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Fisiologia Integrada ao crescimento e desenvolvimento humano - Fisiologia do envelhecimento humano

Fisiologia Integrada ao
crescimento e desenvolvimento humano
Fisiologia do envelhecimento humano
Professora Ms. Profa. Ms. Elke Lima Trigo

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Fisiologia Integrada ao crescimento e desenvolvimento humano - Fisiologia do envelhecimento humano

Sumário

Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

Parte 1 – Fisiologia integrada ao crescimento e desenvolvimento humano. . . . . . . 3

Conceitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
Métodos de estudo do desenvolvimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Desenvolvimento humano. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Desenvolvimento pré-natal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Desenvolvimento cognitivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Desenvolvimento motor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Crescimento humano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
Maturação sexual. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Composição corporal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Capacidades físicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Treinamento físico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

Parte 2 – Fisiologia do envelhecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24


Conceitos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Alterações morfológicas e funcionais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
Sistema circulatório. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
Sistema respiratório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Sistema nervoso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Sistema renal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Sistema digestivo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Sistema hormonal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Sistema reprodutor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Sistema musculoesquelético . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Composição corporal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Desempenho motor e exercício físico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

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Apresentação Crescimento físico representa as alterações


estruturais causadas pela multiplicação ou aumento do
Conhecer mecanismos fisiológicos proporciona tamanho das células. Maturação significa alterações
a aplicação adequada de conteúdos com os mais qualitativas de fatores biológicos determinados
variados objetivos: aprendizagem motora, nutrição, geneticamente, que possuem sequência fixa, mas
treinamento, qualidade de vida, prevenção e controle velocidade variável, e que permitem ao indivíduo o
de doenças etc. Porém, ao longo do desenvolvimento alcance de níveis mais elevados de funcionamento.
do ser humano, alterações funcionais e estruturais são
constantes, com magnitude maior em determinadas O desenvolvimento é um processo de alterações
fases da vida. Entender essas alterações e de do comportamento humano que compreende o
que maneira elas ocorrem possibilita a adequada período da concepção até a morte. Para melhor
intervenção. compreensão, ele pode ser estruturado em fases ou
faixas etárias, o que não significa que a mudança
Em algumas idades, o tratamento recebido é de uma fase para outra ocorra de forma abrupta.
semelhante ao dado aos adultos, sem a devida O desenvolvimento é gradual e envolve diferentes
adaptação. Assim, tenta-se frear o processo de aspectos. Ele indica alterações de funcionamento
envelhecimento sem analisar as alterações que ao longo do tempo, podendo abranger aspectos
ocorrem nessa faixa etária. Em consequência, haverá motores, cognitivos, afetivos e sociais.
interferência no conteúdo e na forma de aplicação
da intervenção, seja ela motora, cognitiva, social ou A aprendizagem é o processo pelo qual o
nutricional. indivíduo adquire habilidades por meio da interação
entre experiência (prática), educação e processos
Nesta aula, vamos estudar as alterações biológicos. Por exemplo: para que uma criança
promovidas pela maturação e desenvolvimento desde aprenda a andar, é necessário crescimento dos
o nascimento até o final da puberdade e durante o membros inferiores, ganho de força promovido pela
envelhecimento. Destacaremos o desenvolvimento maturação, referência de alguém andando para
cognitivo, afetivo/social e motor, com base nas observação, estímulo/auxílio para tentar e prática
alterações estruturais e funcionais decorrentes de tal propriamente dita. Ao unir todos esses elementos e
processo. apresentar um novo padrão motor de locomoção, ela
atinge um novo nível de desenvolvimento.
Bons estudos!
A avaliação do nível de desenvolvimento do
indivíduo por ser feita de maneira direta pela idade
Parte 1 – Fisiologia cronológica, idade em meses e anos calculada
integrada ao crescimento e a partir da data de nascimento. Além das faixas
desenvolvimento humano etárias apresentadas na tabela 1, Gallahue e
Ozmun (2005) apresentam subdivisões, pelas quais
podemos observar padrões mais específicos do
desenvolvimento. Porém considerar somente a idade
Conceitos
cronológica não responde se o indivíduo apresenta
Para melhor compreensão da organização do comportamento equivalente aos padrões, por isso
conteúdo e do tratamento dado a cada área, é é necessário comparar com a idade biológica. A
necessário entender os conceitos que a permeiam. maturação é identificada pela idade biológica,

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que pode ser avaliada a partir da idade morfológica, custo, alteração do padrão de avaliadores, evasão da
óssea, dental e sexual. amostra e número limitado de sujeitos.

Tabela 1: Divisão da idade cronológica (adaptado Quando o estudo é realizado de forma transversal,
de GALLAHUE; OZMUN, 2005). o pesquisador seleciona vários grupos com idades
diferentes e realiza a análise em apenas um momento.
Período Idade
Com isso, é possível apresentar padrões característicos
Pré-natal Da concepção ao nascimento
Primeira infância Do nascimento aos 24 meses
de cada faixa etária representativa da população, mas
Infância 2 a 10 anos sem medir as alterações proporcionadas pela idade.
Adolescência 10 aos 20 anos Nesse método, o custo e o tempo são menores,
Adulto jovem 20 aos 40 anos enquanto o estudo desenvolvimentista fica de lado,
Meia idade 40 aos 60 anos pois é apresentado o cenário de cada grupo naquele
Terceira idade Mais que 60 anos determinado momento.

Para minimizar os problemas de cada método, usa-


A idade morfológica indica o tamanho pela
se a combinação dos dois, o método longitudinal
medida do peso e da altura comparada com padrões
misto. Selecionam-se vários grupos etários, que
internacionais (será visto com mais detalhes no
são acompanhados por um período. Dessa maneira,
capítulo de crescimento). A idade óssea é identificada
obtêm-se os dados de um estudo transversal e, por
com uma radiografia da mão e do punho e representa
meio do acompanhamento, tem-se o estudo das
a idade do esqueleto. Em função da aparição dos
alterações promovidas pelo tempo.
dentes e do fechamento das suas raízes, temos a
idade dental, mais raramente utilizada. E, por fim, Desenvolvimento humano
a idade sexual representa o alcance da sequência
maturacional das características sexuais primárias e Desenvolvimento pré-natal
secundárias. Embora menos utilizada devido a fatores
culturais e sociais, o acompanhamento da maturação O desenvolvimento tem início na vida pré-natal.
sexual fornece indícios mais evidentes de problemas Os interferentes nesse período podem determinar
hormonais que afetam o crescimento. Trataremos prejuízos no processo de desenvolvimento pós-
disso com mais detalhes adiante. natal. No momento em que o espermatozoide
rompe a membrana externa do óvulo na trompa de
Falópio, ocorre a fertilização (fase 2 da figura 1).
Métodos de estudo do desenvolvimento Após algumas horas, os dois núcleos celulares, o do
óvulo e o do espermatozoide, com 23 cromossomos
A metodologia de pesquisa utilizada para cada um, fundem-se, dando início ao zigoto, com
compreensão do desenvolvimento pode ser de três 46 cromossomos (fase 3 da figura 1). A partir
tipos: longitudinal, transversal e longitudinal mista. desse momento estão estabelecidas as informações
No método longitudinal, um único grupo de genéticas que determinarão as características futuras:
indivíduos da mesma idade é monitorado por alguns é o período zigótico. Por mitose, o zigoto divide-se
anos, em que se verificam as alterações associadas em duas células, que dão origem a quatro e assim
à idade. Embora esse tipo de trabalho traga dados por diante. Com quatro dias, o zigoto apresenta
a respeito do processo de desenvolvimento, por ser cerca de 90 células (fases 4 e 5 da figura 1). Entre o
um estudo longo, apresenta desvantagens como alto terceiro e o quarto dia, ele alcança o útero e, ao final
da primeira semana pós-fertilização, prende-se a sua
parede (fase 7 da figura 1).

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Figura 1: Crescimento pré-natal. Fonte: http://www.med.ufro.cl/Recursos/neuroanatomia/archivos/2_embriologia.htm.

Durante o período zigótico, o zigoto tem seu sistema circulatório; a partir do momento em que o
tamanho pouco alterado e sobrevive de sua própria coração começa a bater, o crescimento é acelerado.
gordura, recebendo poucos nutrientes externos. Na fase final do primeiro mês, inicia-se a formação do
O comportamento materno nesse período pode sistema nervoso central.
prejudicar a evolução ou ser fatal ao zigoto, por
exemplo, o consumo de álcool, drogas, fumo, Antes da formação do encéfalo e da medula
especialmente porque a mãe não tem conhecimento espinhal, o processo de gastrulação é responsável
da fecundação. O aborto espontâneo nessa fase é pela definição do eixo anteroposterior e da linha
comum e assegura a sobrevivência dos zigotos mais média dos vertebrados, por intermédio da produção
aptos. Com a diferenciação celular, este passa a das camadas celulares e da formação da notocorda.
ser chamado de embrião, e tem início o período Esta se estende ao longo da linha média dentro de
embrionário da gravidez, que compreende da uma superfície chamada sulco primitivo, a partir
segunda semana ao segundo mês. de células mesodérmicas, e dará origem à linha
primitiva. Acima dela está a ectoderme, que dará
Ao final do primeiro mês, ocorre a divisão de origem à totalidade do sistema nervoso. A notocorda
três camadas celulares (endoderme, mesoderme e determina a topografia do embrião e a diferenciação
ectoderme), que são responsáveis pela formação dos neural por meio do envio de sinais indutores à
sistemas. Nesse período, o embrião é mais suscetível ectoderme, promovendo a diferenciação de células
às anomalias congênitas. Ele mede cerca de 6 mm neuroectodérmicas em precursoras neurais. Esse
e pesa 28 g. A estrutura é rudimentar, inclusive o processo recebe o nome de neurulação e promove

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também o espessamento da ectoderme, formando a pré-natal. O ácido retinoico (vitamina A), por exemplo,
placa neural. Nesta, ocorrem pregas internas, dando é um teratogênico capaz de ativar a expressão
origem ao tubo neural, que posteriormente originará gênica em vários sítios no embrião, inclusive no
o encéfalo e a medula espinhal (figura 2). desenvolvimento encefálico. O excesso ou falta dessa
vitamina pode interferir na diferenciação neuronal e
A identidade celular é resultante de sinais indutores no fechamento do tubo neural.
provenientes de moléculas sinalizadoras endógenas.
Então, além da indução neural, o sulco primitivo e a A exposição do embrião a drogas (álcool e
notocorda modulam a expressão gênica. Os estudos medicamentos) pode gerar sinais indutores em
para identificar o funcionamento dos sinais indutores tempo ou local impróprios, que levariam a patologias
são de suma importância para etiologia e prevenção do sistema nervoso. Outro exemplo de malformação
de doenças congênitas. congênita é a espinha bífida, não fechamento do
tubo neural posterior, que está altamente relacionada
Teratogênicos são agentes exógenos promotores com a deficiência de ácido fólico na dieta durante o
de doenças ligadas a problemas no desenvolvimento primeiro trimestre da gestação.

Figura 2: Formação do tubo neural embrião de 20 (a e b) e 22 dias (c e d). Fonte: http://www.famema.br/ensino/embriologia/


primeirassemanas3.php.

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Aguiar et al. (2003) realizaram um levantamento Ao sexto mês de gestação, o feto mede 33 cm
dos tipos e da incidência de malformações e 450 g, mas apresenta pouca gordura subcutânea.
congênitas do tubo neural durante dez anos em um Um nascimento prematuro nesse período representa
hospital universitário em Minas Gerais. Os autores baixa probabilidade de sobrevida do bebê. Embora ele
identificaram uma prevalência de 4,73 casos a cada apresente um choro fraco, a regulação da temperatura
1.000 partos, sendo 47,2% de ocorrência de espinha e da respiração voluntária não é suficiente.
bífida. Embora esse acontecimento possa estar ligado
a alguma síndrome, a maioria dos casos apresentaram No início do sétimo mês, o funcionamento dos
a anomalia isolada. A criança com espinha bífida é sistemas é considerado maduro, e o feto apresenta
dependente de tratamentos médicos e cirúrgicos 36 cm e 900 g. A gordura subcutânea aumenta, bem
e pode apresentar características que interferem como o controle cerebral sobre os sistemas. Embora o
no seu desenvolvimento global, como alteração da nascimento ao final do sétimo mês requeira cuidados
coluna vertebral, hidrocefalia, paralisia de membros, especiais, a chance de sobrevida é alta. Nos dois
disfunção intestinal e sexual, entre outras. Com o últimos meses de gestação, aumentam a atividade
objetivo de reduzir os riscos de um defeito do tubo do feto e o ganho do peso. O nascimento ocorre
neural, é recomendada a suplementação com ácido entre 38 e 42 semanas, com o bebê medindo de 48
fólico para mulheres que planejam engravidar e cm a 54 cm e 3 kg a 4 kg, em média.
durante o primeiro trimestre da gestação.
A estrutura neural de um adulto é dependente de
No final do segundo mês, o embrião tem cerca de fatores genéticos, interações celulares e experiências
4 cm e 57 g e passa a receber nutrientes da placenta da criança com o mundo externo. As estruturas
e do cordão umbilical. Isso marca o início do período neurológicas são formadas no período gestacional
fetal, do terceiro mês ao final da gestação. No início (figura 3) e, após o nascimento, a interação com o
desse período, identificam-se os primeiros movimentos ambiente determina a estruturação e a organização
reflexos, como sugar o polegar. No final do terceiro mês, do sistema nervoso diante de aspectos afetivos,
o feto alcança 7,6 cm e 86 g, dobrando esse tamanho cognitivos e motores (RÉ, 2011). Durante os primeiros
até o fim do quarto mês. No início do quinto mês, o anos de vida, o desenvolvimento funcional e estrutural
comprimento é de 20 cm a 26 cm e o peso, de 227 g. é mais acelerado, evidenciando a relevância da
Os órgãos internos continuam seu desenvolvimento e variedade de experiências e estimulações nessa fase
apresentam posições anatômicas adequadas. da vida (figura 4).

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Figura 3: Desenvolvimento cerebral no período pré-natal. Fonte: http://www.roteirobabycuritiba.com.br/o-surgimento-do-sistema-


nervoso-como-surge-o-cerebro-no-bebe/.

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(1928, 1954) formulou a teoria maturacional,


com destaque para a relação do desenvolvimento
físico e motor com a maturação do sistema nervoso.
A teoria ambiental proposta por Havighurst (1972)
estabelece que o desenvolvimento seria resultante de
forças biológicas, sociais e culturais. O autor destaca
que existem momentos adequados para o ensino
das tarefas. Nesse modelo, percebemos uma visão
mais abrangente do desenvolvimento que, embora
preditiva, não foi devidamente validada.

A teoria mais detalhada sobre as características


do desenvolvimento foi proposta por Piaget (1969),
Figura 4: Velocidade de desenvolvimento neural (TANNER, 1962
apud RÉ, 2011). a teoria do desenvolvimento cognitivo. O psicólogo,
por meio da observação de bebês e crianças diante
O cérebro atinge 90% do seu peso final aos seis anos, de situações e tarefas, identificou, a partir das
e o córtex cerebral atinge seu total desenvolvimento aos respostas, indícios do funcionamento cognitivo. Para
quatro. A mielinização dos neurônios, que possibilita a explicar a aquisição de novos conhecimentos, o autor
transmissão dos impulsos nervosos, ocorre no início descreveu que, ao nascermos, possuímos poucos
da infância, aumentando a complexidade dos padrões esquemas - estruturas cognitivas -, que, ao longo
motores após sua ocorrência no cérebro. do tempo, aumentam em número e se tornam mais
diferenciadas. A cada nova informação ou interação
com o meio, é necessário associá-la a padrões já
Desenvolvimento cognitivo conhecidos. Para mais informações sobre a teoria
de Piaget, leia o texto disponível em http://www.
A cognição é o processo que envolve identificação de cerebromente.org.br/n08/mente/construtivismo/
informações, memória, raciocínio, tomada de decisão construtivismo.htm.
e resposta. A aquisição de novos conhecimentos é
um processo cognitivo, que pode ser observado do Para melhor compreensão do nosso comportamento
ponto de vista intelectual ou do afetivo. cognitivo ao longo da vida, Piaget (1952) observou o
desenvolvimento de suas filhas e de outras crianças.
A compreensão do processo de desenvolvimento A partir dessas observações, identificou padrões nos
humano passa por várias teorias, cada uma das quais processos cognitivos de acordo com as faixas etárias
apresenta aspectos diferentes a partir de diferentes e dividiu-as em quatro fases, conforme mostra o
abordagens conceituais. Em 1927, Sigmund Freud quadro 1. Associado ao desenvolvimento cognitivo,
apresentou a teoria psicanalítica, focada na o desenvolvimento afetivo social representa a forma
personalidade e no funcionamento anormal. Apresenta como a pessoa se relaciona com o meio em que vive.
o desenvolvimento psicossexual, mas é pouco O ser humano apresenta características egocêntricas
objetiva. A teoria psicossocial de Erikson (1963, ao longo de toda sua vida, mas a expressão do
1980) destaca os fatores ambientais e as experiências egocentrismo modifica-se.
para transpor as crises de desenvolvimento. Gesell

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Quadro 1: divisão do desenvolvimento cognitivo por faixa etária, segundo Piaget (1969).
Faixa etária Estágio Característica
Meninice (0-2 anos) Sensório-motor Inteligência prática
Primeira infância (2 a 6 anos) Pré-operacional Inteligência intuitiva
Segunda infância (7 a 10/12 anos) Operacional concreto Inteligência lógica concreta
Adolescência (10/12 anos em diante) Operacional formal Inteligência lógica abstrata

Desenvolvimento motor

As alterações do comportamento motor ao longo da vida são resultado da interação entre tarefa motora,
fatores individuais e condições ambientais. Gallahue e Ozmun (2005) utilizaram uma forma mais abrangente
de descrever o desenvolvimento motor, por intermédio de uma ampulheta heurística (figura 5). Esse modelo
mostra que o desenvolvimento motor é gradual, representado pelo formato da areia que se acumula. Um
novo estágio e fase não serão alcançados de forma completa e linear pelo avanço da idade; a criança pode
apresentar um comportamento esperado para uma idade posterior àquela em que se encontrar, dependendo
das experiências. A figura 6 demonstra de que forma a ampulheta recebe a areia. Uma jarra mostra a origem
genética, que é determinada no momento da concepção e não pode ser alterada, por isso ela apresenta
tampa. A outra fonte vem do ambiente, que não apresenta limitação e pode ser reabastecido para contribuir
com o desenvolvimento a fases mais elevadas.

Figura 5: fases do desenvolvimento motor (GALLAHUE; OZMUN, 2005, p. 57).

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Figura 6: Fatores hereditários e ambientais no desenvolvimento motor (GALLAHUE; OZMUN, 2005, p. 65).

O desenvolvimento motor, em parte, pode ser extremidades dos membros. O controle muscular do
explicado pela teoria de Gesell (1954), que considera tronco e dos ombros ocorre antes do dos músculos
a direção céfalo-caudal da maturação. Com essa dos dedos, o que explica a execução, em crianças
consideração, a maturação do sistema nervoso nos primeiros anos de vida, de movimentos mais
seria a responsável pelo surgimento de novos grosseiros, sem precisão.
comportamentos motores. Isso pode ser identificado
no período pré-natal, quando a formação da cabeça A velocidade do desenvolvimento pode sofrer
ocorre antes da dos membros, e no pós-natal, quando interferências ao longo da vida. Somos capazes de
o controle muscular ocorre primeiro no pescoço, recuperar pequenos atrasos, porém os mais drásticos,
depois no tronco e nas pernas sequencialmente. como baixo peso ao nascer ou acometimento por
Outra direção do desenvolvimento é a próximo- doenças, especialmente nos dois primeiros anos
distal, em que a progressão ocorre do tronco para as de vida, podem levar a um déficit de crescimento

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e desenvolvimento permanente. O quanto a criança habilidades. As alterações da composição corporal


conseguirá recuperar o atraso depende dos fatores serão vistas mais adiante.
genéticos, do momento, da magnitude e duração da
intercorrência e da idade em que acontece.
Crescimento humano
A crescente melhora da funcionalidade motora
deve-se também à maturação neuromotora, Desde a concepção, é possível verificar um padrão
identificada pela diferenciação muscular e pela no crescimento humano, mas a velocidade pode
integração dos músculos agonistas e antagonistas ser alterada por fatores intrínsecos e extrínsecos.
para coordenação do movimento. Isso pode ser O processo de crescimento é afetado por potencial
identificado pela dificuldade de uma criança em individual (hereditariedade), raça, hormônios
manusear um lápis ou uma tesoura. Com o passar do (hormônio do crescimento - GH, fator de crescimento
tempo, esse controle é refinado, mas pode regredir insuliniforme tipo 1 - IGF–1, esteroides sexuais) e
com o envelhecimento, não somente devido ao ação dos marcadores de remodelação óssea. Dentre
avanço da idade, mas também pelo nível e tipo de os principais interferentes ambientais, destacam-se a
atividade mantida pelo indivíduo ao longo da vida. nutrição, as doenças e o efeito do exercício físico. A
contração muscular estimula a ação dos osteoblastos
A prontidão para a aquisição de novas tarefas e a consequente mineralização óssea. A ocorrência
depende da junção de fatores intrínsecos e de fraturas que exijam a imobilização, por exemplo,
extrínsecos (biológicos, ambientais e físicos). Estar leva a uma significativa perda óssea.
apto a aprender não significa atingir uma determinada
idade para aquela tarefa. A maturação do aprendiz O efeito do aporte nutricional adequado pode ser
interfere, mas é possível adquirir habilidade de alguma verificado comumente em crianças com baixo peso
forma desde que o instrutor/professor identifique as ao nascer. Quando precocemente lhes é oferecida
características desse aluno e direcione o conteúdo. a nutrição adequada, nos primeiros anos de vida
Por outro lado, existem períodos críticos em que elas tendem a alcançar a média populacional. É
a criança estará mais suscetível a determinados considerado baixo peso ao nascer em média inferior
estímulos, tanto positivos quanto negativos. Isso a 2.500 g; abaixo de 1.500 g, é classificado como
sugere que o estímulo adequado à fase da criança muito baixo peso. Ambos os casos necessitam de
facilitará o desenvolvimento em estágios futuros. cuidados especiais e maior acompanhamento do
desenvolvimento cognitivo e motor. Os fatores mais
Vale lembrar que existem diferenças individuais comuns que geram baixo peso ao nascer são: má
que determinam a velocidade e o momento em que o nutrição materna; uso de medicamentos; fumo;
indivíduo está apto a uma nova aquisição motora. As drogas; álcool; hipertensão arterial; parto prematuro.
idades apresentadas para cada fase do desenvolvimento
são apenas aproximações, valores médios que No período pós-natal, a nutrição desempenha
podem apresentar desvios de seis meses a um ano, papel importante no crescimento, além de facilitar o
mas o acompanhamento desses comportamentos é acometimento por doenças que o prejudicam. Como
necessário para identificar atrasos mais relevantes e a exemplos destacam-se as deficiências de vitamina
partir de então intervir nas possíveis causas, evitando D e C. O raquitismo, doença que causa deformação
assim um atraso permanente. e amolecimento ósseo, é promovido pelo déficit de
vitamina D. A falta de vitamina C pode resultar no
Além da maturação neurológica, as alterações escorbuto, que leva a anemia, dores articulares e
estruturais possibilitam a aquisição das novas fraturas nas epífises.

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A proporção corporal altera-se ao longo do crescimento pré e pós-natal (figura 7). Em um bebê recém-
nascido, a cabeça representa um quarto do comprimento do bebê; já na idade adulta, terá cerca de um
oitavo da altura corporal.

Figura 7: Proporção corporal no período pré e pós-natal. Fonte: http://dc180.4shared.com/doc/nDp2fhSS/preview.html.

A medida do comprimento corporal é tomada na posição deitada do nascimento até dois a três anos
de idade. Após esse momento, ela passa a ser realizada em pé, na posição ereta, sendo denominada altura.

O acompanhamento do crescimento é importante para avaliação da qualidade de vida de crianças e


adolescentes. Para isso, utilizamos parâmetros comparativos com estudos padronizados. Por muito tempo,
o padrão mais utilizado, e de maior relevância, foi desenvolvido pelo National Center for Health Statistics
(NCHS), em 1979, nos Estados Unidos. No Brasil, estudo semelhante foi realizado por Marcondes et al. em
1982 no município de Santo André, estado de São Paulo. Embora o nível de desenvolvimento do país e os
fatores culturais interfiram no crescimento infantil, não houve diferença significativa entre os estudos além
das limitações de amostra.

Em 2006 e 2007, a Organização Mundial de Saúde (OMS, World Health Organization - WHO) publicou novos
padrões do crescimento infantil. Foram avaliadas crianças de sete países, incluindo o Brasil. O Ministério da
Saúde distribui uma carteira de vacinação que, além de descrever os eventos esperados a cada fase da vida
da criança e seu acompanhamento de vacinação, contém os gráficos para acompanhamento de peso, altura,
circunferência do crânio e índice de massa corporal (IMC).

Para acessar os gráficos das curvas de crescimento de zero a cinco anos para peso, altura, índice de massa
corporal, circunferência da cabeça de meninos e meninas, acesse o link da OMS:
http://www.who.int/childgrowth/standards/en/.

Para dados de referência dos 5 aos 19 anos de peso, altura e índice de massa corporal, acesse
http://www.who.int/growthref/en/.

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Alguns trabalhos desenvolvidos para comparar o padrão brasileiro com o americano identificaram ora peso
superior para as crianças americanas, ora para as brasileiras (BERGMANN et al., 2009). O mesmo ocorreu
em relação à estatura, mas, em todos os casos, sem diferenças estatisticamente significantes. Além disso, ao
final da puberdade, a média das curvas dos diferentes estudos se sobrepõe.

Leone, Bertoli e Schoeps (2009) compararam as curvas da OMS (2006, 2007) com o padrão de crianças de
duas cidades do estado de São Paulo (figura 8). Os autores identificaram padrão de crescimento semelhante
entre os grupos, mas alterações nos extremos da curva que indicam obesidade e magreza. Para maior
confiabilidade e reprodutibilidade dos dados, são necessários estudos mais extensos tanto em relação a
número de sujeitos, municípios e classe social quanto a avaliação de 0 a 18 anos de idade.

Figura 8: Comparação de curvas de crescimento (LEONE; BERTOLI; SCHOEPS, 2009). Fonte: http://www.scielo.br/pdf/rpp/v27n1/07.pdf.

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Após o nascimento, uma preocupação recorrente ao peso quanto à altura, cerca de 5 cm e 2,3 kg por
dos pais é a altura do filho. Embora existam fórmulas ano. Nesse período, existe uma pequena diferença,
para previsão da estatura final de uma criança, não significativa, entre meninos e meninas, com
somente o acompanhamento pode revelar se ela vantagem para os meninos.
segue o padrão médio populacional e, caso contrário,
se é necessária alguma intervenção. O crescimento volta a acelerar no início da
puberdade. Devido à alteração na produção hormonal,
De zero a dois anos, a criança apresenta ocorre o estirão do crescimento, primeiro nas meninas,
grande velocidade de crescimento, que se reduz cerca de dois a três anos antes dos meninos. O pico
gradativamente, estabilizando-se durante a infância. do crescimento é atingido dois anos após o início do
No primeiro ano de vida, o crescimento é muito estirão, e a fase seguinte de desaceleração dura mais
acelerado; no quinto mês, o peso é o dobro do peso três a quatro anos até a finalização do crescimento
ao nascer, e o triplo ao final do primeiro ano. Esse (figura 9). A puberdade tardia dos meninos
aumento também é devido ao consistente aumento possibilita mais tempo de crescimento, alcance de
da gordura subcutânea. No segundo ano, a velocidade estatura final cerca de 10% superior à das meninas
de crescimento diminui em relação ao primeiro, mas e maior densidade óssea. O fechamento das epífises
ainda apresenta grandes mudanças a cada mês. ósseas ao final da puberdade, que corresponde ao
encerramento do crescimento, é devido a parte da
Na fase da infância de 2 a 10 anos, o crescimento testosterona convertida em estrógenos.
é constante, mas pouco intenso, tanto em relação

Figura 9: velocidade de crescimento (HAYWOOD; GETCHELL, 2003).

Crianças que nascem pequenas para a idade gestacional devem ser acompanhadas para verificar se
ocorre uma recuperação da altura em relação à média populacional. Não há um consenso sobre as causas

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desse baixo comprimento. Em alguns casos, é o sono, estimulando as gônadas. O hormônio folículo-
identificada uma secreção reduzida de hormônio do estimulante (FSH) também sofre alterações durante
crescimento, e o tratamento com hormônio deve ser a puberdade, mas com menor amplitude que o LH. O
avaliado (BOGUSZEWSKI; BOGUSZEWSKI, 2008). O FSH e o LH são responsáveis pelo desenvolvimento
tratamento é mais eficiente quanto mais precoce é das características sexuais primárias e pela produção
iniciado, sendo melhor se a altura média é alcançada hormonal. As características sexuais secundárias
antes da puberdade. são promovidas por GH, testosterona, estrógeno,
progesterona e andrógenos adrenais.

Maturação sexual Existe também uma forte relação entre o nível de


leptina e a puberdade. Nas meninas, com o aumento
A maturação sexual é altamente relacionada à da gordura corporal, o nível desse hormônio na
totalidade dos processos de maturação fisiológica. circulação aumenta; o inverso ocorre nos meninos.
Pode ser útil para estimar a maturação biológica e Dentre as funções da leptina está a estimulação da
caracteriza-se por ser de muita praticidade e fácil produção do LH, do FSH e dos hormônios esteroides.
administração (FAULKNER, 1996). As características Após as alterações hormonais, têm início as alterações
sexuais são classificadas em primárias e secundárias. das características secundárias.
As primárias correspondem ao aparelho reprodutor
feminino (útero, ovários, vagina) e masculino Tanner (1962) propôs uma escala de maturação
(testículos e pênis); as secundárias são alteradas sexual baseada na avaliação visual e na palpação
junto com as modificações hormonais, mas não são (testículos) em comparação com fotos e figuras. O
diretamente relacionadas à reprodução (mamas, autor selecionou características que possibilitam uma
pelos pubianos e axilares, voz, barba). avaliação visual independente de equipamentos.
Nessa escala, é possível avaliar o desenvolvimento
No início da puberdade, a secreção do hormônio de mamas, pelos pubianos e genitália masculina,
luteinizante (LH) torna-se pulsátil, com picos durante divididos em cinco estágios cada um (quadros 2 e 3).

Quadro 2: Estágios de maturação sexual feminina (adaptado de TANNER, 1962).


Desenvolvimento das mamas (M) Desenvolvimento dos pelos pubianos (P)
1 Aparência lisa como de uma criança. Ausência de pelos pubianos.

2 Pequena elevação dos seios. Poucos pelos curtos, principalmente


próximos aos lábios vaginais.
3 Crescimento e levantamento Maior quantidade de pelos pigmentados,
dos seios e das aréolas. ásperos e enrolados.
4 Aréola e mamilo formam um Pelos adultos, mas limitados na área.
contorno separado do seio.
5 Seio adulto – aréola no mesmo contorno do seio. Pelos adultos, com limite horizontal mais alto.

O estágio 1 representa características infantis. Ao apresentar características do estágio 2, a criança inicia


a maturação sexual da puberdade, e o estágio 5 representa características de adultos.

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É importante destacar que as maturações das características sexuais não são concomitantes nem
apresentam a mesma velocidade, por exemplo, o desenvolvimento das mamas nas meninas e da
genitália masculina ocorrem antes do início do desenvolvimento dos pelos pubianos.

Quadro 3: Estágios de maturação sexual masculina (adaptado de TANNER, 1962).


Desenvolvimento da genitália masculina (G) Desenvolvimento dos pelos pubianos (P)
1 Tamanho dos testículos e pênis Ausência de pelos pubianos.
igual ao da primeira infância.
2 Testículos crescem, pele do saco Poucos pelos curtos, principalmente
escrotal mais escura e áspera. na base do pênis.
3 Continuação do estágio 2 com aumento Maior quantidade de pelos pigmentados,
do comprimento do pênis. ásperos e enrolados.
4 Crescimento do pênis (comprimento e largura) Pelos adultos, mas limitados na área.
e pigmentação da pele do saco escrotal.
5 Genitália adulta. Pelos adultos, espalham-se até as coxas
e com limite horizontal mais alto.

A distribuição dos pelos axilares em ambos os sexos da menarca e o índice de massa corporal (IMC). Os
foi dividida em três estágios, por ser de mais difícil autores identificaram um aumento médio de 7,54 cm
descrição. No primeiro, não há presença de pelos, (± 3,35cm) na estatura após a primeira menstruação,
no segundo, identifica-se um leve crescimento e, no que ocorreu com 12,67 anos (mediana). O crescimento
terceiro, a distribuição é de adulto. A identificação pós-menarca não apresentou correlação com o IMC
da puberdade não deve ser feita pelo surgimento de na menarca. Apesar da grande dispersão dos dados,
pelos axilares e pelas alterações da voz, pois esses o estudo apresentou correlação negativa entre a
eventos ocorrem na fase final. Assim, se houver uma idade da menarca e o crescimento: quanto mais cedo,
puberdade precoce, isso dificultaria os resultados de maior o crescimento posterior (figura 10). Embora os
uma intervenção médica. dados não possam ser generalizados, pois dependem
das características específicas do grupo estudado,
Outro acontecimento que muitas vezes é apresentam similaridade com outros estudos.
erroneamente associado ao início da puberdade é a
menarca nas meninas, que significa o primeiro ciclo
menstrual. A menarca significa maturidade sexual
feminina e ocorre na fase final da adolescência,
quando a velocidade de crescimento já está se
reduzindo e a produção hormonal está madura.
Identificar problemas de crescimento a partir da
menarca nem sempre possibilita uma intervenção
eficiente. O potencial de crescimento é altamente
correlacionado à herança genética, e algumas
fórmulas são sugeridas para predizer a estatura final
em diferentes fases do crescimento, uma das quais
é a menarca.

Castilho, Saito e Barros (2005) avaliaram o Figura 10: Dispersão do crescimento pós-menarca em relação à
crescimento pós-menarca e relacionaram com a idade idade na menarca (CASTILHO; SAITO; BARROS, 2005).

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Tavares et al. (2000) identificaram a idade mediana Composição corporal


da menarca em 12 anos e 6 meses quando estudaram
uma população de um município rural do estado de A distribuição da massa corporal altera-se ao
São Paulo. Castilho et al. (2012), estudando alunas longo da vida. Nos dois primeiros anos de vida, o
de escolas particulares do município de Campinas-SP, crescimento é muito acelerado: ao final do segundo
avaliadas em 2010, verificaram a mediana em 12,08 ano, a altura já representa metade da estatura final.
anos. O crescimento e a maturação sexual sofrem Associado a isso, o desenvolvimento motor da criança
interferência de fatores genéticos e ambientais. nessa faixa etária é diretamente ligado à alteração na
composição corporal. O ganho de força e a redução
O fator socioeconômico foi investigado por Roman da porcentagem de gordura permitem à criança
et al. (2009) em um estudo transversal realizado com aprender a andar ao final do primeiro ano de vida,
2.761 meninas de escolas públicas e particulares. por exemplo. Durante essa faixa etária, o número
Os resultados indicaram que quanto maior o nível de ossos dos pés e das mãos aumenta, enquanto
socioeconômico, mais cedo era a idade da menarca, somem as fontanelas do crânio dos 12 aos 18 meses,
mas essas diferenças foram discretas. A idade média devido à calcificação. Essa característica do crânio no
da menarca identificada nesse estudo, independente primeiro ano de vida é necessária para o momento
do nível econômico, foi de 12,2 anos (desvio padrão do parto e para possibilitar o crescimento do cérebro.
de 1,2 anos). Com o avanço da idade, os ossos tornam-se maiores
e mais densos, gerando ganho de massa óssea.
Embora se identifique uma tendência à redução da
idade da menarca e maior precocidade da maturação Durante a infância, de 2 a 10 anos, ocorre diminuição
sexual, Farias et al. (2012) não identificaram gradual do tecido adiposo, mantendo a proporção
diferenças significativas em estudo realizado de de massa muscular, que sofre aumento progressivo.
maneira longitudinal com acompanhamento de 10 e Esse aumento intensifica-se na puberdade devido
20 anos (1991-2010). às alterações hormonais e à hipertrofia muscular.
As diferenças hormonais entre homens e mulheres
Dentre as interferências na idade da maturação oferecem maior ganho de massa magra para os
sexual, está a composição corporal. Castilho et homens, cerca de 40% do peso corporal, comparado
al. (2012) identificaram redução média de 3,24 a 24% em mulheres ao final da puberdade.
meses na idade da menarca ao longo de 10 anos.
O grupo com sobrepeso e obesidade apresentou Em contrapartida, as meninas, com o início da
adiantamento da menarca de 5,76 meses. Os puberdade, aumentam a proporção de gordura
autores destacam que houve aumento da população corporal mais que os homens. A distribuição dessa
com sobrepeso e obesidade no período estudado, gordura, em maior parte, é subcutânea, e nelas a
mas é importante avaliar outros fatores que podem maior concentração ocorre na região coxofemoral.
influenciar essas mudanças. O índice de massa corporal aumenta com mais
intensidade no início da puberdade, reduzindo sua
velocidade depois do pico do estirão de crescimento
(figura 10).

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Figura 11: Índice de massa corporal para meninas de 5 a 19 anos (OMS, 2007). Fonte: http://www.who.int/growthref/cht_bmifa_
girls_perc_5_19years.pdf.

No Brasil, a incidência da obesidade infantil tem Transtornos alimentares como a bulimia e a


aumentado consideravelmente nas últimas décadas anorexia nervosa são frequentemente identificados
(IBGE, 2007). Além das comorbidades, o aumento na adolescência, especialmente em mulheres. A
da massa gorda e a redução da massa magra OMS (1993), na Classificação Internacional de
prejudicam o crescimento e o desenvolvimento. Distúrbios Mentais, inclui a bulimia e a anorexia como
Crianças obesas são menos ativas que as com peso desordens comportamentais e mentais e descreve
adequado para a idade, fato que só contribui para a suas características. Na bulimia, a pessoa apresenta
manutenção da situação patológica. O tratamento da compulsão para comer seguida de vômito forçado ou
obesidade infantil deve passar por acompanhamento utilização de laxantes; a autoimagem é distorcida,
multidisciplinar, pois, com somente dieta hipocalórica, com percepção de gordura excessiva. A pessoa
ocorre redução da massa magra e da taxa metabólica com anorexia nervosa apresenta baixo peso, porém
basal, o que prejudica a manutenção do peso e a sua autoimagem é distorcida, e a perda de peso é
melhora das capacidades físicas. Assim, a associação autoinduzida.
do exercício físico à dieta possibilita a redução da
massa gorda e manutenção ou aumento da magra O baixo índice de gordura corporal em mulheres
(STIEGLER; CUNLIFFE, 2006). promove a amenorreia, suspensão do ciclo menstrual,
e nos homens pode levar a desinteresse sexual e

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impotência. O uso de inibidores de apetite e diuréticos O bom desempenho em flexibilidade, amplitude


é comum nesses casos. Quando esses transtornos articular, auxilia na prevenção de lesões e no
aparecem antes da puberdade, promovem atraso da desempenho motor. A flexibilidade reduz-se com
maturação sexual (CORDÁS, 2004). a proximidade da puberdade, pois o crescimento
muscular e dos tendões ocorre após o crescimento
Além dessas patologias, o padrão estético da ósseo. As meninas apresentam uma tendência de
magreza defendido entre os adolescentes, em maior flexibilidade em relação aos meninos em todas
especial do sexo feminino, promove a adoção de as idades. O desempenho nesse item é específico a
hábitos alimentares inadequados. Como exemplo, cada articulação. A avaliação mais comum é realizada
verificamos na figura 12 o número de adolescentes com o teste de sentar e alcançar, que avalia a
que não realizam o desjejum, verificado em estudo articulação coxofemoral.
desenvolvido por Fonseca, Sichieri e Veiga (1998) com
391 estudantes. A coordenação motora representa a análise
adequada das informações sensoriais e o
planejamento e execução dos movimentos mais
adequados. O controle do movimento é dependente
de interações neurais decorrentes da prática,
que proporcionam maior coordenação inter e
intramuscular. A cada ano, a coordenação apresenta
melhora. Os movimentos mais rudimentares estão
presentes no início da infância; tarefas que exigem
maior sincronismo, equilíbrio, ritmo e precisão têm
seu desempenho aprimorado com o acúmulo de
experiências nessa fase.

Com a melhora da análise de informações e da


tomada de decisão, decorrentes da experiência,
o tempo de reação e o de resposta melhoram. A
velocidade de movimento aumenta progressivamente
com o aumento da idade. Nas meninas, verifica-se um
declínio durante a puberdade, enquanto os meninos
Figura 12: Frequência de desjejum entre adolescentes segundo
o sexo (FONSECA; SICHIERI; VEIGA, 1998). continuam tendo melhora do desempenho. A diferença
entre sexos pode ser atribuída ao ganho de massa
muscular, que, apesar de ocorrer em ambos os sexos,
Capacidades físicas é mais evidente nos meninos, enquanto o aumento da
gordura corporal é mais relevante nas meninas.
A melhora das capacidades físicas, força,
flexibilidade, coordenação, resistência e velocidade, A força muscular aumenta na infância e mais
é decorrente do crescimento, do desenvolvimento intensamente na puberdade, em decorrência da
e das experiências vividas. Embora a criança tenha hipertrofia muscular. É necessário destacar que o
necessidades de estímulos para desenvolvimento processo maturacional não é o único responsável por
das capacidades físicas, é necessário conhecer o essa alteração. Um ambiente que promova atividade
comportamento dessas variáveis em cada fase da física para a criança tem forte importância no ganho
vida e ter cuidados com relação ao treinamento. de força, respeitando as limitações genéticas. Na

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Fisiologia Integrada ao crescimento e desenvolvimento humano - Fisiologia do envelhecimento humano

adolescência, o aumento da testosterona contribui variáveis para meninos de 8 a 18 anos, entre 48 ml/
para a hipertrofia muscular e o aumento da força. kg e 50 ml/kg. Para meninas, o valor decresce na
Antes da puberdade, o ganho de força é em parte adolescência de 45 ml/kg para 35 ml/kg (figura 12).
atribuído às adaptações neuromusculares promovidas Quando comparamos esses valores com as referências
pelo exercício. para adultos, verificamos que crianças apresentam
valores relativos de VO2máx semelhantes.
A capacidade aeróbia apresenta melhora em função
do avanço da idade, sendo que, para meninos, ocorre
aumento até 18 a 20 anos e, para as meninas, inicia-
se um platô por volta de 12 a 14 anos. Esse efeito
pode ser devido às alterações na composição corporal
(figura 11). Após essa fase, a melhora da capacidade
cardiorrespiratória é dependente do treinamento.
Durante a infância, os meninos apresentam
desempenho superior às meninas cerca de 12%,
e essa diferença tende a aumentar com o início da
puberdade. O desempenho aeróbio na infância sofre
interferência da massa e do tamanho corporal, e
seu aumento pode ser devido ao crescimento e ao
treinamento. Diferenciar esses fatores interferentes
é mais difícil devido à limitação nos procedimentos
experimentais de conseguir sujeitos e controlar as Figura 14: Comportamento do VO2 máx. relativo ao peso corporal
em crianças e adolescentes de ambos os sexos. Fonte: http://
variáveis. fisioexfisio.blogspot.com.br/2013/07/crianca-idoso-sudorese-
osseo-e-exercicio.html.

Linhares et al. (2009) avaliaram 136 meninos


de 10 a 14 anos em testes de impulsão vertical,
VO2máx, agilidade e velocidade, comparados
ao desenvolvimento da genitália. Os autores
identificaram aumento da impulsão vertical e do
VO2máx; em contrapartida, a agilidade e a velocidade
reduziram-se com o avanço da maturação sexual
(figura 13). Esse resultado pode ser explicado pelo
ganho de massa muscular e força nos meninos, mas,
nos componentes que dependem da coordenação
do movimento, o crescimento distal-proximal e
a consequente alteração da proporção corporal
prejudicam o desempenho.
Figura 13: Capacidade aeróbia em crianças e adolescentes
de ambos os sexos. Fonte: http://fisioexfisio.blogspot.com.
br/2013/07/crianca-idoso-sudorese-osseo-e-exercicio.html.

O VO2máx (consumo máximo de oxigênio) relativo


analisado em crianças demonstra valores pouco

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Figura 15: Comportamento das capacidades físicas de acordo com a maturação sexual (LINHARES et al., 2009).

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Fisiologia Integrada ao crescimento e desenvolvimento humano - Fisiologia do envelhecimento humano

Os gráficos apresentados na figura 16 representam parte dos resultados do estudo realizado por Minatto,
Petroski e Silva (2013) sobre avaliação física e maturação sexual, que será discutido no vídeo a seguir.

A C

B D

Figura 16: Valores médios da porcentagem de gordura e aptidão cardiorrespiratória de acordo com o estágio de maturação sexual
para meninos (gráficos A e C) e para meninas (gráficos B e D) (Adaptado de MINATTO; PETROSKI; SILVA, 2013).

A estimativa da frequência cardíaca máxima - (0,7 x idade)”, proposta por Tanaka et al. (2001).
(FCmáx) em crianças torna-se importante, pois esse é o Os autores identificaram que a FCmáx mensurada foi
parâmetro fisiológico que descreve o comportamento menor que a estimada pela fórmula (220-idade). Isso
cardiorrespiratório utilizado para determinação da sugere que a redução desse valor em decorrência
intensidade de esforço no treinamento físico, sendo do aumento da idade não pode ser completamente
de mais fácil aplicabilidade do que a avaliação do aplicada a crianças e adolescentes, levando a um
VO2máx. A FC de repouso em crianças varia de 60 a possível erro na predição de exercícios físicos. Por
80 batimentos por minuto (bpm) durante o esforço. outro lado, o resultado mensurado foi próximo à
A dificuldade em se determinar a FCmáx deve-se à fórmula “208 - (0,7 x idade)”, demonstrando maior
limitação das crianças em manter um esforço máximo confiabilidade na aplicação desse modelo para
de forma contínua por um determinado tempo. crianças. Nos resultados apresentados pelos autores,
houve um valor alto de desvio padrão: em uma
Machado e Denadai (2011) verificaram a relação mesma idade, as crianças apresentaram valores bem
da FCmáx medida e da estimada pela fórmula de distintos de FCmáx medida. Isso ressalta mais uma
autoria desconhecida “220-idade” e pela fórmula “208 vez a necessidade de mais investigações.

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Treinamento físico Durante a infância, o treinamento de força


proporciona aumento de desempenho. Embora
A interferência da atividade física ou da prática crianças possuam GH, que contribui para o
esportiva é positiva no crescimento de crianças e anabolismo, não há evidências de hipertrofia muscular
adolescentes, independentemente do tipo escolhido. decorrente do treinamento com pesos. O ganho de
O efeito negativo da atividade física ocorrerá diante de força é devido especialmente a adaptação neural e
um treinamento intensivo associado a uma restrição aumento da resistência muscular. Em adolescentes,
alimentar, proporcionando alterações no crescimento a produção de testosterona tem sua contribuição
e no desenvolvimento puberal e lesões. para a hipertrofia muscular pela inibição indireta de
hormônios catabólicos (SILVA et al., 2004).
Não é claro na literatura qual o limite em atividade
física e treinamento exaustivo para crianças. Devido Na prática de atividades físicas muito intensas e
à estrutura mais cartilaginosa e esponjosa da placa em ambientes muito quentes por crianças, deve-se
epifisária, elas são mais suscetíveis a alguns tipos estar atento ao estado de hidratação e à temperatura
de lesões. A sobrecarga com levantamento de corporal. O controle desta é promovido por diversas
pesos excessivos não deve ser utilizada na infância. estratégias. Para redução da temperatura corporal
Além disso, exercícios muito intensos podem levar diante de um ambiente com temperatura elevada
a hipoestrogenismo, acompanhado de redução do ou de produção de calor pelo próprio corpo, ocorre
ganho de massa óssea. A redução da densidade óssea aumento da circulação sanguínea e da sudorese.
leva a maior vulnerabilidade a lesões e instabilidade Embora as crianças apresentem mais glândulas por
da coluna vertebral, proporcionando a instalação de área corporal comparadas aos adultos, a eficiência na
desvios posturais, como a escoliose. produção de suor não é a mesma, equivale a 40% da
idade adulta. Dessa forma, maior será a dificuldade de
O aumento do número de lesões é promovido por manter a temperatura diante de situações adversas,
execução de técnica de movimento errada, falta de sendo necessárias hidratação mais frequente e
segurança na execução de movimentos, posturas estimulação dos osmorreceptores no hipotálamo e
inadequadas etc. A execução de atividade física no trato intestinal pelo uso do sal (NaCl – cloreto de
estimula a calcificação e a produção hormonal, o que sódio), que aumenta a palatabilidade.
interfere positivamente no crescimento. O hormônio
do crescimento (GH) na circulação também aumenta,
possibilitando incremento da síntese proteica. A ação Parte 2 – Fisiologia do
da contração muscular e dos exercícios físicos contra envelhecimento
a gravidade estimula os osteoblastos e a deposição
óssea.

A resposta ao treinamento da capacidade


Conceitos
cardiorrespiratória em crianças é baixa. Isso pode
O processo de envelhecimento é caracterizado
ser devido a condições metabólicas e hormonais,
por alterações morfológicas, funcionais, bioquímicas
mas, como são fisicamente ativas, necessitariam de
e psicológicas que levam o indivíduo a progressiva
maior intensidade/volume para apresentar ganhos
redução da capacidade adaptativa e consequente
no desempenho aeróbio, e esse tipo de treino não é
suscetibilidade a patologias (CARVALHO; ALENCAR,
motivador para elas.
2004). As alterações decorrentes do envelhecimento
podem ter seu início por volta dos 30 anos, após a
fase de desenvolvimento, em torno de duas décadas,

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Fisiologia Integrada ao crescimento e desenvolvimento humano - Fisiologia do envelhecimento humano

e a de estabilização, mais uma década. As teorias


que tentam explicar esse processo atribuem os
efeitos a alterações da síntese proteica e a uma
possível programação prévia dos genes. Vários
fatores intrínsecos e extrínsecos podem interferir na
velocidade do envelhecimento. Alguns deles serão
destacados nos capítulos seguintes.

Segundo levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro


de Geografia e Estatística, 2013), a porcentagens de
idosos no Brasil passou de 8,5% da população em 2000
para 10,8% em 2010 (figura 14). Esse efeito pode ser
visto também em outros países, conforme o aumento
da expectativa de vida, a redução da natalidade,
entre outros fatores, promovem um envelhecimento
populacional e uma nova configuração demográfica
como mostra a figura 17. Dentre os nascidos em
2010, a expectativa de vida das mulheres é de 77,32
anos, e a dos homens, de 69,74 anos. Esses valores
são aproximadamente três anos a mais para ambos
os sexos quando comparados à esperança de vida
dos nascidos em 2000 (IBGE, 2011). Essas mudanças
promovem a necessidade de maior investimento na
área da saúde para os cuidados com os idosos. Um
processo de envelhecimento sem patologias garante
mais autonomia para as atividades da vida diária.

Figura 17: Pirâmide etária dos anos 1960, 2000 e 2010. Fonte:
http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/04/em-50-anos-
percentual-de-idosos-mais-que-dobra-no-brasil.html.

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Fisiologia Integrada ao crescimento e desenvolvimento humano - Fisiologia do envelhecimento humano

As alterações promovidas pelo processo natural aumento de gordura e tecido conjuntivo e queda do
de envelhecimento, senescência, devem ser número de células musculares. Nas válvulas da aorta
diferenciadas daquelas provocadas por doenças, e na cúspide mitral, o avanço da idade aumenta a
senilidade. As mudanças na estrutura corporal fibrose e a calcificação. A diminuição de trifosfato de
ocorrem em diferentes aspectos e tornam-se mais adenosina (ATP) reduz a capacidade oxidativa das
evidentes com o passar dos anos. O envelhecimento mitocôndrias, com consequente menor produção de
pode ser descrito como uma incapacidade de energia. A trifosfatase adenosina (ATPase) reduz sua
adaptação às modificações do meio externo ou atividade nas miofibrilas, comprometendo a função
interno. A dificuldade do idoso em manter o equilíbrio contrátil, além de diminuição de catecolaminas,
homeostático diante de sobrecargas é dependente menor síntese de noradrenalina nas terminações
das alterações nos sensores, centros reguladores nervosas simpáticas e redução dos beta-receptores,
e efetores. Isso tem como origem o excesso de levando a redução do débito cardíaco.
demanda funcional ao longo dos anos e a existência
de processos patológicos. A artéria aorta tem aumentado seu diâmetro
interno e reduzida sua capacidade elástica, bem
A avaliação do idoso deve levar em consideração como aumenta a deposição de cálcio em sua parede.
diversos fatores, que podem atribuir a queixa a Com isso, a distribuição do sangue é comprometida,
senescência ou senilidade. Deve-se considerar exigindo do músculo cardíaco trabalho mais intenso. A
a presença de fadiga, perda de peso, cefaleia, redução da capacidade funcional das artérias, devido
distúrbios do sono, alterações psíquicas, tontura, a queda da elasticidade e espessamento da parede,
quedas, alterações auditivas, digestivas e urinárias, recebe o nome de arteriosclerose. Esse processo
queixas osteoarticulares e dispneia. atinge também artérias menores e arteríolas, sendo
mais evidente em idades mais avançadas. Nos
idosos, a arteriosclerose representa um aspecto do
Alterações morfológicas e envelhecimento devido à ação prolongada da pressão
intravascular. Essa ação pode ser identificada, por
funcionais
exemplo, na arteríola do labirinto, no ouvido interno
e nas arteríolas renais, mesmo na ausência de
hipertensão.
Sistema circulatório
As carótidas e as coronárias sofrem estreitamento
Alvo de grande atenção com o passar da idade, o
com o avanço da idade, mais intenso nos homens.
sistema circulatório é o foco de inúmeras patologias.
Outro fator que restringe o fornecimento sanguíneo
O músculo cardíaco apresenta aumento do seu peso
aos tecidos é a aterosclerose, formação de placas de
devido ao espessamento da parede do ventrículo
gordura (ateroma) na parede dos vasos. A cardiopatia
esquerdo. A lipofuscina também é identificada nesse
isquêmica, falta de oxigênio, é promovida por um
músculo com o envelhecimento, e ocorre diminuição
processo aterosclerótico (figura 15).
da densidade capilar. No nodo sinoatrial, verifica-se

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Fisiologia Integrada ao crescimento e desenvolvimento humano - Fisiologia do envelhecimento humano

Figura 18: Formação de placas aterosclerótica e coágulos na artéria coronária. Fonte: http://www.sistemacardiovascular.com/artigos/
doencas-cardiovasculares/aterosclerose/.

Além do envelhecimento, fatores intrínsecos, Outra alteração no sistema circulatório está


extrínsecos e mistos contribuem para a formação de relacionada ao aporte sanguíneo. A redução do
um ateroma: débito cardíaco com o envelhecimento, decorrente da
redução da capacidade contrátil do músculo cardíaco
e da hipertrofia cardíaca concêntrica, compromete a
• Fatores intrínsecos: idade, sexo e genética. perfusão tecidual. Essa modificação pode contribuir
• Fatores extrínsecos: dieta inadequada, com o quadro de hipertensão arterial, que é um fator
fumo, álcool e sedentarismo. de risco para doenças coronarianas e AVE. Com o
• Fatores mistos: hipertensão arterial, avanço da idade, a pressão sistólica e diastólica tende
dislipidemias, diabetes mellitus, obesidade, a aumentar, gerando maior risco de complicações
fatores psicossociais e hipertrofia ventricular em negros e pessoas com comprometimento
esquerda. aterosclerótico. A pressão sistólica é dependente da
elasticidade do sistema arterial e do volume sistólico,
Com a obstrução da artéria coronária devido a e a diastólica, da resistência arteriolar, que são
formação de ateroma ou coágulos, ocorre o infarto afetados com o envelhecimento.
agudo do miocárdio, morte do tecido muscular.
Quando a interrupção sanguínea ocorre na região Em situação de repouso, é possível suprir a
cerebral, recebe o nome de acidente vascular demanda e manter a pressão arterial em níveis
encefálico (AVE), que pode promover lesão ou morte normais ou pouco elevada devido à rigidez da
das células da região atingida de acordo com o tempo parede das artérias, mas, diante de sobrecarga
e a restrição sanguínea sofrida. hemodinâmica, pode-se instalar uma insuficiência
cardíaca. Essa sobrecarga pode ser devida a
exercício físico, infecções, hemorragias, infarto

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agudo do miocárdio, anemias, hipertensão arterial, Em diabéticos, o tratamento de comorbidades


entre outras. Mecanismos cardiorrespiratórios, como a hipertensão e a dislipidemia pode promover
neuro-humorais e renais são solicitados. Com a melhora das alterações estruturais e funcionais das
queda acentuada do fluxo sanguíneo, modificações artérias de maior calibre (BORTOLOTTO, 2007).
hemodinâmicas são geradas, como aumento do
tônus simpático vasoconstritor em diversos órgãos, No cérebro, a degeneração promovida pelo
em maior grau nos rins, reduzindo o fluxo plasmático envelhecimento associada a alterações pressóricas
renal. Com esse mecanismo, o sangue que chega à prejudica o sistema de autorregulação do fluxo
rede capilar do túbulo proximal tem pressão oncótica sanguíneo diante de alterações súbitas e intensas,
maior, promovendo a reabsorção de água e sódio. facilitando AVEs isquêmicos ou hemorrágicos.

A hipertensão arterial promove prejuízos cerebrais, Matoso et al. (2013) identificaram desempenho
cardíacos e renais. A sobrecarga pressórica crônica cognitivo significativamente inferior em idosos
compromete a circulação coronariana, aumentando hipertensos quando comparados aos normotensos.
a hipertrofia do miocárdio e a chance de insuficiência Nessa pesquisa, os hipertensos necessitaram de
coronariana e cardíaca. As alterações renais, que maior tempo para execução dos testes e tiveram
serão citadas a seguir, são as mesmas em idosos menor percentil de desempenho (tabela 2).
hipertensos ou não, mas podem ser verificadas com
mais intensidade em hipertensos.

Tabela 2: Desempenho de idosos hipertensos e normotensos em teste cognitivo (Adaptado de Matoso et


al., 2013).

Hipertensos Normotensos p – valor


Tempo (s) 57 (ep 3) 39 (ep 3) 0,001*
Percentil 24,2 (ep 3) 45,6 (ep 5,8) 0,001*
Ep – indica o erro padrão. P – valor associado ao teste t-Student.

Sistema respiratório

A alteração pulmonar é discreta com o envelhecimento, mas a mobilidade da caixa torácica sofre restrição
devido à calcificação das articulações entre o esterno e as cartilagens costais. A redução da elasticidade
pulmonar diminui a capacidade expiratória, aumentando o volume residual. Diante disso, a relação ventilação/
perfusão é alterada, com consequente redução da pressão de oxigênio arterial. As alterações pulmonares e
musculoesqueléticas da caixa torácica promovem a queda da pressão inspiratória e expiratória. O gradiente
de pressão dificulta a tosse, o que, em idosos, pode significar retenção de secreções brônquicas e instalação
de um quadro infeccioso com maior facilidade.

Sistema nervoso

Com o avanço da idade, ocorre atrofia cerebral, com redução da massa e do volume do cérebro. Um
possível sinal do envelhecimento é o aparecimento de um pigmento chamado lipofuscina em células nervosas.
As áreas mais atingidas pela perda neuronal são: córtex dos giros pré-centrais (área motora voluntária),

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giros temporais (percepção auditiva, processamento perda de células de bastonetes da retina reduz a
da informação visual, compreensão da linguagem adaptação visual a escuridão e a visão periférica. O
e memória) e córtex do cerebelo (coordenação desempenho em tarefas visuais sofre declínio com
motora). É possível identificar alterações dos o envelhecimento, mas, para aumentar a segurança
reflexos, redução da força muscular, declínios da na locomoção, por exemplo, o idoso torna-se mais
cognição e diminuições sensoriais decorrentes do dependente da informação visual, como mecanismo
envelhecimento neurológico. compensatório da situação musculoesquelética e da
lentidão do processamento de informações. Diante
A velocidade de condução nervosa sofre redução da dificuldade de controle do equilíbrio postural, que
durante o envelhecimento. O número de terminações sofre alterações, para redução do risco de quedas, o
nervosas diminui, aumentando o limiar de transmissão idoso aumenta a dependência da informação visual.
das informações sensoriais. A sensibilidade periférica
é prejudicada devido à diminuição do número de A tomada de decisão em idosos é mais lenta
receptores táteis, que pode ser potencializada diante devido à desaceleração da condução nervosa, com
de patologias como a aterosclerose e as neuropatias declínio na capacidade de processar as informações
decorrentes do diabetes e álcool. Os idosos são e completar operações como comparação, seleção
mais vulneráveis a hipotermia e hipertermia, e codificação. Isso se deve a morte neuronal,
mas a sensibilidade a dor não sofre alteração. A diminuição do fluxo sanguíneo encefálico, alterações
propriocepção diminui, restringindo a capacidade de enzimáticas, entre outros. Com isso, os reflexos são
o idoso identificar pequenas alterações de posições mais lentos, e a resposta motora a uma perturbação,
corporais, o que reduz a precisão de movimentos. também. A aprendizagem de novas tarefas torna-se
mais lenta. A memória de longa duração é afetada,
Ocorre perda auditiva significativa proveniente o que dificulta recordar informações aprendidas.
do efeito crônico do ruído ambiental, da redução Segundo Levy e Mendonça (2004), a percepção
da elasticidade do tímpano e na vibração da cóclea visuoespacial e o desempenho em tarefas motoras
e do dano ao nervo auditivo. O tempo de reação são reduzidos, mas a capacidade de aprendizagem
auditivo aumenta, assim como a dificuldade de é mantida, requerendo maior tempo de prática. Em
detectar a direção do som e os zumbidos. A perda estudo realizado por Teixeira e Lima (2009), os idosos
da audição associada ao processo de envelhecimento apresentaram bom desempenho em uma tarefa de
recebe o nome de presbiacusia. A redução do fluxo interceptação de um sinal luminoso após treinamento.
sanguíneo no ouvido também contribui para a queda A dificuldade no processo de aprendizagem é devida a
da capacidade auditiva. Outra característica comum é redução da prática, redução da velocidade perceptiva
o aumento do cerume (cera dos ouvidos), decorrente e nível educacional.
do ressecamento e do afinamento do tecido no
canal auditivo externo. O excesso de cerume pode Para estimular a memória e a aprendizagem,
prejudicar a transmissão das ondas sonoras ao ouvido são recomendados exercícios cognitivos e físicos. A
médio e interno. Esse problema pode ser tratado pelo maior oxigenação cerebral promovida pelo exercício
médico especialista. regular pode auxiliar as conexões neurais. Coelho et
al. (2012) verificaram que o desempenho em testes
A acuidade visual reduz-se, em decorrência cognitivos para avaliar memória de curto prazo,
de menor mobilidade ocular, fraqueza muscular, linguagem, aprendizagem, taxa de esquecimento
rigidez da íris, alteração do cristalino, redução do e funções executivas foi semelhante entre jovens
fluido vítreo, opacidade da córnea, entre outras. A e idosos que praticavam atividade física regular,
independentemente do nível de escolaridade.

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Em contraponto aos efeitos da senescência, e alterações cognitivas. A capacidade de retenção de


verifica-se com mais frequência em idosos a urina reduz-se devido a diminuição da taxa de filtração
demência. Esta é caracterizada como uma diminuição glomerular e ação do hormônio antidiurético (ADH),
global das funções cognitivas que preserva um estado limitada pela sensibilidade tubular. A ação do ADH
de consciência. A demência pode ser decorrente de diante de alterações ortostática pode ser deficiente
fatores degenerativos (mal de Alzheimer, doença de devido a anormalidade nos barorreceptores.
Parkinson), vasculares, metabólicos, tumores.

O processo de envelhecimento também promove Sistema digestivo


alterações no padrão do sono, decorrentes de
alterações urinárias, ansiedade, depressão, dor, Alterações em dentição, paladar e músculos da
doenças cardiorrespiratórias e apneia do sono. mastigação restringem o consumo de alimentos. O
A qualidade do sono pode ser melhorada com o esvaziamento gástrico é mais prolongado. Também
aumento da atividade física e cognitiva durante o dia. identifica-se em idosos redução da secreção ácida,
que pode levar a uma redução da absorção da
vitamina B12, responsável pelo desenvolvimento da
Sistema renal anemia perniciosa. Os movimentos intestinais são
mais lentos, especialmente na ausência de exercícios
Além da redução da massa renal, dos 30 aos 70 físicos. Ocorre redução de enzimas, o que pode
anos, o número de glomérulos diminui em torno de provocar uma absorção deficiente de ferro, cálcio e
50%, reduzindo o ritmo de filtração glomerular. Com vitamina B1, gerando alterações na concentração de
isso, ocorre redução da capacidade de concentração hemoglobina e na constituição óssea (GUALANDRO;
e diluição urinária, absorção de sódio e excreção HOJAIJ; JACOB, 2010). A anemia em idosos também
de radicais ácidos, o que dificulta os mecanismos pode ser proveniente de outras causas, que devem
compensatórios diante de uma sobrecarga funcional, ser investigadas.
como desidratação ou hiperidratação. A redução
da capacidade funcional deve ser considerada
com atenção, especialmente diante de outras Sistema hormonal
patologias, como hipertensão arterial, diabetes e
cardiopatias. Com o envelhecimento, os níveis de As alterações hormonais podem ter sua origem
renina e aldosterona diminuem, em resposta a um na síntese, no transporte, na corrente sanguínea ou
decréscimo funcional, o que interfere no sistema na interação com os receptores. Em alguns casos, é
renina-angiotensina-aldosterona para controle da difícil atribuir a modificação no padrão de secreção
pressão arterial. Uma restrição dietética de sódio ou atuação de um hormônio a senescência. Doenças
leva a uma redução dos níveis plasmáticos de renina. vasculares ou degenerativas podem auxiliar tal efeito.
Essa queda estimula o córtex suprarrenal a secretar
aldosterona, mas, nos idosos, ela não atinge os níveis A secreção de GH (hormônio do crescimento)
habituais. Isso pode ser uma resposta fisiológica aos é influenciada por hipoglicemia, exercício e sono.
níveis pressóricos elevados. Esse hormônio, responsável pela síntese proteica
e pela lipólise, pode ser um dos responsáveis pela
A incontinência urinária é comum entre idosos, alteração da composição corporal de idosos. Não
mas não pode ser atribuída exclusivamente ao existe um consenso em relação às mudanças da
envelhecimento, e sim é na maioria das vezes secreção do GH nessa fase, mas a alteração do
decorrente de fatores como imobilidade, sexo feminino sono pode promover a redução da pulsatilidade

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do hormônio (BRONSTEIN, 2003). O cortisol A tolerância à glicose modifica-se com o avanço da


também sofre mudança no seu padrão de secreção: idade, o que dificulta distinguir o efeito da senescência
com maior concentração noturna, o excesso do e o da senilidade para o diagnóstico de diabetes. A
hormônio promove a degeneração cerebral. Altera o secreção de insulina pode diminuir com o avanço da
metabolismo das células, permitindo maior ingresso idade, assim como a sensibilidade periférica a ela.
de cálcio e aumentando a produção de radicais livres, Esses efeitos podem ser resultantes de declínio de
que destroem as células cerebrais. atividade físicas, redução da massa magra, menor
aporte de glicogênio muscular e dieta inadequada.
O controle do volume sanguíneo e da pressão
arterial pode ser influenciado pela redução da
síntese de aldosterona, hormônio secretado pela Sistema reprodutor
zona glomerular do córtex suprarrenal, e aumento
da síntese de hormônio antidiurético. Essas O marco da alteração hormonal e reprodutiva da
modificações, associadas ao déficit da função tubular mulher é a menopausa, que ocorre entre os 40 e os
renal, levam a hiponatremias, que são agravadas por 50 anos e é caracterizada pela redução na produção
dietas hipossódicas e/ou uso de diuréticos. de estrógeno e consequente interrupção do ciclo
menstrual. A composição corporal também é alterada
Os hormônios andrógenos são responsáveis pelas com mais intensidade. O aumento do peso e da
características sexuais secundárias e interferem na adiposidade corporal e a redução da massa muscular
síntese proteica. Sua secreção limitada ou falha na são características dessa fase.
conversão para estrógeno está altamente relacionada
a osteoporose. O aumento dos hormônios andrógenos A vagina sofre redução de comprimento, largura
e a redução dos estrógenos nas mulheres promove e umidificação, o que favorece a ocorrência de
redução dos pelos do corpo, com aumento no lábio infecções. O útero apresenta metade do peso aos 50
superior e no mento. Durante a menopausa, essas anos quando comparado a uma mulher de 30, com
alterações levam a aumento do depósito de gordura, redução da elasticidade. A posição de útero, bexiga e
com redução do metabolismo basal. Ocorre também reto depende dos ligamentos, que se tornam fracos
a queda da produção de prolactina, responsável pela durante o envelhecimento. Isso ocorre também com
estimulação da lactação. as mamas. As glândulas mamárias são substituídas
por tecido fibroso e apresentam redução da gordura.
Identifica-se em homens idosos alteração da Os pelos pubianos diminuem.
retroalimentação da produção de LH e FSH e queda
do nível de testosterona, sugerindo a queda do Nos homens, os testículos permanecem com
número de células de Leydig ou de sua secreção. o mesmo tamanho e peso, mas a atividade e o
Em mulheres, o FSH aumenta e permanece elevado tamanho dos túbulos seminíferos, relacionados a
por até cinco anos após a menopausa, enquanto o reprodução e nutrição dos gametas, diminuem.
LH tem uma elevação mais discreta. Isso pode ser Ocorre redução da testosterona pela atrofia das
devido a queda da produção de estrogênio. vesículas seminais e da próstata, mantendo-se nos
limites aceitáveis. O número de espermatozoides
A redução da atividade das glândulas sudoríparas diminui significativamente, mas não impede a
e sebáceas resulta em ressecamento da pele, com capacidade reprodutiva. Em alguns momentos, pode-
maior suscetibilidade a infecções e sensibilidade a se identificar aumento desse número, que pode ser
variações de temperatura. atribuído ao período maior de abstinência. No pênis,
a túnica albugínea do corpo cavernoso reduz sua

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espessura, e a do corpo esponjoso é mantida. Na maioria dos casos, a redução da potência sexual é devida a
fatores psicológicos. A dificuldade de ereção requisita um período de estimulação maior, que pode ser devido
ao aumento do período refratário.

Sistema musculoesquelético

O aumento da fragilidade dos sistemas ósseo, articular e muscular faz com que a ocorrência de patologias
e acidentes aumente também. O crânio tem aumento de sua rigidez pela substituição do tecido fibroso por
ósseo a partir dos 30 anos. O núcleo pulposo dos discos intervertebrais e os condrócitos das articulações
sinoviais perdem água e proteoglicanos e ganham fibras colágenas (número e espessura). Por outro lado,
nos discos intervertebrais, as fibras colágenas do anel fibroso ficam mais finas. Nas articulações sinoviais, as
cartilagens tornam-se mais finas e racham com facilidade (figuras 16 e 17).

Figura 19 – Degeneração das cartilagens das articulações sinoviais.


Fonte: http://www.clinicaqualivida.com.br/2009/03/01/carga-pesada/.

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Figura 20 – Erosões na cartilagem com exposição óssea. Fonte:


http://cesarmartins.com.br/?area=osteartrose.

No processo de envelhecimento, a espessura do Figura 21: estrutura óssea (A) saudável, (B) acometida por
componente ósseo compacto sofre redução devido a osteoporose. Fonte: http://envelhecimentounb94.blogspot.com.
br/2011/09/envelhecimento-do-tecido-osseo.html.
reabsorção interna. Na parte esponjosa, as cavidades
entre tubérculos ósseos aumentam devido a perda
Nessa condição, o risco de fraturas em idosos é
de lâminas. Os osteomas aumentam seus canais,
maior, e seu processo de recuperação, mais lento.
formando zonas mais esponjosas, porosas e delgadas.
São vários os fatores ligados à a osteoporose, dentre
O controle do metabolismo extracelular, promovido
eles alterações hormonais, déficit de vitamina D e
pelos osteócitos, é afetado pela redução do número
de cálcio. Labronici et al. (2013) identificaram, em
e atividade deles, com consequente perda de cálcio.
mulheres pós-menopausa, níveis séricos de vitamina
D deficientes ou insuficientes em 82% da sua amostra.
No homem, a perda óssea inicia-se após os 30
Em relação aos músculos, verifica-se redução da
anos, enquanto na mulher ela só é significativa
secção transversa devido a diminuição das fibras
a partir da menopausa e mais intensa que neles.
musculares, substituídas por tecido conjuntivo, e
Quando a perda de massa óssea é evidente, instala-
aumento do colágeno intersticial.
se um quadro de osteoporose (figura 18).
As fibras brancas, de contração rápida, são mais
afetadas pela redução de volume. Para transmissão
do impulso nervoso, uma possível estratégia é o
aumento dos tubos T e do retículo sarcoplasmático.
Em contrapartida, as placas motoras apresentam
maior número de pregas e fendas sinápticas mais
amplas, o que reduz a comunicação do axônio com
a membrana celular. Uma das possíveis explicações
para esse efeito é o desuso. Em geral, adultos não
apresentam nas suas tarefas diárias atividades que
demandam velocidade ou potência de força, que
requerem fibras brancas.

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A redução da massa muscular pode não ser tão mesmo na ausência de patologias. Os desvios posturais
evidente devido ao aumento de gordura corporal. decorrentes dessas alterações musculoesqueléticas
Além disso, o idoso só apresentará restrições são comuns. A maior incidência é da cifose torácica,
funcionais relevantes com uma idade mais avançada. com redução da curvatura lombar e inclinação
O sedentarismo, a deficiência na dieta e fatores posterior da pelve (figura 19). Na postura ereta,
genéticos contribuem para esse processo. A redução verifica-se flexão de quadril e joelhos, promovendo
da força muscular é acentuada nas mulheres a dorsiflexão do tornozelo. Com isso, o centro de
com o início da menopausa, devido às alterações gravidade é deslocado para a frente, o que prejudica
metabólicas. o equilíbrio. Como mecanismo compensatório, os
braços são projetados para trás por meio da extensão
A degeneração articular é proporcionada pelo dos ombros.
desgaste devido a uso ao longo do tempo, traumas
e obesidade. A degeneração da cartilagem articular
promove redução da sua elasticidade e espessura,
expondo os ossos a processos inflamatórios. Como
consequência mais grave, pode-se chegar ao
enrijecimento articular e à limitação de movimentos,
com dificuldade para tarefas que exijam maior
controle postural. A redução do colágeno e da
elasticidade óssea resulta em maior possibilidade
de ruptura de tendões diante de atividades mais
intensas em idosos, processo facilitado pela menor
capilarização dos tendões.

Com as alterações articulares e a redução


da capacidade elástica muscular, a amplitude
de movimentos é restringida, prejudicando a Figura 22: Desvios posturais decorrentes do envelhecimento.
Fonte: http://biologiamaluca4.blogspot.com.br/2008/11/tecidos-
funcionalidade. Essa limitação pode ser percebida conjuntivos-de-sustentao.html.

Composição corporal

A partir dos 40 anos, a estatura começa a diminuir, devido a alteração da postura, diminuição dos espaços
ocupados pelos discos intervertebrais e redução dos arcos dos pés. Crescem nariz, pavilhões auditivos, crânio
e caixa torácica. O tecido adiposo sofre aumento nos omentos e na região perirrenal e substitui a perda
do parênquima dos órgãos. A distribuição subcutânea reduz-se nos membros para aumentar no tronco. A
redução da água e do potássio intracelular deve-se em especial à redução celular nos órgãos e promove
queda do gasto energético. A quantidade de água corporal pode reduzir-se de 15% a 20% com o avanço
da idade. Os rins e o fígado sofrem maior redução de massa, acompanhados de perda de massa muscular.

Embora a massa corporal total sofra aumento na idade adulta e discreta redução após os 50 anos, deve
ser considerada a composição de massa muscular, de gordura e óssea. Após um período de pequeno declínio
da massa muscular, seu decréscimo é intensificado desde a quarta década de vida, em decorrência das
alterações hormonais e metabólicas.

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O aumento da massa gorda é de 20% a 40%, o de informações e tomada de decisão. O recebimento


que amplifica o risco de patologias como obesidade, das informações sensoriais e proprioceptivas sofre
diabetes e hipertensão. A distribuição da massa perdas durante o envelhecimento, por exemplo,
de gordura em mulheres é mais acentuada no redução da audição, da visão etc. É possível
quadril e nas pernas; nos homem, a localização compensar a redução da velocidade de reação
é predominantemente na região abdominal e decorrente de perdas fisiológicas com a utilização de
submuscular, o que aumenta a probabilidade de processos cognitivos mais eficientes. Embora espere-
problemas cardíacos. Com isso, o gasto energético se um declínio do desempenho motor ao longo do
basal diminui de 10% a 20%, reduzindo a necessidade processo de envelhecimento, é possível verificar
calórica diária. grande variabilidade e melhora em algumas tarefas
de acordo com a demanda delas e de sua interação
Eickemberg et al. (2013) compararam a gordura com as características do indivíduo.
corporal de idosos e adultos pelo método de
bioimpedância elétrica e a gordura visceral por meio A genética e o estilo de vida representam
da tomografia computadorizada. Tanto homens importante parcela da influência no desempenho
quanto mulheres apresentaram aumento da gordura motor. A atividade física ao longo da vida, o
corporal total e da gordura visceral com o avanço da consumo de tabaco, álcool e drogas, o estresse
idade. No grupo estudado, as idosas apresentaram e a dieta são fatores que podem afetar vários
37,2% de gordura corporal total, contra 31,5% das sistemas fisiológicos e em consequência reduzir o
mulheres adultas. Os homens obtiveram resultados desempenho de tarefas motoras que demandem
de 27,5% nos idosos e 21,1% nos adultos. o uso deles. Com isso, podemos destacar que o
declínio das funções fisiológicas não é uniforme
A massa óssea sofre decréscimo acentuado nem equivalente ao avanço da idade, mas apresenta
nas mulheres após a menopausa. Nos homens, é ritmo diferente de alterações.
mais evidente após os 50 anos, com quadros de
osteoporose mais frequentes após os 70, devido a O tempo de reação é uma medida amplamente
alterações hormonais, deficiência da dieta, álcool, utilizada para avaliar o comportamento motor. O
fumo e quantidade de atividade física insuficiente tempo de reação significa o tempo entre a exposição
(OLIVEIRA; GUIMARÃES, 2013). A falta de ao estímulo e o início da ativação dos músculos
identificação da perda de massa óssea significativa adequados para executar a tarefa. Ele é resultado
em geral acontece pelo acúmulo de massa gorda, que da recepção das informações sensoriais, da seleção
mantém o peso corporal com pouca variação. Aos 80 e processamento dessas informações pelo cérebro,
anos, o conteúdo mineral ósseo pode reduzir-se de da tomada de decisão e do envio dos comandos para
40% a 50%, em comparação a um adulto jovem. ativação muscular adequada. Como já discutido, o
envelhecimento promove alterações no sistema
nervoso central, como perda de células, redução do
Desempenho motor e exercício físico fluxo sanguíneo e da oxigenação cerebral. Com isso,
o tempo de reação é maior em idosos.
Durante a idade adulta, as mudanças fisiológicas
determinam alterações no desempenho motor. As Fatores como a prática e a familiaridade com o
habilidades afetivas e cognitivas também interferem sinal minimizam o aumento do tempo de reação
na resposta motora. São exemplos de interferentes associado ao avanço da idade. Além disso, o idoso
afetivas a motivação e a autoconfiança. As pode apresentar maior motivação para o desempenho
habilidades cognitivas representam o processamento da tarefa com precisão do que com velocidade, por

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isso, a apresentação do objetivo deve ser clara. Existe O exercício físico regular é indicado em qualquer
uma relação inversa entre velocidade e precisão: o fase da vida. Durante o processo de envelhecimento,
aumento da primeira promove perda na segunda. É ele torna-se importante aliado na prevenção e
possível, com a prática, maximizar o desempenho, no controle de patologias. Embora as alterações
inclusive de idosos. cardiovasculares, hormonais e metabólicas interfiram
no desempenho físico, os efeitos crônicos do exercício
A relevância da atividade física é destacada em físico contribuem para a redução das perdas funcionais
estudos como o desenvolvido por Spirduso (1975), e estruturais decorrentes do envelhecimento.
que revelou que idosos ativos apresentavam tempo de
reação semelhante ao de jovens não ativos, e que seu Com a prática regular, é possível que uma pessoa de
desempenhor foi bem superior ao dos que não eram 70 anos treinada apresente melhor condicionamento
ativos fisicamente. A inatividade física contribui para físico do que um adulto de 30 sedentário (figura
a deterioração do sistema nervoso central. Assim, a 20). A melhora da força, da resistência muscular
eficiência do processamento central em idosos ativos e da mobilidade articular auxilia nas atividades da
fisicamente pode ser atribuída à boa condução do vida diária e também no aumento da deposição
sistema nervoso central e à preservação das células de cálcio nos ossos, controlando o aumento da
cerebrais. E, com a atividade física, o aumento da gordura corporal. Deve-se ter cuidado com a prática
circulação sanguínea e a temperatura adequada nas de exercícios em ambientes muito quentes devido
extremidades do corpo aumentam a velocidade de à dificuldade de corrigir desequilíbrios hídricos e
condução nervosa dos sinais aos músculos. minerais, decorrentes das alterações renais.

Figura 23: Redução de massa muscular e força decorrente do envelhecimento. Fonte: http://www.centromedicoathenas.com.br/
detalhes-dos-programas-e-servicos-do-centro-medico-athenas.asp?cod_especificacao=1.

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Em relação ao aporte energético e à manutenção em maior gravidade das sequelas do acidente.


da glicemia, com o treinamento físico, a reserva Destacam-se as fraturas ósseas, em especial de
de glicogênio muscular aumenta. Na presença de quadril, úmero e punho, e as lesões de tecidos mole,
uma redução da glicose sanguínea, o fornecimento contusões e distensões musculares. As consequências
de carboidratos é facilitado, reduzindo o quadro de desses acidentes são maior debilidade e aumento da
hipoglicemia. O exercício físico também promove taxa de mortalidade com o avanço da idade.
aumento da sensibilidade à insulina, o que possibilita
a manutenção da glicemia diante da redução da A dependência de cuidados também interfere na
secreção desse hormônio. reabilitação dos idosos, que é muito mais lenta do que
em adultos. Além disso, fatores psicológicos como a
A ocorrência de quedas aumenta significativamente depressão e a motivação sofrem alterações. A tabela 3
com o avanço da idade. Esse é um fator de apresenta os fatores que predispõe o idosos a quedas
preocupação, pois a fragilidade da estrutura resulta e possíveis estratégias para minimizar estes fatores.

Tabela 3: Fatores de risco de quedas e possíveis estratégias de intervenção


Fatores de risco Estratégias de intervenção
Diminuição da força muscular - Exercícios de treino de força.
- Aparelhos de assistência (bengalas, nadadores, corrimãos).
Diminuição da flexibilidade - Estilo de vida ativo.
das articulações - Exercícios de alongamento.
Diminuição das habilidades visuais - Aumento da iluminação do ambiente.
- Redução do ofuscamento.
- Óculos.
- Tratamentos cirúrgicos.
Diminuição das - Remoção da cera do ouvido.
habilidades auditivas - Aparelhos de assistência.
Diminuição da propriocepção - Superfícies firmes para caminhar.
- Calçados apropriados.
- Melhora visual do ambiente.
- Evitar superfícies irregulares.
- Aparelhos de assistência (bengalas, andadores e corrimãos).
Lentidão do tempo de reação - Estilo de vida ativo.
- Atenção focada.
- Prescrição da prática de atividades.
- Motivação.
Medicação - Consciência dos efeitos colaterais das drogas.
- Consciência dos efeitos colaterais da interação entre as drogas.
Fonte: Adaptado de Gallahue; Ozmun, 2005.

A senescência promove alterações no padrão da marcha de idosos. Reduções da velocidade, da amplitude


da passada e do balanço dos braços estão ente elas. O receio de possíveis quedas reduz o tempo do balanço
e do apoio unipodal e afastamento dos pés, promovendo maior base de apoio. A redução da dorsiflexão no
início da fase de balanço pode explicar o aumento de quedas em idosos. Isso se deve ao enfraquecimento
dos músculos responsáveis e à limitação articular. Como mecanismo compensatório, identifica-se aumento
da flexão do quadril e do joelho para evitar arrastar os dedos no solo ou tropeçar. Da mesma forma que a
musculatura responsável pela dorsiflexão está enfraquecida, a redução da força para flexão plantar diminui a
propulsão da passada. Essas alterações indicam a necessidade da atividade física regular em idosos.

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Embora muitos fatores negativos tenham


sido apresentados relacionados ao processo de
envelhecimento, adultos que permanecem ativos
podem se adaptar e compensar as alterações
ambientais e as exigências da tarefa. Em alguns
casos, é possível o desempenho de tarefas motoras
em nível elevado, como é o caso dos atletas master.
Estimular os adultos à aquisição de novas habilidades
e à manutenção do estilo de vida ativo é possível por
meio do oferecimento de oportunidades de prática e
treinos em pequenos grupos.

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Fisiologia Integrada ao crescimento e desenvolvimento humano - Fisiologia do envelhecimento humano

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