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Trombofilias na

gravidez

Mitos e verdades sobre


Trombofilias.
PROGRAMA GESTAÇÃO SEGURA
Trombofilias na gravidez
O QUE É A TROMBOFILIA? Genéticas:
A trombofilia é uma alteração no sistema de • Deficiência de proteína C e da proteína S
coagulação que ocasiona maior propensão a • Mutação Fator V de Leiden
desenvolver coágulos ou trombos. Ocorre por • Mutação do gene da protrombina
mutações ou deficiências na produção dos fatores • Deficiência da Antitrombina III
de coagulação e pode ser hereditária ou adquirida. • Hiperhomocisteinemia

E O QUE A TROMBOFILIA CAUSA NA GESTAÇÃO? Adquiridas:

Durante a gravidez ocorre naturalmente um • Síndrome do anticorpo antifosfolípide


estado de “hipercoagulabilidade” do sangue (SAAF)
materno para auxiliar no controle da hemorragia
E A MUTAÇÃO DO “MTHFR”, DO QUE SE TRATA?
pós parto. É por isso que muitas mulheres
portadoras de trombofilia descobrem a doença A mutação deste gene é muito comum na
após alguma complicação na gestação. Nesse população, mas a mutação em si NÃO AUMENTA
período, há uma maior chance de produzir O RISCO DE TROMBOSE OU COMPLICAÇÃO NA
trombos que são capazes de obstruir vasos da GRAVIDEZ, tanto que estudos e pesquisas mais
placenta, podendo ocasionar complicações como: recentes nem recomendam a coleta deste exame.
abortos de repetição, óbito fetal, insuficiência
placentária, eclâmpsia precoce, entre outros. O que deve ser solicitado é a dosagem de
Agora vale lembrar que não são todas as pacientes HOMOCISTEÍNA, que é uma proteína que está
com trombofilia que irão desenvolver relacionada a FUNÇÃO DO GENE MTHFR. Quando
complicações na gestação, isso ocorre em apenas há alguma disfunção deste gene, os níveis de
0,5 a 4% dos casos. homocisteína no sangue aumentam
(HIPERHOMOCISTEINEMIA), ocasionando maior
Quando pensamos em trombofilia? risco de trombose e complicações!

Sempre que uma paciente chegar para uma Ou seja, o simples fato de ser portador da mutação
consulta com mal passado obstétrico, temos que não significa que a gestante está correndo algum
pensar em trombofilia. Aquelas com antecedentes risco.
familiares ou história de trombose com uso de
anticoncepcional também devem ser pesquisadas. Quando há apenas a mutação sem elevação da
homocisteína, NÃO há necessidade de uso de
EXISTE TRATAMENTO? anticoagulantes pois os riscos são maiores que os
benefícios. Lembrando que os anticoagulantes
Feito o diagnóstico (através de uma complexa
podem aumentar o risco de sangramento vaginal e
investigação laboratorial), o tratamento deverá ser
complicações durante a gestação e hemorragia no
iniciado para prevenir as complicações.
parto, por isso que precisam ser bem indicados!
Medicações como o AAS (ácido acetilsalicílico) e
anticoagulantes podem ser utilizados para evitar a Todas as trombofilias tem o mesmo risco?
formação de trombos.
Não, algumas trombofilias têm maior
QUAIS SÃO AS TROMBOFILIAS? probabilidade de causar complicações do que
outras.
As trombofilias podem ser divididas genéticas
(hereditárias) ou adquiridas. São consideradas de alto risco: mutação do Fator V
de Leiden ou mutação da Protrombina em
Trombofilias na gravidez
HOMOZIGOSE, Deficiência de Antitrombina III ou nascer de cesárea, pode-se agendar a indução do
associação de mais de uma trombofilia. trabalho de parto para tentar o parto normal.

Já as Deficiências de Proteína C ou Proteína S, O anticoagulante deve ser utilizado após o parto


Mutação do Fator V de Leiden ou Mutação da também?
Protrombina em HETEROZIGOSE são consideradas
de baixo risco e os anticoagulantes são indicados Nas trombofilias de alto risco o tratamento deverá
APENAS EM ALGUNS CASOS. ser mantido inclusive no período pós parto (42
dias) para prevenir a trombose materna. Os demais
O que é a Síndrome dos Anticorpos casos serão avaliados individualmente para decidir
Antifosfolípide? se há necessidade de manter a anticoagulação
durante este período.
É uma trombofilia causada por alterações em
anticorpos que aumentam a capacidade de Referências bibliográficas
coagulação do sangue, podendo levar a tromboses
Zugaib, Marcelo; Bittar, Roberto Eduardo; Francisco, Rossana
venosas, perdas fetais recorrentes (aborto de Pulcineli V. Protocolos Assistenciais da Clínica Obstétrica da
repetição), restrição de crescimento fetal e Faculdade de Medicina da USP. 5ª edição. São Paulo:
Atheneu, 2015; 65p.
insuficiência placentária. Bates SM et al. VTE, thrombophilia, antithrombotic therapy,
and pregnancy. Antithrombotic therapy and prevention of
O diagnóstico de SAAF é um pouco mais thrombosis. American College of Chest Physicians Evidence-
complicado e envolve critérios clínicos, obstétricos Based Clinical Practice Guidelines (9th edition). Chest 201;
141, e691S-e736S.
e exames laboratoriais específicos que precisam
ser colhidos duas ou mais vezes, com intervalo
mínimo de 12 semanas e de preferência fora da
gravidez!

Qual a diferença da SAAF em relação às outras


trombofilias?

O risco de trombose venosa (mais comum nos


membros inferiores) é maior e as gestantes devem
usar meias elásticas durante toda gestação, parto
e pós parto.

É necessário utilizar 100mg de AAS todos os dias


assim que a gravidez for descoberta e, ao iniciar o
pré-natal, a anticoagulação profilática deve ser
prescrita o quanto antes.

E como será o meu parto?

Quem tem trombofilia não precisa fazer parto


cesárea, mas muitas vezes o parto acaba sendo
programado antes da gestante entrar em trabalho
de parto. Dependendo da evolução da gravidez,
sintomas da mãe e crescimento e evolução do
bebê, o parto pode ser programado entre 38 e 40
semanas de gravidez! Agendar o parto não significa

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