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Caso Clínico:

Gestação Molar
Layara Matos de Oliveira
F.A ,28 anos, G2P1NA0, 11s, gestação molar, refe STV
vermelho-vivo recorrente desde início da gestação e dor em
BV. Apresenta útero aumentado de volume, contendo
conteúdo espesso em cavidade endometrial.

*Parto normal a 10 anos sem intercorrências na gestação ou


puerpério
A doença trofoblástica gestacional (DTG) é caracterizada como uma anomalia
proliferativa, acometendo as células que compõem o tecido trofoblástico placentário,
citotrofoblasto e sinciciotrofoblasto.
Esta patologia apresenta-se em cinco principais formas distintas, são elas: as formas
benignas - mola hidatiforme (completa ou parcial) e as formas malignas - mola
invasora (MI), coriocarcinoma (CC), tumor trofoblástico epitelioide e tumor trofoblástico
de sítio placentário.
Paciente realizou esvaziamento uterino devido mola ( curetagem). No 5DPO,
estava estável hemodinamicamente, sem queixas, negando dor abdominal,
deambulando. Fez uso de 1 absorvente no dia anterior, com sangue vermelho
escuro em pequena/moderada quantidade.

17/10: HCG = 250.000


20/10: HCG = 33.000
Atendimentos- Orientações

● Não engravidar em até 6 meses.

● Recomenda-se uso de métodos contraceptivos.

● Verificar semanalmente a dosagem de hCG até que se


atinja três dosagens consecutivamente normais
(valores inferiores a 5 UI/L), alcançando-se assim a
remissão da MH.

● Posteriormente, as dosagens devem ser realizadas


mensalmente por seis meses a fim de garantir a cura da
MH. A regressão completa de hCG para valores dentro
da normalidade ocorre, em média, após dois meses de
esvaziamento molar.
Atendimentos

● Drenagem linfática

● Liberação na cervical e coluna lombar

● Exercícios metabólicos

● Palpação abdominal

● Ponte
● Incidência geral de DTG num período de
quatro anos foi de 6 casos por 1000 partos.

● 52% eram multíparas.

● 69% tiveram sangramento transvaginal.

● 58% dos casos foi utilizado a curetagem.

● 98% das pacientes realizaram o


acompanhamento pós-molar

● 13% das pacientes não concluiu a vigilância
hormonal do beta-hCG

● 2% não compareceram a qualquer consulta,


73% completaram o tratamento de forma
adequada
OBRIGADA!
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DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL: COMO DIAGNOSTICAR E
TRATAR?

Leda FERRAZ1; Patricia de Fátima LOPES1; Catharina Albiero Bueno RAMOS1;


Suelen Gonçalves BOECHAT1; Isabela Pereira FONSECA1; Antônio BRAGA1*

1. Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, Brasil.


*Autor Correspondente: bragamed@yahoo.com.br

Recebido em: 27 de fevereiro de 2017 – Aceito em: 02 de fevereiro de 2018

RESUMO: A doença trofoblástica gestacional (DTG) é uma anomalia relacionada à gestação, caracterizada por
duas entidades clínicas: benignas (mola hidatiforme – MH) e malignas (neoplasia trofoblástica gestacional –
NTG). O sucesso no tratamento de pacientes com MH depende do diagnóstico precoce, esvaziamento uterino
imediato e seguimento pós-molar regular com dosagem sérica de hCG, garantindo um bom prognóstico das
pacientes, sua qualidade de vida e futuro reprodutivo favorável. Em relação à NTG, devem ser salientadas as
dificuldades para a realização do diagnóstico, além do correto planejamento e início precoce do tratamento. É
importante que o tratamento aconteça em centros de referências (CR), onde há equipes preparadas para o melhor
atendimento e acompanhamento dessas pacientes. O foco deste trabalho é mostrar as estratégias diagnósticas e
terapêuticas envolvidas no tratamento da DTG, com o objetivo de melhorar essa situação, contribuindo para o
melhor conhecimento sobre o assunto.

PALAVRAS-CHAVE: Doença trofoblástica gestacional. Mola hidatiforme. Gravidez.

INTRODUÇÃO (HERTZ, LI, SPENCER, 1956; HOEKSTRA


et al, 2008).
A doença trofoblástica gestacional O seguimento pós-molar é de extrema
(DTG) abrange um grupo heterogêneo de importância no acompanhamento dessas
formas de proliferação celular originada a pacientes e, por isso, se faz necessário
partir do epitélio trofoblástico placentário, garantir a adesão à vigilância hormonal de
com formas clínicas benignas e malignas hCG. Sabe-se que nos países
(BERKOWITZ & GOLDSTEIN, 2013). subdesenvolvidos ou que imperam grandes
Essa anomalia tem a gonadotrofina coriônica distâncias territoriais essa adesão se torna um
humana (hCG) como marcador biológico- desafio, provocando a desistência de um
hormonal (BRAGA et al, 2014). grande número de pacientes ao
A DTG manifesta-se com diversos acompanhamento. Vale citar que apenas
graus de remissão, invasão e de metade das pacientes com DTG comparece
transformação maligna (BERKOWITZ & em todas as consultas médicas do seguimento
GOLDSTEIN, 2013) e suas complicações pós-molar (BRAGA et al, 2014).
clínicas (MORAES et al, 2014) apresentam Diante desta realidade, o objetivo
elevado potencial de determinar near miss desse artigo é apresentar as estratégias
materno. Por isso, as pacientes acometidas diagnósticas e terapêuticas atualizadas para o
por essa anomalia da gravidez devem ser tratamento de mulheres acometidas pela
tratadas em Centros de Referência (CR) a fim DTG.
de obter a cura, com manutenção da
capacidade reprodutiva. Nas últimas décadas DTG E SUA CLASSIFICAÇÃO
ocorreu melhora no prognóstico da doença
através da disseminação dos CR, progresso A DTG é dividida em dois grupos:
nas técnicas de esvaziamento uterino, uma forma benigna chamada mola
exatidão na dosagem de hCG e do hidatiforme (MH) e outra maligna (podendo
desenvolvimento de agentes antineoplásicos ser metastática), caracterizada pela neoplasia
altamente eficientes contra esse blastoma

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trofoblástica gestacional (NTG) (SECKL et diploide. Dessa forma, a MHC tem origem
al, 2013). genética exclusivamente paterna
A MH (anomalia placentária) agrupa (androgenética). A MHP acontece quando
tecidos com aumento anormal das um oócito haplóide (23X) é fertilizado por
vilosidades coriônicas, acompanhadas de dois espermatozóides, resultando em um
grande proliferação trofoblástica, zigoto com 69 cromossomos (triploidia)
apresentando hiperplasia variável e focal do (BRAGA et al, 2012).
cito e sinciciotrofoblasto. A MH é a forma
clínica mais comum de DTG, apresentando DIAGNÓSTICO
duas entidades distintas: mola hidatiforme
completa (MHC) e mola hidatiforme parcial A MHC cursa com sangramento
(MHP) (LURAIN, 2010). Já a NTG engloba transvaginal ocorrendo entre a 6ª e 16ª
as seguintes formas: mola invasora, semanas de gestação em 80-90% dos casos.
coriocarcinoma, tumor trofoblástico do sítio Outros sinais e sintomas clássicos que podem
placentário (TTSP) e tumor trofoblástico aparecer são: volume uterino maior que o
epitelioide (TTE) (ACOG, 2004; LURAIN, esperado para a idade gestacional (28%),
2010; MAESTÁ & BRAGA, 2012). hiperêmese (8%) e hipertensão induzida pela
gestação no primeiro ou segundo trimestre
EPIDEMIOLOGIA E ETIOPATOGENIA (1%). Nesse contexto, o diagnóstico precoce
através do uso da ultrassonografia obstétrica
As diferenças epidemiológicas e testes precisos de hCG fizeram com que
relacionadas à incidência da DTG podem esses sintomas clássicos ocorressem menos
abranger não apenas aspectos genéticos, frequentemente (LURAIN, 2010). É
imunológicos, ambientais e nutricionais, importante salientar também que pacientes
como também a variabilidade metodológica com MH podem apresentar quadro
entre os estudos publicados (LURAIN, assintomático no momento do diagnóstico da
2010). É descrito que a incidência mundial doença.
da DTG é de 1:1000 gestações (DI CINTIO, Em mais de 60% dos casos, a
et al, 1997); nos países asiáticos e da sintomatologia das pacientes com MHP
América Latina, a incidência é 3 a 6 vezes confunde-se com abortamento incompleto ou
maior que a reportada na Europa ou América retido e o diagnóstico é feito após avaliação
do Norte (CORTÉS-CHARRY, 2009). No histológica de amostra oriunda de curetagem.
Brasil, estima-se que a doença ocorra em O principal sintoma apresentado na MHP é o
1:200-400 gestações (BRAGA et al, 2014; sangramento transvaginal, que acomete 75%
MAESTÁ & BRAGA, 2012). das pacientes diagnosticadas (LURAIN,
A patogenia da DTG resulta de uma 2010).
gametogênese imperfeita. Sua ocorrência Como dito anteriormente, hCG é o
parece estar associada aos seguintes fatores marcador biológico hormonal da gestação,
de risco: aspectos genéticos, idade materna, produzido de maneira excessiva pela MH e
histórico reprodutivo de gravidez molar e NTG. Esse hormônio é utilizado como um
estado nutricional (SEBIRE & SECKL, marcador tumoral da DTG e é facilmente
2008). medido quantitativamente no sangue e seus
A MHC é caracterizada por hidropisia níveis têm mostrado correlação com a
difusa e hiperplasia trofoblástica da gravidade da doença. Observa-se no
superfície da vilosidade coriônica (LURAIN, diagnóstico da MHC valores de hCG
2010) e na maioria dos casos, ocorre pela elevados, pelo geral, superiores a 100.00,00
fertilização de um oócito, sem material UI/L, muitas vezes não compatível com a
genético, por um espermatozóide haplóide idade gestacional, auxiliando no diagnóstico.
(23X ou 23Y) que duplica seus Nos casos de MHP esses níveis de hCG,
cromossomos, resultando em um ovo conquanto mais elevados que na gravidez

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normal de mesma idade gestacional, não é tecaluteínicos, síndrome de hiperestimulação


tão evidente e pode suscitar dúvidas do ovariana, pré-eclâmpsia, hipertireoidismo,
diagnóstico, sendo fundamental os préstimos síndrome de angústia respiratória aguda,
da anatomia patológica (BAKHTIYARI et embolização trofoblástica, edema agudo de
al., 2015; DIVER et al., 2016). Ainda de pulmão e tromboembolismo pulmonar). Os
valia será a dosagem de hCG nos casos em exames pré-operatórios devem contemplar o
que a histopatologia é inconclusiva tipo sanguíneo, níveis séricos de hCG,
(notadamente em casos de aborto hidrópico) exames bioquímicos, hemograma completo,
ou quando não se dispõe de avaliação perfil hepático e da tireoide, análises
histopatológica de produto de esvaziamento urinárias e radiografia de toráx. Nos casos de
uterino. fundo de útero acima de 16 centímetros ou de
A ultrassonografia tem seu destaque descompensação hemodinâmica pode ser
no diagnóstico da gravidez molar. Através necessário incluir o eletrocardiograma ou o
deste método biofísico é possível observar ecocardiograma para melhor avaliação dessas
que a vilosidade coriônica da MHC apresenta pacientes (LURAIN, 2010).
edema hidrópico difuso, com um padrão
vesicular ultrassonográfico característico, Utilização de técnicas apropriadas no
que consiste em múltiplos ecos anecogênicos esvaziamento uterino para tratamento da
dentro da massa placentária. Além disso, a Gravidez Molar. O médico deve ter
MHC apresenta ausência de embrião/feto e conhecimento técnico em relação à escolha
de seus anexos. A ultrassonografia também do método de esvaziamento uterino mais
pode ajudar no diagnóstico precoce de MHP, apropriado e, para o procedimento ser
mostrando espaços císticos focais dentro da realizado, é necessário que a paciente esteja
placenta, com aspecto de “queijo-suíço” e hemodinamicamente estável (LURAIN,
saco gestacional apresentando aumento do 2010). A aspiração uterina é o método de
diâmetro transversal (LURAIN, 2010). escolha para pacientes com gravidez molar.
A aspiração manual intrauterina (AMIU) é o
TRATAMENTO método mais divulgado no Brasil, disponível
nas maternidades, de baixo custo, seguro e
O sucesso no tratamento das pacientes efetivo, podendo ser usado em pacientes que
com MH depende da correta realização das desejam manter sua fertilidade, independente
seguintes estratégias: de tamanho uterino (LURAIN, 2010). A
vácuo-aspiração elétrica (V-A) é mais
Encaminhamento das pacientes para prática, promovendo um esvaziamento
Centros de Referências. Os CRs apresentam uterino mais rápido nos úteros aumentados,
uma equipe multidisciplinar com ampla principalmente naqueles maiores que 16
experiência é capaz de promover o centímetros. A histerectomia é uma técnica
seguimento pós-molar e o precoce e alternativa de esvaziamento uterino para as
adequado tratamento dos casos de NTG pacientes com idade materna avançada e com
(DANTAS et al, 2012). prole constituída. Essa técnica também
fornece esterilização permanente e elimina o
Avaliação das condições clínicas da risco de invasão miometrial local como uma
paciente com gravidez molar e solicitação causa da NTG não-metastática (LURAIN,
de exames pré-operatórios para o 2010). Entretanto, a histerectomia não
esvaziamento uterino. O diagnóstico de permite a alta da paciente do seguimento pós-
gestação molar pode ser rastreado por molar, pelo risco existente de metástase. Dois
história clínica, exames físicos, níveis de métodos não são atualmente recomendados
hCG e achados ultrassonográficos, como para o esvaziamento uterino: a indução do
também através da presença de complicações abortamento molar com misoprostol e
médicas (anemia, hemorragia, cistos histerotomia. Eles aumentam a

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morbimortalidade materna, promovendo


maior perda sanguínea e esvaziamento SEGMENTO PÓS-MOLAR
incompleto que requer curetagem,
aumentando também a chance de Este segmento é essencial para
embolização trofoblástica. Além disso, detectar precocemente a evolução para NTG.
provocam aumento no risco de disseminação Ele consiste na dosagem sérica semanal de
trofoblástica e o desenvolvimento de NTG hCG até que se atinja três dosagens
pós-molar e necessidade de quimioterapia consecutivamente normais (valores inferiores
(LURAIN, 2010). Alguns locais ainda a 5 UI/L), alcançando-se assim a remissão da
realizam a curetagem uterina no MH. Posteriormente, as dosagens devem ser
esvaziamento molar, porém esse método não realizadas mensalmente por seis meses a fim
tem sido recomendado devido ao maior risco de garantir a cura da MH. A regressão
de perfuração uterina e ocorrência de completa de hCG para valores dentro da
sinequias (ANDRADE, 2009; MORAES et normalidade ocorre, em média, após dois
al, 2014). meses de esvaziamento molar (LURAIN,
Independente da técnica usada para o 2010).
esvaziamento uterino, a infusão venosa de A dosagem semanal de hCG deve ser
ocitocina deve ser utilizada com cautela pelo realizada sempre no mesmo laboratório para
risco aumentado de hipotensão e de edema garantir a utilização da mesma técnica de
agudo de pulmão. Em casos de útero muito dosagem, de preferência aquela capaz de
aumentados (com risco de perfuração ou identificar todas as suas formas. A molécula
hemorragia intraoperatória), macrodoses de de hCG é complexa e há inúmeros testes para
ocitocina sintética podem ser utilizadas, no sua dosagem, ainda que nenhum deles tenha
máximo 40 UI. O uso de ocitocina tem o sido feito especificamente para o seguimento
objetivo de diminuir o sangramento e o risco da DTG, tão somente para o diagnóstico de
de perfuração da parede uterina pelo gravidez. Para o seguimento pós-molar,
enrijecimento do miométrio (MORAES et al, recomenda-se o uso do quite DPC Immulite,
2014). pois é capaz de analisar todas as frações de
hCG. Quando isto não for possível, deve-se
Garantir a alta da paciente após o dar preferência ao uso do mesmo quite a fim
esvaziamento uterino com contracepção. É de evitar-se variações no método de leitura
aconselhado que mulheres diagnosticadas e hormonal (SOUZA et al., 2017).
tratadas com MH não engravidem pelo
menos até seis meses após o seu nível de DIAGNÓSTICO E ESTADIAMENTO DA
hCG ter voltado ao nível normal (valor de NTG
referência para não grávidas) para garantir
que qualquer plateau ou elevação dos níveis A NTG pós-molar pode apresentar
de hCG identifiquem a transformação algumas características como: útero
maligna da MH em NTG (GAFFIELD, aumentado, com persistência do sangramento
KAPP, CURTIS, 2009). Para essas pacientes transvaginal e dos cistos tecaluteínicos nos
recomendam-se, com segurança, métodos ovários. Porém, é observado que mais de
hormonais (via oral, transdérmico, injetável e 50% das pacientes com NTG não apresentam
implante) e métodos de barreira esses sintomas clínicos e, diante disto, o
(GAFFIELD, KAPP, CURTIS, 2009). Os diagnóstico clássico da NTG é realizado
dispositivos intrauterinos e o sistema quando se identifica plateau (oscilação
intrauterino liberador de levonorgestrol não menor que 10% entre 3-4 dosagens
estão liberados para uso até a remissão da consecutivas de hCG) ou elevação dos níveis
doença, pelo risco de perfuração uterina nos séricos de hCG após o esvaziamento molar,
casos de mola invasora ou de coriocarcinoma ou ainda, aparecimento de metástase
uterino. (notadamente pulmonar e genital)

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(BISCARO, BRAGA, BERKOWITZ, 2015). agentes deve ser utilizado desde o início:
Dois critérios diagnósticos de NTG regime EMA/CO (etoposide, metotrexate,
recomendados pela Federação Internacional actinomicina-D alternando ciclofosfamida e
de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO) tem vincristina) ou regime EP/EMA (etoposide,
sido recentemente questionados. Um deles metotrexate, actinomicina-D e cisplatina)
atesta NTG em pacientes cujos níveis de (MAESTÁ et al, 2007). A cirurgia é
hCG ainda estão positivos, mesmo se em realizada em pacientes com NTG residual
queda, com mais de 6 meses após o localizada, quando não há resposta ao
esvaziamento uterino. Estudo brasileiro tratamento quimioterápico (NGAN &
mostrou que mesmo nesses casos, 80% das SECKL, 2007). A cura completa da doença é
pacientes podem ainda evoluir com remissão observada em 100% dos casos de NTG de
espontânea, sem que a espera para iniciar o baixo risco e, é superior a 80% nas pacientes
tratamento piore o prognóstico (BRAGA et de alto risco (SITA-LUMSDEN et al, 2012).
al., 2016). Da mesma forma, a FIGO também
diagnostica NTG quando há diagnóstico FUTURO REPRODUTIVO APÓS
histopatológico de coriocarcinoma, GRAVIDEZ MOLAR
conquanto recente investigação também
mostrou encontrou remissão espontânea em A gestação molar e a NTG provocam
50% dos casos de coriocarcinoma não preocupações em relação às gestações
metastático, notadamente naqueles em que os subsequentes e fertilidade (VARGAS et al,
níveis de hCG estiverem em queda ou 2014). Histórico antecedente de MH aumenta
mesmo normais (BRAGA et al., 2017). o risco de recorrência da doença (com
A cura de quase todas as pacientes e ocorrência de cerca de 0,8-2% das pacientes
preservação da capacidade reprodutiva é com história pregressa de DTG) (VARGAS
permitida com a detecção precoce dessa et al, 2014). Essa eventual nova gravidez
forma maligna, seguida de tratamento molar pode evoluir para NTG em cerca de 7-
adequado (ACOG, 2004; HOEKSTRA et al, 25% das pacientes (BELFORT & BRAGA,
2008). 2003).
A FIGO recomenda o imediato É de conhecimento que os agentes
estadiamento da NTG após o diagnóstico, antineoplásicos podem trazer maior risco de
que combina a distribuição anatômica da danos genéticos, efeitos teratogênicos ou
neoplasia ao sistema de escore de risco. Este mutagênicos nos oócitos (BRAGA et al,
sistema usa fatores prognósticos para avaliar 2009). Uma gestação seguida por
o risco relacionado a resistência à quimioterapia decorrente de NTG apresenta
quimioterapia: escore de seis ou menos risco aumentado de abortamentos,
significa doença de baixo risco e tratada com principalmente quando a gravidez ocorre
quimioterapia por agente único; escore de com menos de seis meses da última sessão de
sete ou mais significa NTG com grande quimioterapia (BRAGA et al, 2009), assim
chance de quimiorresistência, necessitando como de natimortos (1,5%) quando
de um tratamento com múltiplos agentes comparado com a população geral (0,8%)
antineoplásicos (FIGO, 2002; NGAN et al, (VARGAS et al, 2014). Mesmo com esses
2006). dados, após a MH e NTG as pacientes podem
esperar futuras gestações com desfechos
TRATAMENTO DA NTG semelhantes do que é encontrado na
população geral desde que os exames de
Pacientes com NTG de baixo risco ultrassonografia sejam realizados no primeiro
tem indicação de quimioterapia com agente trimestre da gestação subsequente a fim de
único, quer metotrexate ou actinomicina-D. confirmar o desenvolvimento normal da
Nas pacientes com NTG de alto risco, o gestação. Todo o produto da gravidez deverá
tratamento quimioterápico com múltiplos ser enviado para estudo anátomo-patológico.

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Em relação ao hCG, ele deve ser medido seis estadiamento e fatores de risco prognóstico,
semanas após qualquer tipo de gravidez permitindo assim a cura sistemática dessas
(abortamento, gravidez ectópica, parto) a fim mulheres. Como dito anteriormente, o
de excluir coriocarcinoma gestacional não seguimento pós-molar é essencial para
molar (VARGAS et al, 2014). garantir a adesão à vigilância hormonal de
hCG – melhor parâmetro para o diagnóstico
CONSIDERAÇÕES FINAIS precoce de NTG e seu pronto tratamento.
Essas estratégias diagnósticas e terapêuticas
Nos últimos anos, o diagnóstico e o têm permitido a cura sistemática das
tratamento de pacientes com DTG sofreu mulheres acometidas por esses
grandes mudanças, notadamente pela trofoblastomas, mantendo-se lhes à
disseminação dos CRs, que promovem capacidade reprodutiva, e permitindo novas
tratamento com técnicas adequadas de gestações, seguras e exitosas para essas
esvaziamento uterino, dosagem precisa de mulheres.
hCG e esquema quimioterápico consoante
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GESTATIONAL TROFOBLASTIC DISEASE: HOW TO DIAGNOSE AND TREAT?

ABSTRACT: Gestational trophoblastic disease (GTD) is an obstetrics anomaly characterized by two clinical
entities: benign (hydatidiform mole - HM) and malignant ones (gestational trophoblastic neoplasia - GTN).
Successful treatment of patients with HM depends on early diagnosis, immediate uterine evacuation and
systematic post-molar follow-up with seric dosage of hCG, improving the prognosis of patients, their quality of
life and reproductive outcomes. Regarding the GTN, the difficulties to perform the diagnosis should be
emphasized, as well as the correct planning and early treatment initiation. It is essential this treatment occurs at
the reference centers (RC), where there are teams prepared for the best care and follow-up of these patients. The
focus of this word is to show the diagnostic and therapeutic strategies involved in the treatment of GTD, with the
aim of improving this situation, contributing to the better knowledge on the subject.

KEYWORDS: Gestational trophoblastic disease. Hydatidiform mole. Pregnancy.


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Perfil clínico e histológico da doença trofoblástica gestacional no estado do Piauí


Clinical and histological profile of gestational trophoblastic disease in the state of Piauí
Perfil clínico e histológico de la enfermedad trofoblástica gestacional en el estado de Piauí

Recebido: 13/04/2022 | Revisado: 21/04/2022 | Aceito: 29/04/2022 | Publicado: 01/05/2022

Letícia Marques Wenzel


ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3773-365X
Centro Universitário Unifacid, Brasil
E-mail: leticiamwenzel@gmail.com
José Arimatéa Santos Júnior
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3194-5336
Universidade Federal do Piauí, Brasil
E-mail: drarimateasantosjr@ufpi.edu.br

Resumo
Esse trabalho tem como objetivo traçar o perfil clínico e histológico de gravidez molar em uma maternidade terciária
do estado do Piauí. Trata-se de um estudo observacional do tipo transversal com abordagem quantitativa. Foram
analisados 90 prontuários de gestantes portadoras de DTG entre 14 e 50 anos admitidas em uma maternidade terciária
do Piauí entre janeiro de 2016 e dezembro de 2019. Para seleção dos prontuários foram utilizados critérios de inclusão
e exclusão. Realizou-se o levantamento de variáveis, como idade, paridade, beta HCG, quadro clínico, idade
gestacional, forma de esvaziamento, histopatológico, seguimento, método anticoncepcional e evolução. Os resultados
evidenciaram que apenas 0,6% das mulheres acompanhadas no período do estudo desenvolveu DTG, a faixa etária de
maior expressão foi de 20 a 30 anos. Em relação ao histopatológico, 73% foram diagnosticadas com mola hidatiforme
completa. Em relação a evolução da doença, 73% das pacientes evoluíram para cura, 7% desenvolveram NTG, 6%
estão em andamento e 13% delas não concluíram o seguimento. Portanto, o estudo apresentou grande importância
quanto ao perfil clínico e histológico das mulheres com DTG, já que esses fatores estão intimamente relacionados à
evolução da doença. A quantidade de pacientes que não concluiu o tratamento é baixa, porém não pode ser ignorada,
logo, realizar a busca ativa das pacientes que não concluíram o seguimento é imprescindível. Como limitações deste
estudo, existe a provável perda de seguimento de algumas mulheres, principalmente durante o período da pandemia
do covid-19.
Palavras-chave: Doença trofoblástica gestacional; Mola hidatiforme; Epidemiologia; Ensino.

Abstract
This work aims to trace the clinical and histological profile of molar pregnancy in a tertiary maternity in the state of
Piauí. This is a cross-sectional observational study with a quantitative approach. We analyzed 90 medical records of
pregnant women with GTD between 14 and 50 years old admitted to a tertiary maternity hospital in Piauí between
January 2016 and December 2019. Inclusion and exclusion criteria were used to select the records. A survey of
variables was carried out, such as age, parity, beta HCG, clinical status, gestational age, method of emptying,
histopathology, follow-up, contraceptive method and evolution. The results showed that only 0.6% of the women
followed up during the study period developed GTD, the most expressive age group was between 20 and 30 years old.
Regarding the histopathology, 73% were diagnosed with complete hydatidiform mole. Regarding the evolution of the
disease, 73% of the patients progressed to cure, 7% developed GTN, 6% are in progress and 13% of them did not
complete the follow-up. Therefore, the study was of great importance regarding the clinical and histological profile of
women with GTD, since these factors are closely related to the evolution of the disease. The number of patients who
did not complete the treatment is low, but it cannot be ignored, therefore, carrying out an active search for patients
who did not complete the follow-up is essential. As limitations of this study, there is a probable loss of follow-up of
some women, especially during the period of the covid-19 pandemic.
Keywords: Gestational trophoblastic disease; Hydatidiform mole; Epidemiology; Teaching.

Resumen
Este trabajo tiene como objetivo trazar el perfil clínico e histológico del embarazo molar en una maternidad de tercer
nivel en el estado de Piauí. Se trata de un estudio observacional transversal con enfoque cuantitativo. Se analizaron 90
prontuarios de gestantes con ETG entre 14 y 50 años internadas en una maternidad de tercer nivel en Piauí entre enero
de 2016 y diciembre de 2019. Se utilizaron criterios de inclusión y exclusión para la selección de los prontuarios. Se
realizó un levantamiento de variables como edad, paridad, beta HCG, estado clínico, edad gestacional, método de
vaciado, histopatología, seguimiento, método anticonceptivo y evolución. Los resultados mostraron que solo el 0,6%
de las mujeres seguidas durante el período de estudio desarrollaron ETG, el grupo de edad más expresivo fue el de 20
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a 30 años. En cuanto a la histopatología, el 73% fueron diagnosticados de mola hidatiforme completa. En cuanto a la
evolución de la enfermedad, el 73% de los pacientes progresó a la curación, el 7% desarrolló NTG, el 6% está en
progreso y el 13% de ellos no completó el seguimiento. Por lo tanto, el estudio fue de gran importancia en cuanto al
perfil clínico e histológico de las mujeres con ETG, ya que estos factores están íntimamente relacionados con la
evolución de la enfermedad. El número de pacientes que no completaron el tratamiento es bajo, pero no se puede
ignorar, por lo que es fundamental realizar una búsqueda activa de los pacientes que no completaron el seguimiento.
Como limitaciones de este estudio, existe una probable pérdida de seguimiento de algunas mujeres, especialmente
durante el período de la pandemia de covid-19.
Palabras clave: Enfermedad trofoblástica gestacional; Muelle hidatiforme; Epidemiología; Enseñanza.

1. Introdução
A doença trofoblástica gestacional (DTG) é caracterizada como uma anomalia proliferativa, acometendo as células
que compõem o tecido trofoblástico placentário, citotrofoblasto e sinciciotrofoblasto. Esta patologia apresenta-se em cinco
principais formas distintas, são elas: as formas benignas - mola hidatiforme (completa ou parcial) e as formas malignas - mola
invasora (MI), coriocarcinoma (CC), tumor trofoblásticoepitelioide e tumor trofoblástico de sítio placentário.
Segundo Nadhan et al. (2017), a mola hidatiforme (MH) é a forma mais comum de DTG, alcançando 80% dos casos
relatados. Sua incidência é 1 caso por 1.000 de gravidez na América do Norte e Europa, entretanto, acredita-se que a incidência
da doença seja pelo menos duas a três vezes maior no Brasil (Braga, Lin, et al., 2019; Kohorn, 2014). Algumas regiões do país
não apresentam informações epidemiológicas fidedignas acerca da DTG, uma vez que muitas vezes a doença é subnotificada
(Brown et al., 2017).
A origem dessa patologia, embora seja desconhecida, parece estar associada a fertilização anormal e a gametogênese,
gerando um crescimento desordenado das vilosidades coriais, com variados graus de remissão, invasão e malignização. São
fatores de risco mulheres em idade reprodutiva, história pregressa de mola hidatiforme, estado nutricional da paciente e
aspectos genéticos (Lurain, 2010).
O quadro clínico mais descrito na literatura são queixas de sangramento vaginal de intensidade progressiva,
ocasionalmente associada à eliminação de vesículas com aspecto de “cacho de uva” que pode gerar anemia grave entre a 6ª e
16ª semanas de gestação, além de cistos de teca luteína ovariana maiores que seis centímetros de diâmetro (Bruce & Sorosky,
2017). Ademais, outras queixas comuns envolvem exacerbação dos sintomas de gravidez, como náuseas e vômitos refratários,
útero aumentado de volume e sintomas relacionados com as complicações - tireotoxicose, doença hipertensiva da gravidez,
anemia e hipovolemia (Ferraz et al., 2015; Lurain, 2010).
O diagnóstico é realizado através da anamnese e exame clínico e ginecológico. O diagnóstico laboratorial deve ser
feito através da dosagem quantitativa da fração beta do hormônio gonadotrófico coriônico (hCG), seu nível estará mais elevado
do que o esperado para a idade gestacional de uma gestação habitual (Braga Neto et al., 2016). Além disso, a ultrassonografia
(US) feita na rotina do pré-natal contribui para a detecção precoce da doença, na evolução, na recuperação e no
acompanhamento da doença (Ramos et al., 2021).
Com a suspeita ultrassonográfica ou clínica da MH, o conteúdo da cavidade uterina deve ser esvaziado através de
técnicas eficazes, sendo idealmente realizado a aspiração intrauterina pelo menor risco de perfuração uterina, infecção e
manutenção de restos molares no útero. Após isso, a avaliação histopatológica do material é imprescindível em todos os casos
para confirmação da patologia (Ferraz et al., 2015).
Após o esvaziamento molar, as pacientes evoluem com diminuição progressiva dos valores do hCG e nenhum
tratamento complementar é necessário. Porém, é indispensável um seguimento pós-molar, a fim de que se possa detectar
precocemente pacientes que irão evoluir para neoplasia trofoblástica gestacional (Jagtap, 2017).

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Portanto, com este estudo, pretende-se contribuir com a literatura, fornecendo os dados presentes no objetivo da
pesquisa. Esses dados permitirão ajudar a manter a vigilância, rastreamento e tratamento precoce da DTG, a fim de evitar suas
complicações e sua evolução para formas malignas.
Desta forma, o objetivo principal desta pesquisa é analisar o perfil clínico e histológico de gravidez molar em uma
maternidade terciária do estado do Piauí.

2. Metodologia
O presente estudo obedeceu a resolução no 466/12 e 510/16 do Conselho Nacional em Saúde (CNS) nos seus aspectos
legais e científicos que trata de pesquisa que envolve seres humanos. A probidade e sigilo dos dados pessoais dos participantes
da pesquisa foram preservadas, por meio de códigos para identificação dos prontuários. Desta forma, antes da coleta de dados,
a pesquisa foi submetida à análise do Comitê de Ética em pesquisa do Centro Universitário UniFacid e do Comitê de Ética de
uma maternidade terciária do Piauí e aprovada sob o número de protocolo 49197321.1.0000.5211, através da Plataforma
Brasil. Foi solicitada também a autorização do Termo de Compromisso de Utilização de Dados (TCUD) com propósito de
garantir o sigilo das informações coletadas.
O estudo foi uma pesquisa de caráter observacional do tipo transversal com abordagem quantitativa e retrospectiva
(Pereira et al., 2018). O cenário da pesquisa foi um Hospital Maternidade de referência no Estado do Piauí, onde foram
analisados 90 prontuários de gestantes com idade entre 14 e 50 anos portadoras de doença trofoblástica gestacional.
O critério de inclusão adotado na pesquisa foi o prontuário de pacientes com diagnóstico de gravidez molar admitidas
em uma maternidade terciária do Piauí no período de janeiro de 2016 a dezembro de 2019. Foram excluídos desta pesquisa os
prontuários de pacientes que não houve confirmação da doença por histopatológico e prontuários que possuem informações
incompletas. Levando em consideração os critérios de inclusão e exclusão foram avaliados 85 prontuários.
A coleta de dados foi realizada no período de setembro e outubro de 2021, através dos números de prontuários a partir
do livro de registro de consultas ambulatoriais na maternidade referida, no período determinado do estudo com o diagnóstico
de doença trofoblástica gestacional que em seguida foram devidamente organizados em uma lista.
As referências dos números dos prontuários foram solicitadas ao funcionário do Serviço de Arquivo Médico e
Estatístico (SAME). De posse dos prontuários, realizou-se um levantamento das seguintes variáveis: idade, paridade, beta
HCG pré-esvaziamento, quadro clínico, idade gestacional, forma de esvaziamento, histopatológico, seguimento, método
anticoncepcional e evolução. Estes dados foram dispostos em uma ficha de produção própria.
Os dados foram organizados em planilhas no programa Microsoft Excel 2016 e analisados por meio de estatística
simples com base em frequência absoluta e relativa no programa R Statistics 3.4.4. Os resultados foram apresentados
posteriormente no formato de tabelas.

3. Resultados e Discussão
Os dados foram coletados de 90 prontuários no período de janeiro de 2016 a dezembro de 2019, onde foram
acompanhadas 15.431 gestantes no ambulatório da maternidade terciária. Desse total, apenas 90 apresentaram DTG, onde
foram excluídos cinco prontuários por apresentarem informações incompletas.
Constatou-se, portanto, que apenas 0,6% das mulheres acompanhadas no período do estudo apresentou DTG, essa
informação epidemiológica foi em menor valor comparada ao restante do Brasil. No centro estudado, a incidência geral de
DTG num período de quatro anos foi de 6 casos por 1000 partos. Segundo Braga et al. (2014), Maestá e Braga (2012) e
Nadhan et al. (2017) a forma mais comum de DTG, a mola hidatiforme, apresenta 1 caso por 1000 gestações na América do
Norte e na Europa, porém, o Brasil como país em desenvolvimento, considera-se que a incidência da doença seja no mínimo
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duas a três vezes maior. Dados locais e nacionais oficiais sobre taxas de mortalidade e morbidade de pacientes com DTG não
estão disponíveis.
A Tabela 1 descreve a faixa etária, a paridade e a idade gestacional das participantes do estudo.

Tabela 1. Caracterização de idade, paridade, idade gestacional.


Variáveis N %

Faixa etária
14|---20 25 29%
20|---30 39 46%
31|---40 15 18%
41|---50 06 7%
TOTAL 85 100%
Paridade
Primípara 41 48%
Multípara 44 52%
Total 85 100%

Idade Gestacional
< 8 semanas 04 5%
Entre 8 e 12 semanas 12 14%
>13semanas 09 11%
Sem registro 60 71%
Total 85 100%

Fonte: Autores.

A faixa etária de maior expressão foi a de 20 a 30 anos com 39 (46%) prontuários avaliados. Em segundo lugar, 25
(29%) prontuários foram de pacientes com 14 a 20 anos. Além disso, 52% eram multíparas, contrapondo-se a 48% que eram
primíparas. No estudo realizado por Pinto et al. (2016), 44,8% das pacientes apresentou idade entre 20-29 anos. Na pesquisa
de Cavalcanti et al. (2021) mostrou que 45,8% das pacientes acometidas pela doença tinha entre 15 e 25 anos. Além do
estudo de Almeida et al. (2019) que também evidenciou que a média de idade das mulheres foi de 23,8 anos. É notório que a
idade avançada é um fator de alto risco para DTG, devido à gametogênese anormal e/ou fertilização, porém a literatura ainda
não consegue explicar o porquê desta patologia em mulheres jovens. Isso pode ocorrer devido muitas mulheres estarem
iniciando a vida sexual e reprodutiva de forma antecipada, predispondo a gravidezes mais precocemente.
Em relação ao número de gestações, na presente pesquisa não houve diferença significativa entre estes. Como nos
casos desta pesquisa como na literatura em estudos de Braga et al. (2014) e Oliveira et al. (2020) não há influência da
quantidade de gestações sobre a origem da MH.
Em relação à idade gestacional, observa-se que 60 (71%) prontuários não havia o registro da IG e apenas 16 (19%)
foram diagnosticadas antes de 12 semanas. A possível explicação para a ausência desta informação é que as pacientes
desconheciam a existência de gravidez, muitas vezes não sabendo informar a data da última menstruação para a realização do
cálculo da idade gestacional pelo profissional de saúde. Em 14% dos casos, as pacientes informaram que se encontravam
entre 8ª a 12ª semanas de gestação, dado este que se assemelha com o estudo realizado na Colômbia, em que para mola
completa o diagnóstico foi realizado entre 11,6 e 14,6 semanas de gestação e para mola parcial entre 11,4 e 17,1 semanas de
gestação (Ramirez et al., 2018).
Essa informação é necessária para o diagnóstico, segundo Soto-Wright et al. (1995), ao compararem uma série de
casos de pacientes apresentando DTG entre 1965 e 1975 com pacientes diagnosticadas entre 1988 e 1993, percebeu-se que

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houve a diminuição da idade gestacional média no momento do diagnóstico – de 16,5 para 11,8 semanas – e isso impacta
diretamente nos sinais e sintomas clássicos da doença, que passam a ter sua incidência diminuída.
A Tabela 2 demonstra a avaliação das participantes em relação ao quadro clínico e exames laboratoriais.

Tabela 2. Perfil clínico e dados laboratoriais.


Variáveis N %
Quadro clínico
Assintomática 19 22
Sangramento transvaginal 59 69
Dor em baixo ventre ou lombalgia 18 21
Náuseas ou vômitos 11 13
Dispneia 01 1

Beta HCG pré-esvaziamento


<100000 26 31
100000-200000 18 21
>200000 30 35
Sem registro 11 13
Total 85 100
Fonte: Autores.

Do ponto de vista clínico, estabeleceu-se a frequência de sinais e sintomas como sangramento transvaginal, dor em
baixo ventre ou lombalgia, náuseas ou vômitos, dispneia e até mesmo pacientes assintomáticas. As participantes do estudo
apresentaram um quadro clínico variado, sendo que 69% tiveram sangramento transvaginal. Esse sintoma também esteve
presente em 84,5% dos 83 casos estudados por Taye et al. (2019). Em 22% dos casos, não houveram sintomas. No estudo de
Oliveira et al. (2019), 43,7% das pacientes foram assintomáticas. Mangili et al. (2008) observaram que em boa parte dos
casos, o diagnóstico, em países desenvolvidos, é realizado em mulheres sem sintomas, já em países em desenvolvimento
espera-se uma porcentagem maior de casos sintomáticos.
O emprego rotineiro da ultrassonografia durante a gravidez é realidade e, pelo início antecipado do pré-natal, as
pacientes costumam ser diagnosticadas precocemente e geralmente são assintomáticas nesse momento (Ramos et al., 2021).
As distinções encontradas entre essa presente pesquisa e os estudos citados previamente se devem à diferença entre período
levado pelas pacientes para acessarem os serviços e serem diagnosticadas, isso pode variar de acordo com a região e com a
disponibilidade de atendimento em cada centro.
Cabe ressaltar que houve apenas um caso de dispneia, sintoma este relacionado a quadros mais urgentes e graves,
principalmente durante ou após o esvaziamento da mola. Para Garner et al. (2007), esta situação tornou-se cada vez mais rara,
porém continua sendo de alta relevância, uma vez que possui alta mortalidade quando se manifesta.
O marcador biológico gonadotrofina coriônica humana (beta hCG) aparece em pacientes que evoluem com MH.
Esse marcador positivo relacionado ao aumento de volume uterino produz muitos diagnósticos de gravidez equivocados, pois
na verdade o que evolui é um tumor benigno (Mattos et al., 2020). Para Ngan et al. (2015), a associação entre os níveis
séricos da beta-hCG – principalmente quando superiores a 100.000 mUI/mL – e o risco de MH já está bem estabelecida. O
resultado do beta-hCG pré esvaziamento mais mencionado foi o acima de 200.000 em 35% dos casos, valores entre 100.000 e
200.000 observou-se em 21% dos casos, revelando que mais da metade dos casos obteve valores extremamente altos,
colaborando com o diagnóstico da doença. Na pesquisa de Jagtap (2017) evidenciou que todas as pacientes com níveis de
beta-hCG superior a 100.000 mUI/mL tinham suspeita ultrassonográfica da patologia. A diferença de valores encontrados
entre os estudos possivelmente ocorreu devido a dosagem precoce do beta-hCG que gerou em 31% dos casos valores

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menores que 100.000 mUI/ml, além disso em 13% dos casos a dosagem do beta-hCG não estava disponível, o que dificultou
a análise precisa da variável.
O exame ultrassonográfico é um importante método para o diagnóstico, porém, na presente pesquisa encontrou-se
dificuldade para localizar dados relevantes sobre esses exames nos prontuários das pacientes estudadas. Portanto, não foi
possível caracterizar os achados de imagem mais frequentes nesta população.
A Tabela 3 demonstra os métodos de esvaziamento, histopatológico, controle pós-esvaziamento, métodos
anticoncepcionais e evolução dos casos.

Tabela 3. Distribuição de frequência de métodos utilizados no tratamento, histopatológico, controle pós-esvaziamento,


métodos anticoncepcionais e evolução.
Variáveis Nº %
Forma de esvaziamento
AMIU 05 6
Curetagem 49 58
Misoprostol 03 4
Misoprostol + curetagem 28 33
Total 85 100

Histopatológico
Mola hidatiforme parcial 20 24
Mola hidatiforme completa 62 73
Coriocarcinoma 02 2
Mola invasora 01 1
TTSP 00 0
TTE 00 0
Total 85 100

Controle pós-esvaziamento
Sim 83 98
Não 02 2
Total 85 100

Método anticoncepcional
Anticoncepcional oral 63 76
Anticoncepcional IM 07 8
Nenhum 13 16
Total 83 100

Evolução
Cura 61 73
NTG 06 7
Em andamento 05 6
Não concluído 11 13
Total 83 100

Fonte: Autores.

Em relação ao histopatológico, o tipo clínico mais comum foi MHC (73%) e MHP em menor proporção (24%).
Estes resultados se aproximam de um estudo realizado no Centro de Referência da Região Sudeste do Brasil, onde 75% eram
de MHT e 25% eram de MHP (Desmarais, 2013). Em 2% dos casos houve evolução para CC e 1% evoluiu com MI. No
estudo realizado por Pinto et al. (2016), foi encontrado 4,6% dos 289 casos de CC e 4,3% dos casos de mola invasora,
observando, portanto, que há uma semelhança quanto às proporções dos tipos histológicos.

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Após a identificação da DTG, a paciente deve ser encaminhada ao centro cirúrgico do centro de referência (CR) para
o esvaziamento da mola. Para 58% dos casos foi utilizado a curetagem, logo em seguida vem o uso da combinação de
misoprostol e curetagem em 31% dos casos. Apenas em 6% dos casos foi utilizado a aspiração manual intrauterina (AMIU).
No Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu-UNESP foi observado o uso de vácuo-aspiração uterina em
71% dos 280 casos de DTG (Desmarais, 2013). No estudo realizado por Matos et al. (2021) em 51,9% foi realizado
curetagens e 30,4% dos casos AMIU. Para Ferraz et al. (2015) e Mulisya et al. (2018), o procedimento recomendado é a
vácuo-aspiração, sendo que a curetagem deve ser evitada no início devido ao risco elevado de perfuração pela parede uterina
se encontrar mais delgada e a víscera amolecida. Outrossim, em molas volumosas, o tempo para se efetuar uma curetagem
pode se estender, elevando, assim, a perda sanguínea, além de necessitar de mais medicações anestésicas.
Em 4% dos 85 casos, foi observado a indução do abortamento molar. Esse procedimento aumenta a
morbimortalidade materna, ocasionando maior perda de sangue e esvaziamento incompleto que requer uso de outro método
de esvaziamento como a curetagem, além de aumentar as chances do risco de disseminação trofoblástica (Braga et al., 2018).
A AMIU é a técnica mais difundida no Brasil, de baixo custo, efetiva e segura. É utilizada em pacientes que desejam
manter a fertilidade (Lurain, 2010). Apenas em 6% dos casos desse estudo foram utilizados esse método. A predominância da
curetagem em relação a AMIU neste CR ocorre provavelmente devido à indicação mais adequada para cada paciente e à
disponibilidade do procedimento naquele momento. De acordo com Andrade (2009), o material adquirido pela curetagem
contém menor índice de autólise e necrose, sendo mais apropriado para histopatologia.
É importante salientar que 71% dos casos não houve registro da idade gestacional, sendo a AMIU contraindicada em
gestações acima de doze semanas (Berek, 2020).
Após o tratamento, a paciente deve realizar o seguimento pós-molar. A grande dificuldade é assegurar a adesão à
vigilância hormonal do beta-hCG. Para Braga et al. (2014) e Ferraz et al. (2015) isso, em nosso país com grande extensão
territorial e centralização no atendimento de alta complexidade, além da própria limitação socioeconômica, desconhecimento
acerca da patologia e tempo prolongado de seguimento, é possível ocorrer, sendo extremamente importante uma boa relação
médico-paciente a fim de que ela possa compreender a relevância de dosar periodicamente o beta-hCG. Foi observado nessa
pesquisa que 98% das pacientes realizaram o acompanhamento pós-molar. Entretanto, 13% das pacientes não concluiu a
vigilância hormonal do beta-hCG. No estudo de Feitosa et al. (2020), realizado no mesmo CR do presente estudo, foi
observado que apenas 2,6% de 174 casos realizaram mais de 20 consultas e cerca de 40,9% das pacientes desistiram do
seguimento, um número elevado, levando em consideração que 15 a 20% podem desenvolver a forma maligna da patologia
(Biscaro et al., 2015; Braga, Mora, et al., 2019).
Em um estudo de Mendonça et al. (2016) avaliando a adesão ao seguimento ambulatorial de pacientes com DTG, foi
notado que 49,1% dos casos completaram o tratamento de forma adequada, enquanto 14,5% abandonaram o tratamento antes
de ter alta e 36,6% sequer compareceram a qualquer consulta, portanto apresentando um baixo índice de adesão ao
seguimento ambulatorial. No presente estudo, apenas 2% não compareceram a qualquer consulta, 73% completaram o
tratamento de forma adequada e 6% estão em acompanhamento a fim de alcançar os critérios de cura. Foi observado no
estudo de Braga et al. (2016) que os centros de referência brasileiros de DTG não estão organizados de maneira uniforme,
mas, atualmente, devido uma coordenação específica, a comunicação e colaboração entre os CR estão avançando
significativamente no atendimento às pacientes e nas pesquisas sobre o manejo da DTG e suas complicações. Nele, foi
evidenciado que a taxa de pacientes perdidos no seguimento antes da remissão do HCG foi de 9%.
Em relação às pacientes que evoluíram para forma maligna da doença, têm-se que 7% das mulheres estão nesse
grupo. No estudo retrospectivo realizado por Capobianco et al. (2021) em um período de 20 anos com 54 pacientes de DTG
evidenciou que 14,81% dos casos evoluíram com NTG, sendo que 37,5% mostrou padrão histológico de coriocarcinoma. Já

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no estudo realizado por Matos et al. (2021) constatou que 12,8% tiveram evolução do diagnóstico para malignidade. Esses
dados divergem em relação à presente pesquisa, porém, em 19% dos casos não foi possível avaliar a evolução, dificultando a
comparação e correlação dos dados. Desse modo, a NTG, a despeito da sua alta taxa proliferativa, expressa índices elevados
de cura mesmo na presença de doença disseminada. Porém, é recomendado realizar vigilância ativa das pacientes com
dosagens de HCG periódicas, com o intuito de se evitar o atraso diagnóstico e aumento da morbidade (Ferraz et al., 2015).
O escopo mais importante do seguimento pós-molar é identificar de forma antecipada os casos com persistência da
doença. As recomendações atuais preveem a dosagem semanal ou quinzenal de hCG até que haja três dosagens consecutivas
negativas (Febrasgo, 2019). O valor, em geral, para que seja considerado negativo é inferior a 5 mUI/mL. Após isso, as
dosagens podem ser mensais por 6 a 12 meses, variando em cada caso. Inicia-se a contracepção sucessivamente após o
esvaziamento uterino e mantem-se durante todo o seguimento (Braga et al., 2019). Nesse estudo, observa-se que ao somar o
uso de anticoncepcional via oral e injetável totaliza-se 84% das pacientes que utilizam algum método para evitar a gravidez,
um número elevado, mas que preocupa, uma vez que 16% dos casos não utilizam método contraceptivo. Isso é alarmante
porque não há nenhum teste especifico para o seguimento da DTG, a medição do hCG é conhecida para auxiliar no
diagnóstico de gravidez, portanto, durante o seguimento se a paciente não estiver utilizando nenhum método contraceptivo e
o hCG estiver elevado, o teste não permitirá diferenciar o hCG placentário do hCG de origem tumoral (Braga et al., 2014).
Dessa forma, embora a DTG seja uma patologia rara, é importante que os profissionais de saúde reconheçam e
desconfiem do diagnóstico de mola, pois se não diagnosticada e tratada precocemente, pode levar a complicações clínicas
como, pré-eclâmpsia precoce, hipertireodismo, anemia, hiperêmese gravídica e síndrome do desconforto respiratório, sendo
que complicações clínicas graves ocorrem em 25% das pacientes com gravidez molar avançada (Rezende & Montenegro,
2018).

4. Conclusão
Conclui-se que apenas 0,6% das mulheres assistidas no período da pesquisa desenvolveu DTG, com idade de maior
expressão por volta de 20 a 30 anos, a maioria era multíparas. A manifestação clínica mais pertinente é o sangramento
transvaginal. A mola hidatiforme completa foi o dado histopatológico mais encontrado no diagnóstico.
A quantidade de mulheres que não concluiu o seguimento é baixa, porém, não pode ser ignorado, uma vez que o
prognóstico dessas pacientes fica incerto. Portanto, é imprescindível realizar a busca ativa dessas pacientes.
O estudo apresentou grande importância quanto ao perfil clínico e histológico das mulheres com DTG, já que esses
fatores estão intimamente relacionados à evolução da doença. O seguimento pós-molar é de extrema relevância para garantir a
adesão à vigilância hormonal da HCG e para a melhorar a qualidade de vida das pacientes e de seu futuro reprodutivo. A
atualização dos métodos diagnósticos e terapêuticos envolvidos são sempre ferramentas úteis e contribuem para maior
entendimento do assunto, para, assim, conseguirem melhorar o tempo relacionado ao diagnóstico e ao tratamento, reduzindo a
incidência de manifestações clínicas exuberantes e das eventuais complicações.
Como limitações deste estudo, existe a provável perda de seguimento de algumas mulheres, principalmente durante
o período da pandemia do covid-19. Para trabalhos futuros, recomenda-se a avaliação de um maior número de pacientes e,
além disso, a identificação de uma relação entre clínica e radiologia em pacientes com DTG.

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