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MOLA HIDATIFORME
A mola hidatiforme pode ser dividida em completa ou parcial. Não sabemos ao certo o grande
agente causador do quadro, entretanto sabe-se que há mais casos em países asiáticos e na América
Latina e há evidências de dois fatores de risco: idade materna (especialmente nos extremos da vida
reprodutiva) e antecedente gestacional de mola hidatiforme.
MOLA COMPLETA
Um óvulo “vazio” (sem carga genética) é fecundado por um espermatozoide 23X. Ainda não se
sabe exatamente porque tal óvulo encontra-se desta maneira. Por inexistir a carga genética materna,
o genoma paterno é duplicado, originando uma célula 46XX. A maioria dos casos ocorrem dessa
maneira, entretanto pode haver a formação de uma célula 46XY originada pela fecundação de um
óvulo “vazio” por dois espermatozoides (cerca de 10 a 15% dos casos).
Essa célula não desenvolve um embrião, suas membranas ou seu cordão umbilical.
Macroscopicamente, vê-se uma estrutura de formato de cacho de uva, enquanto histologicamente
identificamos uma hiperplasia difusa do citotrofoblasto e do sinciciotrofoblasto e ausência de vasos
ou hemácias fetais na vilosidade coriônica.
MOLA PARCIAL
No caso da Mola Parcial, em 90% dos casos um óvulo normal é fecundado por dois
espermatozoides, resultando numa célula triploide 69XXX ou 69XXY (10% dos casos são células
tetraploides).
Nessa célula será possível identificar um embrião ou feto com inúmeras malformações associadas a
placenta aumentada com presença de vesículas. Histologicamente, a inclusão de trofoblasto dentro
do estroma é muito sugestivo de Mola Parcial.
A Mola Parcial apresenta evolução mais benigna que a Completa. 5% dos casos progridem para
formas malignas da Doença Trofoblástica gestacional.
Com o avanço das técnicas diagnósticas e o acesso relativamente fácil ao exame ultrassonográfico,
é cada vez mais raro diagnosticarmos numa gestante o quadro de mola hidatiforme por meio de seus
sinais e sintomas.
O sinal mais encontrado é o sangramento vaginal, associado ou não ao atraso menstrual. Apresenta-
se com coloração escura e inclui a eliminação espontânea de vesículas, um indício patognomônico
dessa enfermidade.
Os altos níveis de gonadotrofina coriônica humana (hCG), presentes em razão do excesso de
torfoblastos, o produtor desta glicoproteína, induzem outros sintomas como vômitos frequentes (até
mesmo hiperemese gravídica), presença de cistos ovarianos (tecaluteínicos) e sinais de
hipertireoidismo como taquicardia, extremidades quentes, pele úmida e exoftalmia (ocorre
estimulação cruzada entre receptores do TSH e da cadeia alfa do hCG.
A dor abdominal estará presente em razão da proliferação do conteúdo molar. Além disso, há casos
descritos de DHEG (Doença Hipertensiva Específica da Gestação) associada.
TRATAMENTO
Após a estabilização clínica da paciente (necessária, conforme vimos os diversos sintomas que
podem se apresentar), empreende-se o esvaziamento da cavidade uterina por meio da Aspiração à
Vácuo. Interessante salientar que o tamanho do útero pode determinar outras maneiras de se realizar
a aspiração: úteros menores requerem uma aspiração manual enquanto em úteros maiores se realiza
a aspiração elétrica.
Para se realizar a aspiração é necessário provocar uma dilatação cuidadosa do colo uterino. Após,
administra-se 10UI de ocitocina diluídas em 500ml de soro fisiológico, para provocar contrações
uterinas e diminuir possíveis sangramentos (diminuindo, também, risco de perfurações). Em alguns
casos, a aspiração poderá ser finalizada por curetagem.
Após esse procedimento, alguns pacientes podem apresentar sinais e sintomas da Síndrome do
Desconforto Respiratório. Nesses casos, suporte ventilatório e cardiovascular serão implementados.
Para mulheres com prole constituída, devemos considerar a Histerectomia. Esse procedimento
reduz consideravelmente o risco de malignização. Não há indicação de se mexer nos anexos.
Pacientes com mola hidatiforme completa ou parcial devem ser submetidas a dosagem seriada de
beta-hCG e avaliação clínica. A dosagem laboratorial deverá ser feita de 15 em 15 dias até que os
níveis se tornem indetectáveis (< 5mUI/mL) – de maneira geral, o prazo para a negativação é entre
8 e 10 semanas do esvaziamento molar. Após a negativação, espera-se retornos mensais ao médico
durante um semestre.
Outro fator importante é que durante o acompanhamento pós-molar a paciente deverá realizar
anticoncepção, dando-se preferência aos anticoncepcionais hormonais orais. O uso de DIU não deve
ser recomendado, pois há um aumento do risco de perfuração uterina, hemorragia e infecção.
É observada uma relação entre a gestação gemelar e a presença de gestação molar, completa ou
parcial. Em 60% dos casos a gestação evolui para abortamento ou óbito fetal enquanto 40% terão
desfecho perinatal favorável.
MOLA INVASORA
É a forma mais comum de neoplasia trofoblástica gestacional. A mola invasora representa uma
sequela da mola hidatiforme e caracteriza-se por apresentar vilosidades molares invadindo o
miométrio, podendo provocar perfuração uterina, hemorragia e infecção. Raramente poderá emitir
metástase (pulmões e estruturas pélvicas). O tratamento de escolha é a quimioterapia. Se perfuração
uterina, opta-se pelo tratamento cirúrgico, preferencialmente a histerectomia ou ressecção tumoral
com preservação uterina (se paciente não tiver prole constituída ou tumor pequeno).
CORIOCARCINOMA GESTACIONAL
Formas raras de neoplasia trofoblástica gestacional com várias semelhanças entre si. Ambos ficam
mais restritos ao útero, sendo poucos sensíveis à quimioterapia e com boa resposta ao tratamento
cirúrgico (preferencialmente, histerectomia). Ambos também contam com baixa produção de hCG.
As principais diferenças deles estão em suas características histológicas.
DIAGNÓSTICO
TRATAMENTO – QUIMIOTERAPIA
Na maioria dos casos, apresentam um índice de cura elevado. Após a negativação da hCG, deve-se
realizar pelo menos dois ciclos de quimioterapia de consolidação (três ciclos, se neoplasia
trofoblástica gestacional de alto risco).
TRATAMENTO – CIRÚRGICO
De maneira geral, a histerectomia está indicada na presença de hemorragia uterina grave, perfuração
uterina, tumor trofoblástico epiteloide, tumor trofoblástico de sítio placentário, doença localizada
resistente à quimioterapia e redução da carga tumoral em paciente com prole constituída,
diminuindo o número de ciclos da quimioterapia.
Após negativação da hCG, as pacientes devem fazer o acompanhamento da dosagem sérica deste
hormônio a cada 2 semanas, por 3 meses. Após, dosar mensalmente até que se complete 1 ano de
acompanhamento. O risco de recidiva após 1 ano é de menos de 1%.
GESTAÇÃO APÓS DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL
Após doença trofoblástica gestacional, recomenda-se a anticoncepção por 1 a 2 anos nas pacientes
de baixo risco e 5 anos em pacientes mais graves.
O risco de repetição de uma gestação molar em uma futura gravidez é de 1 a 2%, por isso é
importante que seja realizada uma ultrassonografia precoce para confirmar que a gestação
subsequente é normal.
Após o término de qualquer gestação após doença trofoblástica gestacional deve ser confirmada a
normalização do hCG após 4 a 6 semanas.