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Sumário
1. Leis de Mendel:
Herança Monohíbrida
Relações Dominância
Herança Dihíbrida
Noções de Probabilidade e Análise Genética pelo Chi-Quadrado
2. Interações Gênicas Alélicas e Não-Alélicas
Alelos Múltiplos
Pleiotropia
Epistasia
3. Mecanismos de Determinação Sexual, Herança e Sexo
4. Linkage - Ligação Gênica
5. Herança Quantitativa
Caráter quantitativo
6. Genética de Populações
7. Divisão Celular:
Mitose
Meiose
8. Alterações Cromossômicas
Numéricas - Poliploidia
Estruturais: Translocações, Deleções, Duplicações e Inversões
9. Material Genético:
Estrutura: DNA e RNA
Função: Replicação, Transcrição e Tradução
10. Mutações no DNA e Mecanismos de Reparo
11. Expressão Gênica em Procariotos
12. Expressão Gênica em Eucariotos
Direcionamento de Proteínas
Modificações Pós-traducionais
13. Biologia Molecular
Conceitos: Plasmídios, Enzimas de Restrição e Transformação
Técnicas do DNA Recombinante: Engenharia Genética
Diagnósticos Moleculares
Genoma Humano eTerapia Gênica
3
Introdução
A genética aplicada à medicina surgiu no século XX, quando Garrod e outros perceberam
que as leis mendelianas de hereditariedade eram capazes de explicar síndromes e
recorrências de transtornos familiares. Durante estes 100 anos passou então à uma
grande especialidade médica, pois antes restrita à apenas às raras doenças hereditárias,
passou a ter um significado maior, por causa da interação da estrutura genômica e do
ambiente não somente na formação e desenvolvimento de um indivíduo, mas também na
ocorrência em sua maioria de doenças consideradas de cunho esporádico, que nada mais
é do que o efeito ambiental na composição genética do indíviduo chamado de genoma.
Assim, definimos alguns conceitos abaixo, que serão empregados ao longo de diversos
tópicos desta apostila, são eles:
GENES E O AMBIENTE
Ambiente 1 Organismo 1
Fator Genético
Ambiente 2 Organismo 2
Os organismos não são determinados somente por seus genes nem pelo ambiente, mas
sim como consequência da interação dos genes e o ambiente.
5
1. Leis de Mendel
O conceito de gene (mas não a palavra) foi primeiramente proposto por Mendel em 1865.
O gene, a unidade básica funcional da hereditariedade, é o ponto focal da genética.
Mendel observou que ambas similaridades e diferenças entre pais e progênies podem ser
explicadas por mecanismos de transmissão de unidades hereditárias discretas, os quais
são chamadas de genes. Esta idéia só foi aceita por volta de 1900, após sua morte. Seu
trabalho constitue o protótipo da análise genética.
Ex.: Cor da flor da ervilha - Púrpura = dominante , Branca = recessiva. O fenótipo que
aparece na F1 é chamado dominante.
Autofecundação ⊗
Gametas F1
Cruzamento Teste
½A ½a
Gametas ½a ¼ Aa ¼ aa
Pai Recessivo ½a ¼ Aa ¼ aa
50% Aa - Heterozigoto
50% aa - Homozigoto
Inferências: Aa = heterozigoto
AA = homozigoto dominante
aa = homozigoto recessivo
A = alelo dominante, pois expressa sua característica no F1
a = alelo recessivo, pois somente se expressa quando em homozigose
Loco - é o local de ocorrência de um único gene, não podendo mais de um alelo ocupar o
mesmo espaço ao mesmo tempo, isto é, A ou a ocupam um loco em um
cromossomo específico. Como os cromossomos encontram-se pareados, os alelos
de um mesmo gene também estão pareados podendo ocorrer as seguintes
conformações no mesmo loco: AA, Aa e aa.
par de genes, seja Bb, deve-se considerar a probabilidade de ocorrência dos alelos
independentemente:
Gametas ½A ½a
½B ¼ AB ¼ aB
½b ¼ Ab ¼ ab
Masculinos
Gametas ¼ RY ¼ Ry ¼ rY ¼ ry
¼ RY 1/16 RRYY 1/16 RRYy 1/16 RrYY 1/16 RrYy
Femininos ¼ Ry 1/16 RRYy 1/16 RRyy 1/16 RrYy 1/16 Rryy
¼ rY 1/16 RrYY 1/16 RrYy 1/16 rrYY 1/16 rrYy
¼ ry 1/16 RrYy 1/16 Rryy 1/16 rrYy 1/16 rryy
Lisas e Amarelas = 1/16 RRYY + 2/16 RRYy + 2/16 RrYY + 4/16 RrYy = 9 R_Y_
Lisas e Verdes = 2/16 Rryy + 1/16 RRyy = 3 R_yy
Enrugadas e Amarelas = 2/16 rrYy + 1/16 rrYY = 3 rrY_
Enrugadas e Verdes = 1/16 rryy = 1 rryy
Legenda
Redonda e amarela Rugosa e amarela
Cruzamento
Teste
12
Exemplo clássico:
Grupo sanguíneo (fenótipo) Genótipo Antígenos nos Anticorpos no
eritrócitos plasma
A DHPN pode ser fatal à criança se não forem tomadas as medidas de tratamento
adequadas. Os casos mais comuns ocorrem quando se trata de mãe Rh negativo e filho
Rh positivo, ou mãe do grupo O com filho do grupo A. Pode entretanto ocorrer em
qualquer caso de incompatibilidade, tanto nos sistemas ABO e Rh (antígenos C, c, E, e),
como em outros sistemas, especialmente se considerarmos os antígenos mais
imunogênicos, como K1 (sistema Kell), Jka (sistema Kidd), Fya (sistema Duffy). No caso
da DHPN por anti-D (sistema Rh), a doença pode ser evitada pela administração
profilática do soro (erroneamente denominado "vacina") Imunoglobulina anti-D, tanto
durante a gestação (alguns protocolos sugerem administração após a 28a semana), mas
especialmente após o nascimento (até 72 horas após) para evitar-se a sensibilização
materna e consequentemente danos aos fetos nas gestações ulteriores.
Teste de Alelismo:
Como sabemos que um conjunto de fenótipos é determinado por alelos do mesmo tipo de
gene?
- Observar as proporções de pares de genes mendelianos em todas as combinações.
Quando o fenótipo da geração F1 é homogêneo e a segregação da F2 equivale-se a 3 : 1,
dizemos que os genes são alelos.
Ex. clássico: cor do pelo de camundongos (amarelo e preto - normal) - proporção 1:2
Este exemplo também caracteriza os GENES LETAIS.
Exemplo Humano:
Fenótipo Bombaim: também conhecido como “falso O”, é verificado em indivíduos que
não produzem o gene H (precurssor) recessivo (h - não funcional), portanto, qualquer
indivíduo que carrega IA ou IB, deverá portar-se como O.
Por estudos dos ancestrais chegou-se à conclusão que a mulher possuía o alelo IB, mas
não conseguia formar o antígeno respectivo. Isto só pode ser explicado pela existência de
um outro gene envolvido neste fenótipo: o gene H, para o qual a mulher era homozigótica
recessiva. Desta forma, sem o antígeno H, os alelos IA e IB mesmo que presentes não
podem se expresssar o fenótipo por não terem o substrato.
Precurssor
H Transferase
Antígeno H
A Transferase B Transferase
Antígeno A Antígeno B
Herança do Sexo
Dentre os 46 cromossomos humanos, há 22 pares de cromossomos homólogos
chamados autossomos e um par de cromossomos sexuais, chamados X e Y.
Região Homóloga de
XeY
Daltonismo
Doença que consiste na impossibilidade de se distinguir nitidamente as cores verde e
vermelha. O termo se origina do nome do naturalista John Dalton (1766-1844), vítima
desta anomalia.
O daltonisno é determinado por um gene recessivo ligado ao X, denominado Xd,
enquando seu alelo dominante que condiciona a visão normal é o XD. Na espécie
humana, a frquência do daltonismo é de aproximadamente 5%, enquanto que atinge
apenas cerca de 0,25% das mulheres. Assim, consideramos os seguintes genótipos e
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Hemofilia
A hemofilia caracteriza-se por uma insuficiência na produção de tromboplastina, enzima
fundamental para o mecanismo da coagulação sanguínea. Essa anomalia também é
condicionada por um gene recessivo (Xh). A doença atinge praticamente apenas os
homens, posi sua incidência é de um homem em cada 10.000 e, geralmente, manifesta-
se por volta de um ano e meio de idade na forma de hemorragia.
Hipótese de Lyon
1. Os homens passam a característica para todas as filhas mas não para os filhos;
2. As mulheres passam esta condição para metade dos seus filhos e filhas.
Heterozigotos para
Mulher Doença Autossômica
Recessiva
Casal
Portador de doença
recessiva ligada ao sexo
Pais e crianças: 1
menino e 1 menina
Morte
(em ordem de
nascimento
Aborto ou neonato com
sexo não-especificado
Gêmeos Dizigóticos
Propositus
Número de Crianças
com o Sexo Indicado Casamento consangüíneo
Exercício
Ligação gênica - dois genes localizados no mesmo cromossomo contudo não segregam
de forma independentemente devido à proximidade entre eles.
F 1 (Híbrido )
>25% T ip o P arent al
>25% T ip o P arent al
Pro gên ie do
Cru zame nt o T este
<25% Re co mbin an te
<25% Re co mbin an te
pr vg
Fase de atração
pr+ vg+
pr vg+
Fase de repulsão
pr+ vg
24
pr
pr vg+
vg pr vg
No de Recombinantes
% Permuta = x 100
o
N Total de Descendentes
Thomas Morgan
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5. HERANÇA QUANTITATIVA
Na herança quantitativa, também chamada de poligênica, os caracteres variam
quantitativamente por interação gênica, como por exemplo: altura, peso, coloração
e o comprimento. Os genes dominantes atuam de forma cumulativa, somando seus
efeitos aos demais.
Genótipos Fenótipos
1/16 AABB (4 alelos dominantes) 1/16 Negro
2/16 AABb
4/16 Mulato Escuro
2/16 AaBB (3 alelos dominantes)
1/16 AAbb
1/16 aaBB 6/16 Mulato Médio
4/16 AaBb (2 alelos dominantes)
2/16 Aabb
4/16 Mulato Claro
2/16 aaBb (1 alelo dominante)
1/16 aabb (4 alelos recessivos) 1/16 Branco
aaBbCC
AABbCc aaBBCc aaBbCc
AaBBCc AaBbCc AabbCc
AaBbCC AabbCC AaBbcc
AaBBCC AABBcc AaBBcc aabbCC aabbCc
AABbCC AAbbCC AAbbCc aaBBcc aaBbcc
AABBCC AABBCc aaBBCC AABbcc AAbbcc Aabbcc aabbcc
1 6 15 20 15 6 1
escuro. Acredita-se que a cor do olho siga a herança quantitativa com dois pares de
alelos (A/a e B/b), que podem ser altamente influenciados pela ambiente, conforme
quadro abaixo:
Segregação da Geração F2
♀
♂
¼ AB ¼ Ab ¼ aB ¼ ab
1 1 1 1
/16 AABB /16 AABb /16 AaBB /16 AaBb
¼ AB Castanho- Castanho- Castanho- Castanho-
Escuro Médio Médio Claro
1 1 1
/16 AABb /16 AAbb /16 AaBb 1
/16 Aabb
¼ Ab Castanho- Castanho- Castanho-
Verde
Médio Claro Claro
1 1 1
/16 AaBB /16 AaBb /16 aaBB 1
/16 aaBb
¼ aB Castanho- Castanho- Castanho-
Verde
Médio Claro Claro
1
/16 AaBb 1 1 1
/16 Aabb /16 aaBb /16 aabb
¼ ab Castanho-
Verde Verde Azul
Claro
Herança poligênica
Os caracteres quantitativos são, em geral, regulados por vários genes, ao passo que os
caracteres qualitativos são de herança monogênica ou oligogênica.
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6. GENÉTICA DE POPULAÇÕES
Critérios:
1. Acasalmento ao acaso - sem acasalamento preferencial;
2. Sem seleção diferencial (artificial ou natural);
3. Mutações devem afetar ambos alelos igualmente;
4. Não há perda ou adição de alelos de origem exterior à população - isolamento
completo;
5. Tamanho da população relativamente grande.
Importância:
• Qualquer falha na teoria de Hardy-Castle-Weinberg não tem efeito significante para o
melhoramento genético. O conceito principal da teoria é o entendimento do efeito da
seleção sobre os genes e frequências genotípicas.
Teoria:
(p + q) = 1
sendo: p = A e q = a
p2 + 2pq + q2 = 1
q = 0,0091
Portanto, p = 0,9919.
Qual a porcentagem de portadores na população?
2pq = 2 (0,9919) (0,0091) = 0,018 ( ou seja 1,8%)
Exercícios
1. Uma amostra de 1000 pessoas tinha os seguintes grupos sanguíneos: A=320; B=150, AB=40 e
O=490. Qual é a frequência nesta amostra de cada um dos seguintes genótipos: IAIA, IAi,
IBIB, IBi, IAIB e ii ?
7.1. MITOSE
• Divisão celular resulta em duas células filhas idênticas, mantendo o mesmo número de
cromossomos da célula mãe. Ocorre em células somáticas, podendo ser células
diplóides ou haplóides.
Fases: interfase, prófase, metáfase, anáfase e telófase (Ver figura de pontas de raízes
de Lilium regale).
A mitose é a divisão celular associada à divisão somática das células (células não
destinadas a tornarem-se células sexuais). O ciclo celular pode ser dividido entre quatro
estágios, sendo a mitose (M) propriamente dita o mais curto deles, com duração
aproxiamada de 5 a 10% do ciclo. A síntese de DNA ocorre no período S, e os outros
estágios G1 e G2 são espaços de tempo onde a célula encontra-se num período de
descanso. Juntos, S, G1 e G2 formam a intérfase.
Anáfase - Nesta fase as cromátides irmãs se separam movendo-se, cada uma, para os
pólos opostos da célula. A separação começa pelo centrômero formando uma
estrutura em forma de V. (e)
7.2. MEIOSE
• Meiose ocorre sempre em células no ciclo sexual, em células diplóides que geralmente
resulta em quatro produtos haplóides. Promove variação entre os produtos devido à
recombinação (quiasmas).
• Fases I e II: Prófase I: Leptóteno, Zigóteno, Paquíteno, Diplóteno e Diacinese;
Metáfase I, Anáfase I, Telófase I, Interfase, Prófase II, Metáfse II, Anáfase II, Telófase
II e a formação da tétrade (Ver figura da formação de pólen em Lilium regale).
A meiose, como a mitose, é precedida por uma fase pré-meiótica S, durante a qual ocorre
a síntese de DNA. Contudo, alguma síntese também ocorre na Prófase I da meiose
Prófase I -
Telófase I - Formação do núcleo, dividindo a célula mãe em duas células filhas 2n. (i)
Interfase, Prófase II, Metáfase II, Anáfase II, Telófase II - semelhante à mitose,
contudo formando ao final quatro células filhas haplóides - n. (j, k, l, m, n,
respectivamente). Letras o e p significam tetrade e grãos de pólen.
Mitose Meiose
Ocorre em células somáticas. Ocorre em células do ciclo sexual.
Uma divisão celular resultando em duas Duas divisões celulares resultando em quatro
células filhas. produtos meióticos.
O número de cromossomos po núcleo é O número de cromossomos é reduzido pela
mantido metade nos produtos meióticos.
Uma fase S pré-meiótica por divisão celular. Duas fases S para ambas divisões.
Normalmente não há pareamento dos Sinapse total dos cromossomos homólogos
cromossomos homólogos na prófase I
Normalmente não há crossing over No mínimo um crossing over por par
Centrômeros dividem-se na Anáfase. Centrômeros não se dividem na Anáfase I
mas dividem-se na Anáfase II.
Processo conservativo: células filhas Promove variação entre os produtos da
idênticas às parentais. meiose devido à recombinação.
Células em mitose podem ser tanto diplóides Células em meiose são sempre diplóides.
quanto haplóides.
36
Espermatogênese
Os espermatozoides são formados nos
túbulos seminíferos dos testículos,
após atingir a maturação sexual. Os
túbulos são revestidos por
espermatogônias que estão em
diferentes estágios de diferenciação.
Após uma série de mitoses, o último
tipo celular é o ESPERMATÓCIDO
PRIMÁRIO, que sofre Meiose I para
formar dois ESPERMATÓCITOS
SECUNDÁRIOS haplóides, que
rapidamente sofrem Meiose II,
formando duas ESPERMÁTIDES cada
um, que se diferenciam em
ESPERMATOZÓIDES. O processo
ocorre em 64 dias.
Ovocitogênese
Ao contrário da espermatogênese, que se inicia na puberdade, a ovocitogênese se inicia
durante o desenvolvimento pré-natal. Os ovócitos se desenvolvem a partir das
OVOGÔNIAS do embrião, que começam a se formar em OVÓCITOS PRIMÁRIOS, dos
quais alguns entram na Prófase da Meiose I. O processo não é sincronizado, e vários
estágios co-existem no ovário fetal. Dos milhões de ovócitos ao nascimento, a maioria se
37
Fertilização
A fertilização ocorre na tubas de
Falópio (1 dia de ovulação). A
penetração de um
espermatozoide no ovócito
desencadeia a conclusão de
Meiose II, com a formação de
um segundo glóbulo polar. Os
cromossomos, após tormarem-
se pronúcleos circundados por
uma membrana (ZIGOTO),
replicam-se e o zigoto se divide
por mitose, iniciando o
desenvolvimento embrionário.
38
Cariotipagem Humana
Inserção
Translocação
40
Duplicação e
Deleção
Inversão
41
Translocação
42
Tipos de Poliploidia:
• Aneuploidia: nº de cromossomos não é múltiplo inteiro do nº básico (nX + 1 ou mais).
• Euploidia: nº de cromossomos é múltiplo do número básico (nX):
- Autopoliploidia: repetição de grupos similares (genomas).
- Alopoliploidia: genomas diferentes na mesma célula.
Origem:
1. Acidentes citológicos na meiose:
- não-disjunção cromossômica
- migração lenta de cromossomos
- segregação errônea de homólogos
2. Não-disjunção das cromátides irmãs – mitose
43
Síndrome de
Down
(trissomia do 21)
Síndrome de
Klinefelter
(47, XXY – membros
longos, dorso e tórax
estreitos e genitália
pequena)
Síndrome de Turner
(45,X – bebê recém-nascido
com pescoço alado e linfedema
das mãos e pés; menina com
13 anos, baixa estatura,
pescoço alado e atrado na
maturação sexual e tórax
amplo)
47
Trissomia do 13 Trissomia do 18
(Lábio leporino bilateral e (Pés em cadeira de balanço com calcâneo proeminente,
polidactilia) orelhas grandes, malformadas e de baixa implantação)
48
9. GENÉTICA MOLECULAR
Histórico:
• Frederick Griffith (1928) - Experimento sobre Streptococcus pneumoniae em
Camundongos;
Raça R
Camundongo Camundongo
vive
Raça S morre
Raça R
Camundongo
morre
Raça S Raça S
Vive
Morta
Raça R
Avery
R R R R S
49
Raio-X do DNA em
solução feita por
Rosalind Franklin
Estrutura do DNA
50
A estrutura do DNA duplex pode tomar diferentes conformações. Entre elas as formas A,
B, C e Z. A forma B corresponde ao tipo conformacional predominante nas condições
fisiológicas. Ela possui 10 pares de base por volta, um angulo de rotação de
aproximadamente 34o no sentido positivo (da esquerda para direita), e um diâmetro
helicoidal de 19 Å. O resultado de sua rotação é a formação de “entalhes” mais profundos
e mais rasos alternados ao longo do eixo da molécula. Esses entalhes constituem as
localizações no DNA onde algumas proteínas relacionadas com a regulação da expressão
se fixam.
Replicação
54
Transcrição
Promotores: regiões ou sequências de DNA que servem como sítios de reconhecimento
para as RNA polimerases. Ex.: RNA pol em Procariotos.
Região -35 TATA Box (-10)
Início do
RNA
Sítio Promotor em Eucariotos (RNA pol II)
Início do
RNA
Splicing
O “splicing”, é processamento do RNA mensageiro, é o evento molecular responsável
pela retirada do introns. A retirada alternativa de exons e introns é chamada de SPLICING
ALTERNATIVO.
O processamento se dá pela síntese da fita simples primária, incorporação do CAP na
extremidade 5’ (guanina metilada) e do poliA (múltiplas Adeninas >200) na extremidade
3’.
O Splicing do exon se dá pelo reconhecimento das regiões terminais dos exons e dos
introns, formando um dobra em sua própria molécula, e pequenos RNAs se associam ao
mRNA propiciando o corte e a junção novamente.
Pequeno
RNA
Nuclear
RNA Transportador
O RNA transportador possui uma estrutura tipo trevo de três folhas, com dobras em sua
própria molécula. O anticódon (trinca de nucleotídeos que fará o pareamento com o códon
do mRNA) é o responsável pela codificação do tipo de aminoácido a ser acoplado à
molécula na região 3’(término CCA) também chamada de região aceptora.
Término da Transcrição
59
Nos procariotos, o sítio de terminação possui um região rica ma região rica em CG, que
forma uma alça ou grampo (hairpin - devido ao próprio pareamento da molécula
internamente), seguido por uma sequência poli-T, liberando assim o RNA mensageiro.
60
Tradução
O processo de tradução (síntese proteica a partir do DNA) ocorre pela interação entre as
3 moléculas de RNA produzidas: mRNA (RNA mensageiro), tRNA (RNA transportador) e
rRNA (RNA ribossômico).
O RNA ribossômico, por meio de sua subunidade menor interage com o RNA mensageiro,
que reconhece as bases do RNA mensageiro em trincas (códon) e, na subunidade maior,
forma-se o peptídeo pela adição de aminoácidos pelo tRNA, que carrega em sua estrutura
na porção terminal 3’ o resíduo específico. O tRNA possui o anticódon que reconhece e
pareia com o códon.
metionina, em E. coli), e o conjunto desliza pelo mRNA até encontrar o códon AUG (ou
GUG) (identificado pelo anticódon correspondente no tRNA). Mais uma vez, é
necessário um ajuste preciso da posição de início da leitura do mRNA pelo ribossomo.
Para cada mRNA existem potencialmente três diferentes quadros de leitura (já que as
bases são lidas em trincas), porém só um quadro de leitura é correto. A sub-unidade leve,
por sua vez, não tem como reconhecer o códon AUG, mas "sabe" onde é a sequência
RBS e determina, assim, que a primeira trinca AUG abaixo de seu sítio de ligação será o
início da síntese protéica. Então, fica claro que a associação das duas moléculas, tRNA e
sub-unidade leve do ribossomo, é imprescindível.
Código Genético
Marshall Nirenberg e seus colaboradores decifraram o código genético (Tabela abaixo). Eles
prepararam 20 extratos de E. coli contendo aminocil-tRNAs (tRNAs associados com aminoácidos).
Cada amostra de extrato consistia de um aminoácido diferente radioativado, e os outros 19
aminoácidos estavam presentes na amostra sem marcação. No painel esquerdo, os aminoacil-
tRNAs e trinucleotídeos passaram por um filtro de nylon (círculo cinza) e não ficaram presos. Os
ribossomos são então presos ao filtro no centro da figura. Cada um dos 64 trinucleotídeos foram
testados separadamente para sua habilidade em atrair um tRNA pela adição aos ribossomos nos
63
diferentes extratos. Cada amostra é então filtrada com um trinucleotídeo radioativado, que faz com
que o aminoacil-tRNA específico se prenda ao filtro com os ribossomos, caso contrário o
aminoacil-tRNA passa direto pelo filtro (lado direito da figura). O teste com todos os trinucleotídeos
determinou quais os codons são específicos para os 20 aminoácidos (na figura UUU =
fenilalanina).
Tabela para identificação dos aminoácidos que serão formados pela trinca de
bases (códon) do mRNA.
a
a 2 Base a
1 Base 3 Base
U C A G
FEN SER TIR CIS U
FEN SER TIR CIS C
U
LEU SER TÉRMINO TÉRMINO A
LEU SER TÉRMINO TRP G
LEU PRO HIS ARG U
LEU PRO HIS ARG C
C
LEU PRO GLN ARG A
LEU PRO GLN ARG G
ILE TRE ASN SER U
ILE TRE ASN SER C
A
ILE TRE LIS ARG A
MET (Início) TRE LIS ARG G
VAL ALA ASP GLI U
VAL ALA ASP GLI C
G
VAL ALA GLU GLI A
Tradução em Eucariotos
SUMÁRIO
Mutação Neutra - não altera a função da Codon para aminoácidos diferentes mas
proteína funcionalmente equivalentes
AAA AGA (Lisina para Arginina - ambos
aminoácidos básicos)
Mutação Missense Codon codificando para um aminoácido
diferente e não funcional
Mutação Nonsense Codon de terminação
CAG UAG (Glutamina para término)
Mutação Frameshift Qualquer deleção ou adição de pares de
bases não múltiplos de 3 bases
67
Transição e Transversão:
Transversão: A T e G C
Transição: A G e C T
A adição de uma única base (G) do polipeptídeo de Fenilalanina modifica a fase de leitura
da mensagem ficando da seguinte maneira:
Modificação de Bases:
5-Bromouracila (BrU) - análogo de bases
do DNA.
68
O Nitrato de Sódio (NaNO3) é um aditivo comum que forma naturalmente quando carnes
são preservadas por defumação. No estômago, o nitrato de sódio é convertido em ácido
nitroso (HNO2), o qual atua como um agente mutagênico por deaminação do grupo NH2
da adenina e/ou citosina para um grupo éter, e por esta razaão altera o pareamento de
bases.
Ou seja: CG UG UA + CG
HNO2 Replicação
Observe que muitos químicos, embora não mutagênicos, podem se tornar mutagênicos
quando metabolizados.
69
Nas bactérias, o controle da expressão gênica serve principalmente para permitir que as
células se ajustem às mudanças nutricionais no ambiente, de forma que seu crescimento
e divisão sejam otimizados.
OPERON lac
No metabolismo da lactose por E. coli são necessárias duas enzimas que fazem parte de
um operon chamado lac. A primeira enzima é a BETA-GALACTOSIDASE. Ela é capaz
de clivar a lactose em glicose e galactose que assim servirão como fonte de carbono para
a célula (ver figura abaixo).
A outra enzima do operon é a PERMEASE, que, como seu próprio nome indica, é a
enzima responsável pelo transporte de lactose do meio extracelular para o meio
intracelular através da membrana bacteriana (a lactose, como a maioria dos carboidratos,
não é capaz de atravessar a bicamada lipidica sem uma proteína carreadora).
Existe ainda no operon lac uma outra enzima: Tiogalactosídeo Transacetilase. Seu
papel in vivo ainda é incerto, mas in vitro é capaz de transferir uma acetila do acetil CoA
para a hidroxila do carbono 6 de um tiogalactosídeo.
Um importante indício de que a indução ocorreria no metabolismo da lactose foi o
aumento observado de beta-galactosidase quando se tinha um aumento de permease e
transacetilase.
Isto foi facilmente compreendido com modelos mutantes que mostravam que as 3
enzimas são codificadas por 3 genes contíguos (ver figura abaixo), onde:
z - beta-galactosidase; y - permease; a - transacetilase
Existe no opreron lac uma região promotora (p), que é o local onde a RNA polimerase se
liga para começar a transcrição. Juntamente com o operador (o) formam os locais de
controle do operon. Na presença do produto do gene i o operon é incapaz de ser
codificado pois o repressor está ligado ao operador.
O isopropil-b-D-galactosídeo (IPTG) é um indutor artificial do operon lac. Foi através de
estudos com esta substância que se descobriu o repressor lac, que na ausência do
indutor liga-se ao operador e bloqueia a transcrição (veja as figuras abaixo).
O repressor é uma proteína tetrâmera com subunidades idênticas (de 37 kDa), cada uma
com um ponto de ligação ao indutor. Através de cristalografia (ver figuras abaixo)
descobriu-se que esta proteína possui eixos bilaterais, como seria esperado de uma
proteína que se liga ao DNA. "O repressor encontra o operador se difundindo ao longo da
molécula de DNA (uma procura unidimensional) e não o encontrando a partir do meio
aquoso (uma procura tridimensional)”.
73
CAP exibe simetria bilateral que se ajusta à seu ponto de ligação do DNA. O repressor se
liga em um região "a frente" da RNA polimerase, portanto não bloqueia a sua ligação mas
impede sua progressão. CAP também estimula a transcrição do operon lac por possuir
uma região de ligação a RNA polimerase quando está ligado ao DNA.
74
Os operons catabólitos indutíveis foram colocados sobre controle duplo, pois possuem
promotores de ligação acima da região do operon (provavelmente enfraquecido durante a
evolução) para tornar operons dependentes de uma proteína auxiliar que inicia
eficientemente a transcrição. O indutor específico atua em um só operon enquanto que o
complexo CAP-AMPc é capaz de afetar muitos.
The promotor basal contem uma sequência de 7 bases (TATAAAA) chamada de TATA
box. É associada a um largo complexo de 50 proteínas diferentes, incluindo:
Ativadores (Enhancers)
Alguns fatores de transcrição ("Enhancer-binding protein") se associam à regiões do DNA
que estão milhares de pares de bases distante do gene que eles controlam. A associação
aumenta a taxa de transcrição do gene.
Ativadores podem estar localizados upstream, downstream, ou mesmo dentro do gene.
Como esta associação de uma proteína ao ativador regula a transcrição de um gene
milhares de bases distante?
Uma possibilidade é que a associação ativador-proteína, em adição ao sítio promotor do
DNA, tem sítios que se agregam aos fatores de transcrição ("TF") integrados ao sítio
promotor do gene.
Transcription Factor IIB (TFIIB) se associa a ambos DNA e pol II.
Silenciadores
Silenciadores são regiões controladoras do DNA que, como os ativadores, estão
localizados milhares de pares de bases distante do gene. Contudo, quando os fatores de
transcrição se associam a eles, a expressão do gene é reprimida.
Insuladores (Insulator)
Como foi visto acima, ativadores podem ativar os promotores dos genes localizados
milhares de pares de bases distante do gene que controlam. Como prevenir que um
ativador se associe inespecificamente a um promotor de outro gene no mesmo
cromossomo, ativando-o? A resposta é o insulator.
78
Insuladores são:
• Pedaços de DNA (tão pequenos quanto à 42 pares de bases)
• Localizados entre:
o Ativadores e promotor ou
o Silenciadores e promotor de genes adjacentes ou grupos de genes
adjacentes.
Sua função é prevenir que a expressão de um gene seja influenciada pela ativação ou
repressão de genes adjacentes (vizinhos).
Exemplo:
O ativador para o promotor do gene da cadeia delata do antígeno receptor de célula T
gama-delta (TCR) está localizado próximo ao promotor da cadeia alfa do TCR alfa-beta
no cromossomo humano 14. Uma célula T deve escolher entre um ou outro gene. Há um
insulador entre ambos os genes que viabiliza a ativação de um gene sem que ocorra a
ativação do outro.
RNA Antisenso
O RNA mensageiro (mRNA) é uma molécula de fita simples. Sua sequência de
nucleotídeos é chamada de “sense” porque resulta em uma proteína. Normalmente seus
nucleotídeos não pareados estão prontos para serem pareados aos anticodons de RNA
presentes nos RNAs transportadores, ao proceder a tradução da mensagem pelos
ribossomos.
Contudo, o RNA pode formar fitas duplas (duplex) como o DNA. Tudo que se precisa é
uma segunda fita de RNA cuja seqüência de bases é complementar à primeira fita. Por
exemplo:
5´ C A U G 3´ mRNA
3´ G U A C 5´ RNA Antisenso
Com a tecnologia do DNA recombinante, genes sintéticos (DNA) que codificam moléculas
de RNA antisense podem ser introduzidos dentro de um organismo.
Mecanismo do RNAi
As únicas moléculas de RNA normalmente encontradas no citoplasma de uma célula
qualquer são moléculas de fita simples. Se as células encontram moléculas de RNA de
fita dupla (dsRNA), elas usam uma enzima chamda de Dicer que corta as dsRNA em
fragmentos contendo 19 pares de bases (~2 voltas na dupla fita) com dois nucleotídeos
adicionais na extremidade oposta de cada fita.
As duas fitas de cada fragmento então se separam e liberam a fita antisense. Com a
ajuda de uma proteína, este fragmento antisense se associa à seqüência complementar
sense de uma molécula de mRNA. Se o pareamento é exato, então o mRNA é destruído.
(vide Figura a seguir).
Por causa da ação destes RNAi, estes fragmentos de RNA têm sido designados de
pequenos RNAs de interferência ou "short interfering RNA" (siRNA).
O complexo do siRNA e proteina é chamado de complexo de silenciamento induzido de
RNA - "RNA-induced silencing complex" (RISC).
siRNAs podem também interferir com a transcrição.
Há uma crescente evidência de que siRNAs podem inibir a transcrição dos genes.
• Talvez por associação às sequências complementares no DNA ou
• Talvez por associação ao RNA nascente (transcrito primário), quando está se
formando.
Algumas possibilidades:
• Alguns vírus de ambos plantas e animais possuem um genoma de dsRNA. Em
muitos outros vírus seus genomas são de RNA que ao entrar na célula hospedeira
é rapidamente convertida em dsRNA. Então o RNAi pode ser uma arma poderosa
para conter a infecção por estes vírus através da destruição dos mRNAs e assim
bloquear a síntese de proteínas virais essenciais.
• Transposons (um tipo de DNA) podem ser transcritos em moléculas de RNA com
regiões que formam fita dupla. Os RNAi podem estão destruir estes transposons.
• O RNA de interferência pode ainda ser dividido em um outro processo básico para
o controle da expressão gênica como os miRNAs (a seguir).
81
MicroRNAs (miRNAs)
No nematóide C. elegans, o desenvolvimento através de seus estágios larvais até a forma
adulta requer a presença de no mínimo dois "microRNAs" ("miRNAs") — moléculas de
fitas simples de RNA contendo cerca de 22 nucleotídeos (quase do mesmo tamanho dos
siRNAs).
Estes pequenos transcritos de fita simples são gerados pela clivagem de longos
precurssores usando uma versão similar à enzima Dicer.
Estes miRNAs atuam destruindo mRNAs ou inibindo a tradução (ver figura a seguir) de
vários mRNAs neste organismo através da associação às regiões de sequências
complementares na extremidade não traduzida 3' do mRNA.
82
Estes "riboreguladres" têm duas características que se ajustam perfeitamente a este tipo
de regulação:
• Sendo pequenos, eles podem ser rapidamente transcritos a partir de seus genes.
• Eles não necessitam de ser traduzidos em proteínas para atuarem (em contraste
com os fatores de transcrição).
A repressão da expressão gênica por miRNAs parece ser um mecanismo que garante a
expressão gênica regulada e coordenada conforme as células se diferenciam. Por
exemplo, quando genes do zigoto começam a serem ativados para se tornar blastula no
zebrafish, um dos miRNA que ele codifica ativa a destruição dos mRNAs maternos que
regulavam as células até então.
Então os miRNAs podem ter uma importante função, como os fatores de transcrição, na
regulação e coordenação da expressão de múltiplos genes em um tipo particular de célula
e em tempos específicos.
Núcleo Citoplasma
sma
1 2 3 5 mRNA
Inativo
Transcrito
DNA Primário mRNA mRNA
4
Tipos de Controle da Expressão:
1. Controle transcricional Proteína
2. Controle do Processamento do RNA
3. Controle do Transporte do RNA 6
4. Controle da Tradução
5. Controle da Degradação do RNA
Proteína
6. Controle da Atividade Pós-Traducional
Ativa/Inativa
Epigenética
• É o conjunto de modificações nucleares herdadas e que modulam a expressão
sem modificações na seqüência de DNA.
• Essas modificações incluem a metilação das citocinas (que é a maioria,
principalmente em regulações realizadas a longo termo), acetilação das histonas e
modificação da estrutura da cromatina.
• Todas as células possuem o mesmo genoma, no entanto expressam genes
diferentes, dependendo do seu estado de diferenciação e das suas circunstancias
funcionais.
• Além dos fenômenos de pura regulação gênica, a metilação está envolvida nos
processos de regulação da estrutura da cromatina, estabilidade genômica e na
patogênese de doenças (especialmente câncer).
• Fatores ambientais podem levar à mudanças nos padrões epigenômicos
(epimutações), tendo assim influências duradouras sobre o fenótipo.
• Relembrando a Hipótese de Lyon:
Nas células somáticas de mamíferos do sexo feminino, apenas
um cromossomo X é ativo. O segundo X permanece
condensado e inativo - Corpúsculo de Barr ou Cromatina
sexual. Número de corpúsculos de Barr = nº de cromossomos X
por célula – 1.
Metilação
A metilação é uma reação química que consiste a adiçao de um grupo metila (-CH3) a
uma molécula, com o caso particular quando um átomo de hidrogênio é substituído por
um grupo metil.
É o principal mecanismo epigenético. A metilação consiste na transferência de grupos
metilo a algumas das bases citosinas (C) do DNA situadas previa e contiguamente a uma
guanina (G). Visto que a metilação é fundamental na regulação do "silenciar" dos genes,
pode provocar alterações na transcrição genética sem necessidade de que se produza
uma alteração na sequência do DNA, sendo um dos mecanismos responsáveis pela
plasticidade fenotípica. Neste processo há a intervenção das enzimas DNA-
metiltransferases.
Imprinting Genômico
Um exemplo clássico é a doença de Prader-Willi e de Angelman.
Prader-Willi
Angelman
85
Para que uma proteína exerça uma função é necessário que ela passe por um processo
PÓS-TRADUCIONAL (modificação), tais como: FOSFORILAÇÃO, GLICOSILAÇÃO,
ACETILAÇÃO, entre outros.
86
Direcionamento de Proteínas
As modificações pós-traducionais conhecidas incluem fosforilação, acetilação, alquilação,
metilação, sulfatação, isoprenilação, glicilação, ubiquitinação e formação de pontes
dissulfeto.
87
Modificações Pós-Traducionais
As modificações pós-traducionais conhecidas incluem fosforilação, acetilação, alquilação,
metilação, sulfatação, isoprenilação, glicilação, ubiquitinação e formação de pontes
dissulfeto.
Fosforilação
É a adição de um grupo fosfato (PO4) a uma aminoácido de uma cadeia protéica. A
reação é:
ATP + proteína <---------> fosfoproteína + ADP
As fosfatases são as enzimas responsáveis pela desfoforilação e as quinases as
reponsáveis pela fosforilação.
A fosforilação em eucariotos ocorre apenas em serina, treonina ou tirosina. A taxa relativa
de probabilidade de fosforilação desses três aminoácidos é de aproximadamente
1000/100/1 para serina/treonina/tirosina respectivamente. Podemos então notar que a
tirosina é relativamente muito raramente fosforilada, ainda assim, sua fosforilação é de
profunda importância. Porque, por exemplo, a atividade de muitos receptores de fatores
de crescimento é regulada por ela.
De um modo geral, a fosforilação é a mais importante e bem estudada modificação pós-
traducional. Exerce papel crucial em inúmeros processos celulares; muitos receptores e
enzimas são “ligados” ou “desligados” pela fosforilação e desfosforilação. O controle da
atividade enzimática pela fosforilação é responsável por diversas vias de transdução de
sinal, pelo controle do ciclo celular e muitos outros eventos celulares cruciais.
À primeira vista pode parecer que a simples adição de um grupo fosfato não deveria ser
tão importante. No entanto, o grupo fosfato é fortemente negativo, então sua adição induz
forças na cadeia protéica que podem levar a uma radical alteração em sua conformação.
Desse modo, uma proteína pode expor os aminoácidos antes escondidos em seu centro e
mudar muito suas característica. Por exemplo, uma proteína apolar e hidrofóbica pode se
tornar polar e hidrofílica.
A poli-fosforilação também é um processo importante. A proteína p53, (já foi “molécula do
ano”, é conhecido como o guardião do DNA) de crucial importância para a manutenção da
integridade do material genético e para o bom andamento do ciclo celular, possui 18 sítios
de fosforilação. Isso decorre principalmente de sua importância; sua atividade
precisamente ser finamente regulada, pois quando muito ativa ela induz a apoptose e
quando muito inativa o desenvolvimento de câncer é muito provável.
Glicosilação
É a adição de sacarídeos a cadeias protéicas. Este processo é primordial para a formação
das proteínas de membrana e secretórias.
Há dois tipos de glicosilação: a nitrogênio-glicosilação, que ocorre no nitrogênio da amida
de cadeias laterais de asparagina e a oxigênio-glicosilação, que ocorre no hidróxi oxigênio
de serina e treonina.
89
Sulfatação
Ocorre em resíduos de tirosina de proteínas como o fibrinogênio e proteínas que serão
secretadas (por exemplo a gastrina).
O grupo sulfato uma vez adicionado não será mais removido, sendo assim, ele é não
usado para a regulação protéica como a fosforilação, só é adicionado quando necessário
para a função biológica daquela proteína.
Metilação
É a substituição de um hidrogênio (H) por um grupo metil (CH3).
Em sistemas biológicos essa reação é catalisada por enzimas e está envolvida na
modificação de metais pesados, na regulação da expressão gênica e no metabolismo de
RNA.
Em proteínas a metilação ocorre em resíduos de arginina ou lisina. A metilação protéica é
hoje mais bem conhecida em histonas, as proteínas responsáveis pelo enovelamento das
fitas de DNA. A transferência de grupos metil de S-adenosil metionina (SAM, um cofator
enzimático presente em todas as células eucarióticas) para histonas é catalisada por
enzimas conhecidas como histona metil transferases. A metilação das histonas pode
influenciar na expressão gênica, sendo portanto um fator epigenético.
Zimogênios
Zimogênios ou pró-enzimas são precursores inativos de proteínas precisam ser clivados
em um ponto específico para dar origem a proteínas funcionais.
A síntese de proteínas em forma de zimogênios é uma estratégia utilizada pela célula
para evitar que uma proteína exerça uma atividade perigosa em hora e local errado. Por
exemplo, as proteínas com função digestiva não podem se tornar ativas no citosol porque
começariam a degradar deliberadamente outras proteínas, então a célula sintetiza essas
proteínas numa forma inativa (os zimogênios). Exemplos conhecidos são a tripsina e a
quimiotripsina.
As caspases, responsáveis pelo disparo do processo de apoptose, também só podem se
tornar ativas em situações específicas, por isso são também sintetizadas na forma de pró-
enzima.
A modificação pós-traducional em questão é a clivagem de zimogênios.
90
Conceitos Essenciais:
Lac Z (β-galactosidase)
Sítio de Clonagem
Resistência Múltipla (SCM)
à Antibióticos
Lac Z
Sítio de Clonagem Múltipla: sítio específico para várias enzimas onde cada uma corta o
plasmídio uma única vez.
Ori: origem da replicação - independente da bactéria.
Lac Z: genes que codifica para a β-galactosidade, enzima responsável pela quebra da
galactose.
Resistência à antibióticos: ex: AmpR (Resistência à Ampicilina).
5’------GGCC---------3’
3’------CCGG---------5’
As enzimas de restrição, sensíveis à metilação, podem não reconhecer algum sítio
específico se uma das bases estiver metilada.
94
Método 1
Injetar CE
Selecionar transformadas dentro
células da Massa Celular de
expressando Blastocistos
o gene
desejável
Células Embrionárias
(CE)
Método 2
Pronúcleo
s Gene de interesse
em vetor Implantar no
útero
Implantar no Mãe
útero
Testa a progênie para a presença do gene
Amostra
Lise
Termociclador (PCR)
Associar
Lavar
Elui
r
DNA
Genômico
ou Viral
98
Na verdade, Saiki já havia descrito a técnica, mas Mullis inovou: Conseguiu especificidade
na cópia de apenas segmentos específicos, introduzindo o conceito de primer de PCR, e
na utilização de uma DNA polimerase termoestável. Até então, a precursora da PCR
demandava grandes quantidades de enzima, adicionadas a cada ciclo de amplificação.
Além disso, desenvolveu-se vários equipamentos para a automatização da adição da
enzima após cada ciclo, todos de custo elevadíssimo (os primeiros “termocicladores”).
Mullis utilizou a então recém descrita Taq, DNA polimerase termoestável isolada da
bactéria de fontes termais Thermus aquaticus. Esta enzima se mantém estável em
temperaturas de até 117ºC, com temperatura ótima de 72ºC. Estes dois passos tornaram
a técnica muito mais fácil de se realizar.
99
Em 1989, o DNA Thermal Cycler apareceu como o primeiro termociclador automático. Até
hoje, a maioria dos termocicladores automáticos funciona com o mesmo princípio:
aquecimento por resistências elétricas e refrigeração com ventoinhas e tubulações em
serpentina preenchidas por etileno glicol. Aperfeiçoou-se os sistemas de contagem de
tempo, para aumentar a confiabilidade das reações. Em meados dos anos 90 surge o
padrão Peltier, cujo bloco de aquecimento é composto por uma liga metálica que aquece
ou resfria de acordo com o sentido da corrente elétrica aplicada.
Termociclador (PCR)
FUNDAMENTOS E OBJETIVOS
Multiplicar um trecho específico do DNA (gene ou parte dele, regiões supervariáveis, Junk
DNA, etc.) utilizando desoxirribonucleotídeos como monômeros até um ponto em que sua
concentração em dada solução seja tão alta que possa ser facilmente detectável por
métodos simples e clássicos de separação e identificação de substâncias. Portanto, Kary
Mullis na verdade propôs uma técnica que consegue resolver um grande problema da
análise de ácidos nucléicos: sua baixa quantidade na maioria dos tecidos vivos.
A multiplicação destes trechos específicos se dá alternando-se a temperatura de ensaio
entre: a) Denaturação das cadeias do DNA genômico (94ºC); b) anelamento (annealinng)
dos primers (50-65ºC), usados para delimitar a seqüência a ser amplificada; c)
temperatura ótima específica da enzima: 72ºC; d) reinício do ciclo.
100
A DNA polimerase: A mais utilizada ainda é a Taq, numa concentração que varia de 1 a
4U por microlitro de solução. Normalmente, a maioria das DNA polimerases disponíveis
no mercado são fornecidas conjuntamente com uma solução-tampão específica, cuja
composição varia de acordo com o fabricante. Basicamente, estas soluções contêm íons
diversos (Na+, Cl-, K+, entre outros) que otimizam as condições de reação. Alguns
tampões contêm ainda detergentes (Tween 20, Triton X-100, Nonidet P-40), inibindo a
formação de dímeros das cadeias enzimáticas, proteínas estabilizantes (BSA = Bovine
Serum Albumin = Albumina Sérica Bovina) e algumas substâncias que agem na
denaturação da cadeia molde de DNA (DTT = Dithiothreitol, β-mercaptanoethanol),
quebrando as pontes de hidrogênio entre as bases.
Um reagente de importância crítica é o MgCl2 , doador muito estável de íons Mg2+, que
são cofatores indispensáveis para atividade da enzima. Algumas enzimas utilizam outros
íons metálicos como cofatores. Um desses casos, e talvez o mais interessante é a enzima
Tth (Thermus thermophillus) Polimerase. Esta enzima possui atividade DNA polimerásica
em presença de íons Mg2+; porém, na presença de Mn2+ esta mesma enzima apresenta
atividade de uma transcriptase reversa, ou seja, sintetiza DNA a partir de uma cadeia de
RNA.
Os dNTP´s são ligados à fita-mãe pela polimerase numa área delimitada pelos primers,
que são pequenas seqüências de DNA (12 a 35 bases) complementares às bordas.
RT-PCR
RT-PCR (Reverse Transcriptase Chain Reaction): Esta reação é composta de 2 partes:
a transcrição reversa e a amplificação propriamente dita. Seu principal diferencial é que
na verdade esta reação não parte de um molde de DNA diretamente extraído da amostra;
a amostra fornece o RNA, que é convertido em cDNA (DNA complementar). Ferramenta
útil em estudos de expressão gênica, pois avaliando o mRNA, podemos detectar quais
proteínas estão sendo efetivamente expressas. No entanto, o estudo direto do RNA
(principalmente o mRNA) é inviável, devido à sua alta sensibilidade a vários fatores e a
altas temperaturas. O primeiro passo da reação consiste na síntese de uma fita de DNA
utilizando como template uma fita de RNA numa reação catalisada por uma transcriptase
reversa. Usualmente, são utilizadas duas enzimas desta classe, extraídas de vírus: a
AMV (Avian Mieloblastosis Vírus) e a M-MuLV (Moloney Murine Laeukemia Vírus). Além
disso, também são utilizados primers, mas inespecíficos e nunca em pares. São
oligonucleotídeos compostos por várias timinas consecutivas (6 a 35), que são anelados
às regiões Poly-A (ou A-Rich) do RNA, ricas em adeninas. Após este ciclo, obtém-se o
102
cDNA que será utilizado na PCR. É importante ressaltar que o round de transcrição
reversa não altera o número de fitas de RNA ou DNA.
Aplica-se uma voltagem entre as extremidades do gel que varia entre 10 e 200 V, e
corrente de 50 a 3000mA. São utilizadas concentrações de 0,5 a 3% de agarose no gel.
Quanto maior a concentração, maior a sua capacidade de distinguir fragmentos de
tamanhos próximos, fator denominado DEFINIÇÃO. Por exemplo, um gel de agarose a
1% pode separar fragmentos com uma diferença de tamanho de 80 pares de bases,
enquanto a 2,5% pode-se separar fragmentos com diferença de no mínimo 30 pares de
bases. A visualização dos produtos no gel após a corrida se dá pela reação de ligação do
DNA com Brometo de Etídio (EtBr). Este composto tem a capacidade de inserir-se nas
fendas da cadeia de DNA e apresenta fluorescência quando excitado com radiação
ultravioleta. Pode-se adicionar o EtBr (10µg/mL) no gel liquefeito antes da corrida ou levar
o bloco a uma solução de EtBr com a mesma concentração e deixar descansar por alguns
minutos.
Gel da agarose montado em cuba de eletroforese horizontal submarina submetido a uma
voltagem de 69 V.
PRINCÍPIO DA ELETROFORESE
+ + -
M 1 2 3 4 5 6 7
Gel de Agarose com EtBr- Detecção da
prédisposição ao Infarto Agudo pela PCR
105
Metas:
• Sequenciar as 3,1 bilhões de bases do DNA de todo o genoma humano até 2005
• Identificar cerca de 40.000 genes e posicioná-los no genoma, definindo suas
variações
• Colocar e arranjar as sequências em um banco de dados
• Desenvolver ferramentas de bioinformática para análise
• Discutir as implicações éticas, legais e sociais da pesquisa genômica
Resultados Alcançados:
• Junho de 2000 - anúncio conjunto da HUGO e CELERA (empresa privada) - 96%
sequência obtida e mapeada.
• Comprovação e anotação dos genes em cada sequência
• Cerca de 25.000 genes já identificados
• Estimativa de 3,1 bilhões de bases
106
Estigmatização Psicológica
•Como a descoberta da predisposição genética a uma doença afetará o
indivíduo?
•Como será a percepção da família e dos amigos deste indivíduo?
•Qual será o efeito na percepção da sociedade em relação a este indivíduo?
Teste Genético
•Deveria ser feito apenas quando a família tem um histórico para fins de
aconselhamento pré-natal/decisão de diagnóstico?
•A avaliação da população deveria ser feita? (recém-nascidos, antes do
casamento, e para fins empregatícios)?
•O teste deveria ser feito quando não há tratamento disponível?
Teste Genético
• O teste deveria ser feito para genes de suscetibilidade?
– Como ficaria o papel do ambiente no desenvolvimento da doença?
• Os pais têm o direito de testar seus filhos para doença de ocorrência tardia
(adulto)?
• Os métodos atuais são confiáveis e de fácil interpretação pela comunidade
médica?
108
Aspectos Reprodutivos
• Consentimento informado para os procedimentos
• Uso da informação genética na decisão reprodutiva
• Direitos reprodutivos
Implicações Conceituais e Filosóficas
• Responsabilidade humana
• Liberdade x Determinismo Genético
• Conceitos de Doença e Saúde
Comercialização
• Direito de propriedade
• Patentes, direitos de cópias e comércio secreto
• Acesso aos dados e materiais
Aspectos Clínicos
• Educação para auxiliares de saúde, pacientes e para o público em geral
• Implementação de padrões específicos e medidas de controle de qualidade
para os procedimentos
Problemas Técnicos
• Diagnóstico molecular antes da manifestação de sintomas ou da terapia
(testes positivos para algumas doenças com diagnósticos pré-sintomáticos
podem ser devastadores e mesmo testes negativos podem causar
desespero);
• Entendimento incompleto do teste genético molecular (mutações idênticas
em dois indivíduos podem manifestar-se diferentemente com grandes
variações);
• Má interpretação dos resultados de testes genéticos ou falta de associação
com outros fatores e clínica (histórico familiar, critérios do teste,
conhecimento da doença em nível molecular);
• Discriminação e uso indevido da informação (seguradoras).
109
Terapia Gênica
O que é?
Ø Terapia com a finalidade de transformar ou mudar a expressão de alguns genes na
tentativa de tratar, curar ou mesmo prevenir doenças
Ø Vacinas de DNA – uso de vetores ou DNA livre com potencial uso para indução de
resposta imune, mas não transforma a célula hospedeira
Importância
Ø 4.000 genes associados à desordens genéticas
Ø Doenças crônico-degenerativas sem tratamento disponível ou cura
Ø Exemplos: Distrofia Muscular de Duchenne, Esclerose Múltipla, Mal de Alzheimer,
Distrofias Miotônica, Doenças Infecciosas (Aids, etc...), Aterosclerose, Tumores,
Fibrose Cística, entre outras.
Tecnologia
Ø Microinjeção direta por meio de micromanipuladores e microscopia
Ø Bombardeamento de micropartículas de tungstênio ou ouro associados ao DNA
Ø Lipídios (lipossosmos) e Proteínas
Ø Transformação de células por meio de vetores:
- Adenovírus - Lentivírus
- Retrovírus - AAVs
- Plasmídios
Alvos biológicos
Ø Genes completos com regiões reguladoras e homólogas - modificação de genes
defeituosos;
Ø Genes anti-senso - produção de RNAs antisenso para impedir a produção de
proteínas defeituosas (ex.: câncer);
Ø Oligonucleotídeos sintéticos antisenso ou senso para impedir a transcrição ou
replicação (geralmente em vacinas gênicas).
Resultados
a
Ø 1990 - 1 terapia funcional com o gene Adenosine Deaminase (ADA) - 2 crianças
com imunodefic. Severa - transf. de linfócitos T com as próprias células (Ashanti
DeSilva)
a
Ø 2000 - 1 morte - Jesse Gelsinger morreu por dose extrema de adenovírus (vírus
da gripe atenuado)
Ø VEGF - crescimento de novos vasos sanguíneos (trombose - coração e pernas) por
injeção direta no local.
110
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