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VÍCIO VELHO
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24/02/2024, 08:43 A HOMOSSEXUALIDADE COMO SUBTEXTO EM DOIS FILMES DE HITCHCOCK – CHARLES BERNDT – VÍCIO VELHO
Coluna | Lorca
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Assim, partindo para uma leitura mais minuciosa, olhando para o que
está no subtexto, tal como em Rope, o que parece estar em jogo neste
outro filme de Hitchcock não é o pacto que visa dois homicídios, mas o
encontro casual entre dois homens e a chantagem que um deles faz,
ameaçando revelar a verdadeira identidade do tenista Guy Haines, isto
é, a sua suposta homossexualidade ou bissexualidade. A ideia expres-
sa já no título do filme – “Estranhos no trem” [2] – aponta para esse há-
bito bastante comum entre homossexuais, sobretudo em tempos em
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Pergunto-me, por fim, se ainda hoje temos filmes ou mesmo obras li-
terárias[3] que continuam a tratar da homossexualidade desta forma
velada, implícita, como algo a ser escondido ou, no mínimo, tratado
com discrição. A resposta parece ser positiva. Ouvi falar, recentemente,
de um filme nacional de bastante sucesso que, apesar de tratar aber-
tamente sobre uma relação homossexual, em nenhum momento, nem
mesmo na cena do casamento, vemos um beijo gay. Pergunto, intriga-
do, que tipo de casamento heterossexual acontece sem um beijo, sem
esse tradicional e costumeiro gesto que sela um compromisso conju-
gal? A homofobia, então, parece que não saiu de moda e continua en-
tre nós. A genialidade de um Hitchcock que conseguia falar sobre um
assunto proibido e execrado pela sociedade de mais de cinquenta
anos atrás contrasta, de modo claro, com a sociedade atual, que se diz
tantas vezes progressista, gay friendly, mas que faz cara feia para uma
cena de afeto entre dois homens ou se recusa a reconhecer que é ho-
mofóbica e preconceituosa ao apoiar discursos que não só humilham
gays, lésbicas, bissexuais e transsexuais, mas que potencializam e in-
centivam todo tipo de agressões e crimes de ódio. Nesse sentido, con-
cluo o texto elogiando pessoas como o ator Farley Granger, o astro dos
dois filmes analisados acima, que teve a coragem de assumir e viver
sua homossexualidade e, inclusive, já no fim da vida, em 2008, publi-
car com a ajuda do seu companheiro uma biografia, Include Me Out,
em que fala sobre o assunto abertamente. Fica, ainda, a sugestão de
dois documentários fantásticos, The Celluloid Closet (1995) e The Silver
Screen: Color Me Levender (1997), que discutem e mostram como a ho-
mossexualidade está presente no subtexto de muitos clássicos de
Hollywood.
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[1] Impossível não lembrar, por exemplo, do filme franco-italiano La
Cage aux Folles (1976), dirigido por Édouard Molinaro – ou de Birdcage
(1996), seu remake estadunidense, dirigido por Mike Nichols –, em que
temos um casal homossexual que também precisa esconder sua ho-
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Charles Berndt (Instagram) é professor e cursa seu doutorado em lite-
ratura na UFSC. É viciado em utopias, em palavras etéreas, mas ainda
não foi pra Nárnia por acreditar que dentro deste mundo há um outro
possível, mais justo, sensível, igualitário e fraterno.
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CONTOS DE QUARENTENA
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