Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Analítico-
Comportamental
em Grupo
ESETec
2008
Copyright O desta edição.
ETec Editores Associados, Santo André, 2008
Todos os direitos reservados
Delitti, M
264p. 23cm
1. Psicologia Comportamental
2. Análise do Comportamento
3. Terapia Analitico Comportamental em Grupo
CDD 155.2
CDU 159.9.019.4
1. Introducao
33
upo
anaítico-comportamento! em G
Terapia Analtico Maly Delit
que a te-
. Fer ster (1979) afirma
o D (mulher, 58 anos): Eu pensei muito no que a gente conversou
tipo de T
nvolve o controle reciproco
cranadaé To'ps
S idos, e o “primeiro aspecto aqui, sobre eu colocar limites para o meu filho e...
dos lndWIs teral peuta e cliente
alteram S (homem, 54 anos): (interrompendo D. e falando alto) Já sei, já
;aoplcaori\:;nnaenen\c
consiste em " aber como sel, mais uma vez vocé ficou só pensando e nao fez nada e,
a ser estudado con tex t
do clut º0, N0 em in-
um ortante consiste como sempre, depois ficou p... com vocé mesmo.
o comportamento que oul rm aspecto jmp são emitidos
Esse autor ressalta
08 çompdem amentos verbais que D: Nao, dessa vez foi diferente, mas não quero falar mais nada...
como ntos emiti-
vestigar se e po alterar 0S comporta
me
« a terapiF a
Fale vocé V. (virando para outra cliente), como foi sua
da terapia ain
i p
da, que uel
como resultado
natu ral. Fer ste r ( 1979) afii rma, i c
semana?
30 s lnlãmdªde
ªuçe o clie nte fale de seus evçnlo dad e 40 uais T; Espere um pouquinho D. Quero saber o que foi diferente dessa
f e?l'f;uq UM ouv int e há a poss! q vez. Parece-me que vocé ia falar sobre algo... quando S. a
euta tor na- se
een portamentos
ntes de seus com interrompeu e eu estou interessada em ouvir você.
q::ec:vt:rraºps determina ”
"variáveis são fungao”.
as regras (ou crengas), Neste trecho de sessao observa-se que quando D.
De acordo com Zettle (1990),
é e o cliente faz na situagao comega a fazer a descrição de uma contingéncia de sua relação
descrig )rl‘ ;ass eiucomportamemo, Quapdo
o com o filho, o outro cliente S. parece punir sua verbalizagao, o que
terapéutica, po ªzalfndfirc: r:gr‘\?s
e ver% çõe s verb ais das se observa por sua resposta de esquiva. O terapeuta procura impedir
individuo apren de a segu
ir suas próprias qescri
cont_role mais que a cliente se esquive demonstrando seu interesse.
nas quais está inserido, fica sob
contingéncias ao, emite
dência dizer-fazer, e, gnt Uma caracteristica da abordagem comportamental que
adequado da correspon ra reag lrd elrc gznl:z:::
, pois ele pode
comportamentos mais adequados
aumenta sua eficacia e que fica evidente no trabalho com grupos é
0. f e
ncias esuvgr e[maquecx o seu aspecto pedagdgico ou instrucional. O terapeuta pode ensinar
quando o controle por contingé s do terapeuta, ”
verbalizaçõe
que, a pedido ou sob controle de
a seus clientes sobre andlise do comportamento: sobre relações
s
cia que atu am sob re se'
descrições verbais de contingên
entre os comportamentos e as suas conseqiiéncias, a descrever
reagir mais e_hcazmen e contingéncias e construir suas préprias regras. Na realidade, os
comportamentos em situação natural, pode
que isto ocorra,
quando estes controles não estiverem atuando. Para resultados mais duradouros e generalizados sao obtidos quando o
o terapeuta deve planejar contin gén cia s que fortalegam É cliente aprende a analisar as contingéncias de seu ambiente
dizer, isto é relatar” ou “descrever envolvidas em suas queixas. Ensinar andlise funcional ao cliente &
correspondência entre
comportamentos na sessao, fazer, ou “emitir” outras categorias QE um dos melhores procedimentos terapéuticos. Cabe ressaltar, no
comportamento em seu ambiente natural, e voltar a dizer, ou seja, entanto, que para que esta estratégia seja efetiva é necessario
e adequar a linguagem e utilizar exemplos da vida dos clientes, sem a
“relatar’ novamente para o terapeuta, o qual por sua vez dev
investigar se esta correspondéncia existe. Como na situagao de
preocupação de utilizar termos técnicos que podem ser de dificil
terapia em grupo os clientes fazem parte das contingéncias o entendimento para algumas pessoas.
respondéncia
terapeuta deverá estar muito atento para que esta decoragressividade No grupo, as regras decorrentes da história de vida dos
ocorra oseviland o possiveis respost as de esquiva ou diferentes individuos podem ser evidenciadas, questionadas e
entre clientes. utilizadas como modelos para novos repertérios. E uma excelente
oportunidade para o individuo observar e refletir sobre a sua prépria
T. Old pessoal como foi a semana de vocés habilidade social. Além disso, propicia condições de aprendizagem
?
35
34
GRS
íticoco-comportamental em
Terapia anaAnallti
Maly Delii
" , és da observação.
n a) Qual é o objetivo do grupo?
tanto através dede uma participação
uIÂRIO , crentes ativa
que aa
após a\v(an\jrev\Sas
alg ” sessfiescnss
O grupo sera para obtenção de dados para pesquisa?
verbalizagao a}m RE me
refadele
Por emitiram É Da: xaação
quaisexemplo, que o V. decontou
frequéncia da relação com o pai Atendimento em consultério ou em instituição? Se instituicao, trata-
lembrewlfilfla?‘uai\va:s’ :ug o grupo levantou e resolvi fazer igual com o se de uma clinica-escola, hospital psiquidtrico, posto de saude ou
e das alter! empresa? A resposta a esta questao determinara todas as
decorre
caracteristicas do grupo. Neste capitulo apresentamos um modelo
et = modalidade de atendimento de atendimento que temos utilizado tanto com clientes de consultério
MRS e imediato. Realmente,
Qutra varntag s’ destad ersificado de
quanto com os de uma clinica-escola e os de hospital psiquiatrico
do fato de 0 reforgamerto o - de prover uma fonte adicional Em outros capitulos deste livro, estão apresentados relatos de trabalho
reoc upag ao com a melh ora de de pesquisa e de atendimento em instituicoes. Uma das caracteristicas
os membros do PO S e é mais o único
lfi ;rr:] ;opo tera peut a não da Andlise do Comportamento é a utilização de uma definição objetiva
isiomamsrs p““;j,?fif grupal pode
ma do grupo. A situacao dos problemas para fins da analise funcional. A definição e descricao
Zíxzm::gªdãã rcflompcrtame se e):jp eml'n zr;l: a:]g\r/‘?: operacional dos objetivos são indispensaveis para o planejamento
rio no qual
funcionar como um laborató nova s io_rm as‘ e rela e, das intervencées e, também, para a avaliagao dos resultados.
vem
comportamentos e Se desenvol A?ém
um reforgo imediato pa;a qui
Os membros do grupo provéem g em dada si ua'ga o. e
apro pnad
se constitui num comportamento novas (l)rrna e
b) Quantos clientes participarao do grupo?
disso, os membros do grupo podem expenm?nlar
ações que simul emlma_ns Nao existe uma norma ou recomendagao que especifique
comunicação com outras pessoas em situ a base para modg ?ç—ao o número ideal de participantes. Esta é uma das decisões que o
uma ampl
proximamente o mundo real. Há terapeuta devera tomar, considerando seus objetivos e as demais
social em grupo s, e 0S memb ros do grupo pqdem facilitar a aquisição, caracteristicas do grupo. Grupos maiores (mais de 8 participantes)
os socialmente relorçz-àdosv No
e a manutenção de comportament demandam um maior treino terapéutico, embora sejam muito úteis
ment al cada part icip ante fgm a possibilidade de
grupo comporta nas instituigdes (hospitais, empresas) nas quais a demanda por
para ‘qutros membrt_)s
comportar-se como líder ou de ensinar papéis atendimento costuma ser maior. Terapeutas menos experientes
do grupo. Se um dos memb ros do grup o tem habilidades que são provavelmente se beneficiam se trabalharem com grupos menores
das por outro s memb ros pode ensi nd-l as para o grupo; elg
valoriza (4 a 5 pessoas) e, portanto, com menos diferengas individuais em
s
pode ser convidado a ajuda-lo a obter as mes mas habilidades e a termos de problemas e de histéria de aprendizagem. Grupos
medida que aprende os conceitos e procedimentos pode dar modelo menores, por outro lado, podem trazer outro tipo de dificuldade: se
para outros participantes. um participante faltar, o que realmente pode ocorrer, a interagao na
sessao pode ficar pequena ou aversiva para os membros do grupo.
Em nossa experiéncia concluimos que um grupo com 6 a 8 clientes
traz vantagens em termos de interagao, modelagao e aprendizagem
2. Organizagao do grupo. interpessoal e, a0 mesmo tempo, permite a aten¢ao adequada para
a analise e intervencao com cada um dos clientes.
2.1. Planejamento
Antes do inicio da formagao do grupo os terapeutas
¢) Quantos terapeutas?
deverao decidir e planejar varios aspectos em relagao ao grupo, Um terapeula pode atender ao grupo sozinho. Entretanto,
respondendo as questoes que se seguem. contar com um co-terapeuta tem se mostrado extremamente produtivo.
37
36
mportamentatol em Grupo
Terapia Anoltico Co
é a que
t-razrdn"bons resultados retomar a
Uma estratégia que tem te das regras de “ser cliente” (pontualidade, assiduidade, cooperagao), ados
mos de “esquema C mhl
qado : faz par
coleta e iniciar a andlise dos dados que foram abord nas
h: e de oco rre rem eve ntu ais e
@ possibilidad ensave l o estabe lecime nto de control
& ar;'ªadas com o grupo OT pelo 'ª[ª peuk _a* entrevistas individ uais. É indisp
refora r oS
citadas por um C“emrã positivo entre os membros, isto 6, o terape uta devera
gzgsõl:s individuais, soli les é:s ses sõe s são reciproco
para facilitar o desenvolv
imento do gru po.
rel ad(;_?o ?; grupo, comportamentos verbais do tipo tato e o de reforcamentoesteja
pos sív eis dif icu ldades do cliente Iem entre os membros. É també m import ante que o terape uta atento
analisada s dificuldade em
quer por algum conteúdo
aversivo, ou por alg uma para identificar e indicar aos clientes os comportamentosgam&
relagao a outro. Deve-se enfa
tl;ar que peslas sessões, que quando
ocorrem
contingéncias de vida semelhantes ou que de alguma forma favore
com pouca frequência, o
indivíduo é incent iva do a con tar
da sessao
a interagao e a aprendizagem de uns pelas contingéncias de
uma ses são com 0 grupo. sqbre’ os assuntos aprendizagem dos outros.
estiver em icip ar efe tivamente
o objetivo é part A atração ou coesdo de um grupo é uma das variaveis
individual, sendo ressaltado que
do grupo. indispensaveis para o sucesso. Yalom (1985) afirma que “a coesao
é o resultado de todas as forças que atuam sobre todos os membros
do grupo, de maneira que permanegam no grupo, ou de forma mais
2.2. O início simples a atração de um grupo por seus membros. Os membros
antes da primeira de um grupo coeso sentem afeto, conforto e um sentido de
Em sessões individuais (uma ou duas) sobre as
sessão do grupo, os terapeutas coletam informações pertinéncia no grupo. Eles valorizam o grupo e sentem que são
expectativas dos clientes, 0S comportamentos que estes cr:msi_deram valorizados, aceitos e amparados pelos outros membros.” Pode-se
de aquisição e a considerar a coesão como uma razao entre a taxa de reforgamento
como problema e, se possível, as contingéncias
disso, os terapeutas procuram se estabelecer e a de punigéo liberada no grupo, isto €, grupos mais coesos sao
sua manutenção. Além
nao-punitiva, explicando o processo e os principios aqueles nos quais existem mais comportamentos mantidos por
como audiéncia
deve-se ter a controle positivo do que por controle aversivo. Skinner “(1989) afirma
da terapia em grupo. Desde este primeiro contato, e 0
de criar a coesao do grupo, uma condigao que o” proprio terapeuta constitui uma audiéncia não punitiva...
preocupagao
comportamento que até então foi reprimido começa a aparecer no
indispensavel para o seu bom andamento.
repertério do paciente”. No contexto do grupo, a coesao faz com
Apés essas primeiras entrevistas individuais, podem ser que cada membro se estabelega como parte de um ambiente nao-
identificadas diferentes fases na condugao dos grupos. Na primeira punitivo e, assim, favorece a emissao de padroes de comportamento
sessao, os T criam condições para os participantes se conhecerem, que são punidos na situação natural
com cada um dos membros se apresentando e colocando suas A coesão é tão importante para a terapia em grupo quanto
expectativas iniciais. Uma outra forma de comegar o grupo é pedindo
o relacionamento terapéutico para a terapia individual. De acordo com
a um membro que se apresente a pessoa que esta ao seu lado, falando
Rosenfarb (1992), freqiientemente, os individuos que procuram terapia
de suas caracteristicas pessoais e de seus maiores interesses. Após
nao aprenderam determinados padroes comportamentais em sua
a dupla interagir por alguns minutos (2 ou 3) um apresenta o outro
histéria de vida, e o terapeuta pode, na situação de terapia, modelar
para o grupo. Esta estratégia (duplas) pode facilitar a emisséo de novos comportamentos. No grupo terapéutico as contingéncias de
relato verbal em clientes com mais dificuldade. De qualquer forma, o O terapeuta fica sob controle dos
controle são mais complexas.
g"Dº"ªnle é que os T estejam atentos para reforçar as verbalizações comportamentos dos clientes e estes sob controle das contingéncias
s:"íªa'tliãªãheme e para mostrar aspectos de semelhança ou de liberadas pelo terapeuta e pelos membros do grupo. Na situação de
o Sessózse)n:jr: og m‘embrosv No inicio do grupo (nas primeiras 3 grupo, cada individuo pode desempenhar o papel de modelo e liberar
, 0s objetivos principais sao reforgar o comportamento
41
40
5 Comportame
Terapia Moy Deliti
de novosv padrõei s ded
aprendizagem
reforgo social a sitluação
Macm— facilitar a generalização para T: “Oba, temos um noivo aqui... Em que você trabalha mesmo?
comportamento © D: tos de seus
ntes identificam 0S efei
que Eu já sei, porque já nos falamos, mas conte para os outro.”
do onw outros (Terapeuta dá atenção e solicita informação para o grupo)
m o no:.no:m_dm: _o do terapeuta e dos
;m: ortamDhm“n S mocw
:mh é maior a
comp
situagaoa de contro le positivo, z “Informática, mas como Ihe falei quero mudar de área...”
n
des,
são exemplos
ta be la e à figura @ seguir em gr up o cue
diferentes sessõe: s. A
S es sõ es de terapia i T
e::l::: 2. Porcentagem de ocorréncia de
verbalizagoes
tipo de registro
realizado em
ogi a da PU C- S. Paulo. ? * -.
de
s por clientes e terapeutas registradas em intervalo
a de Psi col
clientes na clinic durante cinco sessoes de grupo.
de ocorrência de
da porcentagem as registrados em Sessdo 4 Sessdo 5
Tabela 1. Obse rvação C! lientes e tterape
ut Sessão 1 Sessão2 Sessdo 3
emitidas por de grupo.
verbalizagoes imeira sessão 49% 57% 68% 79%
al o de 20" . durante @ pr ã 3?3
22% 24% 30%
in te rv
” & 3 5%
6 70 o% 0% 0% 18% 34%
4o 50 " S a1% 46% 46%
2 3 N TE B 17% 27%
o 0 TE Te 11% 27% 51% 79% 79%
LA LR D R s E B4% 97% — 117%
1 AS D N TE ¢ 9% 50%
R D D TE - 9% 15% 20% 31% 42%
2 LA R O N " 13% 13% 13%
3 T LA D R c N 13% 13% 55%
TE AS € D c TE 7% 14% 23% 23%
4 ASs R N R AS 0% 0% 0%
s o R D R c u s 0% 0% 5%
TE TE R AS - 0% 0% 0% 0%
6 As LA R R TE T
7 T R o R c S
TE N D TE c o
s TE N R TE A
s TE D c TE TE
TE TE TE R c
10 TE R 0 c
" TE R o TE c TE
TE TE TE TE TE TE
12 N R N [) c
13 TE N AS co c TE
TE Te N A
“ TE AS D TE
15 TE TE TE N c
o TE TE N D
16 TE TE N AS TÊ
7 TE TE D TE
o TE b N AS
" TE N R N D TE
19 n TE e [) c
20 TE R TE N
c
TE AS D N TE
2 A TE AS N TE c
22 TE o TEc
23 TE TE
pD N TEo
2425 [
a as TEo TE
D AS
LA wA TE As
co £ e N N
26
A TE LR R AS
27 "
D
o
a de ocorrência de emissã
tagem acumulad mostragem
Figura 1 Porcen registradas em
a
es e terapeutas
verbal de client grupo.
e 5 sessoes de
de tempo durant
m os registros
ca Ayab e Basel i pela orga niza ção o pelo entusiasmm 1o co 47
Agradeço a Rebe
das des.
Maly Deiit
ia
A figura 1 apresenta 0s dados registrados da ocorrênc
de tempo. Est,
acumulada de emissão verbal por amostragem e finalmente levarem o cliente, através de controle por instruções
observação é realizada registr ando-se a inicial do sujeito (cliente o, ou regras, a testar a realidade, a emitir comportamentos no contexto
intervalo de
terapeuta) que está verbalizando ao final de cada o das social real, que tenham grande probabilidade de serem reforcados.
dados Sessões
vinte segundos. No eixo da abscissa, estão os — — Para executar seu trabalho o terapeuta irá se utilizar dos
Tealizadas em diferentes datas. O eixo da ordenada representa 5 principios de análise do comportamento, ouvindo o relato verbal do
porcentagem acumulada de ocorrência devem\ssao_verbar de cada cliente acerca das situações de sua vida cotidiana e observando e
, o terapeuta
sujeito. É possivel constatar que, nas primeiras sessões interpretando os comportamentos que são emitidos na sessão. Tsai
esperado
emitiu mais verbalizacdes que 0S clientes. Este padrão é de e Kohlenberg (1991) afirmam que “a observação e interpretação de
regras
o
por se tratar da fase de orientagdo inicial e estabeleciment um terapeuta sobre um comportamento é uma função da história
sessões
do grupo. Observa-se que esta pamcmaqaoAdm"nnum nas lmrio do terapeuta, que inclui também seu referencial teórico”. O tipo
seguintes e que a figura expõe uma tendéncia de_equr
de específico de interpretação escolhido pelo terapeuta varia de acordo
emissão verbal dos clientes com o passar
das sessões, cada um com o seu propósito e com o contexto da terapia. Contingências da
emitindo um número semelhante de verbali zações. história de vida do próprio terapeuta também estarão sempre
presentes, seus valores, regras e experiéncia de vida. O terapeuta
neutro ou “distante” é uma falácia no processo terapêutico.
Entretanto, deve-se tomar cuidado para não transmitir seus próprios
4. O desenvolvimento do grupo valores. Isto significa que o terapeuta não pode falar de si mesmo
ou e sua vida?
Como um contato tão curto como a sessão de terapia
pode modificar o comportamento de uma pessoa? Esta é uma Aandlise da transferéncia e contra transferéncia’, uma das
pergunta que é feita frequen temente para os analistas clínicos do estratégias fundamentais das abordagens psicanaliticas, na análise
Realmente, 50 ou 60 minutos semanais são uma clinica do comportamento pode ser entendida como um processo
comportamento.
parcela muito pequena da vida de uma pessoa. Entretanto, a sessão
que envolve discriminagao e generalizagao por parte do terapeuta e
de terapia é a única situação em que o terapeuta pode observa r o do cliente. Tudo que o cliente faz na sessao sao comportamentos
que foram aprendidos e ocorrem devido à similaridade funcional entre
comportamento do cliente e, ao mesmo tempo, também fazer parte estimulos presentes na sessão e na situação de aprendizagem. Por
das contingências. De acordo com Skinner exemplo, quando se sente irrtado com um comportamento do cliente
“uma pequena parte da vida do cliente se passa na presença oterapeuta deve se perguntar: serd que este comportamento do cliente
do terapeuta (...) ocorre uma grande quantidade de modelagem & uma amostra de seu comportamento na situação natural e dos
mútua em encontros face a face”. (Skinner, 1953). respondentes que evoca nas outras pessoas ou eu estou irritado
porque estou cansado? Ao fazer este auto-questionamento o terapeuta
estará procurando identificar se seus eventos privados foram
evocados pelo comportamento do cliente ou por contingências de
O trabalho do terapeuta será criar condições que levem o reflexão é facilitada,
sua história pessoal. Na sessão de grupo esta perguntar
cliente a identificar as classes de contingências de reforçamento na pois pode-se fazer a validagao consensual, isto é, aos outros
sua história de vida que o levaram a emitir aquele comportamento membros do grupo e ao co-terapeuta como se sentiram naquela
que ele relata lhe trazer sofrimento (tem consequências aversivas). situação. A partir dos relatos dos outros clientes pode verificar se eles
Além disso, será necessário levaro cliente a identificar que existem identificam os mesmos respondentes e, portanto, não foi uma
hoje, no seu cotidiano, contingências que mantém os padrões apenas por contingências da história de vida do
resposta evocada
relatados como problema, incluindo-se aí padrões de fuga/esquiva
49
ee Maly Delift
em Gupo
ComI iportamento!
Terapia Analítico-
as
que vários (ou todos) os pesquisar e analisar
tam! bém, primeiros autores @ dem ons tro u
on te ce r, (1969,1971) foi um dos Por mod ela ção e
ac oterapeuta foi autoritário, punitivo endizagem
terapeuta. Pode
p o co ns iderem que reconhecer que seus evidéncias empiricas da teraprtrés efeitos sobre os clientes
: primeiro os
membros do gru
t e ca so , o terapeuta devenális que a mod ela gao pod e portamento;
ou distante. Nes ente estão fazendo uma a e realista e, portanto, pad rõe s de com
adquirir novos
observadores podem n‘respos(as
clientes provavelmmudar seus compz;a:fe\en tos. Nas: situações de er ou rmb
também pode fortalec
e além disso, a modelação reprimidas por
do observador, e estao pode facilitar
que ja existem no repertóre,io fin
e
precisa rever do grupo almente, a modelagao
> ou confrontagao fundamental, pois pode auxiliar o terapeut
a
contingéncias aver siva s; emitidas
m um pap çel
ZÉ:;:&; tle da objetivida respostas que ja existem no repertorio do individuo, mas sao
na manutenção terapê co,, mostram
gutico
uti e a em baixa freqiiéncia.
comum no grupo apeuta e os clientes 0S individuos nascem com
terapeuta, O co-ter Baum (1994/1999) afirma que por estimulos
harmoniosa entre o a, repe rtor io serem afetados
necessidade do ‘autoconheci
peut
mento por parteo docomteratera pia pessoal e uma sensibilidade especificaanopara
s, est imulos estes essenciais para
este que pode ser adqu irid o e/ou apr imo rad
que vém de outros ser es hum
sibilidade especifica em
supervisao. o desenvolvimento normal, e los é queseno torna apto a imitar.
que esta
Os principios e procedimento
s da Aná ise do relação a determinados estimu
durante toda s as sessões do grupo. Aimitação é fundamental para a dade existência de uma cultura,
Comportamento são utilizados
de dis cri min açã o, modelagem pois permite a reprodução endiz cont inui dos seus valores,
Reforçamento, extinção, trei no
g), trei no de auto observação, D o omomizando temp o de apre agem e garan tindo a aquisição
(shaping), modelação (modelin
io alternati vos, observação e s à sobre
de comportamentos adaptativo comportamentos prov vivên cia da espécie. Os
desenvolvimento de repertór
lenberg, 1991) são algumas das indiv íduos que apre ndem a imitar enientes de
refo rçam ento de CRB s (FAP , Koh
processo. Inúmeros
todo o gerações anteriores , em contr aposi ção àquel es que apre ndem por
estratégias terapêuticas utilizadas durante tivas e erros , aume ntam a
como fotografias, poesias, letras de mús
ica, recortes de Si próprios através, por exemplo, de tenta ão da cultura (Band ura,
recursos,
conjunto de probabilid ade da sobre vivên cia e manu tenç
revistas podem ser utilizados como um
jornais e
textuais, verb ais, com dife rent es funç ões, efic azes para 1969/1979; Baum, 1994/1999) .
estímulos
controlar os comportamentos do terapeuta e dos clie
ntes. Estes
De acordo com Baum (1999), “a imitação provê a base
princípios e procedimentos são conhecidos de todo anal
ista do
da aprendizagem operante”e pode ser não-aprendida ou aprendida.
comportamento, e existem inúmeros trabalhos e pes
quisas sobre
O primeiro tipo (imitação não-aprendida) não exige nenhuma a
seus efeitos na prática clínica. Entretanto, a modelação e o ensaio experiência especial. A imitação não-aprendida, combinada com
de comportamento, por serem estratégias fundamentais para modelagem, é responsável pela aquisição do comportamento verbal.
atendimento de grupo, serão enfatizados neste trabalho. Já a imitação aprendida é uma forma de comportamento governado
por regras. Quando alguém verbaliza para o outro “faça assim” e
_mos(ra como fazê-lo, esta pessoa será capaz de seguir esta
5. Modelação e Ensaio de Comportamento** instrução e este modelo, dependendo de sua história de
ou ap'endl:gg:::çaºa lrgadelmg): na terapia em grupo a modelação reforçamento do comportamento de imitar no passado. A imitação
S I; r observação é um dos instrumentos de maior permite que regras sejam passadas para outras gerações
A roeocies | a;?euta_e um modelo para comportamentos N0 possibilitando a transmissão da cultura e aumentando a suz;
lambém são modelos uns para os outros. Bandura probabilidade de sobrevivência.
Maly Delitl
53
52
upo
em GruP'
Terapia Analiico Comportamental Maly Dellfl
rtante
uma música que é muito impo o
N xe um CD que tem gost aria de cons egui r... se necessario e possivel, emitir
º píía”fr;m e expressa
o que eUu observar, reforcar diferencialmente e, ser feita a troca de
Comportamentos alternativos. Além disso,partic pode
de som para nós ipante da dramatização,
T “Ótimo... então eu vou pegar o aparelho papéis: o client e troca de papel com outro
ouvirmos". seja ele terapeuta ou outro memb ro do grupo. De qualquer forma, para
indicar que a cliente
R imitou o
que a modelação seja uma estratégia efetiv a devem ser seguidos oS
Esta interação parece é, tra;e, seguintes passo s: descr ever a situa gao probl ema, decompor a
felovçado no cliente J(, istoaprendido ugoes ou
comportamento que observou ser Além disso, t'a\a ptacece er sequência comportamental (oper acion aliza gao), dar instr
algo da sua vida para 0 grupo. daqui para frente”. modelo de desempenho, ensaio, dicas sobre o desem penho, inverter
a instrugao do terapeuta
“olhar
papéis, re-ensaiar, reavoal ia
desem penhor , progra alizar
a generma cao.
sao
A modelagao e O ensaio de comportamento avaliar o desempenho na situaç real ão
trabalho com grupos. Ensaio
estratégias fundamentais no
de situações reais da vida do
comportamental € à simulagao apreãenla algum grau de
ele
situagdes nas quais 6. O término do grupo
individuo, e para intervengao
dificuldade, e pode ser utilizado para avaliação A afirmagéo de Skinner (1953) “uma pequena parte da vida
A Modelação e o ensaio de comportamento
enta uma
como
do cliente se passa na presenca do terapeuta (...) ocorre uma grande
estratégia de avaliação: Quando o indivíduo repres quantidade de modelagem mutua em encor 1tros face a face” ja citada
situação que tenha ocorrido em sua vida pode se
observar seu neste trabalho, levanta uma pergunta relevante para quem trabalha
comportamento verbal e não-verbal, a topografia dos mesmo
s, tom em clinica: como facilitar a transposigao dos padroes aprendidos
de voz, gestos, entonação e postura, Esta observação
costuma na situação de grupo para a situagao natural?
fornecer dados importantes para a análise das contingências. Realmente, no atendimento em grupo assim como na
Modelação e o ensaio de comportamento como terapia individual, é importante que o terapeuta crie condições para
estratégia de Intervenção: são inúmeros os comportamentos que a manutenção e generalizacao dos comportamentos aprendidos na
podem ser instalados ou alterados, desde comportamento de observar situação do grupo para a situagao natural. “Entretanto, aquilo que o
a si e aos outros, analisar e descrever contingências, habilidades cliente faz na clinica ndo é a preocupagéo basica. O que acontece
sociais, empatia, comunicação, auto-revelação, enfrentamento etc. lá é uma preparagao para um mundo que nao esté sob controle do
Vale a pena salientar que os primeiros modelos de comportamentos terapeuta.” Skinner (1989). O objetivo do terapeuta não é ter um
que o terapeuta apresenta para os clientes são os auto-relatos, cliente que se desempenhe bem na sessão ou que seja competente
principalmente aqueles cujo conteúdo mostre empatia e aceitação na realizagao de ensaio de comportamento, mas sim que estes
social, isto €, o terapeuta dá modelo de como os clientes podem liberar comportamentos aprendidos sejam emitidos e reforçados em
reforço social. A modelação pode ser facilitada quando, por exemplo, contingéncias da vida real e que se mantenham no tempo. Além
çuvanlg um ensaio de comportamento no grupo, o terapeuta der uma disso, é importante também que esses comportamentos se
;ns'rucao prévia oral ou escrita em cartões levando os clientes a mantenham após o término da experiéncia de grupo o que pode ser
investigado em entrevistas de follow up, por exemplo, seis meses
“ÉZSEIÉHSIÉ;:;;É:;Ã;&Z“mulos relevantes, dizendo, por exemplo:
le voz e aos gestos do P nesta situação”. apos a sessao de encerramento. Quando o cliente consegue, em
omA " r:zalí'avx;çao" de modelaçã.o ocorre quando o terapeut atua sua vida cotidiana, aplicar os principios de comportamento que
como compgfl;flo e‘, emwte_.\‘um comportament a aprendeu no grupo em situagao natural, pode-se afirmar que a
o (verbal ou nao) similar intervencao foi bem sucedida. Entretanto a de generalizacao (e
ento emitido ou descrito pelo cliente para
o grupo
55
omport amente! em UP
Terapia analtico-c Maly Deilfi
z naturalme!
nte, ela deve ser facilitada pel,
manutenção) nãs uação de grupo tem vantagens sobre
planejar 7. Consideracdes finais
terapeuta. Nef;?a ja individual, isto € º grupo é mais facil gência s
a situação de te Pela diversidade de modelos e de contin É impossivel escrever uma conclusao sobre algo que esta
na generalização po terapeuta solicita € incentiva os clientes 5 mudando e se desenvolvendo a cada dia, como ocorre com a pratica
nto. tos que são aprendidos e ensaiadog terapéutica. A avaliagao cuidadosa, planejamento e execugao de
aos pesquisas sdo indispensaveis para que a area continue a se
das “tarefas” são propostas
Of s comportamentos no ambiente
desenvolver.
estes emitam Este capitulo (e também este livro) é resultado de como
clientes para que
s que Ipnalegam Ie (mantenhetm
natural, expondo-se as contingéncias, entendo a andlise clinica do comportamento em sua aplicagao a
arche‘me .dre atou que nao
tais padrões. Durante várias sessõe larplhf:\, “fazendo só o que eles
sua situação de grupo. Trabalho de acordo com o modelo do
conseguia colocar limites para as behaviorismo radical e meu comportamento tem sido modelado e
dizer minha opinião. Depois de identificar mantido por contingéncias liberadas por meus clientes, meus alunos
querem sem nunca ào des tes
à aqmswção e mar]utenç e meus colegas. Espero que os leitores aproveitem
contingências relacionadas de sua sua_ mae eram “Em boca cala
da
i ipai s
padroes (as regras princ escu tei cab em em qua lqu er
vi, nao
não entra mosca.” e “Nao sei, não compor tam ent os que
os ensaios dos Referéncias
lugar.") esta cliente fez véri grupo para
r, esco lhen do diferentes membros_do
qostaria de emiti sess ao, a C,'“eme foi
Alberti, R.E. e Emmons, M.I. (1983). Comportamento Assertivo — um Guia
filho . Após csta
desempenhar o papel de seu bém foram
o novo padrao e tam
incentivada pelo terapeuta a emitir de Auto-Expressão. Belo Horizonte: Interlivros.
seu filho nao ser reforgador.
levantadas alternativas para o caso de Bandura, A. (1969). Principles of Behavior Modification. New York: Holt,
inte que “deu certo e até minha filha mais
Ela relatou na sessao segu
a”. A emissão dos Rinehart and Winston.
velha disse que estou sendo mais forte agor Baum, W.M. (2005). Compreende r Ciéncia, Comportamento
o Behaviorismo:
natu ral é tam bém impo rtante para levar
comportamentos na situagao a e demais e Cultura. Porto Alegre: Artes Médicas.
à inde pend énci a em rela gao ao tera peut
o cliente
membros do grupo, identificand o-se com o no verd adei ro agente de Beck, A. T., Rush, A. J., Shaw, B. F. E, Emery,G. (1997). Terapia Cognitiva
sua mudanca.
da Depressao. Porto Alegre: Artes Médicas
a Behaviorist
Ferster, C. B. (1979). Psychotherapy from the Standpoint ofYork:
A probabilidade de generalizagao para a situagao natural In: J. D Keehn (Editor) Psychopathology in Animals. New Academic
é aumentada se o cliente aprender os principios que explicam seus Press, 279-303.
comportamentos. Uma das caracteristicas fascinantes da análise
aplicada do comportamento é seu aspecto pedagégico. O cliente
Follette, W. C., Naugle, A.E. e Callaghan, G. M. (1996). A Radical Behavioral
understanding of the therapeutic relationship in effecting change. Behavior
pode e deve aprender a se observar e identificar as contingéncias Therapy, 27,623-641.
de controle ge seus comportamentos. Este conhecimento aumentará Criando relações
comportamentos em Kohlenberg, R. e Tsai, M (2001) . Terapia Analitica Funcional:
a sua eficiência no planejamento de seus idad ento Terapéuticas Intensas e Curativas. Santo André: ESETec.
:ges'íz'ªªªãgº:;'âãy ªêrr:enfando a probabil e de reforçam Lange, A.J. E Jakubowski, P. (1977) Responsible Assertive Behavior
aconiGes dizbitios ste é o objetivo mais importante e quando
Champaign (lllinois): Research Press.
que a terapia foi um sucesso.
Rathus, S.A. (1973). A 30 item schedule for assessing assertive behavior.
Behavior Therapy, 4, 398-406
57
56
Terapia Analitico-Comportamental em Grupo