Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
MOLECULAR
Introdução
O diagnóstico molecular de doenças é um campo emergente das análises
clínicas laboratoriais. A identificação e a caracterização das bases genéticas
das doenças torna-se, com frequência, fundamental para o diagnóstico.
A detecção de mutações patogênicas em uma amostra de DNA pode
levar ao diagnóstico, ao possível prognóstico e a uma terapia prospectiva.
Avançadas técnicas da biologia molecular permitem o diagnóstico de
doenças infecciosas, como, por exemplo, o papiloma vírus humano (HPV),
as hepatites virais e a Helycobacter pylori, bactéria associada à ocorrência
de úlceras gástricas. A análise molecular ainda detecta alterações gené-
ticas do próprio organismo e auxilia no prognóstico de doenças como a
síndrome de Down, a doença de Alzheimer e a síndrome de Klinefelter.
Técnicas de biologia molecular também têm sido cada vez mais utili-
zadas para guiar tratamentos personalizados, uma vez que elas permitem
a avaliação, desde a suscetibilidade ao desenvolvimento de determinada
doença, até a identificação de mecanismos individuais de resistência a
determinadas drogas.
Neste capítulo, você vai aprender sobre as principais técnicas de
biologia molecular utilizadas em diagnósticos e conhecer as principais
contribuições que elas trouxeram para a melhoria dos diagnósticos na
prática clínica. Além disso, você irá compreender os benefícios das técni-
2 Diagnóstico molecular de doenças infecciosas
cas moleculares para a área das doenças infecciosas, como, por exemplo,
o aceleramento no diagnóstico.
PCR em
RT-PCR Multiplex PCR Nested PCR
tempo real
Existem três técnicas de detecção de HPV com aplicabilidade clínica: captura híbrida
(CH), PCR e ISH. A CH é a mais difundida em nosso meio. Para realizá-la, o médico
deve obter material do colo do útero ou da vagina, no caso da mulher, ou da uretra,
no caso do homem. Além da presença do HPV, esses exames também identificam
o grupo a que pertence o tipo de HPV presente, se é de alto ou de baixo risco e, no
caso da CH, ela quantifica indiretamente a carga de vírus presente (Quadro 2). Essas
informações podem indicar se o indivíduo portador tem maior ou menor risco de ter
uma lesão pré-maligna.
Alto risco 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59
Baixo risco 6, 11, 40, 42, 43, 44, 54, 61, 70, 72, 81
Fonte: Adaptado de Horta e Raposo (2018).
6 Diagnóstico molecular de doenças infecciosas
PCR em tempo real, seguindo cada um dos ciclos de amplificação. Esse tipo de PCR
oferece uma vantagem tanto na quantidade quanto na velocidade. Além disso, é menos
propenso à contaminação, já que todo o processo de amplificação e quantificação do
DNA-alvo original para cada amostra é feita em um único tubo selado.
A q-PCR é de grande valor no diagnóstico da dengue, de infecções respiratórias, de
algumas doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e de meningites. Tanto a presença
ou a ausência de células leucêmicas podem ser avaliadas em amostras de sangue (ou
aspiradas de medula óssea) quanto uma avaliação após o transplante pode ser realizada
para verificar a estabilidade ou o aumento dessas células.
Os resultados da q-PCR podem ser obtidos em 2 horas e, dependendo do instrumento
utilizado, até 96 amostras podem ser testadas em uma única corrida.
HTLV
A infecção pelo HTLV ocorre há milhares de anos. No entanto, o conhecimento sobre
a sua patogênese é recente. Esse vírus é endêmico em várias regiões do mundo. No
Brasil, encontra-se presente em todos os estados, com prevalências variadas, sendo
estimado cerca de 2,5 milhões de infectados. Fatores genéticos e imunológicos do
hospedeiro são os principais responsáveis pelas manifestações clínicas associadas,
que podem ser divididas em três categorias: neoplásicas, inflamatórias e infecciosas.
Destacam-se a mielopatia associada ao HTLV (HAM/TSP) e a leucemia/linfoma de
células T do adulto (ATLL) como as primeiras doenças associadas a esse retrovírus.
Doença de Lyme
A doença de Lyme é uma infecção transmitida por carrapatos, causada pela es-
piroqueta Borrelia burgdorferi. A Borrelia sp. junto com as leptospiras e o treponema
pertencem ao filo eubacterial das espiroquetas. A doença de Lyme é mais prevalente
nos verões do hemisfério norte e seus sintomas clínicos se assemelham muito à sífilis,
por causa de sua ocorrência em três estágios e ao seu desenvolvimento multissistêmico.
Fonte: Romanelli, Caramelli e Proietti (2010).
alto risco, de acordo com o tipo de lesão a que estão mais associados. Cada
tipo viral apresenta maior ou menor potencial oncogênico, e é encontrado
com maior frequência em lesões benignas (vírus de baixo risco) ou em lesões
neoplásicas (vírus de alto risco) (AYRES; SILVA, 2010). A genotipagem,
assim como a tipagem das hepatites virais, são realizadas por meio da PCR.
O PCR ainda constitui uma ferramenta alternativa crucial na resolução
de diagnósticos difíceis, como por exemplo, na detecção da Chlamydia tra-
chomatis. O cultivo dessa bactéria e seu diagnóstico sorológico não permite
diferenciar a infecção aguda da infecção prévia, já solucionada. A clamídia
está associada a casos de uretrites masculinas e femininas e cervicites nas
mulheres. Uma potencial complicação dessa bactéria é a doença inflamatória
pélvica, que pode levar à infertilidade.
Genotipagem do HPV
Os subtipos 16 e 18 do vírus HPV estão relacionados com mais de 70% dos casos de
câncer de colo do útero na mulher, sendo que as mulheres portadoras têm maior
risco de progressão da doença, comparadas com as infectadas por outros subtipos.
Sabe-se que cerca de 40 tipos de HPV, presentes no trato genital inferior, apresentam
baixo ou alto risco para o desenvolvimento de lesões neoplásicas nessa região. A
detecção de vários desses genótipos, associada à tipagem genética do HPV 16 e HPV
18 possibilitam uma melhor avaliação de risco e tratamento ao fornecer informações
importantes para a correta estratificação do paciente.
O teste de DNA para HPV é estabelecido na maioria dos países europeus para rastreio
do câncer de colo uterino e, atualmente, é recomendado para o acompanhamento de
lesões, após a terapia ou como adjuvante para aumentar a sensibilidade da citologia
para as mulheres com mais de 30 anos de idade.
Genotipagem do HCV
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 170 milhões de pessoas sejam
portadoras de hepatite C no mundo. O HCV apresenta grande heterogeneidade
genética e existem diversos subtipos: 1a, 2b, 3ª, 4, 5, etc. Os mais comuns são o 1, o
2 e o 3, sendo o subtipo 1 o mais frequente no Brasil. A identificação do genótipo
tem importância epidemiológica e pode predizer a resposta ao tratamento antiviral.
Portadores do genótipo 1, principalmente o 1b, apresentam doença mais grave e pior
resposta ao tratamento. Sendo assim, a genotipagem do HCV auxilia no prognóstico
e na conduta terapêutica do paciente com infecção crônica.
Diagnóstico molecular de doenças infecciosas 13
Leituras recomendadas
CAMARGO, C. F.; SILVA, P. R. Q. Aplicação das técnicas de PCR e suas técnicas derivadas
em diagnóstico molecular. [201-?]. Disponível em: <http://www.cpgls.pucgoias.edu.
16 Diagnóstico molecular de doenças infecciosas
br/6mostra/artigos/SAUDE/CLEYTON%20FLORENCIO%20DE%20CAMARGO%20E%20
PAULO%20ROBERTO%20QUEIROZ.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2018.
HAAS, D. J.; TORRES, A. C. D. Aplicações das técnicas de PCR no diagnóstico de doenças
infecciosas. Revista Científica de Medicina Veterinária, ano 14, n. 26, p. 1-15, jan. 2016.
Disponível em: <http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/5D3
Iu05EHeEnqPl_2017-1-12-8-29-47.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2018.
LEISTNER-SEGAL, S. et al. Aplicação da biologia molecular no diagnóstico de doenças
genéticas. Revista HCPA, n. 3, p. 329-342, 2001.
Conteúdo: