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o imóvel vinculado ao Sistema Financeiro de Habitação deve ser tratado como bem
público, porque está afetado à prestação de serviço público, sendo, assim,
imprescritível (STJ. Terceira Turma. Resp. 1874632/AL. Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
25/11/2021).
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Direito Internacional
Atualmente a imunidade de jurisdição dos Estados Estrangeiros não são absolutas. As jurisprudência
nacional tem sido no sentido de avaliar a natureza dos atos praticados por um EI para que se possa
responsabilizá-lo. Os atos podem ser de gestão ou de império, os primeiros não são dotados
de soberania, colocam o estado em pé de igualdade com a pessoa com quem se relaciona, a exemplo
de um contrato de compra e venda, e por isso, os atos de gestão não gozam de imunidade
jurisdicional, mas os de império sim, por traduzir a sobernia do ente estatal. Mas pode os atos
de império serem colocados a par da apreciação judicial brasileira? pode, se expressamente
consentido pelo EI. Por isso dizemos que a teoria da imunidade de jurisdição é relativa.
Imunidade de jurisdição:
Estados possuem automaticamente
Organizações Internacionais só possuem quando prevista em tratado internacional
ESTADOS
Imunidade de Jurisdição:
- Atos de Império (Guerra/ diplomacia): Sim (não é automático, o Estado é notificado antes, para dizer se
renuncia).
Imunidade de Execução:
Absoluta
STJ: Estado Estrangeiro possui imunidade tributária, mas não abrange taxas (Mas
não poderá ser executado – Imunidade de Execução continua).
ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL
Fundamento: A disposição expressa do Tratado que pode prever ou não a imunidade. Deve ser analisado
caso a caso.
Caso da ONU: Imunidade Absoluta (Jurisdição (todos os atos) + Execução). (STF: Inclusive para causas
trabalhistas.)
TRATADOS INTERNACIONAIS
Tratando-se de tratado aprovado por quórum NÃO qualificado, não terá status de emenda
constitucional (art. 5º, §3º, da CF), assim poderá ser DENUNCIADO. DENÚNCIA:
Quando um Estado não almeja mais se vincular a um Tratado Internacional, a
regra é que ele denuncie esse tratado, ou seja, o Estado COMUNICA aos demais
pactuantes que o tratado não vale mais para si.
"O Brasil tem incorporado ao direito interno as resoluções obrigatórias do Conselho por meio de
decreto presidencial, fundado no artigo 84, IV, da Constituição Federal. Não ocorre a participação
do Congresso, nem mesmo tópica, no processo de incorporação." (DROUBI, 2006, p.251)
“reserva” significa uma declaração unilateral, qualquer que seja a sua redação ou
denominação, feita por um Estado ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou
a ele aderir, com o objetivo de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições
do tratado em sua aplicação a esse Estado;" Não é necessário que a reserva venha
expressamente chamada de reserva.
Exemplo de reserva interpretativa é aquela formulada pelo Brasil no tocante aos artigos
43 e 48, "d", do Pacto de São José, segundo a qual o governo brasileiro entende que o
direito de a Comissão Interamericana de Direitos Humanos obter informações do Estado
Brasileiro no tocante ao cumprimento de tratado em apreço " não incluem o direito
automático de visitas e inspeções in loco da Comissão Interamericana de Direitos
Humanos, as quais dependerão da anuência expressa do Estado.
EXTRADIÇÃO
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Direito Ambiental
Pode-se afirmar que o Direito Internacional Ambiental tem como fonte normativa os
seguintes documentos internacionais, quais foram aprimorando-se ao passar dos anos:
a) Conselho de Direitos Humanos da ONU (2021) reconhece que o meio ambiente limpo,
saudável e sustentável é um DIREITO HUMANO.
b) CIDH (Opinião Consultiva OC 23/17): interdependência entre direitos humanos, MA e
desenvolvimento sustentável.
c) STF: Tratados sobre dir. ambiental = tratados de direitos humanos (supralegalidade/
constitucionalidade e controle de convencionalidade/ constitucionalidade (ADPF 708).
Também, esclarece que o Direito Ambiental não fica restrito apenas ao ambiente
ecológico (natureza, florestas etc.), mas também ao meio ambiente cultural, artificial, do
trabalho etc. O equilíbrio ambiental, embora não previsto no rol do art. 5º da CF, também
é considerado fundamental (art. 225, CF), sendo reconhecida a sua aplicabilidade
imediata, estando inserido no direito de 3ª dimensão: fraternidade e solidariedade.
Na Constituição Federal, temos o Direito Ambiental inserido nos seguintes artigos, quais
recomenda-se a memorização: arts. 20-24 e 30 (competência ambiental, inclusive dos
Municípios), art. 170 (equilíbrio entre ordem econômica e proteção ao meio ambiente), art.
176, 215-216-A (patrimônio histórico, artístico etc.), art. 225 (direito fundamental ao meio
ambiente), arts. 231-232 (proteção dos índios).
DIREITO ANIMAL: é a proteção aos animais, quais, cada vez mais, tem-se reconhecido o
seu valor intrínseco. É a sua dignidade própria, com o fim em si, e intrínseca, para além
das ideias de Kant, qual tornava o ser humano o foco de proteção. Ampliou-se o conceito
de dignidade (ecológica). Há, inclusive discussão acerca de personalidade jurídica ou
judiciária para os animais (também aos rios, florestas etc.).
No ordenamento interno é possível extrair esse princípio dos arts. 170 e 225 da
Constituição Federal (implícito). Alguns autores reconhecem que se trata de um direito
fundamental e há previsão legislativa expressa.
Este princípio pode ser extraído do art. 5º, inciso XXIII; art. 170, inciso III; art. 182*, § 2º
(função socioambiental urbana); e art. 186* (função socioambiental rural) da Constituição
Federal. Além disso, em normas infraconstitucionais esse princípio é extraído do art.
1.228, § 1º, do Código Civil (atendimento normas ambientais no direito de propriedade).
Este princípio vai além do mero “não poluir”, pois existem uma trindade de deveres:
defender, reparar e preservar (Herman Benjamin). Além disso, é uma obrigação real
(propter rem), pacificado por meio do enunciado 623 das súmulas do STJ, transferindo a
obrigação de reparar o dano ambiental com a propriedade (possibilidade de ação de
regresso).
3) POLUIDOR-PAGADOR:
Princípio condutor do direito ambiental, que objetiva internalizar no processo produtivo ao
custo do produtor/ explorador de recursos naturais (bens comuns da coletividade) os
custos externos (chamadas externalidades negativas), como a poluição.
Tem-se como fundamento uma compensação pelo dano causado pela atividade
econômica, qual, por sua vez pode causar impacto à comunidade subjacente, havendo a
necessidade de retribuir pela exploração causadora de impacto ambiental. A maior
externalidade negativa é a mudança climática.
Foi reconhecido na Convenção da ONU (RIO 92) por meio do seu princípio 16, bem
como, antes disso, por meio da Lei 6.938/81 (PNMA), no seu art. 4º, inciso VII.
Este princípio deve ser interpretado de forma a buscar mitigar os impactos causados pela
exploração econômica ambiental, não sendo correto afirmar que há uma liberação de
poluição pelo simples fato de pagarem determinada quantia.
4) PREVENÇÃO E PRECAUÇÃO:
Trata-se de princípio que visa evitar o dano (antecedente). A PREVENÇÃO relaciona-se
ao risco certo e comprovado, de forma que se verifica o perigo concreto da referida
atividade, bem como evitar o dano. Já a PRECAUÇÃO, relaciona-se ao risco incerto e
dano provável (verossímil), cujo perigo verificado é abstrato, com incerteza científica,
porém com indícios de causalidade.
Foi previsto na Convenção da ONU (RIO 92) em seu princípio 15, no sentido que a
incerteza científica não impede a adoção de medidas para controlar e/ou banir o dano
ambiental (aplicado ao gás do xisto betuminoso pelo TRF4). Também se aplica a inversão
do ônus da prova.
Com base nesse princípio (precaução), o STF decidiu sobre a exposição humana a
campos eletromagnéticos, reconhecendo que não pode gerar paralisia em toda e
qualquer atividade, nem resultar de temor infundado. Há proporcionalidade das medidas a
serem adotadas (RE 627189/SP) – ler ementa.
No mesmo sentido, decidiu o STF que a dispersão de inseticida por aeronave para
combate ao mosquito Aedes Aegypti exige prévia aprovação das autoridades sanitárias
ambientais e comprovação da eficácia (STF, ADI 5592).
Pelo princípio 10 da RIO 92, entende-se que a melhor forma de lidarmos com as questões
ambientais é assegurando:
Importante também acompanhar a ADPF 623 acerca do Decreto 9.806/19 que reduziu a
participação da Sociedade Civil no CONAMA e aumentando a participação do governo
federal. Antes do decreto, havia uma votação entre as entidades ambientalistas e era
escolhida a entidade mais representativa para compor o CONAMA. Após o decreto, a
composição era por meio de sorteio, podendo eleger uma entidade menos representativa.
Atualmente está com eficácia suspensa em decisão liminar.
Nesse sentido, já decidiu o STF (ADPF 651/DF) que são inconstitucionais as normas que,
a pretexto de reestruturarem órgãos ambientais, afastam a participação da sociedade civil
e dos governadores.
6) VEDAÇÃO AO RETROCESSO:
Também denominada non cliquet ou efeito cliquet (efeito catraca) pelo qual, uma vez
reconhecido um direito ambiental, não mais pode regredir e extirpar sua aplicabilidade e
vigência. É o efeito da PROGRESSIVIDADE DOS DIREITOS SOCIAIS, reconhecido na
Convenção Americana de Direitos Humanos, Protocolo de San Salvador/ 1988; e no
Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966).
Já o STF interpretou este princípio de forma mais branda. Esse princípio não se sobrepõe
ao princípio democrático (representantes eleitos). As alterações legislativas, ainda que
prejudiciais ao meio ambiente em relação à legislação revogada, não implicam
necessariamente violação ao art. 225 da CF. Não pode transferir ao Judiciário funções
inerentes aos demais poderes (STF, ADC 42, ADI 4901, 4902, 4903 e 4937).
No caso de queima de palha de cana-de-açúcar, o STF afastou a tese que as regras mais
favoráveis sempre irão prevalecer (RE 586.2244/SP). Nesse caso, entendeu-se que a Lei
Estadual, que previa um abandono gradual, prevalece sobre a legislação municipal de
Paulínia (SP), que proibia a prática da queima
1) ECONOMIA AMBIENTAL:
Neste aspecto, busca-se pela VALORIZAÇÃO MONETÁRIA da natureza, como um
recurso econômico ou voltada para fins econômicos. Essa abordagem tem relação ao
chamado “free-market environmentalists”, em tradução livre ambientalistas do livre
mercado, quais pregam a PRIVATIZAÇÃO DOS BENS AMBIENTAIS, justificando que o
proprietário irá buscar a proteção do seu espaço ecológico (por exemplo, uma floresta),
de toda e qualquer forma de degradação, ocupações, exploração etc.
Além disso, temos a chamada ações coletivas, que são questões que só podem ser
resolvidas pela coletividade (interesse da coletividade), em função de não gerar lucro
suficiente ao mercado (interesse privado), como saúde pública, educação pública,
assistência social, proteção ambiental etc.
Os bens ambientais são bens comuns (de livre exploração), que podem ser explorados
por qualquer pessoa sem contraprestação, causando uma sobre-exploração, em
comportamentos denominados:
a) Free-rider (efeito carona): são aqueles em que custos ambientais são compartilhados
por toda a sociedade, ao invés de serem incorporados aos custos de produção do
explorador desses recursos, causando certo desestímulo da proteção individual;
b) Rent-seeking (caçadores de renda): designa a busca de agentes econômicos por lucro
de longo prazo, dadas às imperfeiçoes institucionais existentes. Os agentes procurarão
obter o máximo de renda possível, respeitando ou não as regras da conduta econômica e
social (descartes de lixos em área protegida, poluição de ár etc.).
Por esses aspectos, torna-se necessária a regulação estatal para evitar tais
comportamentos, bem como estimular aspectos que garantam uma efetiva proteção.
2) ECONOMIA ECOLÓGICA:
Por esta abordagem, já se parte do pressuposto da finitude dos recursos naturais e da
interdependência entre a economia e ecossistemas, não sendo, assim, possível deixar
nas mãos do mercado a proteção ambiental.
Por essa abordagem, extrai-se a ideia da ECONOMIA VERDE (green capital), que busca
desacoplar o crescimento econômico da destruição ambiental, embora isso nem seja
possível na prática.
A Economia Ecológica tem previsão na Constituição Federal (1988), em seus arts. 170 e
225, que busca um inter-relacionamento entre economia e meio ambiente (não oposição),
que decorre o princípio da Ubiquidade (a questão ambiental está por todo lado) e da
Dignidade da Pessoa Humana (dimensão ecológica), motivo pelo qual não se mostra
possível a privatização dos recursos naturais.
A Lei 6.938/81 (PNMA) é considerada como norma que inaugurou o direito ambiental no
ordenamento interno, iniciando a fase holística/ sistemática valorativa do direito ambiental.
Ainda, ela é aplicável não somente à União, como também aos Estados, DF e Municípios.
A autonomia legislativa dos entes está subordinada aos ditames da Lei do PNMA,
observando-se seus preceitos mínimos de proteção e a vedação de retrocesso ambiental
(princípio do non cliquet – Vide aula 2).
1) PRINCÍPIOS DA PNMA (ART. 2º): este artigo trata, inicialmente, da finalidade precípua
(OBJETIVOS), que é a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental
propícia à vida, visando assegurar condições ao DESENVOLVIMENTO
SOCIOECONÔMICO, INTERESSES DA SEGURANÇA NACIONAL e a PROTEÇÃO DA
DIGNIDADE DA VIDA HUMANA.
Ainda, estabelece 10 princípios a serem seguidos.
2) CONCEITOS (ART. 3º): o artigo estabelece alguns conceitos a serem utilizados, dentre
os quais o de: MEIO AMBIENTE (há uma crítica, pois, a Lei deixou de lado os aspectos
sociais); DEGRADAÇÃO; POLUIÇÃO (espécie do gênero “degradação”); POLUIDOR
direto e indireto (importante destacar que o STJ entende que, mesmo havendo múltiplos
poluidores, não há litisconsórcio necessário, haja vista a responsabilidade solidária); e
RECURSOS AMBIENTAIS.
OUTROS ENTES/ ÓRGÃOS não são impedidos da atuação de outros, como agências
reguladoras, tendo havido o reconhecimento pelo STJ no REsp 11424377 da
possibilidade da Agência Nacional do Petróleo – ANP de aplicar multa à Petrobrás, bem
como a previsto na Lei 13.515/17 acerca da participação da Agência Nacional de
Mineração, nos termos do seu art. 2º, XXII.
Salienta que o CONAMA não tem poder de polícia e nem de fiscalização, sendo a sua
principal atuação com seu poder normativo, com caráter apenas regulamentar, vinculando
Estados e Municípios, inclusive relativos às normas para EIA/RIMA e licenciamento.
Quanto às chamadas “desregulação ambiental” pelo CONAMA, o STF, por meio das
ADPFs 747,748 e 749 julgou inconstitucionais as normas que visavam revogar algumas
outras normas operacionais fixadoras de parâmetros mensuráveis necessárias ao
cumprimento da legislação ambiental.