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EXTENSIVO
VESTIBULARES
Exasiu 2024
Aula 00 – Conceitos Fundamentais
Exasi
O que é Literatura. História da Literatura. Os dois eixos
temáticos: forma e conteúdo. A intertextualidade. Movimentos
Literários. Gêneros literários: poesia, prosa e teatro.
Interpretação de obras artísticas.
u
Prof. Luana Signorelli
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 5
Metodologia 5
1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS 9
1.2. O CONTEXTO 11
1.6. INTERTEXTUALIDADE 19
3. GÊNEROS LITERÁRIOS 29
3.1. POESIA 32
3.1.1 Características da poesia 32
3.2. PROSA 42
3.2.1 CARACTERÍSTICAS DA PROSA 44
3.3. TEATRO 46
3.2.1 CARACTERÍSTICAS DO TEATRO 47
5. INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 53
7. CRÍTICA LITERÁRIA 57
8.1GABARITO 96
APRESENTAÇÃO
Hoje iniciamos nosso Curso Extensivo de Literatura para ENEM 2023. Logo abaixo,
encontra-se a nossa metodologia e também como será organizado nosso plano de aulas.
METODOLOGIA
LITERATURA
Estudo de
Estudo da Fornecimento de
movimentos Formação de
historiografia instrumentos
artísticos: repertório e
literária e dos críticos-teóricos e
Linguagens e bagagem cultural
movimentos de interpretação
Códigos
Dessa maneira, vocês poderão contar com informações completas e apoio especializado
rumo ao que vocês precisam. E o melhor de tudo – em um único local não físico, o que lhes
permite flexibilidade nos estudos. Deixem o conteúdo por nossa conta e concentrem-se no que
realmente é importante para vocês. Acreditem no nosso material a partir de nossas escolhas
didáticas e metodológicas:
Resolução de
Seção da aula Seção da aula
muitas questões
dedicada à dedicada à
de diversos
Gramática e compreensão de APROVAÇÃO!
níveis, para
Interpretação de textos de crítica
sedimentar o
Texto literária
conhecimento
• O curso de Literatura será ministrado por mim. Os cursos de obras literárias, quando
for lançados, será dividido entre a Equipe de Português. Meus colegas de equipe são:
Professora Celina Gil e Professor Wagner Santos (Gramática e Interpretação de
Texto); Professor Fernando Andrade (Redação e Filosofia); Professora Bete Ana
(Literatura e Obras Literárias) e Professora Marina Ferreira (Gramática; Interpretação
de Texto e Obras Literárias).
• As informações que precisarmos passar para vocês será feita via plataforma digital,
principalmente mediante a ferramenta de notificação. Para além disso, para problemas
técnicos de TI ou burocráticos, por exemplo, vocês também podem entrar em contato
com o seguinte endereço de e-mail: vemsercoruja@estrategiavestibulares.com.br.
1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS
Para se preparar para Literatura, é importante que você entenda a lógica dessa área do
conhecimento, pois isso pode ajudá-lo a prever o que será pedido na sua prova. Nesse primeiro
momento, vamos discutir o sentido de Literatura, entendendo que ela compreende um caminho
em direção à humanização.
A Literatura é uma Ciência Humana produzida por seres humanos e para seres humanos.
Isto quer dizer que seres humanos são tanto o sujeito produtor desse tipo de arte em
particular quanto o seu público-alvo receptor. Muito possivelmente, a banca da sua prova,
ao cobrar Literatura, pretende orientar os seus estudos rumo a uma capacidade crítica de
raciocínio menos técnica e mais autônoma, subjetiva, sensível, refinada.
A partir da interpretação dessas obras, é possível perceber a forma de viver desses nossos
ancestrais e manter vivo o canal de compreensão com aquilo que nos formou.
Até o Renascimento, arte e religião caminharão lado a lado. Naquele momento, o campo
artístico começa a se tornar independente. Contudo, a compreensão e o sentido da arte só será
mais bem avaliado no Iluminismo.
O valor que damos a esse campo do mundo humano foi forjado dentro daquele movimento
filosófico. Os Iluministas perceberam que o desenvolvimento da racionalidade científica
deixava cada vez menos espaço para a religião. E qual era o problema disso? Ora, a religião
sempre foi um guia ético e existencial importante para os homens.
1.2. O CONTEXTO
Se um texto literário depende do tempo em que foi produzido, podem cair questões sobre
as condições de sociabilidade que existiam na época e as ideias que serviram de contexto na
produção da obra literária. Vejam, não cabe discutir se essas ideias são verdadeiras ou falsas;
ou se os sentimentos são próprios ou impróprios. Antes procurem perceber quais polêmicas são
representadas (ou reapresentadas) ao leitor. Sua capacidade interpretativa será posta à
prova!
A NOÇÃO DE CONTEXTO
Primeiramente, vamos conceituar o que é o texto. Devemos pensar no texto sempre como
uma costura, um todo coeso e costurado. Se tem uma palavra que paira sobre “texto” é “têxtil”,
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS
material tecido, qualidade daquilo que é testado com os dedos. E também “tecido”: é tudo aquilo
que envolve essa habilidade técnica.
Já o contexto significa abordar o texto na sua totalidade. Trata-se de um conjunto de
circunstâncias ou fatos inter-relacionados que contribuem para o sentido global do texto e
também o encadeamento das ideias do discurso.
Identificar um contexto é a tentativa de perceber que um texto busca produzir significados
e ele compõe uma unidade de sentido. A ele estão incorporados certos elementos que dão
pistas de como interpretá-lo.
APREENDER DEPREENDER
Contexto
Fonte: Pixabay
a maioria das pessoas, essa matéria é sinônimo de amor, tristeza ou
mesmo angústia.
Além disso, o estudo sistemático das obras de um autor passa
pelo levantamento dos sentimentos e dos valores morais que animam
os personagens ou a poesia. É comum ler que, em Carlos Drummond
de Andrade, percebe-se o desencanto e a angústia; que, em Álvares de
Azevedo, sobressai o erotismo; que, em Memórias Póstumas de Brás Cubas, destaca-se o
cinismo. Estes serão autores e obras que estudaremos no momento devido. Muitas vezes, essa
análise do sentimento se mistura à questão da ética comportamental. De qualquer forma, essa
é uma tipologia de questão que pode ser esperada.
Pode ser que a banca cobre questões sobre figuras de linguagem. Esse tipo de questão
de estilística pura está mais para Interpretação de Texto do que para Literatura. Contudo, é
possível que o idealizador da questão peça para que você reconheça um movimento literário por
algum traço de estilo ou por algum recurso expressivo mais utilizado. Por exemplo, no Barroco,
a antítese pode ser um elemento que justifique o reconhecimento do texto como pertencente
àquele movimento, por causa de sua visão de mundo dualista.
Figuras de
Linguagem
Prezados alunos, essa seção se dedica a fazer uma breve historiografia literária no que
tange ao uso de figuras de linguagem. Não se preocupem, pois retomaremos estes assuntos ao
longo do curso.
Quinhentismo
• Carta de Pero Vaz de Caminha: hipérbato, metáfora,
comparação, ironia.
Barroco
• Dualidades: antíteses e paradoxos -> chiaroscuro
• Rebuscamento formal: hipérbato, hipérbole
Arcadismo
• Assunção de uma identidade ficcional -> metáfora. Não é
um movimento conhecido pelo excesso de figuras.
Romantismo
• Indianismo, heroísmo e idealismo: hipérbole; metáfora;
comparação
• Arrebatamento; êxtase: hipérbole
Realismo
• Denúncia de comportamentos sociais da burguesia: ironia
Naturalismo
• Patologias, grotesco: hipérbole
• Homem como ser biológico e sensorial: sinestesia
Simbolismo
• Subjetivismo, antimaterialismo, sonho, loucura, mulher
• Figuras de linguagem de som: aliterações e assonâncias
Parnasianismo
• Objetividade, materialismo, vasos, descrição, cientificismo
• Mitologia: metáfora
Modernismo
• Primeira geração: vanguardista; segunda: social; terceira:
técnica
• Ironia, metáfora
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS
Estamos discutindo agora estes dois eixos: tema e estrutura, que aparecem nas provas
com nomenclatura variada. Seguem alguns termos utilizados: “ideia” e “estilo”; “conteúdo” e
“forma”; “tese” e “recursos linguísticos”. Sempre que o examinador inquirir sobre o que o
escritor diz, suas ideias, teses etc., ele estará exigindo que vocês demonstrem compreensão
sobre o tema.
Quanto à estrutura, as questões podem variar de acordo com o gênero literário em
questão. Na poesia, estrutura se refere à estrofação, a sílabas poéticas, à ausência ou
presença de rima etc. Na prosa (romance, conto, crônica, sermão), a estrutura está associada
ao tipo de frase, à forma da paragrafação, à escolha de palavras, à linearidade do enredo etc.
Além desses fundamentos, a forma inclui ainda os elementos estilísticos (figuras de
linguagem).
FORMA CONTEÚDO
Do latim, forma pode significar Do latim, contenutus é tomado na
molde, imagem, figura. Equacionada acepção de essência, matéria, fundo,
sempre em relação ao vocábulo mensagem, doutrina, assunto, pensamento,
“conteúdo”, toma-se a acepção geral de ideologia. O vocábulo conteúdo encerra um
gênero ou espécie, ou se materializa sentido que, ambíguo por natureza, somente
linguisticamente, por exemplo, no fato se caracteriza em função da forma: a rigor,
literário, como é o caso da poesia, que é os dois termos implicam-se mutuamente, de
organizada entre versos, estrofes, ritmo modo que delimitar o significado de um
etc.; ou então a montagem de capítulos em pressupõe considerar o do outro.
um romance. Alguns teóricos defendem a Tendem a se confundir
supremacia da forma em detrimento do inextricavelmente, como uma unidade
conteúdo, e chega a falar em “forma de indissolúvel, o que alguns consideram como
apresentação” ou “técnica”. estrutura. Porém, estudá-los juntos ou
Historicamente, desde Pitágoras, separadamente depende do período e da
“forma” apresenta significados diferentes, escola, por exemplo, os formalistas russos
inclusive no terreno das artes: estrutura, preconizam o binômio forma-conteúdo e os
aparência, ideal, arranjo, organização, parnasianos pré-modernistas defendem a
arranjo harmonioso, modo de expressão forma pela forma.
FONTE: MOISÉS, 2013, P. 194; 87.
Muitas vezes, em um texto, o importante não é o que é dito, mas sim como se diz.
CANÇÃO DO TAMOIO
I
Domínio
Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
Público.
A vida é combate,
Fonte:
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar (GONÇALVES DIAS).
Percebemos que este não é um texto convencional, escrito em forma de parágrafos, com
os quais estamos acostumados. O primeiro aspecto que chama atenção no texto é a sua
organização estrutural, em forma de linhas a que denominamos versos. Esse é um tipo de texto
chamado de poesia, constituindo um gênero textual à parte.
O que interessa para nós primeiramente é a maneira como esse texto é construído. Vários
fatores são importantes nesse texto: o som, pois há rimas (terminações iguais dos termos –
vida/renhida; combate/abate); há ritmo e métrica (pois todos os versos são redondilhas
menores, isto é, apresentam 5 sílabas poéticas, com acento na segunda e na terceira sílaba
poética – não-cho-res-meu-fi-lho); há figuras de linguagem (uma, por exemplo, é a anáfora, a
repetição de termos no início do verso – não/não; que/que).
E, no sentido mais global ou geral, o trecho é bonito, pois alude à luta na vida, que pode
remeter à luta cotidiana de cada um, a qual pode tanto representar um índio no século XVIII
quanto um brasileiro no século XXI. Ou seja, é universal.
Agora, vamos entender – em contraposição ao poema – um exemplo de texto não literário.
Sabe-se pouco da história indígena: nem a origem nem as cifras de população são seguras,
muito menos o que realmente aconteceu. Mas progrediu-se, no entanto: hoje está mais clara,
pelo menos, a extensão do que não se sabe. Os estudos de casos existentes na Literatura
são fragmentos de conhecimento que permitem imaginar, mas não preencher as lacunas de
um quadro que gostaríamos que fosse global. Permitem também, e isso é importante, não
incorrer em certas armadilhas. A maior dessas armadilhas é talvez a ilusão de primitivismo.
Na segunda metade do século XIX, essa época de triunfo do evolucionismo, prosperou a ideia
de que certas sociedades teriam ficado na estaca zero da evolução, e que eram portanto algo
como fósseis vivos que testemunhavam o passado das sociedades ocidentais (...) (CUNHA,
2012, p. 11, adaptado).
Cuidado: Literatura aqui está sendo utilizado em um outro sentido que não a de texto
ficcional: é o conjunto das obras científicas, filosóficas etc., sobre determinada matéria ou
questão; bibliografia (dicionário Houaiss).
Notem a forma de tratamento desse texto e as estratégias textuais escolhidas pela
autora (Manuela Cunha). Já desde o começo, o termo “sabe-se” indica o uso de um índice de
indeterminação do sujeito, isto é, o uso da partícula “-se” que impessoaliza o texto e o torna
objetivo. Isso é válido também para outra forma verbal, como “progrediu-se”. Quem progrediu?
Aqui não importa o sujeito, mas sim a ação. Apesar de o conteúdo geral ser semelhante
ao poema da "Canção do Tamoio", do escritor romântico Gonçalves Dias, a forma muda, pois
no primeiro caso se tratava do gênero textual do poema, e, aqui, do discurso historiográfico.
Se repararmos muito bem, a Gramática Normativa, ou seja, as regras gramaticais estão
sendo seguidas no segundo texto. Por exemplo, há colocação pronominal correta em “do que
não se sabe”, porque o advérbio negativo “não” atrai o pronome oblíquo “se”. As regras também
são atendidas na regência verbal de “incorrer em”, ou seja, o uso correto da preposição exigida
por esse verbo especificamente.
E, para além da correção gramatical, aspectos temporais como “na segunda metade do
século XIX” marcam historicidade, objetividade. Afinal, a História alude ao passado e o passado
não muda.
Um texto literário também pode demarcar o tempo, mas de modo diferente, e com
funções diferentes: em um texto literário, geralmente, a demarcação do tempo é para
contextualizar a história ou o enredo; já no discurso historiográfico, a menção a datas é
extremamente importante para pontuar fatos, eventos e acontecimentos históricos.
Para além da diferenciação de texto literário e não literário, pode ser cobrada a distinção
entre texto verbal e não verbal.
Questões que
reconhecer movimentos artísticos
pedem para
1.6. INTERTEXTUALIDADE
Entende-se por intertextualidade a relação entre dois ou mais textos, entendendo qual a
natureza dessa relação. Algumas vezes a intertextualidade é mais evidente; outras, não. Pode
também aparecer entre textos de diferentes tipos, verbais e visuais.
Também é um sistema linguístico com algumas características mais acentuadas. Um texto
escolhido para compor o campo literário invariavelmente passa a se relacionar com os outros
textos e autores modificando o significado deles ou ampliando-os.
Se por um lado, a comparação entre obras literárias é um expediente muito importante
dentro da crítica, por outro, é um campo que permite ao examinador avaliar a capacidade do
aluno de comparar duas ou mais situações simultaneamente. Há algumas possiblidades
nessa operação mental chamada comparação.
A intertextualidade pode se tornar mais complexa se considerarmos os elementos que
podem ser comparados: enredo, tema, forma, estilo, personagens, época etc. Trata-se de um
exercício interpretativo que requer conhecimento da obra e dos pressupostos estilísticos para
perceber semelhanças e diferenças.
A complementariedade é um caso à parte, pois exige que o leitor perceba em que sentindo
a obra ou aquele trecho dialoga com outro produzindo novos efeitos de sentido.
QUAL É A OPERAÇÃO?
• Nesse tipo de questão, vocês devem comparar textos, de naturezas iguais ou
diferentes. Então, vocês devem aproximá-los ou contrastá-los. Eles ainda podem se
complementar.
QUANTOS TEXTOS?
• Dois ou mais, quantos a banca quiser. Quanto mais textos forem cobrados, maior
tende a ser o grau de complexidade da questão. E ainda podem ser textos literários
contrastados com textos não literários, textos verbais com não verbais etc.
QUAIS TEXTOS?
• Podem ser comparados textos de um mesmo autor; de autores diferentes, mas de um
mesmo contexto; de autores diferentes e de diferentes contextos; e ainda textos de
nacionalidades/épocas diferentes.
Questões que
comparar dois ou mais textos
pedem para
(ENEM/2016)
Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto. É, a partir do texto,
ser capaz de atribuir-lhe significado, conseguir relacioná-lo a todos os outros textos
significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que o seu autor pretendia e,
dono da própria vontade, entregar-se a essa leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo uma
outra não prevista.
LAJOLO, M. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 1993.
Fonte: Pixabay.
Literatura devem estar questionando: ora, e por que
considerar só esses textos difíceis e não outras obras?
Afinal, uma série televisiva também apresenta ideias e faz
com que experimentemos sentimentos ambíguos diante
de uma realidade ficcional problemática muito próxima da
que vivemos.
Aqui entra um outro componente importante da
história da Literatura. Quando os Iluministas
revalorizaram as Artes em geral e a Literatura em particular, eles fizeram isso sobre uma tradição
que vinha da Antiguidade.
Em Roma, as artes da oratória e da poesia eram consideradas como o meio para se
conseguir a imortalidade da memória. Os belos discursos ou as mais engenhosas poesias
poderiam enaltecer os homens pela grandeza moral e política e, em contrapartida, tornavam os
poetas imortais também.
A Arte Poética era vista a partir da beleza da construção linguística, do uso de figuras de
linguagem, da estrutura não usual de inversões frasais etc. Nesse sentido, outro traço vem se
juntar ao já estudado: o tema ou o sentimento deve ser expresso numa linguagem não usual,
através de criação de significados e do manejo individual dos recursos fônicos, sintáticos,
semânticos para a criação de novas formas de expressão.
Em outros momentos, isso é inconsciente. Por exemplo, literalmente, não existiram poetas
barrocos, eles não se autodenominavam assim. Eles se viam, em Portugal, como imitadores de
Camões ou Gôngora. Contudo, dadas as semelhanças entre a produção deles, posteriormente
foram denominados pela Crítica Literária assim, daí diz-se que pertencem à escola literária do
Barroco.
Vale a pena lembrar a divisão dos Movimentos. Grosso modo, distinguimos aqueles
presos à tradição Medieval (Trovadorismo, Humanismo e Quinhentismo no Brasil); os
Clássicos, por serem pautados por regras poéticas bem determinadas e pela referência à
tradição greco-latina (Classicismo, Barroco e Arcadismo) e o período Moderno (do Romantismo
até os dias de hoje). A estes agrupamentos maiores chamamos de eras; e aos menores,
movimentos.
ERA
Há 3 grandes eras: a
MOVIMENTO
medieval, a clássica e
a moderna. Movimento literário ou GERAÇÃO
Costumam durar mais escola literária
de um século. consiste no esforço Geração costuma
FASE
de reunir no mesmo durar em torno de 30
período autores e anos, basta lembrar Podemos ter várias
obras com unidades da diferença de idade fases na nossa
temáticas e entre nós e nossos própria vida. Então,
estilísticas. pais. Movimentos fase costuma durar
literários separados menos. Exemplo:
por gerações são o Machado de Assis
Romantismo e o teve uma fase
Modernismo. romântica e outra
realista.
Abaixo, vocês encontram uma tabela que resume as informações principais acerca dos
movimentos literários as quais nos orientarão nas aulas futuras. Dica: para algumas bancas,
fase e geração são sinônimos! É como a banca entende esses conceitos. E o termo “momento”
já apareceu em provas também. Fiquem atentos!
Trovadorismo Realismo
Modernismos
E Classicismo Barroco Arcadismo Romantismo Simbolismo
Até hoje
Quinhentismo Parnasianismo
Quinhentismo
Barroco
Arcadismo
Romantismo
• 3 gerações na lírica + 4 tipos de romance romântico + teatro
• Gonçalves Dias (1ª geração); Álvares de Azevedo (2ª geração); Castro Alves
(3ª geração) + José de Alencar (prosa)
Realismo
• Denúncia de comportamentos sociais da burguesia
• Machado de Assis e Raul Pompeia
Naturalismo
• Teorias do fim do século XIX (-ismos) + patologias, grotesco, minorias
• Aluísio de Azevedo – “O cortiço” e “O mulato”
Simbolismo
• Subjetivismo, antimaterialismo, sonho, loucura, mulher
• Cruz e Sousa + Alphonsus Guimaraens
Parnasianismo
• Objetividade, materialismo, vasos, descrição, cientificismo
• Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de Oliveira
Pré-Modernismo
• Messianismo, linguagem popular, mistura de estilos
• Prosa (Euclides da Cunha; Monteiro Lobato; Euclides da Cunha) e poesia
(Augusto dos Anjos).
Texto escrito
Prosa
em parágrafos
Gêneros
Texto escrito
Poesia
em versos
MODALIDADES NARRATIVAS
3. GÊNEROS LITERÁRIOS
GÊNERO LÍRICO
• Poemas que falam sobre os sentimentos e estados de espírito, direcionados
diretamente ao leitor.
• As emoções e opiniões do eu lírico são bastante evidentes e o seu conteúdo
particularmente subjetivo e poético.
GÊNERO DRAMÁTICO
• Na poesia dramática, não há a figura de um narrador, ou seja, as personagens
são responsáveis por contar a própria história.
• Pode apresentar traços tanto épicos quanto líricos em seu conteúdo.
• Nos moldes clássicos, é divida em: tragédia e comédia. Na Idade Média:
milagres e autos. Um gênero híbrido é a tragicomédia.
• É precursora do texto teatral.
3.1. POESIA
A poesia é um tipo de texto encadeado por versos. Um verso é uma linha de sentido e se
opõe ao parágrafo na forma. É o principal elemento estrutural que diferencia a poesia da prosa.
Um verso geralmente vem acompanhado de mais aspectos, como ritmo, metro, melodia.
Melodia!? Isso mesmo. Na Antiguidade, a poesia estava associada a práticas de
musicalidade. Isso pode ser cobrado: uma letra de música, por exemplo, é considerada poesia
também.
Na poesia, o conteúdo é subjetivo, isto é, gira em torno de um “eu”, que no caso é o eu
lírico. Ela se preocupa com a estética (a beleza do texto) e a combinação de sons, geralmente
atreladas a figuras de linguagem. Há uma que é essencial para o entendimento de poesia: a
metáfora.
A metáfora é uma comparação subentendida, na qual um termo é empregado numa
relação de semelhança ou correspondência com outro. Exemplo: “Amor é fogo que arde sem se
ver” (Luís de Camões).
A poesia é um conteúdo lírico e emotivo escrito em versos. Para entender melhor o que é
poesia, devemos enquadrá-la dentro do gênero lírico.
CATEGORIA DEFINIÇÃO
É a voz do ser abstrato que fala no poema. Ele pode ser uma invenção
EU LÍRICO do poeta ou pode coincidir com o poeta, mas nem sempre. Também é
chamado de eu-lírico (com hífen), eu poético ou poemático.
Sucessão de sílabas ou fonemas que formam uma unidade rítmica e
melódica, correspondendo em geral a uma linha no poema.
VERSO
Livres: versos sem métrica;
Brancos: versos sem rima.
É a medida dos versos, isto é, o número de sílabas poéticas
MÉTRICA apresentadas pelos versos. Cuidado: a sílaba poética não coincide
com a sílaba gramatical.
É um recurso musical baseado na semelhança sonora de palavras no
RIMA final de versos (rima externa) e, às vezes, no interior de versos (rima
interna).
RITMO Alternância de sílabas acentuadas, variando quanto à sua intensidade.
Formas de poema que têm estrutura fixa de construção. Entre tais,
FORMAS destacam-se: balada, canção, cantata, elegia, glosa, haicai, hino, lira,
FIXAS madrigal, noturno, ode, rondó, soneto, terça, trova, vilancete,
versículo.
A contagem das sílabas métricas NÃO coincide com as sílabas gramaticais. Metrificação é
sinônimo de escansão, ou seja, contagem dos versos poéticos.
A regra principal é que se contam as sílabas ou sons até a tônica (mais forte) da última
palavra de um verso. A sucessão do som das sílabas tônicas é o que confere ritmo ao texto
poético. Exemplo:
Tal a chuva
Transparece
Quando desce (Gonçalves Dias, romântico brasileiro).
ELISÃO
Nesse caso, a vírgula entre “amo-te” e a interjeição “ó” marca uma pausa e, portanto, a
contagem de uma nova sílaba poética.
Quando a primeira vogal é forte, ou quando se trata de ditongo tônico, geralmente não se
faz a elisão (TAVARES, 2002, p. 184).
ESCANSÃO
QUANTIDADE DE SÍLABAS
NOME DO VERSO
POÉTICAS
APOIOS RITMÍCOS
Trissílabo 1; 1-3
Tetrassílabo 4; 1-4; 2-4
Pentassílabo ou redondilha menor 2-5; 3-5; 1-5; 1-3-5; 1-2-5
Hexassílabo ou heroico quebrado 2-4-6; 2-6; 1-3-6; 1-4-6; 1-6; 3-6
Heptassílabo ou redondilha maior 2-5-7; 2-4-7; 3-7; 4-7; 1-7
Octassílabo 1-4-8; 2-4-8; 4-6-8; 3-6-8; 2-4-6-8; 1-3-5-8
Eneassílabo 1-4-6-9; 1-4-9; 1-3-6-9; 3-6-9
Heroico: 6-10;
Decassílabo ou heroico Sáfico: 4-6-10;
Provençal: 4-7-10.
Hendecassílabo 2-5-8-11; 3-5-9-11
Dodecassílabo ou alexandrino 4-8-12; 2-4-8-12; 1-4-8-12
• Os esquemas rítmicos apresentados na segunda coluna são os mais comuns. Não que
não seja possível haver outras opções.
TIPOS DE ESTROFES
CATEGORIA DEFINIÇÃO
RIMA PERFEITA Há repetição total e idêntica tanto de sons vocálicos quanto consonantais.
OU Exemplo: “E como isto lhe vem por geração/ (...) Morder os que provêm
CONSOANTE de outra nação” (Gregório de Matos – Ao mesmo assunto).
RIMA AGUDA
(OU Que ocorre entre palavras oxítonas. Exemplo: céu/chapéu.
MASCULINA)
RIMA GRAVE
Que ocorre entre palavras paroxítonas. Exemplo: cedo/medo.
(OU FEMININA)
RIMA
Que ocorre entre palavras proparoxítonas. Exemplo: propósito/depósito.
ESDRÚXULA
Que ocorre no interior do verso. Exemplo: “No dia triste o meu coração
RIMA INTERNA
mais triste que o dia” (Fernando Pessoa – Nuvens).
Perfeita ou
consoante
Som ou
fonética
Imperfeita
Rica
Valor ou
Pobre
qualidade
Rara ou
preciosa
Rimas
Aguda ou
masculina
Acentuação
Grave ou
ou
feminina
intensidade
Esdrúxula
Externa
Disposição ou
posição no
verso
Interna
CATEGORIA DEFINIÇÃO
Alternadas ou cruzadas
ANTIGUIDADE CLÁSSICA
•Quer dizer que a poesia foi produzida no período entre os séculos VIII a. C. – V
d. C. Presença de poetas como Horário, Ovídio e Virgílio.
CLASSICISMO
•Foi produzida durante o movimento artístico-literário do Classicismo (século
XVI), também chamado de Renascimento. Presença de poetas como Luís de
Camões em Portugal e Dante Aliguieri e Francesco Petrarca na Itália.
NEOCLASSICISMO
•Foi produzida no período do Neoclassicismo (século XVIII), sinônimo de
Arcadismo.
SENTIDO LATO (GERAL)
•Uma poesia que, independentemente do período de sua produção, foi
influenciada pela cultura greco-latina e resgata características formais dos
poemas escritos nessa era áurea da Literatura.
• Características da poesia "clássica" no sentido geral: rigor na metrificação; uso
de formas clássicas, como soneto; uso dos versos mais consagrados:
decassílabo (10 sílabas poéticas) ou alexandrino (12 sílabas poéticas); temas
elevados ou grandiosos.
FORMA CONTEÚDO
(FUVEST/2000/1ª fase)
e) Lamartine é criticado por sua irreverência para com Deus e a religião, muito respeitados
pela segunda geração romântica.
Comentários
Questão de interpretação de texto literário/teoria literária. Mais informações sobre Álvares
de Azevedo serão encontradas na aula 03.
O poeta da segunda geração do Romantismo, Álvares de Azevedo, no trecho apresenta
duas características principais: pessimismo (com “triste como a sombra”) e erudição,
mencionando Lamartine, e Ossian, é o narrador e suposto autor de um ciclo de poemas épicos
publicados pelo poeta escocês James Macpherson desde 1760.
Alternativa A: correta – gabarito. É essa a função da intertextualidade nesse poema.
Alternativa B: incorreta. Os versos são regulares, trata-se de decassílabos, mas a ironia
romântica é um conceito inventado por Schlegel, filósofo e poeta alemão, filosofia que alia
poesia à conhecimento e sabedoria, entre outras características. A dispersão do eu lírico não
é reflexo disso, mas de sentimentalismo.
Alternativa C: incorreta. Ele não a rejeita, pelo contrário, mas sim a incorpora.
Alternativa D: incorreta. Não há recusa, mas menção, quase veneração, desejo de ser
igual.
Alternativa E: incorreta. Deus e religião são importantes para o movimento do Barroco, não
para o Romantismo.
Gabarito: A.
3.2. PROSA
Nos primórdios da Literatura, a prosa não tinha o prestígio que foi adquirindo com o passar
do tempo. Com a ascensão da burguesia, esse modelo de narrativa veio atender à necessidade
da nova classe social em se reconhecer nas histórias. Os escritores começam a se valer desse
padrão para apresentar histórias do cotidiano, nas quais o personagem, geralmente um burguês,
enfrenta seus dilemas pessoais. Aos poucos, essa narrativa vai abarcando questões existenciais
de uma sociedade que se transforma rapidamente a partir do século XVIII.
As narrativas literárias ficcionais giram em torno de algum tipo de crise que o personagem
deve resolver. Predominam verbos de ação, pois o protagonista (o personagem principal) vai
se envolver em peripécias que acabam por revelar algo sobre ele ou sobre as circunstâncias em
que vive.
Vamos estudar algumas características que um texto comum desse tipo pode ter.
CATEGORIA DEFINIÇÃO
Voz que fala dentro da narrativa e acaba por assumir o ponto de vista.
O narrador está para a prosa como o eu lírico está para a poesia.
Classifica-se em:
*Narrador em primeira pessoa: ele também é personagem, expressa
sua visão de mundo própria de quem vivenciou a história.
• Narrador ficcional: o escritor cria um personagem narrador com
características e biografia totalmente diferentes da sua.
• Narrador-testemunha: o escritor elege um protagonista, mas quem
conta a história é um personagem secundário.
• Alter ego: o escritor cria um narrador que conta uma experiência
muito próxima da vivida pelo autor. Por exemplo, em O Ateneu, o
protagonista Sérgio fala de suas vivências no internato em que
NARRADOR passou parte da sua adolescência, situação vivida pelo próprio
Raul Pompéia.
*Narrador em terceira pessoa: ele se coloca acima da história como se
fosse um deus observando seus personagens.
• Narrador impessoal: aquele que nos dá a impressão de não existir,
comporta-se como se fosse simplesmente um jornalista
registrando com fidelidade a história; tipo de narrador
frequentemente utilizado pelos realistas e naturalistas.
• Narrador condescendente ou simpático: o escritor adota um ponto
de vista que deixa claro quais são seus personagens preferidos,
idealizando-os. Esse é o narrador típico do Romantismo.
• Narrador crítico: ele conta a história comentando a ação e o
enredo.
O problema é que a depender do gênero do texto (um romance, um conto), pode haver
várias personagens, mais de um espaço, mais de um tempo, mais de um conflito e por aí vai.
Para entendermos um texto com profundidade, é preciso saber identificar todos esses
elementos.
PROSA POÉTICA
PROSA POÉTICA
A poesia pode estar contida numa linguagem versificada ou em prosa. Quando ocorre a
segunda possibilidade, dá-se o poema em prosa ou prosa poética. De um modo geral, haverá
prosa poética quando existem as seguintes características:
*conteúdo lírico emotivo;
*recriação lírica da realidade;
*utilização artística do poético;
*linguagem conotativa, (...) “carga lírica”, devido à capacidade dela mesma de criar ideias,
visões, imagens, por meio de imitações sonoras, melódicas e rítmicas.
Fonte: TAVARES, 2002, p. 162.
Linguagem
Vários sentidos,
Conotativa Coração Figurativa
inclusive todos
Mas, se não tem Deus, então, a gente não tem licença de coisa nenhuma!
Porque existe dor. E a vida do homem está presa encantoada ― erra rumo,
dá em aleijões como esses, dos meninos sem pernas e braços. Dôr não
dói até em criancinhas e bichos, e nos doidos ― não dói sem precisar de
se ter razão nem conhecimento? E as pessoas não nascem sempre? Ah,
medo tenho não é de ver morte, mas de ver nascimento. Medo mistério. O
senhor não vê? O que não é Deus, é estado do demónio. Deus existe
mesmo quando não há. Mas o demônio não precisa de existir para haver
― a gente sabendo que ele não existe, aí é que ele toma conta de tudo. O
inferno é um sem-fim que nem não se pode ver. Mas a gente quer Céu é
porque quer um fim! mas um fim com depois dele a gente tudo vendo. Se
eu estou falando às flautas, o senhor me corte. Meu modo é este. Nasci
para não ter homem igual em meus gostos. O que eu invejo é sua instrução
do senhor... (ROSA, Guimarães. Grande sertão: veredas. São Paulo:
Companhia das Letras, 2019).
A PROSA MODERNA
FORMA CONTEÚDO
3.3. TEATRO
E não só de poesia e prosa se faz a Literatura. Um gênero menos explorado, mas que
não obstante pode cair na sua banca, é o teatro. Gênero que surge na Antiguidade Clássica,
sendo que seus principais representantes rivalizavam entre si em competições no século V a. C.
– IV a. C.: Sófocles, Eurípides e Ésquilo.
A concepção moderna que temos de palco e plateia por exemplo vem dessa época. O
teatro grego nasceu de cultos e rituais dedicados aos deuses de seu panteão; logo, ocupava
um lugar de destaque na civilização. Eram encenados no teatro de arena.
Vamos estudar abaixo as classificações acerca do gênero dramático.
CATEGORIA DEFINIÇÃO
cidade. Político corrupto, recorre a vários estratagemas ilícitos para a inauguração do local, mas
nenhuma de suas armações teve sucesso. Acaba por ser morto por Zeca Diabo, contribuindo
ironicamente para a inauguração, o que lhe traz elogios fúnebres da população que o reverencia
como grande benfeitor da cidade. No trecho em particular, seu perfil de político está imitado no
palavrório verborrágico, recorrendo inclusive a neologismos como "somentemente".
O TEATRO MODERNO
FORMA CONTEÚDO
Rompe com a quarta parede Pode beirar o absurdo (non sense: sem
(ilusão de ficção) sentido)
Os atores podem encenar dentro e fora Monólogos e preocupação com a
do palco sondagem interior
A plateia pode ser envolvida no
espetáculo As peças podem ter duração variada
Para responder à próxima questão, leia o trecho da peça “A mais-valia vai acabar, seu Edgar”,
de Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha. A peça foi encenada em 1960 na arena da Faculdade
de Arquitetura da Universidade do Brasil e promoveu um amplo debate. A mobilização
resultante desse debate desencadeou a criação do Centro Popular de Cultura (CPC).
Coro dos desgraçados: Trabalhamos noite e dia, dia e noite sem parar! Então de nada
precisamos, se só precisamos trabalhar! Há mil anos sem parar! Fizemos as correntes que
nos botaram nos pés, fizemos a Bastilha onde fomos morar, fizemos os canhões que vão nos
apontar. Há mil anos sem parar! Não mandamos, não fugimos, não cheiramos, não matamos,
não fingimos, não coçamos, não corremos, não deitamos, não sentamos: trabalhamos. Há mil
anos sem parar! Ninguém sabe nosso nome, não conhecemos a espuma do mar, somos
tristes e cansados. Há mil anos sem parar! Eu nunca ri — eu nunca ri — sempre trabalhei. Eu
faço charutos e fumo bitucas, eu faço tecidos e ando pelado, eu faço vestido pra mulher, e
nunca vi mulher desvestida. Há mil anos sem parar! Maria esqueceu de mim e foi morar com
seu Joaquim. Há mil anos sem parar!
(Apito longo. Um cartaz aparece:
“Dois minutos de descanso e lamba as unhas.”
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS
Alternativa D: incorreta. A peça não propõe que leis sejam feitas. Os desgraçados são tão
alienados que se esqueceram como se sentar, ou seja, nem mais lembravam como
descansar. Desprovidos de raciocínio e coordenação básica, dificilmente conseguiriam se
organizar para criar novas leis e refletir na sua própria liberdade.
Alternativa E: incorreta. Tudo com que os desgraçados se preocupavam era o trabalho, o
que dominava suas vidas. Julgavam o trabalho como condenação, pois tendiam a ser
fatalistas, mas não como vergonha necessariamente.
Gabarito: C.
Como já foi dito anteriormente, pode ser que a banca compreenda Literatura dentro da
lógica de Linguagens e Códigos. Logo, fornecerei alguns métodos de interpretação de obras
artísticas, o que pode lhes ser útil.
Bom, trata-se de uma figura religiosa. A expressão séria tanto da Virgem Maria quanto do
Menino Jesus expressam seriedade e devoção. Provavelmente, você deve sentir essa seriedade
e circunspecção.
As cores são fortes e não são realistas. O critério nesse caso, provavelmente, não foi
pintar as cores do jeito que são na realidade, mas escolher aquelas que chamem a atenção de
quem as olha. Predomina o amarelo que lembra ouro. As linhas são suaves, mas também
desnaturais, basta observar as dobras do pano.
Até agora você levantou os elementos formais. Agora, deve analisar o tema. O que você
reconhece na cena?
Nesse caso, os personagens são bem conhecidos: a Virgem Maria e o Menino Jesus.
Note que o rosto do menino parece ser de um homem e os traços da Virgem Maria são bastante
simples. A imagem é bela como um todo, é bela pela composição de cores.
Essa imagem é bizantina. Arte desenvolvida depois da conversão de Constantino ao
Cristianismo no século IV. A Igreja tornou-se a religião oficial e deveria ostentar poder e glória
do Império. A seriedade dos personagens revela isso. O gosto pela opulência e a referência à
riqueza também.
Agora junte todas as informações. A imagem tinha como função despertar os fiéis para a
espiritualidade cristã. Deveria passar para o espectador acolhimento (o olhar da Virgem Maria)
e poder (as cores e o trono em torno dos personagens expressam isso). O artista propositalmente
rejeita o realismo, representa as figuras pelo jogo do que elas simbolizam socialmente, até
porque o espiritual não pode ser mostrado de forma humana. Isso explica inclusive a falta de
perspectiva e o aspecto frontal da obra.
Para que você perceba a diferença, observe os três quadros abaixo, aparentemente sobre
o mesmo tema (Madona, ou seja, o tema da Virgem Maria que carrega em seu colo o Menino
Jesus).
5. INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
Muito do que a banca pode compreender como ser Literatura também perpassa a noção
de Interpretação de Texto. Logo, ela pode ser uma ferramenta útil. Separei algumas técnicas que
podem ajudá-los.
Um texto geralmente representa uma dificuldade para o leitor por causa de sua
multiplicidade: de formas, de significados, de temas etc. Por isso, reconheço que não é fácil
para todo leitor encontrar a unidade por trás de tantas camadas e muitos param na superfície de
um texto.
Prezados alunos. Essa é uma nova seção no seu material que vai lhe servir como uma
útil ferramenta. Para facilitar a vida, vamos explicar alguns conceitos.
POEMA POESIA
É o produto pronto, escrito em versos. É a forma pela qual se escreve.
POESIA ≠ PROSA
Versos Parágrafos
Vamos agora adotar um esquema de leitura por camadas. São os níveis de compreensão
que um texto costuma exigir.
1ª camada
Fonte da imagem: Shutterstock.
2ª camada
Texto em si: elementos
morfossintáticos, palavras,
pontuação
3ª camada
O que exige mais de uma
competência: gêneros
híbridos, intertextualidade
etc.
❖ Caminho do mais óbvio para o subentendido: aprender a ler nas entrelinhas. Às vezes,
é mais importante o que o(a) autor(a) NÃO diz do que aquilo que está dito.
• 1ª camada: título, fonte, pessoas do discurso (primeira, segunda ou terceira do singular
ou plural).
• 2ª camada: classes morfológicas; pontuação; sintaxe mais simples ou mais
rebuscada; registro formal ou informal da linguagem.
• 3ª camada:
- Gêneros híbridos: prosa poética; teatro em versos; tragicomédia; teatro psicológico;
- Interdisciplinaridade: Gramática (figuras de linguagem, interpretação de texto);
Biologia; Geografia; Física.
ANÁLISE LITERÁRIA
Podemos desentranhar as fases que devem presidir à análise literária:
Primeira: escolhida a obra ou fragmento dela, procede-se à sua leitura integral, leitura de
contato, descontraída, lúdica, que deve fornecer uma impressão inicial.
Segunda: releitura de análise (que pode e deve ser repetida tantas vezes quantas o texto
requerer), com o lápis na mão, assinalando no texto as passagens que mais chamam
atenção.
Terceira: consulta do dicionário (ampliar o léxico), para resolver as dúvidas quanto à
denotação das palavras e expressões.
Quarta: releitura, tendo em vista compreender o índice (valor) conotativo das palavras e
expressões.
Quinta: apontar as constantes, repetições ou recorrências do texto, sobretudo no
que toca à conotação.
Sexta: interpretar tais constantes ou recorrências, que constituem a camada externa das
forças motrizes, com base nos elementos do próprio texto e nas informações que o analista
já possui.
Sétima: consultar as fontes secundárias caso o texto reclame: história literária
(características dos movimentos), biografia do autor, bibliografia (fortuna crítica) sobre o autor,
o contexto sócio-econômico-social.
Oitava: organizar em ordem hierárquica de importância as constantes ou recorrências,
segundo o critério estatístico e qualitativo, ou seja, segundo a quantidade das constantes e
sua qualidade emocional, sentimental e conceitual.
Nona: interpretá-las e buscar depreender as deduções que comportam, à luz dos dados
selecionados, tendo em vista as forças motrizes, isto é, a cosmovisão do escritor.
Décima: conclusão do trabalho. Como a análise, via de regra, não caminha sozinha,
dessa análise pode também surgir elementos que orientem para a crítica literária.
Fonte: MOISÉS, 1974, p. 36-37, grifos meus.
Repito a dica: no dia da prova, utilizem a caneta a seu favor. Utilizem-na para grifar
elementos mais importantes do texto, sobretudo, para o caso de precisar retornar ao texto para
procurar informações, a fim de responder às perguntas. Outra dica é ler o enunciado antes de
ler o texto.
Por outro lado, naturalmente no dia da prova não será possível realizar consultas e
pesquisas à parte. É por isso que devemos estar o máximo preparados para evitar surpresas no
dia.
Sempre que possível, além de encontram uma seção dedicada à leitura e interpretação
de textos literários dos movimentos específicos, vocês também terão acesso à sua análise
gramatical. Isso porque a banca pode compreender Literatura numa chave de
interdisciplinaridade com o próprio Português (Gramática e Interpretação de Texto).
Abaixo, vamos destrinchar alguns dos conceitos que podem nos ser úteis. Primeiramente,
entre as partes da Gramática Normativa que mais nos interessam encontra-se a Morfologia. A
Morfologia é o estudo da forma e suas classificações. Na Morfologia, há 10 classes de palavras.
Dessas palavras, temos o seguinte quanto à sua capacidade de mudança:
VARIÁVEIS INVARIÁVEIS
Substantivo
Interjeição Artigo
Conjunção Adjetivo
MORFOLOGIA
Preposição Numeral
Advérbio Pronome
Verbo
Já aprendemos que um texto é como um tecido. Isso equivale a dizer que ele tem uma
coerência interna, um contexto que lhe é próprio, é permeado também por elementos
extratextuais e agora iremos aprender que uma parte se liga à outra.
• Se o texto for prosa, a ligação entre as suas partes se dá por parágrafos.
• Se ele for poesia, essa ligação se dá entre estrofes.
COESÃO TEXTUAL
A coesão de um texto, isto é, a conexão entre os vários enunciados obviamente não é
fruto do acaso, mas das relações de sentido que existem entre eles. Essas relações de sentido
são manifestadas sobretudo por certa categoria de palavras, as quais são chamadas
conectivos ou elementos de coesão. Sua função no texto é exatamente a de pôr em evidência
as várias relações de sentido que existem entre os enunciados.
São várias as palavras que, num texto, assumem a função de conectivo ou de elemento
de coesão:
*as preposições: a, de, para, com, por;
*as conjunções: que, para que, quando, embora, mas, e, ou;
*os pronomes: ele, ela, seu, sua, este, esse, aquele, que, o qual;
*os advérbios: aqui, aí, lá, assim.
Fonte: PLATÃO; FIORIN, 1996, p. 271-272.
É assim que vai se formando a coerência e coesão de um texto literário, quer dizer, não
só o seu sentido, como também a relação entre a Morfologia e Sintaxe.
Não se preocupem. Quanto às classes gramaticais e os conceitos ainda não estudados,
iremos abordá-los quando forem necessários em aulas futuras.
7. CRÍTICA LITERÁRIA
A essa altura do campeonato vocês já devem ter percebido como será o formato de
nossas aulas futuras e suas respectivas seções. Nessa seção em particular, vocês encontrarão,
para além da literatura, análises de textos literários e seus movimentos, uma seção para
abordarmos Crítica Literária. Atenção: isso é muito importante!
O ideal é que a Crítica Literária dialogue com os termos abordados em cada aula. Nesse
sentido e como essa é uma aula inicial, escolhi abordar os seguintes tópicos:
• O conceito de literatura propriamente dito;
• O conceito de foco narrativo.
QUE É LITERATURA?
Um grito de dor é sinal da dor que o provoca.
Mas um canto de dor é ao mesmo tempo a própria dor e uma coisa que não a dor. Ou
seja, se quiser adotar o vocabulário existencialista, é uma dor que não existe mais, é uma dor
que é. Mas, dirá você, e se o pintor fizer casas? Pois bem, precisamente, ele as faz, isto é,
cria uma casa imaginária sobre a tela, e não um signo da casa. E a casa assim manifesta
conserva toda a ambiguidade das casas reais. O escritor pode dirigir o leitor e, se descreve
um casebre, mostrar nele o símbolo das injustiças sociais, provocar nossa indignação. Já o
pintor é mudo: ele nos apresenta um casebre, só isso; você pode ver nele o que quiser. Essa
choupana nunca será o símbolo da miséria; para isso seria preciso que ela fosse signo, mas
ela é coisa. O mau pintor procura o tipo, pinta o Árabe, a Criança, a Mulher; o bom pintor sabe
que o Árabe e o Proletário não existem, nem na realidade, nem na sua tela; ele propõe um
operário – determinado operário. E o que pensar de um operário? Uma infinidade de coisas
contraditórias. Todos os pensamentos, todos os sentimentos estão ali, aglutinados sobre a
tela, em indiferenciação profunda; cabe a você escolher. Artistas bem-intencionados já
tentaram comover; pintaram longas filas de operários aguardando na neve uma oferta de
trabalho, os rostos esquálidos dos desempregados, os campos uma emoção irreconhecível,
perdida, estranha para si mesma, esquartejada e espalhada pelos quatro cantos do espaço
e, no entanto, presente. Não duvido que a caridade ou a cólera possam produzir outros
objetos, mas neles elas ficarão atoladas da mesma forma; perderão seu significado, restarão
apenas coisas habitadas por uma alma obscura. Não se pintam significados, não se
transformam significados em música; sendo assim, quem ousaria exigir do pintor ou do músico
que se engajem? O escritor, ao contrário, lida com os significados. Mas cabe distinguir: o
império dos signos é a prosa; a poesia está lado a lado com a pintura, a escultura, a música.
Acusam-me de detestar a poesia: a prova, dizem, é que Tempos Modernos raramente publica
poemas. Ao contrário, isso prova que nós a amamos. Para se convencer disso, basta ver a
produção contemporânea. “Pelo menos a ela”, dizem os críticos em triunfo, “você não pode
nem sonhar em engajar”. De fato. Mas por que haveria eu de querer fazê-lo? Porque ela se
serve de palavras, como a prosa? Mas ela não o faz da mesma maneira; na verdade, a poesia
não se serve de palavras; eu diria antes que ela as serve. Os poetas são homens que se
recusam a utilizar a linguagem. Ora, como é na linguagem e pela linguagem, concebida como
uma espécie de instrumento, que se opera a busca da verdade, não se deve imaginar que os
poetas pretendam discernir o verdadeiro, ou dá-lo a conhecer. Eles tampouco aspiram a
nomear o mundo, e por isso não nomeiam nada, pois a nomeação implica um perpétuo
sacrifício do nome ao objeto nomeado, ou, para falar como Hegel, o nome se revela
inessencial diante da coisa – esta, sim, essencial. Os poetas não falam, nem se calam: trata-
se de outra coisa. (...)
Na verdade, o poeta se afastou por completo da linguagem-instrumento; escolheu de uma
vez por todas a atitude poética que considera as palavras como coisas e não como signos.
Pois a ambiguidade do signo implica que se possa, a seu bel-prazer, atravessá-lo como a
uma vidraça, e visar através dele a coisa significada, ou voltar o olhar para a realidade do
signo e considerá-lo como objeto. O homem que fala está além das palavras, perto do objeto;
o poeta está aquém.
Sartre, Jean-Paul. Que é a literatura? (Vozes de Bolso) (p. 17-19). Editora Vozes. Edição do Kindle.
Não, senhora minha, ainda não acabou este dia tão comprido; não sabemos o que se passou entre
Sofia e o Palha, depois que todos se foram embora. Pode ser até que acheis aqui melhor sabor que no
caso do enforcado. Tende paciência; é vir agora outra vez a Santa Tereza. A sala está ainda alumiada,
mas por um bico de gás; apagaram-se os outros, e ia apagar-se o último, quando o Palha mandou que
o criado esperasse um pouco lá dentro. A mulher ia sair, o marido deteve-a, ela estremeceu.
aponta para o caráter de Palha e de Sofia, para o jogo de sedução desta, as ambições
daquele, as possíveis significações filosóficas que podemos ir tirando a partir daí e que
transcendem a mera historinha do tradicional triângulo amoroso, base da FÁBULA, no livro,
como em tantos outros romances da época.
Respondendo às questões: – quem narra? – um narrador onisciente intruso, um eu que
tudo segue, tudo sabe e tudo comenta, analisa e critica, sem nenhuma neutralidade. – De que
lugar? – provavelmente de cima, dominando tudo e todos, até mesmo puxando com pleno
domínio as nossas reações de leitores e driblando-nos o tempo todo. Quem nos fala é esse
eu. Os canais de que se utiliza são os mais variados, predominando a sua própria observação
direta. Finalmente, somos colocados a uma DISTÂNCIA, ao mesmo tempo menor, do narrado
– já que temos acesso até aos pensamentos das personagens –, e maior, porque a presença
do narrador medeia sempre, ostensiva, entre nós e os fatos narrados, conservando-nos
ironicamente afastados deles, impedindo nossa identificação com qualquer personagem bem
como frustrando a absorção na sequência dos acontecimentos, com pausas frequentes para
a reflexão crítica.
Muito comum no século XVIII e no começo do século XIX, o NARRADOR ONISCIENTE
INTRUSO saiu de moda a partir da metade desse século, com o predomínio da "neutralidade"
naturalista ou com a invenção do INDIRETO LIVRE por Flaubert que preferia narrar como se
não houvesse um narrador conduzindo as ações e as personagens, como se a história se
narrasse a si mesma.
Mas Machado, antecipando vertentes ultramodernas, utiliza esse narrador intruso
como ruptura da verossimilhança. Seu leitor não se esquece de que está diante de uma
FICÇÃO, de uma análise, da interpretação ficcional da realidade, um mero PONTO DE VISTA
sobre pessoas, acontecimentos, sociedade, lugar e tempo.
Fonte: CHIAPPINI, 2019, p. 26, grifo meu (adaptado).
Imitar é natural ao homem desde a infância – e nisso difere dos animais, em ser o mais capaz
de imitar e de adquirir os primeiros conhecimentos por meio da imitação – e todos têm prazer
em imitar" (ARISTÓTELES. Poética. São Paulo: Cultrix, 2014, p. 21-22).
Cubas. Ou seja, um narrador na primeira pessoa do singular (eu), que participa dos fatos e por
isso mesmo contamina o texto com as suas conjecturas e opiniões.
Quincas Borba, porém, utiliza regularmente um narrador em terceira pessoa do singular
(ele); porém, existe um narrador que está sempre se intrometendo na história, também com as
suas conjecturas e opiniões, apesar de não participar diretamente dela.
Frequentemente em Machado de Assis, o narrador se dirige ao leitor, e às vezes até
mesmo se mostra como primeira pessoa (em verbos, pensamentos etc.). Assim, como diz o
trecho crítico, há um jogo que perpassa o foco narrativo.
Para complementar seu estudo cada vez mais, vocês vão encontrar
questões ao longo da teoria e no final dela, com e sem gabaritos. Além
disso, também temos simulados inéditos e gratuitos todo fim de semana.
Isso quer dizer que vamos focar bastante na prática!
A imagem de Tiradentes - a quem Cecília Meireles qualificou "o Alferes imortal, radiosa
expressão dos mais altos sonhos desta cidade, do Brasil e do próprio mundo", em palestra
feita em Ouro Preto - torna a aparecer como símbolo da luta pela liberdade em vários
momentos da cultura nacional. Os versos do letrista Aldir Blanc evocam, em novo
contexto, o mártir sonhador para resistir ao discurso
a) da doutrina revolucionária de ligas politicamente engajadas.
b) da historiografia, que minimizou a importância de Tiradentes.
c) de autoritarismo e opressão, próprio da ditatura militar.
d) dos poetas árcades, que se dedicavam às suas liras amorosas.
e) da tirania portuguesa sobre os mineradores no ciclo do ouro.
Os últimos quatro versos do poema rompem com a série de contrapontos entre a usina e
o banguê, pois
a) negam haver diferença química entre o açúcar cristal e o açúcar mascavo.
b) esclarecem que a aparência do açúcar varia com a espécie de cana cultivada.
c) revelam que na base de toda empresa açucareira está o trabalhador rural.
d) denunciam a exploração do trabalho infantil nos canaviais nordestinos.
e) explicam que a estação do ano define em qualquer processo o tipo de açúcar.
amora
a palavra amora
seria talvez menos doce
e um pouco menos vermelha
se não trouxesse em seu corpo
(como um velado esplendor)
a memória da palavra amor
a palavra amargo
seria talvez mais doce
e um pouco menos acerba
se não trouxesse em seu corpo
(como uma sombra a espreitar)
a memória da palavra amar
Marco Catalão, Sob a face neutra.
Hoje fizeram o enterro de Bela. Todos na Chácara se convenceram de que ela estava
morta, menos eu. Se eu pudesse não deixaria enterrá‐la ainda. Disse isso mesmo a vovó,
mas ela disse que não se pode fazer assim. Bela estava igualzinha à que ela era no dia em
que chegou da Formação, só um pouquinho mais magra.
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS
Todos dizem que o sofrimento da morte é a luta da alma para se largar do corpo. Eu
perguntei a vovó: “Como é que a alma dela saiu sem o menor sofrimento, sem ela fazer
uma caretinha que fosse?”. Vovó disse que tudo isso é mistério, que nunca a gente pode
saber essas coisas com certeza. Uns sofrem muito quando a alma se despega do corpo,
outros morrem de repente sem sofrer.
Helena Morley, Minha Vida de Menina.
Perguntas
Numa incerta hora fria
perguntei ao fantasma
que força nos prendia,
ele a mim, que presumo
estar livre de tudo
eu a ele, gasoso,
(...)
No voo que desfere
silente e melancólico,
rumo da eternidade,
ele apenas responde
(se acaso é responder
a mistérios, somar‐lhes
um mistério mais alto):
Amar, depois de perder.
Carlos Drummond de Andrade, Claro Enigma.
07. (FUVEST/2017/1ª fase) Considere as imagens e o texto, para responder à próxima questão.
I. Unem-se, no edifício, diferentes artes, para assaltar de uma vez os sentidos, de modo
que o público não possa escapar.
II. O arquiteto procurava surpreender o observador, suscitando nele uma reação forte de
maravilhamento.
III. A arquitetura e a ornamentação dos templos deviam encenar, entre outras coisas, a
preeminência da Igreja.
A ROSA DE HIROXIMA
1Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
5Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
10Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
15A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.
(Vinicius de Moraes, Antologia poética.)
Neste poema,
a) a referência a um acontecimento histórico, ao privilegiar a objetividade, suprime o teor lírico
do texto.
b) parte da força poética do texto provém da associação da imagem tradicionalmente positiva da
rosa a atributos negativos, ligados à ideia de destruição.
c) o caráter politicamente engajado do texto é responsável pela sua despreocupação com a
elaboração formal.
d) o paralelismo da construção sintática revela que o texto foi escrito originalmente como letra
de canção popular.
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS
e) o predomínio das metonímias sobre as metáforas responde, em boa medida, pelo caráter
concreto do texto e pelo vigor de sua mensagem.
1Desde pequeno, tive tendência para personificar as coisas. Tia Tula, que achava
que mormaço fazia mal, sempre gritava: “Vem pra dentro, menino, olha o mormaço!” Mas
eu ouvia o mormaço com M maiúsculo. Mormaço, para mim, era um velho que pegava
crianças! Ia pra dentro logo. E ainda hoje, quando leio que alguém se viu perseguido pelo
clamor público, vejo com estes 5olhos o Sr. Clamor Público, magro, arquejante, de preto,
brandindo um guarda-chuva, com um gogó protuberante que se abaixa e levanta no
excitamento da perseguição. E já estava devidamente grandezinho, pois devia contar
uns trinta anos, quando me fui, com um grupo de colegas, a ver o lançamento da
pedra fundamental da ponte Uruguaiana-Libres, ocasião de grandes solenidades, com
os presidentes Justo e Getúlio, e gente muita, tanto assim que fomos 10alojados os do
meu grupo num casarão que creio fosse a Prefeitura, com os demais jornalistas do
Brasil e Argentina. Era como um alojamento de quartel, com breve espaço entre as camas
e todas as portas e janelas abertas, tudo com os alegres incômodos e duvidosos encantos
de uma coletividade democrática. Pois lá pelas tantas da noite, como eu pressentisse, em
meu entre dormir, um vulto junto à minha cama, sentei-me estremunhado* e olhei atônito
para um tipo de 15chiru**, ali parado, de bigodes caídos, pala pendente e chapéu descido
sobre os olhos. Diante da minha muda interrogação, ele resolveu explicar-se, com a devida
calma: Pois é! Não vê que eu sou o sereno...
Mário Quintana, As cem melhores crônicas brasileiras.
Glossário
*estremunhado: mal acordado.
**chiru: que ou aquele que tem pele morena, traços acaboclados (regionalismo: sul do Brasil).
No início do texto, o autor declara sua “tendência para personificar as coisas”. Tal
tendência se manifesta na personificação dos seguintes elementos:
a) Tia Tula, Justo e Getúlio.
b) mormaço, clamor público, sereno.
c) magro, arquejante, preto.
d) colegas, jornalistas, presidentes.
A borboleta
Cada vez que o poeta cria uma borboleta, o leitor exclama: “Olha uma borboleta!”
O crítico ajusta os nasóculos e, ante aquele pedaço esvoaçante de vida, murmura: – Ah!,
sim, um lepidóptero...
Mário Quintana, Caderno H.
nasóculos = óculos sem hastes, ajustáveis ao nariz.
a) a crítica de poesia é meticulosa e exata quando acolhe e valoriza uma imagem poética.
b) uma imagem poética logo se converte, na visão de um crítico, em um referente prosaico.
c) o leitor e o poeta relacionam-se de maneira antagônica com o fenômeno poético.
d) o poeta e o crítico sabem reconhecer a poesia de uma expressão como “pedaço esvoaçante
de vida”.
e) palavras como “borboleta” ou “lepidóptero” mostram que há convergência entre as linguagens
da ciência e da poesia.
Sei que para todos ele já não é, e ninguém lhe daria uma maçã cheirosa, bem
vermelha. Mas não é verdade que alguém não a possa mais amar. Eu amo-a. Amo-a
quando a vejo por trás das grades de um palácio, onde se refugiou princesa, chegada
pelos caminhos da dor. Quando fora do reino sente o mundo de mil lanças, e selvagem
prepara-se, posta no olhar. Amo-a quando criança brinca na areia sem medo. Uns pés
descalços, uma mulher sem intenções. Cercada de mundo, às vezes sofrendo-o ainda.
CANÇADO, M. L. O sofredor do ver. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.
Razão de ser
Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?
LEMINSKI, P. Melhores poemas de Paulo Leminski. São Paulo: Global, 2013.
O gênero epitáfio, palavra que significa uma inscrição colocada sobre lápides, tem a
função social de homenagear os mortos. Nesse texto, a apropriação desse gênero no título
da letra da canção cria o efeito de
a) destacar a importância de uma pessoa falecida.
b) expressar desejo de reversão de atitudes.
c) registrar as características pessoais.
d) homenagear as pessoas sepultadas.
e) sugerir notações para lápides.
18. (UNESP/2022/1ª fase/2º dia) Para responder à próxima questão, leia o trecho inicial da
crônica “Está aberta a sessão do júri”, de Graciliano Ramos, publicada originalmente em
1943.
O Dr. França, Juiz de Direito numa cidadezinha sertaneja, andava em meio século,
tinha gravidade imensa, verbo escasso, bigodes, colarinhos, sapatos e ideias de pontas
muito finas. Vestia-se ordinariamente de preto, exigia que todos na justiça procedessem
da mesma forma – e chegou a mandar retirar-se do Tribunal um jurado inconveniente, de
roupa clara, ordenar-lhe que voltasse razoável e fúnebre, para não prejudicar a decência
do veredicto.
Não via, não sorria. Quando parava numa esquina, as cavaqueiras dos vadios
gelavam. Ao afastar-se, mexia as pernas matematicamente, os passos mediam setenta
centímetros, exatos, apesar de barrocas¹ e degraus. A espinha não se curvava, embora
descesse ladeiras, as mãos e os braços executavam os movimentos indispensáveis, as
duas rugas horizontais da testa não se aprofundavam nem se desfaziam.
d) Arcadismo.
e) Realismo.
MÃOS
21. (UNESP/2015/1o semestre/1ª fase) Para responder à próxima questão, leia o poema de
Catulo da Paixão Cearense (1863-1946).
O Azulão e os tico-ticos
Do começo ao fim do dia,
um belo Azulão cantava,
e o pomar que atento ouvia
o seus trilos de harmonia,
cada vez mais se enflorava.
Um papagaio, surpreso
de ver o grande desprezo,
do Azulão, que os desprezava,
um dia em que ele cantava
e um bando de tico-ticos
numa algazarra o vaiava,
lhe perguntou: “Azulão,
olha, dize-me a razão
por que, quando estás cantando
e recebes uma vaia
desses garotos joviais,
tu continuas gorgeando
e cada vez canta mais?!”
Se, nos versos 32 e 33, as palavras “Sabiá” e “capoeirão” fossem pronunciadas “sa-bi-á”
e “ca-po-ei rão”, tais versos quebrariam o padrão e o ritmo dos demais, pois passariam a
ser
a) heptassílabos.
b) octossílabos.
c) eneassílabos.
d) hexassílabos.
e) decassílabos.
23. (UNESP/2012/1o semestre/1ª fase) A próxima questão toma por base um poema de
Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810).
18
Não vês aquele velho respeitável,
que à muleta encostado,
apenas mal se move e mal se arrasta?
Oh! quanto estrago não lhe fez o tempo,
o tempo arrebatado,
que o mesmo bronze gasta!
Assinale a alternativa que indica a ordem em que os versos de dez e de seis sílabas se
sucedem nas oito estrofes do poema.
a) 6, 10, 6, 6, 10, 10.
b) 10, 6, 10, 10, 6, 6.
c) 10, 10, 6, 10, 6, 6.
d) 10, 6, 10, 6, 10, 6.
e) 6, 10, 6, 10, 6, 6.
25. (UNICAMP/2020/1ª fase) O poema abaixo vem impresso na orelha do livro Psia, de
Arnaldo Antunes.
Na orelha do livro, Antunes apresenta ao leitor seu processo de criação poética. É correto
dizer que o autor se propõe a
a) revelar a primazia da comunicação oral sobre a escrita das palavras.
b) discutir a flexão de gênero, que torna a palavra “psia” um substantivo.
c) defender a conversão das palavras em coisas, mudando seu estatuto.
d) explorar o poder de representação da interjeição exclamativa “psiu!”.
26. (UNEMAT/2018)
Texto 01
O tempo é
O tempo é qualquer coisa
que ninguém toma nas mãos
e beija no mesmo instante
(ou um instante depois).
PERSONA, Lucinda Nogueira. Entre uma noite e outra. Cuiabá, MT: Entrelinhas, 2014. p. 33.
a) O poema traz uma definição clara e fixa sobre o tempo, contrariando o que aborda a tela, pois
esta ao trazer relógios em estado de deformação, sugere que o tempo é algo que se modifica
permanentemente.
b) O poema traz elementos que nos permitem fazer reflexões sobre o tempo, enquanto a
presença dos relógios na tela aborda o seu valor estético.
c) A tela de Salvador Dali traz, sobretudo nos relógios, elementos que nos permitem fazer
reflexões sobre a guerra, enquanto o poema diz da fixidez do tempo.
d) Os dois textos trazem linguagens diferentes em suas composições, por este motivo não é
possível correlacioná-los estilisticamente e fazer qualquer leitura comparativa entre eles.
e) Ambos os textos fazem uma discussão sobre a efemeridade e a fugacidade do tempo.
30. (UEG/2018) Observe a imagem e leia o poema a seguir para responder à(s)
questão(ões).
Os versos acima são de autoria da escritora carioca Cecília Meireles (1901-1964). O poema
traça uma espécie de autorretrato, enfocando principalmente a questão da
a) transitoriedade da vida.
b) alegria de viver.
c) partilha de pequenos momentos.
d) felicidade de envelhecer.
32. (UECE/2021/1o semestre/1ª fase) O poema Retrato utiliza uma imagem poética
recorrente nas poesias de Cecília Meireles: o espelho. Essa imagem está atrelada a
questões existencialistas que, neste poema, são
a) o bem e o mal.
b) a fraqueza e a força.
c) a vida e a morte.
d) a juventude e a velhice.
A maior riqueza
do homem
é sua incompletude.
Nesse ponto
sou abastado.
Palavras que me aceitam
como sou
— eu não aceito.
Não aguento ser apenas
um sujeito que abre
portas, que puxa
válvulas, que olha o
relógio, que compra pão
às 6 da tarde, que vai
lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai. Mas eu
preciso ser Outros.
Eu penso
renovar o homem
usando borboletas.
BARROS, Manoel. O retrato do Artista Quando Coisa. Rio de Janeiro: Record, 1998.
34. (UERJ/2021)
Morro velho
No sertão da minha terra,
fazenda é o camarada que ao chão se deu.
Fez a obrigação com força,
parece até que tudo aquilo ali é seu.
5Só poder sentar no morro e ver tudo verdinho,
lindo a crescer.
Orgulhoso camarada, de viola em vez de enxada.
35. (UERJ/2020)
PARA COMEÇAR
Desejou ter a beleza de uma árvore frondosa tatuada nas costas, copa espraiada sobre os
ombros. Temendo, porém, o longo sofrimento imposto pelas agulhas, mandou tatuar na base
da coluna, bem na base, a mínima semente.
arteeblog.com
O par “semente-árvore” do conto pode ser comparado ao par “ovo-ave” do quadro, devido
a uma mesma relação existente entre os elementos de cada par. Essa relação expressa,
no contexto das duas obras, a ideia de:
a) simultaneidade
b) possibilidade
c) instabilidade
d) uniformidade
36. (FAMECA/2013) Leia o poema “Ela canta, pobre ceifeira” do poeta português Fernando
Pessoa (1888-1935) para responder à próxima questão.
Todas as seis quadras do poema de Fernando Pessoa são compostas por versos
_____ e obedecem ao esquema de rimas _____.
Papel
E tudo que eu pensei
e tudo que eu falei
e tudo que me contaram
era papel.
E tudo que descobri
amei
detestei:
papel.
Papel quanto havia em mim
e nos outros, papel
de jornal
de parede
de embrulho
papel de papel
papelão.
(As impurezas do branco, 2012.)
c) versos decassílabos.
d) rimas alternadas.
e) linguagem rebuscada.
38. (UEA/2019) Leia o poema de Paulo Henriques Britto para responder às próximas duas
questões.
Nada nas mãos nem na cabeça, nada
no estômago além da sensação vazia
de haver ultrapassado toda sensação.
40. (UEA/2018)
Nos anos em que atuaram estes escritores, a poesia brasileira percorreu os meandros
do extremo subjetivismo, à Byron e à Musset. Alguns poetas adolescentes, mortos antes
de tocarem a plena juventude, darão exemplo de toda uma temática emotiva de amor e
morte, dúvida e ironia, entusiasmo e tédio.
(Alfredo Bosi. História concisa da literatura brasileira, 2006. Adaptado.)
O texto refere-se
a) à segunda geração do Romantismo.
b) ao Barroco.
c) ao Arcadismo.
d) à primeira geração do Modernismo.
e) ao Condoreirismo.
41. (UEA/2014)
Tapuia
No verso "E erras sem rumo assim, pelas beiras do rio", a ideia expressa pelo verbo
destacado está de acordo com a seguinte afirmação:
a) Os indígenas erram ainda hoje, quando confiam nas promessas do homem branco.
b) Explorados e expulsos de suas terras, os indígenas vagueiam pelas florestas que sobraram.
c) Em função dos sucessivos ataques do homem branco, os indígenas lamentam os erros
cometidos.
d) Ao caminhar pelas margens do rio, os indígenas já não têm o senso de direção de seus
antepassados.
e) Remanescentes de tribos dizimadas, os indígenas continuam sofrendo pelos erros dos
brancos.
42. (UEA/2014) A metáfora é uma figura de linguagem em que um termo substitui outro,
em vista de uma relação de semelhança entre os elementos designados por tais termos.
Essa figura ocorre no verso:
a) que se misturaram em grandes adultérios!
b) O vento desarruma os teus cabelos soltos
c) As florestas ergueram braços peludos para esconder-te
d) e então te entregas à água preguiçosamente,
e) E erras sem rumo assim, pelas beiras do rio,
43. (UEA/2013) Leia o texto a seguir para responder às próximas duas questões.
Não sei que jornal, há algum tempo, noticiou que a polícia ia tomar sob a sua proteção
as crianças que aí vivem, às dezenas, exploradas por meia dúzia de bandidos. Quando li
a notícia, rejubilei. Porque, há longo tempo, desde que comecei a escrever, venho
repisando este assunto, pedindo piedade para essas crianças e cadeia para esses patifes.
Mas os dias correram. As providências anunciadas não vieram. Parece que a piedade
policial não se estende às crianças, e que a cadeia não foi feita para dar agasalho aos que
prostituem corpos de sete a oito anos… E a cidade, à noite, continua a encher-se de
bandos de meninas, que vagam de teatro em teatro e de hotel em hotel, vendendo flores
e aprendendo a vender beijos.
Anteontem, por horas mortas, quando saía de um teatro na rua central da cidade, vi
sentada uma menina, a uma soleira de porta. Ao lado, a sua cesta de flores murchas estava
atirada sobre a calçada. Pediu-me dez tostões, chorando... Só conseguira obter, ao cabo
de toda uma tarde de caminhadas e de pena, esses dez tostões — perdidos ou furtados.
E pelos seus olhos molhados passava o terror das bordoadas que a esperavam em casa…
Fiquei parado, longo tempo, a olhá-la. O seu vulto fugia já, pequenino, quase invisível
na escuridão. Ainda de longe o vi, fracamente alumiado por um lampião, sumir-se,
dobrando uma esquina. Segui o meu caminho, com a morte na alma.
Ora — nestes tempos singulares em que a gente já se habituou a ouvir sem espanto
coisas capazes de horrorizar a alma de Deiber —, é possível que alguém, encolhendo os
ombros diante disto, me pergunte o que é que eu tenho com a vida das crianças que
vendem flores e são amassadas a sopapos, quando não levam para casa uma certa e
determinada quantia.
Tenho tudo, amigos meus! Não penseis que me iluda sobre a eficácia das providências
que possa a polícia tomar, a fim de salvar das pancadas o corpo e da devassidão a alma
de qualquer dessas meninas. Bem sei que, enquanto o mundo for mundo e enquanto
houver meninas — proteja-as ou não as proteja a polícia —, haverá pais que as
esbordoem, mães que as vendam, cadelas que as industriem, cães que as deflorem!
(Olavo Bilac [Gazeta de Notícias, 14.08.1894]. www.consciencia.org. Adaptado.)
O Último Poema
Assim eu quereria o meu último poema
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS
O poema estabelece pelo título e pela posição que ocupa um valor metapoético, uma vez
que o eu lírico
a) transporta para a poesia a beleza da simplicidade.
b) explicita seu dilema existencial.
c) revela dramaticamente seus medos mais íntimos e secretos.
d) incorpora na poesia o academicismo parnasiano.
e) expressa em versos seu desejo poético.
46. (UFPR/2020) Leia o trecho abaixo, extraído de Sagarana, de João Guimarães Rosa:
47. (UFU/2016)
Texto I
Logo descobriu que não podia absolutamente mais se mexer. Não se admirou com
esse fato, pareceu-lhe antes um pouco natural que até agora tivesse conseguido se
movimentar com aquelas perninhas finas. No restante sentia-se relativamente confortável.
Na realidade tinha dores no corpo, mas para ele era como se elas fossem ficar cada vez
mais fracas e finalmente desaparecer por completo. A maçã apodrecida nas suas costas
e a região inflamada em volta, inteiramente cobertas por uma poeira mole, quase não o
incomodavam. Recordava-se da família com emoção e amor. Sua opinião de que precisava
desaparecer era, se possível, ainda mais decidida que a da irmã. Permaneceu nesse
estado de meditação vazia e pacífica até que o relógio da torre bateu a terceira hora da
manhã. Ele vivenciou o início do clarear geral do dia lá do lado de fora da janela. Depois,
sem intervenção da sua vontade, a cabeça afundou completamente e das suas ventas fluiu
fraco o último fôlego.
KAFKA, Franz. A metamorfose. Trad. Modesto Carone. São Paulo: Cia das Letras, 1997. p. 78.
Texto II
Saciada, espantada, continuou a passear com os olhos mais abertos, em atenção às voltas
violentas que a água pesada dava no estômago, acordando pequenos reflexos pelo resto
do corpo como luzes. A estrada subia muito. A estrada era mais bonita que o Rio de
Janeiro, e subia muito. Mocinha sentou-se numa pedra que havia junto de uma árvore,
para poder apreciar. O céu estava altíssimo, sem nenhuma nuvem. E tinha muito
passarinho que voava do abismo para a estrada. A estrada branca de sol estendia sobre
um abismo verde. Então, como estava cansada, a velha encostou a cabeça no tronco da
árvore e morreu.
LISPECTOR, Clarice. O grande passeio. In: Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
p. 37-38.
48. (UNCISAL/2017)
A poesia de Augusto de Campos, conforme se pode ver no exemplo acima, propõe uma
revisão nas estruturas tradicionais das artes poéticas. Isso quer dizer que esse formato
proposto
a) valoriza a métrica e a rima.
b) abdica das interações com as diversas formas de artes visuais.
c) valoriza o sentido hermético da poesia sem pluralidade semântica.
d) expande-se para além da retórica pela valorização das múltiplas formas e sentidos.
e) considera como material poético a ditadura retórica da palavra em seus vários
desdobramentos.
49. (UNCISAL/2016)
“Movimento artístico e filosófico que surge com o conflito entre a Reforma Protestante e
a Contra Reforma. Seu objetivo era propagar a religião por meio de uma arte de impacto,
sinuosa, enfeitada ao extremo. Arte altamente contraditória.”
(Disponível em: <http://questoesdevestibularnanet.blogspot.com.br/2013/09/caracteristicas-e
representantes-do.html>. Acesso em: 4 nov. 2015)
O texto se refere a uma escola literária brasileira, denominada ________, que tem as
seguintes características _____________.
a) Arcadismo – regido pelas filosofias do cultismo e do conceptismo. Cultismo é o jogo de
palavras, o uso culto da língua, predominando inversões sintáticas. Conceptismo são os jogos
de raciocínio e de retórica que visam a melhor explicar o conflito dos opostos.
b) Realismo – tem por temática assuntos que tratam da exaltação da beleza natural e consideram
a existência humana como constante e paulatino morrer.
c) Modernismo – expressa conflito existencial gerado pelo dilema do homem dividido entre o
prazer pagão e a fé religiosa; há detalhismo e rebuscamento, ou seja, extravagância e exagero
nos detalhes.
d) Barroco – linguagem rebuscada e trabalhada ao extremo; uso de muitos recursos estilísticos,
como figuras de linguagem, hipérboles, metáforas, antíteses e paradoxos, para melhor expressar
a comparação entre o prazer passageiro da vida e a vida eterna.
e) Naturalismo – homem dividido entre o desejo de aproveitar a vida e o de garantir um lugar no
céu; há contradição de sentimentos, em que é comum a ideia de opostos: bem X mal, pecado X
perdão, homem X Deus.
8.1GABARITO
A imagem de Tiradentes - a quem Cecília Meireles qualificou "o Alferes imortal, radiosa
expressão dos mais altos sonhos desta cidade, do Brasil e do próprio mundo", em palestra
feita em Ouro Preto - torna a aparecer como símbolo da luta pela liberdade em vários
momentos da cultura nacional. Os versos do letrista Aldir Blanc evocam, em novo
contexto, o mártir sonhador para resistir ao discurso
a) da doutrina revolucionária de ligas politicamente engajadas.
b) da historiografia, que minimizou a importância de Tiradentes.
c) de autoritarismo e opressão, próprio da ditatura militar.
d) dos poetas árcades, que se dedicavam às suas liras amorosas.
e) da tirania portuguesa sobre os mineradores no ciclo do ouro.
Comentários
Questão de interpretação de texto literário. Mais informações sobre canção de protesto
serão encontradas na aula 07.
Alternativa A: incorreta. Em certo sentido, as opiniões expressas na música aderem a ligas
engajadas, e não resistem a elas. Uso de verbos conjugados no futuro como "brilharão" e "irá"
representam esperança num futuro melhor.
Alternativa B: incorreta. Não minimizou essa importância. Pelo contrário. Tiradentes foi
heroicizado e é considerado um mártir, pois no período da Inconfidência Mineira (1789-1792) ele foi
perseguido, morto e esquartejado.
Alternativa C: correta – gabarito. A dica central para entender o contexto histórico de produção
desse poema era analisar sua fonte, presente no rodapé. Lá é dito que a música é de 1973, ano em que o
Brasil passava pelo período da ditadura militar. Nesse sentido, as mesmas figuras do século XVIII utilizadas
na obra de Cecília Meireles, como o Alferes Tiradentes e Marília de Dirceu, são usadas no poema acima;
porém, ressignificadas. Se o comando pede uma alternativa que representa um discurso de resistência,
trata-se de resistir contra a ditadura, expressão do autoritarismo e da repressão.
*Alferes é uma patente militar. Joaquim José da Silva Xavier (1746-1792) era uma figura histórica.
Na vida civil, foi dentista; porém, na carreira militar foi alferes. Por isso é constantemente referido assim,
até para aludir ao seu papel de contribuição cívica.
*Marília é a musa do poeta árcade Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810), que nomeia a obra
Marília de Dirceu (1792). Maria Joaquina Dorotéia de Seixas (1767-1853) foi cantada em versos sob o
nome de Marília (breve corruptela de seu nome, como se fosse um diminutivo carinhoso), pelo noivo
Tomás Antônio Gonzaga, o qual se chamava poeticamente de Dirceu. Embora em sua obra lírica ela seja
pintada como utopia, foi uma figura real.
Alternativa D: incorreta. Muito embora o poema utilize tematicamente figuras árcades, não resiste
a elas. Pelo contrário, costuma usá-las como exemplos. Nem todos os árcades escreveram apenas lírica
amorosa. Tomás Antônio Gonzaga, por exemplo, escreveu lírica satírica, como é o caso de Cartas chilenas
Alternativa E: incorreta. Não era contra Portugal que se protestava na época da ditatura militar,
mas sim contra a forma opressiva de poder que tinha se instalado no sistema.
Gabarito: C.
Os últimos quatro versos do poema rompem com a série de contrapontos entre a usina e
o banguê, pois
a) negam haver diferença química entre o açúcar cristal e o açúcar mascavo.
b) esclarecem que a aparência do açúcar varia com a espécie de cana cultivada.
c) revelam que na base de toda empresa açucareira está o trabalhador rural.
d) denunciam a exploração do trabalho infantil nos canaviais nordestinos.
e) explicam que a estação do ano define em qualquer processo o tipo de açúcar.
Comentários
Questão de interpretação de texto literário/conhecimento de autores e obras do cânone.
Alternativa A: incorreta. Não é a diferença química que está sendo discutida no texto, mas sim a
diferença histórica: a usina representa as fábricas modernas, ou seja, o sujeito moderno e a sua tendência
à mecanização dos processos humanos e econômicos, ao passo que o banguê, como indica a nota de
rodapé no glossário, é uma forma primitiva de engenho do açúcar.
Alternativa B: incorreta. Não é o tipo de cana cultivada o tema central desse poema.
Alternativa C: correta – gabarito. A diferença central apontada ao longo do processo histórico na
transposição do engenho de banguê para a usina é o tipo de força utilizada: antigamente, utilizava-se
força animal e na usina utiliza-se força humana, o que se depreende a partir do termo "mãos de barro".
Estas mãos só podem ser humanas, porque não são patas.
Alternativa D: incorreta. Não necessariamente: a alusão à pré-infância no poema tem outro
sentido, como já explicado. Se o trabalho é infantil ou não, isso não se sabe: trata-se de informação
extratextual.
Alternativa E: incorreta. Cuidado com os absolutismos, como é o caso do uso da expressão
"qualquer processo".
Gabarito: C.
amora
a palavra amora
seria talvez menos doce
e um pouco menos vermelha
se não trouxesse em seu corpo
(como um velado esplendor)
a memória da palavra amor
a palavra amargo
seria talvez mais doce
e um pouco menos acerba
se não trouxesse em seu corpo
(como uma sombra a espreitar)
Hoje fizeram o enterro de Bela. Todos na Chácara se convenceram de que ela estava
morta, menos eu. Se eu pudesse não deixaria enterrá‐la ainda. Disse isso mesmo a vovó,
mas ela disse que não se pode fazer assim. Bela estava igualzinha à que ela era no dia em
que chegou da Formação, só um pouquinho mais magra.
Todos dizem que o sofrimento da morte é a luta da alma para se largar do corpo. Eu
perguntei a vovó: “Como é que a alma dela saiu sem o menor sofrimento, sem ela fazer
uma caretinha que fosse?”. Vovó disse que tudo isso é mistério, que nunca a gente pode
saber essas coisas com certeza. Uns sofrem muito quando a alma se despega do corpo,
outros morrem de repente sem sofrer.
Helena Morley, Minha Vida de Menina.
Perguntas
Numa incerta hora fria
perguntei ao fantasma
que força nos prendia,
ele a mim, que presumo
estar livre de tudo
eu a ele, gasoso,
(...)
No voo que desfere
silente e melancólico,
rumo da eternidade,
ele apenas responde
(se acaso é responder
a mistérios, somar‐lhes
um mistério mais alto):
Amar, depois de perder.
Carlos Drummond de Andrade, Claro Enigma.
07. (FUVEST/2017/1ª fase) Considere as imagens e o texto, para responder à próxima questão.
Todas as proposições estão corretas, mas é uma questão complexa, que alia um poema
modernista à teoria e crítica da arte. Parte-se do pressuposto que características básicas do
barroco, como exagero e rebuscamento, fossem reconhecidas.
O barroco mineiro foi marcado pelo predomínio da Igreja, no plano cultural e social,
exercido sobre a população de Minas Gerais no século XVIII.
Afirmação I: correta. A pessoa não pode escapar, pois está assoberbada diante de tanto
luxo.
Afirmação II: correta. O efeito encantatório é realmente uma das principais pretensões do
artista.
Afirmação III: correta. A Igreja era uma obra de arte não à toa, mas para ressaltar o poder
e a influência, inclusive econômica, da Igreja.
Gabarito: E.
A ROSA DE HIROXIMA
1Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
5Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
10Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
15A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.
(Vinicius de Moraes, Antologia poética.)
Neste poema,
a) a referência a um acontecimento histórico, ao privilegiar a objetividade, suprime o teor lírico
do texto.
b) parte da força poética do texto provém da associação da imagem tradicionalmente positiva da
rosa a atributos negativos, ligados à ideia de destruição.
c) o caráter politicamente engajado do texto é responsável pela sua despreocupação com a
elaboração formal.
d) o paralelismo da construção sintática revela que o texto foi escrito originalmente como letra
de canção popular.
e) o predomínio das metonímias sobre as metáforas responde, em boa medida, pelo caráter
concreto do texto e pelo vigor de sua mensagem.
Comentários
Questão de interpretação de texto literário/conhecimento do contexto histórico. Nesse tipo
de questão, parte-se do pressuposto que vocês, alunos, tenham certo conhecimento de mundo
e conheçam esse episódio conhecido da Segunda Guerra Mundial (1939- 1945). Cuidado: pode
haver uma interface interdisciplinar com a História.
Quanto à análise do poema, a imagem da rosa é tradicionalmente associada à beleza em
contextos nos quais se pretende acentuar impressões positivas. Todavia, ao associá-la à
Hiroshima, cidade que protagonizou um dos episódios mais cruéis e destruidores da Segunda
Guerra Mundial, o eu lírico subverte esse sentido; ao emprestar-lhe conotações negativas,
aumenta a sua força poética e causa impacto no leitor pela estranheza que produz.
Já em relação às alternativas, termos e expressões como “objetividade” (letra A),
“despreocupação formal” (letra B), “originalmente letra de canção popular” (letra D) e “caráter
concreto” (letra E) são improcedentes e eliminam todas as outras opções.
A poesia é um gênero textual extremamente subjetivo e, apesar de partir de em evento
histórico (objetivo e concreto) no poema há reelaboração do tema e preocupação com a forma e
o gênero em questão.
Gabarito: B.
1Desde pequeno, tive tendência para personificar as coisas. Tia Tula, que achava
que mormaço fazia mal, sempre gritava: “Vem pra dentro, menino, olha o mormaço!” Mas
eu ouvia o mormaço com M maiúsculo. Mormaço, para mim, era um velho que pegava
crianças! Ia pra dentro logo. E ainda hoje, quando leio que alguém se viu perseguido pelo
clamor público, vejo com estes 5olhos o Sr. Clamor Público, magro, arquejante, de preto,
brandindo um guarda-chuva, com um gogó protuberante que se abaixa e levanta no
excitamento da perseguição. E já estava devidamente grandezinho, pois devia contar
uns trinta anos, quando me fui, com um grupo de colegas, a ver o lançamento da
pedra fundamental da ponte Uruguaiana-Libres, ocasião de grandes solenidades, com
os presidentes Justo e Getúlio, e gente muita, tanto assim que fomos 10alojados os do
meu grupo num casarão que creio fosse a Prefeitura, com os demais jornalistas do
Brasil e Argentina. Era como um alojamento de quartel, com breve espaço entre as camas
e todas as portas e janelas abertas, tudo com os alegres incômodos e duvidosos encantos
de uma coletividade democrática. Pois lá pelas tantas da noite, como eu pressentisse, em
meu entre dormir, um vulto junto à minha cama, sentei-me estremunhado* e olhei atônito
para um tipo de 15chiru**, ali parado, de bigodes caídos, pala pendente e chapéu descido
sobre os olhos. Diante da minha muda interrogação, ele resolveu explicar-se, com a devida
calma: Pois é! Não vê que eu sou o sereno...
Mário Quintana, As cem melhores crônicas brasileiras.
Glossário
*estremunhado: mal acordado.
**chiru: que ou aquele que tem pele morena, traços acaboclados (regionalismo: sul do Brasil).
No início do texto, o autor declara sua “tendência para personificar as coisas”. Tal
tendência se manifesta na personificação dos seguintes elementos:
a) Tia Tula, Justo e Getúlio.
b) mormaço, clamor público, sereno.
c) magro, arquejante, preto.
d) colegas, jornalistas, presidentes.
e) vulto, chiru, crianças.
Comentários
Questão de interpretação de texto literário/semântica.
Alternativa A: incorreta. Getúlio é uma pessoa; e não um ser irracional ou inanimado.
Alternativa B: correta – gabarito. A personificação ou prosopopeia é uma figura de
linguagem que quando se atribuem características humanas a seres inanimados ou irracionais.
No caso, todos esses substantivos comuns são seres abstratos aos quais foram se agregando
descrições e atributos humanos.
Alternativa C: incorreta. Esses já são adjetivos.
Alternativa D: incorreta. Essas são pessoas; e não seres irracionais ou inanimados.
Alternativa E: incorreta. Crianças são pessoas; e não seres irracionais ou inanimados.
Gabarito: B.
A borboleta
Cada vez que o poeta cria uma borboleta, o leitor exclama: “Olha uma borboleta!”
O crítico ajusta os nasóculos e, ante aquele pedaço esvoaçante de vida, murmura: – Ah!,
sim, um lepidóptero...
Mário Quintana, Caderno H.
nasóculos = óculos sem hastes, ajustáveis ao nariz.
Comentários linguísticos
Todos os “Ensaios” são construídos com uma particularidade estilística: eles são
pensados e poéticos. Nesse em questão, verificamos a presença do narrador, que se coloca em
expressões de primeira pessoa do singular, como em “Aprovo”, “a meu ver” e depois ele emprega
a primeira pessoa do plural, para universalizar, generalizar a questão: “apaixonarmo-nos”.
No fundo, ele faz a defesa, o elogio daquilo que é simples, sem dificuldade.
É uma questão sobre a estratégia de construção textual: primeiro, o narrador formula uma
tese, exatamente como vocês formulam uma num texto do gênero textual argumentativo. A tese
deve ser simples, concisa e objetiva. É ela: “os homens recorrem por vezes a sutilezas fúteis e
vãs para atrair nossa atenção”.
Depois, ele dá um exemplo, o que aqui também pode ser entendido no sentido de
ilustração. Então, temos o exemplo do homem que fazia o grão de alpiste passar por um buraco
de agulha e que exigia recompensa por isso, como se fosse uma grande proeza heroica.
Por fim, ele comprova a tese dele, pois o exemplo serve para dialogar, afirmar, a tese
principal. A reiteração e a expansão da tese inicial consiste no trecho: “é prova irrefutável da
fraqueza de nosso julgamento apaixonarmo-nos pelas coisas só porque são raras e inéditas, ou
ainda porque apresentam alguma dificuldade, muito embora não sejam nem boas nem úteis em
si”.
Então, pode-se falar que esse ensaio – mesmo pequeno – é um texto bem construído, em
três partes, com cabeça, tronco e pé.
Gabarito: A.
Razão de ser
Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?
LEMINSKI, P. Melhores poemas de Paulo Leminski. São Paulo: Global, 2013.
Alternativa B: correta – gabarito. Paulo Leminski é um escritor que participou da Poesia Marginal
da década de 1960. Nesse poema metalinguístico, ele insere o fazer poético numa lógica que prescinde
de explicações racionais, o que se infere do último verso “Tem que ter por quê?”
Alternativa C: incorreta. Quando o eu lírico diz: “Ninguém tem nada com isso”, não se refere à
curiosidade do leitor necessariamente. O eu lírico apenas está justificando suas motivações.
Alternativa D: incorreta. A natureza se insere no poema a título de comparação, mas não
pressuposição.
Alternativa E: incorreta. Livre associação de imagens ou ideias é um método psicanalítico para
fazer com que algumas informações saiam do inconsciente e venham ao plano consciente. É um processo
que deve ser provocado por gatilhos; porém, no poema, o eu lírico compara o fazer poético a ações
naturais, ou seja, que ocorrem sem necessidade de estímulos.
Gabarito: B.
O gênero epitáfio, palavra que significa uma inscrição colocada sobre lápides, tem a
função social de homenagear os mortos. Nesse texto, a apropriação desse gênero no título
da letra da canção cria o efeito de
a) destacar a importância de uma pessoa falecida.
b) expressar desejo de reversão de atitudes.
c) registrar as características pessoais.
d) homenagear as pessoas sepultadas.
e) sugerir notações para lápides.
Comentários
Questão de interpretação de texto literário (letra de música).
Alternativa A: incorreta. O efeito é o de alertar para o risco de morrer sem ter vivido. É uma
denúncia para as pessoas vivas, tentando motivá-las a viver mais e a ter experiências significativas antes
de morrer.
Alternativa B: correta – gabarito. Reversão no sentido de repensar certas ações que levamos na
vida cotidiana, que de tão mecanizadas tornam-se vazias. Convém viver com consciência e plenitude, e
não apenas estar à mercê de questões que não serão relevantes ao fim da vida.
Alternativa C: incorreta. Não pessoais, mas sim generalizadas. O eu lírico aborda uma série de
ações típicas do modo de vida contemporâneo, com as quais o leitor/ouvinte possivelmente irá se
identificar.
Alternativa D: incorreta. Cuidado: essa é literalmente a função do gênero epitáfio, mas no sentido
conotativo do texto essa palavra antecipa o medo da morte, para que assim o usufruidor desse poema
tome consciência e passe a mudar sua vida imediatamente.
Alternativa E: incorreta. O poema se orienta para os viventes, como se fosse um conselho. Tanto
é que o tempo verbal mais utilizado é o futuro do pretérito.
Gabarito: B.
18. (UNESP/2022/1ª fase/2º dia) Para responder à próxima questão, leia o trecho inicial da
crônica “Está aberta a sessão do júri”, de Graciliano Ramos, publicada originalmente em
1943.
O Dr. França, Juiz de Direito numa cidadezinha sertaneja, andava em meio século,
tinha gravidade imensa, verbo escasso, bigodes, colarinhos, sapatos e ideias de pontas
muito finas. Vestia-se ordinariamente de preto, exigia que todos na justiça procedessem
da mesma forma – e chegou a mandar retirar-se do Tribunal um jurado inconveniente, de
roupa clara, ordenar-lhe que voltasse razoável e fúnebre, para não prejudicar a decência
do veredicto.
Não via, não sorria. Quando parava numa esquina, as cavaqueiras dos vadios
gelavam. Ao afastar-se, mexia as pernas matematicamente, os passos mediam setenta
centímetros, exatos, apesar de barrocas¹ e degraus. A espinha não se curvava, embora
descesse ladeiras, as mãos e os braços executavam os movimentos indispensáveis, as
duas rugas horizontais da testa não se aprofundavam nem se desfaziam.
Na sua biblioteca digna e sábia, volumes bojudos, tratados majestosos, severos na
encadernação negra semelhante à do proprietário, empertigavam-se – e nenhum ousava
deitar-se, inclinar-se, quebrar o alinhamento rigoroso.
Dr. França levantava-se às sete horas e recolhia-se à meia-noite, fizesse frio ou
calor, almoçava ao meio-dia e jantava às cinco, ouvia missa aos domingos, comungava
de seis em seis meses, pagava o aluguel da casa no dia 30 ou no dia 31, entendia-se com
a mulher, parcimonioso, na linguagem usada nas sentenças, linguagem arrevesada e
arcaica das ordenações. Nunca julgou oportuno modificar esses hábitos salutares.
Não amou nem odiou. Contudo exaltou a virtude, emanação das existências calmas,
e condenou o crime, infeliz consequência da paixão.
Se atentássemos nas palavras emitidas por via oral, poderíamos afirmar que o Dr.
França não pensava. Vistos os autos, etc., perceberíamos entretanto que ele pensava com
alguma frequência. Apenas o pensamento de Dr. França não seguia a marcha dos
pensamentos comuns. Operava, se não nos enganamos, deste modo: “considerando isto,
considerando isso, considerando aquilo, considerando ainda mais isto, considerando
d) Arcadismo.
e) Realismo.
Comentários
Questão de teoria literária/conhecimento de movimentos literários.
Alternativa A: incorreta. Pelo contrário: o Romantismo é reconhecido pelo seu
sentimentalismo exacerbado e melancolia, especialmente na segunda geração, e não atenuação
dos mesmos. A terceira geração (condoreira) foi social e política.
Alternativa B: incorreta. O Barroco brasileiro se inspirou na Espanha (com Gôngora, por
exemplo) e não na França (Rabelais).
Alternativa C: correta – gabarito. As referências à ausência de sentimentalismo,
distanciamento de temáticas sociais e políticas, assim como preocupação com a técnica da
escrita e preciosismo vocabular permitem deduzir que o texto se refere ao movimento
denominado de Parnasianismo.
Alternativa D: incorreta. O Arcadismo não defendia “visão luxuosa”, mas sim o contrário:
aurea mediocritas (medida do meio, meio-termo) e bucolismo, simplicidade.
Alternativa E: incorreta. “A ausência quase completa de interesse político no contexto da
obra” vai de encontro à proposta realista, que propunha denunciar problemas sociais.
Gabarito: C.
MÃOS
Mãos/ de/ ve/ lu/ do, /mãos/ de /már/ tir /e /de /san/ (12) ta,
o/ vo/ sso/ ges/to é /co/ mo um/ ba/ lou/ çar /de /pal/ (12) ma;
o/ vo/ sso /ges/ to /cho/ ra, o / vo/ sso/ ges/ to / ge/ me, o / vo/ sso /ges/ to /can/ (23) ta!
Mãos/ de /ve/ lu/ do, /mãos /de /már/ tir /e /de /san (12) ta,
Ro/ las / à /vol/ ta /da /ne/ gra /to/ rre /da /mi/ nh’al/ (13) ma.
Gabarito: E.
21. (UNESP/2015/1o semestre/1ª fase) Para responder à próxima questão, leia o poema de
Catulo da Paixão Cearense (1863-1946).
O Azulão e os tico-ticos
Do começo ao fim do dia,
um belo Azulão cantava,
Um papagaio, surpreso
de ver o grande desprezo,
do Azulão, que os desprezava,
um dia em que ele cantava
e um bando de tico-ticos
numa algazarra o vaiava,
lhe perguntou: “Azulão,
olha, dize-me a razão
por que, quando estás cantando
e recebes uma vaia
desses garotos joviais,
tu continuas gorgeando
e cada vez canta mais?!”
Se, nos versos 32 e 33, as palavras “Sabiá” e “capoeirão” fossem pronunciadas “sa-bi-á”
e “ca-po-ei rão”, tais versos quebrariam o padrão e o ritmo dos demais, pois passariam a
ser
a) heptassílabos.
b) octossílabos.
c) eneassílabos.
d) hexassílabos.
e) decassílabos.
Comentários
Questão de teoria literária. Considerando que a composição tem como base as
redondilhas maiores, caso as palavras “Sabiá” e “capoeirão” fossem pronunciadas seguindo o
enunciado, os versos se tornariam octossílabos, uma vez que aumentaria uma sílaba poética em
cada verso:
Gabarito: B.
23. (UNESP/2012/1o semestre/1ª fase) A próxima questão toma por base um poema de
Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810).
18
Não vês aquele velho respeitável,
que à muleta encostado,
apenas mal se move e mal se arrasta?
Oh! quanto estrago não lhe fez o tempo,
o tempo arrebatado,
que o mesmo bronze gasta!
(Tomás Antônio Gonzaga. Marília de Dirceu e mais poesias. Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora,
1982.)
Assinale a alternativa que indica a ordem em que os versos de dez e de seis sílabas se
sucedem nas oito estrofes do poema.
a) 6, 10, 6, 6, 10, 10.
b) 10, 6, 10, 10, 6, 6.
c) 10, 10, 6, 10, 6, 6.
d) 10, 6, 10, 6, 10, 6.
e) 6, 10, 6, 10, 6, 6.
Comentários
Questão de teoria literária. Mais informações sobre esse conteúdo especificamente serão
encontradas na aula 02.
A alternativa B apresenta a ordem em que os versos de dez e seis sílabas se sucedem
nas estrofes do poema, conforme exemplificado no excerto abaixo.
25. (UNICAMP/2020/1ª fase) O poema abaixo vem impresso na orelha do livro Psia, de
Arnaldo Antunes.
Na orelha do livro, Antunes apresenta ao leitor seu processo de criação poética. É correto
dizer que o autor se propõe a
a) revelar a primazia da comunicação oral sobre a escrita das palavras.
b) discutir a flexão de gênero, que torna a palavra “psia” um substantivo.
c) defender a conversão das palavras em coisas, mudando seu estatuto.
d) explorar o poder de representação da interjeição exclamativa “psiu!”.
Comentários
Questão de interpretação de texto literário.
Alternativa A: incorreta. O poeta afirma que “Eu berro as palavras/ no microfone/ da
mesma maneira com que as desenho...”, ou seja, não há primazia da comunicação oral.
Alternativa B: incorreta. Ele não discute, não argumenta a favor do gênero feminino de
Psiu, ele simplesmente afirma que “Psia” é feminino de “psiu!”
Alternativa C: correta – gabarito. No poema, ele afirma isso, ele diz que berra para
transformar as palavras “em coisas,/ em vez de substituírem/ as coisas”, e ele mostra como fazer
isso, ao desmembrar “Psia” em “piscina” e “pia”.
Alternativa D: incorreta. Ele discute a palavra “Psia” e não “psiu!”; ao falar na interjeição,
ele a contrapõe para definir melhor “Psia”.
Gabarito: C.
26. (UNEMAT/2018)
Texto 01
O tempo é
O tempo é qualquer coisa
que ninguém toma nas mãos
PERSONA, Lucinda Nogueira. Entre uma noite e outra. Cuiabá, MT: Entrelinhas, 2014. p. 33.
Comentários
Questão de interpretação de texto literário/semântico.
Alternativa A: incorreta. Metapoesia seria a poesia falando dela mesma. Cuidado: por
mais que a metalinguagem seja uma temática importante para o Parnasianismo, ela não se
verifica no poema.
Alternativa B: incorreta. Nostalgia é a saudade melancólica do passado e a personagem
no poema está desesperada.
Alternativa C: correta – gabarito. Marco Antônio (83-30 a. C. ) foi um político romano, tendo
sido nomeado três vezes cônsul. Lembrando que os principais temas parnasianos são o cotidiano
(tanto objetos quanto paisagens) e a cultura clássica (mitologia greco-latina), mas também fatos
históricos.
Alternativa D: incorreta. O principal sentimento de Marco Antônio no excerto é a cólera e
não a reflexão racional.
Alternativa E: incorreta. No seu devaneio, Marco Antônio não reza nem pensa em seres
transcendentes, divinos ou superiores. Sente que é do Oriente que vai vir a ameaça iminente.
Gabarito: C.
30. (UEG/2018) Observe a imagem e leia o poema a seguir para responder à(s)
questão(ões).
Os versos acima são de autoria da escritora carioca Cecília Meireles (1901-1964). O poema
traça uma espécie de autorretrato, enfocando principalmente a questão da
a) transitoriedade da vida.
b) alegria de viver.
c) partilha de pequenos momentos.
d) felicidade de envelhecer.
Comentários
Questão de interpretação de texto literário; conhecimento do movimento literário e
conhecimento de autores e obras do cânone.
Alternativa A: correta – gabarito. O que no texto é marcado pela insistência ao marcar o
contraste temporal, especialmente no uso do verbo “tinha”, conjugado no pretérito imperfeito.
Alternativa B: incorreta. O eu lírico parece entristecido ao constatar a passagem do tempo.
Assombra-se com as mudanças.
Alternativa C: incorreta. Não há tal partilha. O texto parece um desabafo.
Alternativa D: incorreta. Pelo contrário: o eu lírico constata que o fenômeno é inexorável.
Gabarito: A.
32. (UECE/2021/1o semestre/1ª fase) O poema Retrato utiliza uma imagem poética
recorrente nas poesias de Cecília Meireles: o espelho. Essa imagem está atrelada a
questões existencialistas que, neste poema, são
a) o bem e o mal.
b) a fraqueza e a força.
c) a vida e a morte.
d) a juventude e a velhice.
Comentários
Questão de interpretação de texto literário.
Alternativa A: incorreta. Esses são julgamentos morais que não são questionados no
poema.
Alternativa B: incorreta. O texto é predominantemente descritivo. As mãos sem força são
uma metáfora para uma pessoa que, com o envelhecimento, tornou-se passiva.
Alternativa C: incorreta. Esses são questionamentos barrocos.
Alternativa D: correta – gabarito. O espelho é o reflexo da vida tal qual ela é, mesmo com
as agruras do processo natural do envelhecimento.
Gabarito: D.
BARROS, Manoel. O retrato do Artista Quando Coisa. Rio de Janeiro: Record, 1998.
34. (UERJ/2021)
Morro velho
No sertão da minha terra,
fazenda é o camarada que ao chão se deu.
Fez a obrigação com força,
parece até que tudo aquilo ali é seu.
5Só poder sentar no morro e ver tudo verdinho,
lindo a crescer.
Orgulhoso camarada, de viola em vez de enxada.
35. (UERJ/2020)
PARA COMEÇAR
Desejou ter a beleza de uma árvore frondosa tatuada nas costas, copa espraiada sobre os
ombros. Temendo, porém, o longo sofrimento imposto pelas agulhas, mandou tatuar na base
da coluna, bem na base, a mínima semente.
arteeblog.com
O par “semente-árvore” do conto pode ser comparado ao par “ovo-ave” do quadro, devido
a uma mesma relação existente entre os elementos de cada par. Essa relação expressa,
no contexto das duas obras, a ideia de:
a) simultaneidade
b) possibilidade
c) instabilidade
d) uniformidade
Comentários
Atenção: questão de Linguagens e Códigos. Mais informações sobre esse conteúdo em
particular serão encontradas nas aulas 06 e 07.
Alternativa A: incorreta. Não se trata de ideias simultâneas, mas de diálogo entre elas.
Alternativa B: correta – gabarito. Nas duas obras, temos a potência do vir a ser da semente
e do “ovo-ave”. Assim o processo artístico se coloca como possibilidade de vida e existência.
Alternativa C: incorreta. Os textos artísticos se distanciam da ideia de inconstância ao
ressaltar o desejo de potência criadora.
Alternativa D: incorreta. No conto e na pintura, a constância é apenas aparente, pois
ambos projetam a iminência da transformação.
Gabarito: B.
36. (FAMECA/2013) Leia o poema “Ela canta, pobre ceifeira” do poeta português Fernando
Pessoa (1888-1935) para responder à próxima questão.
Todas as seis quadras do poema de Fernando Pessoa são compostas por versos
_____ e obedecem ao esquema de rimas _____.
ESCANSÃO
Pe-sa-tan-toea-vi-daé-tão-bre-ve! (8 sílabas poéticas)
En-trai-por-mim-den-tro!-Tor-nai (8 sílabas poéticas)
Mi-nhaal-maa-vos-sa-som-bra-le-ve! (8 sílabas poéticas)
ESQUEMA DE RIMAS
Pesa tanto e a vida é tão breve! (A)
Entrai por mim dentro! Tornai (B)
Minha alma a vossa sombra leve! (A)
Depois, levando-me, passai! (B)
Alternativa A: incorreta. Os versos não são decassílabos nem é este o esquema de rimas.
Alternativa B: incorreta. Os versos são octassílabos, mas não é este de rimas.
Alternativa C: incorreta. Os versos não são dodecassílabos, apesar de ser este o esquema de
rimas.
Alternativa D: incorreta. Os versos não são decassílabos, apesar de ser este o esquema de rimas.
Alternativa E: correta – gabarito. É esta a sequência correta.
Gabarito: E.
Papel
E tudo que eu pensei
e tudo que eu falei
e tudo que me contaram
era papel.
E tudo que descobri
amei
detestei:
papel.
Papel quanto havia em mim
e nos outros, papel
de jornal
de parede
de embrulho
papel de papel
papelão.
(As impurezas do branco, 2012.)
38. (UEA/2019) Leia o poema de Paulo Henriques Britto para responder às próximas duas
questões.
Nada nas mãos nem na cabeça, nada
no estômago além da sensação vazia
de haver ultrapassado toda sensação.
Alternativa D: incorreta. Assim como em “Psicologia da composição”, de João Cabral de Melo Neto,
aqui a poesia não é fruto de ações inconscientes, mas de um trabalho consciente dos mecanismos
poéticos.
Alternativa E: correta – gabarito. O eu lírico procura elaborar, por meio dos versos em questão,
uma pungente reflexão sobre o estado poético.
Gabarito: E.
40. (UEA/2018)
Nos anos em que atuaram estes escritores, a poesia brasileira percorreu os meandros
do extremo subjetivismo, à Byron e à Musset. Alguns poetas adolescentes, mortos antes
de tocarem a plena juventude, darão exemplo de toda uma temática emotiva de amor e
morte, dúvida e ironia, entusiasmo e tédio.
(Alfredo Bosi. História concisa da literatura brasileira, 2006. Adaptado.)
O texto refere-se
a) à segunda geração do Romantismo.
b) ao Barroco.
c) ao Arcadismo.
d) à primeira geração do Modernismo.
e) ao Condoreirismo.
Comentários
Questão de crítica literária/conhecimento de movimentos literários.
Alternativa A: correta – gabarito. O trecho faz referência à segunda geração romântica ou “geração
ultrarromântica”. Como principais características desse período, pode-se destacar a fuga da realidade e o
profundo subjetivismo. A produção romântica no Brasil foi influenciada pela obra do poeta britânico
George Gordon Byron, mais conhecido como Lord Byron, e do poeta francês Alfred de Musset.
Alternativa B: incorreta. A estética barroca traz em sua forma o raciocínio complexo e o conflito
entre fé e razão, a partir de uma visão teocêntrica do mundo (Deus como centro de tudo).
Alternativa C: incorreta. No arcadismo, há a retomada de temáticas greco-latinas, uso de temas
pastoris e valorização da natureza.
Alternativa D: incorreta. A primeira geração modernista, influenciada pelas vanguardas artísticas,
propôs uma estética inovadora com a revisão crítica das heranças artísticas do passado.
Alternativa E: incorreta. O condoreirismo é o nome dado à terceira geração romântica no Brasil. O
termo é uma metáfora para a busca de liberdade por parte de seus representantes. As temáticas do
abolicionismo e da justiça social são fortemente exploradas nos poemas dessa geração.
Gabarito: A.
41. (UEA/2014)
Tapuia
No verso "E erras sem rumo assim, pelas beiras do rio", a ideia expressa pelo verbo
destacado está de acordo com a seguinte afirmação:
a) Os indígenas erram ainda hoje, quando confiam nas promessas do homem branco.
b) Explorados e expulsos de suas terras, os indígenas vagueiam pelas florestas que sobraram.
c) Em função dos sucessivos ataques do homem branco, os indígenas lamentam os erros
cometidos.
d) Ao caminhar pelas margens do rio, os indígenas já não têm o senso de direção de seus
antepassados.
e) Remanescentes de tribos dizimadas, os indígenas continuam sofrendo pelos erros dos
brancos.
Comentários
Questão de interpretação de texto literário. O verbo errar ao qual pertence o termo “erras”
(presente do indicativo, segunda pessoa do singular) adquire, no contexto, o significado de perambular,
vaguear, o que elimina as alternativas “a”, “c” e “e”. Também “d” é incorreta, pois o fato de vaguearem
sem rumo pelas beiras dos rios não pode ser atribuído à falta de senso de direção, mas sim às agressões
a que as tribos indígenas têm sido sujeitas. Assim, é correta apenas a alternativa “b”.
Gabarito: A.
42. (UEA/2014) A metáfora é uma figura de linguagem em que um termo substitui outro,
em vista de uma relação de semelhança entre os elementos designados por tais termos.
Essa figura ocorre no verso:
a) que se misturaram em grandes adultérios!
b) O vento desarruma os teus cabelos soltos
c) As florestas ergueram braços peludos para esconder-te
d) e então te entregas à água preguiçosamente,
e) E erras sem rumo assim, pelas beiras do rio,
e) E erras sem rumo assim, pelas beiras do rio,
Comentários
Questão de interpretação de texto literário.
Alternativa A: incorreta. Não é metáfora, mas sim adultérios.
Alternativa B: incorreta. Não é metáfora, mas sim personificação.
Alternativa C: correta – gabarito. Pois há comparação implícita dos ramos frondosos das árvores
com “braços peludos” constitui uma metáfora.
Alternativa D: incorreta. Não há figura de linguagem, mas sim descrição.
43. (UEA/2013) Leia o texto a seguir para responder às próximas duas questões.
Não sei que jornal, há algum tempo, noticiou que a polícia ia tomar sob a sua proteção
as crianças que aí vivem, às dezenas, exploradas por meia dúzia de bandidos. Quando li
a notícia, rejubilei. Porque, há longo tempo, desde que comecei a escrever, venho
repisando este assunto, pedindo piedade para essas crianças e cadeia para esses patifes.
Mas os dias correram. As providências anunciadas não vieram. Parece que a piedade
policial não se estende às crianças, e que a cadeia não foi feita para dar agasalho aos que
prostituem corpos de sete a oito anos… E a cidade, à noite, continua a encher-se de
bandos de meninas, que vagam de teatro em teatro e de hotel em hotel, vendendo flores
e aprendendo a vender beijos.
Anteontem, por horas mortas, quando saía de um teatro na rua central da cidade, vi
sentada uma menina, a uma soleira de porta. Ao lado, a sua cesta de flores murchas estava
atirada sobre a calçada. Pediu-me dez tostões, chorando... Só conseguira obter, ao cabo
de toda uma tarde de caminhadas e de pena, esses dez tostões — perdidos ou furtados.
E pelos seus olhos molhados passava o terror das bordoadas que a esperavam em casa…
Fiquei parado, longo tempo, a olhá-la. O seu vulto fugia já, pequenino, quase invisível
na escuridão. Ainda de longe o vi, fracamente alumiado por um lampião, sumir-se,
dobrando uma esquina. Segui o meu caminho, com a morte na alma.
Ora — nestes tempos singulares em que a gente já se habituou a ouvir sem espanto
coisas capazes de horrorizar a alma de Deiber —, é possível que alguém, encolhendo os
ombros diante disto, me pergunte o que é que eu tenho com a vida das crianças que
vendem flores e são amassadas a sopapos, quando não levam para casa uma certa e
determinada quantia.
Tenho tudo, amigos meus! Não penseis que me iluda sobre a eficácia das providências
que possa a polícia tomar, a fim de salvar das pancadas o corpo e da devassidão a alma
de qualquer dessas meninas. Bem sei que, enquanto o mundo for mundo e enquanto
houver meninas — proteja-as ou não as proteja a polícia —, haverá pais que as
esbordoem, mães que as vendam, cadelas que as industriem, cães que as deflorem!
(Olavo Bilac [Gazeta de Notícias, 14.08.1894]. www.consciencia.org. Adaptado.)
O Último Poema
Assim eu quereria o meu último poema
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.
BANDEIRA, M. Libertinagem. 2 ed. São Paulo: Global, 2013
O poema estabelece pelo título e pela posição que ocupa um valor metapoético, uma vez
que o eu lírico
a) transporta para a poesia a beleza da simplicidade.
b) explicita seu dilema existencial.
c) revela dramaticamente seus medos mais íntimos e secretos.
d) incorpora na poesia o academicismo parnasiano.
e) expressa em versos seu desejo poético.
Comentários
Questão de interpretação de texto literário. “Metapoético” se refere a um poema que
tematiza a escrita da própria poesia.
Alternativa A: incorreta. É verdade que, nesse poema, o eu lírico “transporta para a poesia
a beleza e simplicidade”, mas isso não se relaciona com o título, nem expressa um valor
metapoético.
Alternativa B: incorreta. No poema, ele exprime o que ele deseja para sua poesia, não
explora seus dilemas existenciais.
Alternativa C: incorreta. Não há referência a medos no poema.
Alternativa D: incorreta. Se fosse parnasiano, o poeta deveria metrificar seu poema.
Manuel Bandeira se vale do verso livre (sem métrica).
Alternativa E: correta – gabarito. O seu desejo poético aparece no primeiro verso “Assim
eu quereria o meu último poema” e esse tema é metapoético.
Gabarito: E.
46. (UFPR/2020) Leia o trecho abaixo, extraído de Sagarana, de João Guimarães Rosa:
– Mas, meu Deus, como isto é bonito! Que lugar bonito p’r’a gente deitar no chão e se
acabar!... É o mato, todo enfeitado, tremendo também com a sezão.
(GUIMARÃES ROSA. “Sarapalha”. Sagarana. Obra completa (vol. 1). Nova Aguilar, 1994. p. 295.)
47. (UFU/2016)
Texto I
Logo descobriu que não podia absolutamente mais se mexer. Não se admirou com
esse fato, pareceu-lhe antes um pouco natural que até agora tivesse conseguido se
movimentar com aquelas perninhas finas. No restante sentia-se relativamente confortável.
Na realidade tinha dores no corpo, mas para ele era como se elas fossem ficar cada vez
mais fracas e finalmente desaparecer por completo. A maçã apodrecida nas suas costas
e a região inflamada em volta, inteiramente cobertas por uma poeira mole, quase não o
incomodavam. Recordava-se da família com emoção e amor. Sua opinião de que precisava
desaparecer era, se possível, ainda mais decidida que a da irmã. Permaneceu nesse
estado de meditação vazia e pacífica até que o relógio da torre bateu a terceira hora da
manhã. Ele vivenciou o início do clarear geral do dia lá do lado de fora da janela. Depois,
sem intervenção da sua vontade, a cabeça afundou completamente e das suas ventas fluiu
fraco o último fôlego.
KAFKA, Franz. A metamorfose. Trad. Modesto Carone. São Paulo: Cia das Letras, 1997. p. 78.
Texto II
Saciada, espantada, continuou a passear com os olhos mais abertos, em atenção às voltas
violentas que a água pesada dava no estômago, acordando pequenos reflexos pelo resto
do corpo como luzes. A estrada subia muito. A estrada era mais bonita que o Rio de
Janeiro, e subia muito. Mocinha sentou-se numa pedra que havia junto de uma árvore,
para poder apreciar. O céu estava altíssimo, sem nenhuma nuvem. E tinha muito
passarinho que voava do abismo para a estrada. A estrada branca de sol estendia sobre
um abismo verde. Então, como estava cansada, a velha encostou a cabeça no tronco da
árvore e morreu.
LISPECTOR, Clarice. O grande passeio. In: Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
p. 37-38.
48. (UNCISAL/2017)
A poesia de Augusto de Campos, conforme se pode ver no exemplo acima, propõe uma
revisão nas estruturas tradicionais das artes poéticas. Isso quer dizer que esse formato
proposto
a) valoriza a métrica e a rima.
b) abdica das interações com as diversas formas de artes visuais.
c) valoriza o sentido hermético da poesia sem pluralidade semântica.
d) expande-se para além da retórica pela valorização das múltiplas formas e sentidos.
e) considera como material poético a ditadura retórica da palavra em seus vários
desdobramentos.
Comentários
Questão de interpretação de texto literário.
Alternativa A: incorreta. Augusto de Campos é um dos fundadores da poesia concreta no
Brasil. Seu projeto estético contemplava a ruptura com as formas clássicas da poesia e a
necessidade de se criar uma revolução na linguagem poética.
Alternativa B: incorreta. Ao contrário do que é afirmado, o projeto de Augusto de Campos,
integrado às ideias concretistas, conecta-se a outras linguagens artísticas, especialmente as
formas de artes visuais, como um recurso para repensar a escrita poética.
Alternativa C: incorreta. A relação entre significante e significado é expandida na poesia
de Augusto de Campos. Cada palavra é explorada em sua multiplicidade semântica, gerando
uma síntese de ideias, tal como ocorre na formação do ideograma.
Alternativa D: correta – gabarito. Augusto de Campos, ao lado de Haroldo de Campos e
Décio Pignatari, criaram uma produção poética que dialoga diretamente com as outras
linguagens artísticas e outros sistemas de comunicação a fim de transgredir a forma discursiva
e permitir o surgimento de novas formas e sentidos no âmbito literário.
Alternativa E: incorreta. A poesia de Augusto de Campos é marcada pelo
experimentalismo formal, em que palavra e imagem estão em constante interação.
Gabarito: D.
49. (UNCISAL/2016)
“Movimento artístico e filosófico que surge com o conflito entre a Reforma Protestante e
a Contra Reforma. Seu objetivo era propagar a religião por meio de uma arte de impacto,
sinuosa, enfeitada ao extremo. Arte altamente contraditória.”
(Disponível em: <http://questoesdevestibularnanet.blogspot.com.br/2013/09/caracteristicas-e
representantes-do.html>. Acesso em: 4 nov. 2015)
O texto se refere a uma escola literária brasileira, denominada ________, que tem as
seguintes características _____________.
a) Arcadismo – regido pelas filosofias do cultismo e do conceptismo. Cultismo é o jogo de
palavras, o uso culto da língua, predominando inversões sintáticas. Conceptismo são os jogos
de raciocínio e de retórica que visam a melhor explicar o conflito dos opostos.
b) Realismo – tem por temática assuntos que tratam da exaltação da beleza natural e consideram
a existência humana como constante e paulatino morrer.
c) Modernismo – expressa conflito existencial gerado pelo dilema do homem dividido entre o
prazer pagão e a fé religiosa; há detalhismo e rebuscamento, ou seja, extravagância e exagero
nos detalhes.
d) Barroco – linguagem rebuscada e trabalhada ao extremo; uso de muitos recursos estilísticos,
como figuras de linguagem, hipérboles, metáforas, antíteses e paradoxos, para melhor expressar
a comparação entre o prazer passageiro da vida e a vida eterna.
e) Naturalismo – homem dividido entre o desejo de aproveitar a vida e o de garantir um lugar no
céu; há contradição de sentimentos, em que é comum a ideia de opostos: bem X mal, pecado X
perdão, homem X Deus.
Comentários
Questão de preencher lacunas/conhecimento sobre movimentos literários.
Alternativa A: incorreta. O Arcadismo não buscava propagar a religião através de uma arte
de impacto. Além disso, o cultismo e o conceptismo são correntes pertencentes ao Barroco, e
não ao Arcadismo.
Alternativa B: incorreta. O Realismo não tem por temática a exaltação das belezas
naturais. O movimento ocorreu no século XIX, tempos após a Contrarreforma.
Alternativa C: incorreta. O Modernismo não tem por tema central o prazer pagão e a fé
religiosa. Além disso, o movimento é do século XX, enquanto a Contrarreforma ocorreu somente
entre os séculos XVI e XVII.
Alternativa D: correta – gabarito. O Barroco surge a partir da empreitada da Igreja Católica
de barrar o avanço do Protestantismo. Tem por características as antíteses e a temática do
homem cindido entre polos opostos: prazer e disciplina, céu e inferno, vida e morte.
Alternativa E: incorreta. O Naturalismo não apresenta as características descritas na
alternativa. O movimento defende que as condições sociais, aliada ao fator de raça, determina o
comportamento humano. O movimento ocorreu no século XIX, tempos após a Contrarreforma.
Gabarito: D.
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