA “HORA DE OURO”:


A sobrevida do acidentado que
apresenta lesões graves, com
possibilidade de morte iminente, está
diretamente ligada às condutas adotadas
no ambiente pré-hospitalar nos primeiros
10 minutos (minutos de platina) (Fig.001),
a contar do momento do acidente.
Fig.001
Igualmente, maior chance de
sobrevivência terá o acidentado que
receber o atendimento hospitalar nos primeiros 60 minutos (hora de ouro).

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2. Biossegurança
Profa. Dra. Elizabeth de Souza Amorim

As medidas de biossegurança visam proteger todo aquele que auxilie ou preste


socorro ao vitimado, do contato direto com agentes físicos, químicos, ergonômicos e
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principalmente biológicos. O objetivo é resguardar a saúde das pessoas que prestam


assistência ao acidentado, bem como, dos presentes no cenário do acidente. O uso
adequado das barreiras de proteção evita o contato direto do atendente com a vítima
e exclui a possibilidade de infecção cruzada.
Os profissionais devem conhecer os riscos a que estão potencialmente sujeitos,
quais os dispositivos de proteção e como proceder ante a uma contaminação. O
socorrista deve:
• Providenciar equipamentos de proteção individual (EPIs) contra possíveis
agentes físicos, químicos, biológicos e ergonômicos;
• Considerar potencialmente infectante: sangue, fluidos corpóreos e
secreções;
• Excluir a possibilidade de infecção cruzada;
• Considerar toda vítima como provável fonte de transmissão de doença
infecto-contagiosa.
• Resguardar sua saúde e a saúde do vitimado, utilizando barreiras,
evitando o contato direto do atendente com o vitimado;
• Estabilizar a cabeça do acidentado utilizando os seguintes EPI’s, dentre
outros necessários, luvas de látex, máscara e óculos de proteção;
• Usar barreiras ou equipamentos para realizar reanimação respiratória.
“Não realizar respiração boca a boca”;
É importante observar que as ações de biossegurança não se concluem com a
simples colocação da vítima na maca ou esta na viatura.

Deve-se atentar para outras medidas:


Recolher o lixo pré-hospitalar e acondicioná-lo em recipiente próprio;
• O lixo produzido no atendimento pré-hospitalar é classificado como lixo
hospitalar e deverá ter igual destino, ou seja, deverá ser depositado no
lixo biológico do hospital onde a vítima for entregue;
• Materiais pérfuro-cortantes devem ser acondicionados adequadamente
em local apropriado, para posterior descarte;

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Os materiais e equipamentos não descartáveis que foram contaminados, quais
sejam: AMBU, tesoura de cortar vestes, mascara colar cervical, entre outros, devem
ser acondicionados em saco plástico transparente com simbologia infectante (Fig.002)
impresso e conduzidos para limpeza e desinfecção antes da sua re-utilização;

• Equipamentos de maiores dimensões contaminados,


como KED, prancha, colchão a vácuo, entre outros,
devem ser conduzidos com o máximo de cuidado e
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sofrer limpeza e desinfecção antes da sua re-utilização;


• Lavar as mãos e antebraços até os cotovelos, Fig.002

obrigatoriamente, após cada atendimento. Mesmo que


não tenha tido contato com fluidos corpóreos ou secreções;
• O veículo onde o vitimado foi transportado deve ser descontaminado
antes de atender a próxima vítima;
• Quando necessário o socorrista deve trocar o uniforme.

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3. Avaliação Primária
Profa. Dra. Elizabeth de Souza Amorim
Maj QOC/BM Edson Marconni Almeida da Silva

Durante a avaliação primária o socorrista procura identificar lesões que


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impliquem em risco de morte iminente, adotando condutas de suporte básico à vida


(SBV), ou seja, preservação da oxigenação cerebral através da manutenção da
respiração e batimentos cardíacos. Os procedimentos adotados no SBV consistem na
identificação e correção da falência do sistema respiratório e circulatório.
Devidamente paramentado, ou seja, protegido contra contaminação de micro-
organismos patogênicos, o socorrista deve ser executar a avaliação primária dentro de
30 segundos (equipe profissional), não podendo ultrapassar 45 segundos (demais
socorristas). Para manutenção da vida o socorrista deve assegurar a perfusão
encefálica estabelecendo uma via pérvia, quando necessário realizando desobstrução
das vias aéreas, ventilação e circulação artificial, além do controle de grandes
sangramentos externos.
Quando falamos em ventilação artificial vem-nos à mente a respiração boca-a-
boca, procedimento que deve ser amplamente debatido, pois expõem os socorristas a
riscos desnecessários de contaminação. A respiração boca-a-boca deve ser
substituída por ventilação executada com barreiras de proteção ou com equipamentos
destinados a esse fim (respiração boca-máscara-boca, boca-máscara-AMBU...).
O ar que respiramos é uma mistura de gases, 21% oxigênio, 78% nitrogênio e
1% outros gases. Dos 21% de oxigênio inspirados, apenas uma pequena quantidade,
cerca de 5%, é retido e metabolizado pelo organismo. Logo, ao realizar a ventilação
boca-máscara-boca o socorrista absorve próximo de 5% de oxigênio e transfere para
o vitimado os 16% restante. Contudo, não há garantia que o oxigênio ao perfundir os
pulmões do vitimado chegue ao cérebro, exceto se o coração estiver funcionando
adequadamente como bomba.
As técnicas de compressão torácica externa associada à ventilação artificial,
denominada de RCP, visam suprir a insuficiência cardíaca, mas, mesmo que a
técnica seja realizada corretamente, a eficiência estimada é de 30% do bombeamento
natural.
Fica claro que devemos envidar esforços para que o miocárdio volte a
promover as contrações cardíacas, e o desfibrilador é um aliando importante.
Obviamente que nem todo acidentado tem comprometimento hemodinâmico.

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É importante que não esqueçamos que nas vítimas de trauma é primordial
assegurar o controle da coluna cervical visando efetiva preservação da integridade da
medula cérebro espinhal e o não agravamento das lesões pré-existentes, bem como,
realizar o controle de grandes sangramentos externos.
Lembramos que, para executar a assistência no ambiente extra-hospitalar, deve-
se garantir segurança para as equipes profissionais, para a vítima e todos os
presentes no cenário do acidente. Reforçamos a necessidade de preservação da
saúde contra microorganismos patogênicos, portanto, a necessidade de se instituir
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sempre medidas de biossegurança.


Para que as intervenções possam ser bem direcionadas o socorrista também
deve correlacionar a biomecânica do acidente – mecânica do trauma – à prováveis
traumas, à medida que realiza a avaliação primária, observando a seqüência criteriosa
de procedimentos descritos a seguir:

1. Garantir segurança a todos presentes no cenário do acidente –


implementando ações que promova segurança aos profissionais, às vítimas e aos
espectadores, reduzindo ao máximo os riscos existentes no ambiente de maneira
a garantir condições favoráveis para o trabalho da equipe pré-hospitalar. Devem
ser observadas as medidas de biossegurança, onde estão elencadas o uso
obrigatório das barreiras de proteção contra microorganismos patológicos;

2. Aproximação e posicionamento adequado do socorrista – orienta-se que a


aproximação do socorrista para atendimento ao vitimado seja feita em diagonal, no
sentido podálico-cranial (dos pés a cabeça). Com a aproximação podálico-cranial
procuramos restringir a possibilidade da vítima rotacionar a cabeça para visualizar
quem se aproxima – devendo o socorrista se posicionar ao lado da vítima, próximo
a cintura escapular, com os dois joelhos ao solo, o atendimento pré-hospitalar.

3. Avaliar responsividade – A.V.D.I. – objetiva identificar


perfusão de oxigênio ao cérebro. O socorrista durante a Fig.003

inspeção obtém informações que subsidia uma rápida


análise do nível de oxigenação cerebral.

• Alerta: Vítima alerta, acordada (sugere boa


oxigenação cerebral);
• Verbal: Responsivo a estímulos verbais
(Fig.003) (sugere a necessidade de
suplemento de oxigênio); Fig.004

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• Dor: Responsivo a estímulos dolorosos (Fig.004) (sugere déficit de
oxigenação cerebral e necessária assistência ventilatória com oxigênio
sendo ministrado em alto fluxo)
• Inconsciente: Não responsivo (sugere anóxia ou hipóxia severa e, a
necessidade de imediata assistência ventilatória com oxigênio sendo

ministrado em alto fluxo, por vezes, sob pressão positiva)


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4. Abertura das vias aéreas e controle da coluna cervical – a abertura das vias
aéreas visa promover na vítima irresponsiva uma via respiratória patente, livre de
obstáculos, utilizando-se, no suporte básico, de manobras não invasivas. A
obstrução da via respiratória na vítima irresponsiva
decorre geralmente do relaxamento da língua (Fig.
005), mas, poderá advir por corpo estranho. Para
garantir uma via respiratória pérvia é necessário
Fig.005
realizar no suporte básico de vida
manobras não invasivas (Fig.006,
Fig.007), que permitam ao ar
permear os alvéolos pulmonares
durante a ventilação, o que ocorre
naturalmente se respiração Fig.006 Fig.007

presente. Será necessário,


contudo, promover a estabilidade da coluna cervical visando à preservação da
medula cérebro espinhal. As vítimas responsivas com suspeita de lesão
raquimedular – vítimas de trauma – a colocação do colar cervical é obrigatório.
Deve ser de tamanho adequado ao pescoço da vítima e colocado com o vitimado
em decúbito dorsal com a cabeça na posição anatômica.

5. Boca máscara boca – VENTILAÇÃO – uma via pérvia não indica,

necessariamente, respiração presente, portanto, o

socorrista mantendo a via respiratória aberta deve


Fig.008
realizar 02 (duas) ventilações, observando
expansão torácica, fazendo uso de barreiras de
proteção ou equipamentos apropriados (Fig.008).
Com a visível expansão do tórax há constatação
que o ar infundiu os pulmões, contudo, não se pode afirmar que a respiração se
faz presente. Para constatar a respiração o socorrista inspeciona se a vítima

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irresponsiva através da técnica VER, OUVIR e SENTIR – as equipes
especializadas ou as que dispuserem de estetoscópio podem realizar ausculta
através da técnica VER e AUSCULTAR;

6. Circulação e controle de grandes hemorragias – para constatar circulação

encefálica o socorrista deve, concomitantemente a


inspeção da respiração – VER, OUVIR e SENTIR (Item
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5), realizar a palpação do pulso carotídeo. A parada


cardiorrespiratória está presente se inexistir pulso
carotídeo palpável nos maiores de 01 (um) ano de
idade e, braquial nos menores de 01 (um) ano – esses Fig.009
pulsos serão denominados “pulso central”. Com a
ausência do pulso central palpável, deve-se proceder a imediatamente a
reanimação cardio-pulmonar (Fig.009). Quando no acidentado o pulso central for
palpável a contensão de grandes hemorragias deve ser realizada, quando a
emergência exigir.

7. Desfibrilação precoce – a maioria das paradas

cardiorrespiratórias advém de doenças coronarianas e a


fibrilação ventricular é a principal arritmia. Na parada
cardiorrespiratória o socorrista deve realizar 02 (dois)
minutos de reanimação cárdio-pulmonar (30 compressões : Fig.010
02 ventilações) e, de pronto, solicitar o Desfibrilador
Automático Externo (DAE) (Fig.010) ou Desfibrilador Automático Inteligente (DAI) –
este equipamento requer pessoa treinada. A desfibrilação deve ser realizada após
02 (dois) minutos de reanimação cardiopulmonar, mesmo que o equipamento
chegue em menos tempo, seguindo seqüência estabelecido no capítulo específico.

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4. Conhecendo o mecanismo da parada
cardíaca
Maj QOC/BM Edson Marconni Almeida da Silva

Dentro da caixa torácica, as estruturas mais


importantes são o coração e os pulmões. O coração
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se localiza no centro, imediatamente abaixo do


esterno e acima da porção média do diafragma,
envolto por uma membrana denominada pericárdio.
Estende-se desde a segunda até a sexta costelas,
anteriormente, e, da quinta à oitava vértebra torácica,
posteriormente. Fig.011
O coração, músculo denominado miocárdio, é
uma bomba que promove a circulação sanguínea ao corpo, cada célula deve receber
oxigênio e nutrientes necessários a sua sobrevivência, trazidos pela corrente
sanguínea. As células do miocárdio podem resistir cerca de 20 minutos sem o
suprimento de sangue, mas, as células nervosas não conseguiriam sobreviver tanto
tempo. Sem oxigenação por mais de 05 (cinco) minutos, essas células não resistem e
os danos podem ser irreversíveis, pois, diferente das demais células do nosso corpo
elas não se regeneram, isso significa que, se o
coração parar, as células encefálicas morrerão.
O coração, por sua vez, é irrigado por
duas artérias chamadas de coronarianas. Nas
paredes dessas artérias, ao longo dos anos, se
acumulam gordura e cálcio que num processo
lento e progressivo causam obstrução do vaso,
aterosclerose (Fig.012). Fig.012

Durante atividade física ou em situação


de estresse o músculo cardíaco requer maior oxigenação e, conseqüentemente, maior
suprimento sanguíneo, com a obstrução coronariana, ocorre isquemia - Infarto Agudo
do Miocárdio (IAM) - no músculo do coração, por deixar de receber sangue requerido.
Dor no peito que dura mais de 20 (vinte) minutos, que se irradia, geralmente,
para o braço esquerdo, pescoço ou costelas, falta de ar, tontura, sudorese (“suor
frio”), náuseas e/ou vômitos e sensação de morte iminente são os sinais e sintomas
do Infarto. Alguns fatores favorecem o indivíduo a desenvolver IAM são eles:
tabagismo, alcoolismo, obesidade, diabetes mellitus, hipertensão arterial,

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sedentarismo, hereditariedade, colesterol, idade (homens acima de 45 anos e
mulheres acima de 55 anos). Quanto mais fatores presentes, mais suscetível ao
infarto indivíduo estará. Doenças coronarianas são uma das causas da parada
cardiorrespiratória, mas não a única. A fibrilação ventricular é o principal distúrbio da
atividade elétrica do coração estando presente em 90% das paradas cardíacas. Essa
arritmia que compromete o funcionamento do coração e, conseqüente, repercute
numa parada cardíaca advém do Infarto do Miocárdio. “A parada cardiorrespiratória
ocorre quando o coração perde sua função de bombear e o sangue não circula. Isso
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não quer dizer que o coração esteja necessariamente parado”.

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5. Reanimação Cardiorrespiratória
Profa. Dra. Elizabeth de Souza Amorim
Maj QOC/BM Edson Marconni Almeida da Silva

As cardiopatias matam mais que acidente de trânsito. Difícil compreender e aceitar

essa afirmativa, mas, ela é real. Aproximadamente 900 pessoas morrem diariamente
no Brasil por doenças do coração. As mortes súbitas e “inesperadas” acometem
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brasileiros crianças, adultos e idosos.


Quando o coração deixa de funcionar
adequadamente como bomba, denominamos parada
cardiorrespiratória, o cérebro para de receber o fluxo
sanguíneo requerido pelas células encefálicas e a morte
ocorrerá se ações de suporte à vida não forem
implementadas. A reanimação cardiopulmonar é a Fig.013

conduta instituída diante da parada cardíaca, contudo, a


maioria das tentativas resulta em morte ou significativa
perda funcional decorrente de lesão cerebral irreversível. Esse quadro começa a ser
modificado com o advento do desfibrilador externo automático que vem sendo
popularizado com treinamentos às comunidades.
Quando for constatada parada cardiorrespiratória (PCR), através da ausência
de pulso central palpável (Fig.014), é necessário instituir
imediata reanimação cardiopulmonar (RCP). A RCP
visa promover oxigenação cerebral através de
compressões cardíacas externas e ventilação mecânica
positiva. Essas condutas são denominadas de suporte
básico de vida e devem perdurar até que sejam Fig.014

implementadas medidas de suporte avançado de vida,


ou seja, intervenção médica.
Para produzir uma circulação artificial e, consequentemente, nutrir células
encefálicas com oxigênio, o socorrista deve colocar a
vítima em decúbito dorsal sobre uma superfície plana e
rígida, expor o tórax e posicionar o terço proximal
anterior da mão (região tênar e hipotênar), sobre o
externo, entre os mamilos (Fig.015). Com os braços
estendidos o peso do corpo do socorrista recai sobre o
tronco e comprime o tórax da vítima 1/3 à 1/2 do diâmetro antero-posterior Fig.015

do tórax.

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O socorrista deve iniciar 02 (dois) minutos de RCP (FIg.016), que equivale a 05
(cinco) ciclos de 30 (trinta) compressões torácicas seguidas de 02 (duas) ventilações –
vítima adulta - solicitando o desfibrilador externo automático.
As compressões torácicas mesmo realizadas com técnicas corretas estão
longe de se igualar ao funcionamento normal do coração. O bombeamento do sangue,
durante a massagem cardíaca, é estimado em torno de 30% do trabalho realizado
pelo músculo do coração. Ao realizar 02 (dois) minutos de reanimação
cardiorrespiratória o socorrista deve inspecionar respiração e palpar pulso central ou
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instalar o DEA.
Quando 02 (dois) socorristas realizam as manobras de
reanimação cardiopulmonar a troca de posição é obrigatória
após 02 (dois) minutos de RCP. Os socorristas devem insistir na
reanimação cardiopulmonar, no local de acidente, por até 10
(dez) minutos, que equivale a 05 (cinco) vezes 05 (cinco) ciclos.
É sabido que com a chegada do desfibrilador devemos
Fig.016
suspender as condutas de reanimação cardiorrespiratória para
instalação do equipamento, desde que já tenha sido realizada 02 (dois) minutos de
RCP.
As manobras de reanimação cardiorrespiratória, após terem sido iniciadas, não
deverão ser interrompidas por mais de dez segundos contínuos, sob o risco de inferir
em lesão cerebral irreversível.
Em situações específicas as manobras de reanimação cardiopulmonar não
deverão ser executadas. É o caso da morte óbvia, evidente e indiscutível, a exemplo
da decapitação, hemicorporectomia e calcinação, bem
como, sinais indicativos de que a morte ocorreu há horas,
como rigidez cadavérica, manchas hipostáticas e estado
de putrefação.
Sempre que a equipe Suporte Básico de Vida (SBV)

se deparar com uma parada cardiorrespiratória a equipe


Fig.017
de Suporte Avançado de Vida (SAV) deve ser acionada

(Fig.0017).

As ações desencadeadas no SBV devem ser alicerçadas no conhecimento

técnico, executada de maneira ordenada, rápida e precisa, impedindo o profissional

desperdice tempo e esforços, voltando-se para aspectos primordiais.

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O protocolo estabelece que após 02 (dois) minutos – 05 (cinco) ciclos – o

socorrista deve reavaliar respiração e circulação (mantendo a via respiratória

permeável realizar o VER, OUVIR e SENTIR e, concomitantemente, aferir pulso

central).

Os procedimentos de suporte básico de vida, não poderão cessar, exceto se:


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• Houver retorno do pulso central e da respiração espontânea;


• A equipe de suporte avançado de vida, assumir os procedimentos no ambiente
pré-hospitalar;
• A vítima for entregue aos cuidados médicos, no ambiente hospitalar.

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6. O protocolo da Desfibrilação Externa
Profa. Dra. Elizabeth de Souza Amorim
Maj QOC/BM Edson Marconni Almeida da Silva

Diante da parada cardíaca o socorro imediato é a chave para a sobrevivência.


Essa afirmativa nos leva a refletir no tempo decorrido do início da emergência à
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chegada da equipe pré-hospitalar. O resultado geralmente se reflete em óbito.


Pesquisas indicam que a cada minuto sem assistência básica à vida o vitimado em FV
perde de 7% a 10% de chances de vida. Isto significa que, se uma pessoa entrou em
FV há 04 (quatro) minutos, as chances de sobrevivência gira em torno de 60%.
É freqüente a pergunta: Porque é tão importante a desfibrilação?
Porque a fibrilação ventricular (FV) é o ritmo inicial mais comum encontrado
nas paradas cardíacas e a desfibrilação é a conduta indicada. Cerca de 90% das
paradas cardíacas estão associadas à fibrilação ventricular, enquanto os 10%
restantes resultam da soma das intoxicações, traumas, afogamentos entre outros.
Logo, o Desfibrilador Externo Automático (DEA) está indicado para a grande maioria
das paradas cardíacas.

Fig.018

O socorrista solicita o Desfibrilador Externo Automático (DEA) (Fig.019) e inicia


02 (dois) minutos de reanimação cardiopulmonar.
O DEA é um equipamento que interpreta e indica ou não a necessidade de
choque, denominado desfibrilação. Diante da fibrilação ventricular ou taquicardia
ventricular o coração não consegue promover circulação sanguínea e, assim como a
assistolia, não há fluxo de oxigênio às células encefálicas.
Estima-se que menos de 5% das vítimas em parada
cardíaca conseguem ser salvas sem seqüelas no Suporte
Básico de Vida sem uso do DEA. O sucesso sempre
esteve associado ao reconhecimento precoce, contudo, a
Fig.019
RCP associada à utilização do desfibrilador externo
automático demonstrou significativas taxas de sobrevivência chegando a 75% quando
realizado 02 (dois) minutos de RCP seguido de choque.

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Atenção: Reforçamos que o socorrista deve realizar 02 (dois) minutos de RCP
antes de realizar a desfibrilação.
Ao utilizar o desfibrilador externo automático (DEA), os socorristas devem
aplicar 1 choque, seguido de RCP imediata. A RCP deve sempre começar com
compressões torácicas. Todos os socorristas devem permitir que o DEA verifique o
ritmo cardíaco da vítima novamente, após aproximadamente 5 ciclos (cerca de 2
minutos) de RCP.
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Como operar o desfibrilador?


1. Ligar o aparelho;
2. Instalar as pás adesivas no tórax do vitimado;
3. Conectar eletrodos das pás no aparelho ou certifique-se que as pás estão
bem conectadas;
4. Afastar todos e aguardar a análise do Fig.020
equipamento para que não ocorra
Fig.020
interferência e erro de leitura;
5. Pressionar o botão para deflagrar o choque
quando indicado, certificando-se que
ninguém está em contato com a vítima (Fig.021). “Avise que vai o choque
será deflagrado”.
6. Siga as instruções do aparelho. Apenas
toque no vitimado quando houver permissão
sonora do equipamento.
7. Não desconecte as pás do tórax do vitimado
até orientação da equipe médica.

INFORMAÇÕES OPERACIONAIS PARA USO DO DEA

Uso em pacientes pediátricos (1 a 8 anos de idade)


O DEA pode ser utilizado em crianças de 1 a 8 anos de idade, contudo, deve-
se utilizar as pás pediátricas. Essas pás (eletrodos) apresentam algumas diferenças
das correspondentes adultas, quais sejam:
Fig.022
1.a. As pás são posicionadas na região anterior e
posterior do tórax respectivamente, conforme imagem
impressa na superfície das pás;
1.b. A descarga de energia liberada para a criança
é menor.

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Tórax da vítima molhado.
Se o tórax do vitimado estiver molhado o socorrista deve enxugá-lo senão a
aderência das pás ficará comprometida. O aparelho indicará eletrodos mal conectados
e, não ocorrerá desfibrilação. A água é uma boa condutora de eletricidade, numa
tentativa de desfibrilação, pode ocorrer um arco entre as pás, externamnete,
diminuindo a efetividade do choque.
Se o ambiente estiver molhado, remova-a da água, posicionando-a na
prancha, antes de instalar o DEA.
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Dispositivos implantados no tórax da vítima (como marcapassos)


Não se deve aplicar pás do desfibrilador sobre o dispositivo pois este poderá
interferir na análise do equipamento e na condução da energia liberada.
As pás devem ser aplicadas a uma distância de 3cm, aproximadamente, cerca
de 02 (dois) dedos.

Durante o transporte em ambulâncias


Os movimentos da viatura durante o transporte podem interferir na análise. A
vibração do veículo ou artefatos dispostos no interior do veículo, especialmente os que
estiverem em contato com a maca, podem simular uma fibrilação ventricular. Caso o
DEA venha a indicar choque, equipamento deve ser desligado, é necessário parar e
desligar o motor da viatura. O equipamento então é re-ligado e, se confirmada a
necessidade desfibrilação, o choque deve ser realizado.

Com o advento e segurança do DEA o conceito de desfibrilação no ambiente


pré-hospitalar cresceu ainda mais, refletindo em maior probabilidade de sucesso e
maior sobrevivência de pacientes com parada cardiorespiratória. A American Heart
Association recomenda o uso do DEA e preconiza uma sessão de 4 horas de
treinamento para o perfeito uso do equipamento, seguida de reavaliação do uso cada
90 dias.
Entendemos que as habilidades adquiridas no curso apresentam um
comprometimento significativo após 06 (seis) meses. A constante revisão tanto da
teoria quanto da prática são obrigatórias.

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