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Autorização de uso – a) Ato unilateral; b) Ato discricionário; c) Precário; d) Em regra, sem

prazo determinado; e) Atende, primordialmente, ao interesse particular; f) Não depende de


lei nem de licitação.
Permissão de uso – a) Ato unilateral; b) Ato discricionário; c) Precário; d) Em regra, sem
prazo determinado; e) Atende ao interesse público e ao interesse particular de igual
forma; f) Não depende de lei; pode depender de licitação se for possível e houver mais de
um interessado.
Concessão de uso – a) Contrato administrativo (bilateralidade); b) Discricionário; c)
Definitivo; d) Em regra, por prazo determinado; e) Não depende de lei; depende de
licitação, salvo nos casos de dispensa ou inexigibilidade.
Concessão de direito real de uso – é o contrato pelo qual a Administração transfere o uso
remunerado ou gratuito de terreno público a particular, como direito real resolúvel, para
que dele se utilize em fins específicos de urbanização, industrialização, edificação, cultivo
ou qualquer outra exploração de interesse social.

Súmula 619-STJ: A ocupação indevida de bem público configura mera detenção, de


natureza precária, insuscetível de retenção ou indenização por acessões e benfeitorias.

o imóvel vinculado ao Sistema Financeiro de Habitação deve ser tratado como bem
público, porque está afetado à prestação de serviço público, sendo, assim,
imprescritível (STJ. Terceira Turma. Resp. 1874632/AL. Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
25/11/2021).

TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES. Quando a Administração Pública declara


a motivação de um ato administrativo discricionário, a validade do ato fica vinculada à
existência e à veracidade dos motivos por ela apresentados como fundamentação.
• E QUAIS AS FORMAS DE EXTINÇÃO DOS ATOS?
• REVOGAÇÃO: Por conveniência e oportunidade > é ato discricionário
> somente a administração pública pode revogar > tem efeitos não retroativos, ou
seja, (ex nunc)
• ANULAÇÃO: Por ilegalidade > é ato vinculado > pode anular tanto a
adm.pública quanto o poder judiciário*** > tem efeitos retroativos, ou seja, (ex
tunc)
• CASSAÇÃO: Retirada do ato por ilegalidade de sua EXECUÇÃO.
• CADUCIDADE: Retirada de um ato que perde seus efeitos pela superveniência de
ato de maior hierarquia.
• CONTRAPOSIÇÃO: Retirada do ato pela prática de um ato em sentido contrário a
ele.
EFEITOS:
(Anulação = EX TUNC)
(Revogação = EX NUNC)
• Ato discricionário é passível de anulação ou revogação.
• Ato vinculado é passível, apenas, de anulação. Não poderá ser revogado!
• Ato DISCRICIONÁRIO: liberdade de ação limitada pela lei. Critérios de
conveniência, oportunidade e conteúdo.
(Válido e legítimo, enquanto nos limites legais.)
• Arbitrariedade: ação contrária ou fora dos limites da lei.
(Inválido e ilegítimo).

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Direito Internacional

O STF e o STJ já decidiram que não é possível a responsabilização de Estado


estrangeiro por ato de guerra, tendo em vista tratar-se de manifestação de ato de
império.
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça , sobre o caso específico, firmou-se no
sentido de que não é possível a responsabilização da República Federal da Alemanha
por ato de guerra, tendo em vista tratar-se de manifestação de ato de império. (RO
60/RJ, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Rel. p/ Acórdão Ministro MARCO BUZZI,
SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 09/12/2015, DJe 19/02/2016)
Atualmente a imunidade de jurisdição dos Estados Estrangeiros não são absolutas. As jurisprudência
nacional tem sido no sentido de avaliar a natureza dos atos praticados por um EI para que se possa
responsabilizá-lo. Os atos podem ser de gestão ou de império, os primeiros não são dotados
de soberania, colocam o estado em pé de igualdade com a pessoa com quem se relaciona, a exemplo
de um contrato de compra e venda, e por isso, os atos de gestão não gozam de imunidade
jurisdicional, mas os de império sim, por traduzir a sobernia do ente estatal. Mas pode os atos
de império serem colocados a par da apreciação judicial brasileira? pode, se expressamente
consentido pelo EI. Por isso dizemos que a teoria da imunidade de jurisdição é relativa.

Atualmente a imunidade de jurisdição dos Estados Estrangeiros não são absolutas. As jurisprudência
nacional tem sido no sentido de avaliar a natureza dos atos praticados por um EI para que se possa
responsabilizá-lo. Os atos podem ser de gestão ou de império, os primeiros não são dotados
de soberania, colocam o estado em pé de igualdade com a pessoa com quem se relaciona, a exemplo
de um contrato de compra e venda, e por isso, os atos de gestão não gozam de imunidade
jurisdicional, mas os de império sim, por traduzir a sobernia do ente estatal. Mas pode os atos
de império serem colocados a par da apreciação judicial brasileira? pode, se expressamente
consentido pelo EI. Por isso dizemos que a teoria da imunidade de jurisdição é relativa.

Imunidade de jurisdição:
Estados possuem automaticamente
Organizações Internacionais só possuem quando prevista em tratado internacional

A imunidade de jurisdição dos organismos internacionais depende de previsão em


tratado, não advém do simples fato de serem PJs de direito internacional (RE
1034840 RG, Relator(a): Min. LUIZ FUX, julgado em 01/06/2017, PROCESSO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-143 DIVULG 29-06-2017 PUBLIC
30-06-2017 ).
A execução forçada de eventual sentença condenatória trabalhista contra Estado estrangeiro somente
será possível se existirem, no território brasileiro, bens do executado estranhos à representação
diplomática ou consular.

Os Estados estrangeiros gozam de imunidade tributária . Em


virtude disso, em regra, não pagam impostos nem taxas no Brasil.
Essa imunidade tributária não abrange taxas que são cobradas por conta de
serviços individualizados e específicos que sejam prestados ao Estado
estrangeiro. Sendo esse o caso, o país estrangeiro terá que pagar o valor da
taxa, não gozando de isenção. Com base nesse entendimento, o Município
não pode cobrar IPTU de Estado estrangeiro, mas poderá exigir o
pagamento de taxa de coleta domiciliar de lixo. Os Estados estrangeiros
gozam também de imunidade de execução, ou seja, possuem a garantia de
que os seus bens não serão expropriados, isto é, não serão tomados à força
para pagamento de suas dívidas. Vale ressaltar, no entanto, que a imunidade
de execução pode ser renunciada. Assim, antes de se extinguir a execução
fiscal para a cobrança de taxa decorrente de prestação de serviço
individualizado e específico, deve-se cientificar o Estado estrangeiro
executado, para lhe oportunizar eventual renúncia à imunidade. STJ. 2ª
Turma. RO 138-RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 25/2/2014.

DIREITO A VOTO EM ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL

Apesar de, como regra geral, todos os Estados‐membros de uma organização


internacional terem direito de voz e voto, a proposição em análise comporta a ressalva de
que, dependendo do tratado instituidor da organização internacional, os seus membros
podem ter o direito de voto suspenso, como nas hipóteses de falta de pagamento de suas
contribuições financeiras, a exemplo do quanto previsto no art. 19 da Carta da ONU.

IMUNIDADE DE JURISDIÇÃO ESTADOS X ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS


Além de não terem o atributo de soberania, as organizações internacionais não possuem imunidades
de jurisdição equivalentes às dos Estados:

ESTADOS

Fundamento: Direito Consuetudinário – Igual não julga Igual

Imunidade de Jurisdição:

- Atos de Império (Guerra/ diplomacia): Sim (não é automático, o Estado é notificado antes, para dizer se
renuncia).

- Atos de Gestão (Relações trabalhistas): Não

Imunidade de Execução:

Absoluta

STJ: Estado Estrangeiro possui imunidade tributária, mas não abrange taxas (Mas
não poderá ser executado – Imunidade de Execução continua).

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL
Fundamento: A disposição expressa do Tratado que pode prever ou não a imunidade. Deve ser analisado
caso a caso.

Caso da ONU: Imunidade Absoluta (Jurisdição (todos os atos) + Execução). (STF: Inclusive para causas
trabalhistas.)

No momento, prevalece o entendimento de que as regras referentes às


imunidades de jurisdição das organizações internacionais não se identificam
com as regras da imunidade de jurisdição do Estado. Dessa forma, as
noções de atos de império e atos de gestão não se aplicam à imunidade
dos organismos internacionais.

ASILO – Diplomático (fora do território do Estado que concede: Embaixada)

DECRETO Nº 42.628, DE 13 DE NOVEMBRO DE 1957 Promulga a Convenção sobre Asilo


Diplomático, assinada em Caracas a 28 de março de 1954. - Artigo III. [...] As pessoas
mencionadas no parágrafo precedente, que se refugiarem em lugar apropriado para servir de
asilo, deverão ser convidadas a retirar-se, ou, conforme o caso, ser entregues ao govêrno
local, o qual não poderá julgá-las por delitos políticos anteriores ao momento da entrega.

Imunidades aos diplomatas:

os membros do corpo Administrativo e Técnico da Missão não têm as mesmas imunidades


perante a jurisdição civil e administrativa do Estado local de que gozam os agentes diplomáticos,
pois não têm imunidade fora do exercício das funções. O agente diplomata tem imunidade ampla.

TRATADOS INTERNACIONAIS

Tratando-se de tratado aprovado por quórum NÃO qualificado, não terá status de emenda
constitucional (art. 5º, §3º, da CF), assim poderá ser DENUNCIADO. DENÚNCIA:
Quando um Estado não almeja mais se vincular a um Tratado Internacional, a
regra é que ele denuncie esse tratado, ou seja, o Estado COMUNICA aos demais
pactuantes que o tratado não vale mais para si.

Os tratados internacionais de direitos humanos que obedecem ao disposto no artigo 5º,


§3º, jamais poderão ser objeto de denúncia. Para se desvincular do tratado aprovado com
quórum qualificado, o Brasil deve aprovar NORMA INTERNA MAIS BENÉFICA ou
ASSINAR E RATIFICAR outro Tratado Internacional de Direitos Humanos mais benéfico.
. Tratado de direitos humanos sem status de emenda constitucional: Embora em
alguns países seja necessária a prévia apreciação parlamentar para a denúncia de tratados que
versem sobre Direitos Humanos, no Brasil é cabível a denúncia e esta é ato privativo e
discricionário do Presidente da República. (art. 84, VII, CF)

Não permitem denúncia


a) Os tratados de vigência estática, pois criam situações jurídicas definitivas
b) Tratados de vigência dinâmica que contenham cláusula temporal (ou seja, que
proíbam a denúncia por certo e determinado período)
*** os tratados de vigência dinâmica com prazo indefinido comportam a denúncia
unilateral, já que nenhum tratado é perpétuo.

Como praxe, no Brasil, a incorporação de qualquer


tratado internacional respeita quatro etapas básicas: assinatura, aprovação pelo Congresso
Nacional (Decreto legislativo é editado pelo Senado, autorizando a ratificação), ratificação e
promulgação (decreto presidencial). O STF consolidou entendimento da necessidade de
promulgação.

Incorporação de ATOS UNILATERAIS – Resoluções obrigatórias do Conselho de Segurança das


Nações Unidas:

"O Brasil tem incorporado ao direito interno as resoluções obrigatórias do Conselho por meio de
decreto presidencial, fundado no artigo 84, IV, da Constituição Federal. Não ocorre a participação
do Congresso, nem mesmo tópica, no processo de incorporação." (DROUBI, 2006, p.251)

Ratificação Imperfeita: Convenção Viena Tratados

Há a possibilidade excepcional de o Estado invocar direito interno seu para inadimplir um


tratado, por força dos artigos 27 e 46 do CVDT/1969 (Convenção de Viena sobre o
Direito dos Tratados). Conforme a doutrina, trata-se da RATIFICAÇÃO IMPERFEITA.
Ratificação imperfeita é aquele tratado que afronta a ordem jurídica interna do Estado que
o celebra, trazendo normas à revelia de seu direito interno. Exemplo: um tratado aprovado
sem a participação do Congresso Nacional.
A Convenção de Viena, em relação a essa possibilidade, dispõe que os Estados não
podem se eximir do compromisso alegando problema com seu ordenamento jurídico
interno. Em seguida ela anuncia as exceções: a menos que seja uma regra de primeira
grandeza, uma regra constitucional. Não pode ser uma regra regimental, como falta
de quórum. E tem que ser algo tão manifesto e evidente em relação à afronta ao
Direito Interno que não pudesse passar despercebido pelo Estado. Mesmo que o
quórum esteja na Constituição Brasileira, não é uma regra substantiva, material, mas
procedimental.
Artigo 27: Uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno para
justificar o inadimplemento de um tratado. Esta regra não prejudica o artigo 46.
Artigo 46: 1. Um Estado não pode invocar o fato de que seu consentimento em obrigar-se
por um tratado foi expresso em violação de uma disposição de seu direito interno sobre
competência para concluir tratados, a não ser que essa violação fosse manifesta e
dissesse respeito a uma norma de seu direito interno de IMPORTÂNCIA
FUNDAMENTAL.
RESERVAS

“reserva” significa uma declaração unilateral, qualquer que seja a sua redação ou
denominação, feita por um Estado ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou
a ele aderir, com o objetivo de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições
do tratado em sua aplicação a esse Estado;" Não é necessário que a reserva venha
expressamente chamada de reserva.

Segundo Paulo Henrique Gonçalves Portela, as reservas são classificadas em


exclusivas e interpretativas.
As reservas exclusivas são aquelas que excluem para o Estado os efeitos de certas
cláusulas do tratado.
As interpretativas são aquelas pelas quais um Estado, ao manter um compromisso
com determinadas cláusulas de um tratado, estatui explicitamente como esses
dispositivos devem aplicar-se a seu respeito.

Exemplo de reservas exclusivas são aquelas formuladas pelo Brasil no tocante à


Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969, de acordo com as quais o
Brasil deixou de ter obrigações no tocante aos artigos 25 e 66.
O Estado brasileiro não reconhece a possibilidade de aplicação
provisória de um tratado porque fez reserva a esse respeito. Em relação à
Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, o Brasil fez algumas
reservas: Arts. 25 e 66. O art. 25 fala da aplicação provisória de tratados. E
o art. 66 refere-se à solução pacífica de controvérsias a serem dirimidas
pela Corte Internacional de Justiça

Exemplo de reserva interpretativa é aquela formulada pelo Brasil no tocante aos artigos
43 e 48, "d", do Pacto de São José, segundo a qual o governo brasileiro entende que o
direito de a Comissão Interamericana de Direitos Humanos obter informações do Estado
Brasileiro no tocante ao cumprimento de tratado em apreço " não incluem o direito
automático de visitas e inspeções in loco da Comissão Interamericana de Direitos
Humanos, as quais dependerão da anuência expressa do Estado.

A reserva é também conhecida com " salvaguarda"

No tocante à questão : A reserva pode ser formulada em qualquer momento do


processo de elaboração de um tratado. Entretanto, dependendo da etapa em que esse
ato é praticado, só poderá gerar efeitos dentro das condições que o próprio texto do
acordo estabelecer a respeito, relativas tanto à possibilidade de haver reservas como ao
procedimento cabível.
Erro da questão=> afirmar que as declarações interpretativas somente podem ser
apresentadas no momento da assinatura, ratificação, aceitação ou aprovação de tratado
ou de adesão a tratado. Isso vale apenas para as reservas. Conforme, também afirmado
pelo colega ( I Kant) , segundo Paulo Henrique Portela,
"A hermenêutica dos atos internacionais também deverá levar em conta acordos
posteriores, relativos à interpretação do tratado ou à aplicação de suas disposições e
práticas seguidas posteriormente na aplicação do tratado, pelas quais se fixe um
consenso das partes relativo a sua interpretação."
Reservas --> na assinatura, na ratificação ou na aprovação
Interpretação --> a qualquer tempo: na assinatura, na ratificação, na aprovação ou na
vigência

EXTRADIÇÃO

Precisa de tratado de extradição?


Não necessariamente. É verdade que em regra a extradição fundamenta-se na existência de
tratado entre o Estado solicitante e o solicitado. Entretanto é possível que, não existindo tratado
de extradição entre os Estados partes, o Estado solicitante apresente ao solicitado “promessa de
reciprocidade” ou “reciprocidade”, cuja aceitação é ato discricionário do Estado solicitado.
PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado. 2014. P. 338

Tratado em matéria de Lei Complementar:


Em regra, tratados internacionais ingressam no ordenamento jurídico pátrio no mesmo plano de
validade que as leis ordinárias. Tratados não são aptos a regular matéria própria de lei
complementar.

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Direito Ambiental

AULA 01 – CONSTITUIÇÃO E PRINCÍPIOS:

Pode-se afirmar que o Direito Internacional Ambiental tem como fonte normativa os
seguintes documentos internacionais, quais foram aprimorando-se ao passar dos anos:

a) DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO (1972), baseada em 23 princípios, qual passou a


influenciar os ordenamentos internos dos Estados. Apesar de uma visão antropocêntrica,
voltada para manutenção da vida humana, trouxe a necessidade da preocupação com o
Meio Ambiente. No mesmo ano foi criada a UNEP (UN Environment Programme –
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), bem como a publicação do livro
“OS LIMITES DO CRESCIMENTO” que modelou as consequências do crescimento
rápido da população mundial considerando os recursos naturais limitados.
b) RELATÓRIO BRUNDTLAND (1987) que foi o documento intitulado “Nosso Futuro
Comum” pelo qual a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ONU)
disseminou a ideia de DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.
c) RIO 92 (1992) foi a Conferência da ONU, realizada no Rio de Janeiro, cujo objetivo foi
debater o cenário ambiental global, centralizando suas discussões no conceito de
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. No mesmo evento foi realizada a CONVENÇÃO
DA BIODIVERSIDADE, cujo objetivos foi a conservação da biodiversidade, o uso
sustentável de seus componentes e a divisão equitativa e justa dos benefícios gerados
com a utilização de recursos genéticos. Ainda, a Convenção-quadro das Nações Unidas
sobre a Mudança do Clima, também conhecida como UNFCCC, é um tratado
internacional resultante da Conferência que tinha por objetivo a estabilização da
concentração de gases do efeito estufa na atmosfera.
d) RIO +10 (2002) foi a Conferência da ONU, realizada em Johanesburgo, passou a
discutir a aplicação das soluções propostas na Rio 92 também pelos cidadãos.
e) RIO +20 (2012) foi a Conferência da ONU, realizada no Rio de Janeiro, e teve dois
temas principais, sendo: A economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e
da erradicação da pobreza; e A estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável.
f) AGENDA 2030 (2015) é um plano global da ONU para atingirmos em 2030 um mundo
melhor. Ela prevê os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Igualmente,
g) ACORDO DE PARIS (2015) (COP 21) é a proposta da ONU, sob a Convenção-quadro
das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, cujo objetivo é de manter o aumento da
temperatura do planeta abaixo dos 2º C, comparada a temperatura média da era pré-
industrial com a redução dos gases de efeito estufa.
h) ACORDO DE ESCAZÚ (2018) é um tratado regional assinado por 24 nações latino-
americanas e caribenhas sobre os direitos de acesso à informação sobre o meio
ambiente, participação pública na tomada de decisão ambientais, justiça ambiental e
sustentabilidade.
i) COP 27 (2022), realizada no Egito, com o principal objetivo de reiteração e cumprimento
dos compromissos fixados anteriormente e das metas de redução da emissão de gases
do efeito estufa.

No âmbito interno brasileiro, a influência desses documentos decorre da equiparação de


tratados internacionais de direito ambiental à normas com status supralegal e/ou
constitucionais de Direitos Humanos, nos termos da decisão proferida pelo STF na ADPF
708.

FASES DO DIREITO AMBIENTAL NO DIREITO BRASILEIRO: No ordenamento interno, a


legislação ambiental evoluiu na medida que se ampliou a preocupação internacional com
a necessidade de tutela do equilíbrio ambiental e dos direitos gerações presentes e das
futuras.

Para o jurista HERMAN V. BENJAMIN a evolução é marcada por 3 (três) fases:


a) EXPLORAÇÃO DESREGRADA: marcada pela omissão legislativa, onde eventuais
conflitos ambientais tinham tratamento pulverizado, assistemático e interesses privados
de cunho utilitarista.
b) FRAGMENTÁRIA: já se identificava-se uma atuação legislativa com cunho
protecionista, marcado pelo Código Florestal (1965); Lei de Responsabilidade por Danos
Nucleares (1967); Lei do Zoneamento Industrial nas Áreas Críticas de Polução (1980); e
Lei do Agrotóxico (1989). Não havia uma visão completa e sistêmica da proteção
ambiental.
c) HOLÍSTICA: inaugurada com a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei
6.938/81), por meio da qual o ambiente passa a ser protegido de maneira integral, vale
dizer, como sistema ecológico integrado e com autonomia valorativa.

Já para SARLET e FENSTERSEIFER, descrevem que a evolução da legislação ambiental


brasileira também comporta três fases, porém divide-as em:
a) FRAGMENTÁRIA-INSTRUMENTAL: compreende todo o período que antecede a
Política Nacional do Meio Ambiente, já que antes não existia um sistema normativo
ecológico estruturado.
b) SISTEMÁTICO-VALORATIVA: representa o marco inaugural do Direito Ambiental
brasileiro, estabelecendo os delineamentos normativos gerais a respeito da proteção
jurídica do meio ambiente, seus objetivos, princípios e instrumentos gerais. A Lei da Ação
Civil Pública (Lei 7.347/85) também está estabelecida neste marco.
c) CONSTITUCIONALIZAÇÃO: iniciou-se com a promulgação da Constituição Federal de
1988, qual alçou o meio ambiente como categoria de direito fundamental.

HIGHLIGHTS INTRODUTÓRIOS: Cada vez mais tem se reconhecido o Direito Ambiental


como um direito autônomo e específico, não mais vinculados apenas aos interesses
humanos (antropocêntrico), mas passando a uma visão ecocêntrica.

a) Conselho de Direitos Humanos da ONU (2021) reconhece que o meio ambiente limpo,
saudável e sustentável é um DIREITO HUMANO.
b) CIDH (Opinião Consultiva OC 23/17): interdependência entre direitos humanos, MA e
desenvolvimento sustentável.
c) STF: Tratados sobre dir. ambiental = tratados de direitos humanos (supralegalidade/
constitucionalidade e controle de convencionalidade/ constitucionalidade (ADPF 708).

CONSTITUIÇÃO AMBIENTAL: também chamado de ecológico, surge com o fim de deixar


a análise antropocêntrica do Direito Ambiental passando para ver o Meio Ambiente como
um fim em si mesmo, ainda que de forma não consolidada.

Também, esclarece que o Direito Ambiental não fica restrito apenas ao ambiente
ecológico (natureza, florestas etc.), mas também ao meio ambiente cultural, artificial, do
trabalho etc. O equilíbrio ambiental, embora não previsto no rol do art. 5º da CF, também
é considerado fundamental (art. 225, CF), sendo reconhecida a sua aplicabilidade
imediata, estando inserido no direito de 3ª dimensão: fraternidade e solidariedade.

O direito ao meio ambiente equilibrado possui dupla função, sendo a de DEFESA,


impedindo que o Estado impacte, de forma desproporcional, o Meio Ambiente, como uma
forma de proteção de eventual abuso Estatal, bem como a PRESTACIONAL, como um
dever legal de proteção (positiva) ao Meio Ambiente por parte do Estado, sendo um dever
de ação, qual permite um controle judicial de políticas públicas ambientais.

Na Constituição Federal, temos o Direito Ambiental inserido nos seguintes artigos, quais
recomenda-se a memorização: arts. 20-24 e 30 (competência ambiental, inclusive dos
Municípios), art. 170 (equilíbrio entre ordem econômica e proteção ao meio ambiente), art.
176, 215-216-A (patrimônio histórico, artístico etc.), art. 225 (direito fundamental ao meio
ambiente), arts. 231-232 (proteção dos índios).

Importante também é a novidade promovida por meio da EC 123/22 – cairá na prova –


constitucionalizando o REGIME FISCAL FAVORECIDO para os biocombustíveis
destinados ao CONSUMO FINAL, por meio de LEI COMPLEMENTAR, tributando inferior
a incidente sobre os fósseis.

DIREITO ANIMAL: é a proteção aos animais, quais, cada vez mais, tem-se reconhecido o
seu valor intrínseco. É a sua dignidade própria, com o fim em si, e intrínseca, para além
das ideias de Kant, qual tornava o ser humano o foco de proteção. Ampliou-se o conceito
de dignidade (ecológica). Há, inclusive discussão acerca de personalidade jurídica ou
judiciária para os animais (também aos rios, florestas etc.).

Além disso, o valor intrínseco do animal foi reconhecido na Constituição (vedação ao


tratamento cruel aos animais) e jurisprudência, assim como na Convenção sobre
Diversidade Biológica da ONU (1992). Isso faz com que o STF tenha tomado algumas
decisões que encontram equilíbrio entre direitos conflitantes (religião, economia, cultura
etc.).

Como exemplo da vedação à crueldade contra animas, temos os seguintes precedentes:


a) Rinha de galo: ADI 2776; ADI 1856; ADI 2514.
b) Farra do boi: RE 153531.
c) Vaquejada: ADI 4983. – Houve reação legislativa (backlash) que movimentou o CN a
aprovar a EC 96/16 (art. 225, §7º, CF).

Em outras decisões, o STF se manifestou sobre outros pontos, sendo:


a) Sacrifício de Animais em Rituais Religiosos: Desde que não haja maus tratos (a morte
em si não é considerada maus tratos), o STF declarou a constitucionalidade (RE
494601/RS).
b) Uso de Animais para Testes: o STF declarou a constitucionalidade de lei estadual que
proíbe o uso de animais para teste de produtos de beleza, higiene e limpeza (ADIs 5995 e
5996).
c) Abate de Animais em Situação de Maus Tratos: o STF declarou inconstitucional o abate
(ADPF 640 MC-Ref/DF).
d) Proibição de caça por lei estadual (exceto caça de controle e científica (permitida pela
Lei 5197/67)): o STF declarou constitucional (ADI 350).

Já o STJ reconheceu a dignidade própria do Meio Ambiente e do animal, reconhecendo


seu valor intrínseco e fim em si mesmo, inclusive limitando os direitos dos seres humanos
(Resp 1797175/SP).

PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL: são diversos os princípios, mas abaixo são


alguns dos mais importantes.
1) SUSTENTABILIDADE (OU DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL):
inicialmente, extrai-se que a ideia de sustentabilidade teve seu conceito extraído por meio
do relatório Bruntland (1987), embora já houvesse discussões anteriores.

No ordenamento interno é possível extrair esse princípio dos arts. 170 e 225 da
Constituição Federal (implícito). Alguns autores reconhecem que se trata de um direito
fundamental e há previsão legislativa expressa.

A ideia principal é reconhecer um equilíbrio intertemporal e intergeracional (não esgotar os


recursos de forma a impedir o gozo das gerações futuras). Hoje o conceito de Amartya
Sen em que se fala em expansão das liberdades e capacidades.

Fala-se em uma integração do Meio Ambiente ao conceito de desenvolvimento com base


em 3 (três) pilares integrados: ambiental, social e econômico. Igualmente reconhecida a
sustentabilidade na Agenda 2030. O Crescimento qualitativo passa a ter prioridade sobre
o crescimento quantitativo.

Corolário do princípio da sustentabilidade é o princípio da Equidade intergeracional


(justiça entre gerações).

2) FUNÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA PROPRIEDADE:


Parte-se da ideia do princípio da função social da propriedade, qual informa que a
propriedade não é um fim em si mesmo (direito meio, instrumental), pois há necessidade
de se adequar à sua função social, implicando, assim, em direitos e obrigações ao seu
titular. A esta mudança de pensamento “patrimonialista”, Fachin o chama de “virada de
Copérnico” (constitucionalização do Direito Civil).

Este princípio pode ser extraído do art. 5º, inciso XXIII; art. 170, inciso III; art. 182*, § 2º
(função socioambiental urbana); e art. 186* (função socioambiental rural) da Constituição
Federal. Além disso, em normas infraconstitucionais esse princípio é extraído do art.
1.228, § 1º, do Código Civil (atendimento normas ambientais no direito de propriedade).

Deve haver atenção a esses artigos, principalmente os grifados, pois prevê a


possibilidade de desapropriação sanção (pagamento por títulos da dívida), inclusive
quando não forem cumpridas as normas de proteção ambiental (exploração de recursos
naturais de forma irracional).

Este princípio vai além do mero “não poluir”, pois existem uma trindade de deveres:
defender, reparar e preservar (Herman Benjamin). Além disso, é uma obrigação real
(propter rem), pacificado por meio do enunciado 623 das súmulas do STJ, transferindo a
obrigação de reparar o dano ambiental com a propriedade (possibilidade de ação de
regresso).

3) POLUIDOR-PAGADOR:
Princípio condutor do direito ambiental, que objetiva internalizar no processo produtivo ao
custo do produtor/ explorador de recursos naturais (bens comuns da coletividade) os
custos externos (chamadas externalidades negativas), como a poluição.

Tem-se como fundamento uma compensação pelo dano causado pela atividade
econômica, qual, por sua vez pode causar impacto à comunidade subjacente, havendo a
necessidade de retribuir pela exploração causadora de impacto ambiental. A maior
externalidade negativa é a mudança climática.

Foi reconhecido na Convenção da ONU (RIO 92) por meio do seu princípio 16, bem
como, antes disso, por meio da Lei 6.938/81 (PNMA), no seu art. 4º, inciso VII.

Este princípio deve ser interpretado de forma a buscar mitigar os impactos causados pela
exploração econômica ambiental, não sendo correto afirmar que há uma liberação de
poluição pelo simples fato de pagarem determinada quantia.

O STJ possui entendimento firme que a poluição ambiental está inserida na


responsabilidade civil pelo risco integral, cuja responsabilidade é feita de forma objetiva,
bem como há uma inversão do ônus da prova.

Decorrente do presente princípio, temos o chamado princípio do PROTETOR-


RECEBEDOR, com previsão na Lei 12.305/10 (Lei de Resíduos Sólidos), em seu art. 6º,
inciso II, também conhecido como PROVEDOR-RECEBEDOR, com previsão na Lei
14.119/21, em seu art. 5º, inciso I (Política Nacional de Pagamento de Serviços
Ambientais). Trata-se uma forma de fomento àquele(s) que adotam medidas sustentáveis
favoráveis (positivas) ao meio ambiente (serviços ecossistêmicos). É a chamada
SANÇÃO PREMIAL.

Outro princípio também relacionado está o USUÁRIO-PAGADOR, com previsão na Lei


6.938/81 (PNMA), em seu art. 4º, inciso VII, pelo qual se exige o consumo sustentável e
que os usuários sejam obrigados a pagar pelo impacto que o produto gera ao Meio
Ambiente (taxação a maior de produtos com maior impacto ambiental).

4) PREVENÇÃO E PRECAUÇÃO:
Trata-se de princípio que visa evitar o dano (antecedente). A PREVENÇÃO relaciona-se
ao risco certo e comprovado, de forma que se verifica o perigo concreto da referida
atividade, bem como evitar o dano. Já a PRECAUÇÃO, relaciona-se ao risco incerto e
dano provável (verossímil), cujo perigo verificado é abstrato, com incerteza científica,
porém com indícios de causalidade.

Foi previsto na Convenção da ONU (RIO 92) em seu princípio 15, no sentido que a
incerteza científica não impede a adoção de medidas para controlar e/ou banir o dano
ambiental (aplicado ao gás do xisto betuminoso pelo TRF4). Também se aplica a inversão
do ônus da prova.

Com base nesse princípio (precaução), o STF decidiu sobre a exposição humana a
campos eletromagnéticos, reconhecendo que não pode gerar paralisia em toda e
qualquer atividade, nem resultar de temor infundado. Há proporcionalidade das medidas a
serem adotadas (RE 627189/SP) – ler ementa.

Igualmente, o STF determinou a suspensão de atividades de mineração por inícios de


danos graves (STF, SL 933 ED/PA).

No mesmo sentido, decidiu o STF que a dispersão de inseticida por aeronave para
combate ao mosquito Aedes Aegypti exige prévia aprovação das autoridades sanitárias
ambientais e comprovação da eficácia (STF, ADI 5592).

É uma análise custo-benefício com base no princípio da proporcionalidade.

5) PARTICIPAÇÃO, INFORMAÇÃO E ACESSO À JUSTIÇA:


A doutrina costuma abordar esses três princípios em conjunto porque são as três formas
de tratamento de questões ambientais (pilares) que foram trazidas na RIO 92 por meio do
princípio 10.

Pelo princípio 10 da RIO 92, entende-se que a melhor forma de lidarmos com as questões
ambientais é assegurando:

a) participação da tomada de decisão ambiental;

b) o acesso a informação (transparência) ambiental; e

c) acesso à justiça (administrativa e jurisdicional).

No âmbito Europeu foi desenvolvido por meio da Convenção de Aahrus (1998) e no


âmbito latino-americano pelo Acordo de Escazú (2018), este ainda não ratificado/
internalizado pelo Brasil, porém, já reconhecido pelo STJ no Resp 1.857.098/MS (tratou
sobre acesso a informação).

No ordenamento interno, destaca-se a Lei 10.650/03, sobre acesso a informações


ambientais. Inclusive, é anterior a Lei de Acesso a Informação (passiva, ativa e reativa).

Outras formas de concretização se dão por meio de Audiências Públicas; participação de


entidades da sociedade civil no CONAMA (importante para a criação de normas
ambientais); o RIMA de forma a tornar transparente o estudo de impacto ambiental; a
obrigação de rotulagem de agrotóxicos e transgênico; e o consentimento prévio informado
(Lei 13.123/15, art. 9º).

Importante também acompanhar a ADPF 623 acerca do Decreto 9.806/19 que reduziu a
participação da Sociedade Civil no CONAMA e aumentando a participação do governo
federal. Antes do decreto, havia uma votação entre as entidades ambientalistas e era
escolhida a entidade mais representativa para compor o CONAMA. Após o decreto, a
composição era por meio de sorteio, podendo eleger uma entidade menos representativa.
Atualmente está com eficácia suspensa em decisão liminar.
Nesse sentido, já decidiu o STF (ADPF 651/DF) que são inconstitucionais as normas que,
a pretexto de reestruturarem órgãos ambientais, afastam a participação da sociedade civil
e dos governadores.

6) VEDAÇÃO AO RETROCESSO:
Também denominada non cliquet ou efeito cliquet (efeito catraca) pelo qual, uma vez
reconhecido um direito ambiental, não mais pode regredir e extirpar sua aplicabilidade e
vigência. É o efeito da PROGRESSIVIDADE DOS DIREITOS SOCIAIS, reconhecido na
Convenção Americana de Direitos Humanos, Protocolo de San Salvador/ 1988; e no
Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966).

Aplica-se tanto ao retrocesso fático, quanto ao normativo; em sua perspectiva material e


formal (procedimental). Também está relacionado à Melhoria Ambiental (art. 2º da Lei
6.938/81 – leitura obrigatória).

O STJ reconheceu este princípio (REsp 769.753/SC) ao exigir a desocupação e a


recuperação de uma área de preservação permanente irregularmente ocupada,
independentemente de a área já estar previamente degradada. Não se pode degradar
ainda mais, independente da situação irregular dos demais.

Já o STF interpretou este princípio de forma mais branda. Esse princípio não se sobrepõe
ao princípio democrático (representantes eleitos). As alterações legislativas, ainda que
prejudiciais ao meio ambiente em relação à legislação revogada, não implicam
necessariamente violação ao art. 225 da CF. Não pode transferir ao Judiciário funções
inerentes aos demais poderes (STF, ADC 42, ADI 4901, 4902, 4903 e 4937).

Em outra decisão, o STF entendeu a impossibilidade de diminuição ou supressão de


espaços especialmente protegidos por medidas provisórias. Não deve ser atingido o seu
núcleo essencial. (ADI 4717/DF)

7) IN DUBIO PRO NATURA:


Em havendo pluralidade de sentidos possíveis, deve-se escolher o que melhor garanta os
processos ecológicos essenciais e a biodiversidade (Benjamin).

No caso de queima de palha de cana-de-açúcar, o STF afastou a tese que as regras mais
favoráveis sempre irão prevalecer (RE 586.2244/SP). Nesse caso, entendeu-se que a Lei
Estadual, que previa um abandono gradual, prevalece sobre a legislação municipal de
Paulínia (SP), que proibia a prática da queima

AULA 03 – DIREITO ECONÔMICO AMBIENTAL:

Sabe-se que a natureza está intimamente ligada ao desenvolvimento econômico, qual


sempre vem relacionado a questões como a exploração de recursos naturais, bem como
a de impactos ambientais de todas as formas, como a abertura de áreas para extração de
recursos, dentre outros. A preocupação da proteção da natureza sempre vem em conjunto
com o desenvolvimento socioeconômico (art. 170, VI, CF).
Há, nesse aspecto, diversas abordagens econômicas do meio ambiente e do direito
ambiental, sendo alguns mais privatistas e outros mais ambientalistas, qual, de maneira
geral, pode-se citar a ECONOMIA AMBIENTAL e a ECONOMIA ECOLÓGICA:

1) ECONOMIA AMBIENTAL:
Neste aspecto, busca-se pela VALORIZAÇÃO MONETÁRIA da natureza, como um
recurso econômico ou voltada para fins econômicos. Essa abordagem tem relação ao
chamado “free-market environmentalists”, em tradução livre ambientalistas do livre
mercado, quais pregam a PRIVATIZAÇÃO DOS BENS AMBIENTAIS, justificando que o
proprietário irá buscar a proteção do seu espaço ecológico (por exemplo, uma floresta),
de toda e qualquer forma de degradação, ocupações, exploração etc.

Nesse sentido, dois grandes teóricos se destacaram:

a) ARTHUR PIGOU: Economista que tinha o entendimento que seria necessária a


correção das distorções do mercado pelo Estado, ou seja, o intervencionismo Estatal
(mínimo) serviria apenas para intervir regulando e corrigindo eventuais falhas do mercado
para que este funcionasse bem. É o responsável por criar a chamada “tributação
pigouviana”, sendo uma tributação extrafiscal por questões ambientais. Por esse conceito,
passaria a tributar serviços e/ou produtos diretamente proporcional ao impacto ambiental
causado à natureza.

b) RONALD COASE: Economista que defendia a atribuição de direitos de propriedade


(privatização) aos bens ambientais, estimando um valor de mercado para um recurso
ambiental, com intuito que sua proteção decorresse desse valor atribuído. A proteção
ambiental, por sua teoria, tinha como base o valor monetário que a detinha.

CRÍTICAS: É criticada pela doutrina em função de seu caráter privatista, por


desconsiderar a complexidade ecológica do meio ambiente, bem como a titularidade
comum do bem ambiental.

Ademais, a racionalidade individual é muito diferente da racionalidade coletiva, como bem


tratado por Garret Hardin em sua obra “tragédia dos comuns”. De forma resumida, a ideia
principal é justificar a regulação em questão de exploração ambiental, haja vista tratar-se
de recurso finito se explorado de forma irracional.

Ainda, critica-se também essa abordagem devido às FALHAS DE MERCADO (onde as


leis do livre mercado são ineficientes), pois constatou-se que essas autorregulações de
mercado (interesses privados) não são suficientes para a proteção ambiental. Como
exemplo, cita-se as externalidades negativas (deseconomias externas – vide aula 2, item
3), que ocorrem quando as decisões de produção e consumo afetam o bem-estar da
população local (poluição de rio, ar etc.), sem uma compensação por isso.

Além disso, temos a chamada ações coletivas, que são questões que só podem ser
resolvidas pela coletividade (interesse da coletividade), em função de não gerar lucro
suficiente ao mercado (interesse privado), como saúde pública, educação pública,
assistência social, proteção ambiental etc.

Os bens ambientais são bens comuns (de livre exploração), que podem ser explorados
por qualquer pessoa sem contraprestação, causando uma sobre-exploração, em
comportamentos denominados:

a) Free-rider (efeito carona): são aqueles em que custos ambientais são compartilhados
por toda a sociedade, ao invés de serem incorporados aos custos de produção do
explorador desses recursos, causando certo desestímulo da proteção individual;
b) Rent-seeking (caçadores de renda): designa a busca de agentes econômicos por lucro
de longo prazo, dadas às imperfeiçoes institucionais existentes. Os agentes procurarão
obter o máximo de renda possível, respeitando ou não as regras da conduta econômica e
social (descartes de lixos em área protegida, poluição de ár etc.).

Por esses aspectos, torna-se necessária a regulação estatal para evitar tais
comportamentos, bem como estimular aspectos que garantam uma efetiva proteção.

DESENVOLVIMENTO E QUALIDADE DE VIDA: Importante se faz destacar que não há


dicotomia (contradição) entre o desenvolvimento e a qualidade de vida. Há uma
integração entre eles, pois não é possível o desenvolvimento sem a proteção ambiental.
Diante disso, fala-se em desenvolvimento socioambiental.

2) ECONOMIA ECOLÓGICA:
Por esta abordagem, já se parte do pressuposto da finitude dos recursos naturais e da
interdependência entre a economia e ecossistemas, não sendo, assim, possível deixar
nas mãos do mercado a proteção ambiental.

Por essa abordagem, extrai-se a ideia da ECONOMIA VERDE (green capital), que busca
desacoplar o crescimento econômico da destruição ambiental, embora isso nem seja
possível na prática.

A Economia Ecológica tem previsão na Constituição Federal (1988), em seus arts. 170 e
225, que busca um inter-relacionamento entre economia e meio ambiente (não oposição),
que decorre o princípio da Ubiquidade (a questão ambiental está por todo lado) e da
Dignidade da Pessoa Humana (dimensão ecológica), motivo pelo qual não se mostra
possível a privatização dos recursos naturais.

INSTRUMENTOS ECONÔMICOS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL:

Refere-se a utilização, pelo Estado, de instrumentos de mercado (incentivos) para a


proteção ambiental, como benefícios fiscais, fomento etc. (sanção premial). Destaca-se
que o mercado não é livre, pois está inserido dentro da estrutura do Estado, que passa a
regular de forma mais ampla os agentes econômicos, atribuindo-lhes benefícios
econômicos, visando a proteção do meio ambiente (regulação por indução). É diferente
do chamado comando e controle, cujo descumprimento acarreta uma sanção.
Esses instrumentos estão previstos como também instrumentos da Lei 6.938/81 (PNMA),
em seu art. 9º, inciso XIII, como:

a) INCENTIVOS: como o financiamento verde (art. 12, PNMA), que se refere a


obrigatoriedade de agentes financeiros passem a exigir para a liberação de financiamento
o cumprimento de normas ambientais e licenciamento ambiental prévio, sob pena de
responsabilidade daqueles (agentes financeiros) por danos ambientais.

b) COTA DE RESERVA AMBIENTAL: Será tratado quando for estudado o Código


Florestal. Se refere a possibilidade de compensação entre propriedades ruais vizinhas se
compensarem entre si por áreas de reserva legal.

c) CONCESSÃO FLORESTAL: Prevista na Lei 11.284/06, que prevê a concessão de


florestas públicas por meio de licitação para a exploração sustentável (ente privado).

d) MERCADO DE CARBONO: Previsto na Lei 12.187/09, em seu art. 9º, com


possibilidade de monetizar eventual crédito de emissão de carbono no meio ambiente por
meio de título. Esse título poderá ser adquirido por aquele que precisa poluir mais do que
o permitido. Esse mercado estimula a inovação, com técnicas que poluam menos.

e) SERVIDÃO AMBIENTAL: Previsto na PNMA, em seus arts. 9º-A a 9º-C.

f) TRIBUTAÇÃO AMBIENTAL PIGOUVIANA (EXTRAFISCAL): Já comentado


anteriormente, item 1. Por meio da EC 123, que estabeleceu o dever constitucional de
tratamento fiscal favorecido para biocombustível para consumo final.

g) SEGURO AMBIENTAL: Previsto na PNMA.

h) PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS: Previsto na Lei 14.119/21, que será


tratado adiante (novidade).

PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS (PSA) (LEI 14.119/21):


Inicialmente, importante realizar a leitura da Lei 14.119/21 (novidade – vai cair FGV). De
forma ampla, ela trata dos seguintes assuntos:
1) PROVEDOR-RECEBEDOR: esta Lei baseia-se no princípio do PROVEDOR
RECEBEDOR e USUÁRIO-PAGADOR, tratando desse tema em seu art. 5º, inciso I.
Dessa forma, visa incentivar práticas que protegem e/ou recuperam a qualidade ambiental
(positiva).
2) COMPLEMENTARIEDADE: esta Lei é adotada em complementariedade quanto a
instrumentos de “comando e controle”, conforme disposto em seu art. 5º, inciso IV. Ou
seja, além dos incentivos (fomento), também há as chamadas sanções pelo
descumprimento.
3) ATUAÇÃO CONJUNTA ENTRE ESTADO E SOCIEDADE: Estabelece em seu art. 5º,
inciso VII, que o pagamento por serviços ambientais se requer uma atuação conjunta
entre o Estado e a Sociedade, evitando as chamadas free-riders.
4) SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS (chance de cair): segundo o art. 2º, inciso II, da Lei,
são benefícios relevantes para a sociedade gerados pelos ecossistemas, em termo de
manutenção, recuperação ou melhoria das condições ambientais (combate erosão,
manutenção do clima, chuvas etc.). É dividido entre a) serviços de provisão (água
potável); b) suporte; c) regulação; e d) culturais. NÃO CONFUNDIR COM SERVIÇOS
AMBIENTAIS.
5) SERVIÇOS AMBIENTAIS: Segundo o art. 2º, inciso IV, da Lei, são as atividades
individuais ou coletivas (humanas) que favorecem a manutenção, a recuperação ou a
melhoria dos serviços ecossistêmicos (art. 2º, IIII). O pagamento se dá apenas por
serviços ambientais (PSA).
6) PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS (PSA): nos termos do art. 2º, inciso IV,
dessa Lei, refere-se à transação de natureza voluntária, mediante a qual um pagador de
serviços ambientais transfere a um provedor desses serviços, recursos financeiros ou
outra forma de remuneração, nas condições acertadas.
7) PAGADOR: nos termos do art. 2º, inciso V, poderá ser o Poder Público; Organização
da Sociedade Civil; ou Agente Privado;
8) PROVEDOR: poderá ser pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, grupo
familiar ou comunitário que, preenchidos os critérios de elegibilidade, mantém, recupera
ou melhora as condições ambientais dos ecossistemas.
9) MODALIDADES DE PAGAMENTO: conforme art. 3º dessa Lei, o pagamento poderá
ser da seguinte forma:
a. Pagamento Direto, monetário ou não;
b. Prestação de melhorias sociais a comunidades rurais e urbanas;
c. compensação vinculada a certificação de redução de emissões por desmatamento e
degradação;
d. Títulos verdes (green bonds) – relativo a investimento de atividades sustentáveis;
e. Comodato;
f. Cota de Reserva Ambiental (CRA);
g. Outras modalidades definidas pelo órgão gestor da PNPSA.

AULA 04 – POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – SISNAMA:

A Lei 6.938/81 (PNMA) é considerada como norma que inaugurou o direito ambiental no
ordenamento interno, iniciando a fase holística/ sistemática valorativa do direito ambiental.

A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) é uma regulação do meio ambiente e um


dever de proteção ambiental que decorre das regras de matriz constitucional,
especificamente aquelas dos arts. 5º, §1º; 170, inciso VI; e 225. Tem por objetivo a
preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental aliando-se ao
desenvolvimento socioeconômico.

Todos os Poderes Públicos estão vinculados às normas definidoras de direitos


fundamentais, inclusive àquela que define o direito fundamental ao meio ambiente
equilibrado (art. 225, CF). Isso com base no art. 5º, §1º, da CF que trata sobre a
aplicabilidade imediata das normas definidoras de direitos fundamentais.

Com base nisso, há um dever Estatal de proteção ambiental (regulação e poder de


polícia) de implementação de uma Política Nacional do Meio Ambiente. Essa PNMA
instituída pela Lei 6.938/81 (regulamentada pelo Decreto 99.274/90) é anterior à
Constituição Federal de 1988, que inaugurou a fase de CONSTITUCIONALIZAÇÃO do
sistema ambiental, nos fundamentos de SARLET e FENSTERSEIFER (vide aula 1). Para
HERMAN V. BENJAMIN, a PNMA inicia a fase holística do sistema ambiental. -> LER
OBRIGATORIAMENTE A PNMA.

POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (PNMA) (LEI 6.938/81):


De forma ampla, a PNMA trouxe consigo a descentralização administrativa, a partir da
noção de um sistema de proteção ambiental, assim como a mudança no paradigma de
proteção ambiental no Brasil (fase holística), que passou do foco em recursos naturais
isolado para uma proteção integrada baseada em uma tutela focada nos ecossistemas.

Ainda, ela é aplicável não somente à União, como também aos Estados, DF e Municípios.
A autonomia legislativa dos entes está subordinada aos ditames da Lei do PNMA,
observando-se seus preceitos mínimos de proteção e a vedação de retrocesso ambiental
(princípio do non cliquet – Vide aula 2).

Ela trata dos seguintes assuntos:

1) PRINCÍPIOS DA PNMA (ART. 2º): este artigo trata, inicialmente, da finalidade precípua
(OBJETIVOS), que é a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental
propícia à vida, visando assegurar condições ao DESENVOLVIMENTO
SOCIOECONÔMICO, INTERESSES DA SEGURANÇA NACIONAL e a PROTEÇÃO DA
DIGNIDADE DA VIDA HUMANA.
Ainda, estabelece 10 princípios a serem seguidos.

2) CONCEITOS (ART. 3º): o artigo estabelece alguns conceitos a serem utilizados, dentre
os quais o de: MEIO AMBIENTE (há uma crítica, pois, a Lei deixou de lado os aspectos
sociais); DEGRADAÇÃO; POLUIÇÃO (espécie do gênero “degradação”); POLUIDOR
direto e indireto (importante destacar que o STJ entende que, mesmo havendo múltiplos
poluidores, não há litisconsórcio necessário, haja vista a responsabilidade solidária); e
RECURSOS AMBIENTAIS.

3) OBJETIVOS (ART. 4º E 5º): A legislação prescreve que a PNMA visará, como um


objetivo a ser seguido. Dentre os objetivos, estão: a SUSTENTABILIDADE, que é a
compatibilização do desenvolvimento com a preservação; a DEFINIÇÃO DE ÁREAS
PRIORITÁRIAS de atendimento pelo Poder Público; o ESTABELECIMENTO DE
CRITÉRIOS E PADRÕES DE QUALIDADE E NORMAS RELATIVAS AO USO E MANEJO
DOS RECURSOS; o DESENVOLVIMENTO DE PESQUISAS VOLTADOS AO USO
RACIONAL DOS RECURSOS; a DIFUSÃO DE TECNOLOGIAS DE MANEJO E
DIVULGAÇÃO DE DADOS (princípio da participação e informação); a PRESERVAÇÃO E
RESTAURAÇÃO DOS RECURSOS; a de RECUPERAR ÁREAS E O DO USUÁRIO
PAGADOR.

4) SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (SISNAMA) (ART. 6º A 8º): estabelece que


que são os órgãos e entidades (U, E, DF e M) responsáveis pela proteção e melhoria da
qualidade ambiental, executando e criando normas ambientais.

Dentre eles, situam-se:


ÓRGÃO SUPERIOR (conselho de governo) com função de assessorar o PR na formação
da Política Nacional e Diretrizes;

ÓRGÃO CONSULTIVO E DELIBERATIVO (Conselho Nacional do Meio Ambiente –


CONAMA) com função de assessorar, estudar e propor diretrizes e deliberar sobre
normas e padrões de qualidade (também para o SNUC), como resoluções (poder
normativo) que se aplicam a todos os entes federativos;

ÓRGÃO CENTRAL (Secretaria do MA da Presidência) com função de planejar, coordenar,


supervisionar e controlar a Política Nacional e Diretrizes;

ÓRGÃOS EXECUTORES (ICMBIO – ESTE EXCLUSIVO PARA AS UNIDADES DE


CONSERVAÇÕES FEDERAIS) com finalidade de executar a Política e Diretrizes (poder
de polícia);

ÓRGÃOS SECCIONAIS (órgãos ou entidades Estaduais) com função de execução,


controle e fiscalização;

ÓRGÃOS LOCAIS (órgãos ou entidades Municipais) com função de controle e


fiscalização;

OUTROS ENTES/ ÓRGÃOS não são impedidos da atuação de outros, como agências
reguladoras, tendo havido o reconhecimento pelo STJ no REsp 11424377 da
possibilidade da Agência Nacional do Petróleo – ANP de aplicar multa à Petrobrás, bem
como a previsto na Lei 13.515/17 acerca da participação da Agência Nacional de
Mineração, nos termos do seu art. 2º, XXII.

Em resumo, temos a) ÓRGÃO SUPERIOR; b) ÓRGÃO CONSULTIVO E DELIBERATIVO;


c) ÓRGÃO CENTRAL; e d) ÓRGÃOS EXECUTORES (três níveis). Os Estados e
Municípios poderão elaborar normas supletivas e complementares.

CONAMA: Também é tratado acerca da competência do CONAMA (órgão consultivo) no


seu art. 8º, como:
a) Normas e Critérios para o Licenciamento pelos Estados (proposta e supervisão
IBAMA);
b) Determinar Estudos de Alternativas de Projetos (públicos e privados), requisitando
(órgãos F, E, DF e M) informações;
c) Determinar (representação Ibama) perda e restrição de benefícios fiscais e/ou perda ou
suspensão de financiamentos;
d) Estabelecer (privativamente) normas e padrões de polução de transporte mediante
audiência dos Ministérios competentes;
e) Estabelecer normas, critérios e padrões relativo à manutenção da qualidade ambiental.

Salienta-se que o CONAMA, em relação às suas Competências sua composição é tratada


por meio do Decreto 99.274/90, especificamente em seus arts. 4º a 6º-B, e arts. 8º e 11.

Houve a alteração da sua composição originária (reduz a participação da Sociedade Civil


e a participação dos entes ambientalistas por meio de eleição, pelo qual haveria a
possibilidade de redução da sua representatividade) por meio do Decreto 9.806/19, sobre
a qual foi ajuizada a ADPF 623, havendo a liminar para sustar os seus efeitos quanto à
composição do Conama. Ainda pendente de julgamento.

Salienta que o CONAMA não tem poder de polícia e nem de fiscalização, sendo a sua
principal atuação com seu poder normativo, com caráter apenas regulamentar, vinculando
Estados e Municípios, inclusive relativos às normas para EIA/RIMA e licenciamento.

Quanto às chamadas “desregulação ambiental” pelo CONAMA, o STF, por meio das
ADPFs 747,748 e 749 julgou inconstitucionais as normas que visavam revogar algumas
outras normas operacionais fixadoras de parâmetros mensuráveis necessárias ao
cumprimento da legislação ambiental.

5) INSTRUMENTOS DA PNMA (SISNAMA) (ART. 9): prevê diversos instrumentos de


regulação ambiental, inclusive econômicos como a concessão florestal, servidão
ambiental, seguro ambiental.

6) SERVIDÃO AMBIENTAL (ART. 9-A A 9-C): trata-se de limitação voluntária da


propriedade, em caráter temporário ou perpétuo, de forma onerosa ou gratuita, por
instrumento público ou particular, firmado perante órgão dos Sisnama para sua
preservação, conservação ou recuperação dos recursos ambientais. Tal servidão não se
aplica à Área de Proteção Permanente ou à Reservas Legais.

EM RESUMO: Servidão Ambiental (particular) (mínimo 15 anos):


1 – Espécie de Servidão Administrativa;
2 – Registrada no CRI;
3 – Temporária ou permanente;
4 – Total ou parcial – no mínimo igual à área de RL;
5 – Mediante instrumento público ou particular ou, ainda, por termo administrativo;
6 – Prazo mínimo de 15 anos (instituídas após o Novo Código Florestal – até perpétua);
7 – Vedada a instituição nas áreas de preservação permanente ou reserva legal;
8 – O detentor pode aliená-la, cedê-la ou transferi-la, total ou parcialmente, por prazo
certo ou em caráter definitivo (contrato averbado no CRI);
9 – Pode ser gratuita ou onerosa.
7) LICENCIAMENTO (ART. 10 A 12): estabelece a necessidade de prévio licenciamento
ambiental para atividades que possam (efetiva ou potencialmente) poluir e/ou causar
degradação ambiental. Deverá ainda ser dado transparência (publicado em jornais ou
meios eletrônicos).

As entidades e órgãos de financiamento e incentivos governamentais condicionarão a


aprovação ao cumprimento das normas, critérios e padrões estabelecidos pelo Conama.

8) REGULAÇÃO POR INCENTIVO (ART. 13): vide aula 3 – é o incentivo governamental


direcionada às atividades voltadas ao Meio Ambiente.

9) RESPONSABILIDADE (ART. 14 A 15): Além das penalidades previstas em legislação


Estadual e/ou Municipal, o descumprimento acarretará ao transgressor: a) multa de 10
(dez) a 1000 (mil) ORTNs; b) perda ou restrição de incentivos fiscais, participação em
linhas de crédito; c) suspensão de atividade.

Por jurisprudência firme do STJ e STF, em razão do princípio da legalidade e da


tipicidade, o IBAMA não poderá impor multa com base em infração descrita APENAS EM
PORTARIA. Isso porque somente lei em sentido formal e material pode descrever infração
e impor sanções.

Além das penalidades previstas, o poluidor é obrigado (objetivamente) a indenizar ou


reparar os danos causados ao meio ambiente e terceiros. Eventual erro na concessão de
licença ambiental não configura fato de terceiro capaz de interromper o nexo causal na
reparação por lesão ao meio ambiente: Os danos ambientais são regidos pela teoria do
risco integral.

RESPONSABILIDADE POR DANOS AMBIENTAIS


Responsabilidade Civil Responsabilidade Administrativa Responsabilidade Penal
Objetiva Subjetiva Subjetiva
§ 1º do art. 14 da Lei Caput do art. 14 da Lei 6.938/81. É vedada a responsabi- 6.938/81
lidade penal objetiva

10) INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE (IBAMA) (ART. 17): menos


importante.

11) TAXA DE CONTROLE DE FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL (TCFA) (ART. 17-A A 17-Q):


taxa instituída pela União com base no art. 145 da CF no exercício do Poder de Polícia
Ambiental. Outros entes também podem criar suas taxas (TCFA), quando há competência
comum, não implicando em bis in idem.

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